Você está na página 1de 272

Carlos Miguel Bezerra Paiva

c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32
N Ó S S O M O S I M P A R Á V E I S

SUMÁRIO
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1 DIREITO PENAL MILITAR 1
2 PROCESSO PENAL 57
3 DIREITO PENAL (EXTRAVAGANTES) 81
4 DIREITO CONSTITUCIONAL 117
5 DIREITOS HUMANOS
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com 147
074.785.143-32
6 CRIMINOLOGIA 209
7 SEGURANÇA PÚBLICA 213
8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 233
9 DIREITO ADMINISTRATIVO 245
10 ÉTICA 263

@profericklima Professor Erick Lima


Lei excepcional ou temporária
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, em-
bora decorrido o período de sua duração ou cessa-
das as circunstâncias que a determinaram, aplica-
se ao fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
PARTE GERAL Art. 5º Considera-se praticado o crime no mo-
mento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
do resultado.
LIVRO ÚNICO
Lugar do crime

TÍTULO I Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar


DA APLICAÇÃO em que se desenvolveu a atividade criminosa, no
todo ou em parte, e ainda que sob forma de partici-
DA LEI PENAL MILITAR pação, bem como onde se produziu ou deveria pro-
duzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato
Princípio de legalidade considera-se praticado no lugar em que deveria re-
alizar-se a ação omitida.
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o
Carloslegal.
defina, nem pena sem prévia cominação Miguel Bezerra Paiva
Territorialidade, Extraterritorialidade
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Lei supressiva de incriminação Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem preju-
Art. 2° Ninguém pode ser punido por074.785.143-32
ízo de convenções, tratados e regras de direito in-
fato que
ternacional, ao crime cometido, no todo ou em
lei posterior deixa de considerar crime, cessando,
parte no território nacional, ou fora dele, ainda que,
em virtude dela, a própria vigência de sentença
neste caso, o agente esteja sendo processado ou
condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos
tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
de natureza civil.
Território nacional por extensão
Retroatividade de lei mais benigna
§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consi-
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro
deram-se como extensão do território nacional as
modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença
se encontrem, sob comando militar ou militarmente
condenatória irrecorrível.
utilizados ou ocupados por ordem legal de autori-
Apuração da maior benignidade dade competente, ainda que de propriedade pri-
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, vada.
a lei posterior e a anterior devem ser consideradas Ampliação a aeronaves ou navios estran-
separadamente, cada qual no conjunto de suas geiros
normas aplicáveis ao fato.
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao
Medidas de segurança crime praticado a bordo de aeronaves ou navios es-
trangeiros, desde que em lugar sujeito à adminis-
Art. 3º As medidas de segurança regem-se
tração militar, e o crime atente contra as instituições
pela lei vigente ao tempo da sentença, prevale-
militares.
cendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao
tempo da execução. Conceito de navio
§ 3º Para efeito da aplicação deste Código,
considera-se navio toda embarcação sob comando
militar.

1
Pena cumprida no estrangeiro da Justiça Militar, no exercício de função inerente
ao seu cargo;
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro ate-
nua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, c) contra militar em formatura, ou durante o pe-
quando diversas, ou nela é computada, quando ríodo de prontidão, vigilância, observação, explora-
idênticas. ção, exercício, acampamento, acantonamento ou
manobras;
Crimes militares em tempo de paz
d) ainda que fora do lugar sujeito à administra-
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em ção militar, contra militar em função de natureza mi-
tempo de paz: litar, ou no desempenho de serviço de vigilância,
I - os crimes de que trata este Código, quando garantia e preservação da ordem pública, adminis-
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou trativa ou judiciária, quando legalmente requisitado
nela não previstos, qualquer que seja o agente, para aquele fim, ou em obediência a determinação
salvo disposição especial; legal superior.
II – os crimes previstos neste Código e os pre- § 1º Os crimes de que trata este artigo, quando
vistos na legislação penal, quando praticados: (Re- dolosos contra a vida e cometidos por militares con-
dação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) tra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
(Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou as-
semelhado, contra militar na mesma situação ou § 2o Os crimes de que trata este artigo, quando
assemelhado; dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência
b) por militar em situação de atividade ou as- da Justiça Militar da União, se praticados no con-
semelhado, em lugar sujeito à administração mili- texto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
tar, contra militar da reserva, ou reformado, ou as-
semelhado, ou civil; Carlos Miguel I – do Paiva
Bezerra cumprimento de atribuições que lhes fo-
rem estabelecidas pelo Presidente da República ou
c.mbezerrapaiva@gmail.com
c) por militar em serviço ou atuando em razão
pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela
da função, em comissão de natureza militar, ou em
074.785.143-32
Lei nº 13.491, de 2017)
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à admi-
nistração militar contra militar da reserva, ou refor- II – de ação que envolva a segurança de insti-
mado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de tuição militar ou de missão militar, mesmo que não
8.8.1996) beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
d) por militar durante o período de manobras
ou exercício, contra militar da reserva, ou refor- III – de atividade de natureza militar, de opera-
mado, ou assemelhado, ou civil; ção de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade
e) por militar em situação de atividade, ou as- com o disposto no art. 142 da Constituição Federal
semelhado, contra o patrimônio sob a administra- e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído
ção militar, ou a ordem administrativa militar; pela Lei nº 13.491, de 2017)
f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299,
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986-
de 8.8.1996)
Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela Lei
III - os crimes praticados por militar da reserva, nº 13.491, de 2017)
ou reformado, ou por civil, contra as instituições mi-
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de
litares, considerando-se como tais não só os com- 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
preendidos no inciso I, como os do inciso II, nos se-
guintes casos: c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de
1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Inclu-
a) contra o patrimônio sob a administração mi- ída pela Lei nº 13.491, de 2017)
litar, ou contra a ordem administrativa militar;
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Có-
b) em lugar sujeito à administração militar con-
digo Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
tra militar em situação de atividade ou asseme-
lhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou

2
Crimes militares em tempo de guerra Tempo de guerra
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos
tempo de guerra: da aplicação da lei penal militar, começa com a de-
I - os especialmente previstos neste Código claração ou o reconhecimento do estado de guerra,
para o tempo de guerra; ou com o decreto de mobilização se nele estiver
compreendido aquele reconhecimento; e termina
II - os crimes militares previstos para o tempo quando ordenada a cessação das hostilidades.
de paz;
Contagem de prazo
III - os crimes previstos neste Código, embora
também o sejam com igual definição na lei penal Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o
comum ou especial, quando praticados, qualquer dia do começo. Contam-se os dias, os meses e os
que seja o agente: anos pelo calendário comum.
a) em território nacional, ou estrangeiro, mili- Legislação especial. Salário-mínimo
tarmente ocupado; Art. 17. As regras gerais deste Código apli-
b) em qualquer lugar, se comprometem ou po- cam-se aos fatos incriminados por lei penal militar
dem comprometer a preparação, a eficiência ou as especial, se esta não dispõe de modo diverso. Para
operações militares ou, de qualquer outra forma, os efeitos penais, salário mínimo é o maior mensal
atentam contra a segurança externa do País ou po- vigente no país, ao tempo da sentença.
dem expô-la a perigo;
Crimes praticados em prejuízo de país ali-
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou ado
especial, embora não previstos neste Código,
quando praticados em zona de efetivas operações Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste
militares ou em território estrangeiro, militarmente Código os crimes praticados em prejuízo de país
Carlos Miguel Bezerra Paiva
em guerra contra país inimigo do Brasil:
ocupado.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
I - se o crime é praticado por brasileiro;
Militares estrangeiros
074.785.143-32
II - se o crime é praticado no território nacional,
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em
ou em território estrangeiro, militarmente ocupado
comissão ou estágio nas forças armadas, ficam su-
por força brasileira, qualquer que seja o agente.
jeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o dis-
posto em tratados ou convenções internacionais. Infrações disciplinares
Equiparação a militar da ativa Art. 19. Este Código não compreende as in-
frações dos regulamentos disciplinares.
Art. 12. O militar da reserva ou reformado,
empregado na administração militar, equipara-se Crimes praticados em tempo de guerra
ao militar em situação de atividade, para o efeito da Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de
aplicação da lei penal militar.
guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as
Militar da reserva ou reformado penas cominadas para o tempo de paz, com o au-
mento de um terço.
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado,
conserva as responsabilidades e prerrogativas do Assemelhado
posto ou graduação, para o efeito da aplicação da Art. 21. Considera-se assemelhado o servi-
lei penal militar, quando pratica ou contra ele é pra-
dor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do
ticado crime militar.
Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito
Defeito de incorporação de disciplina militar, em virtude de lei ou regula-
mento.
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não
exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se ale- Pessoa considerada militar
gado ou conhecido antes da prática do crime. Art. 22. É considerada militar, para efeito da
aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em
tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às

3
forças armadas, para nelas servir em posto, gradu- deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
ação, ou sujeição à disciplina militar. sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Equiparação a comandante § 1º A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só,
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o
produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-
efeito da aplicação da lei penal militar, toda autori- se, entretanto, a quem os praticou.
dade com função de direção.
§ 2º A omissão é relevante como causa
Conceito de superior quando o omitente devia e podia agir para evitar o
Art. 24. O militar que, em virtude da função, resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha
exerce autoridade sobre outro de igual posto ou por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
graduação, considera-se superior, para efeito da cia; a quem, de outra forma, assumiu a responsa-
aplicação da lei penal militar. bilidade de impedir o resultado; e a quem, com seu
comportamento anterior, criou o risco de sua super-
Crime praticado em presença do inimigo veniência.
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença Art. 30. Diz-se o crime:
do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efeti-
vas operações militares, ou na iminência ou em si- Crime consumado
tuação de hostilidade. I - consumado, quando nele se reúnem todos
Referência a "brasileiro" ou "nacional" os elementos de sua definição legal;

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a Tentativa


"brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas II - tentado, quando, iniciada a execução, não
enumeradas como brasileiros na Constituição do se consuma por circunstâncias alheias à vontade
Brasil. do agente.Paiva
Carlos Miguel Bezerra
Estrangeiros Pena de tentativa
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Parágrafo único. Para os Parágrafo único. Pune-se
efeitos da lei 074.785.143-32
penal a tentativa com a
militar, são considerados estrangeiros os apátridas pena correspondente ao crime, diminuída de um a
e os brasileiros que perderam a nacionalidade. dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional
gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
Os que se compreendem, como funcioná-
rios da Justiça Militar Desistência voluntária e arrependimento
eficaz
Art. 27. Quando este Código se refere a fun-
cionários, compreende, para efeito da sua aplica- Art. 31. O agente que, voluntariamente, de-
ção, os juízes, os representantes do Ministério Pú- siste de prosseguir na execução ou impede que o
blico, os funcionários e auxiliares da Justiça Militar. resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.
Casos de prevalência do Código Penal Mili-
tar Crime impossível
Art. 28. Os crimes contra a segurança ex- Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do
terna do país ou contra as instituições militares, de- meio empregado ou por absoluta impropriedade do
finidos neste Código, excluem os da mesma natu- objeto, é impossível consumar-se o crime, ne-
reza definidos em outras leis. nhuma pena é aplicável.
Art. 33. Diz-se o crime:
TÍTULO II Culpabilidade
DO CRIME I - doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo;
Relação de causalidade II - culposo, quando o agente, deixando de em-
pregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária,
Art. 29. O resultado de que depende a exis-
ou especial, a que estava obrigado em face das cir-
tência do crime somente é imputável a quem lhe
cunstâncias, não prevê o resultado que podia

4
prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que Duplicidade do resultado
não se realizaria ou que poderia evitá-lo. § 2º Se, no caso do artigo, é também atingida
Excepcionalidade do crime culposo a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior,
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a re-
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como gra do art. 79.
crime, senão quando o pratica dolosamente. Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:
Nenhuma pena sem culpabilidade Coação irresistível
Art. 34. Pelos resultados que agravam espe- a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a
cialmente as penas só responde o agente quando faculdade de agir segundo a própria vontade;
os houver causado, pelo menos, culposamente. Obediência hierárquica
Erro de direito b) em estrita obediência a ordem direta de su-
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substi- perior hierárquico, em matéria de serviços.
tuída por outra menos grave quando o agente, § 1° Responde pelo crime o autor da coação
salvo em se tratando de crime que atente contra o ou da ordem.
dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou
§ 2° Se a ordem do superior tem por objeto a
erro de interpretação da lei, se escusáveis.
prática de ato manifestamente criminoso, ou há ex-
Erro de fato cesso nos atos ou na forma da execução, é punível
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o também o inferior.
crime, supõe, por erro plenamente escusável, a Estado de necessidade, com excludente de
inexistência de circunstância de fato que o constitui culpabilidade
ou a existência de situação de fato que tornaria a
ação legítima.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 39. Não é igualmente culpado quem,
para proteger direito próprio ou de pessoa a quem
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Erro culposo está ligado por estreitas relações de parentesco ou
074.785.143-32
afeição, contra perigo certo e atual, que não provo-
§ 1º Se o erro deriva de culpa, a este título res-
ponde o agente, se o fato é punível como crime cul- cou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica di-
poso. reito alheio, ainda quando superior ao direito prote-
gido, desde que não lhe era razoavelmente exigível
Erro provocado conduta diversa.
§ 2º Se o erro é provocado por terceiro, res- Coação física ou material
ponderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa,
conforme o caso. Art. 40. Nos crimes em que há violação do
Erro sobre a pessoa dever militar, o agente não pode invocar coação ir-
resistível senão quando física ou material.
Art. 37. Quando o agente, por erro de per-
Atenuação de pena
cepção ou no uso dos meios de execução, ou outro
acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, res- Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se
ponde como se tivesse praticado o crime contra era possível resistir à coação, ou se a ordem não
aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter- era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39,
se em conta não as condições e qualidades da ví- se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito
tima, mas as da outra pessoa, para configuração, ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pes-
qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou soais do réu, pode atenuar a pena.
atenuação da pena. Exclusão de crime
Erro quanto ao bem jurídico
Art. 42. Não há crime quando o agente pra-
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execu- tica o fato:
ção, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo
agente, responde este por culpa, se o fato é pre- I - em estado de necessidade;
visto como crime culposo. II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;

5
IV - em exercício regular de direito. TÍTULO III
Parágrafo único. Não há igualmente crime DA IMPUTABILIDADE PENAL
quando o comandante de navio, aeronave ou praça
de guerra, na iminência de perigo ou grave calami-
Inimputáveis
dade, compele os subalternos, por meios violentos,
a executar serviços e manobras urgentes, para sal- Art. 48. Não é imputável quem, no momento
var a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o ter- da ação ou da omissão, não possui a capacidade
ror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque. de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
Estado de necessidade, como excludente nar-se de acordo com esse entendimento, em vir-
do crime tude de doença mental, de desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.
Art. 43. Considera-se em estado de necessi-
Redução facultativa da pena
dade quem pratica o fato para preservar direito seu
ou alheio, de perigo certo e atual, que não provo- Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência
cou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mental não suprime, mas diminui consideravel-
mal causado, por sua natureza e importância, é mente a capacidade de entendimento da ilicitude
consideravelmente inferior ao mal evitado, e o do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída
agente não era legalmente obrigado a arrostar o a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada,
perigo. sem prejuízo do disposto no art. 113.
Legítima defesa Embriaguez

Art. 44. Entende-se em legítima defesa Art. 49. Não é igualmente imputável o agente
quem, usando moderadamente dos meios neces- que, por embriaguez completa proveniente de caso
sários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou
direito seu ou de outrem. Carlos Miguel Bezerra
da omissão,Paiva
inteiramente incapaz de entender o ca-
ráter criminoso do fato ou de determinar-se de
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Excesso culposo
acordo com esse entendimento.
Art. 45. O agente que, em qualquer dos ca-
074.785.143-32
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de
sos de exclusão de crime, excede culposamente os um a dois terços, se o agente por embriaguez pro-
limites da necessidade, responde pelo fato, se este veniente de caso fortuito ou força maior, não pos-
é punível, a título de culpa. suía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena ca-
Excesso escusável pacidade de entender o caráter criminoso do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
Parágrafo único. Não é punível o excesso
mento.
quando resulta de escusável surpresa ou perturba-
ção de ânimo, em face da situação. Menores
Excesso doloso Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputá-
vel, salvo se, já tendo completado dezesseis anos,
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda
revela suficiente desenvolvimento psíquico para
quando punível o fato por excesso doloso.
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de
Elementos não constitutivos do crime acordo com este entendimento. Neste caso, a pena
aplicável é diminuída de um terço até a metade.
Art. 47. Deixam de ser elementos constituti-
vos do crime: Equiparação a maiores
I - a qualidade de superior ou a de inferior, Art. 51. Equiparam-se aos maiores de de-
quando não conhecida do agente; zoito anos, ainda que não tenham atingido essa
II - a qualidade de superior ou a de inferior, a idade:
de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de a) os militares;
sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é prati-
b) os convocados, os que se apresentam à in-
cada em repulsa a agressão.
corporação e os que, dispensados temporaria-
mente desta, deixam de se apresentar, decorrido o
prazo de licenciamento;

6
c) os alunos de colégios ou outros estabeleci- cabeças, assim como os inferiores que exercem
mentos de ensino, sob direção e disciplina milita- função de oficial.
res, que já tenham completado dezessete anos. Casos de impunibilidade
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem Art. 54. O ajuste, a determinação ou instiga-
como os menores de dezoito e maiores de dezes- ção e o auxílio, salvo disposição em contrário, não
seis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas edu- são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a
cativas, curativas ou disciplinares determinadas em ser tentado.
legislação especial.

TÍTULO V
TÍTULO IV
DAS PENAS
DO CONCURSO DE AGENTES

CAPÍTULO
Coautoria
DAS PENAS PRINCIPAIS
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre
para o crime incide nas penas a este cominadas. Penas principais
Condições ou circunstâncias pessoais Art. 55. As penas principais são:
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorren- a) morte;
tes é independente da dos outros, determinando-
se segundo a sua própria culpabilidade. Não se co- b) reclusão;
municam, outrossim, as condições ou circunstân- c) detenção;
cias de caráter pessoal, salvo quando elementares
Carlos Miguel d) prisão;
Bezerra Paiva
do crime.
Agravação de pena
c.mbezerrapaiva@gmail.com
e) impedimento;
074.785.143-32f) suspensão do exercício do posto, gradua-
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente
ção, cargo ou função;
que:
g) reforma.
I - promove ou organiza a cooperação no crime
ou dirige a atividade dos demais agentes; Pena de morte
II - coage outrem à execução material do Art. 56. A pena de morte é executada por fu-
crime; zilamento.
III - instiga ou determina a cometer o crime al- Comunicação
guém sujeito à sua autoridade, ou não punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal; Art. 57. A sentença definitiva de condenação
à morte é comunicada, logo que passe em julgado,
IV - executa o crime, ou nele participa, medi- ao Presidente da República, e não pode ser execu-
ante paga ou promessa de recompensa. tada senão depois de sete dias após a comunica-
Atenuação de pena ção.
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agente, Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona
cuja participação no crime é de somenos importân- de operações de guerra, pode ser imediatamente
cia. executada, quando o exigir o interesse da ordem e
da disciplina militares.
Cabeças
Mínimos e máximos genéricos
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva ne-
cessária, reputam-se cabeças os que dirigem, pro- Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de
vocam, instigam ou excitam a ação. um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de
e um ou mais oficiais, são estes considerados dez anos.

7
Pena até dois anos imposta a militar Cumprimento em penitenciária militar
Art. 59. A pena de reclusão ou de detenção Parágrafo único - Por crime militar praticado
até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a
em pena de prisão e cumprida, quando não cabível cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenci-
a suspensão condicional: (Redação dada pela Lei ária militar, se, em benefício da segurança nacio-
nº 6.544, de 30.6.1978) nal, assim o determinar a sentença. (Redação dada
pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento
militar; Pena de impedimento
II - pela praça, em estabelecimento penal mili- Art. 63. A pena de impedimento sujeita o con-
tar, onde ficará separada de presos que estejam denado a permanecer no recinto da unidade, sem
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de li- prejuízo da instrução militar.
berdade por tempo superior a dois anos. Pena de suspensão do exercício do posto,
Separação de praças especiais e graduadas graduação, cargo ou função
Parágrafo único. Para efeito de separação, no Art. 64. A pena de suspensão do exercício do
cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, tam- posto, graduação, cargo ou função consiste na
bém, à condição das praças especiais e à das gra- agregação, no afastamento, no licenciamento ou
duadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que na disponibilidade do condenado, pelo tempo fi-
tenham graduação especial. xado na sentença, sem prejuízo do seu compareci-
Pena do assemelhado mento regular à sede do serviço. Não será contado
como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do
Art. 60. O assemelhado cumpre a pena con- cumprimento da pena.
forme o posto ou graduação que lhe é correspon-
dente. Caso de reserva, reforma ou aposentadoria
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Parágrafo
Pena dos não assemelhados c.mbezerrapaiva@gmail.com único. Se o condenado, quando pro-
ferida a sentença, já estiver na reserva, ou refor-
074.785.143-32
Parágrafo único. Para os não assemelhados mado ou aposentado, a pena prevista neste artigo
dos Ministérios Militares e órgãos sob controle des- será convertida em pena de detenção, de três me-
tes, regula-se a correspondência pelo padrão de re- ses a um ano.
muneração.
Pena de reforma
Pena superior a dois anos, imposta a militar
Art. 65. A pena de reforma sujeita o conde-
Art. 61. A pena privativa da liberdade por nado à situação de inatividade, não podendo per-
mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida ceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por
em penitenciária militar e, na falta dessa, em esta- ano de serviço, nem receber importância superior à
belecimento prisional civil, ficando o recluso ou de- do soldo.
tento sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões, tam- Superveniência de doença mental
bém, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº Art. 66. O condenado a que sobrevenha do-
6.544, de 30.6.1978) ença mental deve ser recolhido a manicômio judici-
Pena privativa da liberdade imposta a civil ário ou, na falta deste, a outro estabelecimento
adequado, onde lhe seja assegurada custódia e
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela tratamento.
Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil, fi-
cando ele sujeito ao regime conforme a legislação Tempo computável
penal comum, de cujos benefícios e concessões, Art. 67. Computam-se na pena privativa de li-
também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº berdade o tempo de prisão provisória, no Brasil ou
6.544, de 30.6.1978) no estrangeiro, e o de internação em hospital ou
manicômio, bem como o excesso de tempo, reco-
nhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumpri-
mento da pena, por outro crime, desde que a deci-
são seja posterior ao crime de que se trata.

8
Transferência de condenados f) contra ascendente, descendente, irmão ou
cônjuge;
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de
uma região, distrito ou zona pode cumprir pena em g) com abuso de poder ou violação de dever
estabelecimento de outra região, distrito ou zona. inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, velho ou enfermo;

CAPÍTULO II i) quando o ofendido estava sob a imediata


proteção da autoridade;
DA APLICAÇÃO DA PENA
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe,
alagamento, inundação, ou qualquer calamidade
Fixação da pena privativa de liberdade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
Art. 69. Para fixação da pena privativa de li- l) estando de serviço;
berdade, o juiz aprecia a gravidade do crime prati-
m) com emprego de arma, material ou instru-
cado e a personalidade do réu, devendo ter em
mento de serviço, para esse fim procurado;
conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a
maior ou menor extensão do dano ou perigo de n) em auditório da Justiça Militar ou local onde
dano, os meios empregados, o modo de execução, tenha sede a sua administração;
os motivos determinantes, as circunstâncias de o) em país estrangeiro.
tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude
de insensibilidade, indiferença ou arrependimento Parágrafo único. As circunstâncias das le-
após o crime. tras c , salvo no caso de embriaguez preordenada,
l , m e o , só agravam o crime quando praticado por
Determinação da pena militar.
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o Reincidência
juiz deve determinar qual delas éCarlos
aplicável.Miguel Bezerra Paiva
Art.
c.mbezerrapaiva@gmail.com71. Verifica-se a reincidência quando o
Limites legais da pena
agente comete novo crime, depois de transitar em
074.785.143-32
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro,
dos limites legais a quantidade da pena aplicável. o tenha condenado por crime anterior.
Circunstâncias agravantes Temporariedade da reincidência
Art. 70. São circunstâncias que sempre agra- § 1º Não se toma em conta, para efeito da rein-
vam a pena, quando não integrantes ou qualificati- cidência, a condenação anterior, se, entre a data
vas do crime: do cumprimento ou extinção da pena e o crime pos-
terior, decorreu período de tempo superior a cinco
I - a reincidência;
anos.
II - ter o agente cometido o crime:
Crimes não considerados para efeito da
a) por motivo fútil ou torpe; reincidência
b) para facilitar ou assegurar a execução, a § 2º Para efeito da reincidência, não se consi-
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro deram os crimes anistiados.
crime;
Art. 72. São circunstâncias que sempre ate-
c) depois de embriagar-se, salvo se a embria- nuam a pena:
guez decorre de caso fortuito, engano ou força
maior; Circunstância atenuantes

d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou I - ser o agente menor de vinte e um ou maior


mediante outro recurso insidioso que dificultou ou de setenta anos;
tornou impossível a defesa da vítima; II - ser meritório seu comportamento anterior;
e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, III - ter o agente:
fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimu-
a) cometido o crime por motivo de relevante
lado ou cruel, ou de que podia resultar perigo co-
valor social ou moral;
mum;

9
b) procurado, por sua espontânea vontade e determinados limites, é a que o juiz aplicaria, se
com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou mi- não existisse a circunstância ou causa que importa
norar-lhe as consequências, ou ter, antes do julga- o aumento ou diminuição.
mento, reparado o dano; Criminoso habitual ou por tendência
c) cometido o crime sob a influência de violenta
Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual
emoção, provocada por ato injusto da vítima;
ou por tendência, a pena a ser imposta será por
d) confessado espontaneamente, perante a tempo indeterminado. O juiz fixará a pena corres-
autoridade, a autoria do crime, ignorada ou impu- pondente à nova infração penal, que constituirá a
tada a outrem; duração mínima da pena privativa da liberdade,
e) sofrido tratamento com rigor não permitido não podendo ser, em caso algum, inferior a três
em lei. Não atendimento de atenuantes anos.
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena Limite da pena indeterminada
máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado § 1º A duração da pena indeterminada não po-
atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enu- derá exceder a dez anos, após o cumprimento da
meradas no artigo. pena imposta.
Quantum da agravação ou atenuação Habitualidade presumida
Art. 73. Quando a lei determina a agravação § 2º Considera-se criminoso habitual aquele
ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , que:
deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guar- a) reincide pela segunda vez na prática de
dados os limites da pena cominada ao crime. crime doloso da mesma natureza, punível com
Mais de uma agravante ou atenuante pena privativa de liberdade em período de tempo
não superior a cinco anos, descontado o que se re-
Art. 74. Quando ocorre mais Carlos Miguel
de uma agra- Bezerra Paiva
fere a cumprimento de pena;
vante ou mais de uma atenuante, oc.mbezerrapaiva@gmail.com
juiz poderá li-
mitar-se a uma só agravação ou a uma só atenua- Habitualidade reconhecível pelo juiz
074.785.143-32
ção. b) embora sem condenação anterior, comete
Concurso de agravantes e atenuantes sucessivamente, em período de tempo não supe-
rior a cinco anos, quatro ou mais crimes dolosos da
Art. 75. No concurso de agravantes e atenu- mesma natureza, puníveis com pena privativa de
antes, a pena deve aproximar-se do limite indicado liberdade, e demonstra, pelas suas condições de
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo- vida e pelas circunstâncias dos fatos apreciados
se como tais as que resultam dos motivos determi- em conjunto, acentuada inclinação para tais cri-
nantes do crime, da personalidade do agente, e da mes.
reincidência. Se há equivalência entre umas e ou-
Criminoso por tendência
tras, é como se não tivessem ocorrido.
§ 3º Considera-se criminoso por tendência
Majorantes e minorantes
aquele que comete homicídio, tentativa de homicí-
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais dio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos deter-
de aumento ou diminuição da pena, não fica o juiz minantes e meios ou modo de execução, revela ex-
adstrito aos limites da pena cominada ao crime, se- traordinária torpeza, perversão ou malvadez.
não apenas aos da espécie de pena aplicável (art. Ressalva do art. 113
58).
§ 4º Fica ressalvado, em qualquer caso, o dis-
Parágrafo único. No concurso dessas causas posto no art. 113.
especiais, pode o juiz limitar-se a um só aumento
ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a Crimes da mesma natureza
causa que mais aumente ou diminua. § 5º Consideram-se crimes da mesma natu-
Pena-base reza os previstos no mesmo dispositivo legal, bem
como os que, embora previstos em dispositivos di-
Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada versos, apresentam, pelos fatos que os constituem
ou diminuída, de quantidade fixa ou dentro de

10
ou por seus motivos determinantes, caracteres fun- quanto ao concurso de crimes idênticos ou ao
damentais comuns. crime continuado.
Concurso de crimes Penas não privativas de liberdade
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só Art. 83. As penas não privativas de liberdade
ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou são aplicadas distinta e integralmente, ainda que
mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas previstas para um só dos crimes concorrentes.
de liberdade devem ser unificadas. Se as penas
são da mesma espécie, a pena única é a soma de
todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a CAPÍTULO III
mais grave, mas com aumento correspondente à DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
metade do tempo das menos graves, ressalvado o
disposto no art. 58.
Pressupostos da suspensão
Crime continuado
Art. 84. A execução da pena privativa da li-
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, berdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser
quando o agente, mediante mais de uma ação ou suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma es- que: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de
pécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira 30.6.1978)
de execução e outras semelhantes, devem os sub-
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou
sequentes ser considerados como continuação do
no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro
primeiro.
crime a pena privativa da liberdade, salvo o dis-
Parágrafo único. Não há crime continuado posto no 1º do art. 71; (Redação dada pela Lei nº
quando se trata de fatos ofensivos de bens jurídi- 6.544, de 30.6.1978)
Carlos
cos inerentes à pessoa, salvo se as Miguel
ações ou omis- Bezerra Paiva
II - os seus antecedentes e personalidade, os
sões sucessivas são dirigidas contra a mesma ví-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
motivos e as circunstâncias do crime, bem como
tima. 074.785.143-32
sua conduta posterior, autorizem a presunção de
Limite da pena unificada que não tornará a delinquir. (Redação dada pela
Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapas-
sar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze Restrições
anos, se é de detenção. Parágrafo único. A suspensão não se estende
Redução facultativa da pena às penas de reforma, suspensão do exercício do
posto, graduação ou função ou à pena acessória,
§ 1º A pena unificada pode ser diminuída de
nem exclui a aplicação de medida de segurança
um sexto a um quarto, no caso de unidade de ação
não detentiva.
ou omissão, ou de crime continuado.
Condições
Graduação no caso de pena de morte
§ 2° Quando cominada a pena de morte como Art. 85. A sentença deve especificar as con-
grau máximo e a de reclusão como grau mínimo, dições a que fica subordinada a suspensão.
aquela corresponde, para o efeito de graduação, à Revogação obrigatória da suspensão
de reclusão por trinta anos.
Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso
Cálculo da pena aplicável à tentativa do prazo, o beneficiário:
§ 3° Nos crimes punidos com a pena de morte, I - é condenado, por sentença irrecorrível, na
esta corresponde à de reclusão por trinta anos, Justiça Militar ou na comum, em razão de crime, ou
para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo de contravenção reveladora de má índole ou a que
disposição especial. tenha sido imposta pena privativa de liberdade;
Ressalva do art. 78, § 2º, letra b II - não efetua, sem motivo justificado, a repa-
Art. 82. Quando se apresenta o caso do art. ração do dano;
78, § 2º, letra b , fica sem aplicação o disposto

11
III - sendo militar, é punido por infração disci- II - tenha reparado, salvo impossibilidade de
plinar considerada grave. fazê-lo, o dano causado pelo crime;
Revogação facultativa III - sua boa conduta durante a execução da
§ 1º A suspensão pode ser também revogada, pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstân-
se o condenado deixa de cumprir qualquer das cias atinentes a sua personalidade, ao meio social
obrigações constantes da sentença. e à sua vida pregressa permitem supor que não vol-
tará a delinquir.
Prorrogação de prazo
Penas em concurso de infrações
§ 2º Quando facultativa a revogação, o juiz
pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período § 1º No caso de condenação por infrações pe-
de prova até o máximo, se este não foi o fixado. nais em concurso, deve ter-se em conta a pena uni-
ficada.
§ 3º Se o beneficiário está respondendo a pro-
cesso que, no caso de condenação, pode acarretar Condenação de menor de 21 ou maior de 70
a revogação, considera-se prorrogado o prazo da anos
suspensão até o julgamento definitivo. § 2º Se o condenado é primário e menor de
Extinção da pena vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo de
cumprimento da pena pode ser reduzido a um
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido terço.
revogada a suspensão, fica extinta a pena privativa Especificações das condições
de liberdade.
Art. 90. A sentença deve especificar as con-
Não aplicação da suspensão condicional da
pena dições a que fica subordinado o livramento.
Preliminares da concessão
Art. 88. A suspensão condicional da pena
Carlos Miguel Bezerra Paiva
não se aplica: Art. 91. O livramento somente se concede
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mediante parecer do Conselho Penitenciário, ouvi-
I - ao condenado por crime cometido em tempo
de guerra;
074.785.143-32
dos o diretor do estabelecimento em que está ou
tenha estado o liberando e o representante do Mi-
II - em tempo de paz: nistério Público da Justiça Militar; e, se imposta me-
a) por crime contra a segurança nacional, de dida de segurança detentiva, após perícia conclu-
aliciação e incitamento, de violência contra supe- siva da não periculosidade do liberando.
rior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, senti- Observação cautelar e proteção do liberado
nela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de
insubordinação, ou de deserção; Art. 92. O liberado fica sob observação cau-
telar e proteção realizadas por patronato oficial ou
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161,
particular, dirigido aquele e inspecionado este pelo
162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.
Conselho Penitenciário. Na falta de patronato, o li-
berado fica sob observação cautelar realizada por
serviço social penitenciário ou órgão similar.
CAPÍTULO IV
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Revogação obrigatória
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o libe-
Requisitos rado vem a ser condenado, em sentença irrecorrí-
vel, a penal privativa de liberdade:
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou
de detenção por tempo igual ou superior a dois I - por infração penal cometida durante a vigên-
anos pode ser liberado condicionalmente, desde cia do benefício;
que: II - por infração penal anterior, salvo se, tendo
I - tenha cumprido: de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o
requisito do art. 89, nº I, letra a
a) metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;

12
Revogação facultativa CAPÍTULO V
§ 1º O juiz pode, também, revogar o livramento DAS PENAS ACESSÓRIAS
se o liberado deixa de cumprir qualquer das obriga-
ções constantes da sentença ou é irrecorrivelmente
Penas Acessórias
condenado, por motivo de contravenção, a pena
que não seja privativa de liberdade; ou, se militar, Art. 98. São penas acessórias:
sofre penalidade por transgressão disciplinar con-
I - a perda de posto e patente;
siderada grave.
II - a indignidade para o oficialato;
Infração sujeita à jurisdição penal comum
III - a incompatibilidade com o oficialato;
§ 2º Para os efeitos da revogação obrigatória,
são tomadas, também, em consideração, nos ter- IV - a exclusão das forças armadas;
mos dos ns. I e II deste artigo, as infrações sujeitas V - a perda da função pública, ainda que ele-
à jurisdição penal comum; e, igualmente, a contra- tiva;
venção compreendida no § 1º, se assim, com pru-
VI - a inabilitação para o exercício de função
dente arbítrio, o entender o juiz.
pública;
Efeitos da revogação
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou cu-
Art. 94. Revogado o livramento, não pode ser ratela;
novamente concedido e, salvo quando a revogação VIII - a suspensão dos direitos políticos.
resulta de condenação por infração penal anterior
ao benefício, não se desconta na pena o tempo em Função pública equiparada
que esteve solto o condenado. Parágrafo único. Equipara-se à função pública
Extinção da pena a que é exercida em empresa pública, autarquia,
Carlos Miguel Bezerra Paiva
sociedade de economia mista, ou sociedade de
Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento não
c.mbezerrapaiva@gmail.coma União, o Estado ou o Município
que participe
é revogado, considera-se extinta a pena privativa como acionista majoritário.
de liberdade. 074.785.143-32
Perda de posto e patente
Parágrafo único. Enquanto não passa em jul-
gado a sentença em processo, a que responde o Art. 99. A perda de posto e patente resulta da
liberado por infração penal cometida na vigência do condenação a pena privativa de liberdade por
livramento, deve o juiz abster-se de declarar a ex- tempo superior a dois anos, e importa a perda das
tinção da pena. condecorações.
Não aplicação do livramento condicional Indignidade para o oficialato

Art. 96. O livramento condicional não se Art. 100. Fica sujeito à declaração de indig-
aplica ao condenado por crime cometido em tempo nidade para o oficialato o militar condenado, qual-
de guerra. quer que seja a pena, nos crimes de traição, espio-
nagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos
Casos especiais do livramento condicional nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251,
Art. 97. Em tempo de paz, o livramento con- 252, 303, 304, 311 e 312.
dicional por crime contra a segurança externa do Incompatibilidade com o oficialato
país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento,
violência contra superior ou militar de serviço, só Art. 101. Fica sujeito à declaração de incom-
será concedido após o cumprimento de dois terços patibilidade com o oficialato o militar condenado
da pena, observado ainda o disposto no art. 89, nos crimes dos arts. 141 e 142.
preâmbulo, seus números II e III e §§ 1º e 2º. Exclusão das forças armadas
Art. 102. A condenação da praça a pena pri-
vativa de liberdade, por tempo superior a dois anos,
importa sua exclusão das forças armadas.

13
Perda da função pública Imposição de pena acessória
Art. 103. Incorre na perda da função pública Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº
o assemelhado ou o civil: II, e 106, a imposição da pena acessória deve cons-
I - condenado a pena privativa de liberdade por tar expressamente da sentença.
crime cometido com abuso de poder ou violação de Tempo computável
dever inerente à função pública;
Art. 108. Computa-se no prazo das inabilita-
II - condenado, por outro crime, a pena priva- ções temporárias o tempo de liberdade resultante
tiva de liberdade por mais de dois anos. da suspensão condicional da pena ou do livra-
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se mento condicional, se não sobrevém revogação.
ao militar da reserva, ou reformado, se estiver no
exercício de função pública de qualquer natureza.
CAPÍTULO VI
Inabilitação para o exercício de função pú-
blica DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Art. 104. Incorre na inabilitação para o exer-


Obrigação de reparar o dano
cício de função pública, pelo prazo de dois até vinte
anos, o condenado a reclusão por mais de quatro Art. 109. São efeitos da condenação:
anos, em virtude de crime praticado com abuso de
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano
poder ou violação do dever militar ou inerente à fun-
resultante do crime;
ção pública.
Perda em favor da Fazenda Nacional
Termo inicial
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional,
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para
Carlos Miguel ressalvadoPaiva
Bezerra o direito do lesado ou de terceiro de
o exercício de função pública começa ao termo da
boa-fé:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
execução da pena privativa de liberdade ou da me-
dida de segurança imposta em substituição, ou da a) dos instrumentos do crime, desde que con-
074.785.143-32
data em que se extingue a referida pena. sistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte
ou detenção constitua fato ilícito;
Suspensão do pátrio poder, tutela ou cura-
tela b) do produto do crime ou de qualquer bem ou
valor que constitua proveito auferido pelo agente
Art. 105. O condenado a pena privativa de li- com a sua prática.
berdade por mais de dois anos, seja qual for o
crime praticado, fica suspenso do exercício do pá-
trio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a exe- TÍTULO VI
cução da pena, ou da medida de segurança im- DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
posta em substituição (art. 113).
Suspensão provisória Espécies de medidas de segurança
Parágrafo único. Durante o processo pode o
Art. 110. As medidas de segurança são pes-
juiz decretar a suspensão provisória do exercício
do pátrio poder, tutela ou curatela. soais ou patrimoniais. As da primeira espécie sub-
dividem-se em detentivas e não detentivas. As de-
Suspensão dos direitos políticos tentivas são a internação em manicômio judiciário
Art. 106. Durante a execução da pena priva- e a internação em estabelecimento psiquiátrico
tiva de liberdade ou da medida de segurança im- anexo ao manicômio judiciário ou ao estabeleci-
posta em substituição, ou enquanto perdura a ina- mento penal, ou em seção especial de um ou de
bilitação para função pública, o condenado não outro. As não detentivas são a cassação de licença
pode votar, nem ser votado. para direção de veículos motorizados, o exílio local
e a proibição de frequentar determinados lugares.
As patrimoniais são a interdição de estabeleci-
mento ou sede de sociedade ou associação, e o
confisco.

14
Pessoas sujeitas às medidas de segurança Superveniência de cura
Art. 111. As medidas de segurança somente § 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser
podem ser impostas: transferido para o estabelecimento penal, não fi-
cando excluído o seu direito a livramento condicio-
I - aos civis; nal.
II - aos militares ou assemelhados, condena- Persistência do estado mórbido
dos a pena privativa de liberdade por tempo supe-
rior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam § 2º Se, ao término do prazo, persistir o mór-
perdido função, posto e patente, ou hajam sido ex- bido estado psíquico do internado, condicionante
cluídos das forças armadas; de periculosidade atual, a internação passa a ser
por tempo indeterminado, aplicando-se o disposto
III - aos militares ou assemelhados, no caso do nos §§ 1º a 4º do artigo anterior.
art. 48;
Ébrios habituais ou toxicômanos
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do
art. 115, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º. § 3º À idêntica internação para fim curativo,
sob as mesmas normas, ficam sujeitos os conde-
Manicômio judiciário nados reconhecidos como ébrios habituais ou toxi-
Art. 112. Quando o agente é inimputável (art. cômanos.
48), mas suas condições pessoais e o fato prati- Regime de internação
cado revelam que ele oferece perigo à incolumi-
dade alheia, o juiz determina sua internação em Art. 114. A internação, em qualquer dos ca-
manicômio judiciário. sos previstos nos artigos precedentes, deve visar
não apenas ao tratamento curativo do internado,
Prazo de internação senão também ao seu aperfeiçoamento, a um re-
§ 1º A internação, cujo mínimo deve ser fixado gime educativo
Carlos Miguel Bezerra Paiva ou de trabalho, lucrativo ou não, se-
de entre um a três anos, é por tempo indetermi- gundo o permitirem suas condições pessoais.
nado, perdurando enquanto não c.mbezerrapaiva@gmail.com
for averiguada, Cassação de licença para dirigir veículos
074.785.143-32
mediante perícia médica, a cessação da periculosi- motorizados
dade do internado.
Art. 115. Ao condenado por crime cometido
Perícia médica
na direção ou relacionada mente à direção de veí-
§ 2º Salvo determinação da instância superior, culos motorizados, deve ser cassada a licença para
a perícia médica é realizada ao término do prazo tal fim, pelo prazo mínimo de um ano, se as circuns-
mínimo fixado à internação e, não sendo esta revo- tâncias do caso e os antecedentes do condenado
gada, deve aquela ser repetida de ano em ano. revelam a sua inaptidão para essa atividade e con-
Desinternação condicional sequente perigo para a incolumidade alheia.
§ 3º A desinternação é sempre condicional, de- § 1º O prazo da interdição se conta do dia em
vendo ser restabelecida a situação anterior, se o que termina a execução da pena privativa de liber-
indivíduo, antes do decurso de um ano, vem a pra- dade ou da medida de segurança detentiva, ou da
ticar fato indicativo de persistência de sua periculo- data da suspensão condicional da pena ou da con-
sidade. cessão do livramento ou desinternação condicio-
nais.
§ 4º Durante o período de prova, aplica-se o
disposto no art. 92. § 2º Se, antes de expirado o prazo estabele-
cido, é averiguada a cessação do perigo condicio-
Substituição da pena por internação
nante da interdição, esta é revogada; mas, se o pe-
Art. 113. Quando o condenado se enquadra rigo persiste ao termo do prazo, prorroga-se este
no parágrafo único do art. 48 e necessita de espe- enquanto não cessa aquele.
cial tratamento curativo, a pena privativa de liber- § 3º A cassação da licença deve ser determi-
dade pode ser substituída pela internação em esta- nada ainda no caso de absolvição do réu em razão
belecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judi- de inimputabilidade.
ciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção
especial de um ou de outro.

15
Exílio local III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o Parágrafo único. É ressalvado o direito do le-
juiz o considera necessário como medida preven- sado ou de terceiro de boa-fé, nos casos dos ns. I
tiva, a bem da ordem pública ou do próprio conde- e III.
nado, consiste na proibição de que este resida ou Imposição da medida de segurança
permaneça, durante um ano, pelo menos, na loca-
lidade, município ou comarca em que o crime foi Art. 120. A medida de segurança é imposta
praticado. em sentença, que lhe estabelecerá as condições,
nos termos da lei penal militar.
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido
logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a Parágrafo único. A imposição da medida de se-
execução da pena privativa de liberdade. gurança não impede a expulsão do estrangeiro.
Proibição de frequentar determinados luga-
res TÍTULO VII
Art. 117. A proibição de frequentar determi- DA AÇÃO PENAL
nados lugares consiste em privar o condenado, du-
rante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso Propositura da ação penal
a lugares que favoreçam, por qualquer motivo, seu
retorno à atividade criminosa. Art. 121. A ação penal somente pode ser pro-
Parágrafo único. Para o cumprimento da proi- movida por denúncia do Ministério Público da Jus-
tiça Militar.
bição, aplica-se o disposto no parágrafo único do
artigo anterior. Dependência de requisição
Interdição de estabelecimento, sociedade Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136
ou associação
Carlos Miguel Bezerra Paiva
a 141, a ação penal, quando o agente for militar ou
c.mbezerrapaiva@gmail.com
assemelhado, depende da requisição do Ministério
Art. 118. A interdição de estabelecimento co-
074.785.143-32
Militar a que aquele estiver subordinado; no caso
mercial ou industrial, ou de sociedade ou associa-
do art. 141, quando o agente for civil e não houver
ção, pode ser decretada por tempo não inferior a
quinze dias, nem superior a seis meses, se o esta- coautor militar, a requisição será do Ministério da
Justiça.
belecimento, sociedade ou associação serve de
meio ou pretexto para a prática de infração penal.
§ 1º A interdição consiste na proibição de exer- TÍTULO VIII
cer no local o mesmo comércio ou indústria, ou a DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
atividade social.
§ 2º A sociedade ou associação, cuja sede é Causas extintivas
interditada, não pode exercer em outro local as
suas atividades. Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
Confisco I - pela morte do agente;
Art. 119. O juiz, embora não apurada a auto- II - pela anistia ou indulto;
ria, ou ainda quando o agente é inimputável, ou não III - pela retroatividade de lei que não mais con-
punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos sidera o fato como criminoso;
e produtos do crime, desde que consistam em coi-
IV - pela prescrição;
sas:
V - pela reabilitação;
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou deten-
ção constitui fato ilícito; VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato
culposo (art. 303, § 4º).
II - que, pertencendo às forças armadas ou
sendo de uso exclusivo de militares, estejam em Parágrafo único. A extinção da punibilidade de
poder ou em uso do agente, ou de pessoa não de- crime, que é pressuposto, elemento constitutivo ou
vidamente autorizada; circunstância agravante de outro, não se estende a

16
este. Nos crimes conexos, a extinção da punibili- Caso de concurso de crimes ou de crime
dade de um deles não impede, quanto aos outros, continuado
a agravação da pena resultante da conexão. § 3º No caso de concurso de crimes ou de
Espécies de prescrição crime continuado, a prescrição é referida, não à
pena unificada, mas à de cada crime considerado
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal
isoladamente.
ou à execução da pena.
Suspensão da prescrição
Prescrição da ação penal
§ 4º A prescrição da ação penal não corre:
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o
I - enquanto não resolvida, em outro processo,
disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo má-
questão de que dependa o reconhecimento da
ximo da pena privativa de liberdade cominada ao
existência do crime;
crime, verificando-se:
II - enquanto o agente cumpre pena no estran-
I - em trinta anos, se a pena é de morte;
geiro.
II - em vinte anos, se o máximo da pena é su-
Interrupção da prescrição
perior a doze;
§ 5º O curso da prescrição da ação penal inter-
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena
rompe-se:
é superior a oito e não excede a doze;
I - pela instauração do processo;
IV - em doze anos, se o máximo da pena é su-
perior a quatro e não excede a oito; II - pela sentença condenatória recorrível.
V - em oito anos, se o máximo da pena é su- § 6º A interrupção da prescrição produz efeito
perior a dois e não excede a quatro; relativamente a todos os autores do crime; e nos
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro-
Carlos
VI - em quatro anos, se o máximo daMiguel
pena é Bezerra Paiva
cesso, a interrupção relativa a qualquer deles es-
igual a um ano ou, sendo superior, não excede a
c.mbezerrapaiva@gmail.com
tende-se aos demais.
dois;
074.785.143-32Prescrição da execução da pena ou da me-
VII - em dois anos, se o máximo da pena é in-
dida de segurança que a substitui
ferior a um ano.
Superveniência de sentença condenatória Art. 126. A prescrição da execução da pena
de que somente o réu recorre privativa de liberdade ou da medida de segurança
que a substitui (art. 113) regula-se pelo tempo fi-
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de xado na sentença e verifica-se nos mesmos prazos
que somente o réu tenha recorrido, a prescrição estabelecidos no art. 125, os quais se aumentam
passa a regular-se pela pena imposta, e deve ser de um terço, se o condenado é criminoso habitual
logo declarada, sem prejuízo do andamento do re- ou por tendência.
curso se, entre a última causa interruptiva do curso
da prescrição (§ 5°) e a sentença, já decorreu § 1º Começa a correr a prescrição:
tempo suficiente. a) do dia em que passa em julgado a sentença
Termo inicial da prescrição da ação penal condenatória ou a que revoga a suspensão condi-
cional da pena ou o livramento condicional;
§ 2º A prescrição da ação penal começa a cor-
rer: b) do dia em que se interrompe a execução,
salvo quando o tempo da interrupção deva compu-
a) do dia em que o crime se consumou; tar-se na pena.
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou § 2º No caso de evadir-se o condenado ou de
a atividade criminosa; revogar-se o livramento ou desinternação condicio-
c) nos crimes permanentes, do dia em que ces- nais, a prescrição se regula pelo restante tempo da
sou a permanência; execução.
d) nos crimes de falsidade, da data em que o § 3º O curso da prescrição da execução da
fato se tornou conhecido. pena suspende-se enquanto o condenado está
preso por outro motivo, e interrompe-se pelo início

17
ou continuação do cumprimento da pena, ou pela a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima
reincidência. referido;
Prescrição no caso de reforma ou suspen- b) tenha dado, durante esse tempo, demons-
são de exercício tração efetiva e constante de bom comportamento
público e privado;
Art. 127. Verifica-se em quatro anos a pres-
crição nos crimes cuja pena cominada, no máximo, c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime
é de reforma ou de suspensão do exercício do ou demonstre absoluta impossibilidade de o fazer
posto, graduação, cargo ou função. até o dia do pedido, ou exiba documento que com-
prove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Disposições comuns a ambas as espécies
de prescrição § 2º A reabilitação não pode ser concedida:

Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o a) em favor dos que foram reconhecidos peri-
gosos, salvo prova cabal em contrário;
caso do § 3º, segunda parte, do art. 126, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da inter- b) em relação aos atingidos pelas penas aces-
rupção. sórias do art. 98, inciso VII, se o crime for de natu-
reza sexual em detrimento de filho, tutelado ou cu-
Redução
ratelado.
Art. 129. São reduzidos de metade os prazos Prazo para renovação do pedido
da prescrição, quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de vinte e um anos ou maior de § 3º Negada a reabilitação, não pode ser nova-
setenta. mente requerida senão após o decurso de dois
anos.
Imprescritibilidade das penas acessórias
§ 4º Os prazos para o pedido de reabilitação
Art. 130. É imprescritível a execução das pe- serão
Carlos Miguel Bezerra contados
Paiva em dobro no caso de criminoso ha-
nas acessórias. bitual ou por tendência.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Prescrição no caso de insubmissão Revogação
074.785.143-32
Art. 131. A prescrição começa a correr, no § 5º A reabilitação será revogada de ofício, ou
crime de insubmissão, do dia em que o insubmisso a requerimento do Ministério Público, se a pessoa
atinge a idade de trinta anos. reabilitada for condenada, por decisão definitiva, ao
cumprimento de pena privativa da liberdade.
Prescrição no caso de deserção
Cancelamento do registro de condenações
Art. 132. No crime de deserção, embora de- penais
corrido o prazo da prescrição, esta só extingue a
punibilidade quando o desertor atinge a idade de Art. 135. Declarada a reabilitação, serão
quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta. cancelados, mediante averbação, os antecedentes
criminais.
Declaração de ofício
Sigilo sobre antecedentes criminais
Art. 133. A prescrição, embora não alegada,
deve ser declarada de ofício. Parágrafo único. Concedida a reabilitação, o
registro oficial de condenações penais não pode
Reabilitação ser comunicado senão à autoridade policial ou judi-
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer ciária, ou ao representante do Ministério Público,
penas impostas por sentença definitiva. para instrução de processo penal que venha a ser
instaurado contra o reabilitado.
§ 1º A reabilitação poderá ser requerida decor-
ridos cinco anos do dia em que for extinta, de qual-
quer modo, a pena principal ou terminar a execu-
ção desta ou da medida de segurança aplicada em
substituição (art. 113), ou do dia em que terminar o
prazo da suspensão condicional da pena ou do li-
vramento condicional, desde que o condenado:

18
Pena - reclusão, de seis a doze anos.
PARTE ESPECIAL
Entendimento para gerar conflito ou diver-
gência com o Brasil
LIVRO I
Art. 141. Entrar em entendimento com país
DOS CRIMES MILITARES estrangeiro, ou organização nele existente, para
EM TEMPO DE PAZ gerar conflito ou divergência de caráter internacio-
nal entre o Brasil e qualquer outro país, ou para
lhes perturbar as relações diplomáticas:
TÍTULO I
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA
EXTERNA DO PAÍS Resultado mais grave
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti-
Hostilidade contra país estrangeiro cas:
Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade
contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo § 2º Se resulta guerra:
de guerra: Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Tentativa contra a soberania do Brasil
Resultado mais grave Art. 142. Tentar:
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti- I - submeter o território nacional, ou parte dele,
cas, represália ou retorsão: à soberania de país estrangeiro;
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. II -Paiva
desmembrar, por meio de movimento ar-
Carlos Miguel Bezerra
§ 2º Se resulta guerra: mado ou tumultos planejados, o território nacional,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
desde que o fato atente contra a segurança externa
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.074.785.143-32
do Brasil ou a sua soberania;
Provocação a país estrangeiro
III - internacionalizar, por qualquer meio, região
Art. 137. Provocar o militar, diretamente, país ou parte do território nacional:
estrangeiro a declarar guerra ou mover hostilidade Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para
contra o Brasil ou a intervir em questão que res- os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais
peite à soberania nacional: agentes.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Consecução de notícia, informação ou do-
Ato de jurisdição indevida cumento para fim de espionagem
Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, no Art. 143. Conseguir, para o fim de espiona-
território nacional, ato de jurisdição de país estran- gem militar, notícia, informação ou documento, cujo
geiro, ou favorecer a prática de ato dessa natureza: sigilo seja de interesse da segurança externa do
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. Brasil:

Violação de território estrangeiro Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


§ 1º A pena é de reclusão de dez a vinte anos:
Art. 139. Violar o militar território estrangeiro,
com o fim de praticar ato de jurisdição em nome do I - se o fato compromete a preparação ou efici-
Brasil: ência bélica do Brasil, ou o agente transmite ou for-
nece, por qualquer meio, mesmo sem remunera-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. ção, a notícia, informação ou documento, a autori-
Entendimento para empenhar o Brasil à dade ou pessoa estrangeira;
neutralidade ou à guerra II - se o agente, em detrimento da segurança
Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em externa do Brasil, promove ou mantém no território
entendimento com país estrangeiro, para empe- nacional atividade ou serviço destinado à espiona-
nhar o Brasil à neutralidade ou à guerra: gem;

19
III - se o agente se utiliza, ou contribui para que Penetração com o fim de espionagem
outrem se utilize, de meio de comunicação, para
Art. 146. Penetrar, sem licença, ou introdu-
dar indicação que ponha ou possa pôr em perigo a
segurança externa do Brasil. zir-se clandestinamente ou sob falso pretexto, em
lugar sujeito à administração militar, ou centro in-
Modalidade culposa dustrial a serviço de construção ou fabricação sob
§ 2º Contribuir culposamente para a execução fiscalização militar, para colher informação desti-
do crime: nada a país estrangeiro ou agente seu:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, Pena - reclusão, de três a oito anos.
no caso do artigo; ou até quatro anos, no caso do Parágrafo único. Entrar, em local referido no
§ 1º, nº I. artigo, sem licença de autoridade competente, mu-
Revelação de notícia, informação ou docu- nido de máquina fotográfica ou qualquer outro meio
mento hábil para a prática de espionagem:

Art. 144. Revelar notícia, informação ou do- Pena - reclusão, até três anos.
cumento, cujo sigilo seja de interesse da segurança Desenho ou levantamento de plano ou
externa do Brasil: planta de local militar ou de engenho de guerra
Pena - reclusão, de três a oito anos. Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano ou
Fim da espionagem militar planta de fortificação, quartel, fábrica, arsenal, han-
gar ou aeródromo, ou de navio, aeronave ou enge-
§ 1º Se o fato é cometido com o fim de espio-
nho de guerra motomecanizado, utilizados ou em
nagem militar:
construção sob administração ou fiscalização mili-
Pena - reclusão, de seis a doze anos. tar, ou fotografá-los ou filmá-los:
Resultado mais grave Carlos Miguel Bezerra
Pena -Paiva
reclusão, até quatro anos, se o fato não
constitui
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 2º Se o fato compromete a preparação ou a crime mais grave.
eficiência bélica do país: Sobrevoo em local interdito
074.785.143-32
Pena - reclusão, de dez a vinte anos. Art. 148. Sobrevoar local declarado interdito:
Modalidade culposa Pena - reclusão, até três anos.
§ 3º Se a revelação é culposa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
TÍTULO II
no caso do artigo; ou até quatro anos, nos casos
dos §§ 1° e 2. DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE
OU DISCIPLINA MILITAR
Turbação de objeto ou documento
Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar,
CAPÍTULO I
desviar, ainda que temporariamente, objeto ou do-
cumento concernente à segurança externa do Bra- DO MOTIM E DA REVOLTA
sil:
Pena - reclusão, de três a oito anos. Motim

Resultado mais grave Art. 149. Reunirem-se militares ou asseme-


lhados:
§ 1º Se o fato compromete a segurança ou a
eficiência bélica do país: I - agindo contra a ordem recebida de superior,
ou negando-se a cumpri-la;
Pena - Reclusão, de dez a vinte anos.
II - recusando obediência a superior, quando
Modalidade culposa
estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
§ 2º Contribuir culposamente para o fato:
III - assentindo em recusa conjunta de obedi-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ência, ou em resistência ou violência, em comum,
contra superior;

20
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fá- CAPÍTULO II
brica ou estabelecimento militar, ou dependência DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO
de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aero-
nave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de
qualquer daqueles locais ou meios de transporte, Aliciação para motim ou revolta
para ação militar, ou prática de violência, em deso- Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para
bediência a ordem superior ou em detrimento da
a prática de qualquer dos crimes previstos no capí-
ordem ou da disciplina militar:
tulo anterior:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com au-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
mento de um terço para os cabeças.
Incitamento
Revolta
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisci-
Parágrafo único. Se os agentes estavam arma-
dos: plina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com au- Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
mento de um terço para os cabeças. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
Organização de grupo para a prática de vi- quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à
olência administração militar, impressos, manuscritos ou
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares em que se contenha incitamento à prática dos atos
ou assemelhados, com armamento ou material bé- previstos no artigo.
lico, de propriedade militar, praticando violência à Apologia de fato criminoso ou do seu autor
pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar
sujeito ou não à administração militar: Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei mi-
Carlos Miguel Bezerra Paivacrime, ou do autor do mesmo, em lu-
litar considera
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
gar sujeito à administração militar:
Omissão de lealdade militar
074.785.143-32Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de
levar ao conhecimento do superior o motim ou re-
volta de cuja preparação teve notícia, ou, estando CAPÍTULO III
presente ao ato criminoso, não usar de todos os DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU
meios ao seu alcance para impedi-lo: MILITAR DE SERVIÇO
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Conspiração Violência contra superior
Art. 152. Concertarem-se militares ou asse- Art. 157. Praticar violência contra superior:
melhados para a prática do crime previsto no artigo
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
149:
Formas qualificadas
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a
Isenção de pena
que pertence o agente, ou oficial general:
Parágrafo único. É isento de pena aquele que,
Pena - reclusão, de três a nove anos.
antes da execução do crime e quando era ainda
possível evitar-lhe as consequências, denuncia o § 2º Se a violência é praticada com arma, a
ajuste de que participou. pena é aumentada de um terço.
Cumulação de penas § 3º Se da violência resulta lesão corporal,
aplica-se, além da pena da violência, a do crime
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são contra a pessoa.
aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à vio-
lência. § 4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

21
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o Despojamento desprezível
crime ocorre em serviço.
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condeco-
Violência contra militar de serviço ração militar, insígnia ou distintivo, por menosprezo
Art. 158. Praticar violência contra oficial de ou vilipêndio:
dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, Pena - detenção, de seis meses a um ano.
vigia ou plantão: Parágrafo único. A pena é aumentada da me-
Pena - reclusão, de três a oito anos. tade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em
Formas qualificadas público.

§ 1º Se a violência é praticada com arma, a


pena é aumentada de um terço. CAPÍTULO V
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, DA INSUBORDINAÇÃO
aplica-se, além da pena da violência, a do crime
contra a pessoa.
Recusa de obediência
§ 3º Se da violência resulta morte:
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do su-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. perior sobre assunto ou matéria de serviço, ou re-
Ausência de dolo no resultado lativamente a dever imposto em lei, regulamento ou
instrução:
Art. 159. Quando da violência resulta morte
ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato
que o agente não quis o resultado nem assumiu o não constitui crime mais grave.
risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pes- Oposição a ordem de sentinela
soa é diminuída de metade. Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se
CAPÍTULO IV 074.785.143-32
o fato não constitui crime mais grave.
DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A Reunião ilícita
SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou
nela tomar parte, para discussão de ato de superior
Desrespeito a superior ou assunto atinente à disciplina militar:
Art. 160. Desrespeitar superior diante de ou- Pena - detenção, de seis meses a um ano a
tro militar: quem promove a reunião; de dois a seis meses a
Pena - detenção, de três meses a um ano, se quem dela participa, se o fato não constitui crime
o fato não constitui crime mais grave. mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial general Publicação ou crítica indevida


ou oficial de serviço Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado,
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar
comandante da unidade a que pertence o agente, publicamente ato de seu superior ou assunto ati-
oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de nente à disciplina militar, ou a qualquer resolução
quarto, a pena é aumentada da metade. do Governo:
Desrespeito a símbolo nacional Pena - detenção, de dois meses a um ano, se
o fato não constitui crime mais grave.
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou
em lugar sujeito à administração militar, ato que se
traduza em ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos.

22
CAPÍTULO VI Uso indevido de uniforme, distintivo ou in-
DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO sígnia militar por qualquer pessoa
OU ABUSO DE AUTORIDADE Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, dis-
tintivo ou insígnia militar a que não tenha direito:
Assunção de comando sem ordem ou auto- Pena - detenção, até seis meses.
rização Abuso de requisição militar
Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou au- Art. 173. Abusar do direito de requisição mi-
torização, salvo se em grave emergência, qualquer litar, excedendo os poderes conferidos ou recu-
comando, ou a direção de estabelecimento militar: sando cumprir dever imposto em lei:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o Pena - detenção, de um a dois anos.
fato não constitui crime mais grave.
Rigor excessivo
Conservação ilegal de comando
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o su-
Art. 168. Conservar comando ou função legi- bordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou
timamente assumida, depois de receber ordem de ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:
seu superior para deixá-los ou transmiti-los a ou-
trem: Pena - suspensão do exercício do posto, por
dois a seis meses, se o fato não constitui crime
Pena - detenção, de um a três anos. mais grave.
Operação militar sem ordem superior Violência contra inferior
Art. 169. Determinar o comandante, sem or- Art. 175. Praticar violência contra inferior:
dem superior e fora dos casos em que essa se dis-
Carlos
pensa, movimento de tropa ou ação militar:MiguelBezerraPena - detenção, de três meses a um ano.
Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - reclusão, de três a cinco anos. Resultado mais grave

Forma qualificada 074.785.143-32Parágrafo único. Se da violência resulta lesão


corporal ou morte é também aplicada a pena do
Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o
ação militar é em território estrangeiro ou contra caso, ao disposto no art. 159.
força, navio ou aeronave de país estrangeiro:
Ofensa aviltante a inferior
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o
fato não constitui crime mais grave. Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de vi-
olência que, por natureza ou pelo meio empregado,
Ordem arbitrária de invasão
se considere aviltante:
Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o coman- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
dante de força, navio, aeronave ou engenho de
guerra motomecanizado a entrada de comandados Parágrafo único. Aplica-se o disposto no pará-
seus em águas ou território estrangeiro, ou sobre- grafo único do artigo anterior.
voá-los:
Pena - suspensão do exercício do posto, de CAPÍTULO VII
um a três anos, ou reforma.
DA RESISTÊNCIA
Uso indevido por militar de uniforme, distin-
tivo ou insígnia
Resistência mediante ameaça ou violência
Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, in-
Art. 177. Opor-se à execução de ato legal,
devidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de
mediante ameaça ou violência ao executor, ou a
posto ou graduação superior:
quem esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
o fato não constitui crime mais grave.

23
Forma qualificada Pena - detenção, de seis meses a um ano.
§ 1º Se o ato não se executa em razão da re- Cumulação de penas
sistência: § 2º Se ao fato sucede deserção, aplicam-se
Pena - reclusão de dois a quatro anos. cumulativamente as penas correspondentes.
Cumulação de penas Arrebatamento de preso ou internado
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem Art. 181. Arrebatar preso ou internado, a fim
prejuízo das correspondentes à violência, ou ao de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob
fato que constitua crime mais grave. guarda ou custódia militar:
Pena - reclusão, até quatro anos, além da cor-
CAPÍTULO VIII respondente à violência.
DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO Amotinamento
E AMOTINAMENTO DE PRESOS Art. 182. Amotinarem-se presos, ou interna-
dos, perturbando a disciplina do recinto de prisão
Fuga de preso ou internado militar:

Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de pes- Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças;
aos demais, detenção de um a dois anos.
soa legalmente presa ou submetida a medida de
segurança detentiva: Responsabilidade de participe ou de oficial
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem participa do amotinamento ou, sendo oficial
Formas qualificadas
e estando presente, não usa os meios ao seu al-
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada ou
Carlos Miguel Bezerra Paiva
cance para debelar o amotinamento ou evitar-lhe
por mais de uma pessoa, ou mediante arromba- as consequências.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mento:
074.785.143-32
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
TÍTULO III
§ 2º Se há emprego de violência contra pes-
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO
soa, aplica-se também a pena correspondente à vi-
olência. MILITAR E O DEVER MILITAR
§ 3º Se o crime é praticado por pessoa sob cuja
guarda, custódia ou condução está o preso ou in- CAPÍTULO I
ternado: DA INSUBMISSÃO
Pena - reclusão, até quatro anos.
Modalidade culposa Insubmissão

Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa le- Art. 183. Deixar de apresentar-se o convo-
galmente presa, confiada à sua guarda ou condu- cado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi
ção: marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes
do ato oficial de incorporação:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - impedimento, de três meses a um ano.
Evasão de preso ou internado
Caso assimilado
Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o
§ 1º Na mesma pena incorre quem, dispen-
preso ou internado, usando de violência contra a
sado temporariamente da incorporação, deixa de
pessoa:
se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Pena - detenção, de um a dois anos, além da
Diminuição da pena
correspondente à violência.
§ 2º A pena é diminuída de um terço:
§ 1º Se a evasão ou a tentativa ocorre medi-
ante arrombamento da prisão militar:

24
a) pela ignorância ou a errada compreensão I - não se apresenta no lugar designado, dentro
dos atos da convocação militar, quando escusá- de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;
veis; II - deixa de se apresentar a autoridade com-
b) pela apresentação voluntária dentro do petente, dentro do prazo de oito dias, contados da-
prazo de um ano, contado do último dia marcado quele em que termina ou é cassada a licença ou
para a apresentação. agregação ou em que é declarado o estado de sítio
Criação ou simulação de incapacidade fí- ou de guerra;
sica III - tendo cumprido a pena, deixa de se apre-
sentar, dentro do prazo de oito dias;
Art. 184. Criar ou simular incapacidade fí-
sica, que inabilite o convocado para o serviço mili- IV - consegue exclusão do serviço ativo ou si-
tar: tuação de inatividade, criando ou simulando inca-
pacidade.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns.
Substituição de convocado
I, II e III:
Art. 185. Substituir-se o convocado por ou-
Atenuante especial
trem na apresentação ou na inspeção de saúde.
I - se o agente se apresenta voluntariamente
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. dentro em oito dias após a consumação do crime,
Parágrafo único. Na mesma pena incorre a pena é diminuída de metade; e de um terço, se
quem substitui o convocado. de mais de oito dias e até sessenta;
Favorecimento a convocado Agravante especial
Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo II - se a deserção ocorre em unidade estacio-
Carlos
a seu serviço, ou proporcionar-lhe Miguel Bezerra
ou facilitar-lhe nada em Paiva
fronteira ou país estrangeiro, a pena é
agravada
transporte ou meio que obste ou c.mbezerrapaiva@gmail.com
dificulte a incorpo- de um terço.
ração, sabendo ou tendo razão para saber074.785.143-32
que co- Deserção especial
meteu qualquer dos crimes previstos neste capí-
tulo: Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no
momento da partida do navio ou aeronave, de que
Pena - detenção, de três meses a um ano. é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou
Isenção de pena força em que serve: (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen- 9.764, de 18.12.1998)
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimi- Pena - detenção, até três meses, se após a
noso, fica isento de pena. partida ou deslocamento se apresentar, dentro de
vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar,
ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser co-
CAPÍTULO II municada a apresentação ao comando militar com-
DA DESERÇÃO petente. (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
18.12.1998)
Deserção § 1º Se a apresentação se der dentro de prazo
superior a vinte e quatro horas e não excedente a
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, cinco dias:
da unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de dois a oito meses.
§ 2o Se superior a cinco dias e não excedente
Pena - detenção, de seis meses a dois anos;
se oficial, a pena é agravada. a oito dias: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
18.12.1998)
Casos assimilados
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar
que:

25
§ 2o-A. Se superior a oito dias: (Parágrafo in- CAPÍTULO III
cluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) DO ABANDONO DE PÔSTO E DE
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. OUTROS CRIMES EM SERVIÇO
Aumento de pena
§ 3o A pena é aumentada de um terço, se se Abandono de posto
tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o
metade, se oficial. (Redação dada pela Lei nº
posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido desig-
9.764, de 18.12.1998)
nado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de ter-
Concerto para deserção miná-lo:
Art. 191. Concertarem-se militares para a Pena - detenção, de três meses a um ano.
prática da deserção: Descumprimento de missão
I - se a deserção não chega a consumar-se:
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a
Pena - detenção, de três meses a um ano. missão que lhe foi confiada:
Modalidade complexa Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
II - se consumada a deserção: se o fato não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada
de um terço.
Deserção por evasão ou fuga
§ 2º Se o agente exercia função de comando,
Art. 192. Evadir-se o militar do poder da es- a pena é aumentada de metade.
colta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou
Modalidade culposa
fugir em seguida à prática de crime Carlos
para evitar pri-
Miguel Bezerra Paiva
são, permanecendo ausente por mais de oito dias: § 3º Se a abstenção é culposa:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de três meses a um ano.
074.785.143-32
Favorecimento a desertor Retenção indevida
Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por oca-
seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe sião da passagem de função, ou quando lhe é exi-
transporte ou meio de ocultação, sabendo ou tendo gido, objeto, plano, carta, cifra, código ou docu-
razão para saber que cometeu qualquer dos crimes mento que lhe haja sido confiado:
previstos neste capítulo: Pena - suspensão do exercício do posto, de
Pena - detenção, de quatro meses a um ano. três a seis meses, se o fato não constitui crime mais
grave.
Isenção de pena
Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, ci-
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen-
fra, código, ou documento envolve ou constitui se-
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimi-
gredo relativo à segurança nacional:
noso, fica isento de pena.
Pena - detenção, de três meses a um ano, se
Omissão de oficial
o fato não constitui crime mais grave.
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra Omissão de eficiência da força
desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se
entre os seus comandados: Art. 198. Deixar o comandante de manter a
força sob seu comando em estado de eficiência:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Pena - suspensão do exercício do posto, de
três meses a um ano.

26
Omissão de providências para evitar danos CAPÍTULO IV
Art. 199. Deixar o comandante de empregar DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO
todos os meios ao seu alcance para evitar perda,
destruição ou inutilização de instalações militares, Exercício de comércio por oficial
navio, aeronave ou engenho de guerra motomeca-
nizado em perigo: Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou to-
mar parte na administração ou gerência de socie-
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
dade comercial, ou dela ser sócio ou participar, ex-
Modalidade culposa ceto como acionista ou cotista em sociedade anô-
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: nima, ou por cotas de responsabilidade limitada:

Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - suspensão do exercício do posto, de


seis meses a dois anos, ou reforma.
Omissão de providências para salvar co-
mandados
Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião TÍTULO IV
de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
perigo semelhante, de tomar todas as providências
adequadas para salvar os seus comandados e mi- CAPÍTULO I
norar as consequências do sinistro, não sendo o úl-
DO HOMICÍDIO
timo a sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o
quartel ou sede militar sob seu comando:
Pena - reclusão, de dois a seis anos. Homicídio simples

Modalidade culposa Art. 205. Matar alguém:


Carlos Miguel Bezerra Paiva
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Minoração facultativa da pena
Pena - detenção, de seis meses a dois074.785.143-32
anos.
Omissão de socorro § 1º Se o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, domínio de violenta emoção, logo em seguida a in-
sem justa causa, navio de guerra ou mercante, na- justa provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
cional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou pena, de um sexto a um terço.
náufragos que hajam pedido socorro:
Homicídio qualificado
Pena - suspensão do exercício do posto, de
um a três anos ou reforma. § 2° Se o homicídio é cometido:

Embriaguez em serviço I - por motivo fútil;


II - mediante paga ou promessa de recom-
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em
pensa, por cupidez, para excitar ou saciar desejos
serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá- sexuais, ou por outro motivo torpe;
lo:
III - com emprego de veneno, asfixia, tortura,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimu-
Dormir em serviço lado ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
mum;
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço,
como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação IV - à traição, de emboscada, com surpresa ou
equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de mediante outro recurso insidioso, que dificultou ou
sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de tornou impossível a defesa da vítima;
ronda ou em qualquer serviço de natureza seme- V - para assegurar a execução, a ocultação, a
lhante: impunidade ou vantagem de outro crime;
Pena - detenção, de três meses a um ano. VI - prevalecendo-se o agente da situação de
serviço:

27
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Casos assimilados
Homicídio culposo Parágrafo único. Será punido com reclusão, de
quatro a quinze anos, quem, com o mesmo fim:
Art. 206. Se o homicídio é culposo:
I - inflige lesões graves a membros do grupo;
Pena - detenção, de um a quatro anos.
II - submete o grupo a condições de existência,
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime re- físicas ou morais, capazes de ocasionar a elimina-
sulta de inobservância de regra técnica de profis- ção de todos os seus membros ou parte deles;
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima. III - força o grupo à sua dispersão;
Multiplicidade de vítimas IV - impõe medidas destinadas a impedir os
nascimentos no seio do grupo;
§ 2º Se, em consequência de uma só ação ou
omissão culposa, ocorre morte de mais de uma V - efetua coativamente a transferência de cri-
pessoa ou também lesões corporais em outras pes- anças do grupo para outro grupo.
soas, a pena é aumentada de um sexto até metade.
Provocação direta ou auxílio a suicídio CAPÍTULO III
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suici- DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA
dar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça, vindo
o suicídio consumar-se: Lesão leve
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a
Agravação de pena saúde de outrem:
§ 1º Se o crime é praticado por motivo egoís- Pena Paiva
- detenção, de três meses a um ano.
tico, ou a vítima é menor ou tem Carlos
diminuída,Miguel
por Bezerra
qualquer motivo, a resistência moral, a pena é Lesão grave
c.mbezerrapaiva@gmail.com
agravada. 074.785.143-32 § 1° Se se produz, dolosamente, perigo de
Provocação indireta ao suicídio vida, debilidade permanente de membro, sentido
ou função, ou incapacidade para as ocupações ha-
§ 2º Com detenção de um a três anos, será pu- bituais, por mais de trinta dias:
nido quem, desumana e reiteradamente, inflige
maus tratos a alguém, sob sua autoridade ou de- Pena - reclusão, até cinco anos.
pendência, levando-o, em razão disso, à prática de § 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade
suicídio. incurável, perda ou inutilização de membro, sentido
Redução de pena ou função, incapacidade permanente para o traba-
lho, ou deformidade duradoura:
§ 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da ten-
tativa resulta lesão grave, a pena é reduzida de um Pena - reclusão, de dois a oito anos.
a dois terços. Lesões qualificadas pelo resultado
§ 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º
forem causados culposamente, a pena será de de-
CAPÍTULO II
tenção, de um a quatro anos; se da lesão resultar
DO GENOCÍDIO morte e as circunstâncias evidenciarem que o
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
Genocídio de produzi-lo, a pena será de reclusão, até oito
anos.
Art. 208. Matar membros de um grupo naci-
Minoração facultativa da pena
onal, étnico, religioso ou pertencente a determi-
nada raça, com o fim de destruição total ou parcial § 4° Se o agente comete o crime impelido por
desse grupo: motivo de relevante valor moral ou social ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a in-
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
justa provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena, de um sexto a um terço.

28
§ 5º No caso de lesões leves, se estas são re- Maus tratos
cíprocas, não se sabendo qual dos contendores
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde, em
atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das hi-
póteses do parágrafo anterior, o juiz pode diminuir lugar sujeito à administração militar ou no exercício
a pena de um a dois terços. de função militar, de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para o fim de educação, ins-
Lesão levíssima trução, tratamento ou custódia, quer privando-a de
§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode alimentação ou cuidados indispensáveis, quer su-
considerar a infração como disciplinar. jeitando-a a trabalhos excessivos ou inadequados,
quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Lesão culposa
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Art. 210. Se a lesão é culposa:
Formas qualificadas pelo resultado
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 1º Se do fato resulta lesão grave:
§ 1º A pena pode ser agravada se o crime re-
sulta de inobservância de regra técnica de profis- Pena - reclusão, até quatro anos.
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar § 2º Se resulta morte:
imediato socorro à vítima. Pena - reclusão, de dois a dez anos.
Aumento de pena
§ 2º Se, em consequência de uma só ação ou
CAPÍTULO V
omissão culposa, ocorrem lesões em várias pes-
soas, a pena é aumentada de um sexto até metade. DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Participação em rixa
Calúnia
Art. 211. Participar de rixa,Carlos Miguel
salvo para sepa- Bezerra Paiva
rar os contendores: Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe fal-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
samente fato definido como crime:
Pena - detenção, até dois meses. 074.785.143-32
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão
grave, aplica-se, pelo fato de participação na rixa, § 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
a pena de detenção, de seis meses a dois anos. falsa a imputação, a propala ou divulga.
Exceção da verdade

CAPÍTULO IV § 2º A prova da verdade do fato imputado ex-


clui o crime, mas não é admitida:
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA
OU DA SAÚDE I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
Abandono de pessoa
II - se o fato é imputado a qualquer das pes-
Art. 212. Abandonar o militar pessoa que soas indicadas no nº I do art. 218;
está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autori- III - se do crime imputado, embora de ação pú-
dade e, por qualquer motivo, incapaz de defender- blica, o ofendido foi absolvido por sentença irrecor-
se dos riscos resultantes do abandono: rível.
Pena - detenção, de seis meses a três anos. Difamação
Formas qualificadas pelo resultado
Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fato
§ 1º Se do abandono resulta lesão grave: ofensivo à sua reputação:
Pena - reclusão, até cinco anos. Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º Se resulta morte: Parágrafo único. A exceção da verdade so-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. mente se admite se a ofensa é relativa ao exercício
da função pública, militar ou civil, do ofendido.

29
Injúria II - a opinião desfavorável da crítica literária,
artística ou científica;
Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro: III - a apreciação crítica às instituições milita-
res, salvo quando inequívoca a intenção de ofen-
Pena - detenção, até seis meses. der;
Injúria real IV - o conceito desfavorável em apreciação ou
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, informação prestada no cumprimento do dever de
ou outro ato que atinja a pessoa, e, por sua natu- ofício.
reza ou pelo meio empregado, se considera avil- Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e IV, res-
tante: ponde pela ofensa quem lhe dá publicidade.
Pena - detenção, de três meses a um ano, Equivocidade da ofensa
além da pena correspondente à violência.
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma im-
Disposições comuns precisa ou equívoca, quem se julga atingido pode
Art. 218. As penas cominadas nos antece- pedir explicações em juízo. Se o interpelado se re-
dentes artigos deste capítulo aumentam-se de um cusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satis-
terço, se qualquer dos crimes é cometido: fatórias, responde pela ofensa.
I - contra o Presidente da República ou chefe
de governo estrangeiro; CAPÍTULO VI
II - contra superior; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
III - contra militar, ou funcionário público civil,
em razão das suas funções;
Carlos Miguel Bezerra Paiva Seção I
IV - na presença de duas ou mais pessoas, ou Dos crimes contra a liberdade individual
c.mbezerrapaiva@gmail.com
de inferior do ofendido, ou por meio que facilite a
074.785.143-32
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. Constrangimento ilegal
Parágrafo único. Se o crime é cometido medi-
Art. 222. Constranger alguém, mediante vio-
ante paga ou promessa de recompensa, aplica-se
a pena em dobro, se o fato não constitui crime mais lência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver re-
grave. duzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
Ofensa às forças armadas fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não manda:
Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídi- Pena - detenção, até um ano, se o fato não
cos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o constitui crime mais grave.
crédito das forças armadas ou a confiança que es- Aumento de pena
tas merecem do público:
§ 1º A pena aplica-se em dobro, quando, para
Pena - detenção, de seis meses a um ano. a execução do crime, se reúnem mais de três pes-
Parágrafo único. A pena será aumentada de soas, ou há emprego de arma, ou quando o cons-
um terço, se o crime é cometido pela imprensa, rá- trangimento é exercido com abuso de autoridade,
dio ou televisão. para obter de alguém confissão de autoria de crime
Exclusão de pena ou declaração como testemunha.
§ 2º Além da pena cominada, aplica-se a cor-
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo
respondente à violência.
quando inequívoca a intenção de injuriar, difamar
ou caluniar: Exclusão de crime
I - a irrogada em juízo, na discussão da causa, § 3º Não constitui crime:
por uma das partes ou seu procurador contra a ou-
tra parte ou seu procurador;

30
I - Salvo o caso de transplante de órgãos, a in- Seção II
tervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti- Do crime contra a
mento do paciente ou de seu representante legal,
se justificada para conjurar iminente perigo de vida inviolabilidade do domicílio
ou de grave dano ao corpo ou à saúde;
II - a coação exercida para impedir suicídio. Violação de domicílio

Ameaça Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina


ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa
Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, es- ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em
crito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de suas dependências:
lhe causar mal injusto e grave:
Pena - detenção, até três meses.
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não
constitui crime mais grave. Forma qualificada

Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por § 1º Se o crime é cometido durante o repouso


fato referente a serviço de natureza militar, a pena noturno, ou com emprego de violência ou de arma,
é aumentada de um terço. ou mediante arrombamento, ou por duas ou mais
pessoas:
Desafio para duelo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou além da pena correspondente à violência.
aceitar-lhe o desafio, embora o duelo não se rea-
Agravação de pena
lize:
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato
Pena - detenção, até três meses, se o fato não
é cometido por militar em serviço ou por funcionário
constitui crime mais grave.
público Paiva
Carlos Miguel Bezerra civil, fora dos casos legais, ou com inobser-
Sequestro ou cárcere privado vância das formalidades prescritas em lei, ou com
c.mbezerrapaiva@gmail.com
abuso de poder.
Art. 225. Privar alguém de sua liberdade,
074.785.143-32
mediante sequestro ou cárcere privado: Exclusão de crime
Pena - reclusão, até três anos. § 3º Não constitui crime a entrada ou perma-
nência em casa alheia ou em suas dependências:
Aumento de pena
I - durante o dia, com observância das formali-
§ 1º A pena é aumentada de metade:
dades legais, para efetuar prisão ou outra diligência
I - se a vítima é ascendente, descendente ou em cumprimento de lei ou regulamento militar;
cônjuge do agente;
II - a qualquer hora do dia ou da noite para acu-
II - se o crime é praticado mediante internação dir vítima de desastre ou quando alguma infração
da vítima em casa de saúde ou hospital; penal está sendo ali praticada ou na iminência de o
III - se a privação de liberdade dura mais de ser.
quinze dias. Compreensão do termo "casa"
Formas qualificadas pelo resultado § 4º O termo "casa" compreende:
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tra- I - qualquer compartimento habitado;
tos ou da natureza da detenção, grave sofrimento
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
físico ou moral:
III - compartimento não aberto ao público, onde
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
alguém exerce profissão ou atividade.
§ 3º Se, pela razão do parágrafo anterior, re-
§ 5º Não se compreende no termo "casa":
sulta morte:
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habita-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
nº II do parágrafo anterior;

31
II - taverna, boate, casa de jogo e outras do Violação de recato
mesmo gênero.
Art. 229. Violar, mediante processo técnico o
direito ao recato pessoal ou o direito ao resguardo
Seção III das palavras que não forem pronunciadas publica-
mente:
Dos crimes contra a inviolabilidade
de correspondência ou comunicação Pena - detenção, até um ano.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem divulga os fatos captados.
Violação de correspondência
Violação de segredo profissional
Art. 227. Devassar indevidamente o conte-
údo de correspondência privada dirigida a outrem: Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo
de que tem ciência, em razão de função ou profis-
Pena - detenção, até seis meses.
são, exercida em local sob administração militar,
§ 1º Nas mesmas penas incorre: desde que da revelação possa resultar dano a ou-
I - quem se apossa de correspondência alheia, trem:
fechada ou aberta, e, no todo ou em parte, a so- Pena - detenção, de três meses a um ano.
nega ou destrói;
Natureza militar do crime
II - quem indevidamente divulga, transmite a
outrem ou utiliza, abusivamente, comunicação tele- Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228 e
gráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou con- 229 somente são considerados militares no caso
versação telefônica entre outras pessoas; do art. 9º, nº II, letra a .
III - quem impede a comunicação ou a conver-
sação referida no número anterior. Carlos Miguel Bezerra PaivaCAPÍTULO VII
Aumento de pena c.mbezerrapaiva@gmail.com
DOS CRIMES SEXUAIS
§ 2º A pena aumenta-se de 074.785.143-32
metade, se há
dano para outrem. Estupro
§ 3º Se o agente comete o crime com abuso de Art. 232. Constranger mulher a conjunção
função, em serviço postal, telegráfico, radioelétrico
carnal, mediante violência ou grave ameaça:
ou telefônico:
Pena - reclusão, de três a oito anos, sem pre-
Pena - detenção, de um a três anos.
juízo da correspondente à violência.
Natureza militar do crime
Atentado violento ao pudor
§ 4º Salvo o disposto no parágrafo anterior,
qualquer dos crimes previstos neste artigo só é Art. 233. Constranger alguém, mediante vio-
considerado militar no caso do art. 9º, nº II, letra a. lência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar ou
permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso
da conjunção carnal:
Seção IV Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem pre-
Dos crimes contra a inviolabilidade juízo da correspondente à violência.
dos segredos de caráter particular Corrupção de menores
Art. 234. Corromper ou facilitar a corrupção
Divulgação de segredo de pessoa menor de dezoito e maior de quatorze
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conte- anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou in-
údo de documento particular sigiloso ou de corres- duzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo:
pondência confidencial, de que é detentor ou desti- Pena - reclusão, até três anos.
natário, desde que da divulgação possa resultar
dano a outrem:
Pena - detenção, até seis meses.

32
Pederastia ou outro ato de libidinagem TÍTULO V
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou
não, em lugar sujeito a administração militar: CAPÍTULO I
Pena - detenção, de seis meses a um ano. DO FURTO
Presunção de violência
Art. 236. Presume-se a violência, se a vítima: Furto simples

I - não é maior de quatorze anos, salvo fundada Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem,
suposição contrária do agente; coisa alheia móvel:
II - é doente ou deficiente mental, e o agente Pena - reclusão, até seis anos.
conhecia esta circunstância; Furto atenuado
III - não pode, por qualquer outra causa, ofere- § 1º Se o agente é primário e é de pequeno
cer resistência. valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
Aumento de pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
dois terços, ou considerar a infração como discipli-
Art. 237. Nos crimes previstos neste capí- nar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a
tulo, a pena é agravada, se o fato é praticado: um décimo da quantia mensal do mais alto salário
I - com o concurso de duas ou mais pessoas; mínimo do país.
II - por oficial, ou por militar em serviço. § 2º A atenuação do parágrafo anterior é igual-
mente aplicável no caso em que o criminoso, sendo
primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o
CAPÍTULO VIII
Carlos Miguel Bezerra Paiva antes de instaurada a ação penal.
dano causado,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Energia de valor econômico
074.785.143-32
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elé-
Ato obsceno trica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar su- Furto qualificado
jeito à administração militar: 4º Se o furto é praticado durante a noite:
Pena - detenção de três meses a um ano. Pena reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato § 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda Na-
é praticado por militar em serviço ou por oficial. cional:
Escrito ou objeto obsceno Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à § 6º Se o furto é praticado:
venda, exibir, adquirir ou ter em depósito para o fim I - com destruição ou rompimento de obstáculo
de venda, distribuição ou exibição, livros, jornais, à subtração da coisa;
revistas, escritos, pinturas, gravuras, estampas,
imagens, desenhos ou qualquer outro objeto de ca- II - com abuso de confiança ou mediante
ráter obsceno, em lugar sujeito à administração mi- fraude, escalada ou destreza;
litar, ou durante o período de exercício ou mano- III - com emprego de chave falsa;
bras: IV - mediante concurso de duas ou mais pes-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. soas:
Parágrafo único.Na mesma pena incorre quem Pena - reclusão, de três a dez anos.
distribui, vende, oferece à venda ou exibe a milita- § 7º Aos casos previstos nos §§ 4º e 5º são
res em serviço objeto de caráter obsceno. aplicáveis as atenuações a que se referem os §§ 1º
e 2º. Aos previstos no § 6º é aplicável a atenuação
referida no § 2º.

33
Furto de uso consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa vio-
lência à pessoa, aplica-se o disposto no art. 79.
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de
uso momentâneo e, a seguir, vem a ser imediata- Extorsão simples
mente restituída ou reposta no lugar onde se Art. 243. Obter para si ou para outrem inde-
achava: vida vantagem econômica, constrangendo alguém,
Pena - detenção, até seis meses. mediante violência ou grave ameaça:
Parágrafo único. A pena é aumentada de me- a) a praticar ou tolerar que se pratique ato le-
tade, se a coisa usada é veículo motorizado; e de sivo do seu patrimônio, ou de terceiro;
um terço, se é animal de sela ou de tiro. b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio,
ou de terceiro:
CAPÍTULO II Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO Formas qualificadas
§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º do
Roubo simples art. 242.
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si § 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante
ou para outrem, mediante emprego ou ameaça de violência, o disposto no § 3º do art. 242.
emprego de violência contra pessoa, ou depois de Extorsão mediante sequestro
havê-la, por qualquer modo, reduzido à impossibili-
dade de resistência: Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para si
ou para outrem, mediante sequestro de pessoa, in-
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. devida vantagem econômica:
§ 1º Na mesma pena incorre Carlos
quem, emMiguel
se- Bezerra
Pena Paiva
- reclusão, de seis a quinze anos.
guida à subtração da coisa, emprega ou ameaça
c.mbezerrapaiva@gmail.com
empregar violência contra pessoa, a fim de asse- Formas qualificadas
074.785.143-32
gurar a impunidade do crime ou a detenção da § 1º Se o sequestro dura mais de vinte e quatro
coisa para si ou para outrem. horas, ou se o sequestrado é menor de dezesseis
Roubo qualificado ou maior de sessenta anos, ou se o crime é come-
tido por mais de duas pessoas, a pena é de reclu-
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até me- são de oito a vinte anos.
tade:
§ 2º Se à pessoa sequestrada, em razão de
I - se a violência ou ameaça é exercida com maus tratos ou da natureza do sequestro, resulta
emprego de arma; grave sofrimento físico ou moral, a pena de reclu-
II - se há concurso de duas ou mais pessoas; são é aumentada de um terço.
III - se a vítima está em serviço de transporte § 3º Se o agente vem a empregar violência
de valores, e o agente conhece tal circunstância; contra a pessoa sequestrada, aplicam-se, corres-
pondentemente, as disposições do art. 242, § 2º,
IV - se a vítima está em serviço de natureza
ns. V e VI ,e § 3º.
militar;
Chantagem
V - se é dolosamente causada lesão grave;
VI - se resulta morte e as circunstâncias evi- Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém,
denciam que o agente não quis esse resultado, para si ou para outrem, indevida vantagem econô-
nem assumiu o risco de produzi-lo. mica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja di-
vulgação pode lesar a sua reputação ou de pessoa
Latrocínio que lhe seja particularmente cara:
§ 3º Se, para praticar o roubo, ou assegurar a Pena - reclusão, de três a dez anos.
impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o
agente ocasiona dolosamente a morte de alguém, Parágrafo único. Se a ameaça é de divulgação
a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos, pela imprensa, radiodifusão ou televisão, a pena é
sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de agravada.

34
Extorsão indireta CAPÍTULO IV
Art. 246. Obter de alguém, como garantia de DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
dívida, abusando de sua premente necessidade,
documento que pode dar causa a procedimento pe- Estelionato
nal contra o devedor ou contra terceiro:
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, van-
Pena - reclusão, até três anos.
tagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou man-
Aumento de pena tendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento:
Art. 247. Nos crimes previstos neste capí-
tulo, a pena é agravada, se a violência é contra su- Pena - reclusão, de dois a sete anos.
perior, ou militar de serviço. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
CAPÍTULO III I - vende, permuta, dá em pagamento, em lo-
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA cação ou em garantia, coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
Apropriação indébita simples própria

Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, II - vende, permuta, dá em pagamento ou em


garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus
de que tem a posse ou detenção:
ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a ter-
Pena - reclusão, até seis anos. ceiro, mediante pagamento em prestações, silenci-
Agravação de pena ando sobre qualquer dessas circunstâncias;
CarlosseMiguel
Parágrafo único. A pena é agravada, o valor Bezerra Paiva de penhor
Defraudação
da coisa excede vinte vezes o c.mbezerrapaiva@gmail.com
maior salário mí- III - defrauda, mediante alienação não consen-
nimo, ou se o agente recebeu a coisa:
074.785.143-32 credor ou por outro modo, a garantia pig-
tida pelo
I - em depósito necessário; noratícia, quando tem a posse do objeto empe-
nhado;
II - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Fraude na entrega de coisa
Apropriação de coisa havida acidental-
mente IV - defrauda substância, qualidade ou quanti-
dade de coisa que entrega a adquirente;
Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa alheia
Fraude no pagamento de cheque
vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força
da natureza: V - defrauda de qualquer modo o pagamento
de cheque que emitiu a favor de alguém.
Pena - detenção, até um ano.
§ 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do pará-
Apropriação de coisa achada
grafo anterior são considerados militares somente
Parágrafo único. Na mesma pena incorre nos casos do art. 9º, nº II, letras a e e .
quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
Agravação de pena
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao
dono ou legítimo possuidor, ou de entregá-la à au- § 3º A pena é agravada, se o crime é cometido
toridade competente, dentro do prazo de quinze em detrimento da administração militar.
dias. Abuso de pessoa
Art. 250. Nos crimes previstos neste capí- Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou
tulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. alheio, no exercício de função, em unidade, repar-
tição ou estabelecimento militar, da necessidade,
paixão ou inexperiência, ou da doença ou deficiên-
cia mental de outrem, induzindo-o à prática de ato
que produza efeito jurídico, em prejuízo próprio ou

35
de terceiro, ou em detrimento da administração mi- Usurpação de águas
litar: I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de
Pena - reclusão, de dois a seis anos. outrem, águas sob administração militar;
Art. 253. Nos crimes previstos neste capí- Invasão de propriedade
tulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. II - invade, com violência à pessoa ou à coisa,
ou com grave ameaça, ou mediante concurso de
duas ou mais pessoas, terreno ou edifício sob ad-
CAPÍTULO V ministração militar.
DA RECEPTAÇÃO Pena correspondente à violência
§ 2º Quando há emprego de violência, fica res-
Receptação salvada a pena a esta correspondente.
Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em pro- Aposição, supressão ou alteração de marca
veito próprio ou alheio, coisa proveniente de crime,
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, re- Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevida-
ceba ou oculte: mente, em gado ou rebanho alheio, sob guarda ou
administração militar, marca ou sinal indicativo de
Pena - reclusão, até cinco anos. propriedade:
Parágrafo único. São aplicáveis os §§ 1º e 2º Pena - detenção, de seis meses a três anos.
do art. 240.
Receptação culposa
CAPÍTULO VII
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por
DO DANO
sua natureza ou pela manifesta desproporção
Carlos entre
Miguel Bezerra Paiva
o valor e o preço, ou pela condição de quem a ofe-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
rece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Dano simples
074.785.143-32
Pena - detenção, até um ano. Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fa-
Parágrafo único. Se o agente é primário e o va- zer desaparecer coisa alheia:
lor da coisa não é superior a um décimo do salário Pena - detenção, até seis meses.
mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
Parágrafo único. Se se trata de bem público:
Punibilidade da receptação
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 256. A receptação é punível ainda que Dano atenuado
desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa. Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o
criminoso é primário e a coisa é de valor não exce-
dente a um décimo do salário mínimo, o juiz pode
CAPÍTULO VI atenuar a pena, ou considerar a infração como dis-
DA USURPAÇÃO ciplinar.
Parágrafo único. O benefício previsto no artigo
Alteração de limites é igualmente aplicável, se, dentro das condições
nele estabelecidas, o criminoso repara o dano cau-
Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, sado antes de instaurada a ação penal.
marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha di-
Dano qualificada
visória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel sob administração militar: Art. 261. Se o dano é cometido:
Pena - detenção, até seis meses. I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
§ 1º Na mesma pena incorre quem: II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;

36
III - por motivo egoístico ou com prejuízo con- Pena - reclusão, até três anos, se o fato não
siderável: constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena Modalidades culposas
correspondente à violência.
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264
Dano em material ou aparelhamento de e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis me-
guerra ses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspen-
Art. 262. Praticar dano em material ou apa- são do exercício do posto de um a três anos, ou
relhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-
que em construção ou fabricação, ou em efeitos re- se também a pena cominada ao crime culposo con-
colhidos a depósito, pertencentes ou não às forças tra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial,
armadas: ser imposta a pena de reforma.

Pena - reclusão, até seis anos.


Dano em navio de guerra ou mercante em CAPÍTULO VIII
serviço militar DA USURA
Art. 263. Causar a perda, destruição, inutili-
zação, encalhe, colisão ou alagamento de navio de Usura pecuniária
guerra ou de navio mercante em serviço militar, ou Art. 267. Obter ou estipular, para si ou para
nele causar avaria:
outrem, no contrato de mútuo de dinheiro, abu-
Pena - reclusão, de três a dez anos. sando da premente necessidade, inexperiência ou
§ 1º Se resulta lesão grave, a pena correspon- leviandade do mutuário, juro que excede a taxa fi-
dente é aumentada da metade; se resulta a morte, xada em lei, regulamento ou ato oficial:
é aplicada em dobro. Carlos Miguel Bezerra Paiva
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 2º Se, para a prática do dano previsto no ar- Casos assimilados
tigo, usou o agente de violência contra a 074.785.143-32
pessoa,
§ 1º Na mesma pena incorre quem, em repar-
ser-lhe-á aplicada igualmente a pena a ela corres-
tição ou local sob administração militar, recebe ven-
pondente.
cimento ou provento de outrem, ou permite que es-
Dano em aparelhos e instalações de avia- tes sejam recebidos, auferindo ou permitindo que
ção e navais, e em estabelecimentos militares outrem aufira proveito cujo valor excede a taxa de
três por cento
Art. 264. Praticar dano:
Agravação de pena
I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou ins-
talações de campo de aviação, engenho de guerra § 2º A pena é agravada, se o crime é cometido
motomecanizado, viatura em comboio militar, arse- por superior ou por funcionário em razão da função.
nal, dique, doca, armazém, quartel, alojamento ou
em qualquer outra instalação militar;
TÍTULO VI
II - em estabelecimento militar sob regime in-
dustrial, ou centro industrial a serviço de constru- DOS CRIMES CONTRA A
ção ou fabricação militar: INCOLUMIDADE PÚBLICA
Pena - reclusão, de dois a dez anos.
CAPÍTULO I
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos pa-
rágrafos do artigo anterior. DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Desaparecimento, consunção ou extravio
Incêndio
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou
extraviar combustível, armamento, munição, peças Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à
de equipamento de navio ou de aeronave ou de en- administração militar, expondo a perigo a vida, a in-
genho de guerra motomecanizado: tegridade física ou o patrimônio de outrem:

37
Pena - reclusão, de três a oito anos. Modalidade culposa
§ 1º A pena é agravada: § 4º No caso de culpa, se a explosão é cau-
Agravação de pena sada por dinamite ou substância de efeitos análo-
gos, a pena é detenção, de seis meses a dois anos;
I - se o crime é cometido com intuito de obter se é causada pelo desencadeamento de energia
vantagem pecuniária para si ou para outrem; nuclear, detenção de três a dez anos; nos demais
II - se o incêndio é: casos, detenção de três meses a um ano.
a) em casa habitada ou destinada a habitação; Emprego de gás tóxico ou asfixiante
b) em edifício público ou qualquer construção Art. 270. Expor a perigo a vida, a integridade
destinada a uso público ou a obra de assistência física ou o patrimônio de outrem, em lugar sujeito à
social ou de cultura; administração militar, usando de gás tóxico ou as-
c) em navio, aeronave, comboio ou veículo de fixiante ou prejudicial de qualquer modo à incolumi-
transporte coletivo; dade da pessoa ou da coisa:

d) em estação ferroviária, rodoviária, aeró- Pena - reclusão, até cinco anos.


dromo ou construção portuária; Modalidade culposa
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; Parágrafo único. Se o crime é culposo:
f) em depósito de explosivo, combustível ou in- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
flamável;
Abuso de radiação
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
Art. 271. Expor a perigo a vida ou a integri-
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. dade física de outrem, em lugar sujeito à adminis-
§ 2º Se culposo o incêndio: Carlos Miguel tração militar,
Bezerra Paivapelo abuso de radiação ionizante ou
de substância radioativa:
Incêndio culposo c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - reclusão, até quatro anos.
074.785.143-32
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Modalidade culposa
Explosão
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Art. 269. Causar ou tentar causar explosão,
em lugar sujeito à administração militar, expondo a Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
perigo a vida, a integridade ou o patrimônio de ou- Inundação
trem:
Art. 272. Causar inundação, em lugar sujeito
Pena - reclusão, até quatro anos. à administração militar, expondo a perigo a vida, a
Forma qualificada integridade física ou o patrimônio de outrem:
§ 1º Se a substância utilizada é dinamite ou ou- Pena - reclusão, de três a oito anos.
tra de efeitos análogos: Modalidade culposa
Pena - reclusão, de três a oito anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Agravação de pena Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 2º A pena é agravada se ocorre qualquer das Perigo de inundação
hipóteses previstas no § 1º, nº I, do artigo anterior,
ou é visada ou atingida qualquer das coisas enu- Art. 273. Remover, destruir ou inutilizar obs-
meradas no nº II do mesmo parágrafo. táculo natural ou obra destinada a impedir inunda-
ção, expondo a perigo a vida, a integridade física
§ 3º Se a explosão é causada pelo desencade-
ou o patrimônio de outrem, em lugar sujeito à admi-
amento de energia nuclear:
nistração militar:
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

38
Desabamento ou desmoronamento ou animais de utilidade econômica ou militar, em
lugar sob administração militar:
Art. 274. Causar desabamento ou desmoro-
namento, em lugar sujeito à administração militar, Pena - reclusão, até três anos.
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o Modalidade culposa
patrimônio de outrem:
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é
Pena - reclusão, até cinco anos. de detenção, até seis meses.
Modalidade culposa Embriaguez ao volante
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob ad-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ministração militar na via pública, encontrando-se
Subtração, ocultação ou inutilização de ma- em estado de embriaguez, por bebida alcoólica, ou
terial de socorro qualquer outro inebriante:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 275. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por
ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou ou- Perigo resultante de violação de regra de trân-
tro desastre ou calamidade, aparelho, material ou sito
qualquer meio destinado a serviço de combate ao Art. 280. Violar regra de regulamento de
perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou di- trânsito, dirigindo veículo sob administração militar,
ficultar serviço de tal natureza: expondo a efetivo e grave perigo a incolumidade de
Pena - reclusão, de três a seis anos. outrem:
Fatos que expõem a perigo aparelhamento Pena - detenção, até seis meses.
militar Fuga após acidente de trânsito
Art. 276. Praticar qualquerCarlos
dos fatosMiguel
previs- Bezerra Paiva
Art. 281. Causar, na direção de veículo mo-
tos nos artigos anteriores deste c.mbezerrapaiva@gmail.com
capítulo, expondo torizado, sob administração militar, ainda que sem
a perigo, embora em lugar não sujeito à administra-
074.785.143-32
culpa, acidente de trânsito, de que resulte dano
ção militar navio, aeronave, material ou engenho de pessoal, e, em seguida, afastar-se do local, sem
guerra motomecanizado ou não, ainda que em prestar socorro à vítima que dele necessite:
construção ou fabricação, destinados às forças ar-
madas, ou instalações especialmente a serviço de- Pena - detenção, de seis meses a um ano, sem
las: prejuízo das cominadas nos arts. 206 e 210.
Pena - reclusão de dois a seis anos. Isenção de prisão em flagrante
Modalidade culposa Parágrafo único. Se o agente se abstém de fu-
gir e, na medida que as circunstâncias o permitam,
Parágrafo único. Se o crime é culposo: presta ou providencia para que seja prestado so-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. corro à vítima, fica isento de prisão em flagrante.
Formas qualificadas pelo resultado
Art. 277. Se do crime doloso de perigo co- CAPÍTULO II
mum resulta, além da vontade do agente, lesão DOS CRIMES CONTRA OS MEIOS
grave, a pena é aumentada de metade; se resulta DE TRANSPORTE E DE COMUNICAÇÃO
morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se
do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
de metade; se resulta morte, aplica-se a pena co- Perigo de desastre ferroviário
minada ao homicídio culposo, aumentada de um Art. 282. Impedir ou perturbar serviço de es-
terço.
trada de ferro, sob administração ou requisição mi-
Difusão de epizootia ou praga vegetal litar emanada de ordem legal:
Art. 278. Difundir doença ou praga que I - danificando ou desarranjando, total ou par-
possa causar dano a floresta, plantação, pastagem cialmente, linha férrea, material rodante ou de tra-
ção, obra de arte ou instalação;

39
II - colocando obstáculo na linha; requisição militar emanada de ordem legal, impe-
III - transmitindo falso aviso acerca do movi- dir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
mento dos veículos, ou interrompendo ou embara- Pena - reclusão, até três anos.
çando o funcionamento dos meios de comunica- Desastre efetivo
ção;
§ 1º Se do fato resulta desastre, a pena é re-
IV - praticando qualquer outro ato de que clusão de dois a cinco anos.
possa resultar desastre:
Modalidade culposa
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º No caso de culpa, se ocorre desastre:
Desastre efetivo
Pena - detenção, até um ano.
§ 1º Se do fato resulta desastre:
Formas qualificadas pelo resultado
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 285. Se de qualquer dos crimes previs-
§ 2º Se o agente quis causar o desastre ou as-
sumiu o risco de produzi-lo: tos nos arts. 282 a 284, no caso de desastre ou si-
nistro, resulta morte de alguém, aplica-se o dis-
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. posto no art. 277.
Modalidade culposa Arremesso de projétil
§ 3º No caso de culpa, ocorrendo desastre: Art. 286. Arremessar projétil contra veículo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. militar, em movimento, destinado a transporte por
Conceito de "estrada de ferro" terra, por água ou pelo ar:

§ 4º Para os efeitos deste artigo, entende-se Pena - detenção, até seis meses.
por "estrada de ferro" qualquer via deCarlos
comunicação FormaPaiva
Miguel Bezerra qualificada pelo resultado
em que circulem veículos de tração mecânica, em
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão cor-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
trilhos ou por meio de cabo aéreo.
poral, a pena é de detenção, de seis meses a dois
074.785.143-32
Atentado contra transporte anos; se resulta morte, a pena é a do homicídio cul-
poso, aumentada de um terço.
Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio
próprio ou alheio, sob guarda, proteção ou requisi- Atentado contra serviço de utilidade militar
ção militar emanada de ordem legal, ou em lugar Art. 287. Atentar contra a segurança ou o
sujeito à administração militar, bem como praticar
funcionamento de serviço de água, luz, força ou
qualquer ato tendente a impedir ou dificultar nave-
acesso, ou qualquer outro de utilidade, em edifício
gação aérea, marítima, fluvial ou lacustre sob ad-
ou outro lugar sujeito à administração militar:
ministração, guarda ou proteção militar:
Pena - reclusão, até cinco anos.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um
Superveniência de sinistro
terço até metade, se o dano ocorrer em virtude de
§ 1º Se do fato resulta naufrágio, submersão subtração de material essencial ao funcionamento
ou encalhe do navio, ou a queda ou destruição da do serviço.
aeronave:
Interrupção ou perturbação de serviço ou
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. meio de comunicação
Modalidade culposa Art. 288. Interromper, perturbar ou dificultar
§ 2º No caso de culpa, se ocorre o sinistro: serviço telegráfico, telefônico, telemétrico, de tele-
visão, telepercepção, sinalização, ou outro meio de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
comunicação militar; ou impedir ou dificultar a sua
Atentado contra viatura ou outro meio de instalação em lugar sujeito à administração militar,
transporte ou desde que para esta seja de interesse qualquer
Art. 284. Expor a perigo viatura ou outro meio daqueles serviços ou meios:
de transporte militar, ou sob guarda, proteção ou Pena - detenção, de um a três anos.

40
Aumento de pena ou para entrega a este; ou para qualquer fim, a
qualquer pessoa, em consultório, gabinete, farmá-
Art. 289. Nos crimes previstos neste capí-
cia, laboratório ou lugar, sujeitos à administração
tulo, a pena será agravada, se forem cometidos em militar:
ocasião de calamidade pública.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Casos assimilados
CAPÍTULO III
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE
I - o militar ou funcionário que, tendo sob sua
guarda ou cuidado substância entorpecente ou que
Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou determine dependência física ou psíquica, em far-
substância de efeito similar mácia, laboratório, consultório, gabinete ou depó-
Art. 290. Receber, preparar, produzir, ven- sito militar, dela lança mão para uso próprio ou de
der, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em de- outrem, ou para destino que não seja lícito ou regu-
pósito, transportar, trazer consigo, ainda que para lar;
uso próprio, guardar, ministrar ou entregar de qual- II - quem subtrai substância entorpecente ou
quer forma a consumo substância entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, ou
que determine dependência física ou psíquica, em dela se apropria, em lugar sujeito à administração
lugar sujeito à administração militar, sem autoriza- militar, sem prejuízo da pena decorrente da subtra-
ção ou em desacordo com determinação legal ou ção ou apropriação indébita;
regulamentar:
III - quem induz ou instiga militar em serviço ou
Pena - reclusão, até cinco anos. em manobras ou exercício a usar substância entor-
Casos assimilados pecente ou que determine dependência física ou
Carlos Miguel Bezerra
psíquica;Paiva
§ 1º Na mesma pena incorre, ainda que o fato
c.mbezerrapaiva@gmail.com
incriminado ocorra em lugar não sujeito à adminis- IV - quem contribui, de qualquer forma, para in-
tração militar: 074.785.143-32
centivar ou difundir o uso de substância entorpe-
cente ou que determine dependência física ou psí-
I - o militar que fornece, de qualquer forma, quica, em quartéis, navios, arsenais, estabeleci-
substância entorpecente ou que determine depen- mentos industriais, alojamentos, escolas, colégios
dência física ou psíquica a outro militar; ou outros quaisquer estabelecimentos ou lugares
II - o militar que, em serviço ou em missão de sujeitos à administração militar, bem como entre
natureza militar, no país ou no estrangeiro, pratica militares que estejam em serviço, ou o desempe-
qualquer dos fatos especificados no artigo; nhem em missão para a qual tenham recebido or-
dem superior ou tenham sido legalmente requisita-
III - quem fornece, ministra ou entrega, de qual-
dos.
quer forma, substância entorpecente ou que deter-
mine dependência física ou psíquica a militar em Epidemia
serviço, ou em manobras ou exercício.
Art. 292. Causar epidemia, em lugar sujeito
Forma qualificada à administração militar, mediante propagação de
§ 2º Se o agente é farmacêutico, médico, den- germes patogênicos:
tista ou veterinário: Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Forma qualificada
Receita ilegal § 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada
Art. 291. Prescrever o médico ou dentista mi- em dobro.
litar, ou aviar o farmacêutico militar receita, ou for- Modalidade culposa
necer substância entorpecente ou que determine § 2º No caso de culpa, a pena é de detenção,
dependência física ou psíquica, fora dos casos in- de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a
dicados pela terapêutica, ou em dose evidente- quatro anos.
mente maior que a necessária, ou com infração de
preceito legal ou regulamentar, para uso de militar,

41
Envenenamento com perigo extensivo Modalidade culposa
Art. 293. Envenenar água potável ou subs- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
tância alimentícia ou medicinal, expondo a perigo a Pena - detenção, até seis meses.
saúde de militares em manobras ou exercício, ou
Omissão de notificação de doença
de indefinido número de pessoas, em lugar sujeito
à administração militar: Art. 297. Deixar o médico militar, no exercí-
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. cio da função, de denunciar à autoridade pública
doença cuja notificação é compulsória:
Caso assimilado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º Está sujeito à mesma pena quem em lugar
sujeito à administração militar, entrega a consumo,
ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, TÍTULO VII
água ou substância envenenada.
DOS CRIMES CONTRA
Forma qualificada A ADMINISTRAÇÃO MILITAR
§ 2º Se resulta a morte de alguém:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos. CAPÍTULO I
Modalidade culposa DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
§ 3º Se o crime é culposo, a pena é de deten-
ção, de seis meses a dois anos; ou, se resulta a Desacato a superior
morte, de dois a quatro anos.
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe
Corrupção ou poluição de água potável a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-
Art. 294. Corromper ou poluirCarlos Miguel
água potável Bezerra Paiva
lhe a autoridade:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
de uso de quartel, fortaleza, unidade, navio, aero- Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não
nave ou estabelecimento militar, ou de tropa 074.785.143-32 crime mais grave.
em constitui
manobras ou exercício, tornando-a imprópria para Agravação de pena
consumo ou nociva à saúde:
Parágrafo único. A pena é agravada, se o su-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. perior é oficial general ou comandante da unidade
Modalidade culposa a que pertence o agente.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Desacato a militar
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Art. 299. Desacatar militar no exercício de
Fornecimento de substância nociva função de natureza militar ou em razão dela:

Art. 295. Fornecer às forças armadas subs- Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
tância alimentícia ou medicinal corrompida, adulte- se o fato não constitui outro crime.
rada ou falsificada, tornada, assim, nociva à saúde: Desacato a assemelhado ou funcionário
Pena - reclusão, de dois a seis anos. Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcio-
Modalidade culposa nário civil no exercício de função ou em razão dela,
em lugar sujeito à administração militar:
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
se o fato não constitui outro crime.
Art. 296. Fornecer às forças armadas subs- Desobediência
tância alimentícia ou medicinal alterada, reduzindo,
assim, o seu valor nutritivo ou terapêutico: Art. 301. Desobedecer a ordem legal de au-
toridade militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, até seis meses.

42
Ingresso clandestino CAPÍTULO III
Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, es- DA CONCUSSÃO, EXCESSO
tabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou DE EXAÇÃO E DESVIO
em outro lugar sujeito à administração militar, por
onde seja defeso ou não haja passagem regular,
Concussão
ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta
se o fato não constitui crime mais grave. ou indiretamente, ainda que fora da função ou an-
tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
devida:
CAPÍTULO II Pena - reclusão, de dois a oito anos.
DO PECULATO Excesso de exação
Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento
Peculato
que sabe indevido, ou, quando devido, empregar
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de não autoriza:
que tem a posse ou detenção, em razão do cargo Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou
alheio: Desvio

Pena - reclusão, de três a quinze anos. Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente, em razão do
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o ob-
cargo ou função, para recolher aos cofres públicos:
jeto da apropriação ou desvio é de valor superior
Carlos Miguel a
Bezerra Paiva
vinte vezes o salário mínimo. Pena - reclusão, de dois a doze anos.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Peculato-furto
074.785.143-32
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora CAPÍTULO IV
não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor DA CORRUPÇÃO
ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja sub-
traído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da
facilidade que lhe proporciona a qualidade de mili- Corrupção passiva
tar ou de funcionário. Art. 308. Receber, para si ou para outrem,
Peculato culposo direta ou indiretamente, ainda que fora da função,
ou antes de assumi-la, mas em razão dela vanta-
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui cul-
gem indevida, ou aceitar promessa de tal vanta-
posamente para que outrem subtraia ou desvie o
gem:
dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Aumento de pena
Extinção ou minoração da pena
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a repara-
consequência da vantagem ou promessa, o agente
ção do dano, se precede a sentença irrecorrível,
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
ou o pratica infringindo dever funcional.
metade a pena imposta.
Diminuição de pena
Peculato mediante aproveitamento do erro
de outrem § 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou
retarda o ato de ofício com infração de dever funci-
Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qual- onal, cedendo a pedido ou influência de outrem:
quer utilidade que, no exercício do cargo ou comis-
são, recebeu por erro de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Pena - reclusão, de dois a sete anos.

43
Corrupção ativa declaração destinada à prova de fato juridicamente
relevante.
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro
ou vantagem indevida para a prática, omissão ou Falsidade ideológica
retardamento de ato funcional: Art. 312. Omitir, em documento público ou
Pena - reclusão, até oito anos. particular, declaração que dele devia constar, ou
Aumento de pena nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou di-
versa da que devia ser escrita, com o fim de preju-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um dicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
terço, se, em razão da vantagem, dádiva ou pro- sobre fato juridicamente relevante, desde que o
messa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado fato atente contra a administração ou o serviço mi-
com infração de dever funcional. litar:
Participação ilícita Pena - reclusão, até cinco anos, se o docu-
Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou si- mento é público; reclusão, até três anos, se o do-
mulado, diretamente ou por interposta pessoa, em cumento é particular.
contrato, fornecimento, ou concessão de qualquer Cheque sem fundos
serviço concernente à administração militar, sobre
Art. 313. Emitir cheque sem suficiente provi-
que deva informar ou exercer fiscalização em razão
do ofício: são de fundos em poder do sacado, se a emissão
é feita de militar em favor de militar, ou se o fato
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. atenta contra a administração militar:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre Pena - reclusão, até cinco anos.
quem adquire para si, direta ou indiretamente, ou
por ato simulado, no todo ou em parte, bens ou efei- Circunstância irrelevante
tos em cuja administração, depósito,Carlos Miguel Bezerra
guarda, fisca- Paiva
§ 1º Salvo o caso do art. 245, é irrelevante ter
lização ou exame, deve intervir emc.mbezerrapaiva@gmail.com
razão de seu sido o cheque emitido para servir como título ou ga-
emprego ou função, ou entra em especulação de rantia de dívida.
074.785.143-32
lucro ou interesse, relativamente a esses bens ou Atenuação de pena
efeitos.
§ 2º Ao crime previsto no artigo aplica-se o dis-
posto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
CAPÍTULO V Certidão ou atestado ideologicamente falso
DA FALSIDADE
Art. 314. Atestar ou certificar falsamente, em
razão de função, ou profissão, fato ou circunstância
Falsificação de documento que habilite alguém a obter cargo, posto ou função,
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, do- ou isenção de ônus ou de serviço, ou qualquer ou-
tra vantagem, desde que o fato atente contra a ad-
cumento público ou particular, ou alterar docu-
ministração ou serviço militar:
mento verdadeiro, desde que o fato atente contra a
administração ou o serviço militar: Pena - detenção, até dois anos.
Pena - sendo documento público, reclusão, de Agravação de pena
dois a seis anos; sendo documento particular, re- Parágrafo único. A pena é agravada se o crime
clusão, até cinco anos. é praticado com o fim de lucro ou em prejuízo de
Agravação da pena terceiro.
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou Uso de documento falso
exerce função em repartição militar.
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos docu-
Documento por equiparação mentos falsificados ou alterados por outrem, a que
§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos se referem os artigos anteriores:
penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio de apa- Pena - a cominada à falsificação ou à altera-
relho eletromagnético a que se incorpore ção.

44
Supressão de documento Extravio, sonegação ou inutilização de livro
ou documento
Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em be-
nefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer
documento verdadeiro, de que não podia dispor, documento, de que tem a guarda em razão do
desde que o fato atente contra a administração ou cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcial-
o serviço militar: mente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o do- Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato
cumento é público; reclusão, até cinco anos, se o não constitui crime mais grave.
documento é particular. Condescendência criminosa
Uso de documento pessoal alheio
Art. 322. Deixar de responsabilizar subordi-
Art. 317. Usar, como próprio, documento de nado que comete infração no exercício do cargo,
identidade alheia, ou de qualquer licença ou privilé- ou, quando lhe falte competência, não levar o fato
gio em favor de outrem, ou ceder a outrem docu- ao conhecimento da autoridade competente:
mento próprio da mesma natureza, para que dele Pena - se o fato foi praticado por indulgência,
se utilize, desde que o fato atente contra a adminis- detenção até seis meses; se por negligência, de-
tração ou o serviço militar: tenção até três meses.
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não Não inclusão de nome em lista
constitui elemento de crime mais grave.
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de
Falsa identidade
incluir, por negligência, qualquer nome em relação
Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a ou lista para o efeito de alistamento ou de convo-
administração militar, falsa identidade, para obter cação militar:
vantagem em proveito próprio ou Carlos
alheio, Miguel
ou para Bezerra Paiva
Pena - detenção, até seis meses.
causar dano a outrem: c.mbezerrapaiva@gmail.com
Inobservância de lei, regulamento ou ins-
Pena - detenção, de três meses a um074.785.143-32
ano, se trução
o fato não constitui crime mais grave.
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de
observar lei, regulamento ou instrução, dando
CAPÍTULO VI causa direta à prática de ato prejudicial à adminis-
DOS CRIMES CONTRA tração militar:
O DEVER FUNCIONAL Pena - se o fato foi praticado por tolerância, de-
tenção até seis meses; se por negligência, suspen-
Prevaricação são do exercício do posto, graduação, cargo ou
função, de três meses a um ano.
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, in-
Violação ou divulgação indevida de corres-
devidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra ex-
pondência ou comunicação
pressa disposição de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal: Art. 325. Devassar indevidamente o conte-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. údo de correspondência dirigida à administração
militar, ou por esta expedida:
Violação do dever funcional com o fim de
lucro Pena - detenção, de dois a seis meses, se o
fato não constitui crime mais grave.
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
tenha sido incumbido pela administração militar,
quem, ainda que não seja funcionário, mas desde
seu dever funcional para obter especulativamente
que o fato atente contra a administração militar:
vantagem pessoal, para si ou para outrem:
I - indevidamente se se apossa de correspon-
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
dência, embora não fechada, e no todo ou em parte
a sonega ou destrói;

45
II - indevidamente divulga, transmite a outrem, § 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido
ou abusivamente utiliza comunicação de interesse na faixa de fronteira:
militar; Pena - detenção, de um a três anos.
III - impede a comunicação referida no número Aplicação ilegal de verba ou dinheiro
anterior.
Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro pú-
Violação de sigilo funcional
blico aplicação diversa da estabelecida em lei:
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em
Pena - detenção, até seis meses.
razão do cargo ou função e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em preju- Abuso de confiança ou boa-fé
ízo da administração militar: Art. 332. Abusar da confiança ou boa-fé de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, militar, assemelhado ou funcionário, em serviço ou
se o fato não constitui crime mais grave. em razão deste, apresentando-lhe ou remetendo-
Violação de sigilo de proposta de concor- lhe, para aprovação, recebimento, anuência ou
rência aposição de visto, relação, nota, empenho de des-
pesa, ordem ou folha de pagamento, comunicação,
Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de ofício ou qualquer outro documento, que sabe, ou
concorrência de interesse da administração militar deve saber, serem inexatos ou irregulares, desde
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: que o fato atente contra a administração ou o ser-
Pena - detenção, de três meses a um ano. viço militar:

Obstáculo à hasta pública, concorrência ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
tomada de preços se o fato não constitui crime mais grave.
Forma qualificada
Art. 328. Impedir, perturbar ouCarlos
fraudar aMiguel
rea- Bezerra Paiva
lização de hasta pública, concorrência ou tomada § 1º A pena é agravada, se do fato decorre pre-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
juízo material ou processo penal militar para a pes-
de preços, de interesse da administração militar:
074.785.143-32
soa de cuja confiança ou boa-fé se abusou.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Modalidade culposa
Exercício funcional ilegal
§ 2º Se a apresentação ou remessa decorre de
Art. 329. Entrar no exercício de posto ou fun- culpa:
ção militar, ou de cargo ou função em repartição
Pena - detenção, até seis meses.
militar, antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar o exercício, sem autorização, depois de Violência arbitrária
saber que foi exonerado, ou afastado, legal e defi-
Art. 333. Praticar violência, em repartição ou
nitivamente, qualquer que seja o ato determinante
estabelecimento militar, no exercício de função ou
do afastamento:
a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, até quatro meses, se o fato
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
não constitui crime mais grave.
além da correspondente à violência.
Abandono de cargo
Patrocínio indébito
Art. 330. Abandonar cargo público, em repar-
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente,
tição ou estabelecimento militar:
interesse privado perante a administração militar,
Pena - detenção, até dois meses. valendo-se da qualidade de funcionário ou de mili-
Formas qualificadas tar:
§ 1º Se do fato resulta prejuízo à administração Pena - detenção, até três meses.
militar: Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano.

46
CAPÍTULO VII seja alterando substância, qualidade ou quantidade
DOS CRIMES PRATICADOS da coisa ou mercadoria fornecida, seja impedindo
a livre concorrência de outros fornecedores, ou por
POR PARTICULAR CONTRA A qualquer modo tornando mais onerosa a transação:
ADMINISTRAÇÃO MILITAR
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 1º Na mesma pena incorre o intermediário na
Usurpação de função
transação.
Art. 335. Usurpar o exercício de função em § 2º É aumentada a pena de um terço, se o
repartição ou estabelecimento militar: crime ocorre em período de grave crise econômica.
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Tráfico de influência TÍTULO VIII
Art. 336. Obter para si ou para outrem, van- DOS CRIMES CONTRA A
tagem ou promessa de vantagem, a pretexto de in- ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR
fluir em militar ou assemelhado ou funcionário de
repartição militar, no exercício de função:
Recusa de função na Justiça Militar
Pena - reclusão, até cinco anos.
Art. 340. Recusar o militar ou assemelhado
Aumento de pena
exercer, sem motivo legal, função que lhe seja atri-
Parágrafo único. A pena é agravada, se o buída na administração da Justiça Militar:
agente alega ou insinua que a vantagem é também
Pena - suspensão do exercício do posto ou
destinada ao militar ou assemelhado, ou ao funcio-
cargo, de dois a seis meses.
nário.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Desacato
Subtração ou inutilização de livro, processo
ou documento c.mbezerrapaiva@gmail.com Art. 341. Desacatar autoridade judiciária mi-
074.785.143-32
litar no exercício da função ou em razão dela:
Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou parci-
almente, livro oficial, processo ou qualquer docu- Pena - reclusão, até quatro anos.
mento, desde que o fato atente contra a adminis- Coação
tração ou o serviço militar:
Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato
com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio,
não constitui crime mais grave.
contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
Inutilização de edital ou de sinal oficial que funciona, ou é chamada a intervir em inquérito
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inuti- policial, processo administrativo ou judicial militar:
lizar ou conspurcar edital afixado por ordem da au- Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena
toridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal em- correspondente à violência.
pregado, por determinação legal ou ordem de au- Denunciação caluniosa
toridade militar, para identificar ou cerrar qualquer
objeto: Art. 343. Dar causa à instauração de inqué-
rito policial ou processo judicial militar contra al-
Pena - detenção, até um ano.
guém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição mi-
Impedimento, perturbação ou fraude de litar, de que o sabe inocente:
concorrência
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em Agravação de pena
prejuízo da Fazenda Nacional, concorrência, hasta
pública ou tomada de preços ou outro qualquer pro- Parágrafo único. A pena é agravada, se o
cesso administrativo para aquisição ou venda de agente se serve do anonimato ou de nome suposto.
coisas ou mercadorias de uso das forças armadas,
seja elevando arbitrariamente os preços, auferindo
lucro excedente a um quinto do valor da transação,

47
Comunicação falsa de crime § 1º No caso de transgressão dos arts. 116,
117 e 118, a pena será cumprida sem prejuízo da
Art. 344. Provocar a ação da autoridade, co-
execução da medida de segurança.
municando-lhe a ocorrência de crime sujeito à juris-
dição militar, que sabe não se ter verificado: § 2º Nos casos do art. 118 e seus §§ 1º e 2º, a
pena pela desobediência é aplicada ao represen-
Pena - detenção, até seis meses. tante, ou representantes legais, do estabeleci-
Autoacusação falsa mento, sociedade ou associação.
Art. 345. Acusar-se, perante a autoridade, de Favorecimento pessoal
crime sujeito à jurisdição militar, inexistente ou pra- Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da au-
ticado por outrem: toridade autor de crime militar, a que é cominada
Pena - detenção, de três meses a um ano. pena de morte ou reclusão:
Falso testemunho ou falsa perícia Pena - detenção, até seis meses.
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou Diminuição de pena
calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor § 1º Se ao crime é cominada pena de detenção
ou intérprete, em inquérito policial, processo admi- ou impedimento, suspensão ou reforma:
nistrativo ou judicial, militar:
Pena - detenção, até três meses.
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Isenção de pena
Aumento de pena
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente,
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
crime é praticado mediante suborno. isento da pena.
Retratação Carlos Miguel Bezerra Favorecimento
Paiva real
§ 2º O fato deixa de ser punível, se, antes da
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 351. Prestar a criminoso, fora dos casos
sentença o agente se retrata ou declara a verdade. de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a
074.785.143-32
Corrupção ativa de testemunha, perito ou tornar seguro o proveito do crime:
intérprete Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro Inutilização, sonegação ou descaminho de
ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, material probante
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, Art. 352. Inutilizar, total ou parcialmente, so-
tradução ou interpretação, em inquérito policial, negar ou dar descaminho a autos, documento ou
processo administrativo ou judicial, militar, ainda objeto de valor probante, que tem sob guarda ou
que a oferta não seja aceita: recebe para exame:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - detenção, de seis meses a três anos,
se o fato não constitui crime mais grave.
Publicidade opressiva
Modalidade culposa
Art. 348. Fazer pela imprensa, rádio ou tele-
Parágrafo único. Se a inutilização ou o desca-
visão, antes da intercorrência de decisão definitiva
minho resulta de ação ou omissão culposa:
em processo penal militar, comentário tendente a
exercer pressão sobre declaração de testemunha Pena - detenção, até seis meses.
ou laudo de perito: Exploração de prestígio
Pena - detenção, até seis meses.
Art. 353. Solicitar ou receber dinheiro ou
Desobediência a decisão judicial qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em
Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir juiz, órgão do Ministério Público, funcionário de jus-
tiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, na
decisão da Justiça Militar, ou retardar ou fraudar o
Justiça Militar:
seu cumprimento:
Pena - reclusão, até cinco anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano.

48
Aumento de pena IV - sacrificando ou expondo a perigo de sacri-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um fício força militar;
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro V - abandonando posição ou deixando de cum-
ou utilidade também se destina a qualquer das pes- prir missão ou ordem:
soas referidas no artigo. Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Desobediência a decisão sobre perda ou anos, grau mínimo.
suspensão de atividade ou direito Tentativa contra a soberania do Brasil
Art. 354. Exercer função, atividade, direito, Art. 357. Praticar o nacional o crime definido
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou pri- no art. 142:
vado por decisão da Justiça Militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Pena - detenção, de três meses a dois anos. anos, grau mínimo.
Coação a comandante
LIVRO II Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar
DOS CRIMES MILITARES de violência ou ameaça, provocar tumulto ou desor-
dem com o fim de obrigar o comandante a não em-
EM TEMPO DE GUERRA preender ou a cessar ação militar, a recuar ou ren-
der-se:
TÍTULO I Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO anos, grau mínimo.
Informação ou auxílio ao inimigo
CAPÍTULO I Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo infor-
DA TRAIÇÃOc.mbezerrapaiva@gmail.com
mação ou auxílio que lhe possa facilitar a ação mi-
litar:
074.785.143-32
Traição Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o anos, grau mínimo.
Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas for- Aliciação de militar
ças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte passar-se para o inimigo ou prestar-lhe auxílio para
anos, grau mínimo. esse fim:
Favor ao inimigo Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional fa- anos, grau mínimo.
vorecer o inimigo, prejudicar ou tentar prejudicar o Ato prejudicial à eficiência da tropa
bom êxito das operações militares, comprometer
Art. 361. Provocar o nacional, em presença
ou tentar comprometer a eficiência militar:
do inimigo, a debandada de tropa, ou guarnição,
I - empreendendo ou deixando de empreender impedir a reunião de uma ou outra ou causar
ação militar; alarme, com o fim de nelas produzir confusão, de-
II - entregando ao inimigo ou expondo a perigo salento ou desordem:
dessa consequência navio, aeronave, força ou po- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
sição, engenho de guerra motomecanizado, provi- anos, grau mínimo.
sões ou qualquer outro elemento de ação militar;
III - perdendo, destruindo, inutilizando, deterio-
rando ou expondo a perigo de perda, destruição,
inutilização ou deterioração, navio, aeronave, en-
genho de guerra motomecanizado, provisões ou
qualquer outro elemento de ação militar;

49
CAPÍTULO II Caso de concurso
DA TRAIÇÃO IMPRÓPRIA Parágrafo único. No caso de concurso por
culpa, para execução do crime previsto no art. 143,
§ 2º, ou de revelação culposa (art. 144, § 3º):
Traição imprópria
Pena - reclusão, de três a seis anos.
Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes
previstos nos arts. 356, ns. I, primeira parte, II, III e Penetração de estrangeiro
IV, 357 a 361: Art. 367. Entrar o estrangeiro em território
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez nacional, ou insinuar-se em força ou unidade em
anos, grau mínimo. operações de guerra, ainda que fora do território
nacional, a fim de colher documento, notícia ou in-
formação de caráter militar, em benefício do ini-
CAPÍTULO III migo, ou em prejuízo daquelas operações:
DA COBARDIA Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fato
não constitui crime mais grave.
Cobardia
Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o CAPÍTULO V
militar, por temor, em presença do inimigo, ao cum- DO MOTIM E DA REVOLTA
primento do dever militar:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Motim, revolta ou conspiração
Cobardia qualificada
Art. 368. Praticar qualquer dos crimes defini-
Art. 364. Provocar o militar, Carlos
por temor,Miguel
em Bezerra Paiva
dos nos arts. 149 e seu parágrafo único, e 152:
presença do inimigo, a debandada de tropa ou
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re-
guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou
074.785.143-32
clusão, de quinze anos, grau mínimo. Aos coauto-
causar alarme com o fim de nelas produzir confu- res, reclusão, de dez a trinta anos.
são, desalento ou desordem:
Forma qualificada
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Parágrafo único. Se o fato é praticado em pre-
sença do inimigo:
Fuga em presença do inimigo
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re-
Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, em clusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos coautores,
presença do inimigo: morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos,
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte grau mínimo.
anos, grau mínimo. Omissão de lealdade militar
Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo
CAPÍTULO IV 151:
DA ESPIONAGEM Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Espionagem CAPÍTULO VI
Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previs- DO INCITAMENTO
tos nos arts. 143 e seu § 1°, 144 e seus §§ 1º e 2º,
e 146, em favor do inimigo ou comprometendo a
Incitamento
preparação, a eficiência ou as operações militares:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Art. 370. Incitar militar à desobediência, à in-
anos, grau mínimo. disciplina ou à prática de crime militar:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

50
Parágrafo único. Na mesma pena incorre Resultado mais grave
quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo
administração militar, impressos, manuscritos ou força, posição ou outros elementos de ação militar:
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
em que se contenha incitamento à prática dos atos Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
previstos no artigo. anos, grau mínimo.
Incitamento em presença do inimigo Entrega ou abandono culposo

Art. 371. Praticar qualquer dos crimes previs- Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono
tos no art. 370 e seu parágrafo, em presença do ou à entrega ao inimigo de posição, navio, aero-
inimigo: nave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer
outro elemento de ação militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
anos, grau mínimo. Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Captura ou sacrifício culposo

CAPÍTULO VII Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício


DA INOBSERVÂNCIA DO DEVER MILITAR ou captura de força sob o seu comando:
Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Rendição ou capitulação Separação reprovável
Art. 372. Render-se o comandante, sem ter Art. 378. Separar o comandante, em caso de
esgotado os recursos extremos de ação militar; ou, capitulação, a sorte própria da dos oficiais e praças:
em caso de capitulação, não se conduzir de acordo Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
com o dever militar:
Carlos Miguel Bezerragrau
anos, mínimo.
Paiva
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Abandono de comboio
anos, grau mínimo.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta
Omissão de vigilância
lhe tenha sido confiada:
Art. 373. Deixar-se o comandante surpreen- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
der pelo inimigo.
Resultado mais grave
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato
não constitui crime mais grave. § 1º Se do fato resulta avaria grave, ou perda
total ou parcial do comboio:
Resultado mais grave
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Parágrafo único. Se o fato compromete as ope- anos, grau mínimo.
rações militares:
Modalidade culposa
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o
fato não constitui crime mais grave. § 2º Separar-se, por culpa, do comboio ou da
escolta:
Descumprimento do dever militar
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não
Art. 374. Deixar, em presença do inimigo, de constitui crime mais grave.
conduzir-se de acordo com o dever militar:
Caso assimilado
Pena - reclusão, até cinco anos, se o fato não
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem, de igual
constitui crime mais grave.
forma, abandona material de guerra, cuja guarda
Falta de cumprimento de ordem lhe tenha sido confiada.
Art. 375. Dar causa, por falta de cumpri- Separação culposa de comando
mento de ordem, à ação militar do inimigo: Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa, se-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. parado do comando superior:

51
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não Envenenamento, corrupção ou epidemia
constitui crime mais grave.
Art. 385. Envenenar ou corromper água po-
Tolerância culposa tável, víveres ou forragens, ou causar epidemia
Art. 381. Deixar, por culpa, evadir-se prisio- mediante a propagação de germes patogênicos, se
neiro: o fato compromete ou pode comprometer a prepa-
ração, a eficiência ou as operações militares, ou de
Pena - reclusão, até quatro anos. qualquer forma atenta contra a segurança externa
Entendimento com o inimigo do país:
Art. 382. Entrar o militar, sem autorização, Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
em entendimento com outro militar ou emissário de anos, grau mínimo.
país inimigo, ou servir, para esse fim, de intermedi- Modalidade culposa
ário: Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não Pena - detenção, de dois a oito anos.
constitui crime mais grave.

CAPÍTULO IX
CAPÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A
DO DANO
INCOLUMIDADE PÚBLICA

Dano especial
Crimes de perigo comum
Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer
Art. 386. Praticar crime de perigo comum de-
dos crimes definidos nos arts. 262, 263, §§ 1ºMiguel
Carlos e 2º, Bezerra Paiva
e 264, em benefício do inimigo, ou comprometendo finido nos arts. 268 a 276 e 278, na modalidade do-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
ou podendo comprometer a preparação, a eficiên- losa:
cia ou as operações militares: 074.785.143-32I - se o fato compromete ou pode comprometer
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte a preparação, a eficiência ou as operações milita-
anos, grau mínimo. res;

Modalidade culposa II - se o fato é praticado em zona de efetivas


operações militares e dele resulta morte:
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Pena - detenção, de quatro a dez anos. anos, grau mínimo.
Dano em bens de interesse militar
Art. 384. Danificar serviço de abastecimento CAPÍTULO X
de água, luz ou força, estrada, meio de transporte, DA INSUBORDINAÇÃO E DA VIOLÊNCIA
instalação telegráfica ou outro meio de comunica-
ção, depósito de combustível, inflamáveis, maté-
rias-primas necessárias à produção, depósito de ví- Recusa de obediência ou oposição
veres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qual- Art. 387. Praticar, em presença do inimigo,
quer estabelecimento de produção de artigo neces-
qualquer dos crimes definidos nos arts. 163 e 164:
sário à defesa nacional ou ao bem-estar da popu-
lação e, bem assim, rebanho, lavoura ou plantação, Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
se o fato compromete ou pode comprometer a pre- anos, grau mínimo.
paração, a eficiência ou as operações militares, ou Coação contra oficial general ou coman-
de qualquer forma atenta contra a segurança ex- dante
terna do país:
Art. 388. Exercer coação contra oficial gene-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
ral ou comandante da unidade, mesmo que não
anos, grau mínimo.
seja superior, com o fim de impedir-lhe o cumpri-
mento do dever militar:

52
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o Falta de apresentação
fato não constitui crime mais grave.
Art. 393. Deixar o convocado, no caso de
Violência contra superior ou militar de ser- mobilização total ou parcial, de apresentar-se, den-
viço tro do prazo marcado, no centro de mobilização ou
Art. 389. Praticar qualquer dos crimes defini- ponto de concentração:
dos nos arts. 157 e 158, a que esteja cominada, no Pena - detenção, de um a seis anos.
máximo, reclusão, de trinta anos: Parágrafo único. Se o agente é oficial da re-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte serva, aplica-se a pena com aumento de um terço.
anos, grau mínimo.
Parágrafo único. Se ao crime não é cominada,
CAPÍTULO XIII
no máximo, reclusão de trinta anos, mas é prati-
cado com arma e em presença do inimigo: DA LIBERTAÇÃO, DA EVASÃO E DO
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de AMOTINAMENTO DE PRISIONEIROS
quinze anos, grau mínimo.
Libertação de prisioneiro

CAPÍTULO XI Art. 394. Promover ou facilitar a libertação de


prisioneiro de guerra sob guarda ou custódia de
DO ABANDONO DE PÔSTO
força nacional ou aliada:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
Abandono de posto
quinze anos, grau mínimo.
Art. 390. Praticar, em presença do inimigo, Evasão de prisioneiro
Carlos
crime de abandono de posto, definido Miguel
no art. 195: Bezerra Paiva
Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e
Pena - morte, grau máximo; c.mbezerrapaiva@gmail.com
reclusão, de vinte
voltar a tomar armas contra o Brasil ou Estado ali-
anos, grau mínimo. 074.785.143-32
ado:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
CAPÍTULO XII anos, grau mínimo.
DA DESERÇÃO E DA FALTA Parágrafo único. Na aplicação deste artigo, se-
DE APRESENTAÇÃO rão considerados os tratados e as convenções in-
ternacionais, aceitos pelo Brasil relativamente ao
tratamento dos prisioneiros de guerra.
Deserção
Amotinamento de prisioneiros
Art. 391. Praticar crime de deserção definido
no Capítulo II, do Título III, do Livro I, da Parte Es- Art. 396. Amotinarem-se prisioneiros em pre-
pecial: sença do inimigo:
Pena - a cominada ao mesmo crime, com au- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
mento da metade, se o fato não constitui crime anos, grau mínimo.
mais grave.
Parágrafo único. Os prazos para a consuma- CAPÍTULO XIV
ção do crime são reduzidos de metade.
DO FAVORECIMENTO CULPOSO
Deserção em presença do inimigo AO INIMIGO
Art. 392. Desertar em presença do inimigo:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Favorecimento culposo
anos, grau mínimo. Art. 397. Contribuir culposamente para que
alguém pratique crime que favoreça o inimigo:

53
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
fato não constitui crime mais grave. anos, grau mínimo.
Casos assimilados
TÍTULO II Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na
DA HOSTILIDADE E DA ORDEM zona referida no artigo anterior, qualquer dos atos
ARBITRÁRIA previstos nos ns. I, II, III, IV ou V, do parágrafo
único, do art. 208:
Pena - reclusão, de seis a vinte e quatro anos.
Prolongamento de hostilidades
Art. 398. Prolongar o comandante as hostili-
dades, depois de oficialmente saber celebrada a CAPÍTULO III
paz ou ajustado o armistício. DA LESÃO CORPORAL
Pena - reclusão, de dois a dez anos.
Ordem arbitrária Lesão leve

Art. 399. Ordenar o comandante contribuição Art. 403. Praticar, em presença do inimigo,
de guerra, sem autorização, ou excedendo os limi- crime definido no art. 209:
tes desta: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - reclusão, até três anos. Lesão grave
§ 1º No caso do § 1° do art. 209:
TÍTULO III Pena - reclusão, de quatro a dez anos.
Carlos Miguel
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA Bezerra Paiva
§ 2º No caso do § 2º do art. 209:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Pena - reclusão, de seis a quinze anos.
CAPÍTULO I 074.785.143-32
Lesões qualificadas pelo resultado
DO HOMICÍDIO
§ 3º No caso do § 3º do art. 209:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso
Homicídio simples
de lesão grave; reclusão, de dez a vinte e quatro
Art. 400. Praticar homicídio, em presença do anos, no caso de morte.
inimigo: Minoração facultativa da pena
I - no caso do art. 205: § 4º No caso do § 4º do art. 209, o juiz pode
Pena - reclusão, de doze a trinta anos; reduzir a pena de um sexto a um terço.
II - no caso do § 1º do art. 205, o juiz pode re- § 5º No caso do § 5º do art. 209, o juiz pode
duzir a pena de um sexto a um terço; diminuir a pena de um terço.
Homicídio qualificado
III - no caso do § 2° do art. 205: TÍTULO IV
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
anos, grau mínimo.
Furto
CAPÍTULO II Art. 404. Praticar crime de furto definido nos
DO GENOCÍDIO arts. 240 e 241 e seus parágrafos, em zona de ope-
rações militares ou em território militarmente ocu-
pado:
Genocídio
Pena - reclusão, no dobro da pena cominada
Art. 401. Praticar, em zona militarmente ocu-
para o tempo de paz.
pada, o crime previsto no art. 208:

54
Roubo ou extorsão b) morte:
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de ex- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
torsão definidos nos arts. 242, 243 e 244, em zona quinze anos, grau mínimo.
de operações militares ou em território militarmente
ocupado:
DISPOSIÇÕES FINAIS
Pena - morte, grau máximo, se cominada pena
de reclusão de trinta anos; reclusão pelo dobro da
pena para o tempo de paz, nos outros casos. Art. 409. São revogados o Decreto-lei nú-
Saque mero 6.227, de 24 de janeiro de 1944, e demais
disposições contrárias a este Código, salvo as leis
Art. 406. Praticar o saque em zona de opera- especiais que definem os crimes contra a segu-
ções militares ou em território militarmente ocu- rança nacional e a ordem política e social.
pado:
Art. 410. Este Código entrará em vigor no dia
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
1º de janeiro de 1970.
anos, grau mínimo.

TÍTULO V
DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL

Rapto
Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante
violência ou grave ameaça, para Carlos Miguel
fim libidinoso, em Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
lugar de efetivas operações militares:
074.785.143-32
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
Resultado mais grave
§ 1º Se da violência resulta lesão grave:
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
§ 2º Se resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Cumulação de pena
§ 3º Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em se-
guida a este, pratica outro crime contra a raptada,
aplicam-se, cumulativamente, a pena correspon-
dente ao rapto e a cominada ao outro crime.
Violência carnal
Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de vi-
olência carnal definidos nos arts. 232 e 233, em lu-
gar de efetivas operações militares:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Resultado mais grave
Parágrafo único. Se da violência resulta:
a) lesão grave:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos;

55
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

56
TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas


autoridades policiais no território de suas respecti-
vas circunscrições e terá por fim a apuração das
infrações penais e da sua autoria. (Redação dada
LIVRO I pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
DO PROCESSO EM GERAL Parágrafo único. A competência definida
neste artigo não excluirá a de autoridades adminis-
TÍTULO I trativas, a quem por lei seja cometida a mesma fun-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ção.
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inqué-
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo rito policial será iniciado:
o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - de ofício;
I - os tratados, as convenções e regras de di- II - mediante requisição da autoridade judiciá-
reito internacional; ria ou do Ministério Público, ou a requerimento do
Carlos Miguel Bezerra Paiva
ofendido ou de quem tiver qualidade para repre-
II - as prerrogativas constitucionais do Presi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
dente da República, dos ministros de Estado, nos sentá-lo.
crimes conexos com os do Presidente da 074.785.143-32
Repú- § 1o O requerimento a que se refere o no II
blica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, conterá sempre que possível:
nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
a) a narração do fato, com todas as circunstân-
86, 89, § 2º, e 100);
cias;
III - os processos da competência da Justiça
b) a individualização do indiciado ou seus si-
Militar;
nais característicos e as razões de convicção ou de
IV - os processos da competência do tribunal presunção de ser ele o autor da infração, ou os mo-
especial (Constituição, art. 122, no 17); tivos de impossibilidade de o fazer;
V - os processos por crimes de imprensa. c) a nomeação das testemunhas, com indica-
(Vide ADPF nº 130) ção de sua profissão e residência.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este § 2o Do despacho que indeferir o requeri-
Código aos processos referidos nos nos. IV e V, mento de abertura de inquérito caberá recurso para
quando as leis especiais que os regulam não dis- o chefe de Polícia.
puserem de modo diverso.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver co-
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á nhecimento da existência de infração penal em que
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos rea- caiba ação pública poderá, verbalmente ou por es-
lizados sob a vigência da lei anterior. crito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, ve-
rificada a procedência das informações, mandará
Art. 3º. A lei processual penal admitirá inter- instaurar inquérito.
pretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direito. § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação
pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.

57
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será
policial somente poderá proceder a inquérito a re- observado o disposto no Capítulo II do Título IX
querimento de quem tenha qualidade para intentá- deste Livro.
la.
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prá- serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
tica da infração penal, a autoridade policial deverá: datilografadas e, neste caso, rubricadas pela auto-
I - dirigir-se ao local, providenciando para que ridade.
não se alterem o estado e conservação das coisas, Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo
até a chegada dos peritos criminais; (Redação
de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em fla-
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
grante, ou estiver preso preventivamente, contado
II - apreender os objetos que tiverem relação o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
com o fato, após liberados pelos peritos criminais; executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias,
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
III - colher todas as provas que servirem para § 1o A autoridade fará minucioso relatório do
o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz com-
IV - ouvir o ofendido; petente.

V - ouvir o indiciado, com observância, no que § 2o No relatório poderá a autoridade indicar


for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título testemunhas que não tiverem sido inquiridas, men-
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser as- cionando o lugar onde possam ser encontradas.
sinado por duas testemunhas que Ihe tenham ou- § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e
vido a leitura; o indiciado estiver solto, a autoridade poderá re-
VI - proceder a reconhecimentoCarlos
de pessoas e querer ao juiz a devolução dos autos, para ulterio-
Miguel Bezerra Paiva
res diligências, que serão realizadas no prazo mar-
coisas e a acareações;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
cado pelo juiz.
VII - determinar, se for caso, que se proceda a
exame de corpo de delito e a quaisquer outras pe-
074.785.143-32Art. 11. Os instrumentos do crime, bem
rícias; como os objetos que interessarem à prova, acom-
panharão os autos do inquérito.
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar Art. 12. O inquérito policial acompanhará a
aos autos sua folha de antecedentes; denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, uma ou outra.
sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade poli-
condição econômica, sua atitude e estado de cial:
ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para I - fornecer às autoridades judiciárias as infor-
a apreciação do seu temperamento e caráter. mações necessárias à instrução e julgamento dos
processos;
X - colher informações sobre a existência de
filhos, respectivas idades e se possuem alguma de- II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz
ficiência e o nome e o contato de eventual respon- ou pelo Ministério Público;
sável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pes- III - cumprir os mandados de prisão expedidos
soa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pelas autoridades judiciárias;
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de ha- IV - representar acerca da prisão preventiva.
ver a infração sido praticada de determinado modo,
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts.
a autoridade policial poderá proceder à reprodução
148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
moralidade ou a ordem pública.
(Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles-
cente), o membro do Ministério Público ou o

58
delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei
órgãos do poder público ou de empresas da inicia- nº 13.344, de 2016) (Vigência)
tiva privada, dados e informações cadastrais da ví- § 4o Não havendo manifestação judicial no
tima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
de 2016) (Vigência) requisitará às empresas prestadoras de serviço de
Parágrafo único. A requisição, que será aten- telecomunicações e/ou telemática que disponibili-
dida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: zem imediatamente os meios técnicos adequados
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) – como sinais, informações e outros – que permi-
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído tam a localização da vítima ou dos suspeitos do de-
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) lito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - a identificação da unidade de polícia judici- Art. 14. O ofendido, ou seu representante le-
ária responsável pela investigação. (Incluído pela gal, e o indiciado poderão requerer qualquer dili-
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) gência, que será realizada, ou não, a juízo da auto-
ridade.
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à re-
pressão dos crimes relacionados ao tráfico de pes- Art. 14-A. Nos casos em que servidores vin-
soas, o membro do Ministério Público ou o dele- culados às instituições dispostas no art. 144 da
gado de polícia poderão requisitar, mediante auto- Constituição Federal figurarem como investigados
rização judicial, às empresas prestadoras de ser- em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares
viço de telecomunicações e/ou telemática que dis- e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
ponibilizem imediatamente os meios técnicos ade- for a investigação de fatos relacionados ao uso da
quados – como sinais, informações e outros –
Carlos Miguel Bezerra
que Paiva
força letal praticados no exercício profissional, de
permitam a localização da vítimac.mbezerrapaiva@gmail.com
ou dos suspeitos forma consumada ou tentada, incluindo as situa-
do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de ções dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848,
2016) (Vigência) 074.785.143-32
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indi-
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa ciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei
posicionamento da estação de cobertura, setoriza- nº 13.964, de 2019) (Vigência)
ção e intensidade de radiofrequência. (Incluído pela § 1º Para os casos previstos no caput deste
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) artigo, o investigado deverá ser citado da instaura-
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: ção do procedimento investigatório, podendo cons-
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) tituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito)
horas a contar do recebimento da citação. (Incluído
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comu- pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
nicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei; (In- § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) artigo com ausência de nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade responsável pela investi-
II - deverá ser fornecido pela prestadora de te- gação deverá intimar a instituição a que estava vin-
lefonia móvel celular por período não superior a 30 culado o investigado à época da ocorrência dos fa-
(trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual tos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi- horas, indique defensor para a representação do in-
gência) vestigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - para períodos superiores àquele de que (Vigência)
trata o inciso II, será necessária a apresentação de § 3º Havendo necessidade de indicação de de-
ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de fensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa
2016) (Vigência) caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e,
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inqué- nos locais em que ela não estiver instalada, a União
rito policial deverá ser instaurado no prazo máximo ou a Unidade da Federação correspondente à res-
de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro pectiva competência territorial do procedimento
instaurado deverá disponibilizar profissional para

59
acompanhamento e realização de todos os atos re- Art. 20. A autoridade assegurará no inqué-
lacionados à defesa administrativa do investigado. rito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exi-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) gido pelo interesse da sociedade.
§ 4º A indicação do profissional a que se refere Parágrafo único. Nos atestados de anteceden-
o § 3º deste artigo deverá ser precedida de mani- tes que lhe forem solicitados, a autoridade policial
festação de que não existe defensor público lotado não poderá mencionar quaisquer anotações refe-
na área territorial onde tramita o inquérito e com rentes a instauração de inquérito contra os reque-
atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá rentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
ser indicado profissional que não integre os qua-
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no in-
dros próprios da Administração. (Incluído pela Lei teresse do representado, ter acesso amplo aos elementos
nº 13.964, de 2019) (Vigência) de prova que, já documentados em procedimento investi-
gatório realizado por órgão com competência de polícia ju-
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria diciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Pública, os custos com o patrocínio dos interesses
dos investigados nos procedimentos de que trata Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado
este artigo correrão por conta do orçamento próprio dependerá sempre de despacho nos autos e so-
da instituição a que este esteja vinculado à época mente será permitida quando o interesse da socie-
da ocorrência dos fatos investigados. (Incluído pela dade ou a conveniência da investigação o exigir.
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Parágrafo único. A incomunicabilidade, que
§ 6º As disposições constantes deste artigo se não excederá de três dias, será decretada por des-
aplicam aos servidores militares vinculados às ins- pacho fundamentado do Juiz, a requerimento da
tituições dispostas no art. 142 da Constituição Fe- autoridade policial, ou do órgão do Ministério Pú-
deral, desde que os fatos investigados digam res- blico, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto
peito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) AdvogadosPaiva
Carlos Miguel Bezerra
(Vigência) do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de
1963)
c.mbezerrapaiva@gmail.com (Redação dada pela Lei nº 5.010, de
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á
30.5.1966)
nomeado curador pela autoridade policial. 074.785.143-32
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas
Art. 16. O Ministério Público não poderá re-
em que houver mais de uma circunscrição policial,
querer a devolução do inquérito à autoridade poli- a autoridade com exercício em uma delas poderá,
cial, senão para novas diligências, imprescindíveis nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar di-
ao oferecimento da denúncia. ligências em circunscrição de outra, independente-
Art. 17. A autoridade policial não poderá mente de precatórias ou requisições, e bem assim
mandar arquivar autos de inquérito. providenciará, até que compareça a autoridade
competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua
STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por des-
pacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não
presença, noutra circunscrição.
pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do in-
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento quérito ao juiz competente, a autoridade policial ofi-
do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de ciará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
base para a denúncia, a autoridade policial poderá repartição congênere, mencionando o juízo a que
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à in-
tiver notícia. fração penal e à pessoa do indiciado.

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação


pública, os autos do inquérito serão remetidos ao TÍTULO III
juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do DA AÇÃO PENAL
ofendido ou de seu representante legal, ou serão
entregues ao requerente, se o pedir, mediante tras-
lado. Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta
será promovida por denúncia do Ministério Público,
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do

60
ofendido ou de quem tiver qualidade para repre- violência ou grave ameaça e com pena mínima in-
sentá-lo. ferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando propor acordo de não persecução penal, desde que
declarado ausente por decisão judicial, o direito de necessário e suficiente para reprovação e preven-
representação passará ao cônjuge, ascendente, ção do crime, mediante as seguintes condições
descendente ou irmão. (Parágrafo único renume- ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído
rado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
em detrimento do patrimônio ou interesse da União, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela
Estado e Município, a ação penal será pública. (In- Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
cluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) II - renunciar voluntariamente a bens e direitos
indicados pelo Ministério Público como instrumen-
Art. 25. A representação será irretratável,
tos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei
depois de oferecida a denúncia. nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, III - prestar serviço à comunidade ou a entida-
será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou des públicas por período correspondente à pena
por meio de portaria expedida pela autoridade judi- mínima cominada ao delito diminuída de um a dois
ciária ou policial. terços, em local a ser indicado pelo juízo da execu-
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá ção, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Inclu-
provocar a iniciativa do Ministério Público, nos ca-
ído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
sos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe,
por escrito, informações sobre o fato e a autoria e IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipu-
indicando o tempo, o lugar e os elementos de con- lada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848,
vicção. Carlos Miguel Bezerra
de 7 dePaiva
dezembro de 1940 (Código Penal), a enti-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
dade pública ou de interesse social, a ser indicada
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inqué-
pelo juízo da execução, que tenha, preferencial-
074.785.143-32
rito policial ou de quaisquer elementos informativos mente, como função proteger bens jurídicos iguais
da mesma natureza, o órgão do Ministério Público ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi-
policial e encaminhará os autos para a instância de gência)
revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de V - cumprir, por prazo determinado, outra con-
2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.300) dição indicada pelo Ministério Público, desde que
(Vide ADI 6.305) proporcional e compatível com a infração penal im-
putada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi-
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, gência)
não concordar com o arquivamento do inquérito po-
licial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do rece- § 1º Para aferição da pena mínima cominada
bimento da comunicação, submeter a matéria à re- ao delito a que se refere o caput deste artigo, se-
visão da instância competente do órgão ministerial, rão consideradas as causas de aumento e diminui-
conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Inclu- ção aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei
ído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 2º Nas ações penais relativas a crimes prati- § 2º O disposto no caput deste artigo não se
cados em detrimento da União, Estados e Municí- aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei
pios, a revisão do arquivamento do inquérito policial nº 13.964, de 2019) (Vigência)
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem I - se for cabível transação penal de competên-
couber a sua representação judicial. (Incluído pela cia dos Juizados Especiais Criminais, nos termos
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigên-
cia)
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento
e tendo o investigado confessado formal e circuns- II - se o investigado for reincidente ou se hou-
tancialmente a prática de infração penal sem ver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto

61
se insignificantes as infrações penais pretéritas; § 10. Descumpridas quaisquer das condições
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) estipuladas no acordo de não persecução penal, o
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para
anos anteriores ao cometimento da infração, em fins de sua rescisão e posterior oferecimento de de-
acordo de não persecução penal, transação penal núncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi-
ou suspensão condicional do processo; e (Incluído gência)
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 11. O descumprimento do acordo de não per-
IV - nos crimes praticados no âmbito de violên- secução penal pelo investigado também poderá ser
cia doméstica ou familiar, ou praticados contra a utilizado pelo Ministério Público como justificativa
mulher por razões da condição de sexo feminino, para o eventual não oferecimento de suspensão
em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, condicional do processo. (Incluído pela Lei nº
de 2019) (Vigência) 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 3º O acordo de não persecução penal será § 12. A celebração e o cumprimento do acordo


formalizado por escrito e será firmado pelo membro de não persecução penal não constarão de certi-
do Ministério Público, pelo investigado e por seu dão de antecedentes criminais, exceto para os fins
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi- previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído
gência) pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 4º Para a homologação do acordo de não § 13. Cumprido integralmente o acordo de não


persecução penal, será realizada audiência na qual persecução penal, o juízo competente decretará a
o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº
meio da oitiva do investigado na presença do seu 13.964, de 2019) (Vigência)
defensor, e sua legalidade. (Incluído pela Lei nº § 14. No caso de recusa, por parte do Ministé-
13.964, de 2019) (Vigência) rio Público, em propor o acordo de não persecução
Carlos Miguel Bezerra Paiva
penal, o investigado poderá requerer a remessa
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insufici-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
entes ou abusivas as condições dispostas no dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
acordo de não persecução penal, devolverá os deste
074.785.143-32
au- Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
tos ao Ministério Público para que seja reformulada 2019) (Vigência)
a proposta de acordo, com concordância do inves- Art. 29. Será admitida ação privada nos cri-
tigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, mes de ação pública, se esta não for intentada no
de 2019) (Vigência) prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao intervir em todos os termos do processo, fornecer
Ministério Público para que inicie sua execução pe- elementos de prova, interpor recurso e, a todo
rante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei tempo, no caso de negligência do querelante, reto-
nº 13.964, de 2019) (Vigência) mar a ação como parte principal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à pro- Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha quali-
posta que não atender aos requisitos legais ou dade para representá-lo caberá intentar a ação pri-
quando não for realizada a adequação a que se re- vada.
fere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) (Vigência) Art. 31. No caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devol- direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação
verá os autos ao Ministério Público para a análise passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
da necessidade de complementação das investiga- irmão.
ções ou o oferecimento da denúncia. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz,
a requerimento da parte que comprovar a sua po-
§ 9º A vítima será intimada da homologação do
breza, nomeará advogado para promover a ação
acordo de não persecução penal e de seu descum-
penal.
primento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi-
gência)

62
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não § 1o A representação feita oralmente ou por
puder prover às despesas do processo, sem privar- escrito, sem assinatura devidamente autenticada
se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento do ofendido, de seu representante legal ou procu-
ou da família. rador, será reduzida a termo, perante o juiz ou au-
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o ates- toridade policial, presente o órgão do Ministério Pú-
tado da autoridade policial em cuja circunscrição blico, quando a este houver sido dirigida.
residir o ofendido. § 2o A representação conterá todas as infor-
mações que possam servir à apuração do fato e da
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos,
autoria.
ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e
não tiver representante legal, ou colidirem os inte- § 3o Oferecida ou reduzida a termo a repre-
resses deste com os daquele, o direito de queixa sentação, a autoridade policial procederá a inqué-
poderá ser exercido por curador especial, nome- rito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à au-
ado, de ofício ou a requerimento do Ministério Pú- toridade que o for.
blico, pelo juiz competente para o processo penal. § 4o A representação, quando feita ao juiz ou
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e perante este reduzida a termo, será remetida à au-
toridade policial para que esta proceda a inquérito.
maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser
exercido por ele ou por seu representante legal. § 5o O órgão do Ministério Público dispensará
o inquérito, se com a representação forem ofereci-
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de dos elementos que o habilitem a promover a ação
27.11.1997) penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa de quinze dias.
com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que
e, em seguida, o parente mais próximo na ordem
Carlos Miguel Bezerra Paivaos juízes ou tribunais verificarem a
conhecerem,
de enumeração constante do art. 31, podendo, en- existência de crime de ação pública, remeterão ao
c.mbezerrapaiva@gmail.com
tretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o Ministério Público as cópias e os documentos ne-
074.785.143-32
querelante desista da instância ou a abandone. cessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 37. As fundações, associações ou soci- Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a ex-
edades legalmente constituídas poderão exercer a posição do fato criminoso, com todas as suas cir-
ação penal, devendo ser representadas por quem cunstâncias, a qualificação do acusado ou esclare-
os respectivos contratos ou estatutos designarem cimentos pelos quais se possa identificá-lo, a clas-
ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou só- sificação do crime e, quando necessário, o rol das
cios-gerentes. testemunhas.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o Art. 42. O Ministério Público não poderá de-
ofendido, ou seu representante legal, decairá no di- sistir da ação penal.
reito de queixa ou de representação, se não o exer-
cer dentro do prazo de seis meses, contado do dia Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de
em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, 2008).
no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procu-
prazo para o oferecimento da denúncia.
rador com poderes especiais, devendo constar do
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência instrumento do mandato o nome do querelante e a
do direito de queixa ou representação, dentro do menção do fato criminoso, salvo quando tais escla-
mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo recimentos dependerem de diligências que devem
único, e 31. ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 39. O direito de representação poderá Art. 45. A queixa, ainda quando a ação pe-
ser exercido, pessoalmente ou por procurador com nal for privativa do ofendido, poderá ser aditada
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em
oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou todos os termos subsequentes do processo.
à autoridade policial.

63
Art. 46. O prazo para oferecimento da de- Art. 53. Se o querelado for mentalmente en-
núncia, estando o réu preso, será de 5 dias, con- fermo ou retardado mental e não tiver represen-
tado da data em que o órgão do Ministério Público tante legal, ou colidirem os interesses deste com os
receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, do querelado, a aceitação do perdão caberá ao cu-
se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, rador que o juiz Ihe nomear.
se houver devolução do inquérito à autoridade po-
Art. 54. Se o querelado for menor de 21
licial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que
o órgão do Ministério Público receber novamente anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão,
os autos. o disposto no art. 52.

§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o Art. 55. O perdão poderá ser aceito por pro-
inquérito policial, o prazo para o oferecimento da curador com poderes especiais.
denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraproces-
as peças de informações ou a representação
sual expresso o disposto no art. 50.
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito
será de 3 dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos, e, se este não admitirão todos os meios de prova.
se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que Art. 58. Concedido o perdão, mediante de-
não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais claração expressa nos autos, o querelado será inti-
termos do processo. mado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, de-
Art. 47. Se o Ministério Público julgar neces- vendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o
sários maiores esclarecimentos e documentos seu silêncio importará aceitação.
complementares ou novos elementos de convic- Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz jul-
ção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais- gará extinta a punibilidade.
quer autoridades ou funcionários que Carlos
devam Miguel
ou Bezerra Paiva
Art. 59. A aceitação do perdão fora do pro-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
possam fornecê-los.
cesso constará de declaração assinada pelo que-
Art. 48. A queixa contra qualquer dos 074.785.143-32
auto- relado, por seu representante legal ou procurador
res do crime obrigará ao processo de todos, e o Mi- com poderes especiais.
nistério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 60. Nos casos em que somente se pro-
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de cede mediante queixa, considerar-se-á perempta a
queixa, em relação a um dos autores do crime, a ação penal:
todos se estenderá. I - quando, iniciada esta, o querelante deixar
Art. 50. A renúncia expressa constará de de- de promover o andamento do processo durante 30
claração assinada pelo ofendido, por seu represen- dias seguidos;
tante legal ou procurador com poderes especiais. II - quando, falecendo o querelante, ou sobre-
Parágrafo único. A renúncia do representante vindo sua incapacidade, não comparecer em juízo,
legal do menor que houver completado 18 (dezoito) para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
anos não privará este do direito de queixa, nem a (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem cou-
renúncia do último excluirá o direito do primeiro. ber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

Art. 51. O perdão concedido a um dos que- III - quando o querelante deixar de compare-
cer, sem motivo justificado, a qualquer ato do pro-
relados aproveitará a todos, sem que produza, to-
cesso a que deva estar presente, ou deixar de for-
davia, efeito em relação ao que o recusar.
mular o pedido de condenação nas alegações fi-
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e nais;
maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser IV - quando, sendo o querelante pessoa jurí-
exercido por ele ou por seu representante legal, dica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
mas o perdão concedido por um, havendo oposição
do outro, não produzirá efeito. Art. 61. Em qualquer fase do processo, o
juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá
declará-lo de ofício.

64
Parágrafo único. No caso de requerimento do § 2º As medidas cautelares serão decretadas
Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no
mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte con- curso da investigação criminal, por representação
trária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo da autoridade policial ou mediante requerimento do
de cinco dias para a prova, proferindo a decisão Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº
dentro de cinco dias ou reservando-se para apre- 13.964, de 2019)
ciar a matéria na sentença final. § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o
somente à vista da certidão de óbito, e depois de pedido de medida cautelar, determinará a intima-
ouvido o Ministério Público, declarará extinta a pu- ção da parte contrária, para se manifestar no prazo
nibilidade. de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do reque-
rimento e das peças necessárias, permanecendo
STF: Súmula 594 - Os direitos de queixa e de representa-
ção podem ser exercidos, independentemente, pelo ofen- os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
dido ou por seu representante legal. perigo deverão ser justificados e fundamentados
STF: Súmula 714 - É concorrente a legitimidade do ofen- em decisão que contenha elementos do caso con-
dido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicio- creto que justifiquem essa medida excepcional.
nada à representação do ofendido, para a ação penal por (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
crime contra a honra de servidor público em razão do exer-
cício de suas funções. § 4º No caso de descumprimento de qualquer
STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministério das obrigações impostas, o juiz, mediante requeri-
Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu mento do Ministério Público, de seu assistente ou
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denún- do querelante, poderá substituir a medida, impor
cia.
outra em cumulação, ou, em último caso, decretar
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher
do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei
é pública incondicionada. Carlos Miguel Bezerra Paiva
nº 13.964, de 2019)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
TÍTULO IX 074.785.143-32
partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES quando verificar a falta de motivo para que sub-
E DA LIBERDADE PROVISÓRIA sista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)

CAPÍTULO I § 6º A prisão preventiva somente será determi-


nada quando não for cabível a sua substituição por
DISPOSIÇÕES GERAIS
outra medida cautelar, observado o art. 319 deste
Código, e o não cabimento da substituição por ou-
Art. 282. As medidas cautelares previstas tra medida cautelar deverá ser justificado de forma
neste Título deverão ser aplicadas observando-se fundamentada nos elementos presentes do caso
a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). concreto, de forma individualizada. (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - necessidade para aplicação da lei penal,
para a investigação ou a instrução criminal e, nos Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão
casos expressamente previstos, para evitar a prá- em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
tica de infrações penais; (Incluído pela Lei nº mentada da autoridade judiciária competente, em
12.403, de 2011). decorrência de prisão cautelar ou em virtude de
II - adequação da medida à gravidade do condenação criminal transitada em julgado. (Reda-
crime, circunstâncias do fato e condições pessoais ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
do indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº § 1o As medidas cautelares previstas neste Tí-
12.403, de 2011). tulo não se aplicam à infração a que não for isolada,
§ 1o As medidas cautelares poderão ser apli- cumulativa ou alternativamente cominada pena pri-
cadas isolada ou cumulativamente. (Incluído pela vativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
Lei nº 12.403, de 2011). 2011).

65
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer constar da precatória o inteiro teor do mandado.
dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições re- (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
lativas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela § 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisi-
Lei nº 12.403, de 2011). tar a prisão por qualquer meio de comunicação, do
Art. 284. Não será permitido o emprego de qual deverá constar o motivo da prisão, bem como
força, salvo a indispensável no caso de resistência o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei nº
ou de tentativa de fuga do preso. 12.403, de 2011).

Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição
tomará as precauções necessárias para averiguar
fará expedir o respectivo mandado.
a autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. O mandado de prisão: nº 12.403, de 2011).
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela § 3o O juiz processante deverá providenciar a
autoridade; remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta)
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, dias, contados da efetivação da medida. (Incluído
por seu nome, alcunha ou sinais característicos; pela Lei nº 12.403, de 2011).
c) mencionará a infração penal que motivar a Art. 289-A. O juiz competente providenciará
prisão; o imediato registro do mandado de prisão em
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando banco de dados mantido pelo Conselho Nacional
afiançável a infração; de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei
nº 12.403, de 2011).
e) será dirigido a quem tiver qualidade para
dar-lhe execução. § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a
prisão determinada no mandado de prisão regis-
Art. 286. O mandado será passado em du-
Carlos Miguel Bezerra Paiva Nacional de Justiça, ainda que
trado no Conselho
plicata, e o executor entregará ao preso, logo de- fora da competência territorial do juiz que o expe-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
pois da prisão, um dos exemplares com declaração diu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega 074.785.143-32
de-
§ 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a
verá o preso passar recibo no outro exemplar; se
prisão decretada, ainda que sem registro no Con-
recusar, não souber ou não puder escrever, o fato
selho Nacional de Justiça, adotando as precauções
será mencionado em declaração, assinada por
necessárias para averiguar a autenticidade do
duas testemunhas.
mandado e comunicando ao juiz que a decretou,
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta devendo este providenciar, em seguida, o registro
de exibição do mandado não obstará a prisão, e o do mandado na forma do caput deste artigo. (Inclu-
preso, em tal caso, será imediatamente apresen- ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
tado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a § 3o A prisão será imediatamente comunicada
realização de audiência de custódia. (Redação ao juiz do local de cumprimento da medida o qual
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) providenciará a certidão extraída do registro do
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo
sem que seja exibido o mandado ao respectivo di- que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
retor ou carcereiro, a quem será entregue cópia as-
sinada pelo executor ou apresentada a guia expe- § 4o O preso será informado de seus direitos,
dida pela autoridade competente, devendo ser pas- nos termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição
sado recibo da entrega do preso, com declaração Federal e, caso o autuado não informe o nome de
de dia e hora. seu advogado, será comunicado à Defensoria Pú-
blica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado
no próprio exemplar do mandado, se este for o do- § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais
cumento exibido. sobre a legitimidade da pessoa do executor ou so-
bre a identidade do preso, aplica-se o disposto no §
Art. 289. Quando o acusado estiver no terri-
2o do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei nº
tório nacional, fora da jurisdição do juiz proces- 12.403, de 2011).
sante, será deprecada a sua prisão, devendo

66
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regula- Art. 293. Se o executor do mandado verifi-
mentará o registro do mandado de prisão a que se car, com segurança, que o réu entrou ou se encon-
refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº tra em alguma casa, o morador será intimado a en-
12.403, de 2011). tregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obe-
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, pas- decido imediatamente, o executor convocará duas
sar ao território de outro município ou comarca, o testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o
o alcançar, apresentando-o imediatamente à auto- executor, depois da intimação ao morador, se não
ridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, for atendido, fará guardar todas as saídas, tor-
o auto de flagrante, providenciará para a remoção nando a casa incomunicável, e, logo que ama-
do preso. nheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.

§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em Parágrafo único. O morador que se recusar a


perseguição do réu, quando: entregar o réu oculto em sua casa será levado à
presença da autoridade, para que se proceda con-
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem in- tra ele como for de direito.
terrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
Art. 294. No caso de prisão em flagrante,
b) sabendo, por indícios ou informações fide-
observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que
dignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo,
for aplicável.
em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure,
for no seu encalço. Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a
o
§ 2 Quando as autoridades locais tiverem prisão especial, à disposição da autoridade compe-
fundadas razões para duvidar da legitimidade da tente, quando sujeitos a prisão antes de condena-
pessoa do executor ou da legalidade do mandado ção definitiva:
CarlosoMiguel
que apresentar, poderão pôr em custódia réu, até Bezerra Paiva
I - os ministros de Estado;
que fique esclarecida a dúvida. c.mbezerrapaiva@gmail.com
II - os governadores ou interventores de Esta-
074.785.143-32ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal,
Art. 291. A prisão em virtude de mandado dos
entender-se-á feita desde que o executor, fazendo- seus respectivos secretários, os prefeitos munici-
se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o pais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Reda-
intime a acompanhá-lo. ção dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)

Art. 292. Se houver, ainda que por parte de III - os membros do Parlamento Nacional, do
terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à de- Conselho de Economia Nacional e das Assem-
terminada por autoridade competente, o executor e bléias Legislativas dos Estados;
as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
meios necessários para defender-se ou para ven- V - os oficiais das Forças Armadas e os milita-
cer a resistência, do que tudo se lavrará auto subs- res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
crito também por duas testemunhas. rios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas 11.7.2001)
em mulheres grávidas durante os atos médico-hos- VI - os magistrados;
pitalares preparatórios para a realização do parto e
durante o trabalho de parto, bem como em mulhe- VII - os diplomados por qualquer das faculda-
res durante o período de puerpério imediato. (Re- des superiores da República;
dação dada pela Lei nº 13.434, de 2017) VIII - os ministros de confissão religiosa;
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas IX - os ministros do Tribunal de Contas;
em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do X - os cidadãos que já tiverem exercido efeti-
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por vamente a função de jurado, salvo quando excluí-
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e pe-
nal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
dos da lista por motivo de incapacidade para o
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da respon- exercício daquela função;
sabilidade civil do Estado.

67
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis Parágrafo único. O militar preso em flagrante
dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Reda- delito, após a lavratura dos procedimentos legais,
ção dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966) será recolhido a quartel da instituição a que perten-
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código cer, onde ficará preso à disposição das autoridades
ou em outras leis, consiste exclusivamente no re- competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
colhimento em local distinto da prisão comum. (In- 2011).
cluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
§ 2o Não havendo estabelecimento específico CAPÍTULO II
para o preso especial, este será recolhido em cela DA PRISÃO EM FLAGRANTE
distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela
Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
§ 3o A cela especial poderá consistir em aloja- Art. 301. Qualquer do povo poderá e as au-
mento coletivo, atendidos os requisitos de salubri- toridades policiais e seus agentes deverão prender
dade do ambiente, pela concorrência dos fatores quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
de aeração, insolação e condicionamento térmico Art. 302. Considera-se em flagrante delito
adequados à existência humana. (Incluído pela Lei quem:
nº 10.258, de 11.7.2001)
I - está cometendo a infração penal;
§ 4o O preso especial não será transportado
juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei II - acaba de cometê-la;
nº 10.258, de 11.7.2001) III - é perseguido, logo após, pela autoridade,
o
§ 5 Os demais direitos e deveres do preso es- pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
pecial serão os mesmos do preso comum. (Incluído que faça presumir ser autor da infração;
pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) Carlos Miguel IV - é Paiva
Bezerra encontrado, logo depois, com instrumen-
tos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
Art. 296. Os inferiores e praçasc.mbezerrapaiva@gmail.com
de pré, onde
ser ele autor da infração.
for possível, serão recolhidos à prisão, em estabe-
074.785.143-32
lecimentos militares, de acordo com os respectivos Art. 303. Nas infrações permanentes, en-
regulamentos. tende-se o agente em flagrante delito enquanto não
Art. 297. Para o cumprimento de mandado cessar a permanência.
expedido pela autoridade judiciária, a autoridade Art. 304. Apresentado o preso à autoridade
policial poderá expedir tantos outros quantos ne- competente, ouvirá esta o condutor e colherá,
cessários às diligências, devendo neles ser fiel- desde logo, sua assinatura, entregando a este có-
mente reproduzido o teor do mandado original. pia do termo e recibo de entrega do preso. Em se-
Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de guida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado so-
2011).
bre a imputação que lhe é feita, colhendo, após
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando,
vista de mandado judicial, por qualquer meio de co- a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei
municação, tomadas pela autoridade, a quem se fi- nº 11.113, de 2005)
zer a requisição, as precauções necessárias para § 1o Resultando das respostas fundada a sus-
averiguar a autenticidade desta. (Redação dada peita contra o conduzido, a autoridade mandará re-
pela Lei nº 12.403, de 2011). colhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto
ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do in-
quérito ou processo, se para isso for competente;
Art. 300. As pessoas presas provisoria- se não o for, enviará os autos à autoridade que o
mente ficarão separadas das que já estiverem de- seja.
finitivamente condenadas, nos termos da lei de
§ 2o A falta de testemunhas da infração não
execução penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse
de 2011).
caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo

68
menos duas pessoas que hajam testemunhado a Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser
apresentação do preso à autoridade. posto em liberdade, depois de lavrado o auto de
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, prisão em flagrante.
não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão Art. 310. Após receber o auto de prisão em
em flagrante será assinado por duas testemunhas,
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e qua-
que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
tro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
promover audiência de custódia com a presença do
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em fla- acusado, seu advogado constituído ou membro da
grante deverá constar a informação sobre a exis- Defensoria Pública e o membro do Ministério Pú-
tência de filhos, respectivas idades e se possuem blico, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamen-
alguma deficiência e o nome e o contato de even- tadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
tual responsável pelos cuidados dos filhos, indi- 2019) (Vigência)
cado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei
13.257, de 2016)
nº 12.403, de 2011).
Art. 305. Na falta ou no impedimento do es- II - converter a prisão em flagrante em preven-
crivão, qualquer pessoa designada pela autoridade tiva, quando presentes os requisitos constantes
lavrará o auto, depois de prestado o compromisso do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequa-
legal. das ou insuficientes as medidas cautelares diver-
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o sas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de
local onde se encontre serão comunicados imedia- 2011).
tamente ao juiz competente, ao Ministério Público III - conceder liberdade provisória, com ou sem
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Carlos Miguel Bezerra§ 1ºPaiva
Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a flagrante,
c.mbezerrapaiva@gmail.com que o agente praticou o fato em qualquer
realização da prisão, será encaminhado074.785.143-32
ao juiz das condições constantes dos incisos I, II ou III
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
autuado não informe o nome de seu advogado, có- de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun-
pia integral para a Defensoria Pública. (Redação damentadamente, conceder ao acusado liberdade
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). provisória, mediante termo de comparecimento
o
§ 2 No mesmo prazo, será entregue ao preso, obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela au- de revogação. (Renumerado do parágrafo único
toridade, com o motivo da prisão, o nome do con- pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
dutor e os das testemunhas. (Redação dada pela § 2º Se o juiz verificar que o agente é reinci-
Lei nº 12.403, de 2011). dente ou que integra organização criminosa ar-
mada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso
Art. 307. Quando o fato for praticado em
restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com
presença da autoridade, ou contra esta, no exercí- ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº
cio de suas funções, constarão do auto a narração 13.964, de 2019) (Vigência)
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer
o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo § 3º A autoridade que deu causa, sem motiva-
tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas ção idônea, à não realização da audiência de cus-
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a tódia no prazo estabelecido no caput deste artigo
quem couber tomar conhecimento do fato delitu- responderá administrativa, civil e penalmente pela
oso, se não o for a autoridade que houver presidido omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi-
o auto. gência)

Art. 308. Não havendo autoridade no lugar § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas
após o decurso do prazo estabelecido no ca-
em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
put deste artigo, a não realização de audiência de
apresentado à do lugar mais próximo.
custódia sem motivação idônea ensejará também a
ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela

69
autoridade competente, sem prejuízo da possibili- garantir a execução das medidas protetivas de ur-
dade de imediata decretação de prisão preventiva. gência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigên- 2011).
cia) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403,
6.305) de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preven-
CAPÍTULO III tiva quando houver dúvida sobre a identidade civil
DA PRISÃO PREVENTIVA da pessoa ou quando esta não fornecer elementos
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a iden-
Art. 311. Em qualquer fase da investigação tificação, salvo se outra hipótese recomendar a ma-
policial ou do processo penal, caberá a prisão pre- nutenção da medida. (Redação dada pela Lei nº
ventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Mi- 13.964, de 2019)
nistério Público, do querelante ou do assistente, ou § 2º Não será admitida a decretação da prisão
por representação da autoridade policial. (Redação preventiva com a finalidade de antecipação de
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) cumprimento de pena ou como decorrência imedi-
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser de- ata de investigação criminal ou da apresentação ou
cretada como garantia da ordem pública, da ordem recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº
econômica, por conveniência da instrução criminal 13.964, de 2019)
ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando Art. 314. A prisão preventiva em nenhum
houver prova da existência do crime e indício sufi- caso será decretada se o juiz verificar pelas provas
ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de constantes dos autos ter o agente praticado o fato
liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº nas condições previstas nos incisos I, II e III do ca-
13.964, de 2019) Carlos Miguel Bezerra Paiva
put do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-
§ 1º A prisão preventiva também c.mbezerrapaiva@gmail.com
poderá ser zembro de 1940 - Código Penal. (Redação dada
decretada em caso de descumprimento de 074.785.143-32
qual- pela Lei nº 12.403, de 2011).
quer das obrigações impostas por força de outras Art. 315. A decisão que decretar, substituir
medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada
ou denegar a prisão preventiva será sempre moti-
pela Lei nº 13.964, de 2019)
vada e fundamentada. (Redação dada pela Lei nº
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva 13.964, de 2019)
deve ser motivada e fundamentada em receio de
§ 1º Na motivação da decretação da prisão
perigo e existência concreta de fatos novos ou con-
preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz de-
temporâneos que justifiquem a aplicação da me-
verá indicar concretamente a existência de fatos
dida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
novos ou contemporâneos que justifiquem a aplica-
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Có- ção da medida adotada. (Incluído pela Lei nº
digo, será admitida a decretação da prisão preven- 13.964, de 2019)
tiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2º Não se considera fundamentada qualquer
I - nos crimes dolosos punidos com pena priva- decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
tiva de liberdade máxima superior a 4 (quatro) acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à pa-
II - se tiver sido condenado por outro crime do- ráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
loso, em sentença transitada em julgado, ressal- com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela
vado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Lei nº 13.964, de 2019)
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - II - empregar conceitos jurídicos indetermina-
Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, dos, sem explicar o motivo concreto de sua incidên-
de 2011). cia no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - se o crime envolver violência doméstica e III - invocar motivos que se prestariam a justifi-
familiar contra a mulher, criança, adolescente, car qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para 13.964, de 2019)

70
IV - não enfrentar todos os argumentos dedu- Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão
zidos no processo capazes de, em tese, infirmar a preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Re-
conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
nº 13.964, de 2019)
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei
V - limitar-se a invocar precedente ou enunci- nº 12.403, de 2011).
ado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob jul- II - extremamente debilitado por motivo de do-
gamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído ença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
pela Lei nº 13.964, de 2019) III - imprescindível aos cuidados especiais de
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, ju- pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
risprudência ou precedente invocado pela parte, deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
sem demonstrar a existência de distinção no caso IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº
em julgamento ou a superação do entendimento. 13.257, de 2016)
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de
das partes, revogar a prisão preventiva se, no cor- 2016)
rer da investigação ou do processo, verificar a falta VI - homem, caso seja o único responsável pe-
de motivo para que ela subsista, bem como nova- los cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
mente decretá-la, se sobrevierem razões que a jus- incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz
2019)
exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
Parágrafo único. Decretada a prisão preven- neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
tiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à
necessidade de sua manutenção a cada 90 (no-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
venta) dias, mediante decisão fundamentada, de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substitu-
074.785.143-32
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) ída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018).
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apela-
ção do réu independe de sua prisão. I - não tenha cometido crime com violência ou
STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a ale- grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº
gação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de 13.769, de 2018).
prazo na instrução.
II - não tenha cometido o crime contra seu filho
STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica su-
perada a alegação de constrangimento por excesso de ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de
prazo. 2018).
STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o Art. 318-B. A substituição de que tratam os
excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa.
arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo
CAPÍTULO IV da aplicação concomitante das medidas alternati-
vas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído
DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA pela Lei nº 13.769, de 2018).
DO ACUSADO

CAPÍTULO IV CAPÍTULO V
DA PRISÃO DOMICILIAR DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no re- Art. 319. São medidas cautelares diversas
colhimento do indiciado ou acusado em sua resi- da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
dência, só podendo dela ausentar-se com autoriza- 2011).
ção judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).

71
I - comparecimento periódico em juízo, no § 4o A fiança será aplicada de acordo com as
prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para infor- disposições do Capítulo VI deste Título, podendo
mar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei ser cumulada com outras medidas cautelares. (In-
nº 12.403, de 2011). cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a deter- Art. 320. A proibição de ausentar-se do País
minados lugares quando, por circunstâncias relaci- será comunicada pelo juiz às autoridades encarre-
onadas ao fato, deva o indiciado ou acusado per- gadas de fiscalizar as saídas do território nacional,
manecer distante desses locais para evitar o risco intimando-se o indiciado ou acusado para entregar
de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - proibição de manter contato com pessoa
determinada quando, por circunstâncias relaciona-
das ao fato, deva o indiciado ou acusado dela per- CAPÍTULO VI
manecer distante; (Redação dada pela Lei nº DA LIBERDADE PROVISÓRIA,
12.403, de 2011). COM OU SEM FIANÇA
IV - proibição de ausentar-se da Comarca
quando a permanência seja conveniente ou neces-
sária para a investigação ou instrução; (Incluído Art. 321. Ausentes os requisitos que autori-
pela Lei nº 12.403, de 2011). zam a decretação da prisão preventiva, o juiz de-
verá conceder liberdade provisória, impondo, se for
V - recolhimento domiciliar no período noturno o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
e nos dias de folga quando o investigado ou acu- deste Código e observados os critérios constantes
sado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei
pela Lei nº 12.403, de 2011). nº 12.403,Paiva
de 2011).
Carlos Miguel Bezerra
VI - suspensão do exercício de função pública I - (revogado) (Revogado pela Lei nº 12.403,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
ou de atividade de natureza econômica ou finan- de 2011).
074.785.143-32
ceira quando houver justo receio de sua utilização
para a prática de infrações penais; (Incluído pela II - (revogado).(Revogado pela Lei nº 12.403,
Lei nº 12.403, de 2011). de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hi- Art. 322. A autoridade policial somente po-
póteses de crimes praticados com violência ou derá conceder fiança nos casos de infração cuja
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser pena privativa de liberdade máxima não seja supe-
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código rior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº
Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela 12.403, de 2011).
Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (qua-
assegurar o comparecimento a atos do processo, renta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso 12.403, de 2011).
de resistência injustificada à ordem judicial; (Inclu-
Art. 323. Não será concedida fiança: (Reda-
ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei
I - nos crimes de racismo; (Redação dada pela
nº 12.403, de 2011).
Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o (Revogado). (Revogado pela Lei nº
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entor-
12.403, de 2011).
pecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
§ 2o (Revogado). (Revogado pela Lei nº como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). 12.403, de 2011).
§ 3o (Revogado). (Revogado pela Lei nº III - nos crimes cometidos por grupos armados,
12.403, de 2011). civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).

72
IV - (revogado; (Revogado pela Lei nº 12.403, § 2o (Revogado): (Revogado pela Lei nº
de 2011). 12.403, de 2011).
V - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, I - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
de 2011). de 2011).
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fi- II - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
ança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). de 2011).
I - aos que, no mesmo processo, tiverem que- III - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403,
brado fiança anteriormente concedida ou infringido, de 2011).
sem motivo justo, qualquer das obrigações a que Art. 326. Para determinar o valor da fiança,
se referem os arts. 327 e 328 deste Código; (Reda- a autoridade terá em consideração a natureza da
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). infração, as condições pessoais de fortuna e vida
II - em caso de prisão civil ou militar; (Redação pregressa do acusado, as circunstâncias indicati-
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). vas de sua periculosidade, bem como a importân-
III - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, cia provável das custas do processo, até final julga-
de 2011). mento.

IV - quando presentes os motivos que autori- Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará
zam a decretação da prisão preventiva (art. 312). o afiançado a comparecer perante a autoridade, to-
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). das as vezes que for intimado para atos do inqué-
rito e da instrução criminal e para o julgamento.
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela Quando o réu não comparecer, a fiança será ha-
autoridade que a conceder nos seguintes limites: vida como quebrada.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Carlos Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob
a) (revogada); (Redação dada pela Miguel
Lei nº Bezerra Paiva
pena de quebramento da fiança, mudar de residên-
12.403, de 2011). c.mbezerrapaiva@gmail.com
cia, sem prévia permissão da autoridade proces-
b) (revogada); (Redação dada pela074.785.143-32
Lei nº sante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de
12.403, de 2011). sua residência, sem comunicar àquela autoridade
c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº o lugar onde será encontrado.
12.403, de 2011). Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, de polícia, haverá um livro especial, com termos de
quando se tratar de infração cuja pena privativa de abertura e de encerramento, numerado e rubricado
liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 em todas as suas folhas pela autoridade, destinado
(quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de especialmente aos termos de fiança. O termo será
2011). lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade e
por quem prestar a fiança, e dele extrair-se-á certi-
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários míni-
dão para juntar-se aos autos.
mos, quando o máximo da pena privativa de liber-
dade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (In- Parágrafo único. O réu e quem prestar a fi-
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). ança serão pelo escrivão notificados das obriga-
ções e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o
§ 1o Se assim recomendar a situação econô-
que constará dos autos.
mica do preso, a fiança poderá ser: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 330. A fiança, que será sempre defini-
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Có- tiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, ob-
digo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). jetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública,
federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca ins-
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); crita em primeiro lugar.
ou (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, ob-
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (In- jetos ou metais preciosos será feita imediatamente
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
por perito nomeado pela autoridade.

73
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de único do art. 336 deste Código. (Redação dada
títulos da dívida pública, o valor será determinado pela Lei nº 12.403, de 2011).
pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos,
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser
exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
cabível na espécie será cassada em qualquer fase
Art. 331. O valor em que consistir a fiança do processo.
será recolhido à repartição arrecadadora federal ou
Art. 339. Será também cassada a fiança
estadual, ou entregue ao depositário público, jun-
tando-se aos autos os respectivos conhecimentos. quando reconhecida a existência de delito inafian-
çável, no caso de inovação na classificação do de-
Parágrafo único. Nos lugares em que o depó- lito.
sito não se puder fazer de pronto, o valor será en-
tregue ao escrivão ou pessoa abonada, a critério Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao va- I - quando a autoridade tomar, por engano, fi-
lor o destino que Ihe assina este artigo, o que tudo ança insuficiente;
constará do termo de fiança.
II - quando houver depreciação material ou pe-
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, recimento dos bens hipotecados ou caucionados,
será competente para conceder a fiança a autori- ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
dade que presidir ao respectivo auto, e, em caso de III - quando for inovada a classificação do de-
prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, lito.
ou a autoridade judiciária ou policial a quem tiver
sido requisitada a prisão. Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o
réu será recolhido à prisão, quando, na conformi-
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que dade deste artigo, não for reforçada.
será concedida independentemente de audiência
do Ministério Público, este terá vistaCarlos Miguel
do processo a Bezerra 341. Julgar-se-á quebrada a fiança
Art. Paiva
fim de requerer o que julgar conveniente. quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº
c.mbezerrapaiva@gmail.com
12.403, de 2011).
Art. 334. A fiança poderá ser prestada 074.785.143-32
en-
I - regularmente intimado para ato do processo,
quanto não transitar em julgado a sentença conde-
deixar de comparecer, sem motivo justo; (Incluído
natória. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
pela Lei nº 12.403, de 2011).
2011).
II - deliberadamente praticar ato de obstrução
Art. 335. Recusando ou retardando a autori- ao andamento do processo; (Incluído pela Lei nº
dade policial a concessão da fiança, o preso, ou al- 12.403, de 2011).
guém por ele, poderá prestá-la, mediante simples
petição, perante o juiz competente, que decidirá em III - descumprir medida cautelar imposta cumu-
48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei lativamente com a fiança; (Incluído pela Lei nº
nº 12.403, de 2011). 12.403, de 2011).
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
fiança servirão ao pagamento das custas, da inde-
nização do dano, da prestação pecuniária e da V - praticar nova infração penal dolosa. (Inclu-
multa, se o réu for condenado. (Redação dada pela ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Lei nº 12.403, de 2011). Art. 342. Se vier a ser reformado o julga-
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplica- mento em que se declarou quebrada a fiança, esta
ção ainda no caso da prescrição depois da sen- subsistirá em todos os seus efeitos
tença condenatória (art. 110 do Código Penal). (Re-
Art. 343. O quebramento injustificado da fi-
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
ança importará na perda de metade do seu valor,
Art. 337. Se a fiança for declarada sem cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras
efeito ou passar em julgado sentença que houver medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº
penal, o valor que a constituir, atualizado, será res- 12.403, de 2011).
tituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo

74
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totali- competirão aos juízes de direito, a queixa ou a de-
dade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado núncia será instruída com documentos ou justifica-
não se apresentar para o início do cumprimento da ção que façam presumir a existência do delito ou
pena definitivamente imposta. (Redação dada pela com declaração fundamentada da impossibilidade
Lei nº 12.403, de 2011). de apresentação de qualquer dessas provas.
STJ: Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na
valor, deduzidas as custas e mais encargos a que ação penal instruída por inquérito policial.
o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo
penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a
Lei nº 12.403, de 2011). denúncia ou queixa em devida forma, o juiz man-
dará autuá-la e ordenará a notificação do acusado,
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, para responder por escrito, dentro do prazo de
feitas as deduções previstas no art. 345 deste Có- quinze dias.
digo, o valor restante será recolhido ao fundo peni-
Parágrafo único. Se não for conhecida a resi-
tenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei
dência do acusado, ou este se achar fora da juris-
nº 12.403, de 2011).
dição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. caberá apresentar a resposta preliminar.
345, o saldo será entregue a quem houver prestado Art. 515. No caso previsto no artigo anterior,
a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o
durante o prazo concedido para a resposta, os au-
réu estiver obrigado.
tos permanecerão em cartório, onde poderão ser
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver examinados pelo acusado ou por seu defensor.
sido prestada por meio de hipoteca, a execução Parágrafo único. A resposta poderá ser instru-
será promovida no juízo cível pelo órgão do Minis- ída com documentos e justificações.
tério Público.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denún-
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras,
074.785.143-32em despacho fundamentado, se convencido,
objetos ou metais preciosos, o juiz determinará a
cia,
pela resposta do acusado ou do seu defensor, da
venda por leiloeiro ou corretor. inexistência do crime ou da improcedência da ação.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa,
juiz, verificando a situação econômica do preso, po- será o acusado citado, na forma estabelecida
derá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando- no Capítulo I do Título X do Livro I.
o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328
deste Código e a outras medidas cautelares, se for Art. 518. Na instrução criminal e nos demais
o caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de termos do processo, observar-se-á o disposto nos
2011). Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir,
sem motivo justo, qualquer das obrigações ou me- CAPÍTULO X
didas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4o do
art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
12.403, de 2011).
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre
CAPÍTULO II que alguém sofrer ou se achar na iminência de so-
frer violência ou coação ilegal na sua liberdade de
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos
tempo do que determina a lei;
funcionários públicos, cujo processo e julgamento

75
III - quando quem ordenar a coação não tiver para ser promovida a responsabilidade da autori-
competência para fazê-lo; dade.
IV - quando houver cessado o motivo que au- Art. 654. O habeas corpus poderá ser im-
torizou a coação; petrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de
V - quando não for alguém admitido a prestar outrem, bem como pelo Ministério Público.
fiança, nos casos em que a lei a autoriza; § 1o A petição de habeas corpus conterá:
VI - quando o processo for manifestamente a) o nome da pessoa que sofre ou está amea-
nulo; çada de sofrer violência ou coação e o de quem
VII - quando extinta a punibilidade. exercer a violência, coação ou ameaça;

Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limi- b) a declaração da espécie de constrangi-
tes da sua jurisdição, fará passar imediatamente a mento ou, em caso de simples ameaça de coação,
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi- as razões em que funda o seu temor;
mento, seja qual for a autoridade coatora. c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a
seu rogo, quando não souber ou não puder escre-
Art. 650. Competirá conhecer, originaria-
ver, e a designação das respectivas residências.
mente, do pedido de habeas corpus:
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; quando no curso de processo verificarem que al-
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os guém sofre ou está na iminência de sofrer coação
atos de violência ou coação forem atribuídos aos ilegal.
governadores ou interventores dos Estados ou Ter-
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão,
ritórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus
secretários, ou aos chefes de Polícia. Carlos Miguel Bezerra Paiva
o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judi-
ciária
c.mbezerrapaiva@gmail.comou policial que embaraçar ou procrastinar a
§ 1o A competência do juiz cessará sempre expedição de ordem de habeas corpus, as infor-
que a violência ou coação provier de autoridade 074.785.143-32
ju- mações sobre a causa da prisão, a condução e
diciária de igual ou superior jurisdição. apresentação do paciente, ou a sua soltura, será
o
§ 2 Não cabe o habeas corpus contra a pri- multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto
são administrativa, atual ou iminente, dos respon- de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer.
sáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que
Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu re- julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de
colhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for autoridade judiciária, caso em que caberá ao Su-
acompanhado de prova de quitação ou de depósito premo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação
do alcance verificado, ou se a prisão exceder o impor as multas.
prazo legal. Art. 656. Recebida a petição de habeas
Art. 651. A concessão do habeas corpus corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso
não obstará, nem porá termo ao processo, desde o paciente, mandará que este Ihe seja imediata-
que este não esteja em conflito com os fundamen- mente apresentado em dia e hora que designar.
tos daquela. Parágrafo único. Em caso de desobediência,
Art. 652. Se o habeas corpus for conce- será expedido mandado de prisão contra o deten-
dido em virtude de nulidade do processo, este será tor, que será processado na forma da lei, e o juiz
renovado. providenciará para que o paciente seja tirado da
prisão e apresentado em juízo.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em
Art. 657. Se o paciente estiver preso, ne-
virtude de habeas corpus, será condenada nas
custas a autoridade que, por má-fé ou evidente nhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
abuso de poder, tiver determinado a coação. I - grave enfermidade do paciente;
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a
Ministério Público cópia das peças necessárias quem se atribui a detenção;

76
III - se o comparecimento não tiver sido deter- Art. 662. Se a petição contiver os requisitos
minado pelo juiz ou pelo tribunal. do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, requi-
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em sitará da autoridade indicada como coatora infor-
que o paciente se encontrar, se este não puder ser mações por escrito. Faltando, porém, qualquer da-
apresentado por motivo de doença. queles requisitos, o presidente mandará preenchê-
lo, logo que Ihe for apresentada a petição.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de
quem o paciente estiver preso. Art. 663. As diligências do artigo anterior
não serão ordenadas, se o presidente entender que
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que o habeas corpus deva ser indeferido in limine.
já cessou a violência ou coação ilegal, julgará pre- Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara
judicado o pedido. ou turma, para que delibere a respeito.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interro- Art. 664. Recebidas as informações, ou dis-
gado o paciente, o juiz decidirá, fundamentada- pensadas, o habeas corpus será julgado na pri-
mente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. meira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o jul-
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, gamento para a sessão seguinte.
será logo posto em liberdade, salvo se por outro Parágrafo único. A decisão será tomada por
motivo dever ser mantido na prisão. maioria de votos. Havendo empate, se o presidente
§ 2o Se os documentos que instruírem a peti- não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
ção evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
o tribunal ordenará que cesse imediatamente o são mais favorável ao paciente.
constrangimento. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a
o
§ 3 Se a ilegalidade decorrer do fato de não ordem que, assinada pelo presidente do tribunal,
Carlos
ter sido o paciente admitido a prestar Miguel
fiança, o juiz Bezerra
câmaraPaiva ou turma, será dirigida, por ofício ou tele-
arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada pe-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
grama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade
rante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os que exercer ou ameaçar exercer o constrangi-
074.785.143-32
respectivos autos, para serem anexados aos do in- mento.
quérito policial ou aos do processo judicial.
Parágrafo único. A ordem transmitida por tele-
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for conce- grama obedecerá ao disposto no art. 289, pará-
dida para evitar ameaça de violência ou coação ile- grafo único, in fine.
gal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado
pelo juiz. Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de
Apelação estabelecerão as normas complementa-
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da deci- res para o processo e julgamento do pedido de ha-
são à autoridade que tiver ordenado a prisão ou ti- beas corpus de sua competência originária.
ver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se
aos autos do processo. Art. 667. No processo e julgamento do ha-
beas corpus de competência originária do Su-
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar
premo Tribunal Federal, bem como nos de recurso
que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que
das decisões de última ou única instância, denega-
conceder a ordem, o alvará de soltura será expe-
tórias de habeas corpus, observar-se-á, no que
dido pelo telégrafo, se houver, observadas as for-
Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores,
malidades estabelecidas no art. 289, parágrafo
devendo o regimento interno do tribunal estabele-
único, in fine, ou por via postal.
cer as regras complementares.
Art. 661. Em caso de competência originária STF: Súmula 344 - Sentença de primeira instância conces-
do Tribunal de Apelação, a petição de habeas cor- siva de habeas corpus, em caso de crime praticado em de-
pus será apresentada ao secretário, que a enviará trimento de bens, serviços ou interesses da união, está su-
jeita a recurso "ex officio". 120 ID: É proibido o compartilha-
imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câ- mento desse material, ainda que sem fins lucrativos. Re-
mara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou gistramos “CPF, e-mail e Internet Protocol (IP)” do compra-
primeiro tiver de reunir-se. dor em nosso site e nos arquivos PDF.

77
STF: Súmula 395 - Não se conhece de recurso de habeas c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas,
por não estar mais em causa a liberdade de locomoção. d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
STF: Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário e) extorsão mediante sequestro (art. 159, ca-
para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, put, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
STF: Súmula 691 - Não compete ao Supremo Tribunal Fe- f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação
deral conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide De-
do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Su- creto-Lei nº 2.848, de 1940)
perior, indefere a liminar.
STF: Súmula 692 - Não se conhece de habeas corpus con-
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput,
tra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou e sua combinação com o art. 223, caput, e pará-
direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem grafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
foi ele provocado a respeito.
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação
STF: Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra deci-
são condenatória a pena de multa, ou relativo a processo com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide De-
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja creto-Lei nº 2.848, de 1940)
a única cominada.
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, §
STF: Súmula 694 - Não cabe habeas corpus contra a im-
posição da pena de exclusão de militar ou de perda de pa-
1°);
tente ou de função pública. j) envenenamento de água potável ou substân-
STF: Súmula 695 - Não cabe habeas corpus quando já ex- cia alimentícia ou medicinal qualificado pela morte
tinta a pena privativa de liberdade. (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Có-
digo Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889,
Carlos Miguel Bezerra Paivade 1956), em qualquer de sua for-
de 1° de outubro
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mas típicas;
Conversão da Medida Provisória nº 074.785.143-32
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de
111, de 1989 Dispõe sobre 21 de outubro de 1976);
(Vide Lei nº 13.869, de 2019) prisão temporária. o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n°
(Vigência) 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a Art. 2° A prisão temporária será decretada
seguinte Lei: pelo Juiz, em face da representação da autoridade
Art. 1° Caberá prisão temporária: policial ou de requerimento do Ministério Público, e
terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual
I - quando imprescindível para as investiga- período em caso de extrema e comprovada neces-
ções do inquérito policial; sidade.
II - quando o indicado não tiver residência fixa § 1° Na hipótese de representação da autori-
ou não fornecer elementos necessários ao esclare- dade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Mi-
cimento de sua identidade; nistério Público.
III - quando houver fundadas razões, de acordo § 2° O despacho que decretar a prisão tempo-
com qualquer prova admitida na legislação penal, rária deverá ser fundamentado e prolatado dentro
de autoria ou participação do indiciado nos seguin- do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a
tes crimes: partir do recebimento da representação ou do re-
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § querimento.
2°);
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, ca-
put, e seus §§ 1° e 2°);

78
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requeri- Art. 5° Em todas as comarcas e seções judi-
mento do Ministério Público e do Advogado, deter- ciárias haverá um plantão permanente de vinte e
minar que o preso lhe seja apresentado, solicitar quatro horas do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
informações e esclarecimentos da autoridade poli- blico para apreciação dos pedidos de prisão tem-
cial e submetê-lo a exame de corpo de delito. porária.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir- Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua
se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das
publicação.
quais será entregue ao indiciado e servirá como
nota de culpa. Art. 7° Revogam-se as disposições em con-
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessa- trário.
riamente o período de duração da prisão temporá- Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da In-
ria estabelecido no caput deste artigo, bem como dependência e 101° da República.
o dia em que o preso deverá ser libertado. (Incluído
pela Lei nº 13.869. de 2019)
JOSÉ SARNEY
§ 5° A prisão somente poderá ser executada
J. Saulo Ramos
depois da expedição de mandado judicial.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 22.12.1989
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial in-
formará o preso dos direitos previstos no art. 5° da
Constituição Federal.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de deten-
ção, o preso deverá ser posto imediatamente em
liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua pri-
são preventiva. Carlos Miguel Bezerra Paiva
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de
c.mbezerrapaiva@gmail.com
prisão, a autoridade responsável pela custódia de-
074.785.143-32
verá, independentemente de nova ordem da auto-
ridade judicial, pôr imediatamente o preso em liber-
dade, salvo se já tiver sido comunicada da prorro-
gação da prisão temporária ou da decretação da
prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de
2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do man-
dado de prisão no cômputo do prazo de prisão tem-
porária. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de
2019)
Art. 3° Os presos temporários deverão per-
manecer, obrigatoriamente, separados dos demais
detentos.
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de de-
zembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a
seguinte redação:
"Art. 4° ..............................................................
i) prolongar a execução de prisão temporária,
de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia-
tamente ordem de liberdade;"

79
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

80
IV - extorsão mediante sequestro e na forma
qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (In-
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Re-
dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e
§§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº
Art. 1º São considerados hediondos os se-
12.015, de 2009)
guintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Pe- VII - epidemia com resultado morte (art. 267, §
o
nal, consumados ou tentados: (Redação dada pela 1 ). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº
I - homicídio (art. 121), quando praticado em 9.695, de 1998)
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou
cometido por um só agente, e homicídio qualificado alteração de produto destinado a fins terapêuticos
(art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravís- julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695,
sima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de de 1998)
Carloscontra
morte (art. 129, § 3o), quando praticadas Miguelau- Bezerra Paiva
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra
toridade ou agente descrito nos c.mbezerrapaiva@gmail.com
arts. 142 e 144 da forma de exploração sexual de criança ou adoles-
Constituição Federal, integrantes do sistema prisi-
074.785.143-32
cente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e
onal e da Força Nacional de Segurança Pública, no 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente con- IX - furto qualificado pelo emprego de explo-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa con- sivo ou de artefato análogo que cause perigo co-
dição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) mum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
II – roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019) Parágrafo único. Consideram-se também hedi-
ondos, tentados ou consumados: (Redação dada
a) circunstanciado pela restrição de liberdade pela Lei nº 13.964, de 2019)
da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º,
2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
b) circunstanciado pelo emprego de arma de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de
2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela
c) qualificado pelo resultado lesão corporal Lei nº 13.964, de 2019)
grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) III - o crime de comércio ilegal de armas de
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
III - extorsão qualificada pela restrição da liber- dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou 2019)
morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) IV - o crime de tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Inclu-
ído pela Lei nº 13.964, de 2019)

81
V - o crime de organização criminosa, quando Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os cri-
direcionado à prática de crime hediondo ou equipa- mes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159,
rado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua com-
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tor- binação com o art. 223, caput e parágrafo
tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins único, 214 e sua combinação com o art. 223, ca-
e o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula put e parágrafo único, todos do Código Penal, são
Vinculaste) acrescidas de metade, respeitado o limite superior
de trinta anos de reclusão, estando a vítima em
I - anistia, graça e indulto; qualquer das hipóteses referidas no art. 224 tam-
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, bém do Código Penal.
de 2007) Art. 11. (Vetado).
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo
será cumprida inicialmente em regime fe- Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua
chado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) publicação.
STF: Súmula vinculante 26 - Para efeito de progressão Art. 13. Revogam-se as disposições em con-
de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou trário.
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucio-
nalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realiza-
ção de exame criminológico.

§ 2º (Revogado)
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz
decidirá fundamentadamente se o réu Carlos
poderáMiguel
ape- Bezerra Paiva
lar em liberdade. (Redação dadac.mbezerrapaiva@gmail.com
pela Lei nº
11.464, de 2007) 074.785.143-32
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe CAPÍTULO I
o
a Lei n 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos cri- DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
mes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Si-
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso narm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito
de extrema e comprovada necessidade. (Incluído da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o ter-
pela Lei nº 11.464, de 2007) ritório nacional.
Art. 3º A União manterá estabelecimentos pe- Art. 2º Ao Sinarm compete:
nais, de segurança máxima, destinados ao cumpri-
mento de penas impostas a condenados de alta pe- I – identificar as características e a propriedade
riculosidade, cuja permanência em presídios esta- de armas de fogo, mediante cadastro;
duais ponha em risco a ordem ou incolumidade pú- II – cadastrar as armas de fogo produzidas, im-
blica. portadas e vendidas no País;
Art. 4º (Vetado). III – cadastrar as autorizações de porte de
arma de fogo e as renovações expedidas pela Po-
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a lícia Federal;
pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando
se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, IV – cadastrar as transferências de proprie-
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou ter- dade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências
rorismo. suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclu-
sive as decorrentes de fechamento de empresas de
Parágrafo único. O participante e o associado segurança privada e de transporte de valores;
que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha,
possibilitando seu desmantelamento, terá a pena V – identificar as modificações que alterem as
reduzida de um a dois terços. características ou o funcionamento de arma de
fogo;

82
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já II – apresentação de documento comprobató-
existentes; rio de ocupação lícita e de residência certa;
VII – cadastrar as apreensões de armas de III – comprovação de capacidade técnica e de
fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos poli- aptidão psicológica para o manuseio de arma de
ciais e judiciais; fogo, atestadas na forma disposta no regulamento
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no desta Lei.
País, bem como conceder licença para exercer a § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra
atividade; de arma de fogo após atendidos os requisitos ante-
IX – cadastrar mediante registro os produtores, riormente estabelecidos, em nome do requerente e
atacadistas, varejistas, exportadores e importado- para a arma indicada, sendo intransferível esta au-
res autorizados de armas de fogo, acessórios e mu- torização.
nições; § 2o A aquisição de munição somente poderá
X – cadastrar a identificação do cano da arma, ser feita no calibre correspondente à arma regis-
as características das impressões de raiamento e trada e na quantidade estabelecida no regulamento
de microestriamento de projétil disparado, con- desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
forme marcação e testes obrigatoriamente realiza- 2008)
dos pelo fabricante; § 3o A empresa que comercializar arma de
XI – informar às Secretarias de Segurança Pú- fogo em território nacional é obrigada a comunicar
blica dos Estados e do Distrito Federal os registros a venda à autoridade competente, como também a
e autorizações de porte de armas de fogo nos res- manter banco de dados com todas as característi-
pectivos territórios, bem como manter o cadastro cas da arma e cópia dos documentos previstos
atualizado para consulta. neste artigo.
o
Carlos
Parágrafo único. As disposições Miguel
deste § 4Paiva
artigo Bezerra A empresa que comercializa armas de
fogo, acessórios e munições responde legalmente
não alcançam as armas de fogo c.mbezerrapaiva@gmail.com
das Forças Arma-
das e Auxiliares, bem como as demais que cons- por essas mercadorias, ficando registradas como
tem dos seus registros próprios.
074.785.143-32
de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 5o A comercialização de armas de fogo,
acessórios e munições entre pessoas físicas so-
CAPÍTULO II mente será efetivada mediante autorização do Si-
DO REGISTRO narm.
§ 6o A expedição da autorização a que se re-
fere o § 1o será concedida, ou recusada com a de-
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de
vida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias
fogo no órgão competente. úteis, a contar da data do requerimento do interes-
Parágrafo único. As armas de fogo de uso res- sado.
trito serão registradas no Comando do Exército, na § 7o O registro precário a que se refere o §
forma do regulamento desta Lei. 4o prescinde do cumprimento dos requisitos dos in-
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso per- cisos I, II e III deste artigo.
mitido o interessado deverá, além de declarar a § 8o Estará dispensado das exigências cons-
efetiva necessidade, atender aos seguintes requi- tantes do inciso III do caput deste artigo, na forma
sitos: do regulamento, o interessado em adquirir arma de
I - comprovação de idoneidade, com a apre- fogo de uso permitido que comprove estar autori-
sentação de certidões negativas de antecedentes zado a portar arma com as mesmas características
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, daquela a ser adquirida. (Incluído pela Lei nº
Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a in- 11.706, de 2008)
quérito policial ou a processo criminal, que poderão Art. 5º O certificado de Registro de Arma de
ser fornecidas por meios eletrônicos; (Redação Fogo, com validade em todo o território nacional,
dada pela Lei nº 11.706, de 2008) autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou

83
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no CAPÍTULO III
seu local de trabalho, desde que seja ele o titular DO PORTE
ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em
2004) todo o território nacional, salvo para os casos pre-
vistos em legislação própria e para:
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo
será expedido pela Polícia Federal e será prece- I – os integrantes das Forças Armadas;
dido de autorização do Sinarm. II - os integrantes de órgãos referidos nos inci-
o
§ 2 Os requisitos de que tratam os incisos I, II sos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Consti-
e III do art. 4o deverão ser comprovados periodica- tuição Federal e os da Força Nacional de Segu-
mente, em período não inferior a 3 (três) anos, na rança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº
conformidade do estabelecido no regulamento 13.500, de 2017)
desta Lei, para a renovação do Certificado de Re- III – os integrantes das guardas municipais das
gistro de Arma de Fogo. capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certi- 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições
ficados de registro de propriedade expedido por ór- estabelecidas no regulamento desta Lei; (Vide
gão estadual ou do Distrito Federal até a data da ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) (Vide ADC 38)
publicação desta Lei que não optar pela entrega es- IV - os integrantes das guardas municipais dos
pontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá re- Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
nová-lo mediante o pertinente registro federal, até menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresenta- quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº
ção de documento de identificação pessoal e com- 10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN
provante de residência fixa, ficando dispensado do 5948) (Vide ADC 38)
pagamento de taxas e do cumprimento Carlos Miguel Bezerra
das demais
V – osPaiva
agentes operacionais da Agência Brasi-
exigências constantes dos incisosc.mbezerrapaiva@gmail.com
I a III do ca-
leira de Inteligência e os agentes do Departamento
put do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
de Segurança
074.785.143-32 do Gabinete de Segurança Instituci-
11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
onal da Presidência da República; (Vide Decreto nº
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no 9.685, de 2019)
§ 3o deste artigo, o proprietário de arma de fogo po-
VI – os integrantes dos órgãos policiais referi-
derá obter, no Departamento de Polícia Federal,
dos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
certificado de registro provisório, expedido na rede
Federal;
mundial de computadores - internet, na forma do
regulamento e obedecidos os procedimentos a se- VII – os integrantes do quadro efetivo dos
guir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) agentes e guardas prisionais, os integrantes das
escoltas de presos e as guardas portuárias;
I - emissão de certificado de registro provisório
pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) VIII – as empresas de segurança privada e de
dias; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) transporte de valores constituídas, nos termos
desta Lei;
II - revalidação pela unidade do Departamento
de Polícia Federal do certificado de registro provi- IX – para os integrantes das entidades de des-
sório pelo prazo que estimar como necessário para porto legalmente constituídas, cujas atividades es-
a emissão definitiva do certificado de registro de portivas demandem o uso de armas de fogo, na
propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) forma do regulamento desta Lei, observando-se, no
que couber, a legislação ambiental.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins
do disposto no caput deste artigo, considera-se re- X - integrantes das Carreiras de Auditoria da
sidência ou domicílio toda a extensão do respectivo Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do
imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019) Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tribu-
tário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)

84
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das
no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
Públicos da União e dos Estados, para uso exclu- bem como os militares dos Estados e do Distrito
sivo de servidores de seus quadros pessoais que Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
efetivamente estejam no exercício de funções de ficam dispensados do cumprimento do disposto
segurança, na forma de regulamento a ser emitido nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo regulamento desta Lei.
Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP. § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depen-
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, der do emprego de arma de fogo para prover sua
V e VI do caput deste artigo terão direito de portar subsistência alimentar familiar será concedido pela
arma de fogo de propriedade particular ou forne- Polícia Federal o porte de arma de fogo, na catego-
cida pela respectiva corporação ou instituição, ria caçador para subsistência, de uma arma de uso
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois)
desta Lei, com validade em âmbito nacional para canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Reda- 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008) a efetiva necessidade em requerimento ao qual de-
§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) verão ser anexados os seguintes documentos: (Re-
dação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de
agentes e guardas prisionais poderão portar arma I - documento de identificação pessoal; (Inclu-
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela ído pela Lei nº 11.706, de 2008)
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora II - comprovante de residência em área rural;
de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
12.993, de 2014) Carlos Miguel Bezerra
III -Paiva
atestado de bons antecedentes. (Incluído
I - submetidos a regime dec.mbezerrapaiva@gmail.com
dedicação exclu- pela Lei nº 11.706, de 2008)
siva; (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
074.785.143-32§ 6o O caçador para subsistência que der ou-
II - sujeitos à formação funcional, nos termos tro uso à sua arma de fogo, independentemente de
do regulamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de outras tipificações penais, responderá, conforme o
2014) caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
III - subordinados a mecanismos de fiscaliza- fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº
ção e de controle interno. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
12.993, de 2014) § 7o Aos integrantes das guardas municipais
§ 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº dos Municípios que integram regiões metropolita-
12.993, de 2014) nas será autorizado porte de arma de fogo, quando
em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o A autorização para o porte de arma de
fogo aos integrantes das instituições descritas nos Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos em-
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está con- pregados das empresas de segurança privada e de
dicionada à comprovação do requisito a que se re- transporte de valores, constituídas na forma da lei,
fere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas serão de propriedade, responsabilidade e guarda
condições estabelecidas no regulamento desta das respectivas empresas, somente podendo ser
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) utilizadas quando em serviço, devendo essas ob-
servar as condições de uso e de armazenagem es-
§ 3o A autorização para o porte de arma de
tabelecidas pelo órgão competente, sendo o certifi-
fogo das guardas municipais está condicionada à
cado de registro e a autorização de porte expedidos
formação funcional de seus integrantes em estabe-
pela Polícia Federal em nome da empresa.
lecimentos de ensino de atividade policial, à exis-
tência de mecanismos de fiscalização e de controle § 1o O proprietário ou diretor responsável de
interno, nas condições estabelecidas no regula- empresa de segurança privada e de transporte de
mento desta Lei, observada a supervisão do Minis- valores responderá pelo crime previsto no pará-
tério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, grafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
de 2004) demais sanções administrativas e civis, se deixar

85
de registrar ocorrência policial e de comunicar à § 5o As instituições de que trata este artigo são
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas obrigadas a registrar ocorrência policial e a comu-
de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- nicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 ou outras formas de extravio de armas de fogo,
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. acessórios e munições que estejam sob sua
§ 2o A empresa de segurança e de transporte guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas de-
de valores deverá apresentar documentação com- pois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694,
probatória do preenchimento dos requisitos cons- de 2012)
tantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados Art. 8º As armas de fogo utilizadas em enti-
que portarão arma de fogo. dades desportivas legalmente constituídas devem
§ 3o A listagem dos empregados das empresas obedecer às condições de uso e de armazenagem
referidas neste artigo deverá ser atualizada semes- estabelecidas pelo órgão competente, respon-
tralmente junto ao Sinarm. dendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma
pela sua guarda na forma do regulamento desta
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos Lei.
servidores das instituições descritas no inciso XI do
art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a au-
guarda das respectivas instituições, somente po- torização do porte de arma para os responsáveis
dendo ser utilizadas quando em serviço, devendo pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita
estas observar as condições de uso e de armaze- ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército,
nagem estabelecidas pelo órgão competente, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e
sendo o certificado de registro e a autorização de a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
porte expedidos pela Polícia Federal em nome da para colecionadores, atiradores e caçadores e de
instituição. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) representantes estrangeiros em competição inter-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
nacional oficial de tiro realizada no território nacio-
§ 1o A autorização para o porte de arma de
nal.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
fogo de que trata este artigo independe do paga-
mento de taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, 074.785.143-32
de Art. 10. A autorização para o porte de arma
2012) de fogo de uso permitido, em todo o território naci-
o
§ 2 O presidente do tribunal ou o chefe do Mi- onal, é de competência da Polícia Federal e so-
nistério Público designará os servidores de seus mente será concedida após autorização do Sinarm.
quadros pessoais no exercício de funções de segu- § 1o A autorização prevista neste artigo poderá
rança que poderão portar arma de fogo, respeitado ser concedida com eficácia temporária e territorial
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do limitada, nos termos de atos regulamentares, e de-
número de servidores que exerçam funções de se- penderá de o requerente:
gurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por
§ 3o O porte de arma pelos servidores das ins- exercício de atividade profissional de risco ou de
tituições de que trata este artigo fica condicionado ameaça à sua integridade física;
à apresentação de documentação comprobatória
II – atender às exigências previstas no art.
do preenchimento dos requisitos constantes do art. o
4 desta Lei;
4o desta Lei, bem como à formação funcional em
estabelecimentos de ensino de atividade policial e III – apresentar documentação de propriedade
à existência de mecanismos de fiscalização e de de arma de fogo, bem como o seu devido registro
controle interno, nas condições estabelecidas no no órgão competente.
regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, § 2o A autorização de porte de arma de fogo,
de 2012) prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
§ 4o A listagem dos servidores das instituições eficácia caso o portador dela seja detido ou abor-
de que trata este artigo deverá ser atualizada se- dado em estado de embriaguez ou sob efeito de
mestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº substâncias químicas ou alucinógenas.
12.694, de 2012) Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas,
nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela
prestação de serviços relativos:

86
I – ao registro de arma de fogo; CAPÍTULO IV
II – à renovação de registro de arma de fogo; DOS CRIMES E DAS PENAS
III – à expedição de segunda via de registro de
arma de fogo; Posse irregular de arma de fogo de uso per-
IV – à expedição de porte federal de arma de mitido
fogo; Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda
V – à renovação de porte de arma de fogo; arma de fogo, acessório ou munição, de uso permi-
tido, em desacordo com determinação legal ou re-
VI – à expedição de segunda via de porte fe-
gulamentar, no interior de sua residência ou depen-
deral de arma de fogo.
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao desde que seja o titular ou o responsável legal do
custeio e à manutenção das atividades do Sinarm, estabelecimento ou empresa:
da Polícia Federal e do Comando do Exército, no
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
âmbito de suas respectivas responsabilidades.
multa.
§ 2o São isentas do pagamento das taxas pre-
Omissão de cautela
vistas neste artigo as pessoas e as instituições a
que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art. Art. 13. Deixar de observar as cautelas ne-
6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de cessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
2008) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se
Art. 11-A. O Ministério da Justiça discipli- apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade:
nará a forma e as condições do credenciamento de
profissionais pela Polícia Federal para comprova- Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
Carlos Miguel
ção da aptidão psicológica e da capacidade técnica Bezerra Paiva
multa.
para o manuseio de arma de fogo. (Incluído pela
c.mbezerrapaiva@gmail.comParágrafo único. Nas mesmas penas incorrem
Lei nº 11.706, de 2008) o proprietário ou diretor responsável de empresa de
074.785.143-32
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, segurança e transporte de valores que deixarem de
o valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder registrar ocorrência policial e de comunicar à Polí-
ao valor médio dos honorários profissionais para cia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
realização de avaliação psicológica constante do extravio de arma de fogo, acessório ou munição
item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psico- que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
logia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, Porte ilegal de arma de fogo de uso permi-
o valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro tido
não poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acres-
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, rece-
cido do custo da munição. (Incluído pela Lei nº
ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
11.706, de 2008)
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
§ 3o A cobrança de valores superiores aos pre- manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, aces-
vistos nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o des- sório ou munição, de uso permitido, sem autoriza-
credenciamento do profissional pela Polícia Fede- ção e em desacordo com determinação legal ou re-
ral. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) gulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo
é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente, (Vide Adin 3.112-1)

87
Disparo de arma de fogo § 2º Se as condutas descritas no caput e no §
1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar mu-
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12
nição em lugar habitado ou em suas adjacências, (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
em via pública ou em direção a ela, desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de ou- Comércio ilegal de arma de fogo
tro crime: Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, mon-
e multa. tar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) alheio, no exercício de atividade comercial ou in-
dustrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de autorização ou em desacordo com determinação
uso restrito legal ou regulamentar:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, forne- Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
cer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, em- 2019)
pregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de § 1º Equipara-se à atividade comercial ou in-
fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem au- dustrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
torização e em desacordo com determinação legal prestação de serviços, fabricação ou comércio irre-
ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº gular ou clandestino, inclusive o exercido em resi-
13.964, de 2019) dência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e 2019)
multa.
Carlos Miguel Bezerra Paivana mesma pena quem vende ou
§ 2º Incorre
§ 1º Nas mesmas penas incorrec.mbezerrapaiva@gmail.com
quem: (Reda- entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019) autorização ou em desacordo com a determinação
074.785.143-32
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou
qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou quando presentes elementos probatórios razoáveis
artefato; de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
II – modificar as características de arma de
fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de Tráfico internacional de arma de fogo
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de difi- Art. 18. Importar, exportar, favorecer a en-
cultar ou de qualquer modo induzir a erro autori- trada ou saída do território nacional, a qualquer tí-
dade policial, perito ou juiz; tulo, de arma de fogo, acessório ou munição, sem
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar ar- autorização da autoridade competente:
tefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis)
em desacordo com determinação legal ou regula- anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
mentar; de 2019)
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou for- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
necer arma de fogo com numeração, marca ou vende ou entrega arma de fogo, acessório ou mu-
qualquer outro sinal de identificação raspado, su- nição, em operação de importação, sem autoriza-
primido ou adulterado; ção da autoridade competente, a agente policial
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que disfarçado, quando presentes elementos probató-
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição rios razoáveis de conduta criminal preexistente. (In-
ou explosivo a criança ou adolescente; e cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem auto- Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e
rização legal, ou adulterar, de qualquer forma, mu- 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
nição ou explosivo. fogo, acessório ou munição forem de uso proibido
ou restrito.

88
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, munição para o fim exclusivo de suprimento de
16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se: suas atividades, mediante autorização concedida
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) nos termos definidos em regulamento. (Incluído
pela Lei nº 11.706, de 2008)
I - forem praticados por integrante dos órgãos
e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se
ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
II - o agente for reincidente específico em cri- Exército autorizar e fiscalizar a produção, exporta-
mes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, ção, importação, desembaraço alfandegário e o co-
de 2019) mércio de armas de fogo e demais produtos con-
trolados, inclusive o registro e o porte de trânsito de
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 arma de fogo de colecionadores, atiradores e caça-
e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. dores.
(Vide Adin 3.112-1)
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após
a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos
CAPÍTULO V autos, quando não mais interessarem à persecu-
ção penal serão encaminhadas pelo juiz compe-
DISPOSIÇÕES GERAIS
tente ao Comando do Exército, no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas, para destruição ou doação
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá cele- aos órgãos de segurança pública ou às Forças Ar-
madas, na forma do regulamento desta Lei. (Reda-
brar convênios com os Estados e o Distrito Federal
para o cumprimento do disposto nesta Lei. ção dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Co-
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral
mando do Exército que receberem parecer favorá-
bem como a definição das armasCarlos
de fogo eMiguel
demais Bezerra Paivaobedecidos o padrão e a dotação de
vel à doação,
produtos controlados, de usos proibidos, restritos,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
cada Força Armada ou órgão de segurança pú-
permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão blica, atendidos os critérios de prioridade estabele-
074.785.143-32
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo cidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Co-
Federal, mediante proposta do Comando do Exér- mando do Exército, serão arroladas em relatório re-
cito. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) servado trimestral a ser encaminhado àquelas ins-
§ 1o Todas as munições comercializadas no tituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação
País deverão estar acondicionadas em embala- de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
gens com sistema de código de barras, gravado na 2008)
caixa, visando possibilitar a identificação do fabri- § 1º-A. As armas de fogo e munições apreen-
cante e do adquirente, entre outras informações de- didas em decorrência do tráfico de drogas de
finidas pelo regulamento desta Lei. abuso, ou de qualquer forma utilizadas em ativida-
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, so- des ilícitas de produção ou comercialização de dro-
mente serão expedidas autorizações de compra de gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiri-
munição com identificação do lote e do adquirente das com recursos provenientes do tráfico de drogas
no culote dos projéteis, na forma do regulamento de abuso, perdidas em favor da União e encami-
desta Lei. nhadas para o Comando do Exército, devem ser,
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 após perícia ou vistoria que atestem seu bom es-
(um) ano da data de publicação desta Lei conterão tado, destinadas com prioridade para os órgãos de
dispositivo intrínseco de segurança e de identifica- segurança pública e do sistema penitenciário da
ção, gravado no corpo da arma, definido pelo regu- unidade da federação responsável pela apreen-
lamento desta Lei, exclusive para os órgãos previs- são. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
tos no art. 6o. § 2o O Comando do Exército encaminhará a
§ 4o As instituições de ensino policial e as relação das armas a serem doadas ao juiz compe-
guardas municipais referidas nos incisos III e IV tente, que determinará o seu perdimento em favor
do caput do art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº
adquirir insumos e máquinas de recarga de 11.706, de 2008)

89
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas compra ou comprovação da origem lícita da posse,
será de responsabilidade da instituição benefici- pelos meios de prova admitidos em direito, ou de-
ada, que procederá ao seu cadastramento no Si- claração firmada na qual constem as característi-
narm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de cas da arma e a sua condição de proprietário, fi-
2008) cando este dispensado do pagamento de taxas e
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, do cumprimento das demais exigências constantes
de 2008) dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorroga-
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos ção de prazo)
para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma,
conforme se trate de arma de uso permitido ou de Parágrafo único. Para fins do cumprimento do
uso restrito, semestralmente, da relação de armas disposto no caput deste artigo, o proprietário de
acauteladas em juízo, mencionando suas caracte- arma de fogo poderá obter, no Departamento de
rísticas e o local onde se encontram. (Incluído pela Polícia Federal, certificado de registro provisório,
Lei nº 11.706, de 2008) expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (In-
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda,
Art. 31. Os possuidores e proprietários de ar-
a comercialização e a importação de brinquedos,
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com mas de fogo adquiridas regularmente poderão, a
estas se possam confundir. qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, me-
diante recibo e indenização, nos termos do regula-
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as mento desta Lei.
réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, Art. 32. Os possuidores e proprietários de
nas condições fixadas pelo Comando do Exército. arma de fogo poderão entregá-la, espontanea-
mente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-
Art. 27. Caberá ao Comando do Carlos Miguel
Exército au- Bezerra Paiva
fé, serão indenizados, na forma do regulamento, fi-
torizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de
c.mbezerrapaiva@gmail.com
cando extinta a punibilidade de eventual posse ir-
fogo de uso restrito. regular da referida arma. (Redação dada pela Lei
074.785.143-32
Parágrafo único. O disposto neste artigo não nº 11.706, de 2008)
se aplica às aquisições dos Comandos Militares. Art. 33. Será aplicada multa de R$
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (tre-
cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os zentos mil reais), conforme especificar o regula-
integrantes das entidades constantes dos incisos I, mento desta Lei:
II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário,
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que delibe-
Art. 29. As autorizações de porte de armas radamente, por qualquer meio, faça, promova, faci-
de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) lite ou permita o transporte de arma ou munição
dias após a publicação desta Lei. (Vide Lei nº sem a devida autorização ou com inobservância
10.884, de 2004) das normas de segurança;

Parágrafo único. O detentor de autorização II – à empresa de produção ou comércio de ar-


com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias mamentos que realize publicidade para venda, es-
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas timulando o uso indiscriminado de armas de fogo,
condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo exceto nas publicações especializadas.
de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem Art. 34. Os promotores de eventos em locais
ônus para o requerente. fechados, com aglomeração superior a 1000 (um
Art. 30. Os possuidores e proprietários de mil) pessoas, adotarão, sob pena de responsabili-
arma de fogo de uso permitido ainda não registrada dade, as providências necessárias para evitar o in-
deverão solicitar seu registro até o dia 31 de de- gresso de pessoas armadas, ressalvados os even-
zembro de 2008, mediante apresentação de docu- tos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constitui-
mento de identificação pessoal e comprovante de ção Federal.
residência fixa, acompanhados de nota fiscal de

90
Parágrafo único. As empresas responsáveis § 2o Em caso de aprovação do referendo po-
pela prestação dos serviços de transporte interna- pular, o disposto neste artigo entrará em vigor na
cional e interestadual de passageiros adotarão as data de publicação de seu resultado pelo Tribunal
providências necessárias para evitar o embarque Superior Eleitoral.
de passageiros armados.
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de fevereiro de 1997.
registros balísticos serão armazenados no Banco
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de
Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) sua publicação.

§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem


como objetivo cadastrar armas de fogo e armaze-
nar características de classe e individualizadoras
de projéteis e de estojos de munição deflagrados
por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
constituído pelos registros de elementos de muni-
ção deflagrados por armas de fogo relacionados a
crimes, para subsidiar ações destinadas às apura- TÍTULO I
ções criminais federais, estaduais e distritais. (In-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
gerido pela unidade oficial de perícia criminal. (In- Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de
Carlos Miguel
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Bezerra Paiva
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; pres-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
creve medidas para prevenção do uso indevido,
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional atenção e reinserção social de usuários e depen-
074.785.143-32
de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele dentes de drogas; estabelece normas para repres-
que permitir ou promover sua utilização para fins são à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão ju- drogas e define crimes.
dicial responderá civil, penal e administrativa-
mente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Para fins desta Lei, conside-
ram-se como drogas as substâncias ou os produtos
§ 5º É vedada a comercialização, total ou par- capazes de causar dependência, assim especifica-
cial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis dos em lei ou relacionados em listas atualizadas
Balísticos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) periodicamente pelo Poder Executivo da União.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamenta-
nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura,
dos em ato do Poder Executivo federal. (Incluído
a colheita e a exploração de vegetais e substratos
pela Lei nº 13.964, de 2019)
dos quais possam ser extraídas ou produzidas dro-
gas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou
CAPÍTULO VI regulamentar, bem como o que estabelece a Con-
venção de Viena, das Nações Unidas, sobre Subs-
DISPOSIÇÕES FINAIS
tâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plan-
tas de uso estritamente ritualístico-religioso.
Art. 35. É proibida a comercialização de arma Parágrafo único. Pode a União autorizar o
de fogo e munição em todo o território nacional, plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos
salvo para as entidades previstas no art. 6o desta no caput deste artigo, exclusivamente para fins me-
Lei. dicinais ou científicos, em local e prazo predetermi-
nados, mediante fiscalização, respeitadas as res-
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, de-
salvas supramencionadas.
penderá de aprovação mediante referendo popular,
a ser realizado em outubro de 2005.

91
TÍTULO II V - a promoção da responsabilidade comparti-
DO SIS TEMA NACIONAL DE lhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a
importância da participação social nas atividades
POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, fatores correlacionados com o uso indevido de dro-
integrar, organizar e coordenar as atividades rela- gas, com a sua produção não autorizada e o seu
cionadas com: tráfico ilícito;
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a VII - a integração das estratégias nacionais e
reinserção social de usuários e dependentes de internacionais de prevenção do uso indevido, aten-
drogas; ção e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas e de repressão à sua produção não au-
II - a repressão da produção não autorizada e
torizada e ao seu tráfico ilícito;
do tráfico ilícito de drogas.
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto orde-
Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário vi-
nado de princípios, regras, critérios e recursos ma-
sando à cooperação mútua nas atividades do Sis-
teriais e humanos que envolvem as políticas, pla-
nad;
nos, programas, ações e projetos sobre drogas, in-
cluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políti- IX - a adoção de abordagem multidisciplinar
cas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito que reconheça a interdependência e a natureza
Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, complementar das atividades de prevenção do uso
de 2019) indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas, repressão da produção
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o
não autorizada e do tráfico ilícito de drogas;
Sistema Único de Saúde - SUS, e com
Carloso Sistema
Miguel Bezerra Paiva
Único de Assistência Social - SUAS. (Incluído pela X - a observância do equilíbrio entre as ativida-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
des de prevenção do uso indevido, atenção e rein-
Lei nº 13.840, de 2019)
074.785.143-32
serção social de usuários e dependentes de drogas
e de repressão à sua produção não autorizada e ao
CAPÍTULO I seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS e o bem-estar social;
DO SIS TEMA NACIONAL DE POLÍTICAS XI - a observância às orientações e normas
PÚBLICAS SOBRE DROGAS emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - Co-
nad.
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos:
Art. 4º São princípios do Sisnad:
I - contribuir para a inclusão social do cidadão,
I - o respeito aos direitos fundamentais da pes-
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir
soa humana, especialmente quanto à sua autono-
comportamentos de risco para o uso indevido de
mia e à sua liberdade;
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
II - o respeito à diversidade e às especificida- correlacionados;
des populacionais existentes;
II - promover a construção e a socialização do
III - a promoção dos valores éticos, culturais e conhecimento sobre drogas no país;
de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os
III - promover a integração entre as políticas de
como fatores de proteção para o uso indevido de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
drogas e outros comportamentos correlacionados;
social de usuários e dependentes de drogas e de
IV - a promoção de consensos nacionais, de repressão à sua produção não autorizada e ao trá-
ampla participação social, para o estabelecimento fico ilícito e as políticas públicas setoriais dos ór-
dos fundamentos e estratégias do Sisnad; gãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal,
Estados e Municípios;

92
IV - assegurar as condições para a coordena- V - elaborar objetivos, ações estratégicas, me-
ção, a integração e a articulação das atividades de tas, prioridades, indicadores e definir formas de fi-
que trata o art. 3º desta Lei. nanciamento e gestão das políticas sobre drogas;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840,
CAPÍTULO II
de 2019)
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
PÚBLICAS SOBRE DROGAS
VIII - promover a integração das políticas sobre
drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Seção I nicípios; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e
Da Composição do Sistema Nacional de Municípios, a execução das políticas sobre drogas,
Políticas Públicas sobre Drogas observadas as obrigações dos integrantes do Sis-
nad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
X - estabelecer formas de colaboração com
Art. 6º (VETADO)
Estados, Distrito Federal e Municípios para a exe-
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a cução das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
orientação central e a execução descentralizada nº 13.840, de 2019)
das atividades realizadas em seu âmbito, nas esfe- XI - garantir publicidade de dados e informa-
ras federal, distrital, estadual e municipal e se cons-
ções sobre repasses de recursos para financia-
titui matéria definida no regulamento desta Lei. mento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
Carlos Miguel Bezerra
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
Paiva
nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019) c.mbezerrapaiva@gmail.com
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísti-
074.785.143-32
cos nacionais de prevenção, tratamento, acolhi-
Art. 8º (VETADO) mento, reinserção social e econômica e repressão
ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
Seção II
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XIII - adotar medidas de enfretamento aos cri-
Das Competências mes transfronteiriços; e (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)

Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela XIV - estabelecer uma política nacional de con-
trole de fronteiras, visando a coibir o ingresso de
Lei nº 13.840, de 2019)
drogas no País. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
I - formular e coordenar a execução da Política 2019)
Nacional sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
II - elaborar o Plano Nacional de Políticas so-
bre Drogas, em parceria com Estados, Distrito Fe- Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
deral, Municípios e a sociedade; (Incluído pela Lei 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019)
III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização
e funcionamento do Sisnad e suas normas de refe-
rência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

93
CAPÍTULO II-A VIII - articular programas, ações e projetos de
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) incentivo ao emprego, renda e capacitação para o
DA FORMULAÇÃO DAS trabalho, com objetivo de promover a inserção pro-
fissional da pessoa que haja cumprido o plano indi-
POLÍTICAS SOBRE DROGAS vidual de atendimento nas fases de tratamento ou
acolhimento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Seção I IX - promover formas coletivas de organização
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) para o trabalho, redes de economia solidária e o
Do Plano Nacional de Políticas cooperativismo, como forma de promover autono-
sobre Drogas mia ao usuário ou dependente de drogas egresso
de tratamento ou acolhimento, observando-se as
especificidades regionais; (Incluído pela Lei nº
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional
13.840, de 2019)
de Políticas sobre Drogas, dentre outros: (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019) X - propor a formulação de políticas públicas
que conduzam à efetivação das diretrizes e princí-
I - promover a interdisciplinaridade e integra- pios previstos no art. 22; (Incluído pela Lei nº
ção dos programas, ações, atividades e projetos 13.840, de 2019)
dos órgãos e entidades públicas e privadas nas
áreas de saúde, educação, trabalho, assistência XI - articular as instâncias de saúde, assistên-
social, previdência social, habitação, cultura, des- cia social e de justiça no enfrentamento ao abuso
porto e lazer, visando à prevenção do uso de dro- de drogas; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
gas, atenção e reinserção social dos usuários ou XII - promover estudos e avaliação dos resul-
dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº tados das políticas sobre drogas. (Incluído pela Lei
13.840, de 2019) nº 13.840, de 2019)
Carlos Miguel Bezerra Paiva
II - viabilizar a ampla participação social na for- § 1º O plano de que trata o caput terá duração
mulação, implementação e avaliação c.mbezerrapaiva@gmail.com
das políticas de 5 (cinco) anos a contar de sua aprovação.
074.785.143-32
sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla
III - priorizar programas, ações, atividades e divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Polí-
projetos articulados com os estabelecimentos de ticas sobre Drogas.
ensino, com a sociedade e com a família para a
prevenção do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) Seção II
IV - ampliar as alternativas de inserção social (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
e econômica do usuário ou dependente de drogas, Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
promovendo programas que priorizem a melhoria
de sua escolarização e a qualificação profissional;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre
V - promover o acesso do usuário ou depen- drogas, constituídos por Estados, Distrito Federal e
dente de drogas a todos os serviços públicos; (In- Municípios, terão os seguintes objetivos: (Incluído
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efeti- I - auxiliar na elaboração de políticas sobre dro-
vidade dos programas, ações e projetos das políti- gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
cas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de II - colaborar com os órgãos governamentais
2019) no planejamento e na execução das políticas sobre
VII - fomentar a criação de serviço de atendi- drogas, visando à efetividade das políticas sobre
mento telefônico com orientações e informações drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
para apoio aos usuários ou dependentes de dro-
gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

94
III - propor a celebração de instrumentos de co- CAPÍTULO IV
operação, visando à elaboração de programas, (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
ações, atividades e projetos voltados à prevenção,
tratamento, acolhimento, reinserção social e eco- DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIA-
nômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (In- ÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 15. (VETADO)
IV - promover a realização de estudos, com o
Art. 16. As instituições com atuação nas
objetivo de subsidiar o planejamento das políticas
áreas da atenção à saúde e da assistência social
sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
que atendam usuários ou dependentes de drogas
V - propor políticas públicas que permitam a in- devem comunicar ao órgão competente do respec-
tegração e a participação do usuário ou depen- tivo sistema municipal de saúde os casos atendidos
dente de drogas no processo social, econômico, e os óbitos ocorridos, preservando a identidade das
político e cultural no respectivo ente federado; pessoas, conforme orientações emanadas da
e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) União.
VI - desenvolver outras atividades relaciona- Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de
das às políticas sobre drogas em consonância com repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão sis-
o Sisnad e com os respectivos planos. (Incluído tema de informações do Poder Executivo.
pela Lei nº 13.840, de 2019)

TÍTULO III
Seção III
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSER-
Dos Membros dos Conselhos
Carlos Miguel Bezerra Paiva
ÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
de Políticas sobre Drogas
DEPENDENTES DE DROGAS
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32
Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO I
13.840, de 2019)
DA PREVENÇÃO
Seção I
CAPÍTULO III (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(VETADO) Das Diretrizes

Art. 9º (VETADO) Art. 18. Constituem atividades de prevenção


do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei,
Art. 10. (VETADO) aquelas direcionadas para a redução dos fatores
Art. 11. (VETADO) de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o
fortalecimento dos fatores de proteção.
Art. 12. (VETADO)
Art. 19. As atividades de prevenção do uso
Art. 13. (VETADO) indevido de drogas devem observar os seguintes
princípios e diretrizes:
Art. 14. (VETADO)
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas
como fator de interferência na qualidade de vida do
indivíduo e na sua relação com a comunidade à
qual pertence;

95
II - a adoção de conceitos objetivos e de fun- XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
damentação científica como forma de orientar as controle social de políticas setoriais específicas.
ações dos serviços públicos comunitários e priva- Parágrafo único. As atividades de prevenção
dos e de evitar preconceitos e estigmatização das do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao
pessoas e dos serviços que as atendam; adolescente deverão estar em consonância com as
III - o fortalecimento da autonomia e da respon- diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos
sabilidade individual em relação ao uso indevido de Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.
drogas;
IV - o compartilhamento de responsabilidades
Seção II
e a colaboração mútua com as instituições do setor
privado e com os diversos segmentos sociais, in- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
cluindo usuários e dependentes de drogas e res- Da Semana Nacional
pectivos familiares, por meio do estabelecimento de Políticas Sobre Drogas
de parcerias;
V - a adoção de estratégias preventivas dife-
renciadas e adequadas às especificidades socio- Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional
culturais das diversas populações, bem como das de Políticas sobre Drogas, comemorada anual-
diferentes drogas utilizadas; mente, na quarta semana de junho. (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retar-
damento do uso” e da redução de riscos como re- § 1º No período de que trata o caput , serão
sultados desejáveis das atividades de natureza intensificadas as ações de: (Incluído pela Lei nº
preventiva, quando da definição dos objetivos a se- 13.840, de 2019)
rem alcançados; I - difusão de informações sobre os problemas
Carlos Miguel Bezerra Paiva
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas decorrentes do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mais vulneráveis da população, levando em consi- 13.840, de 2019)
deração as suas necessidades específicas; 074.785.143-32 II - promoção de eventos para o debate público
VIII - a articulação entre os serviços e organi- sobre as políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei
zações que atuam em atividades de prevenção do nº 13.840, de 2019)
uso indevido de drogas e a rede de atenção a usu- III - difusão de boas práticas de prevenção, tra-
ários e dependentes de drogas e respectivos fami- tamento, acolhimento e reinserção social e econô-
liares; mica de usuários de drogas; (Incluído pela Lei nº
IX - o investimento em alternativas esportivas, 13.840, de 2019)
culturais, artísticas, profissionais, entre outras, IV - divulgação de iniciativas, ações e campa-
como forma de inclusão social e de melhoria da nhas de prevenção do uso indevido de drogas; (In-
qualidade de vida; cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
X - o estabelecimento de políticas de formação V - mobilização da comunidade para a partici-
continuada na área da prevenção do uso indevido pação nas ações de prevenção e enfrentamento às
de drogas para profissionais de educação nos 3 drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(três) níveis de ensino;
VI - mobilização dos sistemas de ensino pre-
XI - a implantação de projetos pedagógicos de vistos na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996
prevenção do uso indevido de drogas, nas institui- - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ,
ções de ensino público e privado, alinhados às Di- na realização de atividades de prevenção ao uso
retrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimen- de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
tos relacionados a drogas;
XII - a observância das orientações e normas
emanadas do Conad;

96
CAPÍTULO II IV - atenção ao usuário ou dependente de dro-
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE gas e aos respectivos familiares, sempre que pos-
sível, de forma multidisciplinar e por equipes multi-
REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS O U profissionais;
DEPENDENTES DE DROGAS
V - observância das orientações e normas
emanadas do Conad;
CAPÍTULO II
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) controle social de políticas setoriais específicas.
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, VII - estímulo à capacitação técnica e profissi-
TRATAMENTO, ACOLHIMENTO E DE onal; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA VIII - efetivação de políticas de reinserção so-
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES cial voltadas à educação continuada e ao trabalho;
DE DROGAS (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - observância do plano individual de atendi-
Seção I mento na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Disposições Gerais X - orientação adequada ao usuário ou depen-
dente de drogas quanto às consequências lesivas
do uso de drogas, ainda que ocasional. (Incluído
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao pela Lei nº 13.840, de 2019)
usuário e dependente de drogas e respectivos fa-
miliares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à
melhoria da qualidade de vida e àCarlos
reduçãoMiguel
dos ris-
Bezerra Paiva Seção II
cos e dos danos associados ao uso de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 21. Constituem atividades de reinserção
074.785.143-32Da Educação na Reinserção Social
social do usuário ou do dependente de drogas e e Econômica
respectivos familiares, para efeito desta Lei, aque-
las direcionadas para sua integração ou reintegra-
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos
ção em redes sociais.
integrantes do Sisnad terão atendimento nos pro-
Art. 22. As atividades de atenção e as de gramas de educação profissional e tecnológica,
reinserção social do usuário e do dependente de educação de jovens e adultos e alfabetização. (In-
drogas e respectivos familiares devem observar os cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
seguintes princípios e diretrizes:
I - respeito ao usuário e ao dependente de dro-
Seção III
gas, independentemente de quaisquer condições,
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
observados os direitos fundamentais da pessoa hu-
mana, os princípios e diretrizes do Sistema Único Do Trabalho na Reinserção
de Saúde e da Política Nacional de Assistência So- Social e Econômica
cial;
II - a adoção de estratégias diferenciadas de Art. 22-B. (VETADO).
atenção e reinserção social do usuário e do depen-
dente de drogas e respectivos familiares que con-
siderem as suas peculiaridades socioculturais; Seção IV
III - definição de projeto terapêutico individuali- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
zado, orientado para a inclusão social e para a re- Do Tratamento do Usuário ou
dução de riscos e de danos sociais e à saúde; Dependente de Drogas

97
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da I - internação voluntária: aquela que se dá com
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni- o consentimento do dependente de drogas; (Inclu-
cípios desenvolverão programas de atenção ao ído pela Lei nº 13.840, de 2019)
usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as II - internação involuntária: aquela que se dá,
diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios ex- sem o consentimento do dependente, a pedido de
plicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previ- familiar ou do responsável legal ou, na absoluta
são orçamentária adequada. falta deste, de servidor público da área de saúde,
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou de- da assistência social ou dos órgãos públicos inte-
grantes do Sisnad, com exceção de servidores da
pendente de drogas deverá ser ordenado em uma
área de segurança pública, que constate a existên-
rede de atenção à saúde, com prioridade para as
cia de motivos que justifiquem a medida. (Incluído
modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo
pela Lei nº 13.840, de 2019)
excepcionalmente formas de internação em unida-
des de saúde e hospitais gerais nos termos de nor- § 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei
mas dispostas pela União e articuladas com os ser- nº 13.840, de 2019)
viços de assistência social e em etapas que permi- I - deverá ser precedida de declaração escrita
tam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) da pessoa solicitante de que optou por este regime
I - articular a atenção com ações preventivas de tratamento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
que atinjam toda a população; (Incluído pela Lei nº 2019)
13.840, de 2019) II - seu término dar-se-á por determinação do
II - orientar-se por protocolos técnicos predefi- médico responsável ou por solicitação escrita da
nidos, baseados em evidências científicas, ofere- pessoa que deseja interromper o tratamento. (In-
cendo atendimento individualizado ao usuário ou cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dependente de drogas com abordagem preventiva § 5º A internação involuntária: (Incluído pela
e, sempre que indicado, ambulatorial;Carlos
(IncluídoMiguel
pela Bezerra Paiva
Lei nº 13.840, de 2019)
Lei nº 13.840, de 2019) c.mbezerrapaiva@gmail.com
I - deve ser realizada após a formalização da
074.785.143-32
III - preparar para a reinserção social e econô- decisão por médico responsável; (Incluído pela Lei
mica, respeitando as habilidades e projetos indivi- nº 13.840, de 2019)
duais por meio de programas que articulem educa-
ção, capacitação para o trabalho, esporte, cultura e II - será indicada depois da avaliação sobre o
acompanhamento individualizado; e (Incluído pela tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipó-
Lei nº 13.840, de 2019) tese comprovada da impossibilidade de utilização
de outras alternativas terapêuticas previstas na
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas rede de atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº
e Sisnad, de forma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019)
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protoco- desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa)
los técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (In- dias, tendo seu término determinado pelo médico
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º A internação de dependentes de drogas IV - a família ou o representante legal poderá,
somente será realizada em unidades de saúde ou a qualquer tempo, requerer ao médico a interrup-
hospitais gerais, dotados de equipes multidiscipli- ção do tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
nares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por 2019)
médico devidamente registrado no Conselho Regi-
onal de Medicina - CRM do Estado onde se localize § 6º A internação, em qualquer de suas moda-
o estabelecimento no qual se dará a internação. lidades, só será indicada quando os recursos extra-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) hospitalares se mostrarem insuficientes. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de inter-
nação: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

98
§ 7º Todas as internações e altas de que trata § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
esta Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 2019)
de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, § 3º O PIA deverá contemplar a participação
à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscaliza- dos familiares ou responsáveis, os quais têm o de-
ção, por meio de sistema informatizado único, na ver de contribuir com o processo, sendo esses, no
forma do regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei caso de crianças e adolescentes, passíveis de res-
nº 13.840, de 2019) ponsabilização civil, administrativa e criminal, nos
§ 8º É garantido o sigilo das informações dis- termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 -
poníveis no sistema referido no § 7º e o acesso Estatuto da Criança e do Adolescente . (Incluído
será permitido apenas às pessoas autorizadas a pela Lei nº 13.840, de 2019)
conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Inclu- § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a
ído pela Lei nº 13.840, de 2019) responsabilidade da equipe técnica do primeiro
§ 9º É vedada a realização de qualquer moda- projeto terapêutico que atender o usuário ou de-
lidade de internação nas comunidades terapêuticas pendente de drogas e será atualizado ao longo das
acolhedoras. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) diversas fases do atendimento. (Incluído pela Lei nº
§ 10. O planejamento e a execução do projeto 13.840, de 2019)
terapêutico individual deverão observar, no que § 5º Constarão do plano individual, no mínimo:
couber, o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos I - os resultados da avaliação multidisciplinar;
das pessoas portadoras de transtornos mentais e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
redireciona o modelo assistencial em saúde men-
tal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - os objetivos declarados pelo atendido; (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Carlos Miguel Bezerra
III -Paiva
a previsão de suas atividades de integra-
Seção V ção social ou capacitação profissional; (Incluído
c.mbezerrapaiva@gmail.com
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) pela Lei nº 13.840, de 2019)
074.785.143-32
Do Plano Individual de Atendimento IV - atividades de integração e apoio à família;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou de- V - formas de participação da família para efe-
pendente de drogas na rede de atenção à saúde tivo cumprimento do plano individual; (Incluído pela
dependerá de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de Lei nº 13.840, de 2019)
2019) VI - designação do projeto terapêutico mais
I - avaliação prévia por equipe técnica multidis- adequado para o cumprimento do previsto no
ciplinar e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019) VII - as medidas específicas de atenção à sa-
II - elaboração de um Plano Individual de Aten- úde do atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
dimento – PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2019) § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica sub- (trinta) dias da data do ingresso no atendimento.
sidiará a elaboração e execução do projeto tera- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pêutico individual a ser adotado, levantando no mí- § 7º As informações produzidas na avaliação
nimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) e as registradas no plano individual de atendimento
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (In- são consideradas sigilosas. (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.840, de 2019)

II - o risco à saúde física e mental do usuário Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Fede-
ou dependente de drogas ou das pessoas com as ral e os Municípios poderão conceder benefícios às
quais convive. (Incluído pela Lei nº 13.840, de instituições privadas que desenvolverem progra-
2019) mas de reinserção no mercado de trabalho, do

99
usuário e do dependente de drogas encaminhados § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as
por órgão oficial. pessoas com comprometimentos biológicos e psi-
cológicos de natureza grave que mereçam atenção
Art. 25. As instituições da sociedade civil,
médico-hospitalar contínua ou de emergência,
sem fins lucrativos, com atuação nas áreas da caso em que deverão ser encaminhadas à rede de
atenção à saúde e da assistência social, que aten- saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dam usuários ou dependentes de drogas poderão
receber recursos do Funad, condicionados à sua § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
disponibilidade orçamentária e financeira. de 2019)

Art. 26. O usuário e o dependente de drogas § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
que, em razão da prática de infração penal, estive-
rem cumprindo pena privativa de liberdade ou sub- § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
metidos a medida de segurança, têm garantidos os de 2019)
serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840,
respectivo sistema penitenciário. de 2019)

Seção VI CAPÍTULO III


(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
DOS CRIMES E DAS PENAS
Do Acolhimento em Comunidade
Terapêutica Acolhedora
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo
poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente,
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou de-
bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos
pendente de drogas na comunidade Carlos Miguel
terapêutica Bezerra Paiva
o Ministério Público e o defensor.
acolhedora caracteriza-se por: (Incluído pela Lei nº
c.mbezerrapaiva@gmail.com
13.840, de 2019) Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em de-
074.785.143-32
pósito, transportar ou trouxer consigo, para con-
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou
dependente de drogas que visam à abstinência; sumo pessoal, drogas sem autorização ou em de-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) sacordo com determinação legal ou regulamentar
será submetido às seguintes penas:
II - adesão e permanência voluntária, formali-
zadas por escrito, entendida como uma etapa tran- I - advertência sobre os efeitos das drogas;
sitória para a reinserção social e econômica do II - prestação de serviços à comunidade;
usuário ou dependente de drogas; (Incluído pela
III - medida educativa de comparecimento a
Lei nº 13.840, de 2019)
programa ou curso educativo.
III - ambiente residencial, propício à formação
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem,
de vínculos, com a convivência entre os pares, ati-
para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou co-
vidades práticas de valor educativo e a promoção
lhe plantas destinadas à preparação de pequena
do desenvolvimento pessoal, vocacionada para
quantidade de substância ou produto capaz de cau-
acolhimento ao usuário ou dependente de drogas
sar dependência física ou psíquica.
em vulnerabilidade social; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) § 2º Para determinar se a droga destinava-se
a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei
quantidade da substância apreendida, ao local e às
nº 13.840, de 2019)
condições em que se desenvolveu a ação, às cir-
V - elaboração de plano individual de atendi- cunstâncias sociais e pessoais, bem como à con-
mento na forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído duta e aos antecedentes do agente.
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo má-
dependente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, ximo de 5 (cinco) meses.
de 2019)

100
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previs- Art. 31. É indispensável a licença prévia da
tas nos incisos II e III do caput deste artigo serão autoridade competente para produzir, extrair, fabri-
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. car, transformar, preparar, possuir, manter em de-
§ 5º A prestação de serviços à comunidade pósito, importar, exportar, reexportar, remeter,
será cumprida em programas comunitários, entida- transportar, expor, oferecer, vender, comprar, tro-
des educacionais ou assistenciais, hospitais, esta- car, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou
belecimentos congêneres, públicos ou privados matéria-prima destinada à sua preparação, obser-
sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencial- vadas as demais exigências legais.
mente, da prevenção do consumo ou da recupera- Art. 32. As plantações ilícitas serão imediata-
ção de usuários e dependentes de drogas.
mente destruídas pelo delegado de polícia na
§ 6º Para garantia do cumprimento das medi- forma do art. 50-A, que recolherá quantidade sufi-
das educativas a que se refere o caput, nos incisos ciente para exame pericial, de tudo lavrando auto
I, II e III, a que injustificadamente se recuse o de levantamento das condições encontradas, com
agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a delimitação do local, asseguradas as medidas ne-
a: cessárias para a preservação da prova. (Redação
I - admoestação verbal; dada pela Lei nº 12.961, de 2014)

II - multa. § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº


12.961, de 2014)
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que
coloque à disposição do infrator, gratuitamente, es- § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
tabelecimento de saúde, preferencialmente ambu- 12.961, de 2014)
latorial, para tratamento especializado. § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para
destruir a plantação, observar-se-á, além das cau-
Art. 29. Na imposição da medida educativa a
telas necessárias à proteção ao meio ambiente, o
que se refere o inciso II do § 6º Carlos Miguel
do art. 28, o juiz, Bezerra Paiva
disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de
atendendo à reprovabilidade dac.mbezerrapaiva@gmail.com
conduta, fixará o
1998, no que couber, dispensada a autorização
número de dias-multa, em quantidade nunca infe-
074.785.143-32
prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do
rior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atri-
Meio Ambiente - Sisnama.
buindo depois a cada um, segundo a capacidade
econômica do agente, o valor de um trinta avos até § 4º As glebas cultivadas com plantações ilíci-
3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. tas serão expropriadas, conforme o disposto no art.
243 da Constituição Federal, de acordo com a le-
Parágrafo único. Os valores decorrentes da im-
gislação em vigor.
posição da multa a que se refere o § 6º do art. 28
serão creditados à conta do Fundo Nacional Anti-
drogas. CAPÍTULO II
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a impo- DOS CRIMES
sição e a execução das penas, observado, no to-
cante à interrupção do prazo, o disposto nos arts.
107 e seguintes do Código Penal. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer con-
TÍTULO IV sigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a con-
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO sumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determina-
NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO
ção legal ou regulamentar:
ILÍCITO DE DROGAS
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos
e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
CAPÍTULO I quinhentos) dias-multa.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º Nas mesmas penas incorre quem:

101
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, autorização ou em desacordo com determinação
adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, legal ou regulamentar:
tem em depósito, transporta, traz consigo ou Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois
ou em desacordo com determinação legal ou regu- mil) dias-multa.
lamentar, matéria-prima, insumo ou produto quí-
mico destinado à preparação de drogas; Art. 35. Associarem-se duas ou mais pes-
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem auto- soas para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
rização ou em desacordo com determinação legal qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
ou regulamentar, de plantas que se constituam em § 1º , e 34 desta Lei:
matéria-prima para a preparação de drogas; Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e du-
de que tem a propriedade, posse, administração, zentos) dias-multa.
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput
se utilize, ainda que gratuitamente, sem autoriza- deste artigo incorre quem se associa para a prática
ção ou em desacordo com determinação legal ou reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
insumo ou produto químico destinado à preparação § 1º , e 34 desta Lei:
de drogas, sem autorização ou em desacordo com
a determinação legal ou regulamentar, a agente po- Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e
licial disfarçado, quando presentes elementos pro- pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000
(quatro mil) dias-multa.
batórios razoáveis de conduta criminal preexis-
Carlos
tente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Miguel Bezerra
Art. Paiva
37. Colaborar, como informante, com
grupo, organização
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar c.mbezerrapaiva@gmail.com
alguém ao uso ou associação destinados à
indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274) prática de qualquer dos crimes previstos nos arts.
074.785.143-32
33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem ob-
dias-multa.
jetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
para juntos a consumirem: Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposa-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) mente, drogas, sem que delas necessite o paci-
ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil ente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desa-
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas cordo com determinação legal ou regulamentar:
previstas no art. 28. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzen-
deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de tos) dias-multa.
um sexto a dois terços, vedada a conversão em pe- Parágrafo único. O juiz comunicará a condena-
nas restritivas de direitos , desde que o agente seja ção ao Conselho Federal da categoria profissional
primário, de bons antecedentes, não se dedique às a que pertença o agente.
atividades criminosas nem integre organização cri-
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave
minosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)
após o consumo de drogas, expondo a dano poten-
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, cial a incolumidade de outrem:
oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer tí- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três)
tulo, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratui- anos, além da apreensão do veículo, cassação da
tamente, maquinário, aparelho, instrumento ou
habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo
qualquer objeto destinado à fabricação, prepara-
mesmo prazo da pena privativa de liberdade apli-
ção, produção ou transformação de drogas, sem cada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (qua-
trocentos) dias-multa.

102
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, Art. 41. O indiciado ou acusado que colabo-
aplicadas cumulativamente com as demais, serão rar voluntariamente com a investigação policial e o
de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocen- processo criminal na identificação dos demais co-
tos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo re- autores ou partícipes do crime e na recuperação to-
ferido no caput deste artigo for de transporte cole- tal ou parcial do produto do crime, no caso de con-
tivo de passageiros. denação, terá pena reduzida de um terço a dois ter-
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 ços.
desta Lei são aumentadas de um sexto a dois ter- Art. 42. O juiz, na fixação das penas, consi-
ços, se: derará, com preponderância sobre o previsto no
I - a natureza, a procedência da substância ou art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade
do produto apreendido e as circunstâncias do fato da substância ou do produto, a personalidade e a
evidenciarem a transnacionalidade do delito; conduta social do agente.
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se Art. 43. Na fixação da multa a que se referem
de função pública ou no desempenho de missão de os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que
educação, poder familiar, guarda ou vigilância; dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de
III - a infração tiver sido cometida nas depen- dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as con-
dências ou imediações de estabelecimentos prisio- dições econômicas dos acusados, valor não inferior
nais, de ensino ou hospitalares, de sedes de enti- a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o
dades estudantis, sociais, culturais, recreativas, es- maior salário-mínimo.
portivas, ou beneficentes, de locais de trabalho co- Parágrafo único. As multas, que em caso de
letivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou concurso de crimes serão impostas sempre cumu-
diversões de qualquer natureza, de serviços de tra- lativamente, podem ser aumentadas até o décuplo
tamento de dependentes de drogas ou de reinser- se, em Paiva
virtude da situação econômica do acusado,
Carlos Miguel Bezerra
ção social, de unidades militares ou policiais ou em considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas
transportes públicos; c.mbezerrapaiva@gmail.com
no máximo.
074.785.143-32
IV - o crime tiver sido praticado com violência, Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, ca-
grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qual- put e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
quer processo de intimidação difusa ou coletiva; insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e li-
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Fe- berdade provisória, vedada a conversão de suas
deração ou entre estes e o Distrito Federal; penas em restritivas de direitos.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir cri- Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput
ança ou adolescente ou a quem tenha, por qual- deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após
quer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua
de entendimento e determinação; concessão ao reincidente específico.
VII - o agente financiar ou custear a prática do Art. 45. É isento de pena o agente que, em
crime. razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente
STJ: Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
apreensão da droga remetida do exterior pela via postal tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
processar e julgar o crime de tráfico internacional. Terceira sido a infração penal praticada, inteiramente inca-
Seção, aprovada em 13/5/2015, DJe 18/5/2015.
paz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
STJ: Súmula 607 - A majorante do tráfico transnacional de terminar-se de acordo com esse entendimento.
drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a
prova da destinação internacional das drogas, ainda que Parágrafo único. Quando absolver o agente,
não consumada a transposição de fronteiras.
reconhecendo, por força pericial, que este apresen-
STJ: Súmula 587 - Para a incidência da majorante prevista tava, à época do fato previsto neste artigo, as con-
no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da federação,
dições referidas no caput deste artigo, poderá de-
sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção terminar o juiz, na sentença, o seu encaminha-
de realizar o tráfico interestadual. mento para tratamento médico adequado.

103
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um § 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei
terço a dois terços se, por força das circunstâncias nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados
previstas no art. 45 desta Lei, o agente não pos- Especiais Criminais, o Ministério Público poderá
suía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena ca- propor a aplicação imediata de pena prevista no art.
pacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o
com base em avaliação que ateste a necessidade juiz, sempre que as circunstâncias o recomendem,
de encaminhamento do agente para tratamento, re- empregará os instrumentos protetivos de colabora-
alizada por profissional de saúde com competência dores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de
específica na forma da lei, determinará que a tal se 13 de julho de 1999.
proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.

Seção I
CAPÍTULO III Da Investigação
DO PROCEDIMENTO PENAL
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a au-
Art. 48. O procedimento relativo aos proces- toridade de polícia judiciária fará, imediatamente,
sos por crimes definidos neste Título rege-se pelo comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe
disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiaria- cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
mente, as disposições do Código de Processo Pe- órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro)
nal e da Lei de Execução Penal. horas.
§ 1º O agente de qualquer dasCarlos
condutasMiguel
pre- § 1º Para
Bezerra efeito da lavratura do auto de prisão
Paiva
vistas no art. 28 desta Lei, salvo se houver con- em flagrante e estabelecimento da materialidade
c.mbezerrapaiva@gmail.com
curso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 do delito, é suficiente o laudo de constatação da
desta Lei, será processado e julgado na forma
074.785.143-32
natureza e quantidade da droga, firmado por perito
dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados § 2º O perito que subscrever o laudo a que se
Especiais Criminais. refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 participar da elaboração do laudo definitivo.
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, de- § 3º Recebida cópia do auto de prisão em fla-
vendo o autor do fato ser imediatamente encami- grante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará
nhado ao juízo competente ou, na falta deste, as- a regularidade formal do laudo de constatação e
sumir o compromisso de a ele comparecer, la- determinará a destruição das drogas apreendidas,
vrando-se termo circunstanciado e providenciando- guardando-se amostra necessária à realização do
se as requisições dos exames e perícias necessá- laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de
rios. 2014)
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as provi- § 4º A destruição das drogas será executada
dências previstas no § 2º deste artigo serão toma- pelo delegado de polícia competente no prazo de
das de imediato pela autoridade policial, no local 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público
em que se encontrar, vedada a detenção do e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº
agente. (Vide ADIN 3807) 12.961, de 2014)
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata § 5º O local será vistoriado antes e depois de
o § 2º deste artigo, o agente será submetido a efetivada a destruição das drogas referida no § 3º ,
exame de corpo de delito, se o requerer ou se a sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado
autoridade de polícia judiciária entender conveni- de polícia, certificando-se neste a destruição total
ente, e em seguida liberado. delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

104
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendi- II - a não-atuação policial sobre os portadores
das sem a ocorrência de prisão em flagrante será de drogas, seus precursores químicos ou outros
feita por incineração, no prazo máximo de 30 produtos utilizados em sua produção, que se en-
(trinta) dias contados da data da apreensão, guar- contrem no território brasileiro, com a finalidade de
dando-se amostra necessária à realização do laudo identificar e responsabilizar maior número de inte-
definitivo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de grantes de operações de tráfico e distribuição, sem
2019) prejuízo da ação penal cabível.

Art. 51. O inquérito policial será concluído no Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste
artigo, a autorização será concedida desde que se-
prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
jam conhecidos o itinerário provável e a identifica-
preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
ção dos agentes do delito ou de colaboradores.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere
este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido
o Ministério Público, mediante pedido justificado da Seção II
autoridade de polícia judiciária. Da Instrução Criminal
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o
art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária,
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do in-
remetendo os autos do inquérito ao juízo:
quérito policial, de Comissão Parlamentar de In-
I - relatará sumariamente as circunstâncias do quérito ou peças de informação, dar-se-á vista ao
fato, justificando as razões que a levaram à classi- Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias,
ficação do delito, indicando a quantidade e natu- adotar uma das seguintes providências:
reza da substância ou do produto apreendido, o lo-
cal e as condições em que se desenvolveu a ação I - requerer o arquivamento;
Carlos
criminosa, as circunstâncias da prisão, Miguel Bezerra
a conduta, II -Paiva
requisitar as diligências que entender ne-
cessárias;
a qualificação e os antecedentesc.mbezerrapaiva@gmail.com
do agente; ou
074.785.143-32III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) tes-
II - requererá sua devolução para a realização
de diligências necessárias. temunhas e requerer as demais provas que enten-
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á der pertinentes.
sem prejuízo de diligências complementares: Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do a notificação do acusado para oferecer defesa pré-
fato, cujo resultado deverá ser encaminhado ao ju- via, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
ízo competente até 3 (três) dias antes da audiência § 1º Na resposta, consistente em defesa preli-
de instrução e julgamento; minar e exceções, o acusado poderá argüir prelimi-
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, nares e invocar todas as razões de defesa, oferecer
direitos e valores de que seja titular o agente, ou documentos e justificações, especificar as provas
que figurem em seu nome, cujo resultado deverá que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco),
ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) arrolar testemunhas.
dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 2º As exceções serão processadas em apar-
Art. 53. Em qualquer fase da persecução cri- tado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei
minal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Pro-
permitidos, além dos previstos em lei, mediante au- cesso Penal.
torização judicial e ouvido o Ministério Público, os § 3º Se a resposta não for apresentada no
seguintes procedimentos investigatórios: prazo, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em
I - a infiltração por agentes de polícia, em tare- 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no
fas de investigação, constituída pelos órgãos espe- ato de nomeação.
cializados pertinentes; § 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em
5 (cinco) dias.

105
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no CAPÍTULO IV
prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apre- DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO
sentação do preso, realização de diligências, exa-
mes e perícias. E DESTINAÇÃO DE BENS DO ACUSADO

Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz desig-


nará dia e hora para a audiência de instrução e jul- Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério
gamento, ordenará a citação pessoal do acusado, Público ou do assistente de acusação, ou mediante
a intimação do Ministério Público, do assistente, se representação da autoridade de polícia judiciária,
for o caso, e requisitará os laudos periciais. poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
penal, a apreensão e outras medidas assecurató-
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como
rias nos casos em que haja suspeita de que os
infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e
bens, direitos ou valores sejam produto do crime ou
34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia,
constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei,
poderá decretar o afastamento cautelar do denun-
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes
ciado de suas atividades, se for funcionário público,
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 -
comunicando ao órgão respectivo.
Código de Processo Penal . (Redação dada pela
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste Lei nº 13.840, de 2019)
artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias se-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
guintes ao recebimento da denúncia, salvo se de-
13.840, de 2019)
terminada a realização de avaliação para atestar
dependência de drogas, quando se realizará em 90 § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
(noventa) dias. 13.840, de 2019)
Art. 57. Na audiência de instrução e julga- § 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº
mento, após o interrogatório do acusado e a inqui- 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Pro-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
cesso Penal , o juiz poderá determinar a prática de
rição das testemunhas, será dada a palavra, suces-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
sivamente, ao representante do Ministério Público atos necessários à conservação dos bens, direitos
e ao defensor do acusado, para sustentação074.785.143-32
oral, ou valores. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, 2019)
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. § 4º A ordem de apreensão ou sequestro de
Parágrafo único. Após proceder ao interroga- bens, direitos ou valores poderá ser suspensa pelo
tório, o juiz indagará das partes se restou algum juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua exe-
fato para ser esclarecido, formulando as perguntas cução imediata puder comprometer as investiga-
correspondentes se o entender pertinente e rele- ções. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
vante. Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o que trata o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda
juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques
dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam emitidos como ordem de pagamento, será determi-
conclusos. nada, imediatamente, a sua conversão em moeda
nacional. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, ca-
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em es-
put e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá
pécie deve ser encaminhada a instituição finan-
apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primá-
ceira, ou equiparada, para alienação na forma pre-
rio e de bons antecedentes, assim reconhecido na
vista pelo Conselho Monetário Nacional. (Incluído
sentença condenatória.
pela Lei nº 13.886, de 2019)
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da aliena-
ção a que se refere o § 1º deste artigo, a moeda
estrangeira será custodiada pela instituição finan-
ceira até decisão sobre o seu destino. (Incluído
pela Lei nº 13.886, de 2019)

106
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda § 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso 13.886, de 2019)
seja verificada a inexistência de valor de mercado, § 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
seus espécimes poderão ser destruídos ou doados 13.886, de 2019)
à representação diplomática do país de origem. (In-
cluído pela Lei nº 13.886, de 2019) § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
13.886, de 2019)
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas
antes da data de entrada em vigor da Medida Pro- § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cum-
visória nº 885, de 17 de junho de 2019, e que este- primento da regra estipulada no § 1º deste artigo.
jam custodiados nas dependências do Banco Cen- (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
tral do Brasil devem ser transferidos à Caixa Eco- § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens con-
nômica Federal, no prazo de 360 (trezentos e ses- fiscados a regra estabelecida no § 1º deste artigo.
senta) dias, para que se proceda à alienação ou (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
custódia, de acordo com o previsto nesta Lei. (In- § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser
cluído pela Lei nº 13.886, de 2019) vendidos por meio de hasta pública, preferencial-
Art. 61. A apreensão de veículos, embarca- mente por meio eletrônico, assegurada a venda
ções, aeronaves e quaisquer outros meios de pelo maior lance, por preço não inferior a 50% (cin-
transporte e dos maquinários, utensílios, instru- quenta por cento) do valor da avaliação judicial. (In-
mentos e objetos de qualquer natureza utilizados cluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
para a prática dos crimes definidos nesta Lei será § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda
imediatamente comunicada pela autoridade de po- e aos órgãos de registro e controle que efetuem as
lícia judiciária responsável pela investigação ao ju- averbações necessárias, tão logo tenha conheci-
ízo competente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, mento da apreensão. (Incluído pela Lei nº 13.886,
de 2019) Carlos Miguel de 2019)
Bezerra Paiva
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado
c.mbezerrapaiva@gmail.com § 13. Na alienação de veículos, embarcações
da comunicação de que trata o caput , determinará ou aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão
a alienação dos bens apreendidos, excetuadas 074.785.143-32
as congênere competente para o registro, bem como
armas, que serão recolhidas na forma da legislação as secretarias de fazenda, devem proceder à regu-
específica. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) larização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, fi-
§ 2º A alienação será realizada em autos apar- cando o arrematante isento do pagamento de mul-
tados, dos quais constará a exposição sucinta do tas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de
nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens execução fiscal em relação ao antigo proprietário.
apreendidos, a descrição e especificação dos obje- (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
tos, as informações sobre quem os tiver sob custó- § 14. Eventuais multas, encargos ou tributos
dia e o local em que se encontrem. (Incluído pela pendentes de pagamento não podem ser cobrados
Lei nº 13.840, de 2019) do arrematante ou do órgão público alienante como
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens condição para regularização dos bens. (Incluído
apreendidos, que será realizada por oficial de jus- pela Lei nº 13.886, de 2019)
tiça, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autua- § 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste ar-
ção, ou, caso sejam necessários conhecimentos tigo, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere
especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, competente para o registro poderá emitir novos
em prazo não superior a 10 (dez) dias. (Incluído identificadores dos bens. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.886, de 2019)
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão Art. 62. Comprovado o interesse público na
gestor do Funad, o Ministério Público e o interes- utilização de quaisquer dos bens de que trata o art.
sado para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) 61, os órgãos de polícia judiciária, militar e rodovi-
dias e, dirimidas eventuais divergências, homolo- ária poderão deles fazer uso, sob sua responsabili-
gará o valor atribuído aos bens. (Incluído pela Lei dade e com o objetivo de sua conservação, medi-
nº 13.840, de 2019) ante autorização judicial, ouvido o Ministério Pú-
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, blico e garantida a prévia avaliação dos respectivos
de 2019) bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)

107
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº § 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
13.886, de 2019) 13.840, de 2019)
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valo-
do Funad para que, em 10 (dez) dias, avalie a exis- res referentes ao produto da alienação ou a nume-
tência do interesse público mencionado no ca- rários apreendidos ou que tenham sido convertidos
put deste artigo e indique o órgão que deve rece- deve ser efetuado na Caixa Econômica Federal,
ber o bem. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) por meio de documento de arrecadação destinado
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A a essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
deste artigo, os órgãos de segurança pública que 2019)
participaram das ações de investigação ou repres- § 1º Os depósitos a que se refere o caput deste
são ao crime que deu causa à medida. (Incluído artigo devem ser transferidos, pela Caixa Econô-
pela Lei nº 13.886, de 2019) mica Federal, para a conta única do Tesouro Naci-
§ 2º A autorização judicial de uso de bens de- onal, independentemente de qualquer formalidade,
verá conter a descrição do bem e a respectiva ava- no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do
liação e indicar o órgão responsável por sua utiliza- momento da realização do depósito, onde ficarão à
ção. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) disposição do Funad. (Incluído pela Lei nº 13.886,
§ 3º O órgão responsável pela utilização do de 2019)
bem deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a § 2º Na hipótese de absolvição do acusado em
qualquer momento quando por este solicitado, in- decisão judicial, o valor do depósito será devolvido
formações sobre seu estado de conservação. (Re- a ele pela Caixa Econômica Federal no prazo de
dação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) até 3 (três) dias úteis, acrescido de juros, na forma
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de
veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz orde- 26 de dezembro de 1995. (Incluído pela Lei nº
Carlos
nará à autoridade ou ao órgão de registro Miguel
e controle Bezerra
13.886, dePaiva
2019)
a expedição de certificado provisórioc.mbezerrapaiva@gmail.com
de registro e § 3º Na hipótese de decretação do seu perdi-
licenciamento em favor do órgão ao qual tenha de- mento
074.785.143-32 em favor da União, o valor do depósito será
ferido o uso ou custódia, ficando este livre do paga- transformado em pagamento definitivo, respeitados
mento de multas, encargos e tributos anteriores à os direitos de eventuais lesados e de terceiros de
decisão de utilização do bem até o trânsito em jul- boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
gado da decisão que decretar o seu perdimento em § 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econô-
favor da União. (Redação dada pela Lei nº 13.840, mica Federal, por decisão judicial, devem ser efe-
de 2019) tuados como anulação de receita do Funad no
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver exercício em que ocorrer a devolução. (Incluído
indicação de que os bens utilizados na forma deste pela Lei nº 13.886, de 2019)
artigo sofreram depreciação superior àquela espe- § 5º A Caixa Econômica Federal deve manter
rada em razão do transcurso do tempo e do uso, o controle dos valores depositados ou devolvidos.
poderá o interessado requerer nova avaliação judi- (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
cial. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o
sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º, o ente federado ou a entidade que utilizou o
bem indenizará o detentor ou proprietário dos bens. I - o perdimento do produto, bem, direito ou va-
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) lor apreendido ou objeto de medidas assecurató-
rias; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019) II - o levantamento dos valores depositados em
conta remunerada e a liberação dos bens utilizados
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
nos termos do art. 62. (Incluído pela Lei nº 13.840,
13.840, de 2019)
de 2019)
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos
13.840, de 2019)
em decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº objeto de medidas assecuratórias, após decretado
13.840, de 2019)

108
seu perdimento em favor da União, serão reverti- Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição
dos diretamente ao Funad. (Redação dada pela Lei será conhecido sem o comparecimento pessoal do
nº 13.840, de 2019) acusado, podendo o juiz determinar a prática de
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad atos necessários à conservação de bens, direitos
relação dos bens, direitos e valores declarados per- ou valores. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
didos, indicando o local em que se encontram e a Art. 63-B. O juiz determinará a liberação to-
entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para
tal ou parcial dos bens, direitos e objeto de medidas
os fins de sua destinação nos termos da legislação
assecuratórias quando comprovada a licitude de
vigente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, di-
2019)
reitos e valores necessários e suficientes à repara-
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº ção dos danos e ao pagamento de prestações pe-
13.886, de 2019) cuniárias, multas e custas decorrentes da infração
§ 4º Transitada em julgado a sentença conde- penal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
natória, o juiz do processo, de ofício ou a requeri- Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da
mento do Ministério Público, remeterá à Senad re- Justiça e Segurança Pública, proceder à destina-
lação dos bens, direitos e valores declarados per- ção dos bens apreendidos e não leiloados em ca-
didos em favor da União, indicando, quanto aos ráter cautelar, cujo perdimento seja decretado em
bens, o local em que se encontram e a entidade ou favor da União, por meio das seguintes modalida-
o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua des: (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
destinação nos termos da legislação vigente.
I – alienação, mediante: (Incluído pela Lei nº
§ 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão 13.886, de 2019)
gestor do Funad, o juíz deve: (Incluído pela Lei nº
13.886, de 2019) a) licitação; (Incluído pela Lei nº 13.886, de
2019)
I – ordenar às secretarias de Carlos
fazenda eMiguel
aos ór- Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
gãos de registro e controle que efetuem as averba- b) doação com encargo a entidades ou órgãos
ções necessárias, caso não tenham sido realizadas públicos, bem como a comunidades terapêuticas
074.785.143-32
acolhedoras que contribuam para o alcance das fi-
quando da apreensão; e (Incluído pela Lei nº
13.886, de 2019) nalidades do Funad; ou (Incluído pela Lei nº
13.886, de 2019)
II – determinar, no caso de imóveis, o registro
de propriedade em favor da União no cartório de c) venda direta, observado o disposto no inciso
registro de imóveis competente, nos termos do ca- II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de ju-
put e do parágrafo único do art. 243 da Constituição nho de 1993; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Federal, afastada a responsabilidade de terceiros II – incorporação ao patrimônio de órgão da ad-
prevista no inciso VI do caput do art. 134 da Lei nº ministração pública, observadas as finalidades do
5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Funad; (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Nacional), bem como determinar à Secretaria de III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 13.886,
Coordenação e Governança do Patrimônio da de 2019)
União a incorporação e entrega do imóvel, tor-
IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 13.886,
nando-o livre e desembaraçado de quaisquer ônus
de 2019)
para sua destinação. (Incluído pela Lei nº 13.886,
de 2019)
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, § 1º A alienação por meio de licitação deve ser
de 2019) realizada na modalidade leilão, para bens móveis e
imóveis, independentemente do valor de avaliação,
§ 6º Na hipótese do inciso II do caput , decor-
isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada
ridos 360 (trezentos e sessenta) dias do trânsito em
a venda pelo maior lance, por preço não inferior a
julgado e do conhecimento da sentença pelo inte-
50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação.
ressado, os bens apreendidos, os que tenham sido
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
objeto de medidas assecuratórias ou os valores de-
positados que não forem reclamados serão reverti-
dos ao Funad. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)

109
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º eventuais multas, encargos ou tributos pendentes
deste artigo será amplamente divulgado em jornais de pagamento. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
de grande circulação e em sítios eletrônicos ofici- 2019)
ais, principalmente no Município em que será reali- Parágrafo único. O disposto no caput deste ar-
zado, dispensada a publicação em diário oficial. (In- tigo não prejudica o ajuizamento de execução fiscal
cluído pela Lei nº 13.886, de 2019) em relação aos antigos devedores. (Incluído pela
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sis- Lei nº 13.886, de 2019)
tema eletrônico da administração pública, a publici-
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por in-
dade dada pelo sistema substituirá a publicação em
frações às quais esta Lei comine pena máxima su-
diário oficial e em jornais de grande circulação. (In-
perior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser de-
cluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
cretada a perda, como produto ou proveito do
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante crime, dos bens correspondentes à diferença entre
fica livre do pagamento de encargos e tributos an- o valor do patrimônio do condenado e aquele com-
teriores, sem prejuízo de execução fiscal em rela- patível com o seu rendimento lícito. (Incluído pela
ção ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei nº Lei nº 13.886, de 2019)
13.886, de 2019)
§ 1º A decretação da perda prevista no ca-
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações put deste artigo fica condicionada à existência de
ou aeronaves deverão ser observadas as disposi- elementos probatórios que indiquem conduta crimi-
ções dos §§ 13 e 15 do art. 61 desta Lei. (Incluído nosa habitual, reiterada ou profissional do conde-
pela Lei nº 13.886, de 2019) nado ou sua vinculação a organização criminosa.
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
artigo a proibição relativa à cobrança de multas, en- § 2º Para efeito da perda prevista no ca-
cargos ou tributos prevista no § 14 do art. 61 desta put deste artigo, entende-se por patrimônio do con-
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.886, de Carlos
2019) Miguel Bezerra
denado todos Paiva
os bens: (Incluído pela Lei nº 13.886,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segu- de 2019)
rança Pública, pode celebrar convênios ou instru-
074.785.143-32 I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha
mentos congêneres com órgãos e entidades da domínio e benefício direto ou indireto, na data da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu- infração penal, ou recebidos posteriormente; e (In-
nicípios, bem como com comunidades terapêuticas cluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
acolhedoras, a fim de dar imediato cumprimento ao
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou
estabelecido neste artigo. (Incluído pela Lei nº
mediante contraprestação irrisória, a partir do início
13.886, de 2019)
da atividade criminal. (Incluído pela Lei nº 13.886,
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios de 2019)
previstos em lei, fica autorizada a contratação da
§ 3º O condenado poderá demonstrar a inexis-
iniciativa privada para a execução das ações de
tência da incompatibilidade ou a procedência lícita
avaliação, de administração e de alienação dos
do patrimônio. (Incluído pela Lei nº 13.886, de
bens a que se refere esta Lei. (Incluído pela Lei nº
2019)
13.886, de 2019)
Art. 64. A União, por intermédio da Senad,
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça
poderá firmar convênio com os Estados, com o Dis-
e Segurança Pública regulamentar os procedimen-
trito Federal e com organismos orientados para a
tos relativos à administração, à preservação e à
prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e
destinação dos recursos provenientes de delitos e
a reinserção social de usuários ou dependentes e
atos ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos
a atuação na repressão à produção não autorizada
quais se deve proceder à sua destruição ou inutili-
e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na libera-
zação. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
ção de equipamentos e de recursos por ela arreca-
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens dados, para a implantação e execução de progra-
apreendidos ou confiscados será revertido integral- mas relacionados à questão das drogas.
mente ao Funad, nos termos do parágrafo único do
art. 243 da Constituição Federal, vedada a sub-ro-
gação sobre o valor da arrematação para saldar

110
TÍTULO V Art. 67. A liberação dos recursos previstos
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL na Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em
favor de Estados e do Distrito Federal, dependerá
de sua adesão e respeito às diretrizes básicas con-
Art. 65. De conformidade com os princípios tidas nos convênios firmados e do fornecimento de
da não-intervenção em assuntos internos, da igual- dados necessários à atualização do sistema pre-
dade jurídica e do respeito à integridade territorial visto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias
dos Estados e às leis e aos regulamentos nacionais judiciárias.
em vigor, e observado o espírito das Convenções
Art. 67-A. Os gestores e entidades que rece-
das Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos
bam recursos públicos para execução das políticas
internacionais relacionados à questão das drogas,
sobre drogas deverão garantir o acesso às suas
de que o Brasil é parte, o governo brasileiro pres-
instalações, à documentação e a todos os elemen-
tará, quando solicitado, cooperação a outros países
tos necessários à efetiva fiscalização pelos órgãos
e organismos internacionais e, quando necessário,
competentes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
I - intercâmbio de informações sobre legisla- Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Fede-
ções, experiências, projetos e programas voltados ral e os Municípios poderão criar estímulos fiscais
para atividades de prevenção do uso indevido, de e outros, destinados às pessoas físicas e jurídicas
atenção e de reinserção social de usuários e de- que colaborem na prevenção do uso indevido de
pendentes de drogas; drogas, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes e na repressão da produção não au-
II - intercâmbio de inteligência policial sobre
torizada e do tráfico ilícito de drogas.
produção e tráfico de drogas e delitos conexos, em
especial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro Art. 69. No caso de falência ou liquidação ex-
e o desvio de precursores químicos;
Carlos Miguel trajudicial
Bezerra Paiva de empresas ou estabelecimentos hospi-
III - intercâmbio de informações policiais e judi- talares, de pesquisa, de ensino, ou congêneres, as-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
sim como nos serviços de saúde que produzirem,
ciais sobre produtores e traficantes de drogas e
seus precursores químicos. 074.785.143-32
venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem
ou fornecerem drogas ou de qualquer outro em que
existam essas substâncias ou produtos, incumbe
TÍTULO V-A ao juízo perante o qual tramite o feito:
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - determinar, imediatamente à ciência da fa-
DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS lência ou liquidação, sejam lacradas suas instala-
SOBRE DROGAS ções;
II - ordenar à autoridade sanitária competente
a urgente adoção das medidas necessárias ao re-
Art. 65-A . (VETADO). (Incluído pela Lei nº cebimento e guarda, em depósito, das drogas arre-
13.840, de 2019) cadadas;
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público,
TÍTULO VI para acompanhar o feito.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 1º Da licitação para alienação de substâncias
ou produtos não proscritos referidos no inciso II do
caput deste artigo, só podem participar pessoas ju-
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo rídicas regularmente habilitadas na área de saúde
único do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a ou de pesquisa científica que comprovem a desti-
terminologia da lista mencionada no preceito, de- nação lícita a ser dada ao produto a ser arrema-
nominam-se drogas substâncias entorpecentes, tado.
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle es- § 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º
pecial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio deste artigo, o produto não arrematado será, ato
de 1998. contínuo à hasta pública, destruído pela autoridade
sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais
sobre Drogas e do Ministério Público.

111
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrema- Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de
tadas especialidades farmacêuticas em condições autoridade, cometidos por agente público, servidor
de emprego terapêutico, ficarão elas depositadas ou não, que, no exercício de suas funções ou a pre-
sob a guarda do Ministério da Saúde, que as desti- texto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
nará à rede pública de saúde. sido atribuído.
Art. 70. O processo e o julgamento dos cri- § 1º As condutas descritas nesta Lei consti-
mes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se carac- tuem crime de abuso de autoridade quando prati-
terizado ilícito transnacional, são da competência cadas pelo agente com a finalidade específica de
da Justiça Federal. prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Mu- terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
nicípios que não sejam sede de vara federal serão pessoal.
processados e julgados na vara federal da circuns- § 2º A divergência na interpretação de lei ou
crição respectiva. na avaliação de fatos e provas não configura abuso
de autoridade.
Art. 71. (VETADO)
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou ar-
quivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, medi- CAPÍTULO II
ante representação da autoridade de polícia judici- DOS SUJEITOS DO CRIME
ária, ou a requerimento do Ministério Público, de-
terminará a destruição das amostras guardadas
para contraprova, certificando nos autos. (Redação Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) autoridade qualquer agente público, servidor ou
não, da administração direta, indireta ou fundacio-
Art. 73. A União poderá estabelecer convê- nal de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
Carlos
nios com os Estados e o com o Distrito Federal,Miguel
vi- Bezerra Paiva
dos, do Distrito Federal, dos Municípios e de Terri-
sando à prevenção e repressão doc.mbezerrapaiva@gmail.com
tráfico ilícito e tório, compreendendo, mas não se limitando a:
do uso indevido de drogas, e com os Municípios, 074.785.143-32I - servidores públicos e militares ou pessoas a
com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e
eles equiparadas;
de possibilitar a atenção e reinserção social de usu-
ários e dependentes de drogas. (Redação dada II - membros do Poder Legislativo;
pela Lei nº 12.219, de 2010) III - membros do Poder Executivo;
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta IV - membros do Poder Judiciário;
e cinco) dias após a sua publicação. V - membros do Ministério Público;
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de VI - membros dos tribunais ou conselhos de
outubro de 1976, e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro contas.
de 2002.
Parágrafo único. Reputa-se agente público,
para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou
entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL

CAPÍTULO I Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de


DISPOSIÇÕES GERAIS ação penal pública incondicionada. (Promulgação
partes vetadas)

112
§ 1º Será admitida ação privada se a ação pe- II - suspensão do exercício do cargo, da função
nal pública não for intentada no prazo legal, ca- ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) me-
bendo ao Ministério Público aditar a queixa, repu- ses, com a perda dos vencimentos e das vanta-
diá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em gens;
todos os termos do processo, fornecer elementos III - (VETADO).
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação como Parágrafo único. As penas restritivas de direi-
parte principal. tos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativa-
mente.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida
no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em
que se esgotar o prazo para oferecimento da de- CAPÍTULO V
núncia. DAS SANÇÕES DE NATUREZA
CIVIL E ADMINISTRATIVA
CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS aplicadas independentemente das sanções de na-
tureza civil ou administrativa cabíveis.
Seção I Parágrafo único. As notícias de crimes previs-
tos nesta Lei que descreverem falta funcional serão
Dos Efeitos da Condenação
informadas à autoridade competente com vistas à
apuração.
Art. 4º São efeitos da condenação: Art. 7º As responsabilidades civil e adminis-
Carlos Miguel Bezerra
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
Paiva
trativa são independentes da criminal, não se po-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento dendo mais questionar sobre a existência ou a au-
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para toria do fato quando essas questões tenham sido
074.785.143-32
reparação dos danos causados pela infração, con- decididas no juízo criminal.
siderando os prejuízos por ele sofridos; Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, as-
II - a inabilitação para o exercício de cargo, sim como no administrativo-disciplinar, a sentença
mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
a 5 (cinco) anos; estado de necessidade, em legítima defesa, em es-
III - a perda do cargo, do mandato ou da função trito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
pública. gular de direito.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos inci-
sos II e III do caput deste artigo são condicionados CAPÍTULO VI
à ocorrência de reincidência em crime de abuso de
DOS CRIMES E DAS PENAS
autoridade e não são automáticos, devendo ser de-
clarados motivadamente na sentença.
Art. 9º Decretar medida de privação da liber-
dade em manifesta desconformidade com as hipó-
Seção II
teses legais: (Promulgação partes vetadas)
Das Penas Restritivas de Direitos
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
e multa.
Art. 5º As penas restritivas de direitos subs- Parágrafo único. Incorre na mesma pena a au-
titutivas das privativas de liberdade previstas nesta toridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
Lei são: deixar de:
I - prestação de serviços à comunidade ou a I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
entidades públicas;

113
II - substituir a prisão preventiva por medida Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
cautelar diversa ou de conceder liberdade provisó- e multa, sem prejuízo da pena cominada à violên-
ria, quando manifestamente cabível; cia.
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, Art. 14. (VETADO).
quando manifestamente cabível.’
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de de prisão, pessoa que, em razão de função, minis-
testemunha ou investigado manifestamente desca- tério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou
bida ou sem prévia intimação de comparecimento resguardar sigilo:
ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Art. 11. (VETADO). quem prossegue com o interrogatório: (Promulga-
ção partes vetadas)
Art. 12. Deixar injustificadamente de comu-
nicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no I - de pessoa que tenha decidido exercer o di-
prazo legal: reito ao silêncio; ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) II - de pessoa que tenha optado por ser assis-
anos, e multa. tida por advogado ou defensor público, sem a pre-
sença de seu patrono.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
quem: Art. 16. Deixar de identificar-se ou identifi-
I - deixa de comunicar, imediatamente, a exe- car-se falsamente ao preso por ocasião de sua cap-
cução de prisão temporária ou preventiva à autori- tura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção
dade judiciária que a decretou; ou prisão: (Promulgação partes vetadas)
Carlos Miguel Bezerra Paiva
II - deixa de comunicar, imediatamente, a pri- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
são de qualquer pessoa e o local onde se encontra anos, e multa.
074.785.143-32
à sua família ou à pessoa por ela indicada; Parágrafo único. Incorre na mesma pena
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 quem, como responsável por interrogatório em
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada sede de procedimento investigatório de infração
pela autoridade, com o motivo da prisão e os no- penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a
mes do condutor e das testemunhas; si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
IV - prolonga a execução de pena privativa de Art. 17. (VETADO).
liberdade, de prisão temporária, de prisão preven- Art. 18. Submeter o preso a interrogatório
tiva, de medida de segurança ou de internação, dei-
policial durante o período de repouso noturno,
xando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de
salvo se capturado em flagrante delito ou se ele,
executar o alvará de soltura imediatamente após
devidamente assistido, consentir em prestar decla-
recebido ou de promover a soltura do preso quando
rações:
esgotado o prazo judicial ou legal.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, anos, e multa.
mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a: Art. 19. Impedir ou retardar, injustificada-
mente, o envio de pleito de preso à autoridade judi-
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exi-
ciária competente para a apreciação da legalidade
bido à curiosidade pública;
de sua prisão ou das circunstâncias de sua custó-
II - submeter-se a situação vexatória ou a cons- dia:
trangimento não autorizado em lei;
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
III - produzir prova contra si mesmo ou contra e multa.
terceiro: (Promulgação partes vetadas)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o ma-
gistrado que, ciente do impedimento ou da demora,
deixa de tomar as providências tendentes a saná-

114
lo ou, não sendo competente para decidir sobre a razão de situação de flagrante delito ou de desas-
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judi- tre.
ciária que o seja.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entre- diligência, de investigação ou de processo, o es-
vista pessoal e reservada do preso com seu advo- tado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
gado: (Promulgação partes vetadas) eximir-se de responsabilidade ou de responsabili-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) zar criminalmente alguém ou agravar-lhe a respon-
anos, e multa. sabilidade:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
quem impede o preso, o réu solto ou o investigado e multa.
de entrevistar-se pessoal e reservadamente com Parágrafo único. Incorre na mesma pena
seu advogado ou defensor, por prazo razoável, an- quem pratica a conduta com o intuito de:
tes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado I - eximir-se de responsabilidade civil ou admi-
e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo nistrativa por excesso praticado no curso de dili-
no curso de interrogatório ou no caso de audiência gência;
realizada por videoconferência.
II - omitir dados ou informações ou divulgar da-
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos dos ou informações incompletos para desviar o
na mesma cela ou espaço de confinamento: curso da investigação, da diligência ou do pro-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, cesso.
e multa. Art. 24. Constranger, sob violência ou grave
Parágrafo único. Incorre na mesma pena ameaça, funcionário ou empregado de instituição
quem mantém, na mesma cela, criança ou adoles- hospitalar pública ou privada a admitir para trata-
cente na companhia de maior deCarlos
idade ou Miguel
em am- Bezerra Paiva cujo óbito já tenha ocorrido, com o
mento pessoa
biente inadequado, observado o c.mbezerrapaiva@gmail.com
disposto na Lei nº fim de alterar local ou momento de crime, prejudi-
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança cando sua apuração:
074.785.143-32
e do Adolescente). Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou e multa, além da pena correspondente à violência.
astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocu- Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em
pante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele procedimento de investigação ou fiscalização, por
permanecer nas mesmas condições, sem determi- meio manifestamente ilícito:
nação judicial ou fora das condições estabelecidas
em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, quem faz uso de prova, em desfavor do investigado
e multa. ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ili-
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista citude.
no caput deste artigo, quem:
Art. 26. (VETADO).
I - coage alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
dependências; procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
II - (VETADO);
qualquer indício da prática de crime, de ilícito funci-
III - cumpre mandado de busca e apreensão onal ou de infração administrativa: (Vide ADIN
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes 6234) (Vide ADIN 6240)
das 5h (cinco horas).
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para anos, e multa.
prestar socorro, ou quando houver fundados indí-
Parágrafo único. Não há crime quando se tra-
cios que indiquem a necessidade do ingresso em
tar de sindicância ou investigação preliminar sumá-
ria, devidamente justificada.

115
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gra- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
vação sem relação com a prova que se pretenda se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou condição de agente público para se eximir de obri-
ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acu- gação legal ou para obter vantagem ou privilégio
sado: indevido.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, Art. 34. (VETADO).
e multa.
Art. 35. (VETADO).
Art. 29. Prestar informação falsa sobre pro-
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a in-
cedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo
disponibilidade de ativos financeiros em quantia
com o fim de prejudicar interesse de investigado:
que extrapole exacerbadamente o valor estimado
(Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
para a satisfação da dívida da parte e, ante a de-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) monstração, pela parte, da excessividade da me-
anos, e multa. dida, deixar de corrigi-la:
Parágrafo único. (VETADO). Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução e multa.
penal, civil ou administrativa sem justa causa fun- Art. 37. Demorar demasiada e injustificada-
damentada ou contra quem sabe inocente: (Pro- mente no exame de processo de que tenha reque-
mulgação partes vetadas) rido vista em órgão colegiado, com o intuito de pro-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, crastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Art. 31. Estender injustificadamente a inves- anos, e multa.
tigação, procrastinando-a em prejuízo do investi-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 38. Antecipar o responsável pelas inves-
gado ou fiscalizado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN tigações, por meio de comunicação, inclusive rede
c.mbezerrapaiva@gmail.com
6240) social, atribuição de culpa, antes de concluídas as
074.785.143-32
apurações e formalizada a acusação: (Promulga-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa. ção partes vetadas)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
quem, inexistindo prazo para execução ou conclu- anos, e multa.
são de procedimento, o estende de forma imoti-
vada, procrastinando-o em prejuízo do investigado
ou do fiscalizado. CAPÍTULO VII

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor DO PROCEDIMENTO


ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito
ou a qualquer outro procedimento investigatório de Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julga-
infração penal, civil ou administrativa, assim como mento dos delitos previstos nesta Lei, no que cou-
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso ber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3
a peças relativas a diligências em curso, ou que in- de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e
diquem a realização de diligências futuras, cujo si- da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei
gilo seja imprescindível: (Promulgação partes veta- dos Juizados Especiais).
das) Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350,
anos, e multa. ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de 1940 (Código Penal).
de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decor-
fazer, sem expresso amparo legal: ridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação ofi-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) cial.
anos, e multa.

116
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o di-
reito a indenização pelo dano material ou moral de-
TÍTULO II corrente de sua violação;
DOS DIREITOS E
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
GARANTIAS FUNDAMENTAIS guém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
CAPÍTULO I desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105,
DOS DIREITOS E DEVERES
de 2015) (Vigência)
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das co-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem municações telefônicas, salvo, no último caso, por
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a estabelecer para fins de investigação criminal ou
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual- instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de
dade, à segurança e à propriedade, nos termos se- 1996)
guintes:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho,
I - homens e mulheres são iguais em direitos e ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
Carlos Miguel
obrigações, nos termos desta Constituição; Bezerra Paiva
fissionais que a lei estabelecer;
II - ninguém será obrigado a c.mbezerrapaiva@gmail.com
fazer ou deixar de XIV - é assegurado a todos o acesso à infor-
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 074.785.143-32
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando ne-
III - ninguém será submetido a tortura nem a cessário ao exercício profissional;
tratamento desumano ou degradante; XV - é livre a locomoção no território nacional
IV - é livre a manifestação do pensamento, em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
sendo vedado o anonimato; termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens;
V - é assegurado o direito de resposta, propor-
cional ao agravo, além da indenização por dano XVI - todos podem reunir-se pacificamente,
material, moral ou à imagem; sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frus-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e trem outra reunião anteriormente convocada para o
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a pro- autoridade competente;
teção aos locais de culto e a suas liturgias;
XVII - é plena a liberdade de associação para
VII - é assegurada, nos termos da lei, a presta- fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
ção de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva; XVIII - a criação de associações e, na forma da
lei, a de cooperativas independem de autorização,
VIII - ninguém será privado de direitos por mo- sendo vedada a interferência estatal em seu funci-
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica onamento;
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a XIX - as associações só poderão ser compul-
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; soriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus-
pensas por decisão judicial, exigindo-se, no pri-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, meiro caso, o trânsito em julgado;
artística, científica e de comunicação, independen-
temente de censura ou licença;

117
XX - ninguém poderá ser compelido a asso- XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros si-
ciar-se ou a permanecer associado; tuados no País será regulada pela lei brasileira em
XXI - as entidades associativas, quando ex- benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
pressamente autorizadas, têm legitimidade para re- pre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
presentar seus filiados judicial ou extrajudicial- do "de cujus";
mente; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XXII - é garantido o direito de propriedade; defesa do consumidor;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
social; públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
desapropriação por necessidade ou utilidade pú- ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
blica, ou por interesse social, mediante justa e pré- à segurança da sociedade e do Estado; (Regula-
via indenização em dinheiro, ressalvados os casos mento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
previstos nesta Constituição;
XXXIV - são a todos assegurados, indepen-
XXV - no caso de iminente perigo público, a dentemente do pagamento de taxas:
autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização a) o direito de petição aos Poderes Públicos
ulterior, se houver dano; em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim de-
finida em lei, desde que trabalhada pela família, b) a obtenção de certidões em repartições pú-
não será objeto de penhora para pagamento de dé- blicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
bitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- situações de interesse pessoal;
Carlos
pondo a lei sobre os meios de financiar o seuMiguel
de- Bezerra
XXXVPaiva
- a lei não excluirá da apreciação do Po-
senvolvimento; der Judiciário
c.mbezerrapaiva@gmail.com lesão ou ameaça a direito;
074.785.143-32
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo XXXVI - a lei não prejudicará o direito adqui-
de utilização, publicação ou reprodução de suas rido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exce-
a lei fixar; ção;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri,
a) a proteção às participações individuais em com a organização que lhe der a lei, assegurados:
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz a) a plenitude de defesa;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o sigilo das votações;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que parti- c) a soberania dos veredictos;
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respec- d) a competência para o julgamento dos crimes
tivas representações sindicais e associativas; dolosos contra a vida;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inven- XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
tos industriais privilégio temporário para sua utiliza- defina, nem pena sem prévia cominação legal;
ção, bem como proteção às criações industriais, à
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para be-
propriedade das marcas, aos nomes de empresas
neficiar o réu;
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
resse social e o desenvolvimento tecnológico e XLI - a lei punirá qualquer discriminação aten-
econômico do País; tatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XXX - é garantido o direito de herança; XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
são, nos termos da lei;

118
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e LIII - ninguém será processado nem sentenci-
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor- ado senão pela autoridade competente;
tura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
afins, o terrorismo e os definidos como crimes he- seus bens sem o devido processo legal;
diondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omiti- LV - aos litigantes, em processo judicial ou ad-
rem; (Regulamento) ministrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- e recursos a ela inerentes;
tível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrá- LVI - são inadmissíveis, no processo, as pro-
tico; vas obtidas por meios ilícitos;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do LVII - ninguém será considerado culpado até o
condenado, podendo a obrigação de reparar o trânsito em julgado de sentença penal condenató-
dano e a decretação do perdimento de bens ser, ria;
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e LVIII - o civilmente identificado não será sub-
contra eles executadas, até o limite do valor do pa- metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
trimônio transferido; previstas em lei; (Regulamento)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena LIX - será admitida ação privada nos crimes de
e adotará, entre outras, as seguintes: ação pública, se esta não for intentada no prazo le-
a) privação ou restrição da liberdade; gal;
b) perda de bens; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou
c) multa; o interesse social o exigirem;
Carlos Miguel Bezerra Paiva
d) prestação social alternativa; LXI - ninguém será preso senão em flagrante
c.mbezerrapaiva@gmail.com
e) suspensão ou interdição de direitos; delito ou por ordem escrita e fundamentada de au-
074.785.143-32
toridade judiciária competente, salvo nos casos de
XLVII - não haverá penas:
transgressão militar ou crime propriamente militar,
a) de morte, salvo em caso de guerra decla- definidos em lei;
rada, nos termos do art. 84, XIX;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local
b) de caráter perpétuo; onde se encontre serão comunicados imediata-
c) de trabalhos forçados; mente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
d) de banimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
e) cruéis;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
XLVIII - a pena será cumprida em estabeleci- assegurada a assistência da família e de advo-
mentos distintos, de acordo com a natureza do de- gado;
lito, a idade e o sexo do apenado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
integridade física e moral; tório policial;
L - às presidiárias serão asseguradas condi- LXV - a prisão ilegal será imediatamente rela-
ções para que possam permanecer com seus filhos xada pela autoridade judiciária;
durante o período de amamentação;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
naturalizado, em caso de crime comum, praticado com ou sem fiança;
antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
afins, na forma da lei;
inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
LII - não será concedida extradição de estran- sitário infiel;
geiro por crime político ou de opinião;

119
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre b) a certidão de óbito;
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer LXXVII - são gratuitas as ações de habeas cor-
violência ou coação em sua liberdade de locomo- pus e habeas data, e, na forma da lei, os atos ne-
ção, por ilegalidade ou abuso de poder; cessários ao exercício da cidadania.(Regulamento)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e adminis-
para proteger direito líquido e certo, não amparado trativo, são assegurados a razoável duração do
por habeas corpus ou habeas data, quando o res- processo e os meios que garantam a celeridade de
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au- sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucio-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no nal nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
exercício de atribuições do Poder Público;
§ 1º As normas definidoras dos direitos e ga-
LXX - o mandado de segurança coletivo pode rantias fundamentais têm aplicação imediata.
ser impetrado por:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta
a) partido político com representação no Con- Constituição não excluem outros decorrentes do re-
gresso Nacional; gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tra-
b) organização sindical, entidade de classe ou tados internacionais em que a República Federa-
associação legalmente constituída e em funciona- tiva do Brasil seja parte.
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- § 3º Os tratados e convenções internacionais
resses de seus membros ou associados; sobre direitos humanos que forem aprovados, em
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
sempre que a falta de norma regulamentadora por três quintos dos votos dos respectivos mem-
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades bros, serão equivalentes às emendas constitucio-
constitucionais e das prerrogativas inerentes à na- nais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
cionalidade, à soberania e à cidadania; de 2004) (Atos
Carlos Miguel Bezerra Paivaaprovados na forma deste pará-
LXXII - conceder-se-á habeas data: grafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018) (Vide
a) para assegurar o conhecimento de informa-074.785.143-32
ADIN 3392)
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades go- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
vernamentais ou de caráter público; nal Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
festado adesão. (Incluído pela Emenda Constituci-
b) para a retificação de dados, quando não se onal nº 45, de 2004)
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para CAPÍTULO II
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao DOS DIREITOS SOCIAIS
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio am- Art. 6º São direitos sociais a educação, a sa-
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o úde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas ju- porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
diciais e do ônus da sucumbência; proteção à maternidade e à infância, a assistência
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica aos desamparados, na forma desta Constituição.
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90,
cia de recursos; de 2015)
LXXV - o Estado indenizará o condenado por Art. 7º São direitos dos trabalhadores urba-
erro judiciário, assim como o que ficar preso além nos e rurais, além de outros que visem à melhoria
do tempo fixado na sentença; de sua condição social:
LXXVI - são gratuitos para os reconhecida- I - relação de emprego protegida contra despe-
mente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, dida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
de 1989) lei complementar, que preverá indenização com-
a) o registro civil de nascimento; pensatória, dentre outros direitos;

120
II - seguro-desemprego, em caso de desem- XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do em-
prego involuntário; prego e do salário, com a duração de cento e vinte
III - fundo de garantia do tempo de serviço; dias;

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacional- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados
mente unificado, capaz de atender a suas necessi- em lei;
dades vitais básicas e às de sua família com mora- XX - proteção do mercado de trabalho da mu-
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuá- lher, mediante incentivos específicos, nos termos
rio, higiene, transporte e previdência social, com re- da lei;
ajustes periódicos que lhe preservem o poder aqui- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
sitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
fim; da lei;
V - piso salarial proporcional à extensão e à XXII - redução dos riscos inerentes ao traba-
complexidade do trabalho; lho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto rança;
em convenção ou acordo coletivo; XXIII - adicional de remuneração para as ativi-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mí- dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
nimo, para os que percebem remuneração variável; da lei;
VIII - décimo terceiro salário com base na re- XXIV - aposentadoria;
muneração integral ou no valor da aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e depen-
IX – remuneração do trabalho noturno superior dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
à do diurno; idade em creches e pré-escolas; (Redação dada
X - proteção do salário na forma da lei,Miguel
consti- pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Carlos Bezerra Paiva
tuindo crime sua retenção dolosa; XXVI - reconhecimento das convenções e
c.mbezerrapaiva@gmail.com
XI – participação nos lucros, ou resultados, acordos coletivos de trabalho;
074.785.143-32
desvinculada da remuneração, e, excepcional- XXVII - proteção em face da automação, na
mente, participação na gestão da empresa, con- forma da lei;
forme definido em lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
XII - salário-família pago em razão do depen- cargo do empregador, sem excluir a indenização a
dente do trabalhador de baixa renda nos termos da que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº culpa;
20, de 1998) XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes
XIII - duração do trabalho normal não superior das relações de trabalho, com prazo prescricional
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, de cinco anos para os trabalhadores urbanos e ru-
facultada a compensação de horários e a redução rais, até o limite de dois anos após a extinção do
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) Constitucional nº 28, de 2000)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho re- a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
alizado em turnos ininterruptos de revezamento, Constitucional nº 28, de 2000)
salvo negociação coletiva; b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
XV - repouso semanal remunerado, preferen- Constitucional nº 28, de 2000)
cialmente aos domingos; XXX - proibição de diferença de salários, de
XVI - remuneração do serviço extraordinário exercício de funções e de critério de admissão por
superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) XXXI - proibição de qualquer discriminação no
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, tocante a salário e critérios de admissão do traba-
pelo menos, um terço a mais do que o salário nor- lhador portador de deficiência;
mal;

121
XXXII - proibição de distinção entre trabalho VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
manual, técnico e intelectual ou entre os profissio- ser votado nas organizações sindicais;
nais respectivos; VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, peri- dicalizado a partir do registro da candidatura a
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- cargo de direção ou representação sindical e, se
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo eleito, ainda que suplente, até um ano após o final
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; do mandato, salvo se cometer falta grave nos ter-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, mos da lei.
de 1998) Parágrafo único. As disposições deste artigo
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha- aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
dor com vínculo empregatício permanente e o tra- colônias de pescadores, atendidas as condições
balhador avulso. que a lei estabelecer.
Parágrafo único. São assegurados à categoria Art. 9º É assegurado o direito de greve, com-
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportuni-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, dade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e por meio dele defender.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
lei e observada a simplificação do cumprimento das § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
obrigações tributárias, principais e acessórias, de- senciais e disporá sobre o atendimento das neces-
correntes da relação de trabalho e suas peculiari- sidades inadiáveis da comunidade.
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV § 2º Os abusos cometidos sujeitam os respon-
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência sáveis às penas da lei.
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Art. 10. É assegurada a participação dos tra-
nº 72, de 2013) Carlos Miguel
Bezerra Paiva
balhadores e empregadores nos colegiados dos ór-
Art. 8º É livre a associação c.mbezerrapaiva@gmail.com
profissional ou gãos públicos em que seus interesses profissionais
sindical, observado o seguinte: 074.785.143-32
ou previdenciários sejam objeto de discussão e de-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado liberação.
para a fundação de sindicato, ressalvado o registro Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a empregados, é assegurada a eleição de um repre-
interferência e a intervenção na organização sindi- sentante destes com a finalidade exclusiva de pro-
cal; mover-lhes o entendimento direto com os empre-
II - é vedada a criação de mais de uma organi- gadores.
zação sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma
CAPÍTULO IV
base territorial, que será definida pelos trabalhado-
res ou empregadores interessados, não podendo DOS DIREITOS POLÍTICOS
ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e Art. 14. A soberania popular será exercida
interesses coletivos ou individuais da categoria, in- pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
clusive em questões judiciais ou administrativas; com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
IV - a assembleia geral fixará a contribuição
que, em se tratando de categoria profissional, será I - plebiscito;
descontada em folha, para custeio do sistema con- II - referendo;
federativo da representação sindical respectiva, in-
dependentemente da contribuição prevista em lei; III - iniciativa popular.

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man- § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:


ter-se filiado a sindicato; I - obrigatórios para os maiores de dezoito
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos anos;
nas negociações coletivas de trabalho; II - facultativos para:

122
a) os analfabetos; § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
b) os maiores de setenta anos; seguintes condições:

c) os maiores de dezesseis e menores de de- I - se contar menos de dez anos de serviço,


zoito anos. deverá afastar-se da atividade;

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os II - se contar mais de dez anos de serviço, será
estrangeiros e, durante o período do serviço militar agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
obrigatório, os conscritos. sará automaticamente, no ato da diplomação, para
a inatividade.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma
da lei: § 9º Lei complementar estabelecerá outros ca-
sos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação,
I - a nacionalidade brasileira; a fim de proteger a probidade administrativa, a mo-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; ralidade para exercício de mandato considerada
vida pregressa do candidato, e a normalidade e le-
III - o alistamento eleitoral;
gitimidade das eleições contra a influência do poder
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; econômico ou o abuso do exercício de função,
V - a filiação partidária; Regulamento cargo ou emprego na administração direta ou indi-
reta. (Redação dada pela Emenda Constitucional
VI - a idade mínima de: de Revisão nº 4, de 1994)
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice- § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado
Presidente da República e Senador; ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
b) trinta anos para Governador e Vice-Gover- contados da diplomação, instruída a ação com pro-
nador de Estado e do Distrito Federal; vas de abuso do poder econômico, corrupção ou
c) vinte e um anos para Deputado Federal, fraude.
De- Bezerra Paiva
Carlos Miguel
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito § 11. A ação de impugnação de mandato tra-
e juiz de paz;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mitará em segredo de justiça, respondendo o autor,
074.785.143-32
na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-
d) dezoito anos para Vereador.
fé.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfa-
betos. Art. 15. É vedada a cassação de direitos po-
líticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos ca-
§ 5º O Presidente da República, os Governa-
sos de:
dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos
e quem os houver sucedido, ou substituído no I - cancelamento da naturalização por sen-
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um tença transitada em julgado;
único período subsequente. (Redação dada pela II - incapacidade civil absoluta;
Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
III - condenação criminal transitada em julgado,
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Pre- enquanto durarem seus efeitos;
sidente da República, os Governadores de Estado
e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renun- IV - recusa de cumprir obrigação a todos im-
ciar aos respectivos mandatos até seis meses an- posta ou prestação alternativa, nos termos do art.
tes do pleito. 5º, VIII;

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição V - improbidade administrativa, nos termos do


do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos art. 37, § 4º.
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre- Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
sidente da República, de Governador de Estado ou entrará em vigor na data de sua publicação, não se
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de aplicando à eleição que ocorra até um ano da data
quem os haja substituído dentro dos seis meses de sua vigência. (Redação dada pela Emenda
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato Constitucional nº 4, de 1993)
eletivo e candidato à reeleição.

123
TÍTULO III CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO DA UNIÃO

CAPÍTULO I Art. 20. São bens da União:


DA ORGANIZAÇÃO
I - os que atualmente lhe pertencem e os que
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa
Art. 18. A organização político-administrativa das fronteiras, das fortificações e construções mili-
da República Federativa do Brasil compreende a tares, das vias federais de comunicação e à preser-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- vação ambiental, definidas em lei;
pios, todos autônomos, nos termos desta Constitui-
ção. III - os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
§ 1º Brasília é a Capital Federal. mais de um Estado, sirvam de limites com outros
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, países, ou se estendam a território estrangeiro ou
e sua criação, transformação em Estado ou reinte- dele provenham, bem como os terrenos marginais
gração ao Estado de origem serão reguladas em lei e as praias fluviais;
complementar. IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, trofes com outros países; as praias marítimas; as
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios as que contenham a sede de Municípios, exceto
Federais, mediante aprovação da população dire- aquelas áreas afetadas ao serviço público e a uni-
tamente interessada, através de plebiscito, e do
Carlos Miguel dade ambiental
Bezerra Paiva federal, e as referidas no art. 26, II;
Congresso Nacional, por lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
de 2005)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o074.785.143-32
des-
membramento de Municípios, far-se-ão por lei es- V - os recursos naturais da plataforma conti-
tadual, dentro do período determinado por Lei nental e da zona econômica exclusiva;
Complementar Federal, e dependerão de consulta VI - o mar territorial;
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-
nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
de Viabilidade Municipal, apresentados e publica- VIII - os potenciais de energia hidráulica;
dos na forma da lei. (Redação dada pela Emenda IX - os recursos minerais, inclusive os do sub-
Constitucional nº 15, de 1996) solo;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao X - as cavidades naturais subterrâneas e os sí-
Distrito Federal e aos Municípios: tios arqueológicos e pré-históricos;
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub- XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou índios.
manter com eles ou seus representantes relações
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União,
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a
da lei, a colaboração de interesse público;
participação no resultado da exploração de petró-
II - recusar fé aos documentos públicos; leo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
III - criar distinções entre brasileiros ou prefe- geração de energia elétrica e de outros recursos
rências entre si. minerais no respectivo território, plataforma conti-
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
ou compensação financeira por essa exploração.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
102, de 2019) (Produção de efeito)

124
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilôme- d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
tros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, viário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
designada como faixa de fronteira, é considerada ou que transponham os limites de Estado ou Terri-
fundamental para defesa do território nacional, e tório;
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. e) os serviços de transporte rodoviário interes-
Art. 21. Compete à União: tadual e internacional de passageiros;
I - manter relações com Estados estrangeiros f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
e participar de organizações internacionais; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
II - declarar a guerra e celebrar a paz; Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
rios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Reda-
III - assegurar a defesa nacional; ção dada pela Emenda Constitucional nº 69, de
IV - permitir, nos casos previstos em lei com- 2012) (Produção de efeito)
plementar, que forças estrangeiras transitem pelo XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
território nacional ou nele permaneçam temporaria- penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
mente; tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
V - decretar o estado de sítio, o estado de de- cia financeira ao Distrito Federal para a execução
fesa e a intervenção federal; de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comér- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
cio de material bélico; 104, de 2019)

VII - emitir moeda; XV - organizar e manter os serviços oficiais de


estatística, geografia, geologia e cartografia de âm-
VIII - administrar as reservas cambiais do País bito nacional;
e fiscalizar as operações de natureza financeira,
Carlos Miguel Bezerra
especialmente as de crédito, câmbio e capitaliza- XVIPaiva
- exercer a classificação, para efeito indi-
ção, bem como as de seguros e de cativo,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
previdência pri- de diversões públicas e de programas de rá-
vada; dio e televisão;
074.785.143-32
IX - elaborar e executar planos nacionais e re- XVII - conceder anistia;
gionais de ordenação do território e de desenvolvi- XVIII - planejar e promover a defesa perma-
mento econômico e social; nente contra as calamidades públicas, especial-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo mente as secas e as inundações;
nacional; XIX - instituir sistema nacional de gerencia-
XI - explorar, diretamente ou mediante autori- mento de recursos hídricos e definir critérios de ou-
zação, concessão ou permissão, os serviços de te- torga de direitos de seu uso; (Regulamento)
lecomunicações, nos termos da lei, que disporá so- XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
bre a organização dos serviços, a criação de um urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
órgão regulador e outros aspectos institucionais; transportes urbanos;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
de 15/08/95:) sistema nacional de viação;
XII - explorar, diretamente ou mediante autori- XXII - executar os serviços de polícia marítima,
zação, concessão ou permissão: aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
sons e imagens; (Redação dada pela Emenda XXIII - explorar os serviços e instalações nu-
Constitucional nº 8, de 15/08/95:) cleares de qualquer natureza e exercer monopólio
b) os serviços e instalações de energia elétrica estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento
e o aproveitamento energético dos cursos de água, e reprocessamento, a industrialização e o comércio
em articulação com os Estados onde se situam os de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
potenciais hidroenergéticos; os seguintes princípios e condições:
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-
estrutura aeroportuária;

125
a) toda atividade nuclear em território nacional XIV - populações indígenas;
somente será admitida para fins pacíficos e medi- XV - emigração e imigração, entrada, extradi-
ante aprovação do Congresso Nacional; ção e expulsão de estrangeiros;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a XVI - organização do sistema nacional de em-
comercialização e a utilização de radioisótopos prego e condições para o exercício de profissões;
para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e indus-
triais; (Redação dada pela Emenda Constitucional XVII - organização judiciária, do Ministério Pú-
nº 49, de 2006) blico do Distrito Federal e dos Territórios e da De-
fensoria Pública dos Territórios, bem como organi-
c) sob regime de permissão, são autorizadas a zação administrativa destes; (Redação dada pela
produção, comercialização e utilização de radioisó- Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção
topos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; de efeito)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49,
de 2006) XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico
e de geologia nacionais;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa; (Redação dada XIX - sistemas de poupança, captação e ga-
pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) rantia da poupança popular;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção XX - sistemas de consórcios e sorteios;
do trabalho; XXI - normas gerais de organização, efetivos,
XXV - estabelecer as áreas e as condições material bélico, garantias, convocação, mobiliza-
para o exercício da atividade de garimpagem, em ção, inatividades e pensões das polícias militares e
forma associativa. dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 22. Compete privativamente à União le-
Carlos Miguel XXII - Paiva
Bezerra competência da polícia federal e das po-
gislar sobre:
lícias rodoviária e ferroviária federais;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
I - direito civil, comercial, penal, processual,
XXIII - seguridade social;
074.785.143-32
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho; XXIV - diretrizes e bases da educação nacio-
nal;
II - desapropriação;
XXV - registros públicos;
III - requisições civis e militares, em caso de
iminente perigo e em tempo de guerra; XXVI - atividades nucleares de qualquer natu-
reza;
IV - águas, energia, informática, telecomunica-
ções e radiodifusão; XXVII – normas gerais de licitação e contrata-
ção, em todas as modalidades, para as administra-
V - serviço postal;
ções públicas diretas, autárquicas e fundacionais
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
garantias dos metais; obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as em-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e presas públicas e sociedades de economia mista,
transferência de valores; nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII - comércio exterior e interestadual;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial,
IX - diretrizes da política nacional de transpor- defesa marítima, defesa civil e mobilização nacio-
tes; nal;
X - regime dos portos, navegação lacustre, flu- XXIX - propaganda comercial.
vial, marítima, aérea e aeroespacial;
Parágrafo único. Lei complementar poderá au-
XI - trânsito e transporte; torizar os Estados a legislar sobre questões espe-
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e cíficas das matérias relacionadas neste artigo.
metalurgia;
Art. 23. É competência comum da União, dos
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

126
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e II - orçamento;
das instituições democráticas e conservar o patri- III - juntas comerciais;
mônio público;
IV - custas dos serviços forenses;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de de- V - produção e consumo;
ficiência; (Vide ADPF 672) VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação
III - proteger os documentos, as obras e outros da natureza, defesa do solo e dos recursos natu-
bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo- rais, proteção do meio ambiente e controle da po-
numentos, as paisagens naturais notáveis e os sí- luição;
tios arqueológicos; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
IV - impedir a evasão, a destruição e a desca- artístico, turístico e paisagístico;
racterização de obras de arte e de outros bens de VIII - responsabilidade por dano ao meio ambi-
valor histórico, artístico ou cultural; ente, ao consumidor, a bens e direitos de valor ar-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciên-
inovação; (Redação dada pela Emenda Constituci- cia, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inova-
onal nº 85, de 2015) ção; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
VI - proteger o meio ambiente e combater a po- 85, de 2015)
luição em qualquer de suas formas; X - criação, funcionamento e processo do jui-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; zado de pequenas causas;
VIII - fomentar a produção agropecuária e or- XI - procedimentos em matéria processual;
ganizar o abastecimento alimentar; XII - previdência social, proteção e defesa da
Carlos Miguel Bezerra Paiva
IX - promover programas de construção de mo- saúde; (Vide ADPF 672)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
radias e a melhoria das condições habitacionais e XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
de saneamento básico; (Vide ADPF 672) 074.785.143-32
XIV - proteção e integração social das pessoas
X - combater as causas da pobreza e os fato- portadoras de deficiência;
res de marginalização, promovendo a integração
XV - proteção à infância e à juventude;
social dos setores desfavorecidos;
XVI - organização, garantias, direitos e deve-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as con-
res das polícias civis.
cessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos e minerais em seus territórios; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer
XII - estabelecer e implantar política de educa-
normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
ção para a segurança do trânsito.
§ 2º A competência da União para legislar so-
Parágrafo único. Leis complementares fixarão
bre normas gerais não exclui a competência suple-
normas para a cooperação entre a União e os Es-
mentar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
tados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es- § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
tar em âmbito nacional. (Redação dada pela os Estados exercerão a competência legislativa
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide
Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 4º A superveniência de lei federal sobre nor-
mas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de
2019)

127
CAPÍTULO III § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será
DOS ESTADOS FEDERADOS fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legisla-
tiva, na razão de, no máximo, setenta e cinco por
cento daquele estabelecido, em espécie, para os
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem- Deputados Federais, observado o que dispõem os
se pelas Constituições e leis que adotarem, obser- arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
vados os princípios desta Constituição. I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
§ 1º São reservadas aos Estados as compe-
tências que não lhes sejam vedadas por esta Cons- § 3º Compete às Assembleias Legislativas dis-
tituição. por sobre seu regimento interno, polícia e serviços
administrativos de sua secretaria, e prover os res-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, pectivos cargos.
ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no
medida provisória para a sua regulamentação. (Re- processo legislativo estadual.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-
1995) Governador de Estado, para mandato de quatro
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei comple- anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outu-
mentar, instituir regiões metropolitanas, aglomera- bro, em primeiro turno, e no último domingo de ou-
ções urbanas e microrregiões, constituídas por tubro, em segundo turno, se houver, do ano ante-
agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- rior ao do término do mandato de seus antecesso-
grar a organização, o planejamento e a execução res, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do
de funções públicas de interesse comum. ano subsequente, observado, quanto ao mais, o
disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Esta-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Constitucional nº 16, de1997)
dos:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 1º Perderá o mandato o Governador que as-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, flu-
074.785.143-32
sumir outro cargo ou função na administração pú-
entes, emergentes e em depósito, ressalvadas, blica direta ou indireta, ressalvada a posse em vir-
neste caso, na forma da lei, as decorrentes de tude de concurso público e observado o disposto
obras da União; no art. 38, I, IV e V. (Renumerado do parágrafo
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Go-
sob domínio da União, Municípios ou terceiros; vernador e dos Secretários de Estado serão fixados
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencen- por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, ob-
tes à União; servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda
IV - as terras devolutas não compreendidas en-
tre as da União. Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 27. O número de Deputados à Assem-


bleia Legislativa corresponderá ao triplo da repre- CAPÍTULO IV
sentação do Estado na Câmara dos Deputados e, DOS MUNICÍPIOS
atingido o número de trinta e seis, será acrescido
de tantos quantos forem os Deputados Federais Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgâ-
acima de doze.
nica, votada em dois turnos, com o interstício mí-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos De- nimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
putados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviola- atendidos os princípios estabelecidos nesta Cons-
bilidade, imunidades, remuneração, perda de man- tituição, na Constituição do respectivo Estado e os
dato, licença, impedimentos e incorporação às For- seguintes preceitos:
ças Armadas.

128
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municí-
Vereadores, para mandato de quatro anos, medi- pios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
ante pleito direto e simultâneo realizado em todo o mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil)
País; habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito reali- nº 58, de 2009)
zada no primeiro domingo de outubro do ano ante- j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios
rior ao término do mandato dos que devam suce- de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e
der, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitan-
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; (Reda- tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
ção dada pela Emenda Constitucional nº 16, 2009)
de1997) k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municí-
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia pios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta
1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição; mil) habitantes e de até 900.000 (novecentos mil)
IV - para a composição das Câmaras Munici- habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
pais, será observado o limite máximo de: (Redação nº 58, de 2009)
dada pela Emenda Constitucional nº 58, de l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios
2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307) de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi-
15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) de 2009)

b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municí-


mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até pios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta
30.000 (trinta mil) habitantes; (Redação mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e du-
Carlosdada pela
Miguel Bezerra
zentos Paiva
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Constitucional nº 58, de 2009)
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com
074.785.143-32n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municí-
mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até
50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Redação dada pios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e tre-
zentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
80.000 (oitenta mil) habitantes; (Incluída pela o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municí-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) pios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cin-
quenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um mi-
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios lhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela
de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
120.000 (cento e vinte mil) habitantes; (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oi-
de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e tocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (In- Constitucional nº 58, de 2009)
cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municí-
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios pios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos
de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitan- mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e
tes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes; (In- quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela
cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Muni-
de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de cípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e qua-
até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitan- trocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três
tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
2009) Constitucional nº 58, de 2009)

129
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Mu- b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta
nicípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de ha- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
bitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de ha- corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
58, de 2009) Constitucional nº 25, de 2000)
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Muni- c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem
cípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de corresponderá a quarenta por cento do subsídio
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
nº 58, de 2009) Constitucional nº 25, de 2000)
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Muni- d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
cípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de ha- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
bitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habi- corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
de 2009) Constitucional nº 25, de 2000)
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Muni- e) em Municípios de trezentos mil e um a qui-
cípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de ha- nhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Ve-
bitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habi- readores corresponderá a sessenta por cento do
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
de 2009) Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Mu- f) em Municípios de mais de quinhentos mil ha-
nicípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de ha- bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores cor-
bitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habi- responderá a setenta e cinco por cento do subsídio
Carlos Miguel
tantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional nº Bezerra PaivaEstaduais; (Incluído pela Emenda
dos Deputados
58, de 2009) c.mbezerrapaiva@gmail.com
Constitucional nº 25, de 2000)
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos074.785.143-32
Mu- VII - o total da despesa com a remuneração
nicípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de ha- dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante
bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº de cinco por cento da receita do Município; (Inclu-
58, de 2009) ído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
dos Secretários Municipais fixados por lei de inicia- opiniões, palavras e votos no exercício do mandato
tiva da Câmara Municipal, observado o que dis- e na circunscrição do Município; (Renumerado do
põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de
§ 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional 1992)
nº 19, de 1998) IX - proibições e incompatibilidades, no exercí-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pe- cio da vereança, similares, no que couber, ao dis-
las respectivas Câmaras Municipais em cada legis- posto nesta Constituição para os membros do Con-
latura para a subseqüente, observado o que dispõe gresso Nacional e na Constituição do respectivo
esta Constituição, observados os critérios estabe- Estado para os membros da Assembléia Legisla-
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes tiva; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda
limites máximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Constitucional nº 25, de 2000) X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
vinte por cento do subsídio dos Deputados Estadu- XI - organização das funções legislativas e fis-
ais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de calizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do
2000) inciso IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de
1992)

130
XII - cooperação das associações representa- VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por
tivas no planejamento municipal; (Renumerado do cento) para Municípios com população acima de
inciso X, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. (Incluído
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de in- pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
teresse específico do Município, da cidade ou de 2009)
bairros, através de manifestação de, pelo menos, § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de
cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do in- setenta por cento de sua receita com folha de pa-
ciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) gamento, incluído o gasto com o subsídio de seus
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos ter- Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional
mos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do nº 25, de 2000)
inciso XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de § 2o Constitui crime de responsabilidade do
1992) Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 25, de 2000)
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Le-
gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Ve- I - efetuar repasse que supere os limites defini-
readores e excluídos os gastos com inativos, não dos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constituci-
poderá ultrapassar os seguintes percentuais, rela- onal nº 25, de 2000)
tivos ao somatório da receita tributária e das trans- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada
ferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº
158 e 159, efetivamente realizado no exercício an- 25, de 2000)
terior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25,
III - enviá-lo a menor em relação à proporção
de 2000) (Vide Emenda Constitucional nº 109, de
fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda
2021) (Vigência)
Constitucional nº 25, de 2000)
I - 7% (sete por cento) para Municípios com po-
Carlos Miguel Bezerra § 3Paiva
o
Constitui crime de responsabilidade do
pulação de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Re-
Presidente
c.mbezerrapaiva@gmail.com da Câmara Municipal o desrespeito ao
dação dada pela Emenda Constituição Constituci-
§ 1o deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitu-
onal nº 58, de 2009) (Produção de efeito) 074.785.143-32
cional nº 25, de 2000)
II - 6% (seis por cento) para Municípios com
população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre- Art. 30. Compete aos Municípios:
zentos mil) habitantes; (Redação dada pela I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
II - suplementar a legislação federal e a esta-
2009)
dual no que couber; (Vide ADPF 672)
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
III - instituir e arrecadar os tributos de sua com-
população entre 300.001 (trezentos mil e um) e
petência, bem como aplicar suas rendas, sem pre-
500.000 (quinhentos mil) habitantes; (Redação
juízo da obrigatoriedade de prestar contas e publi-
dada pela Emenda Constituição Constitucional nº
car balancetes nos prazos fixados em lei;
58, de 2009)
IV - criar, organizar e suprimir distritos, obser-
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por
vada a legislação estadual;
cento) para Municípios com população entre
500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três mi- V - organizar e prestar, diretamente ou sob re-
lhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda gime de concessão ou permissão, os serviços pú-
Constituição Constitucional nº 58, de 2009) blicos de interesse local, incluído o de transporte
coletivo, que tem caráter essencial;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e VI - manter, com a cooperação técnica e finan-
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluído ceira da União e do Estado, programas de educa-
pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de ção infantil e de ensino fundamental; (Redação
2009) dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e finan-
ceira da União e do Estado, serviços de atendi-
mento à saúde da população;

131
VIII - promover, no que couber, adequado or- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Gover-
denamento territorial, mediante planejamento e nador, observadas as regras do art. 77, e dos De-
controle do uso, do parcelamento e da ocupação putados Distritais coincidirá com a dos Governado-
do solo urbano; res e Deputados Estaduais, para mandato de igual
IX - promover a proteção do patrimônio histó- duração.
rico-cultural local, observada a legislação e a ação § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Le-
fiscalizadora federal e estadual. gislativa aplica-se o disposto no art. 27.
Art. 31. A fiscalização do Município será § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
exercida pelo Poder Legislativo Municipal, medi- Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da po-
ante controle externo, e pelos sistemas de controle lícia penal, da polícia militar e do corpo de bombei-
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da ros militar. (Redação dada pela Emenda Constitu-
lei. cional nº 104, de 2019)
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal
será exercido com o auxílio dos Tribunais de Con- SEÇÃO II
tas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos DOS TERRITÓRIOS
ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde hou-
ver.
Art. 33. A lei disporá sobre a organização ad-
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão com-
ministrativa e judiciária dos Territórios.
petente sobre as contas que o Prefeito deve anual-
mente prestar, só deixará de prevalecer por deci- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em
são de dois terços dos membros da Câmara Muni- Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
cipal. disposto no Capítulo IV deste Título.
Carlos
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, § 2º As
Miguel Bezerra
durante contas do Governo do Território serão
Paiva
sessenta dias, anualmente, à disposição de qual- submetidas ao Congresso Nacional, com parecer
c.mbezerrapaiva@gmail.com
quer contribuinte, para exame e apreciação, o qual prévio do Tribunal de Contas da União.
074.785.143-32
poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem
da lei. mil habitantes, além do Governador nomeado na
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conse- forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários
lhos ou órgãos de Contas Municipais. de primeira e segunda instância, membros do Mi-
nistério Público e defensores públicos federais; a lei
disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial
CAPÍTULO V e sua competência deliberativa.
DO DISTRITO FEDERAL
E DOS TERRITÓRIOS CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
SEÇÃO I
DO DISTRITO FEDERAL SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divi-
são em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, vo-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo
tada em dois turnos com interstício mínimo de dez
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legis-
dos Deputados e do Senado Federal.
lativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição. Parágrafo único. Cada legislatura terá a dura-
ção de quatro anos.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
petências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.

132
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe- V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação
proporcional, em cada Estado, em cada Território e dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
no Distrito Federal.
a) organização e funcionamento da administra-
§ 1º O número total de Deputados, bem como ção federal, quando não implicar aumento de des-
a representação por Estado e pelo Distrito Federal, pesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
será estabelecido por lei complementar, proporcio- (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
nalmente à população, procedendo-se aos ajustes 2001)
necessários, no ano anterior às eleições, para que
b) extinção de funções ou cargos públicos,
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha
quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucio-
menos de oito ou mais de setenta Deputados.
nal nº 32, de 2001)
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
VII - manter relações com Estados estrangei-
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de re- ros e acreditar seus representantes diplomáticos;
presentantes dos Estados e do Distrito Federal, VIII - celebrar tratados, convenções e atos in-
eleitos segundo o princípio majoritário. ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão Nacional;
três Senadores, com mandato de oito anos. IX - decretar o estado de defesa e o estado de
§ 2º A representação de cada Estado e do Dis- sítio;
trito Federal será renovada de quatro em quatro X - decretar e executar a intervenção federal;
anos, alternadamente, por um e dois terços.
XI - remeter mensagem e plano de governo ao
§ 3º Cada Senador será eleito com dois su- Congresso Nacional por ocasião da abertura da
plentes. sessão Paiva
legislativa, expondo a situação do País e
Carlos Miguel Bezerra
solicitando
Art. 47. Salvo disposição c.mbezerrapaiva@gmail.com
constitucional em as providências que julgar necessárias;
contrário, as deliberações de cada Casa e074.785.143-32
de suas XII - conceder indulto e comutar penas, com
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
presente a maioria absoluta de seus membros. lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças
CAPÍTULO II Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
DO PODER EXECUTIVO
generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; (Redação dada pela Emenda Constituci-
SEÇÃO II onal nº 23, de 02/09/99)
DAS ATRIBUIÇÕES DO XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal
e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre-
Art. 84. Compete privativamente ao Presi-
sidente e os diretores do banco central e outros
dente da República:
servidores, quando determinado em lei;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Es- os Ministros do Tribunal de Contas da União;
tado, a direção superior da administração federal;
XVI - nomear os magistrados, nos casos pre-
III - iniciar o processo legislativo, na forma e vistos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da
nos casos previstos nesta Constituição; União;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as XVII - nomear membros do Conselho da Repú-
leis, bem como expedir decretos e regulamentos blica, nos termos do art. 89, VII;
para sua fiel execução; XVIII - convocar e presidir o Conselho da Re-
pública e o Conselho de Defesa Nacional;

133
XIX - declarar guerra, no caso de agressão es- Parágrafo único. Compete ao Ministro de Es-
trangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou tado, além de outras atribuições estabelecidas
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo nesta Constituição e na lei:
das sessões legislativas, e, nas mesmas condi- I - exercer a orientação, coordenação e super-
ções, decretar, total ou parcialmente, a mobilização visão dos órgãos e entidades da administração fe-
nacional; deral na área de sua competência e referendar os
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o refe- atos e decretos assinados pelo Presidente da Re-
rendo do Congresso Nacional; pública;
XXI - conferir condecorações e distinções ho- II - expedir instruções para a execução das
noríficas; leis, decretos e regulamentos;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei com- III - apresentar ao Presidente da República re-
plementar, que forças estrangeiras transitem pelo latório anual de sua gestão no Ministério;
território nacional ou nele permaneçam temporaria- IV - praticar os atos pertinentes às atribuições
mente; que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presi-
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano dente da República.
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentá-
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extin-
rias e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição; ção de Ministérios e órgãos da administração pú-
blica. (Redação dada pela Emenda Constitucional
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Na- nº 32, de 2001)
cional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercí-
cio anterior; CAPÍTULO III
Carlos
XXV - prover e extinguir os cargos Miguel
públicos fe- Bezerra Paiva
DO PODER JUDICIÁRIO
derais, na forma da lei; c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32
XXVI - editar medidas provisórias com força de SEÇÃO I
lei, nos termos do art. 62; DISPOSIÇÕES GERAIS
XXVII - exercer outras atribuições previstas
nesta Constituição. Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a de- I - o Supremo Tribunal Federal;
cretação do estado de calamidade pública de âm-
bito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167- I - A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído
D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Inclu- pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) II - o Superior Tribunal de Justiça;
Parágrafo único. O Presidente da República II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído
poderá delegar as atribuições mencionadas nos in- pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
cisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Federais;
Advogado-Geral da União, que observarão os limi-
tes traçados nas respectivas delegações. IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

SEÇÃO IV VI - os Tribunais e Juízes Militares;


DOS MINISTROS DE ESTADO VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão esco- § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
lhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
anos e no exercício dos direitos políticos. sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)

134
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribu- III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-
nais Superiores têm jurisdição em todo o território se-á por antigüidade e merecimento, alternada-
nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº mente, apurados na última ou única entrância; (Re-
45, de 2004) dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Esta- IV - previsão de cursos oficiais de preparação,
tuto da Magistratura, observados os seguintes prin- aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
cípios: constituindo etapa obrigatória do processo de vita-
liciamento a participação em curso oficial ou reco-
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será nhecido por escola nacional de formação e aperfei-
o de juiz substituto, mediante concurso público de çoamento de magistrados; (Redação dada pela
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo- 3392)
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomea- V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Su-
ções, à ordem de classificação; (Redação dada periores corresponderá a noventa e cinco por cento
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) do subsídio mensal fixado para os Ministros do Su-
premo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
II - promoção de entrância para entrância, al- magistrados serão fixados em lei e escalonados,
ternadamente, por antiguidade e merecimento, em nível federal e estadual, conforme as respecti-
atendidas as seguintes normas: vas categorias da estrutura judiciária nacional, não
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure podendo a diferença entre uma e outra ser superior
por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem
lista de merecimento; exceder a noventa e cinco por cento do subsídio
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
b) a promoção por merecimentoCarlos Miguel Bezerra
pressupõe Paiva
dois anos de exercício na respectiva entrância e in- obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda
tegrar o juiz a primeira quinta parte da lista de anti-
074.785.143-32
güidade desta, salvo se não houver com tais requi- Constitucional nº 19, de 1998)
sitos quem aceite o lugar vago; VI - a aposentadoria dos magistrados e a pen-
c) aferição do merecimento conforme o desem- são de seus dependentes observarão o disposto no
penho e pelos critérios objetivos de produtividade e art. 40; (Redação dada pela Emenda Constitucional
presteza no exercício da jurisdição e pela freqüên- nº 20, de 1998)
cia e aproveitamento em cursos oficiais ou reco- VII o juiz titular residirá na respectiva comarca,
nhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
d) na apuração de antigüidade, o tribunal so- VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade
mente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto do magistrado, por interesse público, fundar-se-á
fundamentado de dois terços de seus membros, em decisão por voto da maioria absoluta do respec-
conforme procedimento próprio, e assegurada am- tivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
pla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a in- assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
dicação; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nal nº 45, de 2004) VIII - A a remoção a pedido ou a permuta de
e) não será promovido o juiz que, injustificada- magistrados de comarca de igual entrância aten-
mente, retiver autos em seu poder além do prazo derá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitu-
devido despacho ou decisão; (Incluída pela cional nº 45, de 2004)
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

135
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, esco-
limitar a presença, em determinados atos, às pró- lherá um de seus integrantes para nomeação.
prias partes e a seus advogados, ou somente a es-
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes ga-
tes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique rantias:
o interesse público à informação; (Redação dada I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) adquirida após dois anos de exercício, dependendo
X - as decisões administrativas dos tribunais a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
serão motivadas e em sessão pública, sendo as tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos de-
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta mais casos, de sentença judicial transitada em jul-
de seus membros; (Redação dada pela Emenda gado;
Constitucional nº 45, de 2004) II - inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
XI - nos tribunais com número superior a vinte resse público, na forma do art. 93, VIII;
e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão es- III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
pecial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
e cinco membros, para o exercício das atribuições III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda
administrativas e jurisdicionais delegadas da com- Constitucional nº 19, de 1998)
petência do tribunal pleno, provendo-se metade Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
das vagas por antigüidade e a outra metade por
eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) cargo ou função, salvo uma de magistério;

Carlos
XII - a atividade jurisdicional será II - receber,
Miguel Bezerra
ininterrupta, Paivaa qualquer título ou pretexto, cus-
sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais tas ou participação em processo;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
de segundo grau, funcionando, nos dias em que III - dedicar-se à atividade político-partidária.
não houver expediente forense normal, juízes 074.785.143-32
em
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxí-
plantão permanente; (Incluído pela Emenda Cons-
lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
titucional nº 45, de 2004)
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre-
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicio- vistas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional
nal será proporcional à efetiva demanda judicial e à nº 45, de 2004)
respectiva população; (Incluído pela Emenda
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
Constitucional nº 45, de 2004)
qual se afastou, antes de decorridos três anos do
XIV - os servidores receberão delegação para afastamento do cargo por aposentadoria ou exone-
a prática de atos de administração e atos de mero ração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
expediente sem caráter decisório; (Incluído pela de 2004)
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 96. Compete privativamente:
XV a distribuição de processos será imediata,
em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela I - aos tribunais:
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
regimentos internos, com observância das normas
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
de processo e das garantias processuais das par-
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
tes, dispondo sobre a competência e o funciona-
do Distrito Federal e Territórios será composto de
mento dos respectivos órgãos jurisdicionais e ad-
membros, do Ministério Público, com mais de dez
ministrativos;
anos de carreira, e de advogados de notório saber
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez b) organizar suas secretarias e serviços auxili-
anos de efetiva atividade profissional, indicados em ares e os dos juízos que lhes forem vinculados, ve-
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das lando pelo exercício da atividade correicional res-
respectivas classes. pectiva;

136
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, I - juizados especiais, providos por juízes toga-
os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdi- dos, ou togados e leigos, competentes para a con-
ção; ciliação, o julgamento e a execução de causas cí-
d) propor a criação de novas varas judiciárias; veis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo, mediante os procedi-
e) prover, por concurso público de provas, ou mentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóte-
de provas e títulos, obedecido o disposto no art. ses previstas em lei, a transação e o julgamento de
169, parágrafo único, os cargos necessários à ad- recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
ministração da Justiça, exceto os de confiança as-
sim definidos em lei; II - justiça de paz, remunerada, composta de
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e se-
f) conceder licença, férias e outros afastamen- creto, com mandato de quatro anos e competência
tos a seus membros e aos juízes e servidores que para, na forma da lei, celebrar casamentos, verifi-
lhes forem imediatamente vinculados; car, de ofício ou em face de impugnação apresen-
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais tada, o processo de habilitação e exercer atribui-
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao ções conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto de outras previstas na legislação.
no art. 169: § 1º Lei federal disporá sobre a criação de jui-
a) a alteração do número de membros dos tri- zados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Re-
bunais inferiores; numerado pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Vide ADIN 3392)
b) a criação e a extinção de cargos e a remu-
neração dos seus serviços auxiliares e dos juízos § 2º As custas e emolumentos serão destina-
que lhes forem vinculados, bem como a fixação do dos exclusivamente ao custeio dos serviços afetos
subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela
Carlos(Redação
dos tribunais inferiores, onde houver; Miguel Bezerra Paiva
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
dada pela Emenda Constitucional nº 41,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada au-
19.12.2003)
074.785.143-32
tonomia administrativa e financeira.
c) a criação ou extinção dos tribunais inferio-
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas or-
res;
çamentárias dentro dos limites estipulados conjun-
d) a alteração da organização e da divisão ju- tamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
diciárias; orçamentárias.
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes es- § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos
taduais e do Distrito Federal e Territórios, bem os outros tribunais interessados, compete:
como os membros do Ministério Público, nos cri-
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Su-
mes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
competência da Justiça Eleitoral.
com a aprovação dos respectivos tribunais;
Art. 97. Somente pelo voto da maioria abso- II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Fe-
luta de seus membros ou dos membros do respec- deral e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais
tivo órgão especial poderão os tribunais declarar a de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribu-
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Po- nais.
der Público.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não enca-
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos minharem as respectivas propostas orçamentárias
Territórios, e os Estados criarão: dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes or-
çamentárias, o Poder Executivo considerará, para
fins de consolidação da proposta orçamentária
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vi-
gente, ajustados de acordo com os limites estipula-
dos na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

137
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que § 3º O disposto no caput deste artigo relativa-
trata este artigo forem encaminhadas em desa- mente à expedição de precatórios não se aplica
cordo com os limites estipulados na forma do § 1º, aos pagamentos de obrigações definidas em leis
o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá- como de pequeno valor que as Fazendas referidas
rios para fins de consolidação da proposta orça- devam fazer em virtude de sentença judicial transi-
mentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucio- tada em julgado. (Redação dada pela Emenda
nal nº 45, de 2004) Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º Durante a execução orçamentária do exer- § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão
cício, não poderá haver a realização de despesas ser fixados, por leis próprias, valores distintos às
ou a assunção de obrigações que extrapolem os li- entidades de direito público, segundo as diferentes
mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá- capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao
rias, exceto se previamente autorizadas, mediante valor do maior benefício do regime geral de previ-
a abertura de créditos suplementares ou especi- dência social. (Redação dada pela Emenda Cons-
ais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de titucional nº 62, de 2009).
2004) § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fa- entidades de direito público, de verba necessária
zendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Mu- ao pagamento de seus débitos, oriundos de sen-
nicipais, em virtude de sentença judiciária, far-se- tenças transitadas em julgado, constantes de pre-
ão exclusivamente na ordem cronológica de apre- catórios judiciários apresentados até 1º de julho, fa-
sentação dos precatórios e à conta dos créditos zendo-se o pagamento até o final do exercício se-
respectivos, proibida a designação de casos ou de guinte, quando terão seus valores atualizados mo-
pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi- netariamente. (Redação dada pela Emenda Cons-
tos adicionais abertos para este fim. (Redação titucional nº 62, de 2009).
dada pela Emenda Constitucional nºCarlos62, de 2009).
Miguel Bezerra Paiva
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos
(Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009) abertos serão consignados diretamente ao Poder
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia 074.785.143-32
com-
preendem aqueles decorrentes de salários, venci- proferir a decisão exequenda determinar o paga-
mentos, proventos, pensões e suas complementa- mento integral e autorizar, a requerimento do cre-
ções, benefícios previdenciários e indenizações dor e exclusivamente para os casos de preteri-
por morte ou por invalidez, fundadas em responsa- mento de seu direito de precedência ou de não alo-
bilidade civil, em virtude de sentença judicial transi- cação orçamentária do valor necessário à satisfa-
tada em julgado, e serão pagos com preferência ção do seu débito, o sequestro da quantia respec-
sobre todos os demais débitos, exceto sobre aque- tiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
les referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada 62, de 2009).
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 7º O Presidente do Tribunal competente que,
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
titulares, originários ou por sucessão hereditária, frustrar a liquidação regular de precatórios incor-
tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam por- rerá em crime de responsabilidade e responderá,
tadores de doença grave, ou pessoas com defici- também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
ência, assim definidos na forma da lei, serão pagos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
com preferência sobre todos os demais débitos, até 2009).
o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os § 8º É vedada a expedição de precatórios com-
fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fra- plementares ou suplementares de valor pago, bem
cionamento para essa finalidade, sendo que o res- como o fracionamento, repartição ou quebra do va-
tante será pago na ordem cronológica de apresen- lor da execução para fins de enquadramento de
tação do precatório. (Redação dada pela Emenda parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
Constitucional nº 94, de 2016) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).

138
§ 9º No momento da expedição dos precató- corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (In-
rios, independentemente de regulamentação, deles cluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
deverá ser abatido, a título de compensação, valor § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei,
correspondente aos débitos líquidos e certos, ins- a União poderá assumir débitos, oriundos de pre-
critos ou não em dívida ativa e constituídos contra catórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios,
o credor original pela Fazenda Pública devedora, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela
incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
ressalvados aqueles cuja execução esteja sus-
pensa em virtude de contestação administrativa ou § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e
judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº os Municípios aferirão mensalmente, em base
62, de 2009). anual, o comprometimento de suas respectivas re-
ceitas correntes líquidas com o pagamento de pre-
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o catórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído
Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de
perda do direito de abatimento, informação sobre § 18. Entende-se como receita corrente lí-
os débitos que preencham as condições estabele- quida, para os fins de que trata o § 17, o somatório
cidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído das receitas tributárias, patrimoniais, industriais,
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
transferências correntes e outras receitas corren-
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabe- tes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da
lecido em lei da entidade federativa devedora, a en- Constituição Federal, verificado no período com-
trega de créditos em precatórios para compra de preendido pelo segundo mês imediatamente ante-
imóveis públicos do respectivo ente federado. (In- rior ao de referência e os 11 (onze) meses prece-
cluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). dentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (In-
§ 12. A partir da promulgaçãoCarlos Miguel
desta Emenda Bezerra pela
cluído Paiva
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
Constitucional, a atualização de valores de requisi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com I - na União, as parcelas entregues aos Esta-
tórios, após sua expedição, até o efetivo paga- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios por deter-
mento, independentemente de sua natureza, 074.785.143-32
será minação constitucional; (Incluído pela Emenda
feita pelo índice oficial de remuneração básica da Constitucional nº 94, de 2016)
caderneta de poupança, e, para fins de compensa-
ção da mora, incidirão juros simples no mesmo per- II - nos Estados, as parcelas entregues aos
centual de juros incidentes sobre a caderneta de Municípios por determinação constitucional; (Inclu-
poupança, ficando excluída a incidência de juros ído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
compensatórios. (Incluído pela Emenda Constituci- III - na União, nos Estados, no Distrito Federal
onal nº 62, de 2009). e nos Municípios, a contribuição dos servidores
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcial- para custeio de seu sistema de previdência e assis-
mente, seus créditos em precatórios a terceiros, in- tência social e as receitas provenientes da compen-
dependentemente da concordância do devedor, sação financeira referida no § 9º do art. 201 da
não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Cons-
2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, titucional nº 94, de 2016)
de 2009). § 19. Caso o montante total de débitos decor-
§ 14. A cessão de precatórios somente produ- rentes de condenações judiciais em precatórios e
zirá efeitos após comunicação, por meio de petição obrigações de pequeno valor, em período de 12
protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade (doze) meses, ultrapasse a média do comprometi-
devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº mento percentual da receita corrente líquida nos 5
62, de 2009). (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela
que exceder esse percentual poderá ser financi-
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei ada, excetuada dos limites de endividamento de
complementar a esta Constituição Federal poderá que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Consti-
estabelecer regime especial para pagamento de tuição Federal e de quaisquer outros limites de en-
crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal dividamento previstos, não se aplicando a esse fi-
e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita nanciamento a vedação de vinculação de receita

139
prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Fe- VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tri-
deral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, bunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constituci-
de 2016) onal nº 45, de 2004)
§ 20. Caso haja precatório com valor superior VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
a 15% (quinze por cento) do montante dos preca- indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Inclu-
tórios apresentados nos termos do § 5º deste ar- ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
tigo, 15% (quinze por cento) do valor deste preca- IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
tório serão pagos até o final do exercício seguinte Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Cons-
e o restante em parcelas iguais nos cinco exercí- titucional nº 45, de 2004)
cios subsequentes, acrescidas de juros de mora e
correção monetária, ou mediante acordos diretos, X um membro do Ministério Público da União,
perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Preca- indicado pelo Procurador-Geral da República; (In-
tórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
cento) do valor do crédito atualizado, desde que em XI um membro do Ministério Público estadual,
relação ao crédito não penda recurso ou defesa ju- escolhido pelo Procurador-Geral da República den-
dicial e que sejam observados os requisitos defini- tre os nomes indicados pelo órgão competente de
dos na regulamentação editada pelo ente federado. cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de Constitucional nº 45, de 2004)
2016)
XII dois advogados, indicados pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Inclu-
SEÇÃO II ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Carlos Miguel Bezerra
DeputadosPaiva
e outro pelo Senado Federal. (Incluído
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça
pela
c.mbezerrapaiva@gmail.comEmenda Constitucional nº 45, de 2004)
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato
de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, 074.785.143-32
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presi-
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional dente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas au-
nº 61, de 2009) sências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do
Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
de 2009) § 2º Os demais membros do Conselho serão
nomeados pelo Presidente da República, depois de
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela nado Federal. (Redação dada pela Emenda Cons-
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) titucional nº 61, de 2009)
III um Ministro do Tribunal Superior do Traba- § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indica-
lho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela ções previstas neste artigo, caberá a escolha ao
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, Constitucional nº 45, de 2004)
indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído § 4º Compete ao Conselho o controle da atua-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ção administrativa e financeira do Poder Judiciário
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tri- e do cumprimento dos deveres funcionais dos juí-
bunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucio- zes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que
nal nº 45, de 2004) lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indi- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
cado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído 2004)
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

140
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça
pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, po- exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará
dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de excluído da distribuição de processos no Tribunal,
sua competência, ou recomendar providências; (In- competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as se-
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, guintes: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos 45, de 2004)
atos administrativos praticados por membros ou ór- I - receber as reclamações e denúncias, de
gãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí- qualquer interessado, relativas aos magistrados e
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as aos serviços judiciários; (Incluído pela Emenda
providências necessárias ao exato cumprimento da Constitucional nº 45, de 2004)
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de II - exercer funções executivas do Conselho,
Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitu- de inspeção e de correição geral; (Incluído pela
cional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III - receber e conhecer das reclamações con- III - requisitar e designar magistrados, dele-
tra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclu- gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de
sive contra seus serviços auxiliares, serventias e juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito
órgãos prestadores de serviços notariais e de re- Federal e Territórios. (Incluído pela Emenda Cons-
gistro que atuem por delegação do poder público titucional nº 45, de 2004)
ou oficializados, sem prejuízo da competência dis-
ciplinar e correicional dos tribunais, podendo avo- § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-
car processos disciplinares em curso, determinar a Geral da República e o Presidente do Conselho Fe-
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras san- deral da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído
ções administrativas, assegurada ampla defesa; pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Carlos Miguel Bezerra Paiva
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
103, de 2019) c.mbezerrapaiva@gmail.com
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competen-
IV - representar ao Ministério Público,074.785.143-32
no caso tes para receber reclamações e denúncias de qual-
de crime contra a administração pública ou de quer interessado contra membros ou órgãos do Po-
abuso de autoridade; (Incluído pela Emenda Cons- der Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares,
titucional nº 45, de 2004) representando diretamente ao Conselho Nacional
de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os 45, de 2004)
processos disciplinares de juízes e membros de tri-
bunais julgados há menos de um ano; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) SEÇÃO I
VI - elaborar semestralmente relatório estatís- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
tico sobre processos e sentenças prolatadas, por
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Art. 127. O Ministério Público é instituição
Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constituci-
permanente, essencial à função jurisdicional do Es-
onal nº 45, de 2004)
tado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
VII - elaborar relatório anual, propondo as pro- do regime democrático e dos interesses sociais e
vidências que julgar necessárias, sobre a situação individuais indisponíveis.
do Poder Judiciário no País e as atividades do Con-
§ 1º São princípios institucionais do Ministério
selho, o qual deve integrar mensagem do Presi-
Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
dente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida
dência funcional.
ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitu- § 2º Ao Ministério Público é assegurada auto-
cional nº 45, de 2004) nomia funcional e administrativa, podendo, obser-
vado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legis-
lativo a criação e extinção de seus cargos e servi-
ços auxiliares, provendo-os por concurso público
de provas ou de provas e títulos, a política

141
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá § 2º A destituição do Procurador-Geral da Re-
sobre sua organização e funcionamento. (Redação pública, por iniciativa do Presidente da República,
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) deverá ser precedida de autorização da maioria ab-
§ 3º O Ministério Público elaborará sua pro- soluta do Senado Federal.
posta orçamentária dentro dos limites estabeleci- § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o
dos na lei de diretrizes orçamentárias. do Distrito Federal e Territórios formarão lista trí-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a plice dentre integrantes da carreira, na forma da lei
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
Poder Executivo considerará, para fins de consoli- para mandato de dois anos, permitida uma recon-
dação da proposta orçamentária anual, os valores dução.
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no
de acordo com os limites estipulados na forma do § Distrito Federal e Territórios poderão ser destituí-
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de dos por deliberação da maioria absoluta do Poder
2004) Legislativo, na forma da lei complementar respec-
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata tiva.
este artigo for encaminhada em desacordo com os § 5º Leis complementares da União e dos Es-
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Exe- tados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
cutivo procederá aos ajustes necessários para fins Procuradores-Gerais, estabelecerão a organiza-
de consolidação da proposta orçamentária anual. ção, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de Público, observadas, relativamente a seus mem-
2004) bros:
§ 6º Durante a execução orçamentária do exer- I - as seguintes garantias:
Carlos Miguel
cício, não poderá haver a realização de despesas Bezerra Paiva
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
ou a assunção de obrigações que extrapolem os li- não podendo perder o cargo senão por sentença
mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá-
074.785.143-32
judicial transitada em julgado;
rias, exceto se previamente autorizadas, mediante
a abertura de créditos suplementares ou especiais. b) inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de resse público, mediante decisão do órgão colegi-
2004) ado competente do Ministério Público, pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, assegurada
Art. 128. O Ministério Público abrange: ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Cons-
I - o Ministério Público da União, que compre- titucional nº 45, de 2004)
ende: c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma
a) o Ministério Público Federal; do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts.
37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação
b) o Ministério Público do Trabalho; dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) o Ministério Público Militar; II - as seguintes vedações:
d) o Ministério Público do Distrito Federal e a) receber, a qualquer título e sob qualquer
Territórios; pretexto, honorários, percentagens ou custas pro-
II - os Ministérios Públicos dos Estados. cessuais;
§ 1º O Ministério Público da União tem por b) exercer a advocacia;
chefe o Procurador-Geral da República, nomeado c) participar de sociedade comercial, na forma
pelo Presidente da República dentre integrantes da da lei;
carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos d) exercer, ainda que em disponibilidade, qual-
membros do Senado Federal, para mandato de quer outra função pública, salvo uma de magistério;
dois anos, permitida a recondução. e) exercer atividade político-partidária; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

142
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxí- § 2º As funções do Ministério Público só podem
lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades ser exercidas por integrantes da carreira, que de-
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre- verão residir na comarca da respectiva lotação,
vistas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional salvo autorização do chefe da instituição. (Redação
nº 45, de 2004) dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Pú- § 3º O ingresso na carreira do Ministério Pú-
blico o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (In- blico far-se-á mediante concurso público de provas
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) e títulos, assegurada a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-
Art. 129. São funções institucionais do Minis-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
tério Público: atividade jurídica e observando-se, nas nomea-
I - promover, privativamente, a ação penal pú- ções, a ordem de classificação. (Redação dada
blica, na forma da lei; pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pú- § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que
blicos e dos serviços de relevância pública aos di- couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela
reitos assegurados nesta Constituição, promo- Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
vendo as medidas necessárias a sua garantia; § 5º A distribuição de processos no Ministério
III - promover o inquérito civil e a ação civil pú- Público será imediata. (Incluído pela Emenda
blica, para a proteção do patrimônio público e so- Constitucional nº 45, de 2004)
cial, do meio ambiente e de outros interesses difu-
Art. 130. Aos membros do Ministério Público
sos e coletivos;
junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as dispo-
IV - promover a ação de inconstitucionalidade sições desta seção pertinentes a direitos, vedações
ou representação para fins de intervenção da União e forma de investidura.
e dos Estados, nos casos previstos Carlos Miguel Bezerra Paiva
nesta Constitui-
ção; c.mbezerrapaiva@gmail.comArt. 130-A. O Conselho Nacional do Ministé-
rio Público compõe-se de quatorze membros no-
V - defender judicialmente os direitos e074.785.143-32
interes-
meados pelo Presidente da República, depois de
ses das populações indígenas;
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
VI - expedir notificações nos procedimentos nado Federal, para um mandato de dois anos, ad-
administrativos de sua competência, requisitando mitida uma recondução, sendo: (Incluído pela
informações e documentos para instruí-los, na Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
forma da lei complementar respectiva;
I - o Procurador-Geral da República, que o pre-
VII - exercer o controle externo da atividade po- side;
licial, na forma da lei complementar mencionada no
II - quatro membros do Ministério Público da
artigo anterior;
União, assegurada a representação de cada uma
VIII - requisitar diligências investigatórias e a de suas carreiras;
instauração de inquérito policial, indicados os fun-
III - três membros do Ministério Público dos Es-
damentos jurídicos de suas manifestações proces-
tados;
suais;
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo
IX - exercer outras funções que lhe forem con-
Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de
feridas, desde que compatíveis com sua finalidade,
Justiça;
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con-
sultoria jurídica de entidades públicas. V - dois advogados, indicados pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para
as ações civis previstas neste artigo não impede a VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e
de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
disposto nesta Constituição e na lei. Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Mi-
nistério Público serão indicados pelos respectivos
Ministérios Públicos, na forma da lei.

143
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Minis- § 4º O Presidente do Conselho Federal da Or-
tério Público o controle da atuação administrativa e dem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Con-
financeira do Ministério Público e do cumprimento selho.
dos deveres funcionais de seus membros, cabendo § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvi-
lhe: dorias do Ministério Público, competentes para re-
I zelar pela autonomia funcional e administra- ceber reclamações e denúncias de qualquer inte-
tiva do Ministério Público, podendo expedir atos re- ressado contra membros ou órgãos do Ministério
gulamentares, no âmbito de sua competência, ou Público, inclusive contra seus serviços auxiliares,
recomendar providências; representando diretamente ao Conselho Nacional
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, do Ministério Público.
de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou ór- SEÇÃO II
gãos do Ministério Público da União e dos Estados,
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo DA ADVOCACIA PÚBLICA
para que se adotem as providências necessárias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da com- 19, de 1998)
petência dos Tribunais de Contas;
III - receber e conhecer das reclamações con- Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a ins-
tra membros ou órgãos do Ministério Público da tituição que, diretamente ou através de órgão vin-
União ou dos Estados, inclusive contra seus servi- culado, representa a União, judicial e extrajudicial-
ços auxiliares, sem prejuízo da competência disci- mente, cabendo-lhe, nos termos da lei complemen-
plinar e correicional da instituição, podendo avocar tar que dispuser sobre sua organização e funciona-
processos disciplinares em curso, determinar a re- mento, as atividades de consultoria e assessora-
moção ou a disponibilidade e aplicar Carlos Miguel Bezerra
outras san- Paiva
mento jurídico do Poder Executivo.
ções administrativas, assegurada c.mbezerrapaiva@gmail.com
ampla defesa;
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019) 074.785.143-32
o Advogado-Geral da União, de livre nomeação
pelo Presidente da República dentre cidadãos mai-
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, ores de trinta e cinco anos, de notável saber jurí-
os processos disciplinares de membros do Ministé- dico e reputação ilibada.
rio Público da União ou dos Estados julgados há
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carrei-
menos de um ano;
ras da instituição de que trata este artigo far-se-á
V - elaborar relatório anual, propondo as provi- mediante concurso público de provas e títulos.
dências que julgar necessárias sobre a situação do
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza
Ministério Público no País e as atividades do Con-
tributária, a representação da União cabe à Procu-
selho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
radoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o
art. 84, XI.
disposto em lei.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação se-
creta, um Corregedor nacional, dentre os membros Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
do Ministério Público que o integram, vedada a re- Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
condução, competindo-lhe, além das atribuições ingresso dependerá de concurso público de provas
que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: e títulos, com a participação da Ordem dos Advo-
gados do Brasil em todas as suas fases, exercerão
I - receber reclamações e denúncias, de qual- a representação judicial e a consultoria jurídica das
quer interessado, relativas aos membros do Minis- respectivas unidades federadas. (Redação dada
tério Público e dos seus serviços auxiliares; pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exercer funções executivas do Conselho, Parágrafo único. Aos procuradores referidos
de inspeção e correição geral; neste artigo é assegurada estabilidade após três
III - requisitar e designar membros do Ministé- anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
rio Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar desempenho perante os órgãos próprios, após re-
servidores de órgãos do Ministério Público. latório circunstanciado das corregedorias. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

144
SEÇÃO III § 4º São princípios institucionais da Defensoria
DA ADVOCACIA Pública a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
dência funcional, aplicando-se também, no que
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art.
80, de 2014)
96 desta Constituição Federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
Art. 133. O advogado é indispensável à ad- Art. 135. Os servidores integrantes das car-
ministração da justiça, sendo inviolável por seus reiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capí-
atos e manifestações no exercício da profissão, nos tulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.
limites da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
SEÇÃO IV
DA DEFENSORIA PÚBLICA
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
80, de 2014)

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição


permanente, essencial à função jurisdicional do Es-
tado, incumbindo-lhe, como expressão e instru-
mento do regime democrático, fundamentalmente,
a orientação jurídica, a promoção dos direitos hu-
manos e a defesa, em todos os graus, judicial e ex-
Carlos
trajudicial, dos direitos individuais Miguel
e coletivos, de Bezerra Paiva
forma integral e gratuita, aos c.mbezerrapaiva@gmail.com
necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
074.785.143-32
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 80, de 2014)
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria
Pública da União e do Distrito Federal e dos Terri-
tórios e prescreverá normas gerais para sua orga-
nização nos Estados, em cargos de carreira, provi-
dos, na classe inicial, mediante concurso público de
provas e títulos, assegurada a seus integrantes a
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício
da advocacia fora das atribuições institucionais;
(Renumerado do parágrafo único pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são as-
seguradas autonomia funcional e administrativa e a
iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen-
tárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso-
rias Públicas da União e do Distrito Federal. (Inclu-
ído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)

145
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

146
A democracia ateniense era balizada pela preemi-
nência das leis e pela participação direta dos cida-
dãos na Assembleia. Dessa maneira, o poder dos
1 – CONCEITO E FUNDAMENTAÇÃO governantes foi limitado por sua subordinação ao
mandamento legal e pelo controle popular. O papel
Os direitos humanos são compostos de princípios do povo era marcante, pois este elegia os gover-
e regras - positivadas ou costumeiras - que têm nantes e decidia, em assembleia e de forma direta,
como função proteger a dignidade da pessoa hu- os assuntos mais importantes. Ademais, o povo ti-
mana. Dignidade se traduz na situação de mínimo nha competência para julgar os governantes e os
gozo garantido dos direitos pessoais, civis, políti- autores dos principais crimes. É dito que pela pri-
cos, judiciais, de subsistência, econômicos, sociais meira vez na História o povo governou a si mesmo.
e culturais. Essa é uma proposta objetiva e sintética
de definição dos direitos humanos. Já a República romana limitou o poder político por
meio da instituição de um sistema de controles re-
É importante destacar uma pequena distinção entre cíprocos entre os órgãos políticos.
direitos humanos e direitos fundamentais. A dou-
trina atual, principalmente a alemã, considera como Além desses dois exemplos, é possível apontar no
direitos fundamentais os valores éticos sobre os desenvolver da história outro acontecimento de
quais se constrói determinado sistema jurídico na- grande importância para a consolidação dos direi-
cional (leia-se direitos previstos explicitamente no tos humanos. Trata-se da Magna Carta de 1215,
ordenamento jurídico de certo país), ao passo que conhecida por limitar o poder dos monarcas ingle-
os direitos humanos existem mesmo CarlossemMiguel
o reco- Bezerra Paiva assim o exercício do poder abso-
ses, impedindo
nhecimento da ordem jurídica interna de um país, luto.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
pois possuem vigência universal. Mas, na maioria
074.785.143-32
das vezes, os direitos humanos são reconhecidos Seguindo tal exercício, as liberdades pessoais fo-
internamente pelos sistemas jurídicos nacionais, si- ram garantidas de forma mais geral e abstrata (em
tuação que os torna também direitos fundamentais, comparação com a Magna Carta de 1215) pelo Ha-
ou seja, os direitos humanos previstos na Constitui- beas Corpus Act de 1679 e pelo Bill of Rights de
ção de um país são denominados direitos funda- 1689.
mentais.
Nesses primeiros exemplos fica nítida a eficácia
Os direitos humanos têm por fundamento intrín- vertical dos direitos humanos, ou seja, oponíveis
seco o valor-fonte do Direito que se atribui a cada contra o Estado. Todavia, deve-se apontar que os
pessoa humana pelo simples fato de sua existên- direitos humanos são oponíveis também entre os
cia. Tais direitos retiram o seu suporte de validade particulares, nas relações privadas, que caracteri-
da dignidade da qual toda e qualquer pessoa é titu- zam a eficácia horizontal dos direitos humanos. E
lar, em consonância com o que estabelece o art. essa eficácia horizontal é alcunhada, no alemão, de
1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos Drittwirkung.
de 1948: “Todas as pessoas nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotadas de razão e Por sua vez, a concepção contemporânea dos di-
consciência e devem agir em relação umas às ou- reitos humanos foi inaugurada pela Declaração
tras com espírito de fraternidade”. Universal dos Direitos Humanos de 1948 e refor-
çada pela Declaração de Direitos Humanos de Vi-
2 – HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS ena de 1993. Importantes também nesse processo
foram a Declaração de Direitos Americana, conhe-
Historicamente podem-se apontar a democracia cida como Declaração de Direitos do Bom Povo da
ateniense (501-338 a.C.) e a República romana Virgínia e a Declaração de Direitos francesa, impul-
{509-27 a.C.) como os primeiros grandes exem- sionada pela Revolução Francesa de 1789, ambas
plos, na história política da humanidade, de res- do século XVIII.
peito aos direitos humanos, no sentido de limitar o
poder público em prol dos governados.

147
A Organização das Nações Unidas (ONU) e a De- Seu fundamento é a ideia de liberdade.
claração Universal dos Direitos Humanos criaram
um verdadeiro sistema de proteção global da digni- Sobre tais direitos, é interessante a verificação de
dade humana. É importante ter em mente que o que sua defesa foi feita sobretudo pelos EUA. Es-
processo recente de internacionalização dos direi- tes defendiam a perspectiva liberal dos direitos hu-
tos humanos é fruto do pós-guerra e da ressaca manos, consagrados no Pacto Internacional de Di-
moral da humanidade ocasionada pelo excesso de reitos Civis e Políticos.
violações perpetradas pelo nazifascismo.
b) Segunda geração
Cada Estado estabelece suas próprias regras dis-
A segunda geração trata dos direitos sociais, cultu-
ciplinadoras dos direitos humanos ("direitos funda-
rais e econômicos. A titularidade desses direitos é
mentais") e executa sua própria política de prote-
atribuída à coletividade, por isso são conhecidos
ção e efetivação dos direitos humanos. Todavia, o
como direitos coletivos. Seu fundamento é a ideia
que se percebe cada vez mais é a mitigação da so-
de igualdade.
berania dos Estados em função da característica
de universalidade dos direitos humanos. Isto é, a O grande motivador do aparecimento desses direi-
comunidade internacional fiscaliza a situação dos tos foi o movimento antiliberal, notadamente após
direitos humanos em cada país e opina sobre o as- a Primeira Guerra Mundial. É importante apontar o
sunto, podendo até sancionar em determinadas si- papel da URSS, que defendia veementemente a
tuações. perspectiva social dos direitos humanos.
3 – GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS Essa linha foi consagrada no Pacto Internacional
A divisão dos direitos humanos em gerações, idea- de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
lizada por Karel Vasak, tem por finalidade permitir
Cabe destacar que tais direitos aparecerem em pri-
Carlos
uma análise precisa de sua amplitude, Miguel
além de Bezerra Paiva
meiro lugar na Constituição mexicana de 1917 e na
uma ampla compreensão sobre ac.mbezerrapaiva@gmail.com
causa de seu
Constituição alemã de 1919 ("Constituição de Wei-
surgimento e seu contexto.
074.785.143-32
mar").
A classificação dos direitos humanos em gerações
c) Terceira geração
é bastante criticada por considerável parcela da
doutrina. Isso porque daria a ideia de superação de A terceira geração trata dos direitos à paz, ao de-
direitos por outros e não de acumulação de direitos. senvolvimento, ao meio ambiente, à propriedade
Semanticamente, geração dá ideia de algo que é do patrimônio cultural. A titularidade desses direitos
criado e que com o tempo se esvai para dar lugar é atribuída, geralmente, à humanidade e são clas-
ao outro. Em função dessa ideia, alguns autores sificados doutrinariamente como difusos, todavia
preferem classificar como gestações ou dimensões pode-se destacar a sua faceta de direito individual
e não gerações de direitos, tudo para reforçar a no- também, como expressamente prevista na Decla-
ção de continuidade. ração da ONU sobre o Direito ao Desenvolvimento,
de 1986. Seu fundamento é a ideia de fraternidade
Portanto, a análise das gerações deve ter por fun- ou solidariedade.
damento não a ótica sucessória (de substituição da
anterior pela posterior), mas sim a interacional (de Esses direitos provieram em grande medida da po-
complementação da anterior pela posterior). laridade Norte/Sul, da qual surgiu o princípio da au-
todeterminação dos povos, fundamento do pro-
a) Primeira geração cesso de descolonização e de inúmeros outros
A primeira geração trata dos direitos civis (liberda- exemplos, consoante os já indicados acima, que
des individuais) e políticos. A titularidade desses di- exteriorizam a busca por uma nova ordem política
reitos é atribuída ao indivíduo, por isso são conhe- e econômica mundial mais justa e solidária.
cidos como direitos individuais.
Os direitos de terceira geração foram consagrados
na Convenção para a Proteção do Patrimônio Mun-
dial, Cultural e Natural, de 1972, na Convenção so-
bre a Diversidade Biológica, de 1992, e, como já

148
apontado, na Declaração sobre o Direito ao Desen- A constante criação de "novos" direitos humanos
volvimento, de 1986. Cabe apontar que são classi- torna impossivel sua tipificação fechada, portanto,
ficados pelo STF como novíssimos direitos. é necessária uma tipificação aberta para permitir a
inserção de novos conceitos protetores da digni-
d) Quarta e quinta gerações dade humana na medida em que aparecerem.
Existem posicionamentos doutrinários que pouco 4 – CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMA-
se assemelham na tentativa de categorizar quais NOS
seriam os direitos componentes da quarta e da
quinta gerações. a) Historicidade

Por exemplo, a Ministra Eliana Calmon defende Como vimos, os direitos humanos e os direitos fun-
que a quarta geração seria composta de direitos re- damentais foram protegidos de forma gradativas ao
ferentes à manipulação do patrimônio genético, longo da História.
como os alimentos transgênicos, fertilização in vitro
com escolha do sexo e clonagem. Já para o profes- b) Universalidade
sor Paulo Bonavides todos os direitos relacionados A Declaração Universal dos Direitos Humanos de
à globalização econômica fariam parte da quarta 1948 universalizou a noção de direitos humanos.
geração, enquanto que o direito à paz seria de Muito importante foi seu papel, pois antes disso a
quinta. Outros, como Alberto Nogueira que relaci- proteção dos direitos humanos era relegada a cada
ona a quarta geração com os direitos à uma tribu- Estado, que, com suporte em sua intocável sobera-
tação justa, e Ricardo Lorenzetti, ministro da Su- nia, tinha autonomia absoluta para determinar e
prema Corte Argentina, que define a quarta gera- executar as políticas relacionadas à proteção da
ção como sendo aquela do “direito a ser diferente”: dignidade da pessoa humana. Todavia, obras de
isto é, a tutela de todos os tipos de diversidade - horror, como o nazifascismo, demonstraram que a
Carlos Miguel
sexual, étnica etc. Além de José Alcebiades de Oli- Bezerra
proteçãoPaiva
do ser humano não pode ficar somente
veira Júnior, que faz coro com Eliana Calmon em
c.mbezerrapaiva@gmail.com
nas "mãos de governos".
relação à quarta geração e assinala que a quinta é
074.785.143-32
ligada ao direito cibernético. Portanto, é possível afirmar que a própria dinâmica
da vida internacional derrubou o voluntarismo como
Percebe-se que resta impossível categorizar cabal- suporte único e fundamental das relações interna-
mente quais os direitos componentes da quarta e cionais, ou seja, o positivismo voluntarista não foi
da quinta gerações, mas o importante é apontar capaz de explicar o aparecimento das normas co-
possíveis interpretações e sublinhar a natureza di- gentes de Direito Internacional (jus cogens), que só
nâmica dos direitos humanos, os quais sempre es- pode ser explicado por razões objetivas de justiça,
tarão em construção. as quais darão, por sua vez, vazão a uma consci-
ência jurídica universal.
Para bem lembrar, a Declaração Universal dos Di-
reitos do Homem elevou o homem à condição de c) Indivisibilidade
sujeito de direito internacional, assim, é possível
colocar o Estado como réu, perante instâncias in- Todos os direitos humanos se retroalimentam e se
ternacionais, caso algum direito do ser humano complementam, assim, é infrutífero buscar a prote-
seja ceifado ou impossibilitado de gozo. ção e a promoção de apenas uma parcela deles.

A título conclusivo, pode-se afirmar que toda regra, Veja-se o exemplo do direito à vida, núcleo dos di-
convencional ou não, que promova ou proteja a dig- reitos humanos. Este compreende o direito de o ser
nidade da pessoa humana se refere a “direitos hu- humano não ter sua vida ceifada (atuação estatal
manos”: Portanto, as cinco gerações trazem exem- negativa), como também o direito de ter acesso aos
plos de direitos humanos que foram confecciona- meios necessários para conseguir sua subsistência
dos em conformidade com a in/evolução da vida e uma vida digna (atuação estatal positiva). Per-
humana. cebe-se a interação dos direitos pessoais com os
direitos econômicos, sociais e culturais para garan-
tir a substancial implementação do direito à vida.

149
d) Interdependência
Os direitos humanos se retroalimentam e se com-
plementam, destarte, cada direito depende dos ou-
tros para ser substancialmente realizado.
1 – RESPONSABILIDADE POR VIOLAÇÕES
AOS DIREITOS HUMANOS
e) Normatividade
Os direitos humanos estão disciplinados por siste- Nas relações dos Estados com as pessoas sujeitas
mas nacionais, regionais e globais de proteção, à sua jurisdição, o instituto da responsabilidade in-
além de serem normas imperativas de direito inter- ternacional se realiza, notadamente no que diz res-
nacional (jus cogens). peito às violações estatais aos direitos humanos,
uma vez que os Estados são os principais obriga-
Cabe frisar que os sistemas de proteção se interco- dos para com o Direito Internacional dos Direitos
nectam para garantir a maior proteção possível da Humanos e, por isso, podem e devem) ser respon-
dignidade humana. sabilizados por essa violação.

f) Irrenunciabilidade O instituto da responsabilidade internacional, para


os fins que interessam à proteção dos direitos hu-
Por serem direitos adstritos à condição humana, manos, há três finalidades básicas, quais sejam:
estes não podem ser renunciáveis, pois formam o
indivíduo em sua plenitude. coagir psicologicamente os Estados, a fim de
que eles não deixem de cumprir com os seus
Assim, são indisponíveis tanto pelo Estado como compromissos internacionais em matéria de
pelo particular. Tal característica se confirma pelo direitos humanos (finalidade preventiva);
fato de os direitos atribuir ao indivíduo que sofreu um prejuízo,
Carlos Miguel Bezerra Paiva de um ato ilícito cometido por
em decorrência
humanos fazerem parte do jus cogens, isto é, in-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
um Estado, uma justa e devida reparação,
derrogáveis por ato volitivo. A conclusão que fica é
seja de ordem pecuniária ou de outra natu-
074.785.143-32
que os direitos humanos são imutáveis e eternos
reza (finalidade repressiva); e
conforme pronunciou há muito tempo Thomas
impor aos Estados limites de atuação no
Hobbes em sua obra O Leviatã. E com base nessa
plano externo, impedindo-lhes de agir de
colocação, Jean-Jacques Rousseau, em sua obra
forma leviana ou da maneira que lhes con-
Contrato Social, defendeu que são irrenunciáveis,
vém, visando a que não prejudiquem tercei-
pois renunciar eles seria o mesmo que renunciar a
ros e não desequilibrem as relações pacíficas
própria condição humana.
entre os demais Estados.
g) Imprescritibilidade
Para o que interessa à proteção internacional dos
Os direitos humanos são atemporais, pois, como direitos humanos, o instituto da responsabilidade
dito, são adstritos à condição humana. Assim, não internacional do Estado visa sempre reparar um
são passíveis de prescrição, ou seja, não caducam prejuízo causado, podendo tal reparação ser de ín-
com o transcorrer do tempo. dole pecuniária ou de outra natureza, e.g., uma
obrigação de fazer ou não fazer.
h) Inalienabilidade
2 – NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILI-
Os direitos humanos não podem ser alienados, isto DADE POR VIOLAÇÕES AOS DIREITOS HUMA-
é, objeto de transação ou transferência. NOS

Há duas grandes teorias acerca da natureza jurí-


dica da responsabilidade internacional do Estado:

a corrente subjetivista (ou teoria da culpa);


e
a corrente objetivista (ou teoria do risco).

150
A doutrina subjetivista apregoa que a responsabili- No sistema interamericano, esgotados os recursos
dade internacional deve derivar de um ato culposo internos, a vítima de uma violação estatal deve pe-
(stricto sensu) do Estado ou doloso, em termos de ticionar à Comissão Interamericana de Direitos Hu-
vontade de praticar o ato ou o evento danoso. manos (que tem sede em Washington, Estados
Trata-se do antigo princípio do Direito Romano qui Unidos). A Comissão, após certo procedimento in-
in culpa non est, natura ad nihil tenetur. Ou seja, terno, processa o Estado em causa perante a Corte
não basta a prática de um ato internacional objeti- (que tem sede em San José, Costa Rica).
vamente ilícito; é necessário que o Estado que o
praticou tenha agido com culpa (imprudência, ne- No sistema interamericano de direitos humanos,
gligência ou imperícia) ou dolo. não há possibilidade de o indivíduo ingressar dire-
tamente na Corte Interamericana, devendo, obriga-
Já a doutrina objetivista pretende demonstrar a toriamente, provocar a Comissão para essa finali-
existência da responsabilidade do Estado pelo sim- dade. Será, portanto, a Comissão, no papel de
ples fato de ter violado uma norma internacional substituta processual, que, em nome próprio, de-
que deveria respeitar, não se preocupando em per- fenderá os direitos das alegadas vítimas perante a
quirir quais foram os motivos ou os fatos que o le- Corte Interamericana, acompanhando todo o pro-
varam a atuar ilegalmente. Para a teoria objetivista, cesso e tomando parte nas manifestações orais
portanto, a responsabilidade do Estado surge em nas audiências designadas.
decorrência da causalidade existente entre o ato ilí-
cito praticado pelo Estado e o prejuízo sofrido pelo Encerrada a fase probatória (com os debates, as
sujeito, sem necessidade de se recorrer ao ele- perguntas durante os debates etc.), a Corte passa
mento psicológico para aferir a responsabilidade à deliberação, proferindo sentença de mérito.
daquele. Aqui está em jogo apenas o “risco” que o Quando na sentença não se houver decidido espe-
Estado assume ao praticar determinado ato (viola- cificamente sobre reparações, a Corte determinará
dor do direito internacional). a oportunidade para sua posterior decisão e indi-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
cará o procedimento. Entretanto, frise-se que a pró-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Assim, na responsabilidade objetiva não há que se pria decisão da Corte constitui, per si, uma forma
cogitar de culpa, ou seja, não se perquire a074.785.143-32
existên- de reparação, tanto para as vítimas como para os
cia de qualquer elemento psíquico ou volitivo, bas- seus familiares.
tando a comprovação do nexo causal entre a ocor-
rência do fato e a existência ulterior do dano. Frise-se, por fim, que o descumprimento da sen-
tença da Corte Interamericana conota nova viola-
3 – RESPONSABILIDADE DO ESTADO NO SIS- ção de direitos humanos por parte do Estado, a en-
TEMA INTERAMERICANO sejar novo processo de responsabilização contra
esse Estado no plano internacional.
No sistema interamericano de direitos humanos
compete à Corte Interamericana processar e julgar
um Estado-parte (na Convenção Americana sobre
Direitos Humanos de 1969) por violação dos direi-
tos humanos de pessoa sujeita à sua jurisdição.
Não importa, neste caso, a nacionalidade da vítima
Cumpre lembrar que os direitos humanos são
que sofreu a violação de direitos humanos, bas-
aqueles previstos em documentos internacionais e,
tando que o cidadão tenha sido violado em seus di-
assim, verifica-se que a Constituição Federal de
reitos no âmbito da jurisdição de um Estado-parte
1988 a eles se refere em seu art. 4º e 5º.
na Convenção Americana (que tenha aceitado a ju-
risdição contenciosa da Corte Interamericana). O 1 – PRINCÍPIOS QUE REGEM O ESTADO BRA-
sistema interamericano de direitos humanos conta, SILEIRO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
portanto, com um tribunal supranacional responsá-
vel pelo processo e julgamento de Estados que vi- Artigo 4º da CF
olem suas obrigações internacionais previstas na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. São, ao todo, dez princípios, sendo cinco relacio-
nados à independência nacional e cinco, aos di-
reitos humanos:

151
a) Independência nacional direitos e garantias expressos na Constitui-
ção, a exemplo dos elencados nos incisos I
Independência nacional; ao LXXVIII do seu art. 5.º, bem como outros
Autodeterminação dos povos; fora do rol de direitos, mas dentro da Consti-
Não-intervenção; tuição (v.ġ., a garantia da anterioridade tribu-
Igualdade entre os estados; tária, prevista no art. 150, III, b, do Texto
Cooperação entre os povos para o progresso Magno);
da humanidade. direitos e garantias implícitos, subentendidos
nas regras de garantias, bem como os decor-
Saliente-se que a República Federativa do Brasil rentes do regime e dos princípios pela Cons-
buscará a integração econômica, política, social e tituição adotados; e
cultural dos povos da América Latina, visando à for- direitos e garantias inscritos nos tratados in-
mação de uma comunidade latino-americana de ternacionais de direitos humanos em que a
nações. República Federativa do Brasil seja parte.
b) Direitos humanos 3 – TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DI-
REITOS HUMANOS
Direitos humanos são direitos previstos em conven-
ções, tratados e regras de direito internacional. Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacio-
nais sobre direitos humanos que forem aprovados,
Prevalência dos direitos humanos;
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur-
Defesa da Paz;
nos, por três quintos dos votos dos respectivos
Solução pacífica dos conflitos;
membros, serão equivalentes às emendas consti-
Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
tucionais.
Concessão de asilo político.
Carlos Miguel Bezerra
Os tratadosPaiva
Internacionais sobre direitos humanos
2 – CLÁUSULA DE AMPLIAÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
c.mbezerrapaiva@gmail.com
que forem aprovados nas duas Casas do Con-
gresso Nacional, em dois turnos e por 3/5 dos votos
074.785.143-32
Artigo 5º, § 2º, da CF dos respectivos membros, terão hierarquia de
emenda constitucional, ou seja, de norma constitu-
O Artigo 5º da CF possui 78 incisos, que regula- cional derivada.
mentam os direitos individuais básicos (vida, liber-
dade, igualdade, segurança e propriedade) em um No Brasil, há apenas dois tratados internacionais
rol meramente exemplificativo, pois os direitos ex- com status de norma constitucional derivada:
pressos na Constituição não excluem outros decor-
a Convenção Internacional sobre os Direitos
rentes dos princípios por ela adotados e nem dos
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
tratados internacionais sobre direitos humanos –
Facultativo, assinados em Nova York, em 30
art. 5º, § 2º, da CF.
de março de 2007; e
Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta o Tratado de Marraqueche para Facilitar o
Constituição não excluem outros decorrentes do re- Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Ce-
gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tra- gas, com Deficiência Visual ou com Outras
tados internacionais em que a República Federa- Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Im-
tiva do Brasil seja parte. presso, firmado em Marraqueche, em 27 de
junho de 2013.
Da análise do § 2.º do art. 5.º da Carta brasileira de
1988, percebe-se que três são as vertentes, no Se o tratado sobre direitos humanos, por outro
texto constitucional brasileiro, dos direitos e garan- lado, for aprovado por um procedimento diferente
tias fundamentais: daquele previsto no art. 5º, § 3º, da CF, terá status
supralegal e infraconstitucional.

152
4 – TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL – TPI a existência de grave violação a direitos hu-
manos;
Art. 5º, § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri- o risco de responsabilização internacional de-
bunal Penal Internacional a cuja criação tenha ma- corrente do descumprimento de obrigações
nifestado adesão. jurídicas assumidas em tratados internacio-
nais; e
O Brasil se submete à jurisdição do TPI a cuja cria- a incapacidade das instâncias e autoridades
ção manifestou adesão – art. 5º, § 4º, da CF. locais em oferecer respostas efetivas.
5 – FEDERALIZAÇÃO DE PROCESSOS POR
GRAVES VIOLAÇÕES AOS DIREITOS HUMA-
NOS

Art. 5º, § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri-


bunal Penal Internacional a cuja criação tenha ma-
nifestado adesão.

A EC 45/2004 alterou, no que tange aos tratados


internacionais de direitos humanos, o art. 109 da
Constituição, para o fim de permitir, nas hipóteses
de grave violação aos direitos humanos, que o Pro- 1 – INTRODUÇÃO
curador-Geral da República (PGR) suscite perante
o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, A política nacional de direitos humanos do Brasil
o incidente de deslocamento de competência da teve início com o retorno à democracia do país, em
Justiça Estadual para a Justiça Federal, com a fi- 1985, após o período de ditadura militar. Desde
Carlos Miguel Bezerra
nalidade de assegurar o cumprimento das obriga- aquela Paiva
época movimentos da sociedade civil e or-
ções decorrentes de tratados internacionais de di- ganizações não governamentais vêm exigindo do
c.mbezerrapaiva@gmail.com
reitos humanos dos quais o Brasil seja parte. governo federal que o tema dos direitos humanos
074.785.143-32
se torne uma “questão de Estado” no Brasil, por
Art. 109 da CF. Aos juízes federais compete pro- meio do que o governo brasileiro tomaria como sua
cessar e julgar: a responsabilidade em dirigir uma política voltada à
asserção e proteção dos direitos humanos no país.
[...]
Há três versões do Programa Nacional de Direitos
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que Humanos já publicadas, tendo sido as duas primei-
se refere o § 5.º deste artigo; ras elaboradas no governo Fernando Henrique
Cardoso (1996 e 2002), e a última durante o go-
§ 5.º Nas hipóteses de grave violação de direitos
verno Lula (2009).
humanos, o Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de obriga- Tratam-se de propostas para temas de debate na-
ções decorrentes de tratados internacionais de di- cional em matéria de direitos humanos, que não
reitos humanos dos quais o Brasil seja parte, po- têm força normativa (ou seja, não são leis).
derá suscitar, perante o Superior Tribunal de Jus-
tiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, in- A elaboração dos Programas Nacionais de Direitos
cidente de deslocamento de competência para a Humanos decorreu de recomendação feita na Con-
Justiça Federal. ferência Mundial de Direitos Humanos de Viena
(1993) para que os Estados promovam “o respeito
Saliente-se que o incidente de deslocamento de universal e a observância e proteção de todos os
competência (IDC) tem como legitimado apenas o direitos humanos e liberdades fundamentais de to-
PRG, que deverá suscitá-lo perante o STJ (art. 109, das as pessoas, em conformidade com a Carta das
§ 5.º, da CF). Nações Unidas, outros instrumentos relacionados
aos direitos humanos e o direito internacional”, bem
Os pressupostos necessários à procedência do
como para que criem “condições favoráveis nos ní-
IDC já foram estabelecidos pelo STJ:
veis nacional, regional e internacional para garantir

153
o pleno e efetivo exercício dos direitos humanos” c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos am-
(§§ 1.º e 13.º da Declaração e Programa de Ação bientais como Direitos Humanos, incluindo as
de Viena, 1993). gerações futuras como sujeitos de direitos;

2 – O 3º PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS III – Eixo Orientador III: Universalizar direitos em


HUMANOS (PNDH-3) um contexto de desigualdades:

O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos es- a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de
tabeleceu “eixos orientadores” (composto de várias forma universal, indivisível e interdependente,
“diretrizes”) que ampliam sobremaneira o debate assegurando a cidadania plena;
acerca da promoção e proteção dos direitos huma-
nos no Brasil. b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e
adolescentes para o seu desenvolvimento inte-
Uma das características marcantes do PNDH-3 gral, de forma não discriminatória, assegurando
consiste na incorporação da transversalidade entre seu direito de opinião e participação;
as suas diretrizes e objetivos, à luz da qual os direi-
tos humanos são princípios transversais a serem c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estrutu-
considerados em todas as políticas públicas e de rais; e
interação democrática.
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversi-
Veja os eixos orientadores do PNDH-3 com suas dade;
respectivas diretrizes:
IV – Eixo Orientador IV: Segurança Pública,
Art. 2º da Decreto 7.037/2009 – O PNDH-3 será im- Acesso à Justiça e Combate à Violência:
plementado de acordo com os seguintes eixos ori-
Carlos Miguel Bezerra
entadores e suas respectivas diretrizes: 11: Democratização e modernização do
a) DiretrizPaiva
sistema de segurança pública;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
I – Eixo Orientador I: Interação democrática en-
tre Estado e sociedade civil: 074.785.143-32
b) Diretriz 12: Transparência e participação popu-
lar no sistema de segurança pública e justiça cri-
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e minal;
sociedade civil como instrumento de fortaleci-
mento da democracia participativa; c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da crimi-
nalidade e profissionalização da investigação de
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Huma- atos criminosos;
nos como instrumento transversal das políticas
públicas e de interação democrática; e d) Diretriz 14: Combate à violência institucional,
com ênfase na erradicação da tortura e na redu-
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas ção da letalidade policial e carcerária;
de informações em Direitos Humanos e constru-
ção de mecanismos de avaliação e monitora- e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de
mento de sua efetivação; crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;

II – Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direi- f) Diretriz 16: Modernização da política de execu-
tos Humanos: ção penal, priorizando a aplicação de penas e
medidas alternativas à privação de liberdade e
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvi- melhoria do sistema penitenciário; e
mento sustentável, com inclusão social e econô-
mica, ambientalmente equilibrado e tecnologica- g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça
mente responsável, cultural e regionalmente di- mais acessível, ágil e efetivo, para o conheci-
verso, participativo e não discriminatório; mento, a garantia e a defesa de direitos;

b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como


sujeito central do processo de desenvolvimento;
e

154
V – Eixo Orientador V: Educação e Cultura em ❖ Neste material, colocamos apenas a parte re-
Direitos Humanos: lacionada à Segurança Pública:

a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos prin- Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso
cípios da política nacional de educação em Di- à Justiça e Combate à Violência
reitos Humanos para fortalecer uma cultura de
direitos; Por muito tempo, alguns segmentos da militância
em Direitos Humanos mantiveram-se distantes do
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da de- debate sobre as políticas públicas de segurança no
mocracia e dos Direitos Humanos nos sistemas Brasil. No processo de consolidação da democra-
de educação básica, nas instituições de ensino cia, por diferentes razões, movimentos sociais e
superior e nas instituições formadoras; entidades manifestaram dificuldade no tratamento
do tema. Na base dessa dificuldade, estavam a me-
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não mória dos enfrentamentos com o aparato repres-
formal como espaço de defesa e promoção dos sivo ao longo de duas décadas de regime ditatorial,
Direitos Humanos; a postura violenta vigente, muitas vezes, em ór-
gãos de segurança pública, a percepção do crime
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos e da violência como meros subprodutos de uma or-
Humanos no serviço público; e dem social injusta a ser transformada em seus pró-
prios fundamentos.
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação
democrática e ao acesso à informação para con- Distanciamento análogo ocorreu nas universida-
solidação de uma cultura em Direitos Humanos; des, que, com poucas exceções, não se debruça-
e ram sobre o modelo de polícia legado ou sobre os
desafios da segurança pública. As polícias brasilei-
VI – Eixo Orientador VI: Direito à Memória
Carlos e à Bezerra Paiva
Miguel ras, nos termos de sua tradição institucional, pouco
Verdade:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
aproveitaram da reflexão teórica e dos aportes ofe-
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da recidos pela criminologia moderna e demais ciên-
074.785.143-32
verdade como Direito Humano da cidadania e cias sociais, já disponíveis há algumas décadas às
dever do Estado; polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A
cultura arraigada de rejeitar as evidências acumu-
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e ladas pela pesquisa e pela experiência de reforma
construção pública da verdade; e das polícias no mundo era a mesma que expres-
sava nostalgia de um passado de ausência de ga-
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacio- rantias individuais, e que identificava na idéia dos
nada com promoção do direito à memória e à Direitos Humanos não a mais generosa entre as
verdade, fortalecendo a democracia. promessas construídas pela modernidade, mas
uma verdadeira ameaça.
Cabe ressaltar que a implementação do PNDH-3,
além dos responsáveis nele indicados, envolve par- Estavam postas as condições históricas, políticas e
cerias com outros órgãos federais relacionados culturais para que houvesse um fosso aparente-
com os temas tratados nos eixos orientadores e mente intransponível entre os temas da segurança
suas diretrizes. pública e os Direitos Humanos.

Saliente-se, também, que os Estados, o Distrito Fe- Nos últimos anos, contudo, esse processo de es-
deral, os Municípios e os órgãos do Poder Legisla- tranhamento mútuo passou a ser questionado. De
tivo, do Poder Judiciário e do Ministério Público, se- um lado, articulações na sociedade civil assumiram
rão convidados a aderir ao PNDH-3. o desafio de repensar a segurança pública a partir
de diálogos com especialistas na área, policiais e
gestores. De outro, começaram a ser implantadas
as primeiras políticas públicas buscando caminhos
alternativos de redução do crime e da violência, a
partir de projetos centrados na prevenção e influen-
ciados pela cultura de paz.

155
A proposição do Sistema Único de Segurança Pú- Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a neces-
blica, a modernização de parte das nossas estrutu- sidade de ampla reforma no modelo de polícia e
ras policiais e a aprovação de novos regimentos e propõe o aprofundamento do debate sobre a im-
leis orgânicas das polícias, a consciência crescente plantação do ciclo completo de policiamento às cor-
de que políticas de segurança pública são realida- porações estaduais. Prioriza transparência e parti-
des mais amplas e complexas do que as iniciativas cipação popular, instando ao aperfeiçoamento das
possíveis às chamadas "forças da segurança", o estatísticas e à publicação de dados, assim como à
surgimento de nova geração de policiais, disposta reformulação do Conselho Nacional de Segurança
a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a co- Pública. Contempla a prevenção da violência e da
brança da opinião pública e a maior fiscalização so- criminalidade como diretriz, ampliando o controle
bre o Estado, resultante do processo de democra- sobre armas de fogo e indicando a necessidade de
tização, têm tornado possível a construção de profissionalização da investigação criminal.
agenda de reformas na área.
Com ênfase na erradicação da tortura e na redução
O Programa Nacional de Segurança Pública com da letalidade policial e carcerária, confere atenção
Cidadania (Pronasci) e os investimentos já realiza- especial ao estabelecimento de procedimentos
dos pelo Governo Federal na montagem de rede operacionais padronizados, que previnam as ocor-
nacional de altos estudos em segurança pública, rências de abuso de autoridade e de violência ins-
que têm beneficiado milhares de policiais em cada titucional, e confiram maior segurança a policiais e
Estado, simbolizam, ao lado do processo de deba- agentes penitenciários. Reafirma a necessidade de
tes da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pú- criação de ouvidorias independentes em âmbito fe-
blica, acúmulos históricos significativos, que apon-deral e, inspirado em tendências mais modernas de
tam para novas e mais importantes mudanças. policiamento, estimula as iniciativas orientadas por
resultados, o desenvolvimento do policiamento co-
As propostas elencadas neste eixo orientador do munitário e voltado para a solução de problemas,
Carlos Miguel Bezerra
PNDH-3 articulam-se com tal processo histórico de
Paiva
elencando medidas que promovam a valorização
transformação e exigem muito mais c.mbezerrapaiva@gmail.com
do que já foi dos trabalhadores em segurança pública. Contem-
074.785.143-32
alcançado. Para tanto, parte-se do pressuposto de pla, ainda, a criação de sistema federal que integre
que a realidade brasileira segue sendo gravemente os atuais sistemas de proteção a vítimas e teste-
marcada pela violência e por severos impasses es- munhas, defensores de Direitos Humanos e crian-
truturais na área da segurança pública. ças e adolescentes ameaçados de morte.

Problemas antigos, como a ausência de diagnósti- Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda
cos, de planejamento e de definição formal de me- reforma da Lei de Execução Penal que introduza
tas, a desvalorização profissional dos policiais e garantias fundamentais e novos regramentos para
dos agentes penitenciários, o desperdício de recur- superar as práticas abusivas, hoje comuns. E trata
sos e a consagração de privilégios dentro das ins- as penas privativas de liberdade como última alter-
tituições, as práticas de abuso de autoridade e de nativa, propondo a redução da demanda por encar-
violência policial contra grupos vulneráveis e a cor- ceramento e estimulando novas formas de trata-
rupção dos agentes de segurança pública, deman- mento dos conflitos, como as sugeridas pelo meca-
dam reformas tão urgentes quanto profundas. nismo da Justiça Restaurativa.

As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, Reafirma-se a centralidade do direito universal de


nesse contexto, as contribuições oferecidas pelo acesso à Justiça, com a possibilidade de acesso
processo da 11ª Conferência Nacional dos Direitos aos tribunais por toda a população, com o fortaleci-
Humanos e avançam também sobre temas que não mento das defensorias públicas e a modernização
foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 da gestão judicial, de modo a garantir respostas ju-
parte do acúmulo crítico que tem sido proposto ao diciais mais céleres e eficazes.
País pelos especialistas e pesquisadores da área.
Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça
em matéria de conflitos agrários e urbanos e o ne-
cessário estímulo aos meios de soluções pacíficas
de controvérsias.

156
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamental- e) Promover o aprofundamento do debate sobre a
mente, propostas para que o Poder Público se instituição do ciclo completo da atividade poli-
aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públi- cial, com competências repartidas pelas polí-
cas de prevenção ao crime e à violência, refor- cias, a partir da natureza e da gravidade dos de-
çando a noção de acesso universal à Justiça como litos.
direito fundamental, e sustentando que a democra-
cia, os processos de participação e transparência, Responsável: Ministério da Justiça
aliados ao uso de ferramentas científicas e à pro-
fissionalização das instituições e trabalhadores da f) Apoiar a aprovação do Projeto de Lei nº
segurança, assinalam os roteiros mais promissores 1.937/2007, que dispõe sobre o Sistema Único
para que o Brasil possa avançar no caminho da paz de Segurança Pública.
pública.
Responsável: Ministério da Justiça
DIRETRIZ 11: DEMOCRATIZAÇÃO E MODERNI-
ZAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚ- Objetivo estratégico II: Modernização da gestão
BLICA do sistema de segurança pública.

Objetivo estratégico I: Modernização do marco Ações programáticas:


normativo do sistema de segurança pública. a) Condicionar o repasse de verbas federais à ela-
Ações programáticas: boração e revisão periódica de planos estadu-
ais, distrital e municipais de segurança pública
a) Propor alteração do texto constitucional, de que se pautem pela integração e pela responsa-
modo a considerar as polícias militares não mais bilização territorial da gestão dos programas e
como forças auxiliares do Exército, mantendo- ações.
as apenas como força reserva.Carlos Miguel Bezerra Paiva
Responsável: Ministério da Justiça
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Responsável: Ministério da Justiça
b) Criar base de dados unificada que permita o
074.785.143-32
b) Propor a revisão da estrutura, treinamento, con- fluxo de informações entre os diversos compo-
trole, emprego e regimentos disciplinares dos nentes do sistema de segurança pública e a Jus-
órgãos de segurança pública, de forma a poten- tiça criminal.
cializar as suas funções de combate ao crime e
proteção dos direitos de cidadania, bem como Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
garantir que seus órgãos corregedores dispo- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
nham de carreira própria, sem subordinação à pública
direção das instituições policiais.
c) Redefinir as competências e o funcionamento
Responsável: Ministério da Justiça da Inspetoria-Geral das Polícias Militares e Cor-
pos de Bombeiros Militares.
c) Propor a criação obrigatória de ouvidorias de po-
lícias independentes nos Estados e no Distrito Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Federal, com ouvidores protegidos por mandato Defesa
e escolhidos com participação da sociedade.
Objetivo estratégico III: Promoção dos Direitos
Responsável: Ministério da Justiça Humanos dos profissionais do sistema de se-
gurança pública, assegurando sua formação
d) Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a
continuada e compatível com as atividades que
modernização dos órgãos periciais oficiais, exercem.
como forma de incrementar sua estruturação,
assegurando a produção isenta e qualificada da Ações programáticas:
prova material, bem como o princípio da ampla
defesa e do contraditório e o respeito aos Direi- a) Proporcionar equipamentos para proteção indi-
tos Humanos. vidual efetiva para os profissionais do sistema
federal de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça

157
Responsável: Ministério da Justiça ▪ Vitimização de policiais federais, policiais rodo-
viários federais, membros da Força Nacional de
b) Condicionar o repasse de verbas federais aos
Segurança Pública e agentes penitenciários fe-
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, à
derais;
garantia da efetiva disponibilização de equipa-
▪ Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos
mentos de proteção individual aos profissionais
órgãos federais de perícia oficial.
do sistema nacional de segurança pública.

Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Ministério da Justiça

c) Fomentar o acompanhamento permanente da Objetivo estratégico II: Consolidação de meca-


saúde mental dos profissionais do sistema de nismos de participação popular na elaboração
segurança pública, mediante serviços especiali- das políticas públicas de segurança.
zados do sistema de saúde pública.
Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da a) Reformular o Conselho Nacional de Segurança
Saúde Pública, assegurando a participação da socie-
d) Propor projeto de lei instituindo seguro para ca- dade civil organizada em sua composição e ga-
sos de acidentes incapacitantes ou morte em rantindo sua articulação com o Conselho Nacio-
serviço para os profissionais do sistema de se- nal de Política Criminal e Penitenciária.
gurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça; b) Fomentar mecanismos de gestão participativa
das políticas públicas de segurança, como con-
e) Garantir a reabilitação e reintegração ao traba-
selhos e conferências, ampliando a Conferência
lho dos profissionais do sistemaCarlos Miguel
de segurança Bezerra Paiva
Nacional de Segurança Pública.
pública federal, nos casos de deficiência adqui-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
rida no exercício da função. Responsável: Ministério da Justiça
074.785.143-32
Responsável: Ministério da Justiça; DIRETRIZ 13: PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E
DA CRIMINALIDADE E PROFISSIONALIZAÇÃO
DIRETRIZ 12: TRANSPARÊNCIA E PARTICIPA-
DA INVESTIGAÇÃO DE ATOS CRIMINOSOS.
ÇÃO POPULAR NO SISTEMA DE SEGURANÇA
PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL. Objetivo estratégico I: Ampliação do controle
de armas de fogo em circulação no País.
Objetivo estratégico I: Publicação de dados do
sistema federal de segurança pública. Ações programáticas:
Ação programática a) Realizar ações permanentes de estímulo ao de-
sarmamento da população.
a) Publicar trimestralmente estatísticas sobre:
▪ Crimes registrados, inquéritos instaurados e Responsável: Ministério da Justiça
concluídos, prisões efetuadas, flagrantes regis- b) Propor reforma da legislação para ampliar as
trados, operações realizadas, armas e entorpe- restrições e os requisitos para aquisição de ar-
centes apreendidos pela Polícia Federal em mas de fogo por particulares e empresas de se-
cada Estado da Federação; gurança privada.
▪ Veículos abordados, armas e entorpecentes
apreendidos e prisões efetuadas pela Polícia Responsável: Ministério da Justiça
Rodoviária Federal em cada Estado da Federa-
c) Propor alteração da legislação para garantir que
ção;
as armas apreendidas em crimes que não envol-
▪ Presos provisórios e condenados sob custódia
vam disparo sejam inutilizadas imediatamente
do sistema penitenciário federal e quantidade de
após a perícia.
presos trabalhando e estudando por sexo, idade
e raça ou etnia;
Responsável: Ministério da Justiça

158
d) Registrar no Sistema Nacional de Armas todas Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
as armas de fogo destruídas. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
Responsável: Ministério da Defesa
d) Desenvolver sistema de dados nacional infor-
Objetivo estratégico II: Qualificação da investi- matizado para monitoramento da produção e da
gação criminal. qualidade dos laudos produzidos nos órgãos pe-
riciais.
Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça
a) Propor projeto de lei para alterar o procedimento
do inquérito policial, de modo a admitir procedi- e) Fomentar parcerias com universidades para
mentos orais gravados e transformar em peça pesquisa e desenvolvimento de novas metodo-
ágil e eficiente de investigação criminal voltada logias a serem implantadas nas unidades perici-
à coleta de evidências. ais.
Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Ministério da Justiça
b) Fomentar o debate com o objetivo de unificar os f) Promover e apoiar a educação continuada dos
meios de investigação e obtenção de provas e profissionais da perícia oficial, em todas as
padronizar procedimentos de investigação crimi- áreas, para a formação técnica e em Direitos
nal. Humanos.
Responsável: Ministério da Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
c) Promover a capacitação técnica em investiga-
Carlos pública Paiva
Miguel Bezerra
ção criminal para os profissionais dos sistemas
c.mbezerrapaiva@gmail.com
estaduais de segurança pública. Objetivo estratégico IV: Fortalecimento dos ins-
074.785.143-32
trumentos de prevenção à violência.
Responsável: Ministério da Justiça
Ações programáticas:
d) Realizar pesquisas para qualificação dos estu-
dos sobre técnicas de investigação criminal. a) Elaborar diretrizes para as políticas de preven-
ção à violência com o objetivo de assegurar o
Responsável: Ministério da Justiça
reconhecimento das diferenças geracionais, de
Objetivo estratégico III: Produção de prova pe- gênero, étnico-racial e de orientação sexual.
ricial com celeridade e procedimento padroni-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
zado.
pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
Ações programáticas: da República; Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
a) Propor regulamentação da perícia oficial. República

Responsável: Ministério da Justiça b) Realizar anualmente pesquisas nacionais de vi-


timização.
b) Propor projeto de lei para proporcionar autono-
mia administrativa e funcional dos órgãos perici- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
ais federais. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
Responsável: Ministério da Justiça
c) Fortalecer mecanismos que possibilitem a efe-
c) Propor padronização de procedimentos e equi- tiva fiscalização de empresas de segurança pri-
pamentos a serem utilizados pelas unidades pe- vada e a investigação e responsabilização de
riciais oficiais em todos os exames periciais cri- policiais que delas participem de forma direta ou
minalísticos e médico-legais. indireta.

159
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública pública; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República; Secretaria
d) Desenvolver normas de conduta e fiscalização Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
dos serviços de segurança privados que atuam Racial da Presidência da República.
na área rural.
c) Desenvolver e implantar sistema nacional inte-
Responsável: Ministério da Justiça grado das redes de saúde, de assistência social
e educação para a notificação de violência.
e) Elaborar diretrizes para atividades de policia-
mento comunitário e policiamento orientado Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
para a solução de problemas, bem como catalo- Humanos da Presidência da República; Ministério
gar e divulgar boas práticas dessas atividades. da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; Ministério da Educação; Secre-
Responsável: Ministério da Justiça
taria Especial de Políticas de Promoção da Igual-
f) Elaborar diretrizes para atuação conjunta entre dade Racial da Presidência da República
os órgãos de trânsito e os de segurança pública
d) Promover campanhas educativas e pesquisas
para reduzir a violência no trânsito.
voltadas à prevenção da violência contra pes-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das soas com deficiência, idosos, mulheres, indíge-
Cidades nas, negros, crianças, adolescentes, lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais, travestis e pes-
g) Realizar debate sobre o atual modelo de repres- soas em situação de rua.
são e estimular a discussão sobre modelos al-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
ternativos de tratamento do uso e tráfico de dro-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
gas, considerando o paradigma da redução de Humanos da Presidência da República; Ministério
danos. 074.785.143-32
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Se-
cretaria Especial de Políticas de Promoção da
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Igualdade Racial da Presidência da República; Se-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
pública; Gabinete de Segurança Institucional; Mi- Presidência da República; Ministério da Justiça; Mi-
nistério da Saúde nistério do Turismo; Ministério do Esporte

Objetivo estratégico V: Redução da violência e) Fortalecer unidade especializada em conflitos


motivada por diferenças de gênero, raça ou et- indígenas na Polícia Federal e garantir sua atu-
nia, idade, orientação sexual e situação de vul- ação conjunta com a FUNAI, em especial nos
nerabilidade. processos conflituosos de demarcação.

Ações programáticas: Responsável: Ministério da Justiça

a) Fortalecer a atuação da Polícia Federal no com- f) Fomentar cursos de qualificação e capacitação


bate e na apuração de crimes contra os Direitos sobre aspectos da cultura tradicional dos povos
Humanos. indígenas e sobre legislação indigenista para to-
das as corporações policiais, principalmente
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- para as polícias militares e civis especialmente
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- nos Estados e Municípios em que as aldeias in-
pública dígenas estejam localizadas nas proximidades
b) Garantir aos grupos em situação de vulnerabili- dos centros urbanos.
dade o conhecimento sobre serviços de atendi- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
mento, atividades desenvolvidas pelos órgãos e pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
instituições de segurança e mecanismos de de- pública
núncia, bem como a forma de acioná-los.

160
g) Fortalecer mecanismos para combater a violên- m) Fomentar a implantação do serviço de recebi-
cia contra a população indígena, em especial mento e encaminhamento de denúncias de vio-
para as mulheres indígenas vítimas de casos de lência contra a pessoa idosa em todas as unida-
violência psicológica, sexual e de assédio moral. des da Federação.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as manos da Presidência da República
Mulheres da Presidência da República.
n) Capacitar profissionais de educação e saúde
h) Apoiar a implementação do pacto nacional de para identificar e notificar crimes e casos de vio-
enfrentamento à violência contra as mulheres de lência contra a pessoa idosa e contra a pessoa
forma articulada com os planos estaduais de se- com deficiência.
gurança pública e em conformidade com a Lei
Maria da Penha (Lei no 11.340/2006). Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Ministério
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- da Saúde; Ministério da Educação
pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República; Ministério da Saúde; Secretaria Es- o) Implementar ações de promoção da cidadania e
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- Direitos Humanos das lésbicas, gays, bissexu-
pública. ais, transexuais e travestis, com foco na preven-
ção à violência, garantindo redes integradas de
i) Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha atenção.
com base nos dados sobre tipos de violência,
agressor e vítima. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Carlos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Miguel
Secretaria Es- Bezerra
pública Paiva
pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
c.mbezerrapaiva@gmail.com
da República Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao trá-
074.785.143-32
fico de pessoas.
j) Fortalecer ações estratégicas de prevenção à vi-
olência contra jovens negros. Ações programáticas:

Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de a) Desenvolver metodologia de monitoramento,


Promoção da Igualdade Racial da Presidência da disseminação e avaliação das metas do Plano
República; Ministério da Justiça Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pes-
soas, bem como construir e implementar o II
k) Estabelecer política de prevenção de violência Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
contra a população em situação de rua, inclu- Pessoas.
indo ações de capacitação de policiais em Direi-
tos Humanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do
Turismo; Secretaria Especial de Políticas para as
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Mulheres da Presidência da República; Ministério
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos
pública Direitos Humanos da Presidência da República

l) Promover a articulação institucional, em con- b) Estruturar, a partir de serviços existentes, sis-


junto com a sociedade civil, para implementar o tema nacional de atendimento às vítimas do trá-
Plano de Ação para o Enfrentamento da Violên- fico de pessoas, de reintegração e diminuição da
cia contra a Pessoa Idosa. vulnerabilidade, especialmente de crianças,
adolescentes, mulheres, transexuais e travestis.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Ministério
da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; Ministério da Saúde

161
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Secretaria Humanos da Presidência da República; Ministério
Especial de Políticas para as Mulheres da Presi- do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Espe-
dência da República; Ministério da Justiça cial de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República
c) Implementar as ações referentes a crianças e
adolescentes previstas na Política e no Plano DIRETRIZ 14: COMBATE À VIOLÊNCIA INSTITU-
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pes- CIONAL, COM ÊNFASE NA ERRADICAÇÃO DA
soas. TORTURA E NA REDUÇÃO DA LETALIDADE
POLICIAL E CARCERÁRIA.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- Objetivo estratégico I: Fortalecimento dos me-
pública canismos de controle do sistema de segurança
pública.
d) Consolidar fluxos de encaminhamento e monito-
ramento de denúncias de casos de tráfico de cri- Ações programáticas:
anças e adolescentes.
a) Criar ouvidoria de polícia com independência
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- para exercer controle externo das atividades das
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- Polícias Federais e da Força Nacional de Segu-
pública; Secretaria Especial de Políticas para as rança Pública, coordenada por um ouvidor com
Mulheres da Presidência da República mandato.

e) Revisar e disseminar metodologia para atendi- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
mento de crianças e adolescentes vítimas de pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
tráfico. Carlos Miguel Bezerra
pública Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- b) Fortalecer a Ouvidoria do Departamento Peni-
manos da Presidência da República 074.785.143-32
tenciário Nacional, dotando-a de recursos hu-
manos e materiais necessários ao desempenho
f) Fomentar a capacitação de técnicos da gestão de suas atividades, propondo sua autonomia
pública, organizações não governamentais e re- funcional.
presentantes das cadeias produtivas para o en-
frentamento ao tráfico de pessoas. Responsável: Ministério da Justiça

Responsável: Ministério do Turismo c) Condicionar a transferência voluntária de recur-


sos federais aos Estados e ao Distrito Federal
g) Desenvolver metodologia e material didático ao plano de implementação ou à existência de
para capacitar agentes públicos no enfrenta- ouvidorias de polícia e do sistema penitenciário,
mento ao tráfico de pessoas. que atendam aos requisitos de coordenação por
ouvidor com mandato, escolhidos com participa-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
ção da sociedade civil e com independência
Humanos da Presidência da República; Ministério
para sua atuação.
do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Espe-
cial de Políticas para as Mulheres da Presidência Responsável: Ministério da Justiça
da República
d) Elaborar projeto de lei para aperfeiçoamento da
h) Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de legislação processual penal, visando padronizar
pessoas, inclusive sobre exploração sexual de os procedimentos da investigação de ações po-
crianças e adolescentes. liciais com resultado letal.

Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Es-


pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública

162
e) Dotar as Corregedorias da Polícia Federal, da b) Elaborar procedimentos operacionais padroni-
Polícia Rodoviária Federal e do Departamento zados sobre revistas aos visitantes de estabele-
Penitenciário Nacional de recursos humanos e cimentos prisionais, respeitando os preceitos
materiais suficientes para o desempenho de dos Direitos Humanos.
suas atividades, ampliando sua autonomia fun-
cional. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Responsável: Ministério da Justiça pública; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República
f) Fortalecer a inspetoria da Força Nacional de Se-
gurança Pública e tornar obrigatória a publica- c) Elaborar diretrizes nacionais sobre uso da força
ção trimestral de estatísticas sobre procedimen- e de armas de fogo pelas instituições policiais e
tos instaurados e concluídos e sobre o número agentes do sistema penitenciário.
de policiais desmobilizados.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
Responsável: Ministério da Justiça pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
g) Publicar trimestralmente estatísticas sobre pro-
cedimentos instaurados e concluídos pelas Cor- d) Padronizar equipamentos, armas, munições e
regedorias da Polícia Federal e da Polícia Rodo- veículos apropriados à atividade policial a serem
viária Federal, e sobre a quantidade de policiais utilizados pelas forças policiais da União, bem
infratores e condenados, por cargo e tipo de pu- como aqueles financiados com recursos fede-
nição aplicada. rais nos Estados, no Distrito Federal e nos Mu-
nicípios.
Responsável: Ministério da Justiça
Carlos Miguel Bezerra Paiva Ministério da Justiça; Secretaria Es-
Responsáveis:
h) Publicar trimestralmente informações sobre pes- pecial
c.mbezerrapaiva@gmail.com dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
soas mortas e feridas em ações da Polícia Fe- pública
074.785.143-32
deral, da Polícia Rodoviária Federal e da Força
Nacional de Segurança Pública. e) Disponibilizar para a Polícia Federal, a Polícia
Rodoviária Federal e para a Força Nacional de
Responsável: Ministério da Justiça Segurança Pública munição, tecnologias e ar-
mas de menor potencial ofensivo.
i) Criar sistema de rastreamento de armas e de ve-
ículos usados pela Polícia Federal, Polícia Ro- Responsável: Ministério da Justiça
doviária Federal e Força Nacional de Segurança
Pública, e fomentar a criação de sistema seme- Objetivo estratégico III:Consolidação de polí-
lhante nos Estados e no Distrito Federal. tica nacional visando à erradicação da tortura e
de outros tratamentos ou penas cruéis, desu-
Responsável: Ministério da Justiça manos ou degradantes.
Objetivo estratégico II: Padronização de proce- Ações programáticas:
dimentos e equipamentos do sistema de segu-
rança pública. a) Elaborar projeto de lei visando a instituir o Me-
canismo Preventivo Nacional, sistema de inspe-
Ações programáticas: ção aos locais de detenção para o monitora-
mento regular e periódico dos centros de priva-
a) Elaborar procedimentos operacionais padroni-
ção de liberdade, nos termos do protocolo facul-
zados para as forças policiais federais, com res-
tativo à convenção da ONU contra a tortura e
peito aos Direitos Humanos.
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- ou degradantes.
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública

163
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública; Ministério das Relações Exteriores; pública

b) Instituir grupo de trabalho para discutir e propor h) Incluir na formação de agentes penitenciários fe-
atualização e aperfeiçoamento da Lei no derais curso com conteúdos relativos ao com-
9.455/1997, que define os crimes de tortura, de bate à tortura e sobre a importância dos Direitos
forma a atualizar os tipos penais, instituir sis- Humanos.
tema nacional de combate à tortura, estipular
marco legal para a definição de regras unifica- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
das de exame médico-legal, bem como estipular pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
ações preventivas obrigatórias como formação pública
específica das forças policiais e capacitação de
i) Realizar campanhas de prevenção e combate à
agentes para a identificação da tortura.
tortura nos meios de comunicação para a popu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- lação em geral, além de campanhas específicas
manos da Presidência da República voltadas às forças de segurança pública, bem
como divulgar os parâmetros internacionais de
c) Promover o fortalecimento, a criação e a reati- combate às práticas de tortura.
vação dos comitês estaduais de combate à tor-
tura. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República j) Estabelecer procedimento para a produção de
relatórios anuais, contendo informações sobre o
Carlos Miguel
d) Propor projeto de lei para tornar obrigatória a fil- Bezerra
númeroPaiva
de casos de torturas e de tratamentos
magem dos interrogatórios ou áudio gravações desumanos
c.mbezerrapaiva@gmail.com ou degradantes levados às autori-
realizadas durante as investigações policiais. dades, número de perpetradores e de sentenças
074.785.143-32
judiciais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
pública manos da Presidência da República

e) Estabelecer protocolo para a padronização de Objetivo estratégico IV: Combate às execuções


procedimentos a serem realizados nas perícias extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
destinadas a averiguar alegações de tortura.
Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- a) Fortalecer ações de combate às execuções ex-
pública trajudiciais realizadas por agentes do Estado,
assegurando a investigação dessas violações.
f) Elaborar matriz curricular e capacitar os opera-
dores do sistema de segurança pública e justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
criminal para o combate à tortura. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re- b) Desenvolver e apoiar ações específicas para in-
pública vestigação e combate à atuação de milícias e
grupos de extermínio.
g) Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da
perícia oficial, bem como de agentes públicos de Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
saúde, para a identificação de tortura. pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública

164
DIRETRIZ 15: GARANTIA DOS DIREITOS DAS Objetivo estratégico II: Consolidação da política
VÍTIMAS DE CRIMES E DE PROTEÇÃO DAS de assistência a vítimas e a testemunhas amea-
PESSOAS AMEAÇADAS. çadas.

Objetivo estratégico I: Instituição de sistema fe- Ações programáticas:


deral que integre os programas de proteção.
a) Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco
Ações programáticas: legal do Programa Federal de Assistência a Ví-
timas e Testemunhas Ameaçadas, ampliando a
a) Propor projeto de lei para integração, de forma proteção de escolta policial para as equipes téc-
sistêmica, dos programas de proteção a vítimas nicas do programa, e criar sistema de apoio à
e testemunhas ameaçadas, defensores de Direi- reinserção social dos usuários do programa.
tos Humanos e crianças e adolescentes amea-
çados de morte. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- pública
manos da Presidência da República
b) Regulamentar procedimentos e competências
b) Desenvolver sistema nacional que integre as in- para a execução do Programa Federal de Assis-
formações das ações de proteção às pessoas tência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas,
ameaçadas. em especial para a realização de escolta de
seus usuários.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
c) Ampliar os programas de proteção a vítimas e
Carlos Miguel Bezerra
pública Paiva
testemunhas ameaçadas, defensores dos Direi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
tos Humanos e crianças e adolescentes amea- c) Fomentar a criação de centros de atendimento
çados de morte para os Estados em que074.785.143-32
o índice a vítimas de crimes e a seus familiares, com es-
de violência aponte a criação de programas lo- trutura adequada e capaz de garantir o acompa-
cais. nhamento psicossocial e jurídico dos usuários,
com especial atenção a grupos sociais mais vul-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
neráveis, assegurando o exercício de seus direi-
manos da Presidência da República
tos.
d) Garantir a formação de agentes da Polícia Fe-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos
deral para a proteção das pessoas incluídas nos
Humanos da Presidência da República; Secretaria
programas de proteção de pessoas ameaçadas,
Especial de Políticas para as Mulheres da Presi-
observadas suas diretrizes.
dência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
d) Incentivar a criação de unidades especializadas
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
do Serviço de Proteção ao Depoente Especial
pública
da Polícia Federal nos Estados e no Distrito Fe-
e) Propor ampliação os recursos orçamentários deral.
para a realização das ações dos programas de
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas,
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
defensores dos Direitos Humanos e crianças e
pública
adolescentes ameaçados de morte.

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-


manos da Presidência da República

165
e) Garantir recursos orçamentários e de infraestru- a) Fortalecer a execução do Programa Nacional de
tura ao Serviço de Proteção ao Depoente Espe- Proteção aos Defensores dos Direitos Huma-
cial da Polícia Federal, necessários ao atendi- nos, garantindo segurança nos casos de violên-
mento pleno, imediato e de qualidade aos depo- cia, ameaça, retaliação, pressão ou ação arbi-
entes especiais e a seus familiares, bem como trária, e a defesa em ações judiciais de má-fé,
o atendimento às demandas de inclusão provi- em decorrência de suas atividades.
sória no programa federal.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
Responsável: Ministério da Justiça manos da Presidência da República

Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de b) Articular com os órgãos de segurança pública de
crianças e adolescentes ameaçados de morte. Direitos Humanos nos Estados para garantir a
segurança dos defensores dos Direitos Huma-
Ações programáticas: nos.
a) Ampliar a atuação federal no âmbito do Pro- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
grama de Proteção a Crianças e Adolescentes pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
Ameaçados de Morte nas unidades da Federa- pública
ção com maiores taxas de homicídio nessa faixa
etária. c) Capacitar os operadores do sistema de segu-
rança pública e de justiça sobre o trabalho dos
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- defensores dos Direitos Humanos.
manos da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
b) Formular política nacional de enfrentamento da manos da Presidência da República
violência letal contra crianças e adolescentes.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
d) Fomentar parcerias com as Defensorias Públi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu- cas dos Estados e da União para a defesa judi-
manos da Presidência da República 074.785.143-32
cial dos defensores dos Direitos Humanos nos
processos abertos contra eles.
c) Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de
morte violenta de crianças e adolescentes, as- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
segurando publicação anual dos dados. manos da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos e) Divulgar em âmbito nacional a atuação dos de-
Humanos da Presidência da República; Ministério fensores e militantes dos Direitos Humanos, fo-
da Saúde mentando cultura de respeito e valorização de
seus papéis na sociedade.
d) Desenvolver programas de enfrentamento da vi-
olência letal contra crianças e adolescentes e di- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Hu-
vulgar as experiências bem sucedidas. manos da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos DIRETRIZ 16: MODERNIZAÇÃO DA POLÍTICA
Humanos da Presidência da República; Ministério DE EXECUÇÃO PENAL, PRIORIZANDO A APLI-
da Justiça CAÇÃO DE PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS
À PRIVAÇÃO DE LIBERDADE E MELHORIA DO
Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção
SISTEMA PENITENCIÁRIO.
dos defensores dos Direitos Humanos e de
suas atividades. Objetivo estratégico I: Reestruturação do sis-
tema penitenciário.
Ações programáticas:
Ações programáticas:

166
a) Elaborar projeto de reforma da Lei de Execução d) Vincular o repasse de recursos federais para
Penal (Lei nº 7.210/1984), com o propósito de: construção de estabelecimentos prisionais nos
Estados e no Distrito Federal ao atendimento
• Adotar mecanismos tecnológicos para coibir das diretrizes arquitetônicas que contemplem a
a entrada de substâncias e materiais proibi- existência de alas específicas para presas grá-
dos, eliminando a prática de revista íntima vidas e requisitos de acessibilidade.
nos familiares de presos;
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es-
• Aplicar a Lei de Execução Penal também a pecial de Políticas para as Mulheres da Presidência
presas e presos provisórios e aos sentencia- da República
dos pela Justiça Especial;
e) Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a
• Vedar a divulgação pública de informações Política para a Atenção Integral a Usuários de
sobre perfil psicológico do preso e eventuais Álcool e outras Drogas no sistema penitenciário.
diagnósticos psiquiátricos feitos nos estabe-
lecimentos prisionais; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde
• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino
pelos estabelecimentos penais e a remição f) Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à
de pena por estudo; Saúde da Mulher no contexto prisional, regula-
mentando a assistência pré-natal, a existência
• Estabelecer que a perda de direitos ou a re- de celas específicas e período de permanência
dução de acesso a qualquer direito ocorrerá com seus filhos para aleitamento.
apenas como consequência de faltas de na-
tureza grave; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Carlos Miguel Bezerra
Saúde; Paiva
Secretaria Especial de Políticas para as
• Estabelecer critérios objetivos para isola- Mulheres
c.mbezerrapaiva@gmail.com da Presidência da República
mento de presos e presas no regime discipli-
nar diferenciado; 074.785.143-32
g) Implantar e implementar as ações de atenção in-
tegral aos presos previstas no Plano Nacional de
• Configurar nulidade absoluta dos procedi- Saúde no Sistema Penitenciário.
mentos disciplinares quando não houver inti-
mação do defensor do preso; Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde
• Estabelecer o regime de condenação como
limite para casos de regressão de regime; h) Promover estudo sobre a viabilidade de criação,
em âmbito federal, da carreira de oficial de con-
• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas dicional, trabalho externo e penas alternativas,
para a população carcerária LGBT. para acompanhar os condenados em liberdade
condicional, os presos em trabalho externo, em
Responsável: Ministério da Justiça
qualquer regime de execução, e os condenados
b) Elaborar decretos extraordinários de indulto a a penas alternativas à prisão.
condenados por crimes sem violência real, que
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do
reduzam substancialmente a população carce-
Planejamento, Orçamento e Gestão
rária brasileira.
i) Avançar na implementação do Sistema de Infor-
Responsável: Ministério da Justiça
mações Penitenciárias (InfoPen), financiando a
c) Fomentar a realização de revisões periódicas inclusão dos estabelecimentos prisionais dos
processuais dos processos de execução penal Estados e do Distrito Federal e condicionando
da população carcerária. os repasses de recursos federais à sua efetiva
integração ao sistema.
Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça

167
j) Ampliar campanhas de sensibilização para in- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria
clusão social de egressos do sistema prisional. Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico III: Tratamento adequado
k) Estabelecer diretrizes na política penitenciária de pessoas com transtornos mentais.
nacional que fortaleçam o processo de reinte-
gração social dos presos, internados e egres- Ações programáticas:
sos, com sua efetiva inclusão nas políticas pú-
blicas sociais. a) Estabelecer diretrizes que garantam tratamento
adequado às pessoas com transtornos mentais,
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do em consonância com o princípio de desinstituci-
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Minis- onalização.
tério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério
do Esporte Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Saúde
l) Debater, por meio de grupo de trabalho intermi-
nisterial, ações e estratégias que visem assegu- b) Propor projeto de lei para alterar o Código Penal,
rar o encaminhamento para o presídio feminino prevendo que o período de cumprimento de me-
de mulheres transexuais e travestis que estejam didas de segurança não deve ultrapassar o da
em regime de reclusão. pena prevista para o crime praticado, e estabe-
lecendo a continuidade do tratamento fora do
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Es- sistema penitenciário quando necessário.
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da Re-
pública; Secretaria Especial de Políticas para as Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Mulheres da Presidência da República Saúde
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
c) Estabelecer mecanismos para a reintegração
Objetivo estratégico II: Limitação do uso dos
institutos de prisão cautelar. 074.785.143-32
social dos internados em medida de segurança
quando da extinção desta, mediante aplicação
Ações programáticas: dos benefícios sociais correspondentes.

a) Propor projeto de lei para alterar o Código de Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da
Processo Penal, com o objetivo de: Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
• Estabelecer requisitos objetivos para decre-
tação de prisões preventivas que consagrem Objetivo estratégico IV: Ampliação da aplicação
sua excepcionalidade; de penas e medidas alternativas.

• Vedar a decretação de prisão preventiva em Ações programáticas:


casos que envolvam crimes com pena má-
xima inferior a quatro anos, excetuando cri- a) Desenvolver instrumentos de gestão que asse-
mes graves como formação de quadrilha e gurem a sustentabilidade das políticas públicas
peculato; de aplicação de penas e medidas alternativas.

• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um Responsáveis: Ministério da Justiça


dias para prisão provisória.
b) Incentivar a criação de varas especializadas e
Responsável: Ministério da Justiça de centrais de monitoramento do cumprimento
de penas e medidas alternativas.
b) Alterar a legislação sobre abuso de autoridade,
tipificando de modo específico as condutas pu- Responsável: Ministério da Justiça
níveis.

168
c) Desenvolver modelos de penas e medidas alter- Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as
nativas que associem seu cumprimento ao ilícito condições para o exercício efetivo dos direitos à
praticado, com projetos temáticos que estimu- vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à edu-
lem a capacitação do cumpridor, bem como pe- cação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao
nas de restrição de direitos com controle de fre- esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liber-
quência. dade, à dignidade, ao respeito e à convivência fa-
miliar e comunitária.
Responsável: Ministério da Justiça
§ 1º O poder público desenvolverá políticas
d) Desenvolver programas-piloto com foco na edu- que visem garantir os direitos humanos das mulhe-
cação, para aplicação da pena de limitação de res no âmbito das relações domésticas e familiares
final de semana. no sentido de resguardá-las de toda forma de ne-
gligência, discriminação, exploração, violência, cru-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da eldade e opressão.
Educação
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder
público criar as condições necessárias para o efe-
tivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão con-
siderados os fins sociais a que ela se destina e, es-
pecialmente, as condições peculiares das mulhe-
res em situação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II
Carlos Miguel Bezerra DA
Paiva
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
TÍTULO I c.mbezerrapaiva@gmail.com
FAMILIAR CONTRA A MULHER
074.785.143-32
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e DISPOSIÇÕES GERAIS
prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Consti-
tuição Federal, da Convenção sobre a Eliminação Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura vi-
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, olência doméstica e familiar contra a mulher qual-
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir quer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-
tratados internacionais ratificados pela República cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Ju- complementar nº 150, de 2015)
izados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro- I - no âmbito da unidade doméstica, compreen-
teção às mulheres em situação de violência domés- dida como o espaço de convívio permanente de
tica e familiar. pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
Art. 2º Toda mulher, independentemente de
II - no âmbito da família, compreendida como a
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cul- comunidade formada por indivíduos que são ou se
tura, nível educacional, idade e religião, goza dos consideram aparentados, unidos por laços natu-
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, rais, por afinidade ou por vontade expressa;
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facili-
dades para viver sem violência, preservar sua sa- III - em qualquer relação íntima de afeto, na
úde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
intelectual e social. ofendida, independentemente de coabitação.

169
Parágrafo único. As relações pessoais enunci- V - a violência moral, entendida como qualquer
adas neste artigo independem de orientação se- conduta que configure calúnia, difamação ou injú-
xual. ria.
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra
a mulher constitui uma das formas de violação dos TÍTULO III
direitos humanos.
DA ASSISTÊNCIA À MULHER
EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
CAPÍTULO II DOMÉSTICA E FAMILIAR
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉS-
TICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS
Art. 7º São formas de violência doméstica e DE PREVENÇÃO
familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer
Art. 8º A política pública que visa coibir a vio-
conduta que ofenda sua integridade ou saúde cor-
lência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á
poral;
por meio de um conjunto articulado de ações da
II - a violência psicológica, entendida como União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e nicípios e de ações não-governamentais, tendo por
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e diretrizes:
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise de-
I - a integração operacional do Poder Judiciá-
gradar ou controlar suas ações, comportamentos,
rio, do Ministério Público e da Defensoria Pública
crenças e decisões, mediante ameaça, Carlos Miguel Bezerra Paiva
constrangi-
com as áreas de segurança pública, assistência so-
mento, humilhação, manipulação, isolamento, vigi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
cial, saúde, educação, trabalho e habitação;
lância constante, perseguição contumaz, insulto,
074.785.143-32
chantagem, violação de sua intimidade, ridiculari- II - a promoção de estudos e pesquisas, esta-
zação, exploração e limitação do direito de ir e vir tísticas e outras informações relevantes, com a
ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concer-
saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação nentes às causas, às consequências e à frequência
dada pela Lei nº 13.772, de 2018) da violência doméstica e familiar contra a mulher,
para a sistematização de dados, a serem unifica-
III - a violência sexual, entendida como qual-
dos nacionalmente, e a avaliação periódica dos re-
quer conduta que a constranja a presenciar, a man-
sultados das medidas adotadas;
ter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da III - o respeito, nos meios de comunicação so-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de cial, dos valores éticos e sociais da pessoa e da
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça família, de forma a coibir os papéis estereotipados
de usar qualquer método contraceptivo ou que a que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso
prostituição, mediante coação, chantagem, su- III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV
borno ou manipulação; ou que limite ou anule o do art. 221 da Constituição Federal ;
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a implementação de atendimento policial
IV - a violência patrimonial, entendida como especializado para as mulheres, em particular nas
qualquer conduta que configure retenção, subtra- Delegacias de Atendimento à Mulher;
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins- V - a promoção e a realização de campanhas
trumentos de trabalho, documentos pessoais, educativas de prevenção da violência doméstica e
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, familiar contra a mulher, voltadas ao público esco-
incluindo os destinados a satisfazer suas necessi- lar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
dades; dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
das mulheres;

170
VI - a celebração de convênios, protocolos, III - encaminhamento à assistência judiciária,
ajustes, termos ou outros instrumentos de promo- quando for o caso, inclusive para eventual ajuiza-
ção de parceria entre órgãos governamentais ou mento da ação de separação judicial, de divórcio, de
entre estes e entidades não-governamentais, tendo anulação de casamento ou de dissolução de união
por objetivo a implementação de programas de er- estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei
radicação da violência doméstica e familiar contra nº 13.894, de 2019)
a mulher; § 3º A assistência à mulher em situação de vi-
VII - a capacitação permanente das Polícias olência doméstica e familiar compreenderá o
Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvi-
Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos ór- mento científico e tecnológico, incluindo os serviços
gãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às de contracepção de emergência, a profilaxia das
questões de gênero e de raça ou etnia; Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
VIII - a promoção de programas educacionais Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
que disseminem valores éticos de irrestrito respeito outros procedimentos médicos necessários e cabí-
à dignidade da pessoa humana com a perspectiva veis nos casos de violência sexual.
de gênero e de raça ou etnia; § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar
IX - o destaque, nos currículos escolares de to- lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano
dos os níveis de ensino, para os conteúdos relati- moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a res-
vos aos direitos humanos, à equidade de gênero e sarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir
de raça ou etnia e ao problema da violência domés- ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com
tica e familiar contra a mulher. a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de
saúde prestados para o total tratamento das víti-
mas em situação de violência doméstica e familiar,
CAPÍTULO IICarlos Miguel Bezerra recolhidos os recursos assim arrecadados ao
Paiva
Fundo de Saúde do ente federado responsável pe-
DA ASSISTÊNCIA À MULHER c.mbezerrapaiva@gmail.com
las unidades de saúde que prestarem os serviços.
EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 074.785.143-32
(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
DOMÉSTICA E FAMILIAR
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados
ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza-
Art. 9º A assistência à mulher em situação de dos para o monitoramento das vítimas de violência
doméstica ou familiar amparadas por medidas pro-
violência doméstica e familiar será prestada de
tetivas terão seus custos ressarcidos pelo agres-
forma articulada e conforme os princípios e as dire-
sor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
trizes previstos na Lei Orgânica da Assistência So-
cial, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único § 6º O ressarcimento de que tratam os
de Segurança Pública, entre outras normas e polí- §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus
ticas públicas de proteção, e emergencialmente de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e
quando for o caso. dos seus dependentes, nem configurar atenuante
ou ensejar possibilidade de substituição da pena
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a in-
aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
clusão da mulher em situação de violência domés-
tica e familiar no cadastro de programas assisten- § 7º A mulher em situação de violência domés-
ciais do governo federal, estadual e municipal. tica e familiar tem prioridade para matricular seus
dependentes em instituição de educação básica
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de
mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para
violência doméstica e familiar, para preservar sua
essa instituição, mediante a apresentação dos do-
integridade física e psicológica:
cumentos comprobatórios do registro da ocorrência
I - acesso prioritário à remoção quando servi- policial ou do processo de violência doméstica e fa-
dora pública, integrante da administração direta ou miliar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de
indireta; 2019)
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
necessário o afastamento do local de trabalho, por
até seis meses.

171
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de § 2º Na inquirição de mulher em situação de
seus dependentes matriculados ou transferidos violência doméstica e familiar ou de testemunha de
conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen-
acesso às informações será reservado ao juiz, ao cialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela
Ministério Público e aos órgãos competentes do po- Lei nº 13.505, de 2017)
der público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) I - a inquirição será feita em recinto especial-
mente projetado para esse fim, o qual conterá os
equipamentos próprios e adequados à idade da
CAPÍTULO III
mulher em situação de violência doméstica e fami-
DO ATENDIMENTO PELA liar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da vio-
AUTORIDADE POLICIAL lência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - quando for o caso, a inquirição será inter-
mediada por profissional especializado em violên-
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prá-
cia doméstica e familiar designado pela autoridade
tica de violência doméstica e familiar contra a mu-
judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de
lher, a autoridade policial que tomar conhecimento
2017)
da ocorrência adotará, de imediato, as providências
legais cabíveis. III - o depoimento será registrado em meio ele-
trônico ou magnético, devendo a degravação e a
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput
mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº
deste artigo ao descumprimento de medida prote-
13.505, de 2017)
tiva de urgência deferida.
Art. 11. No atendimento à mulher em situa-
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de
ção de violência doméstica e familiar, a autoridade
violência doméstica e familiar o atendimento poli-
policial deverá, entre outras providências:
Carlos
cial e pericial especializado, ininterrupto Miguel Bezerra
e prestado Paiva
por servidores - preferencialmentec.mbezerrapaiva@gmail.com
do sexo femi- I - garantir proteção policial, quando necessá-
nino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei rio, comunicando de imediato ao Ministério Público
nº 13.505, de 2017)
074.785.143-32
e ao Poder Judiciário;
§ 1º A inquirição de mulher em situação de vi- II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto
olência doméstica e familiar ou de testemunha de de saúde e ao Instituto Médico Legal;
violência doméstica, quando se tratar de crime con- III - fornecer transporte para a ofendida e seus
tra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (In- dependentes para abrigo ou local seguro, quando
cluído pela Lei nº 13.505, de 2017) houver risco de vida;
I - salvaguarda da integridade física, psíquica IV - se necessário, acompanhar a ofendida
e emocional da depoente, considerada a sua con- para assegurar a retirada de seus pertences do lo-
dição peculiar de pessoa em situação de violência cal da ocorrência ou do domicílio familiar;
doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505,
de 2017) V - informar à ofendida os direitos a ela confe-
ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a os de assistência judiciária para o eventual ajuiza-
mulher em situação de violência doméstica e fami- mento perante o juízo competente da ação de se-
liar, familiares e testemunhas terão contato direto paração judicial, de divórcio, de anulação de casa-
com investigados ou suspeitos e pessoas a eles re- mento ou de dissolução de união estável. (Redação
lacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
III - não revitimização da depoente, evitando Art. 12. Em todos os casos de violência do-
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âm-
méstica e familiar contra a mulher, feito o registro
bitos criminal, cível e administrativo, bem como
da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar,
questionamentos sobre a vida privada. (Incluído
de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
pela Lei nº 13.505, de 2017)
juízo daqueles previstos no Código de Processo
Penal:

172
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrên- Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na
cia e tomar a representação a termo, se apresen- formulação de suas políticas e planos de atendi-
tada; mento à mulher em situação de violência doméstica
II - colher todas as provas que servirem para o e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; Civil, à criação de Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Inves-
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
tigativos de Feminicídio e de equipes especializa-
horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
das para o atendimento e a investigação das vio-
ofendida, para a concessão de medidas protetivas
lências graves contra a mulher.
de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
corpo de delito da ofendida e requisitar outros exa- 13.505, de 2017)
mes periciais necessários; § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505,
V - ouvir o agressor e as testemunhas; de 2017)

VI - ordenar a identificação do agressor e fazer § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de


juntar aos autos sua folha de antecedentes crimi- 2017)
nais, indicando a existência de mandado de prisão § 3º A autoridade policial poderá requisitar os
ou registro de outras ocorrências policiais contra serviços públicos necessários à defesa da mulher
ele; em situação de violência doméstica e familiar e de
VI-A - verificar se o agressor possui registro de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de 2017)
existência, juntar aos autos essa informação, bem Art. 12-C. Verificada a existência de risco
como notificar a ocorrência à instituição responsá- atual ou iminente à vida ou à integridade física ou
vel pela concessão do registro ou Carlos Miguel
da emissão do Bezerra Paiva
psicológica da mulher em situação de violência do-
porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de de-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
méstica e familiar, ou de seus dependentes, o
zembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (In- agressor será imediatamente afastado do lar, domi-
cluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
074.785.143-32
cílio ou local de convivência com a ofendida: (Re-
VII - remeter, no prazo legal, os autos do in- dação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
quérito policial ao juiz e ao Ministério Público. I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo 13.827, de 2019)
pela autoridade policial e deverá conter: II - pelo delegado de polícia, quando o Municí-
I - qualificação da ofendida e do agressor; pio não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei
nº 13.827, de 2019)
II - nome e idade dos dependentes;
III - pelo policial, quando o Município não for
III - descrição sucinta do fato e das medidas
sede de comarca e não houver delegado disponível
protetivas solicitadas pela ofendida.
no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº
IV - informação sobre a condição de a ofendida 13.827, de 2019)
ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do ca-
resultou deficiência ou agravamento de deficiência
put deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao do- igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
cumento referido no § 1º o boletim de ocorrência e da medida aplicada, devendo dar ciência ao Minis-
cópia de todos os documentos disponíveis em tério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei
posse da ofendida. nº 13.827, de 2019)
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os § 2º Nos casos de risco à integridade física da
laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos- ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
pitais e postos de saúde. urgência, não será concedida liberdade provisória
ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

173
TÍTULO IV Art. 16. Nas ações penais públicas condicio-
DOS PROCEDIMENTOS nadas à representação da ofendida de que trata
CAPÍTULO I esta Lei, só será admitida a renúncia à representa-
ção perante o juiz, em audiência especialmente de-
DISPOSIÇÕES GERAIS signada com tal finalidade, antes do recebimento
da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à exe- Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de
cução das causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher, de
prática de violência doméstica e familiar contra a penas de cesta básica ou outras de prestação pe-
mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de cuniária, bem como a substituição de pena que im-
Processo Penal e Processo Civil e da legislação es- plique o pagamento isolado de multa.
pecífica relativa à criança, ao adolescente e ao
idoso que não conflitarem com o estabelecido
nesta Lei. CAPÍTULO II
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica DAS MEDIDAS PROTETIVAS
e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordi- DE URGÊNCIA
nária com competência cível e criminal, poderão
ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Seção I
Territórios, e pelos Estados, para o processo, o jul-
Disposições Gerais
gamento e a execução das causas decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher. Art. 18. Recebido o expediente com o pedido
Parágrafo único. Os atos processuais poderão da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (qua-
Carlos Miguel
realizar-se em horário noturno, conforme dispuse-
Bezerra Paiva
renta e oito) horas:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
rem as normas de organização judiciária. I - conhecer do expediente e do pedido e deci-
074.785.143-32
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor
dir sobre as medidas protetivas de urgência;
ação de divórcio ou de dissolução de união estável II - determinar o encaminhamento da ofendida
no Juizado de Violência Doméstica e Familiar con- ao órgão de assistência judiciária, quando for o
tra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) caso, inclusive para o ajuizamento da ação de se-
paração judicial, de divórcio, de anulação de casa-
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
mento ou de dissolução de união estável perante o
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894,
pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído
de 2019)
pela Lei nº 13.894, de 2019)
III - comunicar ao Ministério Público para que
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica
adote as providências cabíveis.
e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio
ou de dissolução de união estável, a ação terá pre- IV - determinar a apreensão imediata de arma
ferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei
13.894, de 2019) nº 13.880, de 2019)

Art. 15. É competente, por opção da ofen- Art. 19. As medidas protetivas de urgência
dida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
o Juizado: do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
I - do seu domicílio ou de sua residência; § 1º As medidas protetivas de urgência pode-
rão ser concedidas de imediato, independente-
II - do lugar do fato em que se baseou a de-
mente de audiência das partes e de manifestação
manda;
do Ministério Público, devendo este ser pronta-
III - do domicílio do agressor. mente comunicado.

174
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão III - proibição de determinadas condutas, entre
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão as quais:
ser substituídas a qualquer tempo por outras de a) aproximação da ofendida, de seus familiares
maior eficácia, sempre que os direitos reconheci- e das testemunhas, fixando o limite mínimo de dis-
dos nesta Lei forem ameaçados ou violados. tância entre estes e o agressor;
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério b) contato com a ofendida, seus familiares e
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas testemunhas por qualquer meio de comunicação;
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
concedidas, se entender necessário à proteção da c) frequentação de determinados lugares a fim
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, de preservar a integridade física e psicológica da
ouvido o Ministério Público. ofendida;

Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial IV - restrição ou suspensão de visitas aos de-
pendentes menores, ouvida a equipe de atendi-
ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva
mento multidisciplinar ou serviço similar;
do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a reque-
rimento do Ministério Público ou mediante repre- V - prestação de alimentos provisionais ou pro-
sentação da autoridade policial. visórios.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão VI – comparecimento do agressor a programas
preventiva se, no curso do processo, verificar a de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei
falta de motivo para que subsista, bem como de nº 13.984, de 2020)
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus- VII – acompanhamento psicossocial do agres-
tifiquem. sor, por meio de atendimento individual e/ou em
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de
atos processuais relativos ao agressor, 2020)
Carlosespecial-
Miguel Bezerra Paiva
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da pri- § 1º As medidas referidas neste artigo não im-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
são, sem prejuízo da intimação do advogado cons- pedem a aplicação de outras previstas na legisla-
tituído ou do defensor público. 074.785.143-32
ção em vigor, sempre que a segurança da ofendida
Parágrafo único. A ofendida não poderá entre- ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi-
gar intimação ou notificação ao agressor. dência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, en-
contrando-se o agressor nas condições menciona-
Seção II das no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826,
Das Medidas Protetivas de de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao
Urgência que Obrigam o Agressor respectivo órgão, corporação ou instituição as me-
didas protetivas de urgência concedidas e determi-
nará a restrição do porte de armas, ficando o supe-
Art. 22. Constatada a prática de violência do- rior imediato do agressor responsável pelo cumpri-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos mento da determinação judicial, sob pena de incor-
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao rer nos crimes de prevaricação ou de desobediên-
agressor, em conjunto ou separadamente, as se- cia, conforme o caso.
guintes medidas protetivas de urgência, entre ou-
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas
tras:
protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a
I - suspensão da posse ou restrição do porte qualquer momento, auxílio da força policial.
de armas, com comunicação ao órgão competente,
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste ar-
nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
tigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§
2003 ;
5º e 6º do art. 461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
II - afastamento do lar, domicílio ou local de de 1973 (Código de Processo Civil).
convivência com a ofendida;

175
Seção III Seção IV
Das Medidas Protetivas (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
de Urgência à Ofendida Do Crime de Descumprimento de
Medidas Protetivas de Urgência
Descumprimento de Medidas
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário,
Protetivas de Urgência
sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes
a programa oficial ou comunitário de proteção ou Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que
de atendimento; defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
II - determinar a recondução da ofendida e a
de seus dependentes ao respectivo domicílio, após Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
afastamento do agressor; anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

III - determinar o afastamento da ofendida do § 1º A configuração do crime independe da


lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
guarda dos filhos e alimentos; medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

IV - determinar a separação de corpos. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, ape-


nas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
V - determinar a matrícula dos dependentes da (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
ofendida em instituição de educação básica mais
próxima do seu domicílio, ou a transferência deles § 3º O disposto neste artigo não exclui a apli-
para essa instituição, independentemente da exis- cação de outras sanções cabíveis. (Incluído pela
tência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de Lei nº 13.641, de 2018)
2019) Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens CAPÍTULO III
074.785.143-32
da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
particular da mulher, o juiz poderá determinar, limi-
narmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraí- Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando
dos pelo agressor à ofendida; não for parte, nas causas cíveis e criminais decor-
rentes da violência doméstica e familiar contra a
II - proibição temporária para a celebração de mulher.
atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autoriza- Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem
ção judicial; prejuízo de outras atribuições, nos casos de violên-
III - suspensão das procurações conferidas cia doméstica e familiar contra a mulher, quando
pela ofendida ao agressor; necessário:

IV - prestação de caução provisória, mediante I - requisitar força policial e serviços públicos


depósito judicial, por perdas e danos materiais de- de saúde, de educação, de assistência social e de
correntes da prática de violência doméstica e fami- segurança, entre outros;
liar contra a ofendida. II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartó- particulares de atendimento à mulher em situação
rio competente para os fins previstos nos incisos II de violência doméstica e familiar, e adotar, de ime-
e III deste artigo. diato, as medidas administrativas ou judiciais cabí-
veis no tocante a quaisquer irregularidades consta-
tadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica
e familiar contra a mulher.

176
CAPÍTULO IV TÍTULO VI
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juiza-
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu-
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis
lher, as varas criminais acumularão as competên-
e criminais, a mulher em situação de violência do- cias cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
méstica e familiar deverá estar acompanhada de sas decorrentes da prática de violência doméstica
advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta e familiar contra a mulher, observadas as previsões
Lei. do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação
Art. 28. É garantido a toda mulher em situa- processual pertinente.
ção de violência doméstica e familiar o acesso aos Parágrafo único. Será garantido o direito de
serviços de Defensoria Pública ou de Assistência preferência, nas varas criminais, para o processo e
Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede po- o julgamento das causas referidas no caput.
licial e judicial, mediante atendimento específico e
humanizado.
TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
MULTIDISCIPLINAR Art. 34. A instituição dos Juizados de Violên-
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá
ser acompanhada pela implantação das curadorias
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Carlos
e Familiar contra a Mulher que vierem a serMiguel
criados Bezerra Paiva
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Esta-
poderão contar com uma equipe de atendimento
c.mbezerrapaiva@gmail.com
dos e os Municípios poderão criar e promover, no
multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
074.785.143-32
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de
limite das respectivas competências:
saúde. I - centros de atendimento integral e multidisci-
plinar para mulheres e respectivos dependentes
Art. 30. Compete à equipe de atendimento em situação de violência doméstica e familiar;
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe fo-
rem reservadas pela legislação local, fornecer sub- II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
sídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à dependentes menores em situação de violência do-
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbal- méstica e familiar;
mente em audiência, e desenvolver trabalhos de III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
orientação, encaminhamento, prevenção e outras serviços de saúde e centros de perícia médico-le-
medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os gal especializados no atendimento à mulher em si-
familiares, com especial atenção às crianças e aos tuação de violência doméstica e familiar;
adolescentes.
IV - programas e campanhas de enfrentamento
Art. 31. Quando a complexidade do caso exi- da violência doméstica e familiar;
gir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá de- V - centros de educação e de reabilitação para
terminar a manifestação de profissional especiali- os agressores.
zado, mediante a indicação da equipe de atendi-
mento multidisciplinar. Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Fede-
ral e os Municípios promoverão a adaptação de
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e
sua proposta orçamentária, poderá prever recursos aos princípios desta Lei.
para a criação e manutenção da equipe de atendi-
mento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretri- Art. 37. A defesa dos interesses e direitos
zes Orçamentárias. transindividuais previstos nesta Lei poderá ser
exercida, concorrentemente, pelo Ministério Pú-
blico e por associação de atuação na área,

177
regularmente constituída há pelo menos um ano,
nos termos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constitui-
ção poderá ser dispensado pelo juiz quando enten-
der que não há outra entidade com representativi-
dade adequada para o ajuizamento da demanda
coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência do-
méstica e familiar contra a mulher serão incluídas
nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema
de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
nacional de dados e informações relativo às mulhe- Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os
res. crimes resultantes de discriminação ou preconceito
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio-
Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão nal. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
remeter suas informações criminais para a base de
Art. 2º (Vetado).
dados do Ministério da Justiça.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém,
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o
devidamente habilitado, a qualquer cargo da Admi-
registro da medida protetiva de urgência. (Incluído
nistração Direta ou Indireta, bem como das conces-
pela Lei nº 13.827, de 2019)
sionárias de serviços públicos.
Parágrafo único. As medidas protetivas de ur-
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
gência serão registradas em banco de dados man-
tido e regulamentado pelo Conselho Carlos
NacionalMiguel
de Bezerra Paiva
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
c.mbezerrapaiva@gmail.comde discriminação de raça, cor, et-
Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, quem, por motivo
da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança nia, religião ou procedência nacional, obstar a pro-
074.785.143-32
pública e de assistência social, com vistas à fiscali- moção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de
zação e à efetividade das medidas protetivas. (In- 2010) (Vigência)
cluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Fede- privada.
ral e os Municípios, no limite de suas competências Pena: reclusão de dois a cinco anos.
e nos termos das respectivas leis de diretrizes or-
çamentárias, poderão estabelecer dotações orça- § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo
mentárias específicas, em cada exercício finan- de discriminação de raça ou de cor ou práticas re-
ceiro, para a implementação das medidas estabe- sultantes do preconceito de descendência ou ori-
lecidas nesta Lei. gem nacional ou étnica:(Incluído pela Lei nº 12.288,
de 2010) (Vigência)
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei
I - deixar de conceder os equipamentos neces-
não excluem outras decorrentes dos princípios por
sários ao empregado em igualdade de condições
ela adotados.
com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº
Art. 41. Aos crimes praticados com violência 12.288, de 2010) (Vigência)
doméstica e familiar contra a mulher, independen- II - impedir a ascensão funcional do empre-
temente da pena prevista, não se aplica a Lei nº gado ou obstar outra forma de benefício profissio-
9.099, de 26 de setembro de 1995. nal; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigên-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta cia)
e cinco) dias após sua publicação. III - proporcionar ao empregado tratamento di-
ferenciado no ambiente de trabalho, especialmente
quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de
2010) (Vigência)

178
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de al-
prestação de serviços à comunidade, incluindo ati- guém ao serviço em qualquer ramo das Forças Ar-
vidades de promoção da igualdade racial, quem, madas.
em anúncios ou qualquer outra forma de recruta-
mento de trabalhadores, exigir aspectos de aparên- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
cia próprios de raça ou etnia para emprego cujas Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio
atividades não justifiquem essas exigências. (Inclu- ou forma, o casamento ou convivência familiar e
ído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) social.
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabe- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
lecimento comercial, negando-se a servir, atender
Art. 15. (Vetado).
ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos. Art. 16. Constitui efeito da condenação a
perda do cargo ou função pública, para o servidor
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição público, e a suspensão do funcionamento do esta-
ou ingresso de aluno em estabelecimento de en- belecimento particular por prazo não superior a três
sino público ou privado de qualquer grau. meses.
Pena: reclusão de três a cinco anos. Art. 17. (Vetado).
Parágrafo único. Se o crime for praticado con-
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16
tra menor de dezoito anos a pena é agravada de
1/3 (um terço). e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospeda-
Art. 19. (Vetado).
gem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer es-
tabelecimento similar. Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discrimi-
Pena: reclusão de três a cinco anos. nação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
c.mbezerrapaiva@gmail.com
procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar074.785.143-32
atendi- 9.459, de 15/05/97)
mento em restaurantes, bares, confeitarias, ou lo-
cais semelhantes abertos ao público. Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Re-
dação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicu-
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendi- lar símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
mento em estabelecimentos esportivos, casas de propaganda que utilizem a cruz suástica ou ga-
diversões, ou clubes sociais abertos ao público. mada, para fins de divulgação do nazismo. (Reda-
Pena: reclusão de um a três anos. ção dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendi-
multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
mento em salões de cabeleireiros, barbearias, ter-
mas ou casas de massagem ou estabelecimento § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput
com as mesmas finalidades. é cometido por intermédio dos meios de comunica-
ção social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de um a três anos.
(Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais Pena: reclusão de dois a cinco anos e
em edifícios públicos ou residenciais e elevadores multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
ou escada de acesso aos mesmos:
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz po-
Pena: reclusão de um a três anos. derá determinar, ouvido o Ministério Público ou a
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transpor- pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
tes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de 9.459, de 15/05/97)
transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.

179
I - o recolhimento imediato ou a busca e apre- de condições, de direitos humanos e liberdades
ensão dos exemplares do material respectivo;(In- fundamentais nos campos político, econômico, so-
cluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) cial, cultural ou em qualquer outro campo da vida
II - a cessação das respectivas transmissões pública ou privada;
radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publica- II - desigualdade racial: toda situação injustifi-
ção por qualquer meio; (Redação dada pela Lei nº cada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
12.735, de 2012) (Vigência) serviços e oportunidades, nas esferas pública e pri-
III - a interdição das respectivas mensagens ou vada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori-
páginas de informação na rede mundial de compu- gem nacional ou étnica;
tadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vi- III - desigualdade de gênero e raça: assimetria
gência) existente no âmbito da sociedade que acentua a
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da distância social entre mulheres negras e os demais
condenação, após o trânsito em julgado da deci- segmentos sociais;
são, a destruição do material apreendido. (Incluído IV - população negra: o conjunto de pessoas
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que
sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de adotam autodefinição análoga;
21.9.1990)
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e
Art. 22. Revogam-se as disposições em con- programas adotados pelo Estado no cumprimento
trário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de de suas atribuições institucionais;
21.9.1990)
VI - ações afirmativas: os programas e medi-
das especiais
Carlos Miguel Bezerra adotados pelo Estado e pela inicia-
Paiva
tiva privada para a correção das desigualdades ra-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
ciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
074.785.143-32
dades.
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade ga-
rantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo
a todo cidadão brasileiro, independentemente da
etnia ou da cor da pele, o direito à participação na
comunidade, especialmente nas atividades políti-
cas, econômicas, empresariais, educacionais, cul-
turais e esportivas, defendendo sua dignidade e
seus valores religiosos e culturais.
TÍTULO I
Art. 3º Além das normas constitucionais rela-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
tivas aos princípios fundamentais, aos direitos e ga-
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igual- rantias fundamentais e aos direitos sociais, econô-
dade Racial, destinado a garantir à população ne- micos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial
gra a efetivação da igualdade de oportunidades, a adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e vítimas de desigualdade étnico-racial, a valoriza-
difusos e o combate à discriminação e às demais ção da igualdade étnica e o fortalecimento da iden-
formas de intolerância étnica. tidade nacional brasileira.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, Art. 4º A participação da população negra,
considera-se: em condição de igualdade de oportunidade, na vida
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda econômica, social, política e cultural do País será
distinção, exclusão, restrição ou preferência base- promovida, prioritariamente, por meio de:
ada em raça, cor, descendência ou origem nacional I - inclusão nas políticas públicas de desenvol-
ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir vimento econômico e social;
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade

180
II - adoção de medidas, programas e políticas § 1o O acesso universal e igualitário ao Sis-
de ação afirmativa; tema Único de Saúde (SUS) para promoção, prote-
III - modificação das estruturas institucionais ção e recuperação da saúde da população negra
do Estado para o adequado enfrentamento e a su- será de responsabilidade dos órgãos e instituições
peração das desigualdades étnicas decorrentes do públicas federais, estaduais, distritais e municipais,
preconceito e da discriminação étnica; da administração direta e indireta.

IV - promoção de ajustes normativos para § 2o O poder público garantirá que o segmento


aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às da população negra vinculado aos seguros priva-
desigualdades étnicas em todas as suas manifes- dos de saúde seja tratado sem discriminação.
tações individuais, institucionais e estruturais; Art. 7º O conjunto de ações de saúde volta-
V - eliminação dos obstáculos históricos, soci- das à população negra constitui a Política Nacional
oculturais e institucionais que impedem a represen- de Saúde Integral da População Negra, organizada
tação da diversidade étnica nas esferas pública e de acordo com as diretrizes abaixo especificadas:
privada; I - ampliação e fortalecimento da participação
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de inicia- de lideranças dos movimentos sociais em defesa
tivas oriundas da sociedade civil direcionadas à da saúde da população negra nas instâncias de
promoção da igualdade de oportunidades e ao participação e controle social do SUS;
combate às desigualdades étnicas, inclusive medi- II - produção de conhecimento científico e tec-
ante a implementação de incentivos e critérios de nológico em saúde da população negra;
condicionamento e prioridade no acesso aos recur-
sos públicos; III - desenvolvimento de processos de informa-
ção, comunicação e educação para contribuir com
VII - implementação de programas de ação a redução das vulnerabilidades da população ne-
afirmativa destinados ao enfrentamento das desi-
Carlos Miguel Bezerra
gra. Paiva
gualdades étnicas no tocante à educação, cultura,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mora- Art. 8º Constituem objetivos da Política Naci-
dia, meios de comunicação de massa, 074.785.143-32
financia- onal de Saúde Integral da População Negra:
mentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros. I - a promoção da saúde integral da população
Parágrafo único. Os programas de ação afir- negra, priorizando a redução das desigualdades ét-
mativa constituir-se-ão em políticas públicas desti- nicas e o combate à discriminação nas instituições
nadas a reparar as distorções e desigualdades so- e serviços do SUS;
ciais e demais práticas discriminatórias adotadas, II - a melhoria da qualidade dos sistemas de
nas esferas pública e privada, durante o processo informação do SUS no que tange à coleta, ao pro-
de formação social do País. cessamento e à análise dos dados desagregados
Art. 5º Para a consecução dos objetivos por cor, etnia e gênero;
desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Pro- III - o fomento à realização de estudos e pes-
moção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es- quisas sobre racismo e saúde da população negra;
tabelecido no Título III. IV - a inclusão do conteúdo da saúde da popu-
lação negra nos processos de formação e educa-
ção permanente dos trabalhadores da saúde;
TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS V - a inclusão da temática saúde da população
negra nos processos de formação política das lide-
ranças de movimentos sociais para o exercício da
CAPÍTULO I participação e controle social no SUS.
DO DIREITO À SAÚDE Parágrafo único. Os moradores das comuni-
dades de remanescentes de quilombos serão be-
Art. 6º O direito à saúde da população negra neficiários de incentivos específicos para a garantia
será garantido pelo poder público mediante políti- do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
cas universais, sociais e econômicas destinadas à ções ambientais, no saneamento básico, na
redução do risco de doenças e de outros agravos.

181
segurança alimentar e nutricional e na atenção in- § 2o O órgão competente do Poder Executivo
tegral à saúde. fomentará a formação inicial e continuada de pro-
fessores e a elaboração de material didático espe-
cífico para o cumprimento do disposto no ca-
CAPÍTULO II put deste artigo.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, § 3o Nas datas comemorativas de caráter cí-
AO ESPORTE E AO LAZER vico, os órgãos responsáveis pela educação incen-
tivarão a participação de intelectuais e representan-
tes do movimento negro para debater com os estu-
Seção I
dantes suas vivências relativas ao tema em come-
Disposições Gerais moração.
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e esta-
Art. 9º A população negra tem direito a parti-
duais de fomento à pesquisa e à pós-graduação
cipar de atividades educacionais, culturais, esporti- poderão criar incentivos a pesquisas e a programas
vas e de lazer adequadas a seus interesses e con- de estudo voltados para temas referentes às rela-
dições, de modo a contribuir para o patrimônio cul- ções étnicas, aos quilombos e às questões perti-
tural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
nentes à população negra.
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio
art. 9o, os governos federal, estaduais, distrital e dos órgãos competentes, incentivará as institui-
municipais adotarão as seguintes providências:
ções de ensino superior públicas e privadas, sem
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar prejuízo da legislação em vigor, a:
o acesso da população negra ao ensino gratuito e I - resguardar os princípios da ética em pes-
às atividades esportivas e de lazer;
quisa e apoiar
Carlos Miguel Bezerra grupos, núcleos e centros de pes-
Paiva
II - apoio à iniciativa de entidades que mante- quisa, nos diversos programas de pós-graduação
c.mbezerrapaiva@gmail.com
nham espaço para promoção social e cultural da que desenvolvam temáticas de interesse da popu-
população negra; 074.785.143-32
lação negra;
III - desenvolvimento de campanhas educati- II - incorporar nas matrizes curriculares dos
vas, inclusive nas escolas, para que a solidarie- cursos de formação de professores temas que in-
dade aos membros da população negra faça parte cluam valores concernentes à pluralidade étnica e
da cultura de toda a sociedade; cultural da sociedade brasileira;
IV - implementação de políticas públicas para III - desenvolver programas de extensão uni-
o fortalecimento da juventude negra brasileira. versitária destinados a aproximar jovens negros de
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários;
Seção II
IV - estabelecer programas de cooperação téc-
Da Educação nica, nos estabelecimentos de ensino públicos, pri-
vados e comunitários, com as escolas de educação
infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fun-
técnico, para a formação docente baseada em prin-
damental e de ensino médio, públicos e privados, é cípios de equidade, de tolerância e de respeito às
obrigatório o estudo da história geral da África e da diferenças étnicas.
história da população negra no Brasil, observado o
disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de Art. 14. O poder público estimulará e apoiará
1996. ações socioeducacionais realizadas por entidades
§ 1o Os conteúdos referentes à história da po- do movimento negro que desenvolvam atividades
pulação negra no Brasil serão ministrados no âm- voltadas para a inclusão social, mediante coopera-
bito de todo o currículo escolar, resgatando sua ção técnica, intercâmbios, convênios e incentivos,
contribuição decisiva para o desenvolvimento so- entre outros mecanismos.
cial, econômico, político e cultural do País. Art. 15. O poder público adotará programas
de ação afirmativa.

182
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio Art. 22. A capoeira é reconhecida como des-
dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo- porto de criação nacional, nos termos do art. 217
ção da igualdade e de educação, acompanhará e da Constituição Federal.
avaliará os programas de que trata esta Seção. § 1o A atividade de capoeirista será reconhe-
cida em todas as modalidades em que a capoeira
se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou
Seção III
música, sendo livre o exercício em todo o território
Da Cultura nacional.
§ 2o É facultado o ensino da capoeira nas ins-
Art. 17. O poder público garantirá o reconhe- tituições públicas e privadas pelos capoeiristas e
cimento das sociedades negras, clubes e outras mestres tradicionais, pública e formalmente reco-
formas de manifestação coletiva da população ne- nhecidos.
gra, com trajetória histórica comprovada, como pa-
trimônio histórico e cultural, nos termos dos arts.
215 e 216 da Constituição Federal. CAPÍTULO III
Art. 18. É assegurado aos remanescentes DO DIREITO À LIBERDADE DE
das comunidades dos quilombos o direito à preser- CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
vação de seus usos, costumes, tradições e mani- EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
festos religiosos, sob a proteção do Estado.
Parágrafo único. A preservação dos documen- Art. 23. É inviolável a liberdade de consciên-
tos e dos sítios detentores de reminiscências histó- cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício
ricas dos antigos quilombos, tombados nos termos dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
do § 5o do art. 216 da Constituição Federal,
Carlos rece-
Miguel proteção
Bezerra aos locais de culto e a suas liturgias.
Paiva
berá especial atenção do poder público.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 24. O direito à liberdade de consciência
Art. 19. O poder público incentivará074.785.143-32
a cele- e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos
bração das personalidades e das datas comemora- de matriz africana compreende:
tivas relacionadas à trajetória do samba e de outras
manifestações culturais de matriz africana, bem I - a prática de cultos, a celebração de reuniões
como sua comemoração nas instituições de ensino relacionadas à religiosidade e a fundação e manu-
públicas e privadas. tenção, por iniciativa privada, de lugares reserva-
dos para tais fins;
Art. 20. O poder público garantirá o registro
II - a celebração de festividades e cerimônias
e a proteção da capoeira, em todas as suas moda- de acordo com preceitos das respectivas religiões;
lidades, como bem de natureza imaterial e de for-
mação da identidade cultural brasileira, nos termos III - a fundação e a manutenção, por iniciativa
do art. 216 da Constituição Federal. privada, de instituições beneficentes ligadas às res-
pectivas convicções religiosas;
Parágrafo único. O poder público buscará ga-
rantir, por meio dos atos normativos necessários, a IV - a produção, a comercialização, a aquisição
preservação dos elementos formadores tradicio- e o uso de artigos e materiais religiosos adequados
nais da capoeira nas suas relações internacionais. aos costumes e às práticas fundadas na respectiva
religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas
por legislação específica;
Seção IV V - a produção e a divulgação de publicações
Do Esporte e Lazer relacionadas ao exercício e à difusão das religiões
de matriz africana;
Art. 21. O poder público fomentará o pleno VI - a coleta de contribuições financeiras de
acesso da população negra às práticas desporti- pessoas naturais e jurídicas de natureza privada
vas, consolidando o esporte e o lazer como direitos para a manutenção das atividades religiosas e so-
sociais. ciais das respectivas religiões;

183
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de co- Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento
municação para divulgação das respectivas religi- das atividades produtivas da população negra no
ões; campo, o poder público promoverá ações para via-
VIII - a comunicação ao Ministério Público para bilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento
abertura de ação penal em face de atitudes e práti- agrícola.
cas de intolerância religiosa nos meios de comuni- Art. 29. Serão assegurados à população ne-
cação e em quaisquer outros locais.
gra a assistência técnica rural, a simplificação do
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da in-
aos praticantes de religiões de matrizes africanas fraestrutura de logística para a comercialização da
internados em hospitais ou em outras instituições produção.
de internação coletiva, inclusive àqueles submeti- Art. 30. O poder público promoverá a educa-
dos a pena privativa de liberdade.
ção e a orientação profissional agrícola para os tra-
Art. 26. O poder público adotará as medidas balhadores negros e as comunidades negras ru-
necessárias para o combate à intolerância com as rais.
religiões de matrizes africanas e à discriminação de Art. 31. Aos remanescentes das comunida-
seus seguidores, especialmente com o objetivo de:
des dos quilombos que estejam ocupando suas ter-
I - coibir a utilização dos meios de comunica- ras é reconhecida a propriedade definitiva, de-
ção social para a difusão de proposições, imagens vendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao
ódio ou ao desprezo por motivos fundados na reli- Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará
giosidade de matrizes africanas; e desenvolverá políticas públicas especiais volta-
das para o desenvolvimento sustentável dos rema-
II - inventariar, restaurar e proteger os docu- nescentes das comunidades dos quilombos, res-
mentos, obras e outros bens de valorCarlos
artístico eMiguel
cul- Bezerra Paiva
peitando as tradições de proteção ambiental das
tural, os monumentos, mananciais, flora e sítios ar-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
comunidades.
queológicos vinculados às religiões de matrizes 074.785.143-32
africanas; Art. 33. Para fins de política agrícola, os re-
manescentes das comunidades dos quilombos re-
III - assegurar a participação proporcional de
ceberão dos órgãos competentes tratamento espe-
representantes das religiões de matrizes africanas,
cial diferenciado, assistência técnica e linhas espe-
ao lado da representação das demais religiões, em
ciais de financiamento público, destinados à reali-
comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias
zação de suas atividades produtivas e de infraes-
de deliberação vinculadas ao poder público.
trutura.
Art. 34. Os remanescentes das comunida-
CAPÍTULO IV des dos quilombos se beneficiarão de todas as ini-
DO ACESSO À TERRA E À ciativas previstas nesta e em outras leis para a pro-
MORADIA ADEQUADA moção da igualdade étnica.

Seção I Seção II
Do Acesso à Terra Da Moradia

Art. 27. O poder público elaborará e imple- Art. 35. O poder público garantirá a imple-
mentará políticas públicas capazes de promover o mentação de políticas públicas para assegurar o di-
acesso da população negra à terra e às atividades reito à moradia adequada da população negra que
produtivas no campo. vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutiliza-
das, degradadas ou em processo de degradação,
a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promo-
ver melhorias no ambiente e na qualidade de vida.

184
Parágrafo único. O direito à moradia ade- Art. 39. O poder público promoverá ações
quada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas que assegurem a igualdade de oportunidades no
o provimento habitacional, mas também a garantia mercado de trabalho para a população negra, inclu-
da infraestrutura urbana e dos equipamentos co- sive mediante a implementação de medidas vi-
munitários associados à função habitacional, bem sando à promoção da igualdade nas contratações
como a assistência técnica e jurídica para a cons- do setor público e o incentivo à adoção de medidas
trução, a reforma ou a regularização fundiária da similares nas empresas e organizações privadas.
habitação em área urbana.
§ 1o A igualdade de oportunidades será lo-
Art. 36. Os programas, projetos e outras grada mediante a adoção de políticas e programas
ações governamentais realizadas no âmbito do Sis- de formação profissional, de emprego e de geração
tema Nacional de Habitação de Interesse Social de renda voltados para a população negra.
(SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de ju- § 2o As ações visando a promover a igualdade
nho de 2005, devem considerar as peculiaridades de oportunidades na esfera da administração pú-
sociais, econômicas e culturais da população ne- blica far-se-ão por meio de normas estabelecidas
gra. ou a serem estabelecidas em legislação específica
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fede- e em seus regulamentos.
ral e os Municípios estimularão e facilitarão a parti- § 3o O poder público estimulará, por meio de
cipação de organizações e movimentos represen- incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor
tativos da população negra na composição dos privado.
conselhos constituídos para fins de aplicação do
Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social § 4o As ações de que trata o caput deste artigo
(FNHIS). assegurarão o princípio da proporcionalidade de
gênero entre os beneficiários.
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou
Carlos Miguel § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para
privados, promoverão ações para viabilizar o Bezerra Paiva
a pequena produção, nos meios rural e urbano,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
acesso da população negra aos financiamentos ha-
com ações afirmativas para mulheres negras.
bitacionais. 074.785.143-32 o
§ 6 O poder público promoverá campanhas
de sensibilização contra a marginalização da mu-
CAPÍTULO V lher negra no trabalho artístico e cultural.
DO TRABALHO § 7o O poder público promoverá ações com o
objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação
profissional nos setores da economia que contem
Art. 38. A implementação de políticas volta- com alto índice de ocupação por trabalhadores ne-
das para a inclusão da população negra no mer- gros de baixa escolarização.
cado de trabalho será de responsabilidade do po-
der público, observando-se: Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo
de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará po-
I - o instituído neste Estatuto;
líticas, programas e projetos voltados para a inclu-
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao são da população negra no mercado de trabalho e
ratificar a Convenção Internacional sobre a Elimi- orientará a destinação de recursos para seu finan-
nação de Todas as Formas de Discriminação Ra- ciamento.
cial, de 1965;
Art. 41. As ações de emprego e renda, pro-
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao movidas por meio de financiamento para constitui-
ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organi- ção e ampliação de pequenas e médias empresas
zação Internacional do Trabalho (OIT), que trata da e de programas de geração de renda, contempla-
discriminação no emprego e na profissão; rão o estímulo à promoção de empresários negros.
IV - os demais compromissos formalmente as- Parágrafo único. O poder público estimulará
sumidos pelo Brasil perante a comunidade interna- as atividades voltadas ao turismo étnico com enfo-
cional. que nos locais, monumentos e cidades que retra-
tem a cultura, os usos e os costumes da população
negra.

185
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe
implementar critérios para provimento de cargos vinculada ao projeto ou serviço contratado.
em comissão e funções de confiança destinados a § 3o A autoridade contratante poderá, se con-
ampliar a participação de negros, buscando repro- siderar necessário para garantir a prática de iguais
duzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, oportunidades de emprego, requerer auditoria por
quando for o caso, estadual, observados os dados órgão do poder público federal.
demográficos oficiais.
§ 4o A exigência disposta no caput não se
aplica às produções publicitárias quando aborda-
CAPÍTULO VI rem especificidades de grupos étnicos determina-
dos.
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

TÍTULO III
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos
de comunicação valorizará a herança cultural e a DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO
participação da população negra na história do DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)
País.
Art. 44. Na produção de filmes e programas CAPÍTULO I
destinados à veiculação pelas emissoras de televi- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
são e em salas cinematográficas, deverá ser ado-
tada a prática de conferir oportunidades de em-
prego para atores, figurantes e técnicos negros, Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de
sendo vedada toda e qualquer discriminação de na- Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como
tureza política, ideológica, étnica ou Carlos forma de organização e de articulação voltadas à
artística. Miguel Bezerra Paiva
implementação do conjunto de políticas e serviços
Parágrafo único. A exigência disposta no ca-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
destinados a superar as desigualdades étnicas
put não se aplica aos filmes e programas que abor-
dem especificidades de grupos étnicos determina-
074.785.143-32
existentes no País, prestados pelo poder público fe-
deral.
dos.
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Art. 45. Aplica-se à produção de peças pu- cípios poderão participar do Sinapir mediante ade-
blicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras são.
de televisão e em salas cinematográficas o dis-
posto no art. 44. § 2o O poder público federal incentivará a so-
ciedade e a iniciativa privada a participar do Si-
Art. 46. Os órgãos e entidades da adminis- napir.
tração pública federal direta, autárquica ou funda-
cional, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista federais deverão incluir cláusulas CAPÍTULO II
de participação de artistas negros nos contratos de DOS OBJETIVOS
realização de filmes, programas ou quaisquer ou-
tras peças de caráter publicitário. Art. 48. São objetivos do Sinapir:
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este
I - promover a igualdade étnica e o combate às
artigo incluirão, nas especificações para contrata-
desigualdades sociais resultantes do racismo, in-
ção de serviços de consultoria, conceituação, pro-
clusive mediante adoção de ações afirmativas;
dução e realização de filmes, programas ou peças
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais II - formular políticas destinadas a combater os
oportunidades de emprego para as pessoas relaci- fatores de marginalização e a promover a integra-
onadas com o projeto ou serviço contratado. ção social da população negra;
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportu- III - descentralizar a implementação de ações
nidades de emprego o conjunto de medidas siste- afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
máticas executadas com a finalidade de garantir a municipais;

186
IV - articular planos, ações e mecanismos vol- CAPÍTULO IV
tados à promoção da igualdade étnica; DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO
V - garantir a eficácia dos meios e dos instru- ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA
mentos criados para a implementação das ações
afirmativas e o cumprimento das metas a serem es-
tabelecidas. Art. 51. O poder público federal instituirá, na
forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e
Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da
CAPÍTULO III Igualdade Racial, para receber e encaminhar de-
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA núncias de preconceito e discriminação com base
em etnia ou cor e acompanhar a implementação de
medidas para a promoção da igualdade.
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará
plano nacional de promoção da igualdade racial Art. 52. É assegurado às vítimas de discrimi-
contendo as metas, princípios e diretrizes para a nação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria
implementação da Política Nacional de Promoção Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério
da Igualdade Racial (PNPIR). Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas
instâncias, para a garantia do cumprimento de seus
§ 1o A elaboração, implementação, coordena- direitos.
ção, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem
como a organização, articulação e coordenação do Parágrafo único. O Estado assegurará aten-
Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável ção às mulheres negras em situação de violência,
pela política de promoção da igualdade étnica em garantida a assistência física, psíquica, social e ju-
âmbito nacional. rídica.

Carlos
§ 2o É o Poder Executivo federal Miguel
autorizado a BezerraArt. 53. O Estado adotará medidas especiais
Paiva
instituir fórum intergovernamental de promoção da para
c.mbezerrapaiva@gmail.com coibir a violência policial incidente sobre a po-
igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão res- pulação negra.
074.785.143-32
ponsável pelas políticas de promoção da igualdade Parágrafo único. O Estado implementará
étnica, com o objetivo de implementar estratégias ações de ressocialização e proteção da juventude
que visem à incorporação da política nacional de negra em conflito com a lei e exposta a experiên-
promoção da igualdade étnica nas ações governa- cias de exclusão social.
mentais de Estados e Municípios.
Art. 54. O Estado adotará medidas para coi-
§ 3o As diretrizes das políticas nacional e regi-
bir atos de discriminação e preconceito praticados
onal de promoção da igualdade étnica serão elabo-
por servidores públicos em detrimento da popula-
radas por órgão colegiado que assegure a partici-
ção negra, observado, no que couber, o disposto
pação da sociedade civil.
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais,
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões
distrital e municipais, no âmbito das respectivas es-
e das ameaças de lesão aos interesses da popula-
feras de competência, poderão instituir conselhos
ção negra decorrentes de situações de desigual-
de promoção da igualdade étnica, de caráter per-
dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumen-
manente e consultivo, compostos por igual número
tos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no
de representantes de órgãos e entidades públicas
7.347, de 24 de julho de 1985.
e de organizações da sociedade civil representati-
vas da população negra.
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará
o repasse dos recursos referentes aos programas
e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Dis-
trito Federal e Municípios que tenham criado con-
selhos de promoção da igualdade étnica.

187
CAPÍTULO V áreas referidas no § 1o deste artigo discriminarão
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS em seus orçamentos anuais a participação nos pro-
gramas de ação afirmativa referidos no inciso VII
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL do art. 4o desta Lei.
§ 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar
Art. 56. Na implementação dos programas e as medidas necessárias para a adequada imple-
das ações constantes dos planos plurianuais e dos mentação do disposto neste artigo, podendo esta-
orçamentos anuais da União, deverão ser observa- belecer patamares de participação crescente dos
das as políticas de ação afirmativa a que se refere programas de ação afirmativa nos orçamentos anu-
o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas ais a que se refere o § 2o deste artigo.
públicas que tenham como objetivo promover a
igualdade de oportunidades e a inclusão social da § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo fe-
população negra, especialmente no que tange a: deral responsável pela promoção da igualdade ra-
cial acompanhará e avaliará a programação das
I - promoção da igualdade de oportunidades ações referidas neste artigo nas propostas orça-
em educação, emprego e moradia; mentárias da União.
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de Art. 57. Sem prejuízo da destinação de re-
educação, saúde e emprego, voltadas para a me-
cursos ordinários, poderão ser consignados nos or-
lhoria da qualidade de vida da população negra;
çamentos fiscal e da seguridade social para finan-
III - incentivo à criação de programas e veícu- ciamento das ações de que trata o art. 56:
los de comunicação destinados à divulgação de
I - transferências voluntárias dos Estados, do
matérias relacionadas aos interesses da população
Distrito Federal e dos Municípios;
negra;
II - doações voluntárias de particulares;
IV - incentivo à criação e à manutenção de mi-
Carlos Miguel Bezerra
croempresas administradas por pessoas autode-
Paivade empresas privadas e organiza-
III - doações
claradas negras; c.mbezerrapaiva@gmail.com
ções não governamentais, nacionais ou internacio-
nais;
074.785.143-32
V - iniciativas que incrementem o acesso ea
permanência das pessoas negras na educação IV - doações voluntárias de fundos nacionais
fundamental, média, técnica e superior; ou internacionais;
VI - apoio a programas e projetos dos governos V - doações de Estados estrangeiros, por meio
estaduais, distrital e municipais e de entidades da de convênios, tratados e acordos internacionais.
sociedade civil voltados para a promoção da igual-
dade de oportunidades para a população negra;
TÍTULO IV
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura,
da memória e das tradições africanas e brasileiras. DISPOSIÇÕES FINAIS

§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a


adotar medidas que garantam, em cada exercício, Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não
a transparência na alocação e na execução dos re- excluem outras em prol da população negra que te-
cursos necessários ao financiamento das ações nham sido ou venham a ser adotadas no âmbito da
previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu-
a proporção dos recursos orçamentários destina- nicípios.
dos aos programas de promoção da igualdade, es- Art. 59. O Poder Executivo federal criará ins-
pecialmente nas áreas de educação, saúde, em- trumentos para aferir a eficácia social das medidas
prego e renda, desenvolvimento agrário, habitação previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento
popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte constante, com a emissão e a divulgação de rela-
e lazer. tórios periódicos, inclusive pela rede mundial de
§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a computadores.
contar do exercício subsequente à publicação
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
deste Estatuto, os órgãos do Poder Executivo fede-
dias após a data de sua publicação.
ral que desenvolvem políticas e programas nas

188
II - os fatores socioambientais, psicológicos e
pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades;
e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos
para avaliação da deficiência. (Vide Lei nº 13.846,
de 2019) (Vide Lei nº 14.126, de 2021)
LIVRO I Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, con-
PARTE GERAL sideram-se:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de
TÍTULO I alcance para utilização, com segurança e autono-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urba-
nos, edificações, transportes, informação e comu-
nicação, inclusive seus sistemas e tecnologias,
CAPÍTULO I bem como de outros serviços e instalações abertos
DISPOSIÇÕES GERAIS ao público, de uso público ou privados de uso cole-
tivo, tanto na zona urbana como na rural, por pes-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa II - desenho universal: concepção de produtos,
com Deficiência), destinada a assegurar e a promo- ambientes, programas e serviços a serem usados
ver, em condições de igualdade, o exercício dos di- por todas as pessoas, sem necessidade de adap-
Carlos
reitos e das liberdades fundamentais por pessoa
Miguel Bezerra
tação ou Paiva
de projeto específico, incluindo os recur-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
com deficiência, visando à sua inclusão social e ci- sos de tecnologia assistiva;
dadania. 074.785.143-32III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: pro-
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a dutos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto-
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De- dologias, estratégias, práticas e serviços que obje-
ficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados tivem promover a funcionalidade, relacionada à ati-
pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Le- vidade e à participação da pessoa com deficiência
gislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em confor- ou com mobilidade reduzida, visando à sua autono-
midade com o procedimento previsto no § 3º do art. mia, independência, qualidade de vida e inclusão
5º da Constituição da República Federativa do Bra- social;
sil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico ex- IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ati-
terno, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados tude ou comportamento que limite ou impeça a par-
pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 , ticipação social da pessoa, bem como o gozo, a
data de início de sua vigência no plano interno. fruição e o exercício de seus direitos à acessibili-
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência dade, à liberdade de movimento e de expressão, à
aquela que tem impedimento de longo prazo de na- comunicação, ao acesso à informação, à compre-
tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o ensão, à circulação com segurança, entre outros,
qual, em interação com uma ou mais barreiras, classificadas em:
pode obstruir sua participação plena e efetiva na a) barreiras urbanísticas: as existentes nas
sociedade em igualdade de condições com as de- vias e nos espaços públicos e privados abertos ao
mais pessoas. público ou de uso coletivo;
§ 1º A avaliação da deficiência, quando neces- b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos
sária, será biopsicossocial, realizada por equipe edifícios públicos e privados;
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: c) barreiras nos transportes: as existentes nos
(Vigência) sistemas e meios de transportes;
I - os impedimentos nas funções e nas estrutu-
ras do corpo;

189
d) barreiras nas comunicações e na informa- IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela
ção: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou com- que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de mo-
portamento que dificulte ou impossibilite a expres- vimentação, permanente ou temporária, gerando
são ou o recebimento de mensagens e de informa- redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da
ções por intermédio de sistemas de comunicação e coordenação motora ou da percepção, incluindo
de tecnologia da informação; idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comporta- colo e obeso;
mentos que impeçam ou prejudiquem a participa- X - residências inclusivas: unidades de oferta
ção social da pessoa com deficiência em igualdade do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de
de condições e oportunidades com as demais pes- Assistência Social (Suas) localizadas em áreas re-
soas; sidenciais da comunidade, com estruturas adequa-
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou das, que possam contar com apoio psicossocial
impedem o acesso da pessoa com deficiência às para o atendimento das necessidades da pessoa
tecnologias; acolhida, destinadas a jovens e adultos com defici-
ência, em situação de dependência, que não dis-
V - comunicação: forma de interação dos cida- põem de condições de autossustentabilidade e
dãos que abrange, entre outras opções, as línguas, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos;
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a
visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- XI - moradia para a vida independente da pes-
lização ou de comunicação tátil, os caracteres am- soa com deficiência: moradia com estruturas ade-
pliados, os dispositivos multimídia, assim como a quadas capazes de proporcionar serviços de apoio
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas au- coletivos e individualizados que respeitem e am-
ditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com
meios e formatos aumentativos e alternativos de deficiência;
comunicação, incluindo as tecnologias Carlos Miguel Bezerra
da informa- Paiva pessoal: pessoa, membro ou
XII - atendente
ção e das comunicações; não da família, que, com ou sem remuneração, as-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
siste ou presta cuidados básicos e essenciais à
VI - adaptações razoáveis: adaptações, 074.785.143-32
modi-
ficações e ajustes necessários e adequados que pessoa com deficiência no exercício de suas ativi-
não acarretem ônus desproporcional e indevido, dades diárias, excluídas as técnicas ou os procedi-
quando requeridos em cada caso, a fim de assegu- mentos identificados com profissões legalmente
rar que a pessoa com deficiência possa gozar ou estabelecidas;
exercer, em igualdade de condições e oportunida- XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que
des com as demais pessoas, todos os direitos e li- exerce atividades de alimentação, higiene e loco-
berdades fundamentais; moção do estudante com deficiência e atua em to-
VII - elemento de urbanização: quaisquer com- das as atividades escolares nas quais se fizer ne-
ponentes de obras de urbanização, tais como os cessária, em todos os níveis e modalidades de en-
referentes a pavimentação, saneamento, encana- sino, em instituições públicas e privadas, excluídas
mento para esgotos, distribuição de energia elétrica as técnicas ou os procedimentos identificados com
e de gás, iluminação pública, serviços de comuni- profissões legalmente estabelecidas;
cação, abastecimento e distribuição de água, pai- XIV - acompanhante: aquele que acompanha
sagismo e os que materializam as indicações do a pessoa com deficiência, podendo ou não desem-
planejamento urbanístico; penhar as funções de atendente pessoal.
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos
existentes nas vias e nos espaços públicos, super- CAPÍTULO II
postos ou adicionados aos elementos de urbaniza- DA IGUALDADE E DA
ção ou de edificação, de forma que sua modifica-
NÃO DISCRIMINAÇÃO
ção ou seu traslado não provoque alterações subs-
tanciais nesses elementos, tais como semáforos,
postes de sinalização e similares, terminais e pon- Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem di-
tos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes reito à igualdade de oportunidades com as demais
de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quios- pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discri-
ques e quaisquer outros de natureza análoga; minação.

190
§ 1º Considera-se discriminação em razão da à profissionalização, ao trabalho, à previdência so-
deficiência toda forma de distinção, restrição ou ex- cial, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à
clusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo,
ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reco- ao lazer, à informação, à comunicação, aos avan-
nhecimento ou o exercício dos direitos e das liber- ços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao res-
dades fundamentais de pessoa com deficiência, in- peito, à liberdade, à convivência familiar e comuni-
cluindo a recusa de adaptações razoáveis e de for- tária, entre outros decorrentes da Constituição Fe-
necimento de tecnologias assistivas. deral, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
§ 2º A pessoa com deficiência não está obri- com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das
gada à fruição de benefícios decorrentes de ação leis e de outras normas que garantam seu bem-es-
afirmativa. tar pessoal, social e econômico.

Art. 5º A pessoa com deficiência será prote-


gida de toda forma de negligência, discriminação, Seção Única
exploração, violência, tortura, crueldade, opressão Do Atendimento Prioritário
e tratamento desumano ou degradante.
Parágrafo único. Para os fins da proteção men-
cionada no caput deste artigo, são considerados Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a
especialmente vulneráveis a criança, o adoles- receber atendimento prioritário, sobretudo com a fi-
cente, a mulher e o idoso, com deficiência. nalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstân-
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capa-
cias;
cidade civil da pessoa, inclusive para:
II - atendimento em todas as instituições e ser-
I - casar-se e constituir união estável;
Carlos Miguel
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
BezerradePaiva
viços atendimento ao público;

c.mbezerrapaiva@gmail.comIII - disponibilização de recursos, tanto huma-


III - exercer o direito de decidir sobre o número nos quanto tecnológicos, que garantam atendi-
074.785.143-32
de filhos e de ter acesso a informações adequadas mento em igualdade de condições com as demais
sobre reprodução e planejamento familiar; pessoas;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a IV - disponibilização de pontos de parada, es-
esterilização compulsória; tações e terminais acessíveis de transporte coletivo
V - exercer o direito à família e à convivência de passageiros e garantia de segurança no embar-
familiar e comunitária; e que e no desembarque;

VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à cura- V - acesso a informações e disponibilização de


tela e à adoção, como adotante ou adotando, em recursos de comunicação acessíveis;
igualdade de oportunidades com as demais pes- VI - recebimento de restituição de imposto de
soas. renda;
Art. 7º É dever de todos comunicar à autori- VII - tramitação processual e procedimentos ju-
dade competente qualquer forma de ameaça ou de diciais e administrativos em que for parte ou inte-
violação aos direitos da pessoa com deficiência. ressada, em todos os atos e diligências.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas fun- § 1º Os direitos previstos neste artigo são ex-
ções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento tensivos ao acompanhante da pessoa com defici-
de fatos que caracterizem as violações previstas ência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto
nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Pú- ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
blico para as providências cabíveis. § 2º Nos serviços de emergência públicos e pri-
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da vados, a prioridade conferida por esta Lei é condi-
família assegurar à pessoa com deficiência, com cionada aos protocolos de atendimento médico.
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à ma-
ternidade, à alimentação, à habitação, à educação,

191
TÍTULO II CAPÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO À HABILITAÇÃO
E À REABILITAÇÃO
CAPÍTULO I
DO DIREITO À VIDA Art. 14. O processo de habilitação e de rea-
bilitação é um direito da pessoa com deficiência.
Art. 10. Compete ao poder público garantir a Parágrafo único. O processo de habilitação e
dignidade da pessoa com deficiência ao longo de de reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento
toda a vida. de potencialidades, talentos, habilidades e apti-
dões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
Parágrafo único. Em situações de risco, emer-
atitudinais, profissionais e artísticas que contri-
gência ou estado de calamidade pública, a pessoa
buam para a conquista da autonomia da pessoa
com deficiência será considerada vulnerável, de-
com deficiência e de sua participação social em
vendo o poder público adotar medidas para sua
igualdade de condições e oportunidades com as
proteção e segurança.
demais pessoas.
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá
Art. 15. O processo mencionado no art. 14
ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou
desta Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar
cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização for-
das necessidades, habilidades e potencialidades
çada.
de cada pessoa, observadas as seguintes diretri-
Parágrafo único. O consentimento da pessoa zes:
com deficiência em situação de curatela poderá ser
I - diagnóstico e intervenção precoces;
suprido, na forma da lei.
Carlos II - adoção
Miguel Bezerra Paiva de medidas para compensar perda
Art. 12. O consentimento prévio, livre e escla- ou limitação funcional, buscando o desenvolvi-
recido da pessoa com deficiência éc.mbezerrapaiva@gmail.com
indispensável mento de aptidões;
para a realização de tratamento, procedimento, 074.785.143-32
hospitalização e pesquisa científica. III - atuação permanente, integrada e articu-
lada de políticas públicas que possibilitem a plena
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em participação social da pessoa com deficiência;
situação de curatela, deve ser assegurada sua par-
ticipação, no maior grau possível, para a obtenção IV - oferta de rede de serviços articulados, com
de consentimento. atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com-
plexidade, para atender às necessidades específi-
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa cas da pessoa com deficiência;
com deficiência em situação de tutela ou de cura-
tela deve ser realizada, em caráter excepcional, V - prestação de serviços próximo ao domicílio
apenas quando houver indícios de benefício direto da pessoa com deficiência, inclusive na zona rural,
para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas respeitadas a organização das Redes de Atenção
com deficiência e desde que não haja outra opção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas
de pesquisa de eficácia comparável com partici- do Sistema Único de Saúde (SUS).
pantes não tutelados ou curatelados. Art. 16. Nos programas e serviços de habili-
Art. 13. A pessoa com deficiência somente tação e de reabilitação para a pessoa com deficiên-
será atendida sem seu consentimento prévio, livre cia, são garantidos:
e esclarecido em casos de risco de morte e de I - organização, serviços, métodos, técnicas e
emergência em saúde, resguardado seu superior recursos para atender às características de cada
interesse e adotadas as salvaguardas legais cabí- pessoa com deficiência;
veis.
II - acessibilidade em todos os ambientes e
serviços;

192
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabili- II - serviços de habilitação e de reabilitação
tação, materiais e equipamentos adequados e sempre que necessários, para qualquer tipo de de-
apoio técnico profissional, de acordo com as espe- ficiência, inclusive para a manutenção da melhor
cificidades de cada pessoa com deficiência; condição de saúde e qualidade de vida;
IV - capacitação continuada de todos os profis- III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tra-
sionais que participem dos programas e serviços. tamento ambulatorial e internação;
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deve- IV - campanhas de vacinação;
rão promover ações articuladas para garantir à pes- V - atendimento psicológico, inclusive para
soa com deficiência e sua família a aquisição de in- seus familiares e atendentes pessoais;
formações, orientações e formas de acesso às po-
VI - respeito à especificidade, à identidade de
líticas públicas disponíveis, com a finalidade de
gênero e à orientação sexual da pessoa com defi-
propiciar sua plena participação social.
ciência;
Parágrafo único. Os serviços de que trata o ca-
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o
put deste artigo podem fornecer informações e ori-
direito à fertilização assistida;
entações nas áreas de saúde, de educação, de cul-
tura, de esporte, de lazer, de transporte, de previ- VIII - informação adequada e acessível à pes-
dência social, de assistência social, de habitação, soa com deficiência e a seus familiares sobre sua
de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao condição de saúde;
crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos IX - serviços projetados para prevenir a ocor-
e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com rência e o desenvolvimento de deficiências e agra-
deficiência exercer sua cidadania. vos adicionais;
X - promoção de estratégias de capacitação
permanente
CAPÍTULO IIICarlos Miguel Bezerra Paiva das equipes que atuam no SUS, em
todos os níveis de atenção, no atendimento à pes-
DO DIREITO À SAÚDE c.mbezerrapaiva@gmail.com
soa com deficiência, bem como orientação a seus
074.785.143-32
atendentes pessoais;
Art. 18. É assegurada atenção integral à sa-
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxilia-
úde da pessoa com deficiência em todos os níveis res de locomoção, medicamentos, insumos e fór-
de complexidade, por intermédio do SUS, garantido mulas nutricionais, conforme as normas vigentes
acesso universal e igualitário. do Ministério da Saúde.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se tam-
com deficiência na elaboração das políticas de sa- bém às instituições privadas que participem de
úde a ela destinadas. forma complementar do SUS ou que recebam re-
§ 2º É assegurado atendimento segundo nor- cursos públicos para sua manutenção.
mas éticas e técnicas, que regulamentarão a atua-
Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações
ção dos profissionais de saúde e contemplarão as-
pectos relacionados aos direitos e às especificida- destinadas à prevenção de deficiências por causas
des da pessoa com deficiência, incluindo temas evitáveis, inclusive por meio de:
como sua dignidade e autonomia. I - acompanhamento da gravidez, do parto e do
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência puerpério, com garantia de parto humanizado e se-
à pessoa com deficiência, especialmente em servi- guro;
ços de habilitação e de reabilitação, deve ser ga- II - promoção de práticas alimentares adequa-
rantida capacitação inicial e continuada. das e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional,
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública prevenção e cuidado integral dos agravos relacio-
destinados à pessoa com deficiência devem asse- nados à alimentação e nutrição da mulher e da cri-
gurar: ança;

I - diagnóstico e intervenção precoces, realiza- III - aprimoramento e expansão dos programas


dos por equipe multidisciplinar; de imunização e de triagem neonatal;

193
IV - identificação e controle da gestante de alto Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirma-
risco. ção de violência praticada contra a pessoa com de-
Art. 20. As operadoras de planos e seguros ficiência serão objeto de notificação compulsória
privados de saúde são obrigadas a garantir à pes- pelos serviços de saúde públicos e privados à au-
soa com deficiência, no mínimo, todos os serviços toridade policial e ao Ministério Público, além dos
e produtos ofertados aos demais clientes. Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,
Art. 21. Quando esgotados os meios de aten-
considera-se violência contra a pessoa com defici-
ção à saúde da pessoa com deficiência no local de ência qualquer ação ou omissão, praticada em lo-
residência, será prestado atendimento fora de do- cal público ou privado, que lhe cause morte ou
micílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
garantidos o transporte e a acomodação da pessoa
com deficiência e de seu acompanhante.
Art. 22. À pessoa com deficiência internada CAPÍTULO IV
ou em observação é assegurado o direito a acom- DO DIREITO À EDUCAÇÃO
panhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão
ou a instituição de saúde proporcionar condições Art. 27. A educação constitui direito da pes-
adequadas para sua permanência em tempo inte-
soa com deficiência, assegurados sistema educa-
gral.
cional inclusivo em todos os níveis e aprendizado
§ 1º Na impossibilidade de permanência do ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o má-
acompanhante ou do atendente pessoal junto à ximo desenvolvimento possível de seus talentos e
pessoa com deficiência, cabe ao profissional de sa- habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e soci-
úde responsável pelo tratamento justificá-la por es- ais, segundo suas características, interesses e ne-
crito. Carlos Miguel Bezerra
cessidadesPaiva
de aprendizagem.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista Parágrafo único. É dever do Estado, da família,
no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de sa-
074.785.143-32
da comunidade escolar e da sociedade assegurar
úde deve adotar as providências cabíveis para su- educação de qualidade à pessoa com deficiência,
prir a ausência do acompanhante ou do atendente colocando-a a salvo de toda forma de violência, ne-
pessoal. gligência e discriminação.
Art. 23. São vedadas todas as formas de dis- Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar,
criminação contra a pessoa com deficiência, inclu- criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
sive por meio de cobrança de valores diferenciados panhar e avaliar:
por planos e seguros privados de saúde, em razão
I - sistema educacional inclusivo em todos os
de sua condição.
níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao
Art. 24. É assegurado à pessoa com defici- longo de toda a vida;
ência o acesso aos serviços de saúde, tanto públi- II - aprimoramento dos sistemas educacionais,
cos como privados, e às informações prestadas e visando a garantir condições de acesso, permanên-
recebidas, por meio de recursos de tecnologia as- cia, participação e aprendizagem, por meio da
sistiva e de todas as formas de comunicação pre- oferta de serviços e de recursos de acessibilidade
vistas no inciso V do art. 3º desta Lei. que eliminem as barreiras e promovam a inclusão
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, plena;
tanto públicos quanto privados, devem assegurar o III - projeto pedagógico que institucionalize o
acesso da pessoa com deficiência, em conformi- atendimento educacional especializado, assim
dade com a legislação em vigor, mediante a remo- como os demais serviços e adaptações razoáveis,
ção de barreiras, por meio de projetos arquitetô- para atender às características dos estudantes com
nico, de ambientação de interior e de comunicação deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currí-
que atendam às especificidades das pessoas com culo em condições de igualdade, promovendo a
deficiência física, sensorial, intelectual e mental. conquista e o exercício de sua autonomia;

194
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras pessoa com deficiência nos respectivos campos de
como primeira língua e na modalidade escrita da conhecimento;
língua portuguesa como segunda língua, em esco- XV - acesso da pessoa com deficiência, em
las e classes bilíngues e em escolas inclusivas; igualdade de condições, a jogos e a atividades re-
V - adoção de medidas individualizadas e co- creativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
letivas em ambientes que maximizem o desenvol- XVI - acessibilidade para todos os estudantes,
vimento acadêmico e social dos estudantes com trabalhadores da educação e demais integrantes
deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, da comunidade escolar às edificações, aos ambi-
a participação e a aprendizagem em instituições de entes e às atividades concernentes a todas as mo-
ensino; dalidades, etapas e níveis de ensino;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvi- XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
mento de novos métodos e técnicas pedagógicas,
de materiais didáticos, de equipamentos e de recur- XVIII - articulação intersetorial na implementa-
sos de tecnologia assistiva; ção de políticas públicas.
VII - planejamento de estudo de caso, de ela- § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível
boração de plano de atendimento educacional es- e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoria-
pecializado, de organização de recursos e serviços mente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX,
de acessibilidade e de disponibilização e usabili- X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do ca-
dade pedagógica de recursos de tecnologia assis- put deste artigo, sendo vedada a cobrança de valo-
tiva; res adicionais de qualquer natureza em suas men-
salidades, anuidades e matrículas no cumprimento
VIII - participação dos estudantes com defici- dessas determinações.
ência e de suas famílias nas diversas instâncias de
atuação da comunidade escolar; § 2º Na disponibilização de tradutores e intér-
Carlos Miguel Bezerra Paiva
pretes da Libras a que se refere o inciso XI do ca-
IX - adoção de medidas de apoio que favore-
c.mbezerrapaiva@gmail.com deve-se observar o seguinte:
çam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos,
put deste artigo,
074.785.143-32I - os tradutores e intérpretes da Libras atuan-
culturais, vocacionais e profissionais, levando-se
em conta o talento, a criatividade, as habilidades e tes na educação básica devem, no mínimo, possuir
os interesses do estudante com deficiência; ensino médio completo e certificado de proficiência
na Libras; (Vigência)
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas
pelos programas de formação inicial e continuada II - os tradutores e intérpretes da Libras,
de professores e oferta de formação continuada quando direcionados à tarefa de interpretar nas sa-
para o atendimento educacional especializado; las de aula dos cursos de graduação e pós-gradu-
ação, devem possuir nível superior, com habilita-
XI - formação e disponibilização de professo- ção, prioritariamente, em Tradução e Interpretação
res para o atendimento educacional especializado, em Libras. (Vigência)
de tradutores e intérpretes da Libras, de guias in-
térpretes e de profissionais de apoio; Art. 29. (VETADO).
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Art. 30. Nos processos seletivos para in-
Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, gresso e permanência nos cursos oferecidos pelas
de forma a ampliar habilidades funcionais dos es- instituições de ensino superior e de educação pro-
tudantes, promovendo sua autonomia e participa- fissional e tecnológica, públicas e privadas, devem
ção; ser adotadas as seguintes medidas:
XIII - acesso à educação superior e à educa- I - atendimento preferencial à pessoa com de-
ção profissional e tecnológica em igualdade de ficiência nas dependências das Instituições de En-
oportunidades e condições com as demais pes- sino Superior (IES) e nos serviços;
soas;
II - disponibilização de formulário de inscrição
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em de exames com campos específicos para que o
cursos de nível superior e de educação profissional candidato com deficiência informe os recursos de
técnica e tecnológica, de temas relacionados à acessibilidade e de tecnologia assistiva necessá-
rios para sua participação;

195
III - disponibilização de provas em formatos II - (VETADO);
acessíveis para atendimento às necessidades es- III - em caso de edificação multifamiliar, garan-
pecíficas do candidato com deficiência; tia de acessibilidade nas áreas de uso comum e
IV - disponibilização de recursos de acessibili- nas unidades habitacionais no piso térreo e de
dade e de tecnologia assistiva adequados, previa- acessibilidade ou de adaptação razoável nos de-
mente solicitados e escolhidos pelo candidato com mais pisos;
deficiência; IV - disponibilização de equipamentos urbanos
V - dilação de tempo, conforme demanda apre- comunitários acessíveis;
sentada pelo candidato com deficiência, tanto na V - elaboração de especificações técnicas no
realização de exame para seleção quanto nas ati- projeto que permitam a instalação de elevadores.
vidades acadêmicas, mediante prévia solicitação e
comprovação da necessidade; § 1º O direito à prioridade, previsto no ca-
put deste artigo, será reconhecido à pessoa com
VI - adoção de critérios de avaliação das pro- deficiência beneficiária apenas uma vez.
vas escritas, discursivas ou de redação que consi-
derem a singularidade linguística da pessoa com § 2º Nos programas habitacionais públicos, os
deficiência, no domínio da modalidade escrita da critérios de financiamento devem ser compatíveis
língua portuguesa; com os rendimentos da pessoa com deficiência ou
de sua família.
VII - tradução completa do edital e de suas re-
tificações em Libras. § 3º Caso não haja pessoa com deficiência in-
teressada nas unidades habitacionais reservadas
por força do disposto no inciso I do caput deste ar-
CAPÍTULO V tigo, as unidades não utilizadas serão disponibiliza-
DO DIREITO À MORADIA das às demais pessoas.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 33. Ao poder público compete:
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito I - adotar as providências necessárias para o
074.785.143-32
cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta
à moradia digna, no seio da família natural ou subs-
tituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desa- Lei; e
companhada, ou em moradia para a vida indepen- II - divulgar, para os agentes interessados e
dente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em re- beneficiários, a política habitacional prevista nas le-
sidência inclusiva. gislações federal, estaduais, distrital e municipais,
§ 1º O poder público adotará programas e com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
ações estratégicas para apoiar a criação e a manu-
tenção de moradia para a vida independente da
pessoa com deficiência. CAPÍTULO VI
DO DIREITO AO TRABALHO
§ 2º A proteção integral na modalidade de re-
sidência inclusiva será prestada no âmbito do Suas
à pessoa com deficiência em situação de depen- Seção I
dência que não disponha de condições de autos- Disposições Gerais
sustentabilidade, com vínculos familiares fragiliza-
dos ou rompidos.
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito
Art. 32. Nos programas habitacionais, públi- ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em
cos ou subsidiados com recursos públicos, a pes- ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de
soa com deficiência ou o seu responsável goza de oportunidades com as demais pessoas.
prioridade na aquisição de imóvel para moradia
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, pri-
própria, observado o seguinte:
vado ou de qualquer natureza são obrigadas a ga-
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) rantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusi-
das unidades habitacionais para pessoa com defi- vos.
ciência;

196
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em § 2º A habilitação profissional corresponde ao
igualdade de oportunidades com as demais pes- processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
soas, a condições justas e favoráveis de trabalho, ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
incluindo igual remuneração por trabalho de igual aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
valor. ção, permitindo nível suficiente de desenvolvi-
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa mento profissional para ingresso no campo de tra-
com deficiência e qualquer discriminação em razão balho.
de sua condição, inclusive nas etapas de recruta- § 3º Os serviços de habilitação profissional, de
mento, seleção, contratação, admissão, exames reabilitação profissional e de educação profissional
admissional e periódico, permanência no emprego, devem ser dotados de recursos necessários para
ascensão profissional e reabilitação profissional, atender a toda pessoa com deficiência, indepen-
bem como exigência de aptidão plena. dentemente de sua característica específica, a fim
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à par- de que ela possa ser capacitada para trabalho que
ticipação e ao acesso a cursos, treinamentos, edu- lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
cação continuada, planos de carreira, promoções, conservá-lo e de nele progredir.
bonificações e incentivos profissionais oferecidos § 4º Os serviços de habilitação profissional, de
pelo empregador, em igualdade de oportunidades reabilitação profissional e de educação profissional
com os demais empregados. deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e
§ 5º É garantida aos trabalhadores com defici- inclusivos.
ência acessibilidade em cursos de formação e de § 5º A habilitação profissional e a reabilitação
capacitação. profissional devem ocorrer articuladas com as re-
des públicas e privadas, especialmente de saúde,
Art. 35. É finalidade primordial das políticas
de ensino e de assistência social, em todos os ní-
públicas de trabalho e emprego promover e garantir
Carlos Miguel Bezerra Paiva
veis e modalidades, em entidades de formação pro-
condições de acesso e de permanência da pessoa fissional ou diretamente com o empregador.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
com deficiência no campo de trabalho.
074.785.143-32 § 6º A habilitação profissional pode ocorrer em
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empresas por meio de prévia formalização do con-
empreendedorismo e ao trabalho autônomo, inclu- trato de emprego da pessoa com deficiência, que
ídos o cooperativismo e o associativismo, devem será considerada para o cumprimento da reserva
prever a participação da pessoa com deficiência e de vagas prevista em lei, desde que por tempo de-
a disponibilização de linhas de crédito, quando ne- terminado e concomitante com a inclusão profissi-
cessárias. onal na empresa, observado o disposto em regula-
mento.
Seção II § 7º A habilitação profissional e a reabilitação
Da Habilitação Profissional profissional atenderão à pessoa com deficiência.
e Reabilitação Profissional
Seção III
Art. 36. O poder público deve implementar Da Inclusão da Pessoa com
serviços e programas completos de habilitação pro- Deficiência no Trabalho
fissional e de reabilitação profissional para que a
pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua Art. 37. Constitui modo de inclusão da pes-
livre escolha, sua vocação e seu interesse. soa com deficiência no trabalho a colocação com-
petitiva, em igualdade de oportunidades com as de-
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base mais pessoas, nos termos da legislação trabalhista
em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, e previdenciária, na qual devem ser atendidas as
programa de habilitação ou de reabilitação que regras de acessibilidade, o fornecimento de recur-
possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua sos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável
capacidade e habilidade profissional ou adquirir no- no ambiente de trabalho.
vas capacidades e habilidades de trabalho.

197
Parágrafo único. A colocação competitiva da § 2º Os serviços socioassistenciais destinados
pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de à pessoa com deficiência em situação de depen-
trabalho com apoio, observadas as seguintes dire- dência deverão contar com cuidadores sociais para
trizes: prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
I - prioridade no atendimento à pessoa com de- Art. 40. É assegurado à pessoa com defici-
ficiência com maior dificuldade de inserção no ência que não possua meios para prover sua sub-
campo de trabalho; sistência nem de tê-la provida por sua família o be-
II - provisão de suportes individualizados que nefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos ter-
atendam a necessidades específicas da pessoa mos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
com deficiência, inclusive a disponibilização de re-
cursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador
e de apoio no ambiente de trabalho; CAPÍTULO VIII
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse
da pessoa com deficiência apoiada;
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
empregadores, com vistas à definição de estraté- do Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
gias de inclusão e de superação de barreiras, inclu- tem direito à aposentadoria nos termos da Lei
sive atitudinais; Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 .

V - realização de avaliações periódicas;


VI - articulação intersetorial das políticas públi- CAPÍTULO IX
cas; DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE,
VII - possibilidade de participação de organiza- AO TURISMO E AO LAZER
ções da sociedade civil.
Carlos MiguelBezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito
Art. 38. A entidade contratada para a realiza-
074.785.143-32
ção de processo seletivo público ou privado para à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em
cargo, função ou emprego está obrigada à obser- igualdade de oportunidades com as demais pes-
vância do disposto nesta Lei e em outras normas soas, sendo-lhe garantido o acesso:
de acessibilidade vigentes. I - a bens culturais em formato acessível;
II - a programas de televisão, cinema, teatro e
CAPÍTULO VII outras atividades culturais e desportivas em for-
mato acessível; e
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
III - a monumentos e locais de importância cul-
tural e a espaços que ofereçam serviços ou even-
Art. 39. Os serviços, os programas, os proje- tos culturais e esportivos.
tos e os benefícios no âmbito da política pública de
assistência social à pessoa com deficiência e sua § 1º É vedada a recusa de oferta de obra inte-
família têm como objetivo a garantia da segurança lectual em formato acessível à pessoa com defici-
de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilita- ência, sob qualquer argumento, inclusive sob a ale-
ção, do desenvolvimento da autonomia e da convi- gação de proteção dos direitos de propriedade in-
vência familiar e comunitária, para a promoção do telectual.
acesso a direitos e da plena participação social. § 2º O poder público deve adotar soluções des-
§ 1º A assistência social à pessoa com defici- tinadas à eliminação, à redução ou à superação de
ência, nos termos do caput deste artigo, deve en- barreiras para a promoção do acesso a todo patri-
volver conjunto articulado de serviços do âmbito da mônio cultural, observadas as normas de acessibi-
Proteção Social Básica e da Proteção Social Espe- lidade, ambientais e de proteção do patrimônio his-
cial, ofertados pelo Suas, para a garantia de segu- tórico e artístico nacional.
ranças fundamentais no enfrentamento de situa-
ções de vulnerabilidade e de risco, por fragilização
de vínculos e ameaça ou violação de direitos.

198
Art. 43. O poder público deve promover a par- § 6º As salas de cinema devem oferecer, em
ticipação da pessoa com deficiência em atividades todas as sessões, recursos de acessibilidade para
artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recre- a pessoa com deficiência. (Vigência)
ativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo: § 7º O valor do ingresso da pessoa com defici-
I - incentivar a provisão de instrução, de treina- ência não poderá ser superior ao valor cobrado das
mento e de recursos adequados, em igualdade de demais pessoas.
oportunidades com as demais pessoas; Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares de-
II - assegurar acessibilidade nos locais de vem ser construídos observando-se os princípios
eventos e nos serviços prestados por pessoa ou do desenho universal, além de adotar todos os
entidade envolvida na organização das atividades meios de acessibilidade, conforme legislação em
de que trata este artigo; e vigor. (Vigência) (Regulamento)
III - assegurar a participação da pessoa com § 1º Os estabelecimentos já existentes deve-
deficiência em jogos e atividades recreativas, es- rão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento)
portivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive no de seus dormitórios acessíveis, garantida, no mí-
sistema escolar, em igualdade de condições com nimo, 1 (uma) unidade acessível.
as demais pessoas. § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, es- artigo deverão ser localizados em rotas acessíveis.
tádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e
de conferências e similares, serão reservados es-
paços livres e assentos para a pessoa com defici- CAPÍTULO X
ência, de acordo com a capacidade de lotação da DO DIREITO AO TRANSPORTE
edificação, observado o disposto em regulamento. E À MOBILIDADE
§ 1º Os espaços e assentosCarlosa que se Miguel
refere Bezerra Paiva
este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em
c.mbezerrapaiva@gmail.com Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade
locais diversos, de boa visibilidade, em todos os se-
074.785.143-32
da pessoa com deficiência ou com mobilidade re-
tores, próximos aos corredores, devidamente sina- duzida será assegurado em igualdade de oportuni-
lizados, evitando-se áreas segregadas de público e dades com as demais pessoas, por meio de identi-
obstrução das saídas, em conformidade com as ficação e de eliminação de todos os obstáculos e
normas de acessibilidade. barreiras ao seu acesso.
§ 2º No caso de não haver comprovada pro- § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços
cura pelos assentos reservados, esses podem, ex- de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo,
cepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem em todas as jurisdições, consideram-se como inte-
deficiência ou que não tenham mobilidade redu- grantes desses serviços os veículos, os terminais,
zida, observado o disposto em regulamento. as estações, os pontos de parada, o sistema viário
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere e a prestação do serviço.
este artigo devem situar-se em locais que garantam § 2º São sujeitas ao cumprimento das disposi-
a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompa- ções desta Lei, sempre que houver interação com
nhante da pessoa com deficiência ou com mobili- a matéria nela regulada, a outorga, a concessão, a
dade reduzida, resguardado o direito de se acomo- permissão, a autorização, a renovação ou a habili-
dar proximamente a grupo familiar e comunitário. tação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, § 3º Para colocação do símbolo internacional
deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saí- de acesso nos veículos, as empresas de transporte
das de emergência acessíveis, conforme padrões coletivo de passageiros dependem da certificação
das normas de acessibilidade, a fim de permitir a de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
saída segura da pessoa com deficiência ou com ponsável pela prestação do serviço.
mobilidade reduzida, em caso de emergência.
§ 5º Todos os espaços das edificações previs-
tas no caput deste artigo devem atender às normas
de acessibilidade em vigor.

199
Art. 47. Em todas as áreas de estaciona- Art. 49. As empresas de transporte de freta-
mento aberto ao público, de uso público ou privado mento e de turismo, na renovação de suas frotas,
de uso coletivo e em vias públicas, devem ser re- são obrigadas ao cumprimento do disposto nos
servadas vagas próximas aos acessos de circula- arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência)
ção de pedestres, devidamente sinalizadas, para
Art. 50. O poder público incentivará a fabrica-
veículos que transportem pessoa com deficiência
com comprometimento de mobilidade, desde que ção de veículos acessíveis e a sua utilização como
devidamente identificados. táxis e vans , de forma a garantir o seu uso por to-
das as pessoas.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste ar-
tigo devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem
garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente reservar 10% (dez por cento) de seus veículos
sinalizada e com as especificações de desenho e acessíveis à pessoa com deficiência. (Vide Decreto
traçado de acordo com as normas técnicas vigen- nº 9.762, de 2019) (Vigência)
tes de acessibilidade. § 1º É proibida a cobrança diferenciada de ta-
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas re- rifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi
servadas devem exibir, em local de ampla visibili- prestado à pessoa com deficiência.
dade, a credencial de beneficiário, a ser confeccio- § 2º O poder público é autorizado a instituir in-
nada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que dis- centivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibi-
ciplinarão suas características e condições de uso. lidade dos veículos a que se refere o caput deste
§ 3º A utilização indevida das vagas de que artigo.
trata este artigo sujeita os infratores às sanções Art. 52. As locadoras de veículos são obriga-
previstas no inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503,
das a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de
de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito
pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20
Brasileiro). (Redação dada pela LeiCarlos Miguel
nº 13.281, de Bezerra Paiva
(vinte) veículos de sua frota. (Vide Decreto nº
2016) (Vigência) c.mbezerrapaiva@gmail.com
9.762, de 2019) (Vigência)
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º 074.785.143-32
deste
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá
artigo é vinculada à pessoa com deficiência que
ter, no mínimo, câmbio automático, direção hidráu-
possui comprometimento de mobilidade e é válida
lica, vidros elétricos e comandos manuais de freio
em todo o território nacional.
e de embreagem.
Art. 48. Os veículos de transporte coletivo
terrestre, aquaviário e aéreo, as instalações, as es-
tações, os portos e os terminais em operação no TÍTULO III
País devem ser acessíveis, de forma a garantir o DA ACESSIBILIDADE
seu uso por todas as pessoas.
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata CAPÍTULO I
o caput deste artigo devem dispor de sistema de DISPOSIÇÕES GERAIS
comunicação acessível que disponibilize informa-
ções sobre todos os pontos do itinerário.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiên-
à pessoa com deficiência ou com mobilidade redu-
cia prioridade e segurança nos procedimentos de zida viver de forma independente e exercer seus
embarque e de desembarque nos veículos de direitos de cidadania e de participação social.
transporte coletivo, de acordo com as normas téc-
nicas. Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das dis-
§ 3º Para colocação do símbolo internacional posições desta Lei e de outras normas relativas à
de acesso nos veículos, as empresas de transporte acessibilidade, sempre que houver interação com a
coletivo de passageiros dependem da certificação matéria nela regulada:
de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
ponsável pela prestação do serviço.

200
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urba- § 1º As entidades de fiscalização profissional
nístico ou de comunicação e informação, a fabrica- das atividades de Engenharia, de Arquitetura e cor-
ção de veículos de transporte coletivo, a prestação relatas, ao anotarem a responsabilidade técnica de
do respectivo serviço e a execução de qualquer tipo projetos, devem exigir a responsabilidade profissi-
de obra, quando tenham destinação pública ou co- onal declarada de atendimento às regras de aces-
letiva; sibilidade previstas em legislação e em normas téc-
II - a outorga ou a renovação de concessão, nicas pertinentes.
permissão, autorização ou habilitação de qualquer § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a
natureza; emissão de certificado de projeto executivo arqui-
III - a aprovação de financiamento de projeto tetônico, urbanístico e de instalações e equipamen-
com utilização de recursos públicos, por meio de tos temporários ou permanentes e para o licencia-
renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio mento ou a emissão de certificado de conclusão de
ou instrumento congênere; e obra ou de serviço, deve ser atestado o atendi-
mento às regras de acessibilidade.
IV - a concessão de aval da União para obten-
ção de empréstimo e de financiamento internacio- § 3º O poder público, após certificar a acessi-
nais por entes públicos ou privados. bilidade de edificação ou de serviço, determinará a
colocação, em espaços ou em locais de ampla visi-
Art. 55. A concepção e a implantação de pro- bilidade, do símbolo internacional de acesso, na
jetos que tratem do meio físico, de transporte, de forma prevista em legislação e em normas técnicas
informação e comunicação, inclusive de sistemas e correlatas.
tecnologias da informação e comunicação, e de ou-
Art. 57. As edificações públicas e privadas de
tros serviços, equipamentos e instalações abertos
ao público, de uso público ou privado de uso cole- uso coletivo já existentes devem garantir acessibi-
tivo, tanto na zona urbana como na rural, devem lidade à pessoa com deficiência em todas as suas
Carlos Miguel Bezerra Paivae serviços, tendo como referência as
dependências
atender aos princípios do desenho universal, tendo
normas
c.mbezerrapaiva@gmail.com
como referência as normas de acessibilidade. de acessibilidade vigentes.

§ 1º O desenho universal será sempre074.785.143-32


tomado Art. 58. O projeto e a construção de edifica-
como regra de caráter geral. ção de uso privado multifamiliar devem atender aos
preceitos de acessibilidade, na forma regulamen-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente
tar. (Regulamento)
o desenho universal não possa ser empreendido,
deve ser adotada adaptação razoável. § 1º As construtoras e incorporadoras respon-
sáveis pelo projeto e pela construção das edifica-
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclu-
ções a que se refere o caput deste artigo devem
são de conteúdos temáticos referentes ao desenho
assegurar percentual mínimo de suas unidades in-
universal nas diretrizes curriculares da educação
ternamente acessíveis, na forma regulamentar.
profissional e tecnológica e do ensino superior e na
formação das carreiras de Estado. § 2º É vedada a cobrança de valores adicionais
para a aquisição de unidades internamente acessí-
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de
veis a que se refere o § 1º deste artigo.
pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de
organismos públicos de auxílio à pesquisa e de Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e
agências de fomento deverão incluir temas volta- nos espaços públicos, o poder público e as empre-
dos para o desenho universal. sas concessionárias responsáveis pela execução
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas das obras e dos serviços devem garantir, de forma
públicas deverão considerar a adoção do desenho segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e
universal. acessibilidade das pessoas, durante e após sua
execução.
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação
ou a mudança de uso de edificações abertas ao pú-
blico, de uso público ou privadas de uso coletivo
deverão ser executadas de modo a serem acessí-
veis.

201
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas CAPÍTULO II
regras de acessibilidade previstas em legislação e DO ACESSO À INFORMAÇÃO
em normas técnicas, observado o disposto na Lei E À COMUNICAÇÃO
nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , nº 10.257,
de 10 de julho de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro
de 2012 : Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sí-
tios da internet mantidos por empresas com sede
I - os planos diretores municipais, os planos di-
ou representação comercial no País ou por órgãos
retores de transporte e trânsito, os planos de mobi-
de governo, para uso da pessoa com deficiência,
lidade urbana e os planos de preservação de sítios
garantindo-lhe acesso às informações disponíveis,
históricos elaborados ou atualizados a partir da pu-
conforme as melhores práticas e diretrizes de aces-
blicação desta Lei;
sibilidade adotadas internacionalmente.
II - os códigos de obras, os códigos de postura,
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de aces-
as leis de uso e ocupação do solo e as leis do sis-
sibilidade em destaque.
tema viário;
§ 2º Telecentros comunitários que receberem
III - os estudos prévios de impacto de vizi-
recursos públicos federais para seu custeio ou sua
nhança;
instalação e lan houses devem possuir equipamen-
IV - as atividades de fiscalização e a imposição tos e instalações acessíveis.
de sanções; e
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que
V - a legislação referente à prevenção contra trata o § 2º deste artigo devem garantir, no mínimo,
incêndio e pânico. 10% (dez por cento) de seus computadores com
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de recursos de acessibilidade para pessoa com defici-
funcionamento para qualquer atividade são condi- ência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
Carlos
cionadas à observação e à certificação Miguel Bezerra
das regras equipamento,Paiva
quando o resultado percentual for in-
de acessibilidade. ferior a
c.mbezerrapaiva@gmail.com 1 (um).
074.785.143-32
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de ha- Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet
bilitação equivalente e sua renovação, quando esta de que trata o art. 63 desta Lei deve ser observada
tiver sido emitida anteriormente às exigências de para obtenção do financiamento de que trata o in-
acessibilidade, é condicionada à observação e à ciso III do art. 54 desta Lei.
certificação das regras de acessibilidade.
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços
Art. 61. A formulação, a implementação e a de telecomunicações deverão garantir pleno
manutenção das ações de acessibilidade atende- acesso à pessoa com deficiência, conforme regula-
rão às seguintes premissas básicas: mentação específica.
I - eleição de prioridades, elaboração de crono- Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a
grama e reserva de recursos para implementação oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular
das ações; e com acessibilidade que, entre outras tecnologias
II - planejamento contínuo e articulado entre os assistivas, possuam possibilidade de indicação e
setores envolvidos. de ampliação sonoras de todas as operações e fun-
ções disponíveis.
Art. 62. É assegurado à pessoa com defici-
ência, mediante solicitação, o recebimento de con- Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons
tas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu- e imagens devem permitir o uso dos seguintes re-
tos em formato acessível. cursos, entre outros:
I - subtitulação por meio de legenda oculta;
II - janela com intérprete da Libras;
III - audiodescrição.

202
Art. 68. O poder público deve adotar meca- Art. 70. As instituições promotoras de con-
nismos de incentivo à produção, à edição, à difu- gressos, seminários, oficinas e demais eventos de
são, à distribuição e à comercialização de livros em natureza científico-cultural devem oferecer à pes-
formatos acessíveis, inclusive em publicações da soa com deficiência, no mínimo, os recursos de tec-
administração pública ou financiadas com recursos nologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
públicos, com vistas a garantir à pessoa com defi-
Art. 71. Os congressos, os seminários, as ofi-
ciência o direito de acesso à leitura, à informação e
à comunicação. cinas e os demais eventos de natureza científico-
cultural promovidos ou financiados pelo poder pú-
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive blico devem garantir as condições de acessibili-
para o abastecimento ou a atualização de acervos dade e os recursos de tecnologia assistiva.
de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de
educação e de bibliotecas públicas, o poder público Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa
deverá adotar cláusulas de impedimento à partici- e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio
pação de editoras que não ofertem sua produção de agências de financiamento e de órgãos e enti-
também em formatos acessíveis. dades integrantes da administração pública que
atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar te-
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os ar-
mas voltados à tecnologia assistiva.
quivos digitais que possam ser reconhecidos e
acessados por softwares leitores de telas ou outras Art. 73. Caberá ao poder público, direta-
tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, mente ou em parceria com organizações da socie-
permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação dade civil, promover a capacitação de tradutores e
de caracteres, diferentes contrastes e impressão intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro-
em Braille. fissionais habilitados em Braille, audiodescrição,
§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a estenotipia e legendagem.
adaptação e a produção de artigosCarlos Miguel
científicos em Bezerra Paiva
formato acessível, inclusive em Libras.
c.mbezerrapaiva@gmail.com CAPÍTULO III
Art. 69. O poder público deve assegurar074.785.143-32
a DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
disponibilidade de informações corretas e claras
sobre os diferentes produtos e serviços ofertados,
por quaisquer meios de comunicação empregados, Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência
inclusive em ambiente virtual, contendo a especifi- acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas,
cação correta de quantidade, qualidade, caracterís- processos, métodos e serviços de tecnologia assis-
ticas, composição e preço, bem como sobre os tiva que maximizem sua autonomia, mobilidade
eventuais riscos à saúde e à segurança do consu- pessoal e qualidade de vida.
midor com deficiência, em caso de sua utilização,
aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei Art. 75. O poder público desenvolverá plano
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 . específico de medidas, a ser renovado em cada pe-
ríodo de 4 (quatro) anos, com a finalidade de: (Re-
§ 1º Os canais de comercialização virtual e os gulamento)
anúncios publicitários veiculados na imprensa es-
crita, na internet, no rádio, na televisão e nos de- I - facilitar o acesso a crédito especializado, in-
mais veículos de comunicação abertos ou por assi- clusive com oferta de linhas de crédito subsidiadas,
natura devem disponibilizar, conforme a compatibi- específicas para aquisição de tecnologia assistiva;
lidade do meio, os recursos de acessibilidade de II - agilizar, simplificar e priorizar procedimen-
que trata o art. 67 desta Lei, a expensas do forne- tos de importação de tecnologia assistiva, especi-
cedor do produto ou do serviço, sem prejuízo da almente as questões atinentes a procedimentos al-
observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº fandegários e sanitários;
8.078, de 11 de setembro de 1990 .
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e
§ 2º Os fornecedores devem disponibilizar, à produção nacional de tecnologia assistiva, inclu-
mediante solicitação, exemplares de bulas, pros- sive por meio de concessão de linhas de crédito
pectos, textos ou qualquer outro tipo de material de subsidiado e de parcerias com institutos de pes-
divulgação em formato acessível. quisa oficiais;

203
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia I - participação em organizações não governa-
produtiva e de importação de tecnologia assistiva; mentais relacionadas à vida pública e à política do
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de País e em atividades e administração de partidos
novos recursos de tecnologia assistiva no rol de políticos;
produtos distribuídos no âmbito do SUS e por ou- II - formação de organizações para representar
tros órgãos governamentais. a pessoa com deficiência em todos os níveis;
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto III - participação da pessoa com deficiência em
neste artigo, os procedimentos constantes do plano organizações que a representem.
específico de medidas deverão ser avaliados, pelo
menos, a cada 2 (dois) anos.
TÍTULO IV
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CAPÍTULO IV
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA
Art. 77. O poder público deve fomentar o de-
VIDA PÚBLICA E POLÍTICA senvolvimento científico, a pesquisa e a inovação e
a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da
Art. 76. O poder público deve garantir à pes- qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com de-
soa com deficiência todos os direitos políticos e a ficiência e sua inclusão social.
oportunidade de exercê-los em igualdade de condi- § 1º O fomento pelo poder público deve priori-
ções com as demais pessoas. zar a geração de conhecimentos e técnicas que vi-
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado sem à prevenção e ao tratamento de deficiências e
o direito de votar e de ser votada, inclusive por meio ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e so-
das seguintes ações: Carlos Miguel cial.
Bezerra Paiva
I - garantia de que os procedimentos, as insta- § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
e social
lações, os materiais e os equipamentos para074.785.143-32
vota- devem ser fomentadas mediante a criação
ção sejam apropriados, acessíveis a todas as pes- de cursos de pós-graduação, a formação de recur-
soas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada sos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
a instalação de seções eleitorais exclusivas para a de áreas do conhecimento.
pessoa com deficiência; § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecno-
II - incentivo à pessoa com deficiência a candi- lógica de instituições públicas e privadas para o de-
datar-se e a desempenhar quaisquer funções pú- senvolvimento de tecnologias assistiva e social que
blicas em todos os níveis de governo, inclusive por sejam voltadas para melhoria da funcionalidade e
meio do uso de novas tecnologias assistivas, da participação social da pessoa com deficiência.
quando apropriado; § 4º As medidas previstas neste artigo devem
III - garantia de que os pronunciamentos ofici- ser reavaliadas periodicamente pelo poder público,
ais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates com vistas ao seu aperfeiçoamento.
transmitidos pelas emissoras de televisão pos- Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa,
suam, pelo menos, os recursos elencados no art. o desenvolvimento, a inovação e a difusão de tec-
67 desta Lei; nologias voltadas para ampliar o acesso da pessoa
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto com deficiência às tecnologias da informação e co-
e, para tanto, sempre que necessário e a seu pe- municação e às tecnologias sociais.
dido, permissão para que a pessoa com deficiência Parágrafo único. Serão estimulados, em espe-
seja auxiliada na votação por pessoa de sua esco- cial:
lha.
I - o emprego de tecnologias da informação e
§ 2º O poder público promoverá a participação comunicação como instrumento de superação de
da pessoa com deficiência, inclusive quando insti- limitações funcionais e de barreiras à comunicação,
tucionalizada, na condução das questões públicas, à informação, à educação e ao entretenimento da
sem discriminação e em igualdade de oportunida- pessoa com deficiência;
des, observado o seguinte:

204
II - a adoção de soluções e a difusão de nor- Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiên-
mas que visem a ampliar a acessibilidade da pes- cia serão garantidos por ocasião da aplicação de
soa com deficiência à computação e aos sítios da sanções penais.
internet, em especial aos serviços de governo ele-
trônico. Art. 82. (VETADO).
Art. 83. Os serviços notariais e de registro
não podem negar ou criar óbices ou condições di-
LIVRO II
ferenciadas à prestação de seus serviços em razão
PARTE ESPECIAL de deficiência do solicitante, devendo reconhecer
sua capacidade legal plena, garantida a acessibili-
TÍTULO I dade.
DO ACESSO À JUSTIÇA Parágrafo único. O descumprimento do dis-
posto no caput deste artigo constitui discriminação
em razão de deficiência.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
Art. 79. O poder público deve assegurar o DO RECONHECIMENTO
acesso da pessoa com deficiência à justiça, em IGUAL PERANTE A LEI
igualdade de oportunidades com as demais pes-
soas, garantindo, sempre que requeridos, adapta-
ções e recursos de tecnologia assistiva. Art. 84. A pessoa com deficiência tem asse-
gurado o direito ao exercício de sua capacidade le-
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com gal em igualdade de condições com as demais pes-
Carlos
deficiência em todo o processo judicial, Miguel
o poder pú- Bezerra
soas.
Paiva
blico deve capacitar os membros c.mbezerrapaiva@gmail.com
e os servidores
que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Pú- § 1º Quando necessário, a pessoa com defici-
074.785.143-32
ência será submetida à curatela, conforme a lei.
blico, na Defensoria Pública, nos órgãos de segu-
rança pública e no sistema penitenciário quanto § 2º É facultado à pessoa com deficiência a
aos direitos da pessoa com deficiência. adoção de processo de tomada de decisão apoi-
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com de- ada.
ficiência submetida a medida restritiva de liberdade § 3º A definição de curatela de pessoa com de-
todos os direitos e garantias a que fazem jus os ficiência constitui medida protetiva extraordinária,
apenados sem deficiência, garantida a acessibili- proporcional às necessidades e às circunstâncias
dade. de cada caso, e durará o menor tempo possível.
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público § 4º Os curadores são obrigados a prestar,
tomarão as medidas necessárias à garantia dos di- anualmente, contas de sua administração ao juiz,
reitos previstos nesta Lei. apresentando o balanço do respectivo ano.
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recur- Art. 85. A curatela afetará tão somente os
sos de tecnologia assistiva disponíveis para que a atos relacionados aos direitos de natureza patrimo-
pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à nial e negocial.
justiça, sempre que figure em um dos polos da
§ 1º A definição da curatela não alcança o di-
ação ou atue como testemunha, partícipe da lide
reito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimô-
posta em juízo, advogado, defensor público, magis-
nio, à privacidade, à educação, à saúde, ao traba-
trado ou membro do Ministério Público.
lho e ao voto.
Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária,
garantido o acesso ao conteúdo de todos os atos
devendo constar da sentença as razões e motiva-
processuais de seu interesse, inclusive no exercí-
ções de sua definição, preservados os interesses
cio da advocacia.
do curatelado.

205
§ 3º No caso de pessoa em situação de institu- Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
cionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar ventos, pensão, benefícios, remuneração ou qual-
preferência a pessoa que tenha vínculo de natu- quer outro rendimento de pessoa com deficiência:
reza familiar, afetiva ou comunitária com o curate-
lado. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 86. Para emissão de documentos ofici-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
ais, não será exigida a situação de curatela da pes- (um terço) se o crime é cometido:
soa com deficiência.
I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
a fim de proteger os interesses da pessoa com de- ou
ficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz,
II - por aquele que se apropriou em razão de
ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requeri-
ofício ou de profissão.
mento do interessado, nomear, desde logo, curador
provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência
disposições do Código de Processo Civil. em hospitais, casas de saúde, entidades de abriga-
mento ou congêneres:

TÍTULO II Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três)


anos, e multa.
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
ADMINISTRATIVAS
quem não prover as necessidades básicas de pes-
soa com deficiência quando obrigado por lei ou
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discrimina- mandado.
ção de pessoa em razão de sua deficiência:
Carlos Miguel Bezerra Paiva
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3c.mbezerrapaiva@gmail.com
(três) anos, e qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa
multa. 074.785.143-32
com deficiência destinados ao recebimento de be-
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se nefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
a vítima encontrar-se sob cuidado e responsabili- realização de operações financeiras, com o fim de
dade do agente. obter vantagem indevida para si ou para outrem:
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no ca- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
put deste artigo é cometido por intermédio de anos, e multa.
meios de comunicação social ou de publicação de Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
qualquer natureza: (um terço) se o crime é cometido por tutor ou cura-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e dor.
multa. TÍTULO III
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz po- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
derá determinar, ouvido o Ministério Público ou a
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
pena de desobediência: Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de In-
clusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclu-
I - recolhimento ou busca e apreensão dos são), registro público eletrônico com a finalidade de
exemplares do material discriminatório; coletar, processar, sistematizar e disseminar infor-
II - interdição das respectivas mensagens ou mações georreferenciadas que permitam a identifi-
páginas de informação na internet. cação e a caracterização socioeconômica da pes-
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui soa com deficiência, bem como das barreiras que
efeito da condenação, após o trânsito em julgado impedem a realização de seus direitos.
da decisão, a destruição do material apreendido. § 1º O Cadastro-Inclusão será administrado
pelo Poder Executivo federal e constituído por base
de dados, instrumentos, procedimentos e sistemas
eletrônicos.

206
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclu- Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de
são serão obtidos pela integração dos sistemas de pessoa com deficiência perante os órgãos públicos
informação e da base de dados de todas as políti- quando seu deslocamento, em razão de sua limita-
cas públicas relacionadas aos direitos da pessoa ção funcional e de condições de acessibilidade, im-
com deficiência, bem como por informações cole- ponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipó-
tadas, inclusive em censos nacionais e nas demais tese na qual serão observados os seguintes proce-
pesquisas realizadas no País, de acordo com os dimentos:
parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro- I - quando for de interesse do poder público, o
tocolo Facultativo. agente promoverá o contato necessário com a pes-
soa com deficiência em sua residência;
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização
de dados, é facultada a celebração de convênios, II - quando for de interesse da pessoa com de-
acordos, termos de parceria ou contratos com ins- ficiência, ela apresentará solicitação de atendi-
tituições públicas e privadas, observados os requi- mento domiciliar ou fará representar-se por procu-
sitos e procedimentos previstos em legislação es- rador constituído para essa finalidade.
pecífica. Parágrafo único. É assegurado à pessoa com
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a pri- deficiência atendimento domiciliar pela perícia mé-
vacidade e as liberdades fundamentais da pessoa dica e social do Instituto Nacional do Seguro Social
com deficiência e os princípios éticos que regem a (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo ser-
utilização de informações, devem ser observadas viço privado de saúde, contratado ou conveniado,
as salvaguardas estabelecidas em lei. que integre o SUS e pelas entidades da rede soci-
oassistencial integrantes do Suas, quando seu des-
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente locamento, em razão de sua limitação funcional e
poderão ser utilizados para as seguintes finalida- de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
des: Carlos Miguel Bezerra Paiva e indevido.
desproporcional
c.mbezerrapaiva@gmail.com
I - formulação, gestão, monitoramento e avali- Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em
ação das políticas públicas para a pessoa 074.785.143-32
com de-
cada esfera de governo, a elaboração de relatórios
ficiência e para identificar as barreiras que impe-
circunstanciados sobre o cumprimento dos prazos
dem a realização de seus direitos;
estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de
II - realização de estudos e pesquisas. novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezem-
§ 6º As informações a que se refere este artigo bro de 2000 , bem como o seu encaminhamento ao
devem ser disseminadas em formatos acessíveis. Ministério Público e aos órgãos de regulação para
adoção das providências cabíveis.
Art. 93. Na realização de inspeções e de au-
Parágrafo único. Os relatórios a que se refere
ditorias pelos órgãos de controle interno e externo,
o caput deste artigo deverão ser apresentados no
deve ser observado o cumprimento da legislação
prazo de 1 (um) ano a contar da entrada em vigor
relativa à pessoa com deficiência e das normas de
desta Lei.
acessibilidade vigentes.
Art. 121. Os direitos, os prazos e as obriga-
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos
ções previstos nesta Lei não excluem os já estabe-
termos da lei, a pessoa com deficiência moderada
lecidos em outras legislações, inclusive em pactos,
ou grave que:
tratados, convenções e declarações internacionais
I - receba o benefício de prestação continuada aprovados e promulgados pelo Congresso Nacio-
previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezem- nal, e devem ser aplicados em conformidade com
bro de 1993 , e que passe a exercer atividade re- as demais normas internas e acordos internacio-
munerada que a enquadre como segurado obriga- nais vinculantes sobre a matéria.
tório do RGPS;
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais be-
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, néfica à pessoa com deficiência.
o benefício de prestação continuada previsto
no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de
1993 , e que exerça atividade remunerada que a
enquadre como segurado obrigatório do RGPS.

207
Art. 122. Regulamento disporá sobre a ade- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder
quação do disposto nesta Lei ao tratamento dife- ou autoridade, com emprego de violência ou grave
renciado, simplificado e favorecido a ser dispen- ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
sado às microempresas e às empresas de pequeno como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complemen- de caráter preventivo.
tar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 . Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá § 1º Na mesma pena incorre quem submete
entrar em vigor em até 2 (dois) anos, contados da pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
entrada em vigor desta Lei. sofrimento físico ou mental, por intermédio da prá-
tica de ato não previsto em lei ou não resultante de
Art. 125. Devem ser observados os prazos a medida legal.
seguir discriminados, a partir da entrada em vigor
desta Lei, para o cumprimento dos seguintes dis- § 2º Aquele que se omite em face dessas con-
positivos: dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta anos.
e oito) meses;
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) me- grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de qua-
ses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, de 2021) tro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; oito a dezesseis anos.
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um
terço:
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de
2021 a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro I - se o crime é cometido por agente público;
de 1995 . Carlos Miguel Bezerra Paiva
II – se o crime é cometido contra criança, ges-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
tante, portador de deficiência, adolescente ou
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decor-
074.785.143-32
ridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação
maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003)
oficial .
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do
cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insus-
cetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei,
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
Art. 1º Constitui crime de tortura: Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda
I - constranger alguém com emprego de violên- quando o crime não tenha sido cometido em terri-
cia ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento fí- tório nacional, sendo a vítima brasileira ou encon-
sico ou mental: trando-se o agente em local sob jurisdição brasi-
leira.
a) com o fim de obter informação, declaração
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua
b) para provocar ação ou omissão de natureza publicação.
criminosa; Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069,
c) em razão de discriminação racial ou religi- de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
osa; Adolescente.

208
Para criminologia o crime deve preencher se-
guintes elementos:
A Criminologia é uma ciência autônoma, empírica
1) Incidência massiva na população; (a conduta
e interdisciplinar, tendo como objetos de estudo:
rejeitada não é um fato isolado);

2) Incidência dolorosa a vítima e a sociedade; (in-


cidência aflitiva do fato);

3) Persistência espaço-temporal do fato (além de


massivo, aflitivo, se distribui no território ao
longo do tempo jurídico relevante), ocorre rei-
teradamente no período de espaço e tempo
(faz parte da convivência);
Outras denominações:
4) A criminalização de condutas deve incidir após
• Vertentes; uma análise detalhada. (consenso de que a cri-
• Vetores; minalização do fato é o meio mais eficaz para
• Trilhos. repressão da conduta.

A Criminologia é a Ciência queCarlos estuda Miguel


o crime Bezerra
Classificação
Paiva dos criminosos
como um fenômeno social. c.mbezerrapaiva@gmail.com
A classificação de criminosos oferece ampla utili-
074.785.143-32
Ocorre que a mera enunciação dessa afirmativa é dade criminológica, sobretudo para um diagnóstico
precária para conceituar essa área correto e também um prognóstico delitivo, assu-
do saber. mindo papel preponderante na função ressocializa-
dora do direito penal.
Assim, por uma questão didática, trataremos pri-
meiramente de falar sobre o seu objeto de estudo
e o método utilizado em suas incursões científicas,
que se tratam dos elementos definidores da pró-
pria ciência em si, para, ao final, apresentarmos o
conceito de criminologia, deixando a explicação
mais clara ao estudante.

Crime ou Delito → Segurança Pública: quebra da


ordem pública e da paz social. a) Criminoso Nato - O indivíduo sofria influência
biológica, possuía estigmas, instinto criminoso.
O delito, para o direito penal é considerado ação ou
omissão típica, ilícita e cullpável, tendo como base Era um ser selvagem da sociedade, o degenerado
um fato individualmente considerado perante a (cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, so-
norma. brancelhas salientes, maçãs afastadas, orelhas
malformadas, braços cumpridos, face enorme, ta-
Para a Criminologia: Problema social e comunitário tuado, impulsivo, mentiroso e falador de gírias etc.).
– interessa o delito do ponto de vista coletivo.
b) Criminoso Louco - Perversos, loucos morais,
Para Molina entende que o delito é um problema alienados mentais que devem permanecer no
social e individual. hospício.

209
Seriam, os criminosos loucos, indivíduos com ca- tudo aquilo que exerce pressão de ordem ética e
pacidade de compreensão prejudicada. age de maneira a conformar o comportamento do
indivíduo aos anseios gerais.
c) Criminoso de Ocasião - Predisposto heredi-
tariamente, são pseudocriminosos. PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO E MODELOS DE
REAÇÃO AO CRIME
Podem ser traduzidos pela expressão: “a ocasião
faz o ladrão”, pois assumem hábitos criminosos in- PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL
fluenciados pelas circunstâncias que vivem.
Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de
d) Criminoso por Paixão - Sanguíneos, nervo- ações que visam evitar a ocorrência do delito.
sos, irrefletidos, usam da violência para soluci-
onar questões passionais. São sujeitos exalta- No desempenho da função preventiva do crime, o
dos. Estado atua basicamente sob três frentes, as quais
foram denominadas de prevenção primária, secun-
CONTROLE SOCIAL dária e terciária, abaixo esclarecidas.

Visões sobre o delinquente na Criminologia tradici- Prevenção primária Caracteriza-se pela imple-
onal: mentação de medidas indiretas de prevenção, con-
sistentes em evitar que fatores exógenos sirvam
• Escola Clássica: via o criminoso como al- como estímulo à prática delituosa.
guém que pecou e, assim, escolheu o cami-
nho do mal, quando poderia ter escolhido o Trata-se normalmente de medidas sociais por meio
caminho do bem. das quais o Estado garante acesso ao emprego e
Carlos Miguel a direitos sociais
Bezerra Paivacomo segurança e moradia.
• Escola Positiva: enxergava o criminoso
c.mbezerrapaiva@gmail.com
como alguém que “nasceu assim”, um ser Diante da complexidade que as caracteriza, dessas
074.785.143-32
atávico, preso a uma deformação patoló- ações não decorrem efeitos positivos imediatos.
gica (entendia o crime como uma espécie
de doença). Prevenção secundária Incide não sobre indiví-
duos, mas sobre grupos sociais que, segundo os
• Escola Correcionalista (de grande in- fatores criminógenos, indicam certa propensão ao
fluência na América espanhola): o crimi- crime.
noso era um ser inferior e incapaz de se go-
vernar por si próprio, merecendo do Estado Segundo Antonio García-Pablos de Molina, “Opera
uma atitude pedagógica e de piedade. a curto e médio prazos e se orienta seletivamente
a concretos (particulares) setores da sociedade:
• Marxismo criminológico: entendia o crimi- àqueles grupos e subgrupos que ostentam maior
noso como vítima inocente das estruturas risco de padecer ou protagonizar o problema crimi-
econômicas. nal.

O controle social é também um dos objetos de es- A prevenção secundária conecta-se com a política
tudo da Criminologia, constituindo-se em um con- legislativa penal, assim como com a ação policial,
junto de mecanismos que buscam submeter os in- fortemente polarizada pelos interesses de preven-
divíduos às normas de convivência da sociedade. ção geral.

Há dois tipos de controle social, o formal, constitu- Programas de prevenção policial, de controle dos
ído pelo aparelho político e institucional do Estado meios de comunicação, de ordenação urbana e uti-
feito para essa finalidade, tais quais a Polícia, o Mi- lização do desenho arquitetônico como instrumento
nistério Público e o Poder Judiciário, e o informal, de auto-proteção, desenvolvidos em bairros de
que é formado por institutos da sociedade civil em classes menos favorecidas, são exemplos de pre-
geral, como a família, a escola, os ambiente profis- venção ‘secundária’”.
sional, partidos políticos, a opinião pública, enfim,

210
Prevenção terciária: Representa outra forma de Art. 2º Promover, constituir, financiar ou inte-
prevenção indireta, agora voltada à pessoa do de- grar, pessoalmente ou por interposta pessoa, orga-
linquente, para prevenir a reincidência. É imple- nização criminosa:
mentada por meio das medidas de punição e res-
socialização do processo de execução penal. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
O CRIME COMO FENÔMENO DE MASSA: demais infrações penais praticadas.
NARCOTRÁFICO, TERRORISMO § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede
E CRIME ORGANIZADO ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de
infração penal que envolva organização criminosa.
A criminalidade organizada não é um fenómeno re- § 2º As penas aumentam-se até a metade se
cente, mas as suas origens divagam no tempo. na atuação da organização criminosa houver em-
Com a globalização e o progresso da tecnologia, prego de arma de fogo.
torna-se necessário perceber uma realidade que ul-
trapassa, em muito, a sua compreensão do ponto § 3º A pena é agravada para quem exerce o
de vista criminal, já que têm um grande efeito ofen- comando, individual ou coletivo, da organização cri-
sivo sobre as sociedades ditas democráticas, con- minosa, ainda que não pratique pessoalmente atos
dicionando, de forma significativa, as normas e as de execução.
suas formas de atuação. § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a
2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adoles-
cente;
II - se há concurso de funcionário público, va-
Carlos Miguel lendo-se a organização criminosa dessa condição
Bezerra Paiva
para a prática de infração penal;
c.mbezerrapaiva@gmail.com
III - se o produto ou proveito da infração penal
074.785.143-32
destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa
IV - se a organização criminosa mantém cone-
e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
xão com outras organizações criminosas indepen-
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
dentes;
procedimento criminal a ser aplicado.
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem
§ 1º Considera-se organização criminosa a as-
a transnacionalidade da organização.
sociação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
mente ordenada e caracterizada pela divisão de ta- § 5º Se houver indícios suficientes de que o
refas, ainda que informalmente, com objetivo de funcionário público integra organização criminosa,
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da re-
nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 muneração, quando a medida se fizer necessária à
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacio- investigação ou instrução processual.
nal. § 6º A condenação com trânsito em julgado
§ 2º Esta Lei se aplica também: acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição
I - às infrações penais previstas em tratado ou
para o exercício de função ou cargo público pelo
convenção internacional quando, iniciada a execu-
prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumpri-
ção no País, o resultado tenha ou devesse ter ocor-
mento da pena.
rido no estrangeiro, ou reciprocamente;
§ 7º Se houver indícios de participação de po-
II - às organizações terroristas, entendidas
licial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedo-
como aquelas voltadas para a prática dos atos de
ria de Polícia instaurará inquérito policial e comuni-
terrorismo legalmente definidos. (Redação dada
cará ao Ministério Público, que designará membro
pela lei nº 13.260, de 2016)
para acompanhar o feito até a sua conclusão.

211
§ 8º As lideranças de organizações criminosas
armadas ou que tenham armas à disposição deve-
rão iniciar o cumprimento da pena em estabeleci-
mentos penais de segurança máxima. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 9º O condenado expressamente em sen-
tença por integrar organização criminosa ou por
crime praticado por meio de organização criminosa
não poderá progredir de regime de cumprimento de
pena ou obter livramento condicional ou outros be-
nefícios prisionais se houver elementos probatórios
que indiquem a manutenção do vínculo associativo.

Carlos Miguel Bezerra Paiva


c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

212
Art. 144. A segurança pública, dever do Es-
tado, direito e responsabilidade de todos, é exer-
A promoção da SEGURANÇA PÚBLICA é um dos cida para a preservação da ordem pública e da in-
papeis mais importantes do Estado de Direito cons- columidade das pessoas e do patrimônio, através
tituído. dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
Essa ideia remonta à própria formação filosófica da
II - polícia rodoviária federal;
teoria do contrato social, que declarava que o cida-
dão renunciava a parte de sua liberdade e o Estado III - polícia ferroviária federal;
deveria lhe retribuir com segurança. IV - polícias civis;
A atividade de segurança pública no Brasil foi dele- V - polícias militares e corpos de bombeiros mi-
gada aos Estados (Art. 144 da CF), salvo quanto litares.
aos órgãos federais. VI - polícias penais federal, estaduais e distri-
tal.
Nesse sentido, cada ente federativo tem competên-
cia para organizar suas polícias (civil e militar). É § 1º A polícia federal, instituída por lei como ór-
importante ressaltar que, por força do art. 23 do Có- gão permanente, organizado e mantido pela União
digo de Processo Penal, a autoridade policial, ao e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação
relatar o inquérito policial e encaminhá-lo a juízo, dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Carlos Miguel Bezerra Paiva
deverá oficiar ao Instituto de Estatística para infor- I - apurar infrações penais contra a ordem po-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mar os dados do delito e do delinquente. lítica e social ou em detrimento de bens, serviços e
074.785.143-32
interesses da União ou de suas entidades autárqui-
As estatísticas criminais servem para fundamentar cas e empresas públicas, assim como outras infra-
a política criminal e a doutrina de segurança pública ções cuja prática tenha repercussão interestadual
quanto à prevenção e à repressão criminais, sendo ou internacional e exija repressão uniforme, se-
que uma das finalidades ínsitas ao estudo da crimi- gundo se dispuser em lei;
nologia é justamente a produção desses dados e
análises. II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor-
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca-
Cabe às políticas de segurança pública, portanto, minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
não apenas averiguar os crimes que já se passa- órgãos públicos nas respectivas áreas de compe-
ram, mas também construir estratégias para preve- tência;
nir e evitar a prática de crimes futuros, quando se III - exercer as funções de polícia marítima, ae-
valem dos conhecimentos produzidos pelas ciên- roportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
cias que se dedicam ao estudo da criminalidade. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
No Estado Democrático de Direito em que vivemos, IV - exercer, com exclusividade, as funções de
a prevenção criminal é integrante da “agenda fede- polícia judiciária da União.
rativa”, passando por todos os setores do Poder § 2º A polícia rodoviária federal, órgão perma-
Público, e não apenas pela Segurança Pública e nente, organizado e mantido pela União e estrutu-
pelo Judiciário. Ademais, no modelo federativo bra- rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
sileiro a União, os Estados, o Distrito Federal e so- trulhamento ostensivo das rodovias federais.
bretudo os Municípios devem agir conjuntamente,
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão perma-
visando a redução criminal (Art. 144, caput, da
nente, organizado e mantido pela União e estrutu-
Constituição Federal, conforme a seguir:).
rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
trulhamento ostensivo das ferrovias federais.

213
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados
de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judi-
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia os-
tensiva e a preservação da ordem pública; aos cor-
pos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão
administrador do sistema penal da unidade federa-
tiva a que pertencem, cabe a segurança dos esta-
belecimentos penais.
§ 6º As polícias militares e os corpos de bom-
beiros militares, forças auxiliares e reserva do Exér-
cito subordinam-se, juntamente com as polícias ci- Disciplina a organização e o funci-
vis e as polícias penais estaduais e distrital, aos onamento dos órgãos responsá-
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e veis pela segurança pública, nos
dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Cons- termos do § 7º do art. 144 da Cons-
titucional nº 104, de 2019) tituição Federal; cria a Política Na-
Carlos Miguel Bezerra Paiva cional de Segurança Pública e De-
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcio-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
namento dos órgãos responsáveis pela segurança fesa Social (PNSPDS); institui o
pública, de maneira a garantir a eficiência de074.785.143-32
suas Sistema Único de Segurança Pú-
atividades. blica (Susp); altera a Lei Comple-
mentar nº 79, de 7 de janeiro de
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de feve-
municipais destinadas à proteção de seus bens, reiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de
serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
24 de outubro de 2007; e revoga
§ 9º A remuneração dos servidores policiais in- dispositivos da Lei nº 12.681, de 4
tegrantes dos órgãos relacionados neste artigo de julho de 2012.
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 10. A segurança viária, exercida para a pre- Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Se-
servação da ordem pública e da incolumidade das gurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (In- de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS),
cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) com a finalidade de preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
I - compreende a educação, engenharia e fis- por meio de atuação conjunta, coordenada, sistê-
calização de trânsito, além de outras atividades mica e integrada dos órgãos de segurança pública
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o di- e defesa social da União, dos Estados, do Distrito
reito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Federal e dos Municípios, em articulação com a so-
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) ciedade.
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
Art. 2º A segurança pública é dever do Estado
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos
e responsabilidade de todos, compreendendo a
ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
União, os Estados, o Distrito Federal e os Muníci-
estruturados em Carreira, na forma da lei.
pios, no âmbito das competências e atribuições le-
gais de cada um.

214
CAPÍTULO II XI - publicidade das informações não sigilosas;
DA POLÍTICA NACIONAL XII - promoção da produção de conhecimento
DE SEGURANÇA PÚBLICA sobre segurança pública;
E DEFESA SOCIAL (PNSPDS) XIII - otimização dos recursos materiais, huma-
nos e financeiros das instituições;

Seção I XIV - simplicidade, informalidade, economia


procedimental e celeridade no serviço prestado à
Da Competência para Estabelecimento
sociedade;
das Políticas de Segurança
XV - relação harmônica e colaborativa entre os
Pública e Defesa Social Poderes;
XVI - transparência, responsabilização e pres-
Art. 3º Compete à União estabelecer a Polí- tação de contas.
tica Nacional de Segurança Pública e Defesa So-
cial (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios estabelecer suas respectivas políti- Seção III
cas, observadas as diretrizes da política nacional, Das Diretrizes
especialmente para análise e enfrentamento dos
riscos à harmonia da convivência social, com des-
taque às situações de emergência e aos crimes in- Art. 5º São diretrizes da PNSPDS:
terestaduais e transnacionais. I - atendimento imediato ao cidadão;
II - planejamento estratégico e sistêmico;
Seção II III -Paiva
fortalecimento das ações de prevenção e
Carlos Miguel Bezerra
Dos Princípios resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas
c.mbezerrapaiva@gmail.com
de redução da letalidade violenta, com ênfase para
074.785.143-32
os grupos vulneráveis;
Art. 4º São princípios da PNSPDS:
IV - atuação integrada entre a União, os Esta-
I - respeito ao ordenamento jurídico e aos di- dos, o Distrito Federal e os Municípios em ações de
reitos e garantias individuais e coletivos; segurança pública e políticas transversais para a
II - proteção, valorização e reconhecimento preservação da vida, do meio ambiente e da digni-
dos profissionais de segurança pública; dade da pessoa humana;
III - proteção dos direitos humanos, respeito V - coordenação, cooperação e colaboração
aos direitos fundamentais e promoção da cidadania dos órgãos e instituições de segurança pública nas
e da dignidade da pessoa humana; fases de planejamento, execução, monitoramento
e avaliação das ações, respeitando-se as respecti-
IV - eficiência na prevenção e no controle das
vas atribuições legais e promovendo-se a raciona-
infrações penais;
lização de meios com base nas melhores práticas;
V - eficiência na repressão e na apuração das
VI - formação e capacitação continuada e qua-
infrações penais;
lificada dos profissionais de segurança pública, em
VI - eficiência na prevenção e na redução de consonância com a matriz curricular nacional;
riscos em situações de emergência e desastres
VII - fortalecimento das instituições de segu-
que afetam a vida, o patrimônio e o meio ambiente;
rança pública por meio de investimentos e do de-
VII - participação e controle social; senvolvimento de projetos estruturantes e de ino-
VIII - resolução pacífica de conflitos; vação tecnológica;
IX - uso comedido e proporcional da força; VIII - sistematização e compartilhamento das
informações de segurança pública, prisionais e so-
X - proteção da vida, do patrimônio e do meio bre drogas, em âmbito nacional;
ambiente;

215
IX - atuação com base em pesquisas, estudos XXVI - celebração de termo de parceria e pro-
e diagnósticos em áreas de interesse da segurança tocolos com agências de vigilância privada, respei-
pública; tada a lei de licitações.
X - atendimento prioritário, qualificado e huma-
nizado às pessoas em situação de vulnerabilidade;
Seção IV
XI - padronização de estruturas, de capacita- Dos Objetivos
ção, de tecnologia e de equipamentos de interesse
da segurança pública;
XII - ênfase nas ações de policiamento de pro- Art. 6º São objetivos da PNSPDS:
ximidade, com foco na resolução de problemas; I - fomentar a integração em ações estratégi-
XIII - modernização do sistema e da legislação cas e operacionais, em atividades de inteligência
de acordo com a evolução social; de segurança pública e em gerenciamento de cri-
ses e incidentes;
XIV - participação social nas questões de se-
gurança pública; II - apoiar as ações de manutenção da ordem
pública e da incolumidade das pessoas, do patri-
XV - integração entre os Poderes Legislativo, mônio, do meio ambiente e de bens e direitos;
Executivo e Judiciário no aprimoramento e na apli-
cação da legislação penal; III - incentivar medidas para a modernização
de equipamentos, da investigação e da perícia e
XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Mi- para a padronização de tecnologia dos órgãos e
nistério Público e da Defensoria Pública na elabo- das instituições de segurança pública;
ração de estratégias e metas para alcançar os ob-
jetivos desta Política; IV - estimular e apoiar a realização de ações
de prevenção à violência e à criminalidade, com pri-
XVII - fomento de políticas públicas voltadas
Carlos à
Miguel Bezerra Paiva
oridade para aquelas relacionadas à letalidade da
reinserção social dos egressos do sistema prisional;
c.mbezerrapaiva@gmail.comnegra, das mulheres e de outros
população jovem
XVIII - (VETADO); grupos vulneráveis;
074.785.143-32
XIX - incentivo ao desenvolvimento de progra- V - promover a participação social nos Conse-
mas e projetos com foco na promoção da cultura lhos de segurança pública;
de paz, na segurança comunitária e na integração VI - estimular a produção e a publicação de es-
das políticas de segurança com as políticas sociais tudos e diagnósticos para a formulação e a avalia-
existentes em outros órgãos e entidades não per- ção de políticas públicas;
tencentes ao sistema de segurança pública;
VII - promover a interoperabilidade dos siste-
XX - distribuição do efetivo de acordo com cri- mas de segurança pública;
térios técnicos;
VIII - incentivar e ampliar as ações de preven-
XXI - deontologia policial e de bombeiro militar ção, controle e fiscalização para a repressão aos
comuns, respeitados os regimes jurídicos e as pe- crimes transfronteiriços;
culiaridades de cada instituição;
IX - estimular o intercâmbio de informações de
XXII - unidade de registro de ocorrência policial; inteligência de segurança pública com instituições
XXIII - uso de sistema integrado de informa- estrangeiras congêneres;
ções e dados eletrônicos; X - integrar e compartilhar as informações de
XXIV – (VETADO); segurança pública, prisionais e sobre drogas;
XXV - incentivo à designação de servidores da XI - estimular a padronização da formação, da
carreira para os cargos de chefia, levando em con- capacitação e da qualificação dos profissionais de
sideração a graduação, a capacitação, o mérito e a segurança pública, respeitadas as especificidades
experiência do servidor na atividade policial espe- e as diversidades regionais, em consonância com
cífica; esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital
e municipal;

216
XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos di-
e do cumprimento de medidas restritivas de direito recionarão a formulação do Plano Nacional de Se-
e de penas alternativas à prisão; gurança Pública e Defesa Social, documento que
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes estabelecerá as estratégias, as metas, os indicado-
de cumprimento de pena restritiva de liberdade em res e as ações para o alcance desses objetivos.
relação à gravidade dos crimes cometidos;
XIV - (VETADO); Seção V
XV - racionalizar e humanizar o sistema peni- Das Estratégias
tenciário e outros ambientes de encarceramento;
XVI - fomentar estudos, pesquisas e publica- Art. 7º A PNSPDS será implementada por es-
ções sobre a política de enfrentamento às drogas e tratégias que garantam integração, coordenação e
de redução de danos relacionados aos seus usuá- cooperação federativa, interoperabilidade, lide-
rios e aos grupos sociais com os quais convivem; rança situacional, modernização da gestão das ins-
XVII - fomentar ações permanentes para o tituições de segurança pública, valorização e prote-
combate ao crime organizado e à corrupção; ção dos profissionais, complementaridade, dotação
de recursos humanos, diagnóstico dos problemas
XVIII - estabelecer mecanismos de monitora-
a serem enfrentados, excelência técnica, avaliação
mento e de avaliação das ações implementadas;
continuada dos resultados e garantia da regulari-
XIX - promover uma relação colaborativa entre dade orçamentária para execução de planos e pro-
os órgãos de segurança pública e os integrantes do gramas de segurança pública.
sistema judiciário para a construção das estraté-
gias e o desenvolvimento das ações necessárias
ao alcance das metas estabelecidas; Seção VI
Carlos Miguel Bezerra Paiva
XX - estimular a concessão de medidas prote- Dos Meios e Instrumentos
c.mbezerrapaiva@gmail.com
tivas em favor de pessoas em situação de vulnera-
bilidade; 074.785.143-32
Art. 8º São meios e instrumentos para a im-
XXI - estimular a criação de mecanismos de plementação da PNSPDS:
proteção dos agentes públicos que compõem o sis-
tema nacional de segurança pública e de seus fa- I - os planos de segurança pública e defesa so-
miliares; cial;

XXII - estimular e incentivar a elaboração, a II - o Sistema Nacional de Informações e de


execução e o monitoramento de ações nas áreas Gestão de Segurança Pública e Defesa Social, que
de valorização profissional, de saúde, de qualidade inclui:
de vida e de segurança dos servidores que com- a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e
põem o sistema nacional de segurança pública; Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
XXIII - priorizar políticas de redução da letali- Defesa Social (Sinaped);
dade violenta; b) o Sistema Nacional de Informações de Se-
XXIV - fortalecer os mecanismos de investiga- gurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de
ção de crimes hediondos e de homicídios; Armas e Munições, e sobre Material Genético, Di-
gitais e Drogas (Sinesp);
XXV - fortalecer as ações de fiscalização de ar-
mas de fogo e munições, com vistas à redução da b) o Sistema Nacional de Informações de Se-
violência armada; gurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de
Armas e Munições, de Material Genético, de Digi-
XXVI - fortalecer as ações de prevenção e re- tais e de Drogas (Sinesp); (Redação dada pela Lei
pressão aos crimes cibernéticos. nº 13.756, de 2018)
c) o Sistema Integrado de Educação e Valori-
zação Profissional (Sievap);

217
d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segu- IX - (VETADO);
rança Pública (Renaesp); X - institutos oficiais de criminalística, medicina
e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida legal e identificação;
para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida); XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública
III - (VETADO); (Senasp);
IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Ho- XII - secretarias estaduais de segurança pú-
micídios de Jovens; blica ou congêneres;
V - os mecanismos formados por órgãos de XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa
prevenção e controle de atos ilícitos contra a Admi- Civil (Sedec);
nistração Pública e referentes a ocultação ou dissi- XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre
mulação de bens, direitos e valores. Drogas (Senad);
XV - agentes de trânsito;
CAPÍTULO III XVI - guarda portuária.
DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚ- § 3º (VETADO).
BLICA
§ 4º Os sistemas estaduais, distrital e munici-
pais serão responsáveis pela implementação dos
Seção I respectivos programas, ações e projetos de segu-
Da Composição do Sistema rança pública, com liberdade de organização e fun-
cionamento, respeitado o disposto nesta Lei.

Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segu-


rança Pública (Susp), que tem comoCarlos Miguel Bezerra Paiva Seção II
órgão central
o Ministério Extraordinário da Segurança Pública e
c.mbezerrapaiva@gmail.com Do Funcionamento
é integrado pelos órgãos de que trata o art. 144 da
074.785.143-32
Constituição Federal , pelos agentes penitenciários,
pelas guardas municipais e pelos demais integran- Art. 10. A integração e a coordenação dos ór-
tes estratégicos e operacionais, que atuarão nos li- gãos integrantes do Susp dar-se-ão nos limites das
mites de suas competências, de forma cooperativa, respectivas competências, por meio de:
sistêmica e harmônica. I - operações com planejamento e execução in-
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp: tegrados;
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os II - estratégias comuns para atuação na pre-
Municípios, por intermédio dos respectivos Pode- venção e no controle qualificado de infrações pe-
res Executivos; nais;
II - os Conselhos de Segurança Pública e De- III - aceitação mútua de registro de ocorrência
fesa Social dos três entes federados. policial;
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: IV - compartilhamento de informações, inclu-
I - polícia federal; sive com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sis-
bin);
II - polícia rodoviária federal;
V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e
III – (VETADO); científicos;
IV - polícias civis; VI - integração das informações e dos dados
V - polícias militares; de segurança pública por meio do Sinesp.
VI - corpos de bombeiros militares; § 1º O Susp será coordenado pelo Ministério
Extraordinário da Segurança Pública.
VII - guardas municipais;
VIII - órgãos do sistema penitenciário;

218
§ 2º As operações combinadas, planejadas e II - as atividades periciais serão aferidas medi-
desencadeadas em equipe poderão ser ostensivas, ante critérios técnicos emitidos pelo órgão respon-
investigativas, de inteligência ou mistas, e contar sável pela coordenação das perícias oficiais, consi-
com a participação de órgãos integrantes do Susp derando os laudos periciais e o resultado na produ-
e, nos limites de suas competências, com o Sisbin ção qualificada das provas relevantes à instrução
e outros órgãos dos sistemas federal, estadual, dis- criminal;
trital ou municipal, não necessariamente vincula- III - as atividades de polícia ostensiva e de pre-
dos diretamente aos órgãos de segurança pública servação da ordem pública serão aferidas, entre
e defesa social, especialmente quando se tratar de outros fatores, pela maior ou menor incidência de
enfrentamento a organizações criminosas. infrações penais e administrativas em determinada
§ 3º O planejamento e a coordenação das ope- área, seguindo os parâmetros do Sinesp;
rações referidas no § 2º deste artigo serão exerci- IV - as atividades dos corpos de bombeiros mi-
dos conjuntamente pelos participantes. litares serão aferidas, entre outros fatores, pelas
§ 4º O compartilhamento de informações será ações de prevenção, preparação para emergên-
feito preferencialmente por meio eletrônico, com cias e desastres, índices de tempo de resposta aos
acesso recíproco aos bancos de dados, nos termos desastres e de recuperação de locais atingidos,
estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da Se- considerando-se áreas determinadas;
gurança Pública. V - a eficiência do sistema prisional será afe-
§ 5º O intercâmbio de conhecimentos técnicos rida com base nos seguintes fatores, entre outros:
e científicos para qualificação dos profissionais de a) o número de vagas ofertadas no sistema;
segurança pública e defesa social dar-se-á, entre
outras formas, pela reciprocidade na abertura de b) a relação existente entre o número de pre-
vagas nos cursos de especialização, aperfeiçoa- sos e a quantidade de vagas ofertadas;
Carlos as
mento e estudos estratégicos, respeitadas Miguel
pecu- Bezerrac) oPaiva
índice de reiteração criminal dos egressos;
liaridades e o regime jurídico de c.mbezerrapaiva@gmail.com
cada instituição, e
d) a quantidade de presos condenados atendi-
observada, sempre que possível, a matriz curricular
nacional. 074.785.143-32
dos de acordo com os parâmetros estabelecidos
pelos incisos do caput deste artigo, com observân-
Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segu- cia de critérios objetivos e transparentes.
rança Pública fixará, anualmente, metas de exce- § 1º A aferição considerará aspectos relativos
lência no âmbito das respectivas competências, vi- à estrutura de trabalho físico e de equipamentos,
sando à prevenção e à repressão das infrações pe- bem como de efetivo.
nais e administrativas e à prevenção dos desastres,
e utilizará indicadores públicos que demonstrem de § 2º A aferição de que trata o inciso I do caput
forma objetiva os resultados pretendidos. deste artigo deverá distinguir as autorias definidas
em razão de prisão em flagrante das autorias resul-
Art. 12 . A aferição anual de metas deverá tantes de diligências investigatórias.
observar os seguintes parâmetros:
Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segu-
I - as atividades de polícia judiciária e de apu- rança Pública, responsável pela gestão do Susp,
ração das infrações penais serão aferidas, entre deverá orientar e acompanhar as atividades dos ór-
outros fatores, pelos índices de elucidação dos de- gãos integrados ao Sistema, além de promover as
litos, a partir dos registros de ocorrências policiais, seguintes ações:
especialmente os de crimes dolosos com resultado
em morte e de roubo, pela identificação, prisão dos I - apoiar os programas de aparelhamento e
autores e cumprimento de mandados de prisão de modernização dos órgãos de segurança pública e
condenados a crimes com penas de reclusão, e defesa social do País;
pela recuperação do produto de crime em determi- II - implementar, manter e expandir, observa-
nada circunscrição; das as restrições previstas em lei quanto a sigilo, o
Sistema Nacional de Informações e de Gestão de
Segurança Pública e Defesa Social;

219
III - efetivar o intercâmbio de experiências téc- Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios
nicas e operacionais entre os órgãos policiais fede- de aplicação de recursos do Fundo Nacional de Se-
rais, estaduais, distrital e as guardas municipais; gurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e Nacional (Funpen), respeitando-se a atribuição
funcional dos institutos oficiais de criminalística, constitucional dos órgãos que integram o Susp, os
medicina legal e identificação, garantindo-lhes con- aspectos geográficos, populacionais e socioeconô-
dições plenas para o exercício de suas funções; micos dos entes federados, bem como o estabele-
cimento de metas e resultados a serem alcançados.
V - promover a qualificação profissional dos in-
tegrantes da segurança pública e defesa social, es- Art. 18. As aquisições de bens e serviços
pecialmente nas dimensões operacional, ética e para os órgãos integrantes do Susp terão por obje-
técnico-científica; tivo a eficácia de suas atividades e obedecerão a
VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e critérios técnicos de qualidade, modernidade, efici-
consolidar dados e informações estatísticas sobre ência e resistência, observadas as normas de lici-
criminalidade e vitimização; tação e contratos.

VII - coordenar as atividades de inteligência da Parágrafo único. (VETADO).


segurança pública e defesa social integradas ao
Sisbin;
CAPÍTULO IV
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência po-
DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA
licial.
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
Art. 14. É de responsabilidade do Ministério
Extraordinário da Segurança Pública:
Seção I
I - disponibilizar sistema padronizado, inf-or-
Carlos Miguel Bezerra Paiva Da Composição
matizado e seguro que permita o intercâmbio de in-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
formações entre os integrantes do Susp;
074.785.143-32
II - apoiar e avaliar periodicamente a infraes- Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á
trutura tecnológica e a segurança dos processos, pela formação de Conselhos permanentes a serem
das redes e dos sistemas; criados na forma do art. 21 desta Lei.

III - estabelecer cronograma para adequação Art. 20. Serão criados Conselhos de Segu-
dos integrantes do Susp às normas e aos procedi- rança Pública e Defesa Social, no âmbito da União,
mentos de funcionamento do Sistema. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
mediante proposta dos chefes dos Poderes Execu-
Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o tivos, encaminhadas aos respectivos Poderes Le-
Distrito Federal e os Municípios, quando não dispu- gislativos.
serem de condições técnicas e operacionais neces-
sárias à implementação do Susp. § 1º O Conselho Nacional de Segurança Pú-
blica e Defesa Social, com atribuições, funciona-
Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp pode- mento e composição estabelecidos em regula-
rão atuar em vias urbanas, rodovias, terminais ro- mento, terá a participação de representantes da
doviários, ferrovias e hidrovias federais, estaduais, União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
distrital ou municipais, portos e aeroportos, no âm- nicípios.
bito das respectivas competências, em efetiva inte-
§ 2º Os Conselhos de Segurança Pública e De-
gração com o órgão cujo local de atuação esteja
fesa Social congregarão representantes com poder
sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das in-
de decisão dentro de suas estruturas governamen-
vestigações policiais.
tais e terão natureza de colegiado, com competên-
cia consultiva, sugestiva e de acompanhamento so-
cial das atividades de segurança pública e defesa
social, respeitadas as instâncias decisórias e as
normas de organização da Administração Pública.

220
§ 3º Os Conselhos de Segurança Pública e De- VI - representantes de entidades e organiza-
fesa Social exercerão o acompanhamento das ins- ções da sociedade cuja finalidade esteja relacio-
tituições referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e po- nada com políticas de segurança pública e defesa
derão recomendar providências legais às autorida- social;
des competentes. VII - representantes de entidades de profissio-
§ 4º O acompanhamento de que trata o § 3º nais de segurança pública.
deste artigo considerará, entre outros, os seguintes § 1º Os representantes das entidades e orga-
aspectos: nizações referidas nos incisos VI e VII do caput
I - as condições de trabalho, a valorização e o deste artigo serão eleitos por meio de processo
respeito pela integridade física e moral dos seus in- aberto a todas as entidades e organizações cuja fi-
tegrantes; nalidade seja relacionada com as políticas de se-
II - o atingimento das metas previstas nesta Lei; gurança pública, conforme convocação pública e
critérios objetivos previamente definidos pelos
III - o resultado célere na apuração das denún- Conselhos.
cias em tramitação nas respectivas corregedorias;
§ 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente,
IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do que substituirá o titular em sua ausência.
órgão pela população por ele atendida.
§ 3º Os mandatos eletivos dos membros refe-
§ 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes ridos nos incisos VI e VII do caput deste artigo e a
para as políticas públicas de segurança pública e designação dos demais membros terão a duração
defesa social, com vistas à prevenção e à repres- de 2 (dois) anos, permitida apenas uma recondu-
são da violência e da criminalidade. ção ou reeleição.
§ 6º A organização, o funcionamento e as de- § 4º Na ausência de representantes dos ór-
mais competências dos Conselhos serão regula-
Carlos Miguel BezerraouPaiva
mentados por ato do Poder Executivo, nos limites
gãos entidades referidos no caput deste artigo,
aplica-se o disposto no § 7º do art. 20 desta Lei.
estabelecidos por esta Lei. c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital074.785.143-32
e Muni-
cipais de Segurança Pública e Defesa Social, que CAPÍTULO V
contarão também com representantes da socie- DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS
dade civil organizada e de representantes dos tra- DE SEGURANÇA PÚBLICA
balhadores, poderão ser descentralizados ou con-
E DEFESA SOCIAL
gregados por região para melhor atuação e inter-
câmbio comunitário.
Seção I
Dos Planos
Seção II
Dos Conselheiros
Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social, destinado a ar-
Art. 21. Os Conselhos serão compostos por: ticular as ações do poder público, com a finalidade
I - representantes de cada órgão ou entidade de:
integrante do Susp; I - promover a melhora da qualidade da gestão
II - representante do Poder Judiciário; das políticas sobre segurança pública e defesa so-
cial;
III - representante do Ministério Público;
II - contribuir para a organização dos Conse-
IV - representante da Ordem dos Advogados lhos de Segurança Pública e Defesa Social;
do Brasil (OAB);
III - assegurar a produção de conhecimento no
V - representante da Defensoria Pública; tema, a definição de metas e a avaliação dos resul-
tados das políticas de segurança pública e defesa
social;

221
IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias Seção II
de segurança interna nas divisas, fronteiras, portos Das Diretrizes Gerais
e aeroportos.
§ 1º As políticas públicas de segurança não se
restringem aos integrantes do Susp, pois devem Art. 24. Os agentes públicos deverão obser-
considerar um contexto social amplo, com abran- var as seguintes diretrizes na elaboração e na exe-
gência de outras áreas do serviço público, como cução dos planos:
educação, saúde, lazer e cultura, respeitadas as I - adotar estratégias de articulação entre ór-
atribuições e as finalidades de cada área do serviço gãos públicos, entidades privadas, corporações po-
público. liciais e organismos internacionais, a fim de implan-
§ 2º O Plano de que trata o caput deste artigo tar parcerias para a execução de políticas de segu-
terá duração de 10 (dez) anos a contar de sua pu- rança pública e defesa social;
blicação. II - realizar a integração de programas, ações,
§ 3º As ações de prevenção à criminalidade atividades e projetos dos órgãos e entidades públi-
devem ser consideradas prioritárias na elaboração cas e privadas nas áreas de saúde, planejamento
do Plano de que trata o caput deste artigo. familiar, educação, trabalho, assistência social,
previdência social, cultura, desporto e lazer, vi-
§ 4º A União, por intermédio do Ministério Ex- sando à prevenção da criminalidade e à prevenção
traordinário da Segurança Pública, deverá elaborar de desastres;
os objetivos, as ações estratégicas, as metas, as
prioridades, os indicadores e as formas de financi- III - viabilizar ampla participação social na for-
amento e gestão das Políticas de Segurança Pú- mulação, na implementação e na avaliação das po-
blica e Defesa Social. líticas de segurança pública e defesa social;

§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Muni- IV - desenvolver programas, ações, atividades


Carlos Miguel Bezerra
e projetos Paiva
articulados com os estabelecimentos de
cípios deverão, com base no Plano Nacional de Se-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
gurança Pública e Defesa Social, elaborar e im- ensino, com a sociedade e com a família para a
prevenção
plantar seus planos correspondentes em até 2074.785.143-32
(dois) da criminalidade e a prevenção de de-
anos a partir da publicação do documento nacional, sastres;
sob pena de não poderem receber recursos da V - incentivar a inclusão das disciplinas de pre-
União para a execução de programas ou ações de venção da violência e de prevenção de desastres
segurança pública e defesa social. nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de
§ 6º O poder público deverá dar ampla divulga- ensino;
ção ao conteúdo das Políticas e dos Planos de se- VI - ampliar as alternativas de inserção econô-
gurança pública e defesa social. mica e social dos egressos do sistema prisional,
promovendo programas que priorizem a melhoria
Art. 23. A União, em articulação com os Es-
de sua escolarização e a qualificação profissional;
tados, o Distrito Federal e os Municípios, realizará
avaliações anuais sobre a implementação do Plano VII - garantir a efetividade dos programas,
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, ações, atividades e projetos das políticas de segu-
com o objetivo de verificar o cumprimento das me- rança pública e defesa social;
tas estabelecidas e elaborar recomendações aos VIII - promover o monitoramento e a avaliação
gestores e operadores das políticas públicas. das políticas de segurança pública e defesa social;
Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano IX - fomentar a criação de grupos de estudos
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social re- formados por agentes públicos dos órgãos inte-
alizar-se-á no segundo ano de vigência desta Lei, grantes do Susp, professores e pesquisadores,
cabendo ao Poder Legislativo Federal acompanhá- para produção de conhecimento e reflexão sobre o
la. fenômeno da criminalidade, com o apoio e a coor-
denação dos órgãos públicos de cada unidade da
Federação;

222
X - fomentar a harmonização e o trabalho con- Seção IV
junto dos integrantes do Susp; Da Cooperação, da Integração e
XI - garantir o planejamento e a execução de do Funcionamento Harmônico
políticas de segurança pública e defesa social;
dos Membros do Susp
XII - fomentar estudos de planejamento urbano
para que medidas de prevenção da criminalidade
façam parte do plano diretor das cidades, de forma Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o Sis-
a estimular, entre outras ações, o reforço na ilumi- tema Nacional de Acompanhamento e Avaliação
nação pública e a verificação de pessoas e de fa- das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
mílias em situação de risco social e criminal. (Sinaped), com os seguintes objetivos:
I - contribuir para organização e integração dos
membros do Susp, dos projetos das políticas de se-
Seção III gurança pública e defesa social e dos respectivos
Das Metas para Acompanhamento e diagnósticos, planos de ação, resultados e avalia-
Avaliação das Políticas de Segurança ções;
Pública e Defesa Social II - assegurar o conhecimento sobre os progra-
mas, ações e atividades e promover a melhora da
qualidade da gestão dos programas, ações, ativi-
Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão, anu- dades e projetos de segurança pública e defesa so-
almente, metas de excelência no âmbito das res- cial;
pectivas competências, visando à prevenção e à
repressão de infrações penais e administrativas e à III - garantir que as políticas de segurança pú-
prevenção de desastres, que tenham como finali- blica e defesa social abranjam, no mínimo, o ade-
dade: quado diagnóstico, a gestão e os resultados das
Carlos Miguel Bezerra Paiva
políticas e dos programas de prevenção e de con-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e trole da violência, com o objetivo de verificar:
supervisionar as atividades de educação gerencial,
074.785.143-32a) a compatibilidade da forma de processa-
técnica e operacional, em cooperação com as uni-
dades da Federação; mento do planejamento orçamentário e de sua exe-
cução com as necessidades do respectivo sistema
II - apoiar e promover educação qualificada, de segurança pública e defesa social;
continuada e integrada;
b) a eficácia da utilização dos recursos públi-
III - identificar e propor novas metodologias e cos;
técnicas de educação voltadas ao aprimoramento
de suas atividades; c) a manutenção do fluxo financeiro, conside-
radas as necessidades operacionais dos progra-
IV - identificar e propor mecanismos de valori- mas, as normas de referência e as condições pre-
zação profissional; vistas nos instrumentos jurídicos celebrados entre
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os entes federados, os órgãos gestores e os inte-
os profissionais de segurança pública e defesa so- grantes do Susp;
cial; d) a implementação dos demais compromissos
VI - apoiar e promover o sistema habitacional assumidos por ocasião da celebração dos instru-
para os profissionais de segurança pública e de- mentos jurídicos relativos à efetivação das políticas
fesa social. de segurança pública e defesa social;
e) a articulação interinstitucional e intersetorial
das políticas.
Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Naci-
onal de Segurança Pública e Defesa Social, será
elaborado relatório com o histórico e a caracteriza-
ção do trabalho, as recomendações e os prazos
para que elas sejam cumpridas, além de outros ele-
mentos a serem definidos em regulamento.

223
§ 1º Os resultados da avaliação das políticas IV - o caráter público de todos os procedimen-
serão utilizados para: tos, dados e resultados dos processos de avaliação.
I - planejar as metas e eleger as prioridades Art. 32. A avaliação dos objetivos e das me-
para execução e financiamento; tas do Plano Nacional de Segurança Pública e De-
II - reestruturar ou ampliar os programas de fesa Social será coordenada por comissão perma-
prevenção e controle; nente e realizada por comissões temporárias, es-
sas compostas, no mínimo, por 3 (três) membros,
III - adequar os objetivos e a natureza dos pro-
na forma do regulamento próprio.
gramas, ações e projetos;
Parágrafo único. É vedado à comissão perma-
IV - celebrar instrumentos de cooperação com
nente designar avaliadores que sejam titulares ou
vistas à correção de problemas constatados na
servidores dos órgãos gestores avaliados, caso:
avaliação;
I - tenham relação de parentesco até terceiro
V - aumentar o financiamento para fortalecer o
grau com titulares ou servidores dos órgãos gesto-
sistema de segurança pública e defesa social;
res avaliados;
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos ope-
II - estejam respondendo a processo criminal
radores do Susp.
ou administrativo.
§ 2º O relatório da avaliação deverá ser enca-
minhado aos respectivos Conselhos de Segurança
Pública e Defesa Social. CAPÍTULO VI
Art. 28. As autoridades, os gestores, as enti- DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA
dades e os órgãos envolvidos com a segurança pú-
blica e defesa social têm o dever de colaborar com Seção I
o processo de avaliação, facilitandoCarlos Miguel
o acesso às Bezerra Paiva Do Controle Interno
suas instalações, à documentação ec.mbezerrapaiva@gmail.com
a todos os ele-
mentos necessários ao seu efetivo cumprimento.
074.785.143-32
Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de
Art. 29. O processo de avaliação das políti- autonomia no exercício de suas competências, ca-
cas de segurança pública e defesa social deverá berá o gerenciamento e a realização dos processos
contar com a participação de representantes dos e procedimentos de apuração de responsabilidade
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do Mi- funcional, por meio de sindicância e processo ad-
nistério Público, da Defensoria Pública e dos Con- ministrativo disciplinar, e a proposição de subsídios
selhos de Segurança Pública e Defesa Social, ob- para o aperfeiçoamento das atividades dos órgãos
servados os parâmetros estabelecidos nesta Lei. de segurança pública e defesa social.
Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompa-
nhar as avaliações do respectivo ente federado. Seção II
Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodolo- Do Acompanhamento Público
gia a ser empregada: da Atividade Policial
I - a realização da autoavaliação dos gestores
e das corporações; Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Fede-
II - a avaliação institucional externa, contem- ral e os Municípios deverão instituir órgãos de ou-
plando a análise global e integrada das instalações vidoria dotados de autonomia e independência no
físicas, relações institucionais, compromisso social, exercício de suas atribuições.
atividades e finalidades das corporações;
Parágrafo único. À ouvidoria competirá o rece-
III - a análise global e integrada dos diagnósti- bimento e tratamento de representações, elogios e
cos, estruturas, compromissos, finalidades e resul- sugestões de qualquer pessoa sobre as ações e
tados das políticas de segurança pública e defesa atividades dos profissionais e membros integrantes
social; do Susp, devendo encaminhá-los ao órgão com
atribuição para as providências legais e a resposta
ao requerente.

224
Seção III § 2º O integrante que deixar de fornecer ou atu-
Da Transparência e da Integração alizar seus dados e informações no Sinesp poderá
não receber recursos nem celebrar parcerias com
de Dados e Informações a União para financiamento de programas, projetos
ou ações de segurança pública e defesa social e do
Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de In- sistema prisional, na forma do regulamento.
formações de Segurança Pública, Prisionais, de § 3º O Ministério Extraordinário da Segurança
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Pública é autorizado a celebrar convênios com ór-
Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a gãos do Poder Executivo que não integrem o Susp,
finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e com o Poder Judiciário e com o Ministério Público,
informações para auxiliar na formulação, imple- para compatibilização de sistemas de informação e
mentação, execução, acompanhamento e avalia- integração de dados, ressalvadas as vedações
ção das políticas relacionadas com: constitucionais de sigilo e desde que o objeto fun-
I - segurança pública e defesa social; damental dos acordos seja a prevenção e a repres-
são da violência.
II - sistema prisional e execução penal;
§ 4º A omissão no fornecimento das informa-
III - rastreabilidade de armas e munições; ções legais implica responsabilidade administrativa
IV - banco de dados de perfil genético e digitais; do agente público.
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.
Art. 36. O Sinesp tem por objetivos: CAPÍTULO VII
I - proceder à coleta, análise, atualização, sis- DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO
tematização, integração e interpretação de dados e DO PROFISSIONAL EM SEGURANÇA
informações relativos às políticas Carlos Miguel Bezerra Paiva
de segurança pú- PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
blica e defesa social; c.mbezerrapaiva@gmail.com
II - disponibilizar estudos, estatísticas,074.785.143-32
indica- Seção I
dores e outras informações para auxiliar na formu-
lação, implementação, execução, monitoramento e Do Sistema Integrado de Educação e
avaliação de políticas públicas; Valorização Profissional (Sievap)
III - promover a integração das redes e siste-
mas de dados e informações de segurança pública Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de
e defesa social, criminais, do sistema prisional e so- Educação e Valorização Profissional (Sievap), com
bre drogas; a finalidade de:
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
de dados e informações, conforme os padrões de- supervisionar as atividades de educação gerencial,
finidos pelo conselho gestor. técnica e operacional, em cooperação com as uni-
Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões dades da Federação;
de integridade, disponibilidade, confidencialidade, II - identificar e propor novas metodologias e
confiabilidade e tempestividade dos sistemas infor- técnicas de educação voltadas ao aprimoramento
matizados do governo federal. de suas atividades;
Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes fe- III - apoiar e promover educação qualificada,
derados, por intermédio de órgãos criados ou de- continuada e integrada;
signados para esse fim. IV - identificar e propor mecanismos de valori-
§ 1º Os dados e as informações de que trata zação profissional.
esta Lei deverão ser padronizados e categorizados § 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos
e serão fornecidos e atualizados pelos integrantes seguintes programas:
do Sinesp.
I - matriz curricular nacional;

225
II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segu- VII - incentivar produção técnico-científica que
rança Pública (Renaesp); contribua para as atividades desenvolvidas pelo
III - Rede Nacional de Educação a Distância Susp.
em Segurança Pública (Rede EaD-Senasp); Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual
IV - programa nacional de qualidade de vida destinada aos profissionais de segurança pública e
para segurança pública e defesa social. defesa social e tem como objetivo viabilizar o
acesso aos processos de aprendizagem, indepen-
§ 2º Os órgãos integrantes do Susp terão
dentemente das limitações geográficas e sociais
acesso às ações de educação do Sievap, conforme
existentes, com o propósito de democratizar a edu-
política definida pelo Ministério Extraordinário da
cação em segurança pública e defesa social.
Segurança Pública.
Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-
se em referencial teórico, metodológico e avaliativo Seção II
para as ações de educação aos profissionais de se- Do Programa Nacional de Qualidade
gurança pública e defesa social e deverá ser obser- de Vida para Profissionais de
vada nas atividades formativas de ingresso, aper-
Segurança Pública (Pró-Vida)
feiçoamento, atualização, capacitação e especiali-
zação na área de segurança pública e defesa social,
nas modalidades presencial e a distância, respeita- Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade
dos o regime jurídico e as peculiaridades de cada de Vida para Profissionais de Segurança Pública
instituição. (Pró-Vida) tem por objetivo elaborar, implementar,
§ 1º A matriz curricular é pautada nos direitos apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os projetos
humanos, nos princípios da andragogia e nas teo- de programas de atenção psicossocial e de saúde
CarlosdoMiguel
rias que enfocam o processo de construção co- no trabalhoPaiva
Bezerra dos profissionais de segurança pública
nhecimento. e defesa social, bem como a integração sistêmica
c.mbezerrapaiva@gmail.com
das unidades de saúde dos órgãos que compõem
§ 2º Os programas de educação deverão074.785.143-32
estar o Susp.
em consonância com os princípios da matriz curri-
cular nacional.
Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições
de ensino superior, observadas as normas de lici-
tação e contratos, tem como objetivo:
I - promover cursos de graduação, extensão e
pós-graduação em segurança pública e defesa so-
cial;
II - fomentar a integração entre as ações dos
profissionais, em conformidade com as políticas
nacionais de segurança pública e defesa social;
III - promover a compreensão do fenômeno da
violência;
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e
a educação para a paz;
V - articular o conhecimento prático dos profis-
sionais de segurança pública e defesa social com
os conhecimentos acadêmicos;
VI - difundir e reforçar a construção de cultura
de segurança pública e defesa social fundada nos
paradigmas da contemporaneidade, da inteligência,
da informação e do exercício de atribuições estra-
tégicas, técnicas e científicas;

226
VII - participação de jovens e adolescentes, de
egressos do sistema prisional, de famílias expostas
à violência urbana e de mulheres em situação de
violência; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de
Conversão da MPv nº 384, de 2007.
2008)
VIII - ressocialização dos indivíduos que cum-
Institui o Programa Nacional de Se- prem penas privativas de liberdade e egressos do
gurança Pública com Cidadania - sistema prisional, mediante implementação de pro-
PRONASCI e dá outras providên- jetos educativos, esportivos e profissionalizantes;
cias. (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
IX - intensificação e ampliação das medidas de
Art. 1º. Fica instituído o Programa Nacional enfrentamento do crime organizado e da corrupção
policial; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
de Segurança Pública com Cidadania - PRONASCI,
a ser executado pela União, por meio da articula- X - garantia do acesso à justiça, especialmente
ção dos órgãos federais, em regime de cooperação nos territórios vulneráveis; (Redação dada pela Lei
com Estados, Distrito Federal e Municípios e com a nº 11.707, de 2008)
participação das famílias e da comunidade, medi- XI - garantia, por meio de medidas de urbani-
ante programas, projetos e ações de assistência zação, da recuperação dos espaços públicos; (Re-
técnica e financeira e mobilização social, visando à dação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
melhoria da segurança pública.
XII - observância dos princípios e diretrizes dos
Art. 2º. O Pronasci destina-se a articular sistemas de gestão descentralizados e participati-
ações de segurança pública para a prevenção, con- vos das políticas sociais e das resoluções dos con-
trole e repressão da criminalidade, estabelecendo selhos de
Carlos Miguel Bezerra políticas sociais e de defesa de direitos
Paiva
políticas sociais e ações de proteção às vítimas. afetos ao Pronasci; (Redação dada pela Lei nº
c.mbezerrapaiva@gmail.com
(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)
074.785.143-32
Art. 3º. São diretrizes do Pronasci: XIII - participação e inclusão em programas ca-
pazes de responder, de modo consistente e perma-
I - promoção dos direitos humanos, intensifi-
nente, às demandas das vítimas da criminalidade
cando uma cultura de paz, de apoio ao desarma-
por intermédio de apoio psicológico, jurídico e so-
mento e de combate sistemático aos preconceitos
cial; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação
sexual e de diversidade cultural; (Redação dada XIV - participação de jovens e adolescentes
pela Lei nº 11.707, de 2008) em situação de moradores de rua em programas
educativos e profissionalizantes com vistas na res-
II - criação e fortalecimento de redes sociais e
socialização e reintegração à família; (Incluído pela
comunitárias; (Redação dada pela Lei nº 11.707,
Lei nº 11.707, de 2008)
de 2008)
XV - promoção de estudos, pesquisas e indica-
III - fortalecimento dos conselhos tutelares;
dores sobre a violência que considerem as dimen-
(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
sões de gênero, étnicas, raciais, geracionais e de
IV - promoção da segurança e da convivência orientação sexual; (Incluído pela Lei nº 11.707, de
pacífica; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
2008)
XVI - transparência de sua execução, inclusive
V - modernização das instituições de segu- por meios eletrônicos de acesso público; e (Incluído
rança pública e do sistema prisional; (Redação pela Lei nº 11.707, de 2008)
dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
XVII - garantia da participação da sociedade ci-
VI - valorização dos profissionais de segurança vil. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
pública e dos agentes penitenciários; (Redação
dada pela Lei nº 11.707, de 2008) Art. 4º. São focos prioritários dos programas,
projetos e ações que compõem o Pronasci:

227
I - foco etário: população juvenil de 15 (quinze) VIII - compromisso de implementar programas
a 24 (vinte e quatro) anos; (Redação dada pela Lei continuados de formação em direitos humanos
nº 11.707, de 2008) para os policiais civis, policiais militares, bombeiros
II - foco social: jovens e adolescentes egressos militares e servidores do sistema penitenciário; (In-
do sistema prisional ou em situação de moradores cluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
de rua, famílias expostas à violência urbana, víti- IX - compromisso de criação de centros de re-
mas da criminalidade e mulheres em situação de ferência e apoio psicológico, jurídico e social às ví-
violência; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de timas da criminalidade; e (Incluído pela Lei nº
2008) 11.707, de 2008)
III - foco territorial: regiões metropolitanas e X – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.707, de
aglomerados urbanos que apresentem altos índi- 2008)
ces de homicídios e de crimes violentos; e (Reda-
Art. 7º. Para fins de execução do Pronasci, a
ção dada pela Lei nº 11.707, de 2008)
União fica autorizada a realizar convênios, acordos,
IV - foco repressivo: combate ao crime organi- ajustes ou outros instrumentos congêneres com ór-
zado.(Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) gãos e entidades da administração pública dos Es-
Art. 5º. O Pronasci será executado de forma tados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim
integrada pelos órgãos e entidades federais envol- como com entidades de direito público e Organiza-
vidos e pelos Estados, Distrito Federal e Municípios ções da Sociedade Civil de Interesse Público - OS-
que a ele se vincularem voluntariamente, mediante CIP, observada a legislação pertinente.
instrumento de cooperação federativa. Art. 8º. A gestão do Pronasci será exercida
Art. 6º. Para aderir ao Pronasci, o ente fede- pelos Ministérios, pelos órgãos e demais entidades
rativo deverá aceitar as seguintes condições, sem federais nele envolvidos, bem como pelos Estados,
prejuízo do disposto na legislação Carlos
aplicável Miguel
e do Distrito Federal
Bezerra Paivae Municípios participantes, sob a
coordenação
pactuado no respectivo instrumentoc.mbezerrapaiva@gmail.com
de cooperação: do Ministério da Justiça, na forma es-
tabelecida em regulamento.
I - criação de Gabinete de Gestão Integrada074.785.143-32
-
GGI; (Redação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) Art. 8º-A. Sem prejuízo de outros programas,
projetos e ações integrantes do Pronasci, ficam ins-
II - garantia da participação da sociedade civil
tituídos os seguintes projetos: (Incluído pela Lei nº
e dos conselhos tutelares nos fóruns de segurança
11.707, de 2008)
pública que acompanharão e fiscalizarão os proje-
tos do Pronasci; (Redação dada pela Lei nº 11.707, I - Reservista-Cidadão; (Incluído pela Lei nº
de 2008) 11.707, de 2008)
III - participação na gestão e compromisso com II - Proteção de Jovens em Território Vulnerá-
as diretrizes do Pronasci; (Redação dada pela Lei vel - Protejo; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
nº 11.707, de 2008) III - Mulheres da Paz; e (Incluído pela Lei nº
IV - compartilhamento das ações e das políti- 11.707, de 2008)
cas de segurança, sociais e de urbanização; (Re- IV - Bolsa-Formação. (Incluído pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)
V - comprometimento de efetivo policial nas Parágrafo único. A escolha dos participantes
ações para pacificação territorial, no caso dos Es- dos projetos previstos nos incisos I a III do caput
tados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei deste artigo dar-se-á por meio de seleção pública,
nº 11.707, de 2008) pautada por critérios a serem estabelecidos conjun-
VI - disponibilização de mecanismos de comu- tamente pelos entes federativos conveniados, con-
nicação e informação para mobilização social e di- siderando, obrigatoriamente, os aspectos socioe-
vulgação das ações e projetos do Pronasci; (Reda- conômicos dos pleiteantes.(Incluído pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)
VII - apresentação de plano diretor do sistema
penitenciário, no caso dos Estados e do Distrito Fe-
deral; (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)

228
Art. 8º-B. O projeto Reservista-Cidadão é Art. 8º-D. O projeto Mulheres da Paz é des-
destinado à capacitação de jovens recém-licencia- tinado à capacitação de mulheres socialmente atu-
dos do serviço militar obrigatório, para atuar como antes nas áreas geográficas abrangidas pelo Pro-
agentes comunitários nas áreas geográficas abran- nasci. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
gidas pelo Pronasci. (Incluído pela Lei nº 11.707, § 1º O trabalho desenvolvido pelas Mulheres
de 2008) da Paz tem como foco: (Incluído pela Lei nº 11.707,
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Reservista- de 2008)
Cidadão, que terá duração de 12 (doze) meses, I - a mobilização social para afirmação da cida-
tem como foco a articulação com jovens e adoles- dania, tendo em vista a emancipação das mulheres
centes para sua inclusão e participação em ações e prevenção e enfrentamento da violência contra as
de promoção da cidadania. (Incluído pela Lei nº mulheres; e (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
11.707, de 2008)
II - a articulação com jovens e adolescentes,
§ 2º Os participantes do projeto de que trata com vistas na sua participação e inclusão em pro-
este artigo receberão formação sociojurídica e te- gramas sociais de promoção da cidadania e na
rão atuação direta na comunidade.” (Incluído pela rede de organizações parceiras capazes de res-
Lei nº 11.707, de 2008) ponder de modo consistente e permanente às suas
Art. 8º-C. O projeto de Proteção de Jovens demandas por apoio psicológico, jurídico e social.
em Território Vulnerável - Protejo é destinado à for- (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
mação e inclusão social de jovens e adolescentes § 2º A implementação do projeto Mulheres da
expostos à violência doméstica ou urbana ou em Paz dar-se-á por meio de: (Incluído pela Lei nº
situações de moradores de rua, nas áreas geográ- 11.707, de 2008)
ficas abrangidas pelo Pronasci. (Incluído pela Lei nº
I - identificação das participantes; (Incluído
11.707, de 2008)
Carlos Miguel Bezerra
pela LeiPaiva
nº 11.707, de 2008)
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Protejo terá
c.mbezerrapaiva@gmail.com
duração de 1 (um) ano, podendo ser prorrogado
II - formação sociojurídica realizada mediante
cursos
074.785.143-32 de capacitação legal, com foco em direitos
por igual período, e tem como foco a formação ci-
humanos, gênero e mediação pacífica de conflitos;
dadã dos jovens e adolescentes a partir de práticas
(Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
esportivas, culturais e educacionais que visem a
resgatar a auto-estima, a convivência pacífica e o III - desenvolvimento de atividades de emanci-
incentivo à reestruturação do seu percurso socio- pação da mulher e de reeducação e valorização
formativo para sua inclusão em uma vida saudável. dos jovens e adolescentes; e (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) 11.707, de 2008)
§ 2º A implementação do Protejo dar-se-á por IV - colaboração com as ações desenvolvidas
meio da identificação dos jovens e adolescentes pelo Protejo, em articulação com os Conselhos Tu-
participantes, sua inclusão em práticas esportivas, telares. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
culturais e educacionais e formação sociojurídica § 3º Fica o Poder Executivo autorizado a con-
realizada por meio de cursos de capacitação legal ceder, nos limites orçamentários previstos para o
com foco em direitos humanos, no combate à vio- projeto de que trata este artigo, incentivos financei-
lência e à criminalidade, na temática juvenil, bem ros a mulheres socialmente atuantes nas áreas ge-
como em atividades de emancipação e socializa- ográficas abrangidas pelo Pronasci, para a capaci-
ção que possibilitem a sua reinserção nas comuni- tação e exercício de ações de justiça comunitária
dades em que vivem. (Incluído pela Lei nº 11.707, relacionadas à mediação e à educação para direi-
de 2008) tos, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº
§ 3º A União bem como os entes federativos 11.707, de 2008)
que se vincularem ao Pronasci poderão autorizar a
utilização dos espaços ociosos de suas instituições
de ensino (salas de aula, quadras de esporte, pis-
cinas, auditórios e bibliotecas) pelos jovens benefi-
ciários do Protejo, durante os finais de semana e
feriados. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)

229
Art. 8º-E. O projeto Bolsa-Formação é desti- § 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pú-
nado à qualificação profissional dos integrantes das blica do Ministério da Justiça será responsável pelo
Carreiras já existentes das polícias militar e civil, do oferecimento e reconhecimento dos cursos desti-
corpo de bombeiros, dos agentes penitenciários, nados aos peritos e aos policiais militares e civis,
dos agentes carcerários e dos peritos, contribuindo bem como aos bombeiros. (Incluído pela Lei nº
com a valorização desses profissionais e conse- 11.707, de 2008)
quente benefício da sociedade brasileira. (Incluído § 5º O Departamento Penitenciário Nacional
pela Lei nº 11.707, de 2008) do Ministério da Justiça será responsável pelo ofe-
§ 1º Para aderir ao projeto Bolsa-Formação, o recimento e reconhecimento dos cursos destinados
ente federativo deverá aceitar as seguintes condi- aos agentes penitenciários e agentes carcerários.
ções, sem prejuízo do disposto no art. 6o desta Lei, (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
na legislação aplicável e do pactuado no respectivo § 6º Serão dispensados do cumprimento do re-
instrumento de cooperação: (Incluído pela Lei nº quisito indicado no inciso I do § 3o deste artigo os
11.707, de 2008) beneficiários que tiverem obtido aprovação em
I - viabilização de amplo acesso a todos os po- curso de especialização reconhecido pela Secreta-
liciais militares e civis, bombeiros, agentes peniten- ria Nacional de Segurança Pública ou pelo Depar-
ciários, agentes carcerários e peritos que demons- tamento Penitenciário Nacional do Ministério da
trarem interesse nos cursos de qualificação; (Inclu- Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
ído pela Lei nº 11.707, de 2008) § 7º O pagamento do valor referente à Bolsa-
II - instituição e manutenção de programas de Formação será devido a partir do mês subsequente
polícia comunitária; e (Incluído pela Lei nº 11.707, ao da homologação do requerimento pela Secreta-
de 2008) ria Nacional de Segurança Pública ou pelo Depar-
tamento Penitenciário Nacional, de acordo com a
III - garantia de remuneração mensal pessoal
Carlos Miguel Bezerra
natureza do Paiva
cargo exercido pelo requerente. (Inclu-
não inferior a R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) ído pela Lei nº 11.707, de 2008)
aos membros das corporações indicadas c.mbezerrapaiva@gmail.com
no inciso
I deste parágrafo, até 2012. (Incluído pela Lei 074.785.143-32
nº § 8º Os requisitos previstos nos incisos I a III
11.707, de 2008) do § 3º deste artigo deverão ser verificados con-
forme o estabelecido em regulamento. (Incluído
§ 2º Os instrumentos de cooperação não po- pela Lei nº 11.707, de 2008)
derão ter prazo de duração superior a 5 (cinco)
anos. (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) § 9º Observadas as dotações orçamentárias
do projeto, fica autorizada a inclusão dos guardas
§ 3º O beneficiário policial civil ou militar, bom- civis municipais e dos agentes de trânsito, enqua-
beiro, agente penitenciário, agente carcerário e pe- drados nos limites inferior e superior de remunera-
rito dos Estados-membros que tiver aderido ao ins- ção definidos nas normas de concessão da Bolsa-
trumento de cooperação receberá um valor refe- Formação, como beneficiários do projeto, mediante
rente à Bolsa-Formação, de acordo com o previsto o instrumento de cooperação federativa de que
em regulamento, desde que: (Incluído pela Lei nº trata o art. 5º desta Lei, observadas as demais con-
11.707, de 2008) dições previstas em regulamento. (Redação dada
I - frequente, a cada 12 (doze) meses, ao me- pela Lei nº 13.030, de 2014)
nos um dos cursos oferecidos ou reconhecidos pe-
Art. 8º-F. O Poder Executivo concederá au-
los órgãos do Ministério da Justiça, nos termos dos
§§ 4o a 7o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.707, xílio financeiro aos participantes a que se referem
de 2008) os arts. 8º-B, 8º-C e 8º-D desta Lei, a partir do exer-
cício de 2008, nos seguintes valores: (Incluído pela
II - não tenha cometido nem sido condenado Lei nº 11.707, de 2008)
pela prática de infração administrativa grave ou não
possua condenação penal nos últimos 5 (cinco) I - R$ 100,00 (cem reais) mensais, no caso dos
anos; e (Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008) projetos Reservista-Cidadão e Protejo; e (Incluído
pela Lei nº 11.707, de 2008)
III - não perceba remuneração mensal superior
ao limite estabelecido em regulamento. (Incluído II - R$ 190,00 (cento e noventa reais) mensais,
pela Lei nº 11.707, de 2008) no caso do projeto Mulheres da Paz. (Incluído pela
Lei nº 11.707, de 2008)

230
Parágrafo único. A concessão do auxílio finan-
ceiro dependerá da comprovação da assiduidade e
do comprometimento com as atividades estabeleci-
das no âmbito dos projetos de que tratam os arts.
8º-B, 8º-C e 8º-D desta Lei, além de outras condi-
ções previstas em regulamento, sob pena de exclu-
são do participante. (Incluído pela Lei nº 11.707, de
2008)
Art. 8º-G. A percepção dos auxílios financei-
ros previstos por esta Lei não implica filiação do be-
neficiário ao Regime Geral de Previdência Social
de que tratam as Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de
24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei nº 11.707,
de 2008)
Art. 8º-H. A Caixa Econômica Federal será o
agente operador dos projetos instituídos nesta Lei,
nas condições a serem estabelecidas com o Minis-
tério da Justiça, obedecidas as formalidades legais.
(Incluído pela Lei nº 11.707, de 2008)
Art. 9º. As despesas com a execução dos
projetos correrão à conta das dotações orçamentá-
rias consignadas anualmente no orçamento do Mi-
nistério da Justiça. (Redação dada pelaMiguel
Carlos Lei nº Bezerra Paiva
11.707, de 2008)
c.mbezerrapaiva@gmail.com
§ 1º Observadas as dotações orçamentárias, o
074.785.143-32
Poder Executivo federal deverá, progressivamente,
até o ano de 2012, estender os projetos referidos
no art. 8º-A para as regiões metropolitanas de to-
dos os Estados. (Incluído pela Lei nº 12.681, de
2012)
§ 2º Os entes federados integrantes do Sis-
tema Nacional de Informações de Segurança Pú-
blica, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
Munições, de Material Genético, de Digitais e de
Drogas (Sinesp) que deixarem de fornecer ou de
atualizar seus dados e informações no Sistema não
poderão receber recursos do Pronasci. (Redação
dada pela Lei nº 13.675, de 2018) (Vigência))

231
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

232
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Existem diversas departamentalizações como a
funcional, a matricial, em redes, por clientes, por ta-
A estrutura organizacional representa a forma que refas, por região geográfica, porém como o serviço
uma organização se organiza quanto aos membros público é baseado no princípio da legalidade, ape-
que compõe a organização, quanto aos diferencia- nas as três primeiras departamentalizações carac-
dos departamentos e também quanto as A escolha terizam as organizações públicas no Brasil, apesar
por uma ou outra estrutura organizacional tem di- de existirem, de forma minoritária, organizações
reta relação com os objetivos políticos das organi- que utilizam os demais modelos.
zações públicas, pois é a estrutura organizacional
e seus departamentos que estão a serviço dos ob- Departamentalização funcional
jetivos políticos e não estes que são subordinados
a estrutura organizacional. A mais comum forma de departamentalização das
organizações públicas e privadas. Esta direta-
Existem dois tipos de estrutura organizacional, a mente relacionada com o modelo burocrático de
formal e a informal. A representação gráfica da es- administração, e pela maioria das organizações te-
trutura organizacional se dá através de organogra- rem sido criadas e estruturas durante a vigência
mas. desta modelo administrativo, a maioria das organi-
zações mantém a departamentalização funcional.
• Formal. Caracterizada pela rigidez e linha de Caracteriza-se por apresentar departamentos cla-
comando claramente definida. Estabelece re- ramente definidos, onde os membros da organiza-
lações verticalizadas, ondeCarlos Miguel Bezerra
a hierarquia é rí- Paiva com pessoas de suas áreas de co-
ção trabalham
gida. nhecimento,
c.mbezerrapaiva@gmail.com e onde um departamento não estabe-
lece relação com outros, criando especialistas nas
074.785.143-32
• Informais. Caracteriza pela flexibilidade nas tarefas desenvolvidas e inexistência de análise de
relações e possibilidade de aumentar os ato- ambiente externo aos muros do departamento.
res nas decisões. Estabelece relações hori- Quando uma organização opta por uma departa-
zontalizadas, onde a hierarquia é menos rí- mentalização funcional, ela é permanente.
gida. A vasta área de atuação das organiza-
ções e as diferentes funções de cada setor Departamentalização Matricial
permitem que existam estruturas formas e in-
formais dentro de uma mesma organização, Esta departamentalização é a mais flexível, e tem
tendo esta diferenciação descrição no orga- relação com as atuais demandas do mundo do tra-
nograma. balho e exigências do cliente-cidadão. Os departa-
mentos existentes desenvolvem relação com ou-
DEPARTAMENTALIZAÇÃO tros departamentos criando matrizes para o desen-
volvimento de projetos que tem prazos para termi-
narem. Como exemplo, o departamento de educa-
ção corporativa desenvolve uma matriz com o de-
partamento jurídico para um curso de estatuto do
servidor público aos membros da organização.
Quando este curso termina, a matriz entre os dois
departamentos é desfeita.

Quando uma organização opta por uma departa-


O desenvolvimento das organizações levou a ne-
mentalização funcional, ela é temporária. Departa-
cessidade de divisão das pessoas e tarefas por de-
mentalização em redes.
partamentos, e a opção por um ou outro departa-
mento, além de guardar relação com a estrutura or-
ganizacional, tem relação com os objetivos políti-
cos da organização.

233
Departamentalização Divisional • Criação de cenários;
• Planejamento estratégico;
A departamentalização divisional, tradicional nas • Planejamento tático;
organizações, congrega todos os departamentos
• Planejamento operacional;
necessários para uma atividade específica, como
• Balanced Scorecard.
exemplo uma divisão operacional em uma organi-
zação, e dentro desta divisão existindo o departa- MISSÃO, VISÃO E NEGÓCIO
mento de manutenção, o departamento de limpeza
e o departamento de vigilância, que dentro da divi- Não é possível iniciar o planejamento estratégico
são operacional interagem entre si. sem a definição da visão, missão e negócio de uma
organização pública. Para que possa ser feita a
GESTÃO DE QUALIDADE análise ambiental, é necessário estipular assim im-
portâncias da organização e seu posicionamento
As atuais demandas da administração pública, bus-
no mercado ou sua função social, e para isso é fun-
cando adquirir vantagem competitiva, têm na ges-
damental a definição da missão, visão e negócio da
tão de qualidade um dos principais objetivos de
organização.
todo gestor público alinhado com a Nova Adminis-
tração Pública. Em uma primeira análise, é possível • Missão (atemporal e singular) – Repre-
definir a Gestão de Qualidade como as atividades
senta a razão de ser da organização, o por-
que têm por objetivo atingir os mais altos graus de quê de sua existência e qual sua função.
satisfação do cliente-cidadão com a prestação de
Ex: A missão da RFB é “Exercer a adminis-
serviços públicos, sempre atendendo a expectativa
tração tributária e aduaneira com justiça fis-
desses quando buscam os serviços públicos.
cal e respeito ao cidadão, em benefício da
A gestão de qualidade, portanto, está relacionada sociedade”
CarlosdeMiguel
diretamente com ações tomadas e normas pro- • Visão
Bezerra (temporal e plural) – Representa a
Paiva
cedimentos adotadas por todos os níveis hierárqui- forma de alcançar, concretizar, a razão de
c.mbezerrapaiva@gmail.com
ser, ou seja, é a forma de concretizar a mis-
cos e departamentos de uma organização, sem a
074.785.143-32
necessidade de certificações externas para se atin- são.
gir os níveis de qualidade esperados externamente, Ex: A visão da RFB é: “Ser uma instituição
pelo cliente-cidadão, e planejados pelos gestores de excelência em administração tributária e
públicos. aduaneira, referência nacional e internacio-
nal”
O objetivo final de qualquer ação pública é a pres- • Negócio – Representa a atividade propria-
tação de serviços com qualidade e satisfação, e mente dita da organização.
nesse sentido, o foco sempre será externo, mas
para isso é necessário buscar procedimentos e re- MATRIZ SWOT
gras internas que garantam a qualidade. Não existe
a gestão de qualidade apenas como um objetivo in-
terno, sem focar naquilo que é uma demanda do
cliente-cidadão.

CICLO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO


Ferramenta criada por Albert Humphrey, da Univer-
O ciclo do planejamento estratégico tem etapas in- sidade de Stanford, na década de 70 e adotada ma-
ter-relacionadas que estabelecem interdependên- joritariamente na administração pública no Brasil.
cia, hierarquia e cronologia. Seguem as etapas que Sua função é permitir a análise dos ambientes ex-
serão detalhadas nos capítulos posteriores. terno e interno, para balizar o planejamento estra-
tégico da organização. O anagrama “SWOT” vem
• Missão;
das palavras STRENGTHS, WEAKNESSES, OP-
• Visão; PORTUNITIES e THREATS, que respectivamente
• Valores; são traduzidas em FORÇAS, FR AQUEZAS,
• Negócio; OPORTUNIDADES e AMEAÇAS.
• Matriz SWOT;

234
ANÁLISE AMBIENTAL Cenários situacionais

Para que uma organização possa ter todas as in- • Oportunidades + Forças = Desenvolvimento
formações sobre o ambiente que o cerca, e com • Oportunidades + Fraquezas = Crescimento
estas informações desenvolver o planejamento es- • Ameaças + Forças = Manutenção.
tratégico, é necessário realizar a análise dos ambi- • Ameaças + Fraquezas = Sobrevivência.
entes.
O cenário situacional pode ser definido como opor-
• Ambiente externo – O ambiente externo tunidades representarem sempre crescimento, e
não tem governabilidade por parte dos ges- neste sentido, pode-se definir.
tores públicos, pois estão além de seu con-
trole. Ao analisar o ambiente externo, verifi- • Oportunidades + Forças = Crescimento ho-
cam-se situações políticas, econômicas e rizontal
sociais, que tem relação direta ou indireta • Oportunidades + Fraquezas = Crescimento
no quadro em que a organização está inse- vertical
rida. Quando é feita esta análise, são iden-
tificadas as OPORTUNIDADES que podem Criação de Cenários Prospectivos
existir no ambiente externo, fatores que po-
dem ser um ponto de apoio para cumpri- A análise ambiental tem por objetivo a criação de
mento de metas presentes no planejamento cenários prospectivos, e são estes cenários que
a ser construído. Também devem ser iden- servirão de base para o desenvolvimento do plane-
tificados os RISCOS existentes no ambi- jamento estratégico.
ente externo, para que as ameaças que tais
riscos apresentam sejam diminuí- das e não • Cenário mais provável – O cenário mais
superados, pois não existe controle sobre provável é aquele que é baseado no desen-
Carlos Miguel
tais riscos. Influenciar o ambiente externo,
Bezerra Paiva da situação mais próxima com
volvimento
dentro das possibilidadesc.mbezerrapaiva@gmail.com
do gestor, deve os fatos. Não é possível prever o desenvol-
favorecer oportunidades e minimizar074.785.143-32
tais ris- vimento da situação, porém é possível estu-
cos. dar seu desenvolvimento criando um cená-
rio em que o desenvolvimento da situação
• Ambiente interno – O ambiente interno leve a um quadro prospectivo. O cenário
deve ser alvo de uma análise sistêmica e mais provável pode ser positivo ou nega-
metodológica, para que a organização te- tivo. Quando é baseado em oportunidades,
nha pleno conhecimento daquilo que tem é positivo, porém quando é baseado em ris-
governabilidade, pois ao contrário do ambi- cos, é negativo.
ente externo, o gestor público tem controle
sobre o ambiente interno. Os aspectos ana- • Cenário ideal – O cenário ideal é aquele
lisados no ambiente interno são os recursos em que o desenvolvimento da situação con-
humanos, materiais, orçamentários e de flui para a melhor situação no desenvolvi-
cultura organizacional. Esta análise interna mento do planejamento estratégico. É evi-
tem o objetivo de identificar FORÇAS na or- dente que se o cenário ideal é baseado na
ganização, e identificando-as combiná-la melhor situação, deve privilegiar as forças
para que haja sinergia entre as distintas for- internas em detrimento das fraquezas no
ças de setores e departamentos da organi- ambiente interno, assim como oportunida-
zação. A análise ambiental interna também des em detrimento de ameaças no ambi-
procura identificar FR AQUEZAS, e quando ente externo.
estas existem, é necessário criar meios
para superar tais fraquezas, ou com o in- • Cenário de tendência - O cenário de ten-
gresso de novos servidores, educação cor- dência é aquele em que as coisas permane-
porativa, reestruturação orçamentária e ou- cem estáticas, em que nada muda. Este ce-
tros meios. nário se mostra pouco factível, pois tanto o
ambiente interno quanto externo são dinâ-
micos e apresentam mudanças constantes.

235
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PLANEJAMENTO TÁTICO

A definição da missão e visão da organização, as- Como fruto de todo o planejamento realizado que
sim como a utilização da matriz swot para a análise se inicia pela definição de visão e missão da orga-
ambiental e posterior criação de cenários,
Carlosserão a
Miguel nização, ePaiva
Bezerra posterior análise do ambiente externo e
base para o Planejamento Estratégico, por esta ra- interno com vistas a criação de cenários prospecti-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
zão podemos definir estas etapas e ferramentas, vos (Matriz Swot), a organização tem definido seu
074.785.143-32
como os primeiros passos do Planejamento ou pré Planejamento Estratégico, que é de longo prazo, e
planejamento. Com a definição do planejamento é sistêmico, diz respeito a toda organização, e de-
estratégico, os departamentos desenvolvem o pla- corre deste, que diz respeito a organização em to-
nejamento tático e para o desenvolvimento das fun- dos os seus níveis e setores, seu desdobramento
ções técnico-administrativas, o planejamento ope- para os respectivos departamentos de uma organi-
racional. zação. O Conceito da reengenharia na administra-
ção, também chamado de método da folha em
• Responsáveis. Quem é, dentro de uma or- branco, é literalmente começar do zero, recomeçar
ganização, responsável pelo planejamento um projeto com a definição de novas metas, objeti-
estratégico, é nível diretivo, os responsá- vos e métodos, não sendo apenas um refinamento
veis pela organização. ou correção de rumos frente ao projeto que era de-
senvolvido.
• Nível. É sistêmico, porque diz respeito a
toda organização e sinérgico, pois tem a A Reengenharia é aplicada no planejamento ope-
função de juntas as diferentes forças exis- racional e o tático, nas metas e projetos desenvol-
tentes na organização para atingir os mes- vidos dentro de uma organização, mas não no pla-
mos objetivos. nejamento estratégico. Como desdobramento do
planejamento estratégico temos em cada setor ou
• Prazo. Como o planejamento estratégico departamento de uma organização o Planejamento
definido, ele tem uma abrangência de longo Tático, que tem as seguintes características.
prazo (5 ou 6 anos).
• Responsáveis. Quem é, dentro de uma or-
ganização, responsável pelo planejamento
tático, é o membro da organização que
ocupa níveis intermediários, como o Ge-
rente.

236
• Nível. É o desdobramento do planejamento • Nível. É a tradução na prática, no desenvol-
estratégico dentro de cada departamento, vimento de atividades, daquilo que foi defi-
sendo assim, seu escopo (abrangência) são nido através do planejamento estratégico
as atividades desenvolvidas dentro de cada de forma sistêmica, e daquilo que foi desdo-
área. Uma organização tem o planejamento brado para cada setor ou departamento
dos departamentos desenvolvido para que através do planejamento tático. O planeja-
se alcance de forma plena em concordância mento operacional portanto, está relacio-
com os objetivos definidos na estratégia da nado a forma em que as tarefas são desen-
organização. volvidas no “chão da fábrica”.

• Prazo. Como o planejamento tático é depar- • Prazo. Como o planejamento operacional é


tamental, ele tem media duração, em geral de desenvolvimento de atividades, ele tem
de 1 ou 2 anos, pois deve, inclusive, ser curta duração, em geral desde o momento
adequado para momentos distintos do de- posterior até 1 ano.
senvolvimento do planejamento estratégico.
BALANCED SCORECARD (BSC)
PLANEJAMENTO OPERACIONAL
Ferramenta que nasceu nos anos 90 na Escola de
Dentro de uma organização, pública ou privada, Negócios da Universidade de Harvard e que foi
existem as atividades que justificam a razão de ser adotada inicialmente como uma ferramenta de ges-
desta organização, aquelas atividades que o cli- tão do desempenho, hoje em dia é utilizada para
ente-cidadão recebe como produto final e que es- vários fins dentro do serviço público como para
tabelece a relação com a organização. A atividade- apresentar resultado, metas e objetivos do planeja-
fim de uma escola é a aula que é ministrada, de mento estratégico.
uma fábrica é a produção final de seu produto, em
Carlos Miguel Bezerra
um posto de atendimento da receita federal é o pró-
Paiva
O Balanced Scorecard devido à simplificação de
prio atendimento desenvolvido.c.mbezerrapaiva@gmail.com
A atividade-fim, documentos evitando relatórios densos e comple-
portanto, pode ser a produção de algum 074.785.143-32
bem ou xos pode ser incluído entre as ferramentas utiliza-
ainda a prestação de algum serviço. Na Adminis- das na atual administração pública para a necessá-
tração pública, pode até existir a produção de bens, ria desburocratização de procedimentos.
de forma minoritária, porém é a prestação de servi-
ços a atividade principal. Consideramos atividade Perspectivas
meio, aquela é serve de base de apoio para uma
Como a atual administração pública tem uma ca-
organização. Se em uma escola a aula propria-
racterística sistêmica entendendo a correlação do
mente dita é a atividade-fim, a merenda escolar se-
microambiente com o macroambiente assim como
gurança escolar, limpeza do espaço são considera-
entendendo os elementos internos e externos de
das atividades-meio. Como desdobramento do pla-
uma organização, centralizados pelos valores e es-
nejamento estratégico temos em cada setor ou de-
tratégia da organização, apresenta os seguintes
partamento de uma organização o Planejamento
aspectos:
Tático, e dentro dos departamentos temos ativida-
des desenvolvidas pelos componentes daquela de- • Orçamento (Finanças): que são as previ-
terminada área, e a ação executada, as tarefas sões financeiras das organizações para a
concernidas são de responsabilidade do Planeja- execução de tarefas;
mento Operacional que tem as seguintes caracte-
rísticas. • Processos Internos: como os aspectos de
gestão de pessoas, materiais e cultura or-
• Responsáveis. Quem é, dentro de uma or- ganizacional guarda relação com os demais
ganização, responsável pelo planejamento aspectos;
operacional, é o membro da organização
que ocupa níveis operacionais, como o Ad-
ministrativo, o Técnico e mesmo os servido-
res que executam atividades-fim.

237
• Sociedade (Cliente): como os interessa- • Não recorrência de falhas – Por meio de
dos que estão fora da organização (fornece- uma abordagem racional na tomada de de-
dores, concorrentes, clientes e demais inte- cisões, utilizar ferramentas e adotar proce-
ressados) se relacionam com os demais as- dimentos para que eventuais falhas não vol-
pectos da organização. tem a acontecer na organização.

• Treinamento ou educação corporativa • Planejamento – A organização deve adotar


(Aprendizado): e sua consequência tanto o planejamento baseada em cenários pros-
interna quanto externa. pectivos, nos níveis estratégico, tático e
operacional.
Elementos do BSC
• Comunicação – Ter uma comunicação
O BSC apresenta a criação de um único MAPA que bem realizada e que garanta a tradução e o
apresenta para todos os departamentos, níveis hi- alinhamento de procedimentos em todos os
erárquico e técnicos os objetivos e funções de níveis hierárquicos e entre departamentos
cada membro da organização. Este MAPA além de distintos.
gerar a desburocratização também possibilita 3 as-
pectos abaixo apresentados: Kaizen e Ciclo PDCA

• Tradução: ao utilizar linguagem técnica co- Dentre as ferramentas que têm origem na iniciativa
medida, possibilita que todos os membros privada e foram incorporadas nos últimos anos pela
da organização independente de nível hie- administração pública na busca pela qualidade, es-
rárquico ou de qualificação técnica possam tão o “Kaizen” e “Ciclo PDCA”, que seguem abaixo:
facilmente entender o MAPA
• Kaizen – Focada no princípio que as ações
Carloscom
• Comunicação: garantida a tradução Miguel
a Bezerra
de Paiva
uma organização sempre devem objeti-
informação podendo ser compreendida por var “hoje melhor do que ontem e amanhã
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32melhor do que hoje.
todos os membros da organização o MAPA
também garante a comunicação, através do
diálogo em toda organização. • Ciclo PDCA – O ciclo PDCA é uma ferra-
menta de melhoria contínua, e que tem sido
• Alinhamento: com a tradução fazendo-se adotada pela administração pública. Os
entender a todos e a comunicação garan- passos do ciclo PDCA são PLAN (Planeja-
tindo que a informação passe por todos ní- mento), DO (execução) CHECK (Verifica-
veis e departamentos o MAPA possibilita ção) e ACT (Ação de encerramento ou refi-
que os membros da organização se alinhem namento)
aos objetivos traçados.
Abrangência da Gestão de Qualidade
PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE QUALIDADE
• Planejamento – A busca pela qualidade na
• Atender as necessidades do cliente-cida- prestação de serviços públicos ao cliente-ci-
dão – O foco sempre deve ser agregar valor dadão deve ter real impacto no planeja-
aos que recebem os serviços prestados mento em uma organização, pois a ação
pela administração pública. prevista para o período futuro, em um ato de
previsão baseado em cenários, deve buscar
• Manter a lucratividade / receita – A quali- sempre pontos positivos, oportunidades ex-
dade está diretamente ligada à saúde finan- ternas e forças internas de uma organiza-
ceira-orçamentária da organização, no caso ção.
do serviço público, não com a busca pelo lu-
cro, mas por meio da saúde orçamentária
dentro do planejamento previsto.

238
• Envolvimento das pessoas – toda organi- CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
zação é formada por pessoas que, em
ações dos líderes (as lideranças), ao coor- É função inerente do administrador o controle, se-
denarem as atuações de um grupo, sempre gundo definiu Henri Fayol na teoria clássica da ad-
devem gerar atos que visem o foco, o ali- ministração. Controlar as ações públicas é ativi-
nhamento da equipe com os objetivos do dade obrigatória no Estado brasileiro, tanto na ad-
planejamento e a motivação do coletivo ministração direta quanto na indireta.
como elementos que contribuem com a
qualidade. Todos os gestores, servidores, agentes públicos
são controlados, aplicando-se no controle da ges-
tão pública o princípio da universalidade.
• Abordagem sistêmica – A abordagem sis-
têmica visa ações que analisem não a orga- Podemos definir que o controle é a vigilância, ori-
nização de forma segmentada e sim toda a entação e a correção das ações públicas. O con-
disposição e seu escopo, pois a ação em trole pode ser:
um setor da organização tem consequência
em outros. • Por iniciativa do gestor.
• Provocado
• Sinergia – A busca pela qualidade deve ob-
jetivar a capacidade de junção das forças Quem é controlado?
existentes em uma organização para que
juntas conquistem objetivos que isoladas O controle na administração pública pode ser exer-
não conseguiriam alcançar. cido por diversos elementos, cada um com seus
objetivos e justificativas:
• Empoderamento – A qualidade tem direta
relação com a capacidadeCarlos Miguel Bezerra
das organiza- • O poder – Exemplo é o controle que um po-
Paiva
ções em permitir que o cliente-cidadão se der exerce sobre o outro.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
empodere das ações públicas e seja parte
074.785.143-32• O órgão – Exemplo são as diretrizes que o
constituinte destas.
MEC estabelece para as universidades fe-
CLASSIFICAÇÃO ABC (TEOREMA DE PARETO) derais.

Outra importante ferramenta para a tomada de de- • A autoridade – Exemplo é o controle de as-
cisões na busca pela qualidade é a utilização do siduidade, pontualidade, adequação ao ser-
Teorema de Pareto para a decisão de prioridades viço público, que o chefe exerce sobre seu
dentro de uma organização. Segundo o estudo feito subordinado.
por Pareto, os elementos (produtos, ações, funcio-
nários, etc.) de uma organização são divididos em: Tipos de controle

• Classificados como A – Correspondem Existem basicamente dois tipos de controle:


aos elementos de maior importância e que
atendem a 20% da quantidade e 80% da re- • Da legalidade, que é o ato poder ser anu-
levância em uma organização. lado ou efeitos revertidos.
• Do mérito, quando o judiciário verifica a efi-
• Classificados como B – Correspondem ciência, da oportunidade, da conveniência e
aos elementos de importância mediana e do resultado do ato controlado.
que atendem a 30% da quantidade e 15%
da relevância em uma organização. Escopo do controle

• Classificados como C – Correspondem Toda ação de controle demanda uma abrangência


aos elementos de importância menor e que sobre aquilo que é controlado e de quem é contro-
atendem a 50% da quantidade e 5% da re- lado, existindo 3 escopos na administração pública.
levância em uma organização.

239
• Interno PRINCÍPIOS
• Externo
• Externo popular(accountability)vertical/hori- Também tem relação com a Nova Administração
zontal pública e estreita afinidade com os elementos
acima descritos, os chamados “3Es” da administra-
Momento do controle ção pública, que são a Eficiência, Eficácia e Efetivi-
dade. Segue abaixo a descrição de cada um dos
O controle pode ser exercido em todos os momen- elementos:
tos da ação pública e ao longo da evolução dos mo-
delos administrativos. • Eficiência – Introduzido de forma explícita
no artigo 37 da Constituição pela Emenda
• Prévio (a priori) – Aquele que é realizado Constitucional nº 19 de 1998, é a relação de
antes da ação desenvolvida (modelo buro- recursos destinados e resultados obtidos
crático). pela administração pública. Em uma aná-
lise, é a questão chamada de “custo-benefí-
• Concomitante – Aquele que é realizado du- cio” nas ações públicas. Exemplo: Se, ao fi-
rante a ação desenvolvida. nal do prazo estipulado previamente, for
construído um hospital público com os re-
• Corretivo (a posteriori) – Aquele que é re- cursos (financeiros, de pessoas e materiais)
alizado após a ação desenvolvida (modelo propostos, sem necessidade de destinação
gerencial). complementar, será uma ação eficiente ad-
ministrativamente. Portanto, a eficiência
Meios de controle tem relação com a atividade “meio”.

Os meios que a administração pública se utiliza


Carlos • Eficácia
Miguel Bezerra Paiva– Tem direta relação com a con-
para exercer o controle são diferenciados, e podem creta efetivação da ação que motiva a exis-
ser combinados. c.mbezerrapaiva@gmail.com
tência da unidade pública ou função dos
074.785.143-32servidores públicos, a capacidade de aten-
• Controle Orçamentário. der aquilo que justifica a ação administra-
• Controle hierárquico – Administração direta. tiva. Portanto, a eficácia tem relação com a
• Controle finalístico – Administração indireta. “atividade fim.
• TCU (Externo) – Art. 71 da CF.
• Efetividade – Tem relação com a entrega
CICLO DO PODER EXECUTIVO do “produto final” para os interessados, para
o cliente cidadão, fazendo esses agregarem
O ciclo de gestão deve observar o ciclo do mandato
valor e aceitarem a ação pública como jus-
do chefe do executivo, que é de 4 anos, pois o ser-
tificável. Portanto, efetividade tem relação
viço público deve ter o efeito da continuidade, para
com o “valor percebido” pelo cliente-cida-
que não exista prejuízo na continuidade da admi-
dão.
nistração, para que não exista efeito da desconti-
nuidade, para que não exista o prejuízo para o ci- Mandato e PPA
dadão e a interrupção do serviço público.
Para que exista o efeito da continuidade, para que
• 4 anos (renovável por mais 4); a troca de chefe do executivo não represente a rup-
• Continuidade; tura de políticas públicas, o plano plurianual tem
• Missão; duração de 4 anos mas não são os mesmos 4 anos
• Interesse público. do mandato do chefe do executivo, pois no primeiro
ano do mandato do chefe do executivo, ele elabora
o seu plano plurianual que terá duração até o pri-
meiro no do sucessor.

240
Controle • Responsabilidade. Será definido um setor
ou departamento responsável pelo desen-
• Interno – Feito dentro do órgão público e volvimento nem sempre quem é proponente
controlando hierarquicamente suas unida- do projeto será seu responsável.
des. • Prazo. Todo projeto deve ter um prazo, que
• Externo – Controlado por outros, como o geralmente é de médio a longo prazo. O
controle realizado entre poderes. prazo de um projeto nunca pode ser maior
do que aquele que indica o final do planeja-
Planejamento mento estratégico.
• Objetivos. Os objetivos devem ser mensu-
• Estratégico – De longo prazo e estabele-
ráveis, podendo ser quantitativos, qualitati-
cendo objetivos.
vos ou estatísticos.
• Tático – De médio prazo Carlos Miguel
e estabelece pro- Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com• Escopo. É necessário definir qual a abran-
jetos.
gência do projeto, quem será o público e se-
• Operacional – De curto prazo e define
074.785.143-32
me-
tores atingidos pelos seu desenvolvimento.
tas
• Insumos. Todo projeto para ser executado
GESTÃO DE PROJETOS demanda a definição de recursos, que po-
dem ser de pessoas, materiais e/ou orça-
Uma organização que tem bem definido seu plane- mentários.
jamento, tendo clareza quanto aos objetivos traça-
dos e deste planejamento sistêmico consegue de- Cada projeto tem metas de curto prazo, que podem
senvolver o planejamento tático e operacional, está ser analisadas ao final de seu cumprimento, e
preparada para vincular projetos e metas ao plane- desta análise nos insumos podem ser destinados
jamento. para o cumprimento da próxima meta.

Considerando que o planejamento estratégico é de Escritório de Gerenciamento de Projetos


longo prazo, ele é composto por projetos que são
O escritório de projetos é um departamento consti-
desenvolvidos paralelamente.
tuído de forma legal, com chefia e servidores, ma-
A gestão pública tem esta característica que é ine- terial e orçamento destinados a ele. Portanto é um
rente a suas ações, pois vários projetos são desen- departamento permanente.
volvidos por setores e ministérios distintos, e a jun-
O Escritório de projetos tem a responsabilidade de
ção destes forma o planejamento estratégico.
coordenar os projetos para que eles estejam sinto-
Para que um projeto possa ser de fato realizado é nizados com os objetivos do planejamento estraté-
necessário que se apresenta sua proposta, e nesta gico. Também cabe ao escritório de projetos a re-
proposta de desenvolvimento de um projeto deve engenharia ou refinamento após a aferição das me-
ser observados os seguintes aspectos. tas.

241
Fases de um projeto – PMI / PMBok Cálculo de Tempo de vida de um projeto

De acordo com o PMBOK, o gerenciamento de pro- • Técnica PERT – O cálculo de tempo de um


jetos têm 5 fases (ou grupo de processos): projeto leva em consideração três cenários
possíveis para a realização do projeto, o oti-
1. Iniciação: mista, o mais provável e o pessimista. Fór-
Fase de identificação das necessidades, da mula PERT = (OTIMISTA + 4 x MAIS PRO-
viabilidade, orçamentos e cronogramas, a VÁVEL + PESSIMISTA) / 6
equipe que irá trabalhar e a proposta. É a
fase onde se inicia oficialmente o projeto Exemplo:
através do Termo de Abertura.
Estimativa Otimista = 20 dias
2. Planejamento: Estimativa Pessimista = 35 dias
Estudos e análises, recursos e o detalha- Estimativa Mais Provável = 25 dias
mento do plano. PERT = (35 + 4 x 25 + 20)/6 = 25,83 dia
3. Execução: Ou seja, a estimativa PERT apontada para a ativi-
Execução dos planos do projeto, coordena- dade é de 25,83 dias.
ção de pessoas e outros recursos para exe-
cutar o plano. Desvio Padrão (Pessimista – Otimista) /6
4. Controle: O desvio padrão indica o quanto a duração calcu-
Monitoramento, controle e modificações. lada na fórmula PERT ainda poderá variar, para
mais e para menos. Seguindo nosso exemplo, o
5. Finalização: desvio padrão da atividade será:
Aceitação formal do projeto Carlos
(com verifica-
Miguel Bezerra Paiva
ção de escopo) ou fase para a sua finaliza- Desvio Padrão = (35 – 20) /6 = 2,5 dias
ção.
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

Ciclo de vida de um projeto

Os grupos de processos se sobrepõem ao longo de praticamente toda a duração do projeto.

242
• Estimativa Paramétrica – Deve ter muita Uma Gestão Pública participativa e democrática in-
precisão, pois analisa dados históricos e duz a resultados mais positivos, levando- se em
consolidados. A estimativa paramétrica es- conta que o processo de formação das normas ad-
tabelece uma relação estatística entre da- ministrativas e os mecanismos de ação e controle
dos históricos. estarão sempre mais adequados e ajustados à re-
alidade social.
Exemplo:
O Programa GESPÚBLICA vem a ser um poderoso
Dado histórico = 50 peças por dia instrumento de cidadania, pois renova seu compro-
Necessidade de produção = 500 peças misso de engajamento e valorização das pessoas
Estimativa de tempo = 10 dias por meio de estratégias de mobilização da Adminis-
tração Pública, contribuindo para a melhoria da
GESTÃO DE PROCESSOS – GESPÚBLICA qualidade dos serviços públicos prestados aos ci-
dadãos e para o aumento da competitividade do
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desbu- País”.
rocratização (GesPública) foi criado em 2005 por
meio do decreto 5.378 de 23 de fevereiro de 2005. GESTÃO DE PROCESSOS

Segundo o próprio site www.gespública.gov. br, en- A Gespública apresenta um guia de gestão de pro-
contramos a definição formal da iniciativa. “Na cessos que apresenta, segundo o próprio guia, as
busca de modelos de gestão que contemplem, de seguintes fases de processos desenvolvidos nas
forma mais efetiva e eficaz, as novas e crescentes organizações públicas.
demandas da sociedade brasileira, a Secretaria de
(Fonte – gespública.gov.br)
Gestão Pública – SEGEP, do Ministério do Plane-
jamento, Orçamento e Gestão, revitaliza, em 2014, Processos
o Programa Nacional de Gestão CarlosPública eMiguel
Desbu- Bezerra Paiva
Uma visão inicial conceitua processos como um
rocratização – GESPÚBLICA, com c.mbezerrapaiva@gmail.com
a finalidade de “conjunto de recursos e ativida- des interrelaciona-
fortalecer a gestão pública, tendo como premissa
074.785.143-32
das ou interativas que transformam insumos (entra-
o Modelo de Excelência em Gestão Pública - das) em serviços/ produtos (saídas), sendo reali-
MEGP. zado para agregar valor” [2]. Também no âmbito do
Programa GesPública, “um processo é um conjunto
A estratégia para a implantação de um modelo re- de decisões que transformam insumos em valores
ferencial de gestão pública é desenvolver ações de gerados ao cliente/cidadão” [1].
apoio técnico aos órgãos e entidades da Adminis-
tração Pública Federal, a fim de mobilizar, preparar Ciclo de Gerenciamento de Processos
e motivar para a atuação em prol da inovação e da De acordo com o guia CBOK [4], a prática de ge-
melhoria da gestão. renciamento de processos de negócio pode ser ca-
racterizada como um ciclo de vida contínuo (pro-
Dentre as medidas adotadas para a implementação cesso) de atividades integradas. Tal ciclo pode ser
da estratégia, destacamos o desenvolvimento de sumarizado por meio do seguinte conjunto gradual
uma das ferramentas do GESPÚBLICA - o Sistema e interativo de atividades: Planejamento; Análise;
Eletrônico de Autoavaliação da Gestão. Desenho e Modelagem; Implementação; Monitora-
mento e Refinamento.
O Sistema possibilita uma avaliação da gestão
prescritiva, por meio da identificação e análise das Planejamento
práticas de gestão adotadas e dos resultados da Nessa etapa são vistas as necessidades de alinha-
organização. A avaliação dos resultados permite mento estratégico dos processos. Segundo o Guia
um rápido diagnóstico, bem como a implantação de CBOK [4], deve-se desenvolver um plano e uma
melhorias na governança que venham a promover estratégia dirigida a processos para a organização,
o alcance dos melhores resultados institucionais. onde sejam analisadas suas estratégias e metas,
fornecendo uma estrutura e o direcionamento para
gerenciamento contínuo de processos centrados
no cliente.

243
Análise
De acordo com o CBOK [4], a análise tem por ob-
jetivo entender os atuais processo organizacionais
no contexto das metas e objetivos desejados. Ela
reúne informações oriundas de planos estratégi-
cos, modelos de processo, medições de desempe-
nho, mudanças no ambiente externo e outros fato-
res, a fim de compreender os processos no escopo
da organização como um todo.

Desenho
Segundo o Guia CBoK [4], o desenho de processo
consiste na “criação de especificações para, pro-
cessos de negócio novos ou modificados dentro do
contexto dos objetivos de negócio, objetivos de de-
sempenho de processo, fluxo de trabalho, aplica-
ções de negócio, plataformas tecnológicas, recur-
sos de dados, controles financeiros e operacionais,
e integração com outros processos internos e ex-
ternos.

Implementação
A etapa de implementação é definida pelo Guia
CBOK [4] como a fase que tem por objetivo realizar
o desenho aprovado do processo de negócio na
Carlos Miguel Bezerra Paiva
forma de procedimentos e fluxos de trabalho docu-
mentados, testados e operacionais;c.mbezerrapaiva@gmail.com
prevendo tam-
074.785.143-32
bém a elaboração e execução de políticas e proce-
dimentos novos ou revisados.

Gerenciamento de Desempenho
Segundo o Guia CBOK [4], é de suma importância
a contínua medição e monitoramento dos proces-
sos de negócio, fornecendo informações-chave
para os gestores de processo ajustarem recursos a
fim de atingir os objetivos dos processos.

Dessa forma, a etapa de implementação avalia o


desempenho do processo através de métricas rela-
cionadas às metas e ao valor para a organização,
podendo resultar em atividades de melhoria, rede-
senho ou reengenharia.

244
2 – TÉCNICAS DE ORGANIZAÇÃO ADMINIS-
TRATIVA
Conforme destacado acima, as duas principais téc-
1 – INTRODUÇÃO nicas de organização administrativa mais cobradas
nos concursos são a descentralização e a descon-
O Estado de bem estar social (“Welfare State”) con- centração.
sagrado no Brasil pela CF/88 impôs ao Estado bra-
sileiro a prestação de uma quantidade elevada de 2.1. Descentralização:
serviços públicos, que são também direitos funda-
mentais sociais de segunda dimensão, ou seja, es- Hely Lopes Meireles leciona que “Descentralizar,
tabelecem deveres prestacionais ou uma atuação em sentido comum, é afastar do centro; descentra-
positiva por parte do Estado brasileiro. lizar, em sentido jurídico-administrativo, é atribuir
a outrem poderes da Administração.”1
O art. 6° da CRFB/88 positivou os seguintes direi-
tos sociais fundamentais: Portanto, a descentralização é técnica de organiza-
ção administrativa onde a Administração Pública
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a cria entidade administrativa, transferindo para ela a
saúde, a alimentação, o trabalho, a mora- titularidade e a execução do serviço público, ou de-
dia, o transporte, o lazer, a segurança, a lega a um particular a execução de determinado
previdência social, a proteção à materni- serviço público. Nela, não há hierarquia ou subor-
dade e à infância, a assistência aos de- dinação, mas controle finalístico ou tutela. Esta mo-
Carlos Miguel Bezerra
samparados, na forma desta constituição.
Paiva
dalidade pressupõe a existência de, pelo menos,
(artigo com redação dada c.mbezerrapaiva@gmail.com
pela emenda duas pessoas jurídicas distintas.
constitucional nº 90, de 2015) 074.785.143-32
Di Pietro esclarece que existem três modalidades
Ante à complexidade da máquina estatal brasileira, de descentralização, a saber:
organizada para prestar os serviços públicos e a
atividade administrativa, o Estado brasileiro passou “Descentralização territorial ou geográfica é a
a adotar técnicas de organização administrativas que se verifica quando uma entidade local, geogra-
diversas. ficamente delimitada, é dotada de personalidade ju-
rídica própria, de direito público, com capacidade
Carvalho Filho destaca três técnicas de organiza- administrativa genérica.
ção administrativa: centralização, descentralização
e a desconcentração. Para fins de concursos públi- Descentralização por serviços, funcional ou
cos, vamos tratar das técnicas da descentralização técnica é a que se verifica quando o Poder Público
e da desconcentração, que são as mais abordadas (União, Estados ou Municípios) cria uma pessoa ju-
nas provas. rídica de direito público ou privado e a ela atribui a
titularidade e a execução de determinado serviço
Obs.: Se você compreender a desconcentração e público.
a descentralização, também compreende a centra-
lização e a concentração, pois são o oposto das pri- Descentralização por colaboração é a que se ve-
meiras. rifica quando, por meio de contrato ou ato adminis-
trativo unilateral, se transfere a execução de deter-
minado serviço público à pessoa jurídica de direito
privado, previamente existente, conservando o Po-
der Público a titularidade do serviço.”2

245
QUADRO COMPARATIVO
Descentralização Criação de Pessoas ENTRE DESCONCENTRAÇÃO E
Administrativa Jurídicas distintas. DESCENTRALIZAÇÃO

DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Descentralização Criação de
Territorial territórios federais.
Órgãos Entidades
Não possuem persona- A personalidade jurí-
lidade jurídica. dica distinta do Estado.
Por
Mediante Não podem ser aciona-
Outorga ou
Lei. dos judicialmente, ex-
legal. Respondem Judicial-
ceto aqueles que de-
Descentralização mente, pois são sujei-
tém capacidade judiciá-
de Serviços tos de direito e de obri-
ria para o exercício das
Por gações.
Mediante prerrogativas institucio-
Colabora-
Contrato. nais.
ção.
Exemplos de órgãos
despersonalizados:
Ministérios, Secreta-
2.2. Desconcentração:
rias, Delegacias da Re- Ex.: IBAMA, INSS, IN-
ceita Federal. CRA, Banco do Brasil,
A desconcentração é técnica de organização admi-
Dica: A Câmara Muni- CEF, Petrobras, EB-
nistrativa onde a Administração Pública cria órgãos
cipal é órgão, mas pode SERH etc.
públicos dentro da própria estrutura estatal, especi-
Carlos Miguel Bezerra
exercer Paiva
excepcional-
alizando a prestação dos serviços públicos. Nela,
mente
c.mbezerrapaiva@gmail.com capacidade judi-
há hierarquia ou subordinação, posto que é dentro
ciária.
de uma única pessoa jurídica. 074.785.143-32

Em resumo, segundo Hely Lopes Meireles:


3 - ÓRGÃOS PÚBLICOS
“A descentralização administrativa pressu-
põe, portanto, a existência de uma pessoa, A mais abalizada Doutrina brasileira se debruçou
distinta da do Estado, a qual, investida dos sobre o conceito de órgão público.
necessários poderes de administração,
exercita atividade pública ou de utilidade pú- Para Celso Antônio Bandeira de Mello, "órgãos são
blica. O ente descentralizado age por ou- unidades abstratas que sintetizam os vários círcu-
torga do serviço ou atividade ou por dele- los de atribuições do Estado."4
gação de sua execução, mas sempre em
nome próprio. Diversa da descentralização Já para Di Pietro, o órgão público é entendido como
é a desconcentração administrativa, que uma "unidade que congrega atribuições exercidas
significa repartição de funções entre os vá- pelos agentes públicos que o integram com o obje-
rios órgãos (despersonalizados) de uma tivo de expressar a vontade do Estado.”5
mesma Administração sem quebra de hie-
rarquia. Na descentralização, a execução Para fins de concurso público, sugerimos a adoção
de atividades ou a prestação de serviços do conceito de Rafael Oliveira, segundo o qual os
pelo Estado é indireta e mediata; na des- órgãos públicos são as “repartições internas do
concentração é direta e imediata.”3 Estado, criadas a partir da desconcentração ad-
ministrativa e necessárias à sua organização.

246
A criação dos órgãos públicos é justificada pela ne- 3.2. Criação de extinção dos órgãos:
cessidade de especialização de funções admi-
nistrativas, com o intuito de tornar a atuação esta- Em regra, a criação e a extinção dos órgãos públi-
tal mais eficiente (ex.: em âmbito federal, os Minis- cos ocorrerá por meio de lei, conforme expressa
térios, ligados à Presidência da República, são res- disposição constitucional. Veja-se:
ponsáveis por atividades específicas. O Ministério
da Saúde, por exemplo, é o órgão responsável pela CRFB/88, Art. 48, XI – criação e extinção de
gestão e execução de atividades relacionadas com Ministérios e órgãos da administração pú-
a saúde). A principal característica do órgão pú- blica; (Inciso com redação dada pela Emenda
blico é a ausência de personalidade jurídica Constitucional nº 32, de 2001)
própria.”6
CRFB/88, Art. 84. Compete privativamente
Obs.: Apesar de os órgãos não possuírem perso- ao Presidente da República:
nalidade jurídica, os órgãos de cúpula podem pos-
suir capacidade judiciária passiva na defesa de VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Inciso
suas prerrogativas institucionais. com redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 32, de 2001)
Ex.: Ministério Público, Defensoria Pública, Tribu-
nais de Justiça, Tribunais de Contas, Procon, As- a) organização e funcionamento da adminis-
sembleias Legislativas, Câmaras Municipais tração federal, quando não implicar au-
mento de despesa nem criação ou extinção
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui de órgãos públicos; (Alínea acrescida pela
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
somente podendo demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
22/04/2015, DJe 27/4/2015. A partirPaiva
Carlos Miguel
Bezerra dos dispositivos constitucionais acima,
pode-se concluir que a criação e a extinção dos
c.mbezerrapaiva@gmail.com
órgãos públicos, estão, em regra, sob reserva legal
É importante observar que a Lei 9.784/99,074.785.143-32
em seu
(dependem de lei), mas a organização e o funci-
art. 1°, §2°, I, estabeleceu o conceito legal de órgão
onamento, podem ser realizadas por meio de De-
público. Veja-se:
creto.
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
3.3. Classificação dos órgãos públicos:
I - órgão - a unidade de atuação integrante
Existem várias classificações sobre os órgãos pú-
da estrutura da Administração direta e da
blicos, mas destacamos, em apertada síntese, a
estrutura da Administração indireta;
classificação apresentada por Rafael Oliveira. Ve-
jamos:
3.1. Teoria do órgão ou da imputação volitiva:
“Quanto à posição que o órgão ocupa na escala
governamental ou administrativa, existem quatro ti-
Hely Lopes Meireles ensina que foi Otto Gierke que
pos de órgãos:
formulou a teoria do órgão. Segundo esta teoria,
“as pessoas jurídicas expressam a sua vontade
a) órgãos independentes: são aqueles previstos
através de seus próprios órgãos, titularizados por
na Constituição e representativos dos Poderes
seus agentes (pessoas humanas), na forma de sua
do Estado (Legislativo, Judiciário e Executivo),
organização interna. O órgão - sustentou Gierke - é
situados no ápice da pirâmide administrativa.
parte do corpo da entidade e, assim, todas as suas
Tais órgãos não se encontram subordinados a
manifestações de vontade são consideradas como
nenhum outro órgão e só estão sujeitos aos con-
da própria entidade.”7
troles recíprocos previstos no texto constitucio-
nal (ex.: Casas Legislativas: Congresso Nacio-
nal, Senado Federal, Câmara dos Deputados,
Assembleias Legislativas, Câmara dos Verea-
dores; Chefias do Executivo: Presidência da Re-
pública, Governadorias dos Estados e do DF e

247
Prefeituras municipais; Tribunais Judiciários e b) órgãos coletivos ou pluripessoais: integrados
Juízes singulares, Ministério Público e Tribunais por mais de um agente (ex.: Conselhos e Tribu-
de Contas); nais Administrativos, CNJ e CNMP).

b) órgãos autônomos: são aqueles subordinados Por fim, em relação às atividades que, preponde-
aos chefes dos órgãos independentes e que rantemente, são exercidas pelos órgãos públicos,
possuem ampla autonomia administrativa, finan- podem ser citados três tipos de órgãos:
ceira e técnica, com a incumbência de desenvol-
verem as funções de planejamento, supervisão, a) órgãos ativos: responsáveis pela execução
coordenação e controle (ex.: Ministérios, Secre- concreta das decisões administrativas (ex.: ór-
tarias estaduais, Secretarias municipais e Advo- gãos responsáveis pela execução de obras pú-
cacia-Geral da União); blicas);

c) órgãos superiores: estão subordinados a uma b) órgãos consultivos: responsáveis pelo asses-
chefia e detêm poder de direção e de controle, soramento de outros órgãos públicos (ex.: pro-
mas não possuem autonomia administrativa curadorias);
nem financeira (ex.: Gabinetes e Coordenado-
rias); e c) órgãos de controle: fiscalizam as atividades de
outros órgãos (ex.: controladorias, tribunais de
d) órgãos subalternos: são aqueles que se en- contas).8
contram na base da pirâmide da hierarquia ad-
ministrativa, com reduzido poder decisório e Memorize essa classificação, pois ela cai em pro-
com atribuições de execução (ex.: portarias, se- vas de concurso público.
ções de expedientes). [...]
4 – ADMINISTRAÇÃO
Carlos Miguel Bezerra Paiva PÚBLICA DIRETA E INDI-
Em relação ao enquadramento federativo, os ór- RETA
c.mbezerrapaiva@gmail.com
gãos públicos podem ser divididos em três espé-
cies: 074.785.143-32
A Administração Pública Direta é aquela reali-
zada pelos Entes ou pessoas políticas (União, es-
a) órgãos federais: integrantes da Administração tados, Municípios e o DF), de modo centralizado,
Federal (ex.: Presidência da República, Ministé- por meio dos seus órgãos públicos (técnica da des-
rios, Congresso Nacional); concentração).

b) órgãos estaduais: integrantes da Administra- Já quando nos referimos à Administração Pública


ção Estadual (ex.: Governadoria, Secretarias Indireta, estamos nos referindo àquela realizada
estaduais, Assembleia Legislativa); pelas entidades administrativas (Autarquias, Fun-
dações, Sociedades de Economia Mista, Empresas
c) órgãos distritais: integrantes do DF (ex.: Go- Públicas e as suas subsidiárias), no exercício da
vernadoria, Câmara Distrital); e secretarias es- função administrativa, por meio da técnica da des-
taduais, Assembleia Legislativa); e centralização legal.

d) órgãos municipais: integrantes da Administra- QUADRO COMPARATIVO ENTRE


ção Municipal (ex.: Prefeitura, Secretarias muni- ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
cipais, Câmara de Vereadores). ADM. DIRETA ADM. INDIRETA
Constitui-se dos
Quanto à composição, os órgãos são classifica- Compreende categorias
serviços integrados
dos em: de entidades, dotadas
na estrutura
de personalidade
administrativa das
a) órgãos singulares ou unipessoais: quando jurídica própria.
pessoas políticas.
compostos por um agente público (ex.: chefia do
Executivo); e

248
4.1. Entidades administrativas que compõe a Obs.: As únicas agências reguladoras com previ-
Administração Pública Indireta: são direta na CRFB/88 são a ANATEL (art.21, XI),
ANP (art.177 §2°, III).
Conforme o visto anteriormente, a Administração
Pública Indireta é composta por entidades adminis- CRFB/88, Art. 21. Compete à União: [...]
trativas, a saber: XI - explorar, diretamente ou mediante auto-
rização, concessão ou permissão, os servi-
• Fundações Públicas (de direito público ou pri- ços de telecomunicações nos termos da lei
vado); que disporá sobre a organização dos servi-
• Autarquias; ços, a criação de um órgão regulador e ou-
• Empresas Públicas; tros aspectos institucionais; (Inciso com
• Sociedades de economia mista; redação dada pela Emenda Constitucional nº
• Consórcios Públicos ou Associações Públicas. 8, de 1995)

Como os Consórcios Públicos ou Associações Pú- CRFB/88, Art. 177, § 2º, III: § 2º. A lei a que
blicas não costumam ser cobrados nas provas que se refere o § 1º disporá sobre: (incluído pela
não são para carreiras jurídicas, nos debruçaremos emenda constitucional nº 9, de 1995) [...]
apenas sobre as características das demais entida-
des administrativas. III - a estrutura e atribuições do órgão re-
gulador do monopólio da união; (incluído
4.1.1. Autarquias: pela emenda constitucional nº 9, de 1995)

Rafael Oliveira conceitua Autarquia como “uma


pessoa jurídica de direito público, criada por lei QUADRO COMPARATIVO
e integrante da Administração Pública
CarlosIndireta, que
Miguel
Bezerra Paiva
desempenha atividade típica de Estado.”9 Atividades gerais de admi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Administrativas nistração e de fiscalização.
Com base no art. 39, da CF/88, o Regime074.785.143-32
de pes- Ex.: IBAMA.
soa das Autarquias é estatutário, ou seja, é o re-
Exercem a atividade relaci-
gime legal. É chamado assim, porque é um estatuto
Previdenciárias onada à seguridade social:
legal e disciplina a relação entre a Autarquia e o
INSS.
seu corpo de agentes.
Já os atos e contratos são, em regra, atos e contra- Fomentar o desenvolvi-
tos administrativos. Assistenciais mento: SUDENE, SUDAM,
INCRA.
Elas respondem objetivamente, conforme o art. Ensino, pesquisa, desen-
37, §6°, da CF/88. O seu patrimônio é público, daí Culturais volvimento educacional:
decorre que seus bens são, em regra, inalienáveis Universidades Federais.
(inalienabilidade relativa), impenhoráveis, impres- São fundações de direito
critíveis e não podem ser onerados (dados em ga- público com personalidade
Fundacionais
rantia). jurídica de direito público.
Ex.: UECE.
As Autarquias podem ser assistenciais ou previ- Ex.: CRM, COREN, CRC,
denciárias (INSS); profissionais ou corporativas CRF – Obs.: Quanto a
(CFC – Conselho Federal de Contabilidade, CRM – OAB, através da ADI 3026,
Conselho Regional de Medicina); culturais ou de firmou-se o entendimento
ensino (UFC); de controle ou regulação (ANP – Corporativas de que a mesma, não tem
Agência Nacional do Petróleo). natureza autárquica e sim,
constitui um ente híbrido
Quanto ao regime jurídico, as Autarquias podem de previsão constitucional
ser comuns/ordinárias ou especiais. e natureza sui generis.

249
Em regime especial propri- Perceba-se que, enquanto as Autarquias são cria-
amente dita. Ex.: Banco das por lei específica, as estatais têm sua criação
Central, USP, Consórcios autorizada por lei específica, conforme os disposi-
Públicos (Autarquias Asso- tivos acima e a CF/88, em seu art. 37, XIX. Veja-
Especiais – da ciativas). se:
qual ainda se
Agências Públicas. Ex.:
dividem:
Agências Reguladoras – XIX – somente por lei específica poderá ser
Ex.: ANATEL, ANVISA, CRIADA autarquia e AUTORIZADA a insti-
ANS & Agências Executi- tuição de empresa pública, de sociedade
vas – Ex.: INMETRO. de economia mista e de fundação, ca-
bendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação; (Inciso com
4.1.2. Empresas estatais:
redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
Segundo Rafael Oliveira, a expressão "empresas
estatais" compreende toda e qualquer entidade, ci-
Portanto, as estatais têm personalidade jurídica de
vil ou comercial, sob o controle acionário do Es-
direito privado, sendo seus bens de natureza pri-
tado, englobando as empresas públicas, as so-
vada. Do mesmo modo, os atos e os contratos são,
ciedades de economia mista, suas subsidiárias
em regra, privados.
e as demais sociedades controladas pelo Es-
tado.10
O seu objeto será definido pela lei autorizativa e po-
derá ser a exploração de atividade econômica ou a
A Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, estabele-
prestação de serviço público.
ceu o conceito legal de Empresas Públicas e de So-
ciedade de Economia Mista. Vejamos:
O regime de
Carlos Miguel Bezerra pessoal das estatais é o celetista, ou
Paiva
seja, apesar de serem obrigadas a realizar con-
Art. 3°. Empresa pública é c.mbezerrapaiva@gmail.com
a entidade do-
curso público para selecionar seus funcionários em
tada de personalidade jurídica de direito
074.785.143-32
geral, os aprovados no certame serão regidos pela
privado com criação autorizada por lei e
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Ou seja,
com patrimônio próprio, cujo capital social
o regime aqui é de natureza contratual.
é integralmente detido pela União, pelos Es-
tados, pelo Distrito Federal ou pelos Municí-
pios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do ca- Sociedades de
Empresas
pital votante permaneça em propriedade da Economia Mista
públicas (EP)
União, do Estado, do Distrito Federal ou do (SEM)
Município, será admitida, no capital da em-
presa pública, a participação de outras pes-
soas jurídicas de direito público interno, bem Conceito: Conceito:
como de entidades da administração indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e Pessoa jurídica de di- Pessoa jurídica de di-
dos Municípios. reito privado, integrante reito privado, inte-
da Administração Indi- grante da Ad-ministra-
Art. 4°. Sociedade de economia mista é a reta, criada por autori- ção Indireta, criada
entidade dotada de personalidade jurídica zação legal. por autorização legal.
de direito privado, com criação autorizada
por lei, sob a forma de sociedade anô-
nima, cujas ações com direito a voto perten- Capital: Capital:
çam em sua maioria à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade Integralmente público. Público e privado.
da administração indireta.

250
Obs.: É permitido que uma empresa pública seja
Forma societária: Forma societária: formada por mais de um ente (ex.: União e Estado-
membro) ou entidade (ex.: Estado-membro e em-
Qualquer forma Apenas Sociedade presa pública federal), conforme o art. 3º, parágrafo
societária admitida Anônima - S/A. único, da Lei nº 13.303 de 30 de junho de 2016,
em Direito. desde que a maioria do capital votante permaneça
em propriedade da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município.
Foro competente: Foro competente:
Depende da instância a) Regra: Justiça Veja-se o disposto na Lei nº 13.303 de 30 de junho
federativa: Estadual. de 2016:
a) Federal – Justiça b) Exceção: Justiça
Federal Federal. Art. 1°. Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurí-
b) Estadual/distrital dico da empresa pública, da sociedade de
ou municipal – STF, Súmula 517: economia mista e de suas subsidiárias,
Justiça Estadual. As sociedades de eco- abrangendo toda e qualquer empresa pública
nomia mista só têm e sociedade de economia mista da União,
foro na Justiça Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
quando a União inter- cípios que explore atividade econômica de
vém como assistente produção ou comercialização de bens ou de
ou opoente. prestação de serviços, ainda que a atividade
econômica esteja sujeita ao regime de mono-
pólio da União ou seja de prestação de servi-
Patrimônio: Patrimônio:
ços públicos.
Privado. Privado.
Carlos Miguel Bezerra Paiva
A alienação do CONTROLE ACIONÁRIO de em-
Responsabilidade c.mbezerrapaiva@gmail.com
Responsabilidade presas públicas e sociedades de economia mista
Civil: Civil: 074.785.143-32
exige autorização legislativa e licitação. Por outro
lado, não se exige autorização legislativa para a
a) Prestadora de ser- a) Prestadora de ser- alienação do controle de suas subsidiárias e
viço público: obje- viço público: obje- controladas. Nesse caso, a operação pode ser
tiva, com base no tiva, com base no realizada sem a necessidade de licitação, desde
art. 37, §6°, da art. 37, §6°, da que siga procedimentos que observem os prin-
CF/88. CF/88. cípios da administração pública inscritos no art.
b) Exploradora de ati- b) Exploradora de 37 da CF/88, respeitada, sempre, a exigência de
vidade econômica: atividade econô- necessária competitividade.
subjetiva, em regra. mica: subjetiva, em
regra. STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ri-
cardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info
Exemplos: BNDES, Exemplos: PETRO- 943).
CAIXA ECONÔMICA BRÁS, BANCO DO
FEDERAL (CEF), EM- BRASIL (BB), BANCO 4.1.3. Fundações Governamentais:
PRESA DE CORREIOS DO NORDESTE (BN)
E TELÉGRADOS DO etc. Rafael Oliveira ensina que “as fundações, em geral,
BRASIL (ECT), EM- são pessoas jurídicas e sem fins lucrativos, cujo
BRAPA, INFRAERO e elemento essencial é a utilização do patrimônio
CASA DA MOEDA. para satisfação de objetivos sociais, definidos pelo
instituidor. As fundações podem ser instituídas
por particulares ou pelo Estado. No primeiro
Obs.: O regramento legal das subsidiárias é o caso, temos a fundação privada, regida pelo Có-
mesmo das estatais às quais estão vinculadas e digo Civil (art. 44, III, e arts. 62 a 69 do CC). No
será estabelecido na lei autorizativa e na Lei nº segundo caso, a hipótese é de fundação estatal
13.303 de 30 de junho de 2016. (também denominada de governamental ou

251
pública), integrante da Administração Pública Art. 6º São direitos sociais a educação, a sa-
Indireta (art. 37, XIX, da CRFB e art. 4°, II, "d", do úde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
DL 200/1967).”. transporte, o lazer, a segurança, a previ-
dência social, a proteção à maternidade e à
Apesar da controvérsia, predomina que as Funda- infância, a assistência aos desamparados, na
ções Governamentais podem ser de direito público forma desta Constituição. (Redação dada
ou de direito privado. As Fundações Governamen- pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
tais de Direito Público se assemelham às Autar-
quias e as Fundações Governamentais de Direito Destacamos apenas os serviços públicos mais co-
Privado às estatais com as mesmas prerrogativas nhecidos do grande público para esclarecer que a
e sujeições. Portanto, tudo o que foi dito para as CF/88 estabeleceu uma repartição de competên-
Autarquias e as estatais aplica-se às fundações, a cias para a prestação dos serviços públicos acima
depender do regime jurídico adotado (se público ou pelos Entes ou pessoas políticas.
privado).
A CF/88 estabelece, em seu art. 23, II, que é com-
petência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios cuidar da saúde. Daí exis-
tirem hospitais públicos federais, estaduais e pos-
tos de saúde municipais.
1 – CONCEITO:
No mesmo art. 23, mas no inciso V, a CF/88 esta-
Não existe apenas um conceito de serviço público, belece que é competência comum da União, dos
pois o tema é bastante controverso desde as suas Estados, do Distrito Federal e dos Municípios pro-
origens. No entanto, para fins didáticos, sugerimos porcionar os meios de acesso à cultura e à educa-
Carlos
a adoção do conceito defendido por Rafael Miguel
Oliveira. ção.
Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Segundo Rafael Oliveira, “serviço público pode ser Em seu art. 21, XII, “d” e “e”, a CF/88 dispõe que
074.785.143-32
definido como uma atividade prestacional, titula- compete à União explorar, diretamente ou medi-
rizada, com ou sem exclusividade, pelo Estado, cri- ante autorização, concessão ou permissão os ser-
ada por lei, com o objetivo de atender as necessi- viços de transporte ferroviário e aquaviário entre
dades coletivas, submetida ao regime predomi- portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
nantemente público.”. 11 transponham os limites de Estado ou Território; os
serviços de transporte rodoviário interestadual e in-
A disciplina dos serviços públicos tem fundamento ternacional de passageiros.
constitucional e legal. Na CF/88, temos o art. 175,
que é uma das bases constitucionais da matéria. Já em seu art. 30, V, dispõe que compete aos Mu-
Vejamos: nicípios organizar e prestar, diretamente ou sob re-
gime de concessão ou permissão, os serviços pú-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na blicos de interesse local, incluído o de transporte
forma da lei, diretamente ou sob regime de coletivo, que tem caráter essencial.
concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos. Aos estados, a CF/88 reservou as competências
que não forem da União ou dos Municípios (art. 25,
Portanto, temos que os serviços públicos são deve- §1º), e estabeleceu algumas competências expres-
res prestacionais do Estado, ou seja, o Estado pos- sas, como a Segurança Pública, em seu art. 144.
sui o dever de atuar positivamente na sua efetiva- Vejamos:
ção.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-
Em seu art. 6°, a CRFB/88 estabelece alguns dos se pelas Constituições e leis que adotarem,
serviços públicos que são direitos fundamentais de observados os princípios desta Constituição.
segunda dimensão:

252
§ 1º São reservadas aos Estados as com- A CRFB/88 traz, em seu art. 37, os princípios ex-
petências que não lhes sejam vedadas por plícitos. Veja-se:
esta Constituição.
Art. 37. A administração pública direta e indi-
Art. 144. A segurança pública, dever do Es- reta de qualquer dos Poderes da União, dos
tado, direito e responsabilidade de todos, é Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
exercida para a preservação da ordem pú- obedecerá aos princípios de legalidade,
blica e da incolumidade das pessoas e do pa- impessoalidade, moralidade, publicidade
trimônio, através dos seguintes órgãos: e eficiência.

I - polícia federal; Para ficar mais fácil de lembrar, fixe o seguinte


II - polícia rodoviária federal; mnemônico – LIMPE:
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis; Legalidade
V - polícias militares e corpos de bombei-
ros militares. Impessoalidade
VI - polícias penais federal, estaduais e distri-
tal. (redação dada pela emenda constitucio- Moralidade
nal nº 104, de 2019)
Publicidade
Lembrando que as Polícias Militares, Civis e os Eficiência
Corpos de Bombeiros Militares são órgãos de se-
gurança pública dos estados/DF. Princípio da legalidade:
Carlos traz
Portanto, pode-se concluir que a CRFB/88 Miguel
o rol Bezerra Paiva
O princípio da legalidade é corolário do Estado de
de competências para a prestação dos serviços pú-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Direito, ou seja, o Estado pautado no império da lei.
blicos no Brasil, dizendo quem irá prestar qual ser- No entanto, no quadro atual do constitucionalismo
074.785.143-32
viço público (União, Estados, DF ou Municípios). brasileiro, este princípio não se restringe apenas ao
respeito às leis, mas aos princípios, ao ordena-
2 – CONCEITO DE PRINCÍPIO: mento jurídico, com todas as suas normas.

Existem vários conceitos de princípio, mas desta- Por isso, Rafael Oliveira prefere falar em princípio
camos o conceito consagrado de Robert Alexy, se- da juridicidade. No mesmo sentido, Emerson Gar-
gundo o qual princípios são: cia e Rogério Pacheco aduzem:

“[...] mandamentos de otimização, que são “O princípio da juridicidade, mais do que o respeito
caracterizados por poderem ser satisfeitos às regras (“direito por regras”), impõe aos agentes
em graus variados e pelo fato de que a me- públicos o respeito aos princípios (“direito por prin-
dida devida de sua satisfação não depende cípios”) derivados explícita ou implicitamente da
somente das possibilidades fáticas, mas tam- Constituição Federal. Quer isso dizer que a noção
bém das possibilidades jurídicas.”12 de juridicidade, além de abranger a conformidade
dos atos com as regras jurídicas, exige que sua
Didaticamente, você pode entender princípio como produção observe, leia-se, não contrarie, os princí-
uma “bússola”, uma orientação para o intérprete e pios gerais de direito previstos na Carta Magna”13
aplicador do Direito.
Destaque-se que a legalidade aqui tratada, é a le-
3 – CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS: galidade administrativa, que é marcada pela vincu-
lação do administrador público às normas jurídicas,
Os princípios podem ser explícitos ou implícitos, não devendo ir além e nem contrariá-las.
gerais ou setoriais. Aqui, nos interessam os princí-
pios implícitos e explícitos, que são os mais cobra-
dos em provas de concurso público.

253
Princípio da moralidade:
LEGALIDADE LEGALIDADE
(esfera pública) (esfera privada) A moralidade é um princípio autônomo previsto no
art. 37 da CF/88. É um princípio que visa assegurar
os deveres de lealdade, de boa-fé e de honesti-
Rege-se pela Autono- dade. Portanto, a conduta do agente público deverá
Só está permitido fa- ser pautada não apenas no respeito às leis, mas,
mia da Vontade, do
zer o que a lei prevê. também, na ética/na probidade.
qual se extrai a má-
O que não está proi-
xima de que, o que
bido, consequente- A CF/88 tratou dos deveres de moralidade em vá-
não está expressa-
mente, não está per- rios dispositivos. Veja-se:
mente proibido, é im-
mitido.
plicitamente permitido.
Art. 14, §9º, CF: “Lei complementar estabe-
lecerá outros casos de inelegibilidade e os
prazos de sua cessação, a fim de proteger
Princípio da impessoalidade:
a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato [...]
O princípio da impessoalidade decorre da supre-
macia do interesse público sobre o privado. Em res-
Art. 15, V: “É vedada a cassação de direitos
peito a ele, deve-se tratar a todos com igualdade
políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
(isonomia), não havendo privilégios e nem perse-
nos casos de: [...]
guições. É decorrência dele a obediência à finali-
V - improbidade administrativa, nos termos
dade pública (princípio da finalidade).
do art. 37, § 4º”.
A CRFB/88 o consagra no art. 37, §1º. Veja-se:
37, §4º: “Os atos de improbidade admi-
Art. Paiva
Carlos Miguel Bezerra
nistrativa importarão a suspensão dos di-
§ 1º A publicidade dos atos,c.mbezerrapaiva@gmail.com
programas,
reitos políticos, a perda da função pública,
obras, serviços e campanhas dos órgãos pú-
074.785.143-32
a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
blicos deverá ter caráter educativo, informa-
mento ao erário, na forma e gradação pre-
tivo ou de orientação social, dela não po-
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal ca-
dendo constar nomes, símbolos ou ima-
bível”.
gens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos.
Art. 85, V: “São crimes de responsabilidade
os atos do Presidente da República que aten-
Nesse dispositivo, temos a consagração da veda-
tem contra a Constituição Federal e, especi-
ção à promoção pessoal, que é uma vertente da
almente, contra: [...] V - a probidade na ad-
impessoalidade. Note-se, também, que a impesso-
ministração;”
alidade está ligada à teoria do órgão ou da imputa-
ção volitiva, segundo a qual o ato de um agente es-
Art. 5°, LXXIII - qualquer cidadão é parte le-
tatal é imputado ao Estado, não ao agente em si.
gítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
Consagrando o princípio da impessoalidade, temos
entidade de que o estado participe, à morali-
a obrigação de contratação por meio de licitações
dade administrativa, ao meio ambiente e ao
ou mesmo a realização de concurso público para o
patrimônio histórico e cultural, ficando o au-
provimento de cargo efetivo.
tor, salvo comprovada má-fé, isento de cus-
tas judiciais e do ônus da sucumbência;
Por fim, destaque-se que o desrespeito a este prin-
cípio acarreta o chamado desvio de finalidade, que
Com fundamento no princípio da moralidade, o STF
é uma ilegalidade que resultará na anulação do ato.
editou a Súmula Vinculante 13, que veda o nepo-
tismo no Brasil. Veja-se:

254
SV 13, STF: A nomeação de cônjuge, com- a) o direito de petição aos Poderes Públicos
panheiro ou parente em linha reta, colateral em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclu- abuso de poder;
sive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica, investido em b) a obtenção de certidões em repartições
cargo de direção, chefia ou assessoramento, públicas, para defesa de direitos e esclareci-
para o exercício de cargo em comissão ou mento de situações de interesse pessoal;
de confiança, ou, ainda, de função gratifi-
cada na Administração Pública direta e indi- LXIX - conceder-se-á mandado de segu-
reta, em qualquer dos Poderes da União, rança para proteger direito líquido e certo,
dos Estados, do Distrito Federal e dos mu- não amparado por "habeas-corpus" ou "ha-
nicípios, compreendido o ajuste mediante beas-data", quando o responsável pela ilega-
designações recíprocas, viola a Constitui- lidade ou abuso de poder for autoridade pú-
ção Federal. blica ou agente de pessoa jurídica no exercí-
cio de atribuições do Poder Público;
Princípio da publicidade:
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
O art. 1° da CF/88 consagrou os princípios republi-
cano e democrático. Em uma República (ou coisa a) para assegurar o conhecimento de in-
pública), a regra é a transparência. Do mesmo formações relativas à pessoa do impe-
modo, em um regime democrático, deve reinar a trante, constantes de registros ou bancos de
transparência sobre a coisa pública. dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
Robustecendo essa ideia, a CF/88 positivou o Di-
reito Fundamental à publicidadeCarlos
e o correspon- para a retificação de dados, quando não
Miguel Bezerrab)Paiva
dente dever de transparência por parte do Poder se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
Público. Veja-se: cial ou administrativo;
074.785.143-32
Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a receber No entanto, é preciso ter em mente que não existe
dos órgãos públicos informações de seu direito absoluto, pois vigora no Brasil o princípio da
interesse particular, ou de interesse cole- relatividade dos direitos fundamentais. Exatamente
tivo ou geral, que serão prestadas no prazo por isso, a CF/88 excepcionou a regra, que é a pu-
da lei, sob pena de responsabilidade, ressal- blicidade, e estabeleceu limites a esse direito. Ve-
vadas aquelas cujo sigilo seja imprescin- jamos:
dível à segurança da sociedade e do Es-
tado; Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pes-
Art. 39, § 6º. Os Poderes Executivo, Legisla- soas, assegurado o direito a indenização pelo
tivo e Judiciário publicarão anualmente os va- dano material ou moral decorrente de sua vi-
lores do subsídio e da remuneração dos car- olação;
gos e empregos públicos. (Parágrafo acres-
cido pela Emenda Constitucional nº 19, de Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publi-
1998). cidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigi-
Robustecendo o direito fundamental à transparên- rem;
cia, a CF/88 criou mecanismos de proteção a esse
direito, como é o caso do Direito de Petição, de ob- Art. 5°, XXXIII - todos têm direito a receber
ter certidões, do HD e do MS. Vejamos os seguin- dos órgãos públicos informações de seu inte-
tes dispositivos, todos previstos no art. 5°: resse particular, ou de interesse coletivo ou
geral, [...] ressalvadas aquelas cujo sigilo
XXXIV - são a todos assegurados, indepen- seja imprescindível à segurança da socie-
dentemente do pagamento de taxas: dade e do Estado;

255
Princípio da eficiência: Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orça-
mentária e financeira dos órgãos e entida-
O princípio da eficiência, segundo Di Pietro, é o des da administração direta e indireta poderá
mais moderno princípio da função administrativa. ser ampliada mediante contrato, a ser fir-
Ele foi inserido na CRFB/88 pela Emenda Constitu- mado entre seus administradores e o poder
cional 19/98, no “caput” do art. 37. público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou en-
Ligado à ideia de administração gerencial, ele tidade, cabendo à lei dispor sobre:
busca dar maior racionalidade na gestão da coisa
pública, com o aumento na qualidade da prestação I - o prazo de duração do contrato;
dos serviços públicos pelo Estado e seus delegatá-
rios. II - os controles e critérios de avaliação de
desempenho, direitos, obrigações e respon-
Segundo Di Pietro, este princípio possui dois as- sabilidade dos dirigentes;
pectos, podendo ser considerado em relação ao
modo de atuação do agente público, que deve III - a remuneração do pessoal. (Parágrafo
prestar o melhor serviço público possível; bem acrescido pela Emenda Constitucional nº 19,
como um modo de organizar/ estruturar a Adminis- de 1998)
tração Pública, com o objetivo de alcançar os me-
lhores resultados na boa prestação dos serviços Art. 39, § 2º A União, os Estados e o Dis-
públicos. trito Federal manterão escolas de governo
para a formação e o aperfeiçoamento dos
Robustecendo esse princípio, a CRFB/88 consa- servidores públicos, constituindo-se a parti-
grou uma série de dispositivos que buscam asse- cipação nos cursos um dos requisitos
gurar a maior qualificação dos agentes públicos e o a promoção na carreira, facultada,
paraPaiva
Carlos Miguel Bezerra
aparelhamento estatal para prestar com racionali- para isso, a celebração de convênios ou con-
c.mbezerrapaiva@gmail.com
dade, eficiência e economicidade os serviços públi- tratos entre os entes federados. (Parágrafo
cos aos cidadãos. Vejamos: 074.785.143-32
com redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998)
Art. 37, § 3º A lei disciplinará as formas de
participação do usuário na administração pú- Art. 39, § 7º Lei da União, dos Estados, do
blica direta e indireta, regulando especial- Distrito Federal e dos Municípios disciplinará
mente: a aplicação de recursos orçamentários
provenientes da economia com despesas
I - as reclamações relativas à prestação dos correntes em cada órgão, autarquia e funda-
serviços públicos em geral, asseguradas a ção, para aplicação no desenvolvimento
manutenção de serviços de atendimento de programas de qualidade e produtivi-
ao usuário e a avaliação periódica, externa dade, treinamento e desenvolvimento,
e interna, da qualidade dos serviços; modernização, reaparelhamento e racio-
nalização do serviço público, inclusive sob
II - o acesso dos usuários a registros ad- a forma de adicional ou prêmio de produti-
ministrativos e a informações sobre atos vidade. (Parágrafo acrescido pela Emenda
de governo, observado o disposto no art. 5º, Constitucional nº 19, de 1998)
X e XXXIII;
Art. 41, § 1º O servidor público estável só
III - a disciplina da representação contra o perderá o cargo:
exercício negligente ou abusivo de cargo,
emprego ou função na administração pú- [...]
blica. (Parágrafo com redação dada pela III – mediante procedimento de avaliação
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
(Parágrafo com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

256
[...] Presunção RELATIVA de
§ 4º Como condição para a aquisição da Presunção de que os atos estatais são pra-
estabilidade, é obrigatória a avaliação es- Legitimidade ticados de acordo com o Di-
pecial de desempenho por comissão institu- reito.
ída para essa finalidade. (Parágrafo acres- Presunção RELATIVA de
cido pela Emenda Constitucional nº 19, de que os atos estatais são pra-
1998) Presunção de
ticados de acordo com a ver-
Veracidade
dade ou realidade. Fé pú-
Portanto, ante a análise de todos os dispositivos blica.
constitucionais acima, percebe-se a importância
A Atividade administrativa
que a CRFB/88 deu ao princípio da eficiência. Continuidade
não pode ser interrompida.
Quadro mnemônico dos Possibilidade de utilizar
princípios EXPLÍCITOS Ampla Defesa qualquer meio de defesa
em direito permitido.
LIMPE Direito de conhecer e contra-
Contraditório dizer todos os atos que lhe
Legalidade Obediência à Lei.
estejam sendo imputados.
Impessoalidade Neutralidade. Criação de Entes Administra-
Honestidade. Especialidade tivos para o exercício de atri-
Moralidade buições específicas.
Publicidade Transparência - Controle. Estabilidade das relações
Economicidade jurídicas/ Veda aplicação
Eficiência e Qualidade. Segurança retroativa de nova interpreta-
Carlos Miguel BezerraJurídica
Paiva ção jurídica pela Administra-
c.mbezerrapaiva@gmail.com ção.
Além dos princípios acima, a CF/88, a legislação Ao mesmo dispositivo legal.
074.785.143-32
ordinária e a Doutrina/Jurisprudência consagraram Atuação dentro dos
os seguintes princípios ligados à função adminis- Razoabilidade
limites do aceitável.
trativa do Estado:
Equilíbrio entre a necessi-
Proporcionali- dade
dade e a adequação de uma
PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO conduta estatal.
Direito de participar da
Supremacia do Superioridade do interesse Administração pública, no to-
Interesse público em relação ao cante ao acesso das infor-
Público interesse particular. mações e na promoção de
Indisponibili- O administrador não pode Participação
reclamações, quanto aos
dade do dispor do que não é seu, serviços prestados e repre-
Interesse pois o interesse público é da sentações contra abusos e
Público coletividade. negligências praticadas.
Necessidade de justificação
Motivação
dos atos realizados. 3 – PRINCÍPIOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:
A Administração Pública
pode rever e fiscalizar os Por este princípio, em re-
próprios atos. Assim, quando gra, a prestação dos servi-
inoportunos, poderá revogá- ços públicos não pode pa-
Autotutela los e, quando praticados in- rar. Ou seja, deve haver
validamente, pode ela Continuidade regularidade e só podem
mesma, sem necessitar re- ser interrompidos excepci-
correr ao Poder Judiciário, onalmente, nos casos des-
decretar a sua e anulação. critos em lei.

257
Por este princípio, todos ou TITULARIDADE Estaduais / Distritais
têm direito a serem trata- FEDERATIVA
dos com igualdade na Municipais
Isonomia prestação do serviço pú-
blico, salvo quando a lei a) Essenciais ou de
distinguir. necessidade pú-
Os serviços públicos de- blica:
vem se adaptar à evolução - São considerados de
social e tecnológica. Com- necessidade pública;
Mutabilidade preende a modernidade - Não podem faltar,
ou das técnicas, do equipa- pois são indispensá-
Atualidade mento e das instalações e veis à vida e a con-
a sua conservação, bem veniência dos admi-
como a melhoria e expan- nistrados na socie-
são do serviço (art. 6°, § dade.
2°, da Lei 8.987/1995). - Ex.: segurança naci-
onal, segurança pú-
blica, serviços judici-
Generalidade Atendimento ao maior nú- ários.
ou mero possível de usuários. 2. Quanto à
Universalidade ESSENCIALIDADE:
b) Não Essenciais ou
Eficiência Oferecer um serviço de de utilidade pú-
qualidade blica:
Carlos Miguel Bezerra Paiva - A lei ou a própria na-
c.mbezerrapaiva@gmail.com tureza do serviço es-
Cortesia 074.785.143-32
Tratar bem os usuários. tabelecem a consi-
deração de serviços
Oferecer o serviço em
tidos por não essen-
Segurança boas condições para não
ciais;
colocar em risco os usuá-
- São considerados de
rios.
utilidade pública;
O valor cobrado do usuário - A execução é facul-
deve ser proporcional ao tada aos particula-
Modicidade custo do respectivo ser- res. Ex.: serviços fu-
viço, com o objetivo de vi- nerários
abilizar o acesso ao maior
número possível de pes-
soas.
a) Uti universiti ou ge-
rais:
- Atendem a toda a
4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLI- população adminis-
COS: trada;
3. Quanto aos - Os utentes não são
Vários são os critérios estabelecidos pela Doutrina DESTINATÁRIOS: determinados;
para classificar os serviços públicos. No entanto, - Indivisíveis;
destacamos os mais cobrados em provas de con- - Ex.: segurança pú-
curso: blica, segurança na-
cional.

b) Uti singuli ou espe-


1. Quanto ao NÍVEL Federais cíficos:

258
- Usuários certos ou - São aqueles presta-
determinados; dos por terceiros
- Fruem individual- (permissionários,
mente; concessionários);
- Divisíveis - A escolha do presta-
- Ex.: telefonia, ser- dor será sempre por
viço postal, distribui- licitação (art. 175 da
ção domiciliar de CF);
água. - Qualquer serviço,
salvo em tese os es-
senciais, pode ser
a) Compulsórios: objeto de execução
- A utilização pelos indireta.
administrados é obri-
gatória;
- São remunerados a) Próprios:
por taxa; São de titularidade
- Não podem ser inter- exclusiva do Estado
rompidos, mesmo e a execução pode
por falta de paga- ser feita diretamente
mento; pelo Poder Público
- Ex.: serviço de co- ou indiretamente por
leta de lixo, de es- meio de concessão
goto, de vacinação 6. Quanto à ou permissão (ex.:
Carlosinterna-
obrigatória, Miguel Bezerra Paiva
TITULARIDADE: transporte público).
4. Em razão da ção c.mbezerrapaiva@gmail.com
de doentes por-
OBRIGATORIEDADE tadores de doenças
da utilização: 074.785.143-32
de caráter infecto- b) Impróprios:
contagioso. São as atividades,
executadas por par-
ticulares, que aten-
b) Facultativos: dem às necessida-
- São postos à dispo- des da coletividade,
sição dos usuários mas que não são ti-
sem lhes impor a uti- tularizadas, ao me-
lização; nos com exclusivi-
- São remunerados dade, pelo Estado.
por tarifa ou preço
público;
- Poderão ser inter-
rompidos mediante a a) Inerentes:
falta de pgto. São aqueles geneti-
camente ligados às
funções estatais típi-
a) Execução Direta: cas, que envolvem o
- São prestados pela 7. Quanto à exercício do poder
Administração Pú- CRIAÇÃO: de autoridade. (Ex.:
5. Quanto à forma blica por seus ór- prestação jurisdicio-
de EXECUÇÃO: gãos e agentes. nal).

b) Execução Indireta:

259
b) Por opção legisla-
tiva: FORMAS DE DELEGAÇÃO
São atividades eco- DE SERVIÇOS PÚBLICOS
nômicas considera-
das como serviços
públicos por deter- CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO
minada norma jurí-
dica.
Contrato
Contrato Ato
Administra-
Administrativo administrativo
tivo (de
(de adesão) (unilateral)
adesão)
5 – PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:
Em regra, não
A prestação dos serviços públicos poderá ser feita Licitação na Qualquer há Licitação –
diretamente pelo Poder Público (Administração Pú- modalidade modalidade Discricionário
blica Direta e Indireta) ou indiretamente, por meio concorrência de Licitação da Administra-
de delegação da execução, mediante licitação, aos ção
concessionários e permissionários de serviço pú- Prazo
Prazo Prazo
blico. INdetermi-
determinado INdeterminado
nado
Essa conclusão acima pode ser extraída do art. Apenas para
Para Pessoa Para Pessoa
175, da CF/88. Vejamos: Pessoa Jurí-
Física ou Física ou
dica ou Con-
Jurídica Jurídica
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na sórcio
Carlos
forma da lei, diretamente ou sob regimeMiguel
de Bezerra Paiva
Irrevogável ou Revogável Revogável ou
concessão ou permissão, sempre através
c.mbezerrapaiva@gmail.com
não precário ou precário precário
de licitação, a prestação de serviços públi-
074.785.143-32 Predomina o Predomina o
cos. interesse da interesse do
XXX
coletividade particular
Além das duas possibilidades acima, o Poder Pú-
Ex.: Conces- Ex.: transporte
blico ainda pode realizar as chamadas Parcerias
são de abaste- Ex.: em Vans esco-
Público-Privadas (PPPs) e atuar em conjunto com
cimento ener- Permissão lares, táxi e
os particulares na prestação de serviços públicos.
gético – ENEL, Dos lotéricos. moto-táxi.
no Ceará.
5.1. Prestação indireta de serviços públicos:

A prestação indireta de serviços públicos é feita por Obs.: Todo e qualquer contrato administrativo
meio de delegação negocial da execução do ser- propriamente dito é um contrato de adesão, por-
viço público a particular. Essa delegação deve ser que as cláusulas do contrato são redigidas pela ad-
precedida de licitação pública e formalizada por ministração pública, sem possibilidade de negocia-
meio de contrato administrativo. ção dessas cláusulas pelo particular contratante
(se isso fosse possível, ocorreria verdadeira fraude
Nessa modalidade, temos a adoção da técnica de à licitação, uma vez que já no edital da licitação
descentralização por colaboração, conforme já es- deve constar a minuta do futuro contrato a ser fir-
tudamos no capítulo de organização administrativa. mado, justamente para que possam os particula-
res, com precisão, saber se têm ou não interesse
As formas de delegação negocial são: concessão, em participar do certame). Lembrando que sempre
permissão e autorização. Memorize o quadro a se- há licitação prévia aos contratos de concessão e de
guir: permissão de serviço público).14

260
5.1.1. Espécies de concessão: Concessão Concessão
Patrocinada Administrativa
As concessões de serviços públicos podem ser co-
muns/tradicionais ou especiais. As concessões co- Caracterizado pela Caracterizada pela
muns ou tradicionais são regidas pela Lei 8.987/95 presença de investi- existência de serviços
e as especiais ou Parcerias Público- Privadas mentos do Poder Pú- que a Administração
(PPPs), são regidas pela Lei 11.079/04. blico (parceiro pú- Pública seja usuária,
blico) e tarifa dos usu- além de execução de
Concessões Concessões ários. obra.
Comuns Especiais
Remuneração Remuneração paga Segue um quadro comparativo para diferenciar
paga pelo usuário com participação da concessões comuns ou tradicionais das conces-
mediante tarifa Administração sões especiais ou PPPs:
Responsabilidade
Compartilhamento
pela prestação
dos riscos e dos
por conta e risco CONCESSÕES DE SERVIÇOS PÚBLICOS
resultados
do particular
CONCESSÃO
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, conces- CONCESSÃO
ESPECIAL -
são de serviço público comum é o instituto através COMUM
PPPs
do qual o Estado atribui o exercício de um serviço
público a alguém que aceita prestá-lo em nome Contra-
próprio, por sua conta e risco, nas condições fixa- prestação
Facultativa Obrigatória
das e alteráveis unilateralmente pelo Poder Pú- do Poder
Carlos Miguel Bezerra
blico, mas sob garantia contratual de um equilíbrio
Paiva
Público
c.mbezerrapaiva@gmail.com
econômico-financeiro, remunerando-se pela pró- Risco ordi- Do
Do
074.785.143-32
pria exploração do serviço, em geral e basicamente Concessionário
nário do concessioná-
mediante tarifas cobradas diretamente dos usuá- e do Poder
negócio rio
rios do serviço.15 Público
Valor R$
Inexistente
Conforme o art. 2°, da Lei 11.079/04, Parceria Pú- mínimo 10.000.000,00
blico-Privada é o contrato administrativo de conces-
são, na modalidade patrocinada ou administrativa. Inexistente • mínimo: 05
Prazo previsão le- anos.
Rafael Oliveira ensina que a expressão "parcerias gal • máximo: 35
público-privadas" admite dois sentidos: anos.

“a) sentido amplo: PPP é todo e qualquer ajuste Serviços


firmado entre o Estado e o particular para con- Serviços
Objeto públicos e/ou
secução do interesse público (ex.: concessões, públicos
serviços
permissões, convênios, terceirizações, contra- administrativos
tos de gestão, termos de parceria etc.);
Variável e vincu-
b) sentido restrito: PPP refere-se exclusivamente
lada ao desem-
às parcerias público-privadas previstas na Lei
penho – paga
11.079/2004, sob a modalidade patrocinada ou
Remunera- Em regra, pelo Poder Pú-
administrativa.”16
ção por Tarifa blico e/ou usuá-
rio e Poder Pú-
blico, a
depender da
modalidade.

261
12
5.2. Extinção das concessões comuns: [ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tra-
dução de Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malhei-
ros, 2015, p. 90-91].
As concessões podem ser extintas de várias ma-
neiras, mas destacaremos apenas as mais cobra- 13 [OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
das nas provas de concurso público. Vejamos: Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 45].

14 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito Administra-


FORMA DE tivo Descomplicado. 23 ed. 2015, p 772.
ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE
EXTINÇÃO
15 [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de Di-
reito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros, 2009,
Interesse Inadimple- p. 696].
Público mento con-
Fundamento
tratual do 16 [OLIVEIRA, 2017, 187-188].
concessioná-
rio

Autorização Processo
legal Administra-
Formalização + tivo
Decreto +
Decreto

Prévia e paga Eventual e


pelo Estado posterior.
ao concessio-
Carlos
Paga pelo
Miguel Bezerra Paiva
Indenização c.mbezerrapaiva@gmail.com
nário Estado ao
074.785.143-32
concessioná-
rio

1 [MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-


leiro. 42. ed. Atualizada por José Emmanuel Burle Filho.
São Paulo: Malheiros, 2016, p. 890.)

2 [DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.


29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 518-521].

3 [MEIRELLES, 2016, p. 891].

4 [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de Di-


reito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros, 2009,
p. 140].

5 [DI PIETRO, 2016, págs. 646].

6 [OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito


Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 81].

7 [MEIRELLES, 2016, p. 71].

8 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 87-89].

9 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 93].

10 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 117].

11 [OLIVEIRA, 2017, p. 239].

262
1 – NOÇÕES DE ÉTICA: Percebe-se, pois, que a ética é uni-
versal, é teoria, é uma espécie de investigação
O termo ética deriva do grego “ethos”, que significa sobre a moral e os comportamentos morais dos
caráter, modo de ser de uma pessoa. homens.

Mas, afinal, o que é ética? VALLS afirma que No entanto, é importante observar que a ética não
possui apenas este sentido. A ética pode ser divi-
dida em ética filosófica, ética científica e em ética
“A ética é uma daquelas coisas que todo mundo normativa. Enquanto a ética filosófica é mera refle-
sabe o que são, mas que não são fáceis de ex- xão sobre o bem e mal, a ética científica busca es-
plicar, quando alguém pergunta”. tudar e entender os diversos comportamentos mo-
VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7. ed.
rais dos homens de modo racional e objetivo.
Brasiliense, 1993, p.7.
Assim, a definição de ética acima, de Vásquez, é
uma definição da ética científica. É ela que você
deve levar para a sua prova.

Carlos Miguel Bezerra Paiva


c.mbezerrapaiva@gmail.comPalavras-chave sobre Ética: bem,
074.785.143-32
mal, reflexão, teoria, princípios e universal.

Já a ética normativa busca estabelecer padrões de


conduta para uma dada sociedade que são tidos
como adequadas para boa vida em sociedade.

Por que estudar ética?


Segundo Adolfo Sánchez Vásquez O homem é um animal político, como defendia Aris-
tóteles. Logo, ele necessita da vida em sociedade
“A ética é teoria, investigação ou explicação de para se desenvolver enquanto ser.
um tipo de experiência humana ou forma de
comportamento dos homens, o da moral, consi- Ocorre que a vida em sociedade apresenta uma sé-
derado porém na sua totalidade, diversidade e rie de desafio aos homens, principalmente quando
variedade. [...] a ética é a teoria ou ciência do seus interesses se confrontam.
comportamento moral dos homens em soci-
edade. Ou seja, é ciência de uma forma especí- Nessas horas é que se faz necessário um conjunto
fica de comportamento humano.” de princípios estabelecidos socialmente que sirvam
de parâmetro ou modelo para a conduta dos ho-
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed. mens.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 21-23.
Pois bem, a ética se propõe a refletir sobre os pa-
drões estabelecidos nas diversas sociedades no
tempo e no espaço. Busca entendê-los.

263
A outra, pelo contrário, dizia: “Não seja para mim
nem para ti, mas divida-se”. Então Salomão disse:
Pode-se dizer que a ética busca res- “Dai a primeira o menino vivo porque é ela a verda-
ponder a três questionamentos: Quero? Devo? deira mãe”. E assim todo o povo de Israel soube
Posso? que a sabedoria de Deus assistia ao rei para julgar
com retidão.

Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php.
Acesso em: 08 set. 2011.

2 – NOÇÕES SOBRE MORAL:

Entendido o que é a ética, agora podemos buscar


entender oPaiva
Carlos Miguel Bezerra que vem a ser a moral. Registre-se que
existe uma proximidade grande entre os conceitos,
c.mbezerrapaiva@gmail.com
mas saiba que ética e moral são coisas bem distin-
074.785.143-32
tas e não podem ser confundidas.

Já vimos que a moral é o objeto de estudo da ética.


Em sua etimologia, moral vem do latim “mos”
A sabedoria de Salomão ou “mores”, que significa costume ou costu-
mes.
Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma
disse: “Senhor, eu e esta mulher habitávamos na Adolfo Sánchez Vásquez conceitua moral como
mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, su- um sistema de normas que regulamentam as re-
focou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs lações entre os indivíduos em uma dada socie-
o meu filho adormecido junto de si e colocou aos dade, em um determinado tempo e em um espaço
meus pés o seu filho que estava morto. De manhã, específico. Veja-se:
olhando de perto para ele, vi que não era o meu
filho”.
“A moral um sistema de normas, princípios e
A outra mulher interrompeu: “Não, o meu filho é o valores, segundo o qual são regulamentadas
que está vivo, o teu morreu”. A primeira replicou: as relações mútuas entre os indivíduos ou
“Não, o teu é que morreu. O que está vivo entre estes e a comunidade, de tal maneira
é meu”. E continuaram a disputar. Então o rei disse: que estas normas, dotadas de um caráter his-
Trazei uma espada, dividi em duas partes o menino tórico e social, sejam acatadas livre e consci-
que está vivo e dai metade a cada uma!”. entemente, por uma convicção íntima, e não
de uma maneira mecânica, externa ou impes-
Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho es- soal.”
tava vivo suplicou: “Senhor, peço-vos que lhes deis
a ela o menino vivo e não o mateis!”. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011, p. 84.

264
Perceba-se que neste conceito o autor destaca o Assim, o homem moral é aquele que pode avaliar
caráter histórico e social da moral. Isso quer di- qual a conduta que deve ser realizada nas diversas
zer que não existe ou existiu apenas uma moral, situações sociais de acordo com os padrões histo-
mas várias morais no tempo e no espaço. ricamente definidos como corretos ou errados.

Agora que já sabemos o que é moral e o que é


O Brasil já teve uma moral que reconhecia a escra- ética, podemos estabelecer um quadro esquemati-
vidão dos negros e a inferioridade das mulheres. zado destacando os principais aspectos que dife-
Atualmente, essa moral não mais subsiste de modo renciam a moral da ética.
Carlos Miguel
hegemônico, ainda que persistam alguns dos seus Bezerra Paiva
aspectos como herança cultural.c.mbezerrapaiva@gmail.com
Antes, é importante destacar que essas diferenças
Aqui, destaca-se a ligação da moral com a cul- entre a moral e a ética são muito cobradas em pro-
074.785.143-32
tura, ou seja, a produção do homem, seja em suas vas, por isso é preciso fixar essas diferenças.
relações sociais ou em suas relações com o meio
ambiente. Assim, vejamos quais são essas diferenças:

Assim, a moral é social, ou seja, conjunto de re-


gras de conduta estabelecidas em uma determi-
nada sociedade.

Observe ainda que, além da cultura, a liberdade e


a consciência são outros aspectos importantes
para se compreender a moral.

Só há conduta moral se houver consciência e liber-


dade, aspectos que diferenciam a conduta dos ho-
mens da conduta dos demais animais e dos fenô-
menos da natureza, que apenas acontecem natu-
ralmente.

O homem, como ser moral, é dotado de razão e


de consciência. Portanto, ele pode escolher li-
vremente, com autonomia, entre o que é certo e
o que é errado. E quem define o que é o certo e o
errado? A moral social.

265
”De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver valores sociais hegemônicos de imperatividade, ou
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injus- seja, de obrigatoriedade jurídica.
tiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas
mãos dos maus, o homem chega a desanimar da Nesse sentido, fica evidente que o Estado é um
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser ho- ente ético, pois reflete as escolhas políticas da so-
nesto”. ciedade e os seus valores dominantes.
Ruy Barbosa
Assim, estupro é crime porque, antes de se tornar
um crime por meio de uma lei, ele é reprovado so-
cialmente como algo ruim, errado, imoral e que fere
princípios éticos de conduta. Aqui temos uma inter-
face entre o Direito e a moral. Isso porque o Direito
positiva a moral, ou seja, torna legal ou ilegal deter-
minadas condutas sociais aprovadas ou reprova-
1 – CONCEITO DE ESTADO: das pela comunidade.

Nesta disciplina, é muito importante compreender o Como um ente ético, o Estado tem por escopo, em
que é o Estado e qual o seu papel político e social. teoria, as boas práticas políticas, morais, institucio-
nais, sociais, todas elas a partir da sua soberania,
O Estado possui um importante papel na regulação autodeterminação e independência nacional.
social, pois ele é o responsável por elaborar as nor-
mas jurídicas que são dotadas de imperatividade. Nesse sentido, veja-se alguns dos princípios funda-
mentais que regem a República Federativa do Bra-
A definição do conceito e do papel do Estado não sil (Estado brasileiro) segundo a CRFB/88:
é matéria fácil e está sujeita a inúmeros debates
entre os pensadores da Teoria Política e do Estado.
Carlos Art. Paiva
Miguel Bezerra 1º A República Federativa do Brasil,
No entanto, para os fins deste trabalho, adotamos formada pela união indissolúvel dos Estados
c.mbezerrapaiva@gmail.com
o conceito de Estado proposto por Dalmo Dallari, e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
para quem o Estado é 074.785.143-32
se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:

“[...] ordem jurídica soberana que tem por fim o I - a soberania;


bem comum de um povo situado em determi- II - a cidadania;
nado território.” (DALLARI, Dalmo. Elementos III - a dignidade da pessoa humana;
de Teoria do Estado. 29. ed. São Paulo: Sa- IV - os valores sociais do trabalho e da li-
raiva, 2010, p.119. vre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Note-se que, pelo conceito de Dalmo Dallari, o es-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
tado possui quatro elementos, a saber: povo (ele-
que o exerce por meio de representantes eleitos ou
mento humano), soberania (elemento político), ter-
diretamente, nos termos desta Constituição.
ritório (elemento geográfico) e o bem comum (ele-
mento finalístico ou teleológico).
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil:
2 – ESTADO COMO SER ÉTICO-POLÍTICO:
I - construir uma sociedade livre, justa e
Dentre os elementos do Estado, destacamos o bem
solidária;
comum. Mas afinal, o que seria o bem comum?
Quem define o que é o bem comum?
II - garantir o desenvolvimento nacional;
Ora, conforme já vimos, este é um campo para a
III - erradicar a pobreza e a marginalização
ética e para a moral, pois são os princípios éticos e
e reduzir as desigualdades sociais e regi-
morais que vão se refletir nas escolhas políticas e
onais;
que vão nortear a atuação estatal, principalmente,
na produção das normas jurídicas que dotarão os

266
IV - promover o bem de todos, sem pre-
conceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discri-
minação. Nesse sentido, o título II da CF/88
trouxe um rol de direitos fundamentais que consa-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege- gram essas três dimensões. Ocorre que, em um
se nas suas relações internacionais pelos se- sentido jurídico restrito, a cidadania corresponde
guintes princípios: a uma qualificação que o Estado confere aos
[...] seus integrantes. Assim, cidadão, em um sentido
II - prevalência dos direitos humanos; estritamente jurídico, é o nacional que desfruta
VI - defesa da paz; plenamente dos direitos políticos e que está em
VII - solução pacífica dos conflitos; dia com as suas obrigações eleitorais (art. 14,
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; CF/88).
IX - cooperação entre os povos para o pro-
gresso da humanidade; 3 – ÉTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

No mesmo sentido, dispõe a CF/88, em seu artigo O papel do Estado contemporâneo é proteger e fo-
5°, que são direitos fundamentais individuais: mentar os direitos fundamentais dos cidadãos. As-
sim, a atuação da Administração, por meio dos
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem seus agentes, deve ser pautada no respeito a es-
distinção de qualquer natureza, garantindo- ses direitos fundamentais e no respeito aos princí-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residen- pios constitucionalmente positivados. Veja-se o art.
tes no País a inviolabilidade do direito à 37 da CRFB/88:
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: Art. 37. A administração pública direta e indi-
Carlos Miguel Bezerrareta de qualquer dos Poderes da União, dos
Paiva
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
I - homens e mulheres são iguais em direitos
c.mbezerrapaiva@gmail.com
e obrigações, nos termos desta Constituição; obedecerá aos princípios de legalidade, im-
[...] 074.785.143-32 pessoalidade, moralidade, publicidade e
III - ninguém será submetido a tortura nem a eficiência e, também, ao seguinte: (Reda-
tratamento desumano ou degradante; ção dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
Nota-se, pois, que essas normas constitucionais re-
fletem as escolhas políticas fundamentais do Es- Esses princípios devem nortear a conduta dos ser-
tado brasileiro, que foram positivadas, mas que, an- vidores públicos da administração pública direta e
tes, foram estabelecidas por consensos sociais e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Es-
políticos sobre o que seria o bom ou o correto, pas- tados, do Distrito Federal e dos Municípios.
sando, pois, pelo campo dos debates éticos e mo-
rais. Digamos que eles são os princípios éticos-constitu-
cionais para a conduta dos servidores públicos bra-
2.1. Cidadania: sileiros.

A cidadania pode ser entendida sobre três dimen- 3.1. A discussão britânica sobre padrões de
sões. Uma dimensão civil, que corresponde aos conduta na vida pública:
direitos referentes à vida em sociedade do cidadão,
com o reconhecimento da isonomia entre os cida- Em maio de 1995, foi encaminhado ao primeiro-mi-
dãos, a sua liberdade de locomoção e o seu direito nistro do Reino Unido um relatório elaborado pela
de propriedade. Uma dimensão política, que cor- assim chamada Comissão Nolan, sobre normas de
responde aos direitos dos cidadãos de participarem conduta na vida pública britânica. A Comissão, pre-
do governo da sociedade, com direitos como o voto sidida por Lord Nolan (cujo nome se aplica também
e a possibilidade de organizar partidos. E uma di- ao relatório), reuniu-se durante seis meses, rece-
mensão social, com o reconhecimento da possibi- beu cerca de duas mil cartas e ouviu mais de cem
lidade do cidadão de ter acesso à riqueza produ- pessoas em audiências públicas.
zida pela sociedade. Faz parte dos direitos que ex-
pressa essa dimensão os direitos sociais como o
acesso à educação e à saúde.

267
Seu trabalho concentrou-se sobre questões relati- Honestidade
vas ao Parlamento, a ministros e a servidores do
Os ocupantes de cargos públicos tem o dever de
Executivo e às organizações não-governamentais
declarar quaisquer interesses particulares que te-
semi-autônomas. O Relatório Nolan é um docu-
nham relação com seus deveres públicos e de to-
mento sóbrio que detecta e discute problemas de
mar medidas para resolver quaisquer conflitos que
um serviço público do qual os britânicos muito se
possam surgir de forma a proteger o interesse pú-
orgulham, pelo menos desde o século XIX.1
blico.

Liderança
OS SETE PRINCÍPIOS DA VIDA PÚBLICA
Os ocupantes de cargos públicos devem promover
Esses princípios aplicam-se a todos os aspectos da e apoiar estes princípios através da liderança e do
vida pública. A Comissão relacionou-os para o uso exemplo.
de todos que de alguma forma prestem serviço ao
público. 4 – O CÓDIGO DE ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA:
Interesse Público
Os ocupantes de cargos públicos deverão tomar
decisões baseadas unicamente no interesse pú-
blico. Não deverão decidir com o objetivo de obter
benefícios financeiros ou materiais para si, sua fa-
mília ou seus amigos.

Integridade
Os ocupantes de cargos públicos não deverão
Carlos co-
Miguel Bezerra Paiva
locar-se em situação de obrigação financeira ou de
outra ordem para com indivíduos ou c.mbezerrapaiva@gmail.com
organizações
074.785.143-32
externas que possa influenciá-los no cumprimento
de seus deveres oficiais.
Além desses valores e princípios positivados na
Objetividade
CRFB/88, existem outras normas jurídicas que con-
No desempenho das atividades públicas, inclusive sagram padrões de conduta ainda mais específicos
nomeações, concessão de contratos ou recomen- para os servidores públicos no Brasil.
dação de pessoas para recompensas e benefícios,
os ocupantes de cargos públicos deverão decidir Essas normas jurídicas são os Códigos de Ética
apenas com base no mérito. dos diversos entes políticos (União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios), que possuem
“Accountability” autonomia federativa para elaborar seus próprios
Códigos de Ética, desde que em conformidade com
Os ocupantes de cargos públicos são responsáveis
a CF/88.
perante o público por suas decisões e ações, e de-
vem submeter-se a qualquer fiscalização apropri-
Assim, a Lei nº 13.407, de 21 de novembro de
ada ao seu cargo.
2003, Institui o Código Disciplinar da Polícia Militar
do Ceará e do Corpo de Bombeiros Militar do Es-
Transparência
tado do Ceará, dispõe sobre o comportamento
Os ocupantes de cargos públicos devem conferir a ético dos militares estaduais, estabelece os pro-
suas decisões e ações a maior transparência pos- cedimentos para apuração da responsabilidade ad-
sível. Eles devem justificar suas decisões e restrin- ministrativo-disciplinar dos militares estaduais e dá
gir o acesso à informação somente se o interesse outras providências.
maior do público assim o exigir.

1
Retirado da obra cadernos do ENAP (Escola Nacional de Adminis-
tração Pública). Ética no Serviço Público – A reflexão estrangeira.

268
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

269
Carlos Miguel Bezerra Paiva
c.mbezerrapaiva@gmail.com
074.785.143-32

Você também pode gostar