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O Século XX em Goiás: o

advento da modernização
Cristiano Arrais; Eliézer Oliveira; Tadeu Arrais.
Sobre os autores

Cristiano Pereira Alencar Arrais

Possui doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). Atualmente é professor
associado de teoria da história na Universidade Federal de Goiás, do Programa de
Pós-Graduação em História (PPGH) e do Mestrado Profissional em Ensino de História
(ProfHistória) da mesma instituição. Coordenador do Programa de Cooperação Internacional
CAFP-BA (2014-2018). Tem experiência na área de História, com ênfase em Teoria e filosofia
da História, História da Historiografia e História do Brasil, atuando principalmente nos
seguintes temas: teoria da história, história política e das ideias.
Eliézer Cardoso de Oliveira

Possui doutorado em Sociologia pela Universidade de Brasília (2006. Mestrado em História


pela Universidade Federal de Goiás (1999) e Graduação em História também pela
Universidade Federal de Goiás (1996). Atualmente é professor efetivo do curso de História e
do Mestrado em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado, da Universidade Estadual de
Goiás (Anápolis). Realizou o estágio pós-doutoral no Programa de Ciências da Religião da
Pontifícia Universidade Católica de Goias (2015). O campo de atuação abrange uma interface
entre História e Sociologia, abordando os seguintes temas: estética da catástrofe, história
cultural, sociologia da valentia, saberes e expressões culturais do cerrado, teoria da história.
Tadeu Alencar Arrais

Possui graduação (1997) e mestrado em Geografia (2002) pela Universidade Federal de Goiás e doutorado em Geografia
pela Universidade Federal Fluminense (2005) e Pós-Doutorado na UFC (CE). É professor Titular da Universidade Federal de
Goiás. É Editor do Boletim Goiano de Geografia e integra o Conselho Editorial da revista Mercator, do Boletim Campineiro de
Geografia, entre outros periódicos. Tem publicado regularmente artigos sobre a problemática urbano e regional em periódicos
especializados na área de geografia, além de livros sobre geografia urbana e geografia de Goiás. Atualmente desenvolve
pesquisa financiada pelo CNPq sobre os impactos das transferências de renda (Bolsa Família, Aposentadoria Rural e
Benefício de Prestação Continuada) na economia dos municípios brasileiros. Contemplado em 2013 com Bolsa de
Produtividade do CNPq, Nível 2, com renovação para Produtividade em Pesquisa 1D, em 2016. É Coordenador do
Observatório do Estado Social Brasileiro (http://obsestadosocial.com.br/coordenacao/) e do Canal de Divulgação Científica
Porque o Estado Importa. Também coordena o canal público de discussão política adjetivado de Sobre cidade, zumbis e
neoliberalismo.
Introdução

Século XX em Goiás:

Período marcado por intensas transformações socioculturais


decorrentes da ampliação das redes de comunicação, aumento da
infraestrutura de transporte e ações no cenário político.
a) Multiplicação das formas de comunicação e mecanismos de circulação de
produtos e pessoas.
b) Transformações na cultura política local; edificações de Goiânia e Brasília.
c) Aumento do povoamento, ocupação territorial e crescimento do urbano
em detrimento do rural.
d) Década de 1980: Criação do estado do Tocantins; Césio 137.
Circulação

“A implementação de redes de circulação é o primeiro ato para


a ocupação de um território” Arrais (1998, p.13).
Rede Fluvial

Rio Tocantins

a) Responsável por boa parte do povoamento no norte goiano, por meio do


surgimento de importantes cidades às suas margens: Porto Nacional, Peixe,
Pedro Afonso e Filadélfia, por exemplo.

b) Cabotagem. Rota de comércio muito utilizada, principalmente com os estados


de Pará e Maranhão.

c) Mercadorias importadas via Tocantins: sal (usado como suprimento para o


gado e para a alimentação), ferramentas, pólvora, utensílios domésticos, roupas.
Rio Araguaia

a) Ocupação diferente do Rio Tocantins. A lógica de povoamento obedeceu,


inicialmente, a necessidade de controle por parte do Estado, mediante a
instalação de presídios ao longo do rio.

b) Predomínio da pecuária às margens do rio, em conformidade às condições


de relevo.
Rio Paranaíba

a) Um dos rios mais frequentados por viajantes, tropeiros e comerciantes cujo


destino era a cidade de Itumbiara e o Triângulo Mineiro.

b) Em 1940, foi construída sobre o rio uma ponte férrea, ligando Ouvidor (GO) a
Patrocínio (MG), o que consolidou o comércio com Minas Gerais.
c) A partir da segunda metade do século XX, o Paranaíba foi represado para
fins de fornecimento energético, por meio da construção da usina de Cachoeira
Dourada.

d) “A inauguração da ponte de concreto na BR-153, em 1961, denominada Ciro


de Almeida, marcou o fim da era dos tropeiros, quando era necessário muito
esforço para transpor a magra calha do Rio Paranaíba” Arrais (1998, p.17).
Rede Ferroviária

a) Os trilhos chegaram a Goiás, “rompendo as margens do Paranaíba”, a


partir de 1908, gerando a fundação de novos municípios e provocando
inúmeras mudanças culturais, econômicas e sociais.
b) A ferrovia ampliou as redes de comunicação e as trocas regionais, o que
impactou nas importações e nas exportações.
c) O modal ferroviário entrou em decadência, em virtude dos déficits
registrados anualmente na Companhia Estrada de Ferro Goiá e também,
principalmente, a partir do Plano de Metas.
“Independente da narrativa contábil, a Estrada de Ferro Goiás representou um
marco no processo de ocupação do sudeste goiano e do chamado Mato
Grosso goiano, e integrando, a partir de Anápolis, cidade de destacado perfil
mercantil, Goiás ao Sudeste do país. Foi funcional tanto para a economia rural
quanto para a economia urbana” (ARRAIS, 1998, p. 22).
“Além de contribuir com a drenagem da produção agropecuária, a Estrada de
Ferro Goiás atendeu aos propósitos da urbanização; serviu de aporte logístico
para a edificação de Goiânia e, mais ainda, para a edificação de Brasília,
eventos que tornavam indispensável o acionamento dessa via para transporte”
(ARRAIS, 1998, p. 22).
Rede Rodoviária

a) Iniciada por meio dos caminhos abertos por tropeiros, bandeirantes e


viajantes.
b) Início marcado pela ‘simbiose’ entre os modais fluvial, ferroviário e
rodoviário, de modo que as primeiras estradas de rodagem serviam ao
escoamento de produtos e comunicações via estrada de ferro.
c) A partir de 1950, com o Plano de Metas, o modal rodoviário assume a
predominância frente aos outros modais no transporte de pessoas e
produtos.
a) Belém-Brasília: Rodovia responsável pela integração nacional e expansão
de fronteira em direção ao norte goiano. Surgimento de novas cidades, às
margens da rodovia, ao invés de as margens do Rio Tocantins.
b) BR-060: Alterou a dinâmica de urrbanização nas regiões de Anápolis,
Goiânia e Brasília.
c) BR- 153: Ligação do eixo norte-sul do estado.
Economia

a) Agricultura e Pecuária de Subsistência como alternativa à mineração;


b) Mudança da estrutura fundiária a partir de 1930, causada pelo advento da
estrada de ferro, da construção de Goiânia e do incentivo à migração.
c) Modernização da agricultura, mudanças no uso do solo e incentivo a
migração por meio da alocação de colônias agrícolas, sendo a principal
delas a Colônia Agrícola do Estado de Goiás (CANG).
a) O arroz constituiu durante boa parte do século XX o principal produto
agrícola do estado, sendo substituído gradualmente pela soja, a partir do
incentivo a agroindústria ocorrido de 1970 em diante.
b) O boi, desde o século XIX, permaneceu como principal produto de
exportação devido as características favoráveis a criação e a sua
capacidade de autotransportar-se.
Saúde

a) Isolamento geográfico favorecia atividades de curandeirismo e


charlatanismo.
b) Ao mesmo tempo, o isolamento impedia a chegada de epidemias a Goiás.
O primeiro surto de varíola ocorre em 1904, na Campininha das Flores. A
doença era, até então, desconhecida para os goianos.
c) Com o advento dos transportes e aumento da circulação de pessoas,
chegam também as doenças, a exemplo da Gripe Espanhola de 1918, que
atingiu a cidade de Goiás.
d) No século XX, aumenta o número de jovens que passam a estudar medicina
em outros estados e, aos poucos, são as criadas as primeiras faculdades de
medicina no estado, principalmente a partir da segunda metade do século.

e) Nota-se, a partir do século XX, o uso político da imagem do médico. O


primeiro médico a governar o estado foi Brasil Caiado, em 1916.
Educação

“A mudança da capital deu um forte impulso no campo artístico e cultural do


estado, com maior destaque para a criação de universidades. Em 1959, vinte e
cinco anos depois da criação a USP, em São Paulo, criou-se a Universidade de
Goiás (hoje PUC Goiás), mantida pela Igreja Católica, com a junção das
faculdades de Direito, Filosofia e Serviço Social. Em 1960, fundou-se a
Universidade Federal de Goiás (UFG)” (ARRAIS, 1998, p. 83)
Religião

a) Relação entre Igreja e Estado;


b) Paulatina perda de influência por parte da Igreja Católica;
c) Caso Santa Dica;
d) Atuação da Igreja durante a ditadura militar.
Referência

ARRAIS, Cristiano; OLIVEIRA, Eliézer; ARRAIS, Tadeu. O século XX em Goiás: o

advento da modernização. Goiânia: Editora Cânone, 2016.

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