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Curso de Pós-Graduação em Sistemas de Informação Geográfica

- Recursos Agroflorestais e Ambientais -

- Planeamento e Ordenamento do Território -

Tópico 1 - Instrumentos de Gestão Territorial

Luís Quinta-Nova
BASES DA POLÍTICA DE SOLOS, DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE
URBANISMO
(Lei n.º 31/2014, de 30 de maio)

A política de ordenamento do território e urbanismo visa:


- Assegurar uma adequada organização e utilização do território nacional na
perspetiva da sua valorização;
- A regulação das relações entre os diversos níveis da Administração Pública
e desta com as populações e com os representantes dos diferentes
interesses económicos e sociais.

REGIME JURÍDICO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL


(Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio)

Define:
- o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e municipal do
sistema de gestão territorial;
- o regime de elaboração, aprovação, execução e avaliação dos instrumentos
de gestão territorial;
- o regime geral do uso do solo.
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Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

SISTEMA DE GESTÃO TERRITORIAL

Segundo a Lei de Bases organiza-se num quadro de interação coordenada em 3


âmbitos:
ÂMBITO NACIONAL

- Define o quadro estratégico para o ordenamento nacional


- Estabelece diretrizes a considerar no ordenamento regional e municipal e a
compatibilização entre instrumentos de política sectorial
- Institui os instrumentos de natureza especial
ÂMBITO REGIONAL

- Define o quadro estratégico para o ordenamento regional em articulação com as


políticas nacionais
- Estabelece diretrizes orientadoras do ordenamento municipal

ÂMBITO MUNICIPAL

- Define o regime de uso do solo e a respetiva programação de acordo com as


diretrizes de âmbito nacional e regional
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INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL Iniciativa / Aprovação

Programas Sectoriais
POLÍTICA (prevenção de riscos, Governo / Governo
SECTORIAL ambiente, florestas,
agricultura, transportes, etc.)

Programas Especiais
ÂMBITO NATUREZA Governo / Governo
de Ordenamento do
NACIONAL ESPECIAL
Território

Programa Nacional da Governo /


Política de Ordenamento Assembleia da
Republica
do Território
DESENVOLVIMENTO
TERRITORIAL
ÂMBITO Programas Regionais de
Ordenamento do Território CCDR
REGIONAL
(PROT)

Programas e Planos
ÂMBITO Intermunicipais CIM / AIM
INTERMUNICIPAL Ordenamento do
Território Particular ou Câmara
Municipal / Assembleia
PP Plano de Pormenor Municipal

PLANEAMENTO PU Plano de Urbanização CM / AM


TERRITORIAL
Plano Diretor CM / AM
PDM
Municipal

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Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

RELAÇÕES ENTRE INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

Integração e Integração e
Instrumentos de
compatibilização compatibilização
desenvolvimento territorial
Programas Especiais Programas
de Ordenamento do PNPOT PROT
sectoriais
Território

PIOT Vinculam
Prevalecem

Orientações

Instrumentos de planeamento territorial


(PMOT)

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PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

O PNPOT Estabelece as grandes opções com relevância para a


organização do território nacional e consubstancia o quadro de
referência a considerar nos demais instrumentos de gestão territorial.

OBJETIVOS:

• Definir o quadro para o desenvolvimento territorial do País;

• Garantir a coesão territorial, atenuando as assimetrias regionais;

• Estabelecer a tradução espacial das estratégias de desenvolvimento;

• Articular as políticas setoriais com incidência no território;

• Racionalizar o povoamento, a implantação de equipamentos e a


definição de redes;

• Definir os princípios orientadores da disciplina de ocupação do


território.
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PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

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PROGRAMA REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Os programas regionais de ordenamento do território definem a estratégia


regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estabelecidas a
nível nacional e considerando as estratégias sub-regionais e municipais de
desenvolvimento local, constituindo o quadro de referência para a elaboração
dos programas e dos planos intermunicipais e dos planos municipais.

OBJETIVOS
 Desenvolver, no âmbito regional, as opções constantes do programa nacional
da política de ordenamento do território, dos programas setoriais e dos
programas especiais;

 Equacionar as medidas tendentes à atenuação das assimetrias de


desenvolvimento intrarregionais;

 Traduzir, em termos espaciais, os grandes objetivos de desenvolvimento


económico e social sustentável à escala regional.

 Servir de base à formulação da estratégia nacional de ordenamento territorial


e de quadro de referência para a elaboração dos programas e dos planos
intermunicipais e dos planos municipais.

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Planos regionais de ordenamento do território
PROGRAMAS ESPECIAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (PEOT)

Os Programas Especiais de Ordenamento do Território são instrumentos normativos, da


responsabilidade da Administração Central, tendo em vista a objetivos de interesse
nacional, estabelecendo regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais.
Os tipos de PEOT são os seguintes:
Planos de Ordenamento de Albufeiras Classificadas
Planos de Ordenamento da Orla Costeira
Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas
Planos de Ordenamento dos Estuários
Planos de Ordenamento de Parques Arqueológicos

CONSTITUIÇÃO
• Regulamento, que define cada uma das unidades de gestão indicadas na planta
síntese;
• Peças gráficas necessárias à representação da respetiva expressão sectorial,
incluindo a Planta de Ordenamento;
• Relatório, que fundamenta as principais medidas, indicações e disposições adotadas;
• Planta de Condicionantes, que identifica as servidões e restrições de utilidade pública
em vigor.
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PLANOS DE ORDENAMENTO DE ALBUFEIRAS CLASSIFICADAS (POAC)

Os Planos de Ordenamento de Albufeiras Classificadas (POAC) definem os princípios e


regras de utilização das albufeiras de águas públicas e da ocupação, uso e transformação do
solo da respectiva zona de proteção.

A apetência para uma utilização das albufeiras relacionada com o lazer e os tempos livres
origina uma forte pressão. Estas situações e a existência de locais de apoio a atividades
recreativas com características precárias, torna necessária a realização de Planos de
Ordenamento que visem a compatibilização das diversas atividades e utilizações desejáveis.
OBJETIVOS

Definição de regras de utilização do plano de água e da zona envolvente das albufeiras, de


modo a salvaguardar a defesa e qualidade dos recursos naturais, a compatibilizar usos e
atividades com a componente ambiental e a finalidade primária das albufeiras.
ÁREA DE INTERVENÇÃO
• Plano de água;
• Zona de proteção da albufeira - A zona terrestre de proteção tem uma largura de 500 m,
podendo ser ajustada para uma largura máxima de 1000 m ou para uma largura inferior a 500 m.
• Zona reservada - A zona terrestre de proteção da albufeira de águas públicas integra uma zona
reservada, com uma largura de 100 m.
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PLANOS DE ORDENAMENTO DE ALBUFEIRAS CLASSIFICADAS (POAC)

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PLANOS DE ORDENAMENTO DE ALBUFEIRAS CLASSIFICADAS (POAC)

O novo regime de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público e das lagoas ou
lagos de águas públicas foi estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 107/2009, de 15 de maio, com o
objetivo principal de promover a proteção e valorização dos recursos hídricos associados às
albufeiras, lagoas ou lagos de águas públicas, bem como do respetivo território envolvente, na
faixa correspondente à zona terrestre de proteção.

O regime de proteção estabelece a obrigatoriedade de classificação das albufeiras de águas


públicas em:

 Albufeiras de Utilização Protegida: aquelas que se destinam a abastecimento público ou


se prevê venham a ser utilizadas para esse fim e aquelas onde a conservação dos valores
naturais determina a sua sujeição a um regime de proteção mais elevado;

 Albufeiras de Utilização Condicionada: aquelas que apresentam condicionamentos


naturais que aconselham a imposição de restrições às atividades secundárias (p. ex.:
obstáculos submersos, margens declivosas, dificuldades de acesso, e sujeitas a variações
significativas ou frequentes de nível ou a alterações do potencial ecológico e do estado
químico);

 Albufeiras de Utilização Livre: aquelas que não são suscetíveis de classificação nos tipos
previstos nas classes anteriores, apresentando outras vocações, designadamente turística e
recreativa.
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PROPOSTAS DE ORDENAMENTO

Maximização das potencialidades da área de intervenção do POATAL

ÁREA ENVOLVENTE PLANO DE ÁGUA

ESPAÇO URBANO Preservação das áreas de sensibilidade e valor


Introdução de mecanismos de Planeamento urbanístico (PPs e ecológico
PUs) Preservação das tradições de uso e regulação dos
Expansão da oferta de alojamento turístico/ 2ª habitação futuros usos e da qualidade da água
Revitalização e recuperação urbana
Promoção da qualidade de vida das populações

ESPAÇO URBANIZÁVEL
Introdução de mecanismos de Planeamento urbanístico (PPs e
PUs)
Oferta de infraestruturas e equipamentos de apoio à atividade
turístico-recreativa
PLANEAMENTO INTEGRADO
ESPAÇOS AGRO-FLORESTAIS
Recuperação/ reabilitação de espaços
Preservação e valorização de sistemas policulturais tradicionais
Promoção no âmbito da atividade turístico-recreativa
PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA (POOC)

Estes Planos surgem da necessidade de salvaguarda dos valores naturais e paisagísticos da


orla litoral, tendo em conta o facto de o litoral português, em particular a orla costeira, se
caracterizar por uma elevada sensibilidade ambiental e uma grande diversidade de usos,
constituindo simultaneamente suporte de atividades económicas, o caso do turismo, e
atividades conexas como o recreio e lazer.

OBJETIVOS

• Ordenamento dos diferentes usos e atividades específicas da orla costeira, a


classificação das praias e a regulamentação do uso balnear;

• A valorização e qualificação das praias consideradas estratégicas por motivos ambientais


ou turísticos;

• A orientação do desenvolvimento de atividades específicas da orla costeira e a defesa e


conservação da natureza.

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Incidem sobre águas marinhas costeiras e interiores e respetivos leitos e margens, com
faixas de proteção terrestre, cuja largura é definida no âmbito de cada plano, mas não
deve exceder os 500 m contados da linha que limita a margem das águas do mar, e
marinha, que têm como limite máximo a batimétrica dos 30 metros.
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Planos de Ordenamento da Orla Costeira em vigor

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PLANOS DE ORDENAMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS (POAP)

Os Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas (POAP) são instrumentos de


planeamento vigentes nas áreas protegidas.

OBJETIVOS

• A promoção do desenvolvimento sustentado da região, valorizando a interação


entre as componentes ambientais, naturais e humanas e promovendo a qualidade
da vida das populações;

• A valorização de atividades culturais e económicas tradicionais, assente na


proteção e gestão racional do património natural;

• A preservação das espécies animais e vegetais e dos habitats naturais que


apresentem características peculiares, quer pela sua raridade e valor científico;

• A preservação de biótopos e de formações geológicas, geomorfológicas ou


espeleológicas notáveis;

• A proteção e a valorização das paisagens que, pela sua diversidade e harmonia,


apresentem interesses cénicos e estéticos dignos de proteção.

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ÁREAS DE INTERVENÇÃO:

PARQUE NACIONAL - Área que contém um ou vários ecossistemas inalterados ou


pouco alterados pela intervenção humana, integrando amostras representativas de
regiões naturais características, de paisagens naturais e humanizadas, de espécies vegetais
e animais, de locais geomorfológicos ou de habitats de espécies com interesse ecológico,
científico e educacional;
PARQUE NATURAL - Área que contém paisagens naturais, seminaturais e humanizadas
de interesse nacional, sendo exemplo da integração harmoniosa da atividade humana e da
natureza;
RESERVA NATURAL - Área destinada à proteção de habitats da flora e da fauna, onde
se pretende assegurar as condições naturais necessárias à estabilidade ou à sobrevivência
de espécies, grupos de espécies ou aspetos físicos do ambiente, quando estes requerem a
intervenção humana para a sua perpetuação;

PAISAGEM PROTEGIDA - Área com paisagens naturais, seminaturais e humanizadas,


de interesse regional ou local, resultantes da interação harmoniosa do homem na
natureza, que evidencia grande valor estético ou natural.

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Mapa da Rede Nacional
de Áreas Protegidas

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PLANOS MUNICIPAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (PMOT)

São os instrumentos de planeamento e gestão da ocupação do solo da competência


dos municípios. Compreendem os seguintes tipos de Planos:

 Planos Diretores Municipais (que abrangem todo o território municipal);

 Planos de Urbanização (que abrangem áreas urbanas e urbanizáveis);

 Planos de Pormenor (que tratam em detalhe as áreas abrangidas pelas outras


figuras de Plano).

OBJETIVOS

 A aplicação das disposições legais e regulamentares vigentes e dos princípios


gerais de disciplina urbanística e de ordenamento do território e salvaguarda e
valorização do património cultural;
 A articulação com planos, programas e projetos de âmbito municipal ou
supramunicipal;
 A compatibilização da proteção e valorização das áreas agrícolas e florestais e do
património natural e edificado, com a previsão de zonas destinadas a habitação,
indústria e serviços;
 A salvaguarda dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
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PLANO DIRETOR MUNICIPAL (PDM)

O Plano Diretor Municipal é um instrumento de administração do território que visa,


fundamentalmente, regular o uso e ocupação dos solos do concelho a que se refere.

O PDM é uma base para a programação das realizações e investimentos municipais.


Procura traduzir espacialmente as opções de desenvolvimento

OBJETIVOS
Estabelecer as bases gerais reguladoras do uso e transformação do território
municipal e, em pormenor, definir:

 as áreas reservadas para uma futura expansão urbana;

 as áreas consideradas de urbanização prioritária;

 as áreas vedadas à urbanização;

 as áreas vedadas a atividades que alterem significativamente a configuração do


território;

 as áreas reservadas para a implantação de redes de infraestruturas.

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CONSTITUIÇÃO

- Regulamento;
- Planta de Ordenamento, que delimita classes de espaços (espaços urbanos, urbanizáveis,
industriais, para industria extrativa, agrícolas, florestais, culturais e naturais, canais), em
função do uso dominante e estabelece Unidades Operativas de Planeamento e Gestão
(UOPG);
- Planta de Condicionantes, que assinala as servidões administrativas e restrições de
utilidade pública.
ELEMENTOS QUE ACOMPANHAM O PDM:
- Relatório, que menciona as principais medidas, indicações e disposições adotadas;
- Programa de execução, que contém disposições indicativas sobre o escalonamento
temporal das principais obras públicas a cargo do município e de elaboração e de revisão
de outros planos municipais, é facultativo;
- Plano de financiamento, que contém a estimativa do custo das realizações municipais
previstas no plano e menciona as fontes de financiamento for fases de execução, é
facultativo.
- Os estudos de caracterização física, social, económica e urbanística que fundamentam a
solução proposta;
- Outros elementos fixados pela Portaria do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do
Território.
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Fases de elaboração - Plano Diretor Municipal (PDM)
Fases de elaboração - Plano Diretor Municipal (PDM)
Plano Diretor Municipal

Região Centro
Planos Diretores Municipais

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