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LABORATÓRIO V

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Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Planeamento Físico

LABOLATÓRIO V - PLANEAMENTO FISÍCO

TEMA: GUIÃO METODOLÓGICO PARA ELABORAÇÃO


DOS
PLANOS GERAIS E PARCIAIS URBANIZAÇÃO (PGU E PPU)

Boane, Maio de 2020

Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Planeamento Físico


Docente: MArch. Hilartino L. CHAMBULE
LABORATÓRIO V
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I. INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE PLANEAMENTO


O

Este documento tem como finalidade contribuir para melhorar a prática de


elaboração e avaliação e monitoria de planos de ordenamento territorial, através da
formulação de um quadro conceptual fundamentado e coerente, e que se
desenvolve com base em princípios teóricos e na experiência prática. É um
instrumento de orientação básica para efeitos de planeamento e ordenamento
territorial em Moçambique particularmente no que diz respeito aos Planos Gerais e
Parciais de Urbanização, que podem ser adaptados a condições particulares e/ou
sujeito a alguns ajustamentos de acordo com a realidade local, âmbito de trabalho e
dos objectivos que se pretendam atingir.

Descreve as diferentes fases que, de um modo geral, caracterizam a elaboração de


um Plano de Ordenamento Territorial, nomeadamente:

o Recolha e levantamento de dados e informações;


o Diagnóstico da situação actual;
o Elaboração das propostas de ordenamento e desenvolvimento do território;
o Elaboração do Regulamento do Plano
o Aprovação do plano;
o Implementação do plano.

O presente trabalho corresponde a metodologia é aplicável essencialmente aos


instrumentos de nível local particularmente para os Planos de Gerais e Parciais de
Urbanização.

A elaboração do presente guião enquadra-se no âmbito do acordo assinado entre o


Conselho Municipal da Cidade de Nampula (CMCN) e a Cities Aliance para a
implementação de um projecto de “Estratégias de Requalificação dos Assentamentos
Informais e de Desenvolvimento da Cidade”, com co-financiamento da UN-HABITAT,
Danida, ANAMM e UCLG.

No âmbito deste projecto o CMCN contratou o Centro de Estudos e Desenvolvimento


do Habitat (CEDH) da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF) da
Universidade de Eduardo Mondlane (UEM) para prestar assistência técnica ao
Departamento de Urbanização e Gestão de Terras (DUGT), durante um período de
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21 meses, para a preparação de 12 Planos Parciais de Urbanização, um para cada


bairro periférico da Cidade de Nampula, sendo a elaboração do presente guião um
dos principais resultados desta contratação.

II. INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

O sistema de planeamento territorial, no nosso país, nos seus vários níveis de


intervenção, compreende um conjunto de instrumentos de planeamento e
ordenamento territorial. Constituem condicionantes dos instrumentos de
planeamento e ordenamento territorial as disposições legais e regulamentares em
vigor para o espaço territorial a que se referem nomeadamente:

o Os Planos de índole económicos e sociais (Plano económico e social)


existentes na área de intervenção;
o Os Planos Estratégicos Provinciais e os Planos de Desenvolvimento Distrital e
Municipal;
o As Estratégias, Programas e Projectos com incidência na ocupação territorial
do sector de Administração Pública e Privado, bem como, a Situação
Cadastral da Área de Intervenção onde deverá ser assegurada a sua
necessária compatibilização e espacialização.

Os Instrumentos de planeamento e ordenamento territorial estruturam-se do


seguinte modo1:

1. Instrumentos de Nível Nacional:

1.1 Programa Estratégico de Desenvolvimento Territorial (PEDT)

É o instrumento de gestão territorial de nível nacional, que define as perspetivas e


as diretrizes gerais que devem orientar o uso de todo o território nacional e as
prioridades das intervenções à escala nacional

No processo de elaboração do Programa Estratégico de Desenvolvimento Territorial


(PEDT) deverão tomar-se em consideração as potencialidades, diversidade, as
vantagens cooperativas e a vulnerabilidade do território e deve orientar a
transformação e a articulação do processo produtivo e a distribuição integrada da

1
In Lei de Ordenamento e Planeamento Territorial
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população no sentido de um desenvolvimento descentralizado, ambientalmente


sustentável, onde as cidades e as povoações em geral cumpram o seu papel como
dinamizadoras socioeconómicas capazes de oferecer melhores condições do habitat
para a população.

O Programa Estratégico de Desenvolvimento Territorial (PEDT) deve


necessariamente considerar as condições e dimensões de ordem internacional,
regional ou global, geográfica, estratégica, económica, geopolítica e social e mesmo
cultural.

1.2 Planos de Ordenamento do Território

É o instrumento de gestão territorial de nível nacional, que estabelece os parâmetros


e as condições de uso de zonas com continuidade espacial, ecológica e, ou
interprovincial. Nele é definido o esquema de organização espacial no território
nacional, identificando os recursos naturais e económicos relevantes; as áreas de
desenvolvimento prioritário e as redes urbanas, de equipamento e de infraestruturas
de escala nacional e internacional;

Estabelece o esquema de organização espacial no território nacional, identificando


os recursos naturais e económicos relevantes; as áreas de desenvolvimento
prioritário e as redes urbanas, de equipamento e de infraestruturas de escala
nacional e internacional;

Define as orientações, medidas e ações necessárias para a prossecução dos


objetivos de desenvolvimento territorial de interesse nacional.

1.3 Classificação dos Solos

É o instrumento de gestão territorial de nível nacional, de carácter informativo e


indicativo da utilização preferencial dos terrenos em função da sua aptidão natural e
da atividade dominante que neles se exerça ou que venha a ser exercida.

A classificação dos solos visa garantir o uso e aproveitamento correcto dos terrenos
e assegurar a preservação da estrutura ecológica do território garantindo a sua
sustentabilidade ambiental.

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A classificação dos solos, enquanto instrumento de gestão territorial, a nível


nacional, identifica, delimita e determina as parcelas do território nacional que sejam
objecto de preservação do património cultural de carácter histórico, monumental ou
paisagístico, e de reserva para o estabelecimento de redes nacionais de
acessibilidade, de infraestruturas e de equipamentos militares.

A classificação dos solos é o instrumento que determina o regime político-


administrativo de cada parcela do território em duas categorias fundamentais, a do
solo urbano e a do solo rural

2. Instrumentos de nível provincial

2.1 Plano Provincial de Desenvolvimento Territorial (PPDT):

É o instrumento de gestão territorial, de nível provincial, de âmbito provincial e


interprovincial que estabelece a estrutura o modelo de organização espacial do
território de uma ou mais províncias e define as orientações, medidas e ações
necessárias ao desenvolvimento territorial, assim como os princípios e critérios
específicos para a gestão e utilização do solo nas diferentes áreas, de acordo com as
estratégias e diretrizes estabelecidas a nível nacional;

Define as orientações, medidas e ações necessárias para a prossecução de objetivos


de desenvolvimento territorial de interesse provincial e nacional.

3. Instrumentos de nível distrital:

3.1 Plano Distrital de Uso da Terra (PDUT)

É o instrumento de gestão territorial, de nível distrital, e âmbito distrital e


interdistrital, que estabelece a estrutura da organização espacial do território de um
ou mais distritos, com base na identificação de áreas para os usos preferenciais e
define as normas e regras a observar na ocupação e uso do solo e a utilização dos
seus recursos naturais.

A elaboração dos instrumentos de gestão territorial para o nível distrital é de


carácter obrigatório.

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4. Instrumentos de nível autárquico:

A nível Municipal são estabelecidos os programas, planos e projectos de


desenvolvimento e o regime de uso do solo urbano de acordo com as leis vigentes.

São instrumentos de gestão territorial ao nível autárquico, será realizado com


recurso aos seguintes instrumentos:
1. Plano de Estrutura Urbana (PEU)
2. Planos Gerais e Parciais de Urbanização (PGU e PPU)
3. Planos de Pormenor (PP)

A elaboração dos instrumentos de gestão territorial para o nível autárquico é de


carácter obrigatório.

4.1 Planos de Estrutura Urbana (PEU)

É o instrumento de gestão territorial, de nível municipal, que estabelece a


organização espacial da totalidade do município, os parâmetros e as normas para a
sua utilização, tendo em conta a ocupação actual, as infraestruturas e os
equipamentos sociais existentes e a implantar na estrutura espacial regional.

Definem as normas e as regras a observar na ocupação e transformação do uso do


solo das diferentes áreas, as orientações, medidas e acções para a prossecução dos
objectivos de desenvolvimento territorial de interesse local, conciliando-as com as de
níveis superiores.

4.2 Planos Gerais e Parciais de Urbanização (PGG e PPU)

O Plano Geral e Parcial de Urbanização é o instrumento de gestão territorial, de nível


municipal, que estabelece a estrutura e qualifica o solo urbano, tendo em
consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, e define as
redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos

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sociais, com especial atenção às zonas de ocupação espontânea com base sócio-
espacial para a elaboração do plano.

4.3 Plano de Pormenor

O Plano de Pormenor é o instrumento de gestão territorial, de nível municipal, que


define com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área específica do centro
urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos do solo
e condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as características
das redes de infraestruturas e serviços, quer para novas áreas

III. PLANOS GERAIS E PARCIAIS DE URBANIZAÇÃO...

1. Caracterização dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização

1.1 Conteúdos
A intenção fundamental dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização é o de
estabelecer como a organização espacial do território municipal cumprirá
sua função social, de forma a garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada,
reconhecer a todos os cidadãos o direito à moradia e aos serviços urbanos.

Nesta perspetiva, os Planos Gerais e Parciais de Urbanização, não podem ser


somente um mero instrumento de controlo do uso do solo mas sim um instrumento
que introduz o desenvolvimento sustentável das cidades e vilas moçambicanas. Para
isso, por exemplo, são necessários que assegurem espaços adequados para a
provisão de novas habitações sociais que atendam a procura da população de
baixa renda; que prevejam condições atraentes para micro e pequenas empresas –
itens determinantes para que haja crescimento urbano equilibrado, para que se evite
ocupação irregular e informal do território do município.

Uma dificuldade comum à grande parte dos municípios residem na reduzida


capacidade de planeamento e gestão participativa territorial e urbana,
principalmente na questão do maneio, controle e ocupação do solo. Isto deve-se:

 À precariedade da estrutura dos Conselhos Municipais,

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 À reduzida capacidade técnica e à ausência de recursos financeiros das


mesmas.

Em diferentes graus, esta dificuldade, limita a elaboração e a implementação de


políticas urbanas socialmente justas, ambiental e culturalmente adequadas, tendo
como eixo fundamental a participação dos actores sociais/população. Este quadro se
agrava em face do actual padrão de Urbanização dominante nas cidades
moçambicanas, decorrente de exclusão social, económica, territorial e redução da
qualidade de vida da população.

Neste contexto, os Planos Gerais e Parciais de Urbanização constitui-se no


instrumento fundamental para expressão da função social da estrutura urbana. A
sua implementação deverá propiciar o fortalecimento institucional e o
desenvolvimento da capacidade de gestão dos municípios. Para tanto se faz
necessária a disponibilização de tecnologias de gestão participativa por meio das
Instituições de Ensino Superior Públicas ou Privadas, com atividades de pesquisa e
extensão universitária e sua apropriação pelos atores locais. Entretanto, para que
isso aconteça, os Planos Gerais e Parciais de Urbanização deverão ser amplamente
debatido pela população da área urbana abrangida em seu processo de
conceção, elaboração, execução, acompanhamento e avaliação, inaugurando um
planeamento municipal participativo permanente, como forma de garantir a sua
implementação e a gestão democrática da cidade, bem como capacitar o quadro
técnico local para o planeamento urbano e territorial. Além desses aspetos, os
planos de estrutura deverão contemplar as questões do território do município como
um todo, envolvendo suas áreas urbanas e rural, o interesse intermunicipal e/ou
regional, no sentido de promover e articular o planeamento, a execução dos serviços
urbanos de interesse comum, o desenvolvimento económico que promova a geração
de emprego e renda, a preservação do património cultural e ambiental de
importância municipal e regional.

Conceitos e Definições

Segundo o Regulamento da Lei de Ordenamento do Território, decreto n


23/2008 de 1 de Julho do Conselho de Ministros no seu artigo nº 4

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Princípios dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização

1. Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização são o instrumento básico da


política de desenvolvimento e expansão urbana, devendo ser aprovados
pela Assembleia Municipal e ser parte integrante de todo o processo de
planeamento municipal,

2. Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização são um instrumento que deve


integrar os factores políticos, sociais, económicos, financeiros,
culturais, ambientais, institucionais e territoriais que condicionam a
evolução urbana e contribuam para a ocupação do território, de forma
socialmente justa, ecológica e culturalmente equilibrada;

3. A concepção dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização está baseada em


um processo de construção colectiva, utilizando metodologias de
participação comunitário, respeitando as realidades físico-geográficas e
incluindo todos segmentos socioculturais do município. A participação da
população deve ocorrer de distintas maneiras, por meio de conselhos,
comités, grupos de trabalho temáticos, conferências, projectos de lei de
iniciativa popular, além de audiências públicas, debates, dentre outros, nos
bairros e outros locais do município;

4. As orientações, diretrizes e estratégias indicadas nos Planos Gerais e Parciais


de Urbanização são, ao mesmo tempo, resultado de uma construção
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acordada coletivamente, e base para o controle social sobre a acção do


poder público e da iniciativa privada no território municipal;

5. Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização deverão considerar todo o


território da área de intervenção definido pelo Município;

6. Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização devem definir os usos


adequados do solo municipal, para que ela cumpra sua função social e
propicie o uso e a identidade característicos do lugar;

7. Os municípios deverão, ainda, constituir seu sistema de planeamento e


gestão participativos, que além de gerar e disponibilizar informações
sobre o território municipal e o seu uso, atualizar seus cadastros,
conhecer a dinâmica do mercado imobiliário e aperfeiçoar seu sistema
tributário, de modo que se assegure a supremacia do interesse público em
detrimento dos interesses privados.

8. A conceção dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização) deve ser base para a
redução das disparidades sociais existentes, além da necessidade de
geração de ocupação e renda nos municípios.

1.4 Enquadramento legal dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização


A elaboração dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização, regem-se pelo disposto
na Lei de Ordenamento Territorial n.º 19/2007, de 18 de Julho de., e pelo
Regulamento da mesma Lei aprovada pelo Conselho de Ministros da Republica de
Moçambique. Vincula-se também ao disposto na Lei 11/97 de 31 de Maio artigo 24
nos 2,3 do Pacote autárquico e da Resolução n o 29 /AM/203 de Julho de 2003,
Capítulo III referente ao Planos de Desenvolvimento e domínio Público no seu artigo
12 número 1 alínea a) que confere as autarquias a competência de elaborar e
aprovar os planos de desenvolvimento da autarquia local, planos de ordenamento do
território ou dos planos de estrutura, gerais e parciais de urbanização e dos planos
de pormenor.

Objecto dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização

De acordo com o disposto no Artigo 10 da Lei do Planeamento e de


Ordenamento Territorial na sua alínea 5 ponto b, dos Planos de Urbanização terá
por objecto a concretização da proposta de organização espacial dentro dos limites
definidos para a área de Intervenção, concretizando as regras que estabelecem a
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estrutura e qualificam o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os


diversos usos e funções urbanas, e definem as redes de transporte, comunicações,
energia e saneamento, e os equipamentos sociais, com especial atenção às zonas de
ocupação espontânea como base sócio-espacial para a elaboração do plano;

Objectivos dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização

Segundo o Regulamento da Lei de Ordenamento Territorial no seu artigo 43,


constituem objectivos do Plano Parcial de Urbanização:

a) A materialização dos princípios e parâmetros definidos pelos Planos de


Estrutura Urbana, abrangendo escalas e domínios territoriais diversos;
b) A evolução demográfica da população da autarquia local e os modelos de
ocupação do espaço urbano correspondentes;
c) As reservas de espaço para uso público;
d) A dimensão e o esquema geométrico da subdivisão do solo urbano para os
diversos usos;
e) As áreas com valores paisagísticos excepcionais, ou que façam parte do
património cultural a conservar, e os princípios a observar para o
planeamento das áreas adjacentes cujo desenvolvimento possa afectar a
conservação daqueles valores;
f) As zonas urbanas a requalificarem, dentro do princípio do respeito pela
ocupação existente e da sua progressiva integração no tecido urbano
planificado com infraestruturas e serviços urbanos essenciais;
g) A estrutura viária geral e local, incluindo os princípios de separação de
sistemas de tráfego, onde e como aplicáveis;
h) A localização das vias-férreas, linhas de alta tensão, aquedutos, sistemas de
drenagem de águas superficiais e de águas usadas e de todo e qualquer
outro sistema ou infraestrutura para uso público e interesse colectivo;
i) A estrutura e os princípios específicos a usar para a progressiva
pedonalização do tecido urbano nos centros de actividade multifuncional e
nas zonas residenciais;
j) A definição das unidades espaciais que podem ou devem ser objecto de
planos de pormenor;
k) Os indicadores quantitativos e qualitativos e os parâmetros urbanísticos a
utilizar para cada uma das categorias de espaço urbano.

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2 Procedimentos para a Elaboração dos Planos Gerais e Parciais de


Urbanização

2.1 Iniciativa de Elaboração dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização

Artigo 39
(Competência)

1. Os Instrumentos de Ordenamento Territorial a nível autárquico já elaborados por iniciativa do Presidente da


Autarquia e aprovados pela respectiva Assembleia Autárquica

In Regulamento da Lei de Ordenamento do território

Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização, serão elaborados por iniciativa dos


Órgãos Executivos das Autarquias e aprovado pela Assembleia Autárquica, através
de deliberação. No exercício da elaboração dos instrumentos de gestão do território
poderão os órgãos autárquicos competentes ser coadjuvados pelo órgão que
superintende a atividade do ordenamento do território.

2.2 Deliberação de Elaboração dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização


O Órgão Executivo da Autarquia ou de vila delibera a elaboração dos Planos Gerais e
Parciais de Urbanização, definindo previamente a oportunidade, os prazos de
realização e os Termos de Referência

Termos de referência para elaboração de um Planos Gerais e Parciais de Urbanização) – conteúdo mínimo

 Enquadramento legal do plano;


 Definição do conteúdo material e documental do plano;
 Previsão das fases e prazos para a elaboração do plano;
 Definição das valências mínimas da equipa técnica do plano;
 Informação acerca da cartografia digital e dos dados de base disponíveis;
 Área territorial e população a abranger pelo plano;
 Enquadramento territorial da área de intervenção;
 Oportunidade da elaboração do plano e adequabilidade da estratégia de intervenção com os princípios da
disciplina urbanística e do ordenamento do território;
 Enquadramento nos instrumentos de gestão territorial, programas e projectos com incidência na zona de
intervenção;
 Inventariação das condicionantes legais que impendem sobre a área de intervenção do plano;
 Definição da base programática para o desenvolvimento da solução proposta.

A deliberação deve ser publicada em Boletim da República e divulgada na


comunicação social através de Aviso.

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É concedido um prazo para formulação de sugestões e apresentação de informações


pelos interessados. É nesta etapa que se procede ao Desencadeamento do
Processo de Elaboração, onde o órgão executivo da autarquia ou vila concerta
com os representantes dos diferentes interesses da comunidade escolhidos para o
efeito os objetivos gerais e específicos do Plano de Urbanização em elaboração

O Órgão Executivo de Autarquia ou de Vila comunica à entidade pública responsável


pelo Ordenamento do Território, a Direcção Provincial de Coordenação da Acão
Ambiental (DPCAA) no caso das cidades a deliberação, a quem envia os Termos de
Referência do Plano; o Órgão Executivo solicita à DPCAA a designação de um
técnico para o acompanhamento do plano e indica o interlocutor do Órgão
Executivo que assegurará a articulação com a DPCAA.

A elaboração dos instrumentos de gestão territorial ao nível autárquico obriga a


identificar e a ponderar, nos diversos âmbitos, os planos, programas e projectos
com incidência na área em causa, tendo em consideração não apenas os que já
existem, mas também os que se encontrem em preparação, de forma a assegurar
que sejam realizadas as necessárias compatibilizações.

2.3 Participação na Elaboração dos Planos Gerais e Parciais de


Urbanização
Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização:
 Devem ser elaborados e implementados com a participação efectiva de
todos os cidadãos.
 O processo deve ser conduzido pelo Poder Executivo, articulado com os
representantes do poder Legislativo e com a sociedade civil.
 É importante que todas as etapas dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização
sejam conduzidas, elaboradas e acompanhadas pelas equipes técnicas
do Conselho Municipal e por moradores do município.
 A participação da sociedade não deve estar limitada apenas à
solenidade de apresentação dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização, em
Audiência Pública.
Em função do tipo de plano, poderão ser identificados e mobilizados agentes
organizados segundo bases territoriais (associações de bairro, grupos de
quarteirões) ou bases sectoriais (associações de pescadores, culturais,
empresariais, religiosas, étnicas, ambientais, grupos de mães, etc.). O destaque para
grupos sociais específicos (mulheres, homens, crianças, adolescentes, idosos,
portadores de deficiência) poderá revelar temas e ações particulares a serem

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dirigidas a cada um e enquadráveis nos tipos de planos ou projetos em vista.

Artigo 41
(Audiência pública)

1. Durante o processo de elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial de nível autárquico, e


independentemente de outras técnicas de participação que possam vir a ser adoptadas, deverão ser
realizadas, pelo menos, duas audiências públicas para audição dos interessados, uma no princípio do
processo e outra antes da conclusão do mesmo.
2. A audição dos interessados será precedida da afixação de editais nos lugares de estilo e da publicação e
difusão de anúncios em dois jornais e estações de rádio de maior circulação ou escuta, sendo um de
âmbito nacional e outro âmbito local.
3. Entre a data da afixação dos editais e publicação dos anúncios e da realização da audição deverá
respeitar-se um prazo intercalar mínimo de quinze dias e máximo de trinta dias.
4. Por cada sessão, o órgão executivo da Autarquia Local mandará lavrar uma acta que, nos cinco dias
subsequentes, ficará à disposição dos interessados participantes para apreciação, complemento e
assinatura.

“In Regulamento da Lei de Ordenamento Territorial”

A participação e a integração, bem como a consulta à sociedade civil, aos agentes


económicos, aos empresários na altura da elaboração dos Planos de
Ordenamento Territorial aos mais diferentes níveis e especificamente dos Planos de
Urbanização, bem como na altura da implementação de Planos de Pormenores,
parece imprescindível. Esses agentes precisam do desenvolvimento da “urbe” para
alargar as suas atividades. Do seu lado, o Município precisa destes interlocutores
para integrar nos seus planos as componentes relativas ao desenvolvimento de
potenciais subaproveitados. Salienta-se aqui também a possibilidade de expressão
criada para a sociedade civil através do funcionamento da Assembleia Municipais.

Recomenda-se que os representantes do poder Legislativo participem desde


o início do processo de elaboração dos Planos Gerais e Parciais de Urbanização,
evitando alterações substanciais, radicalmente distintas da proposta construída pelo
processo participativo. Os vereadores podem colaborar muito também para dar boa
redação ao texto de lei. Esse cuidado é importante para facilitar a aplicação da lei e
a implantação das medidas previstas nos Planos Gerais e Parciais de Urbanização.

2.4 Responsabilidade na Elaboração dos Planos Gerais e Parciais de

Constituição e composição da comissão responsável

Constituição da comissão responsável pela elaboração de instrumentos de gestão territorial de nível


autárquico será efectuada pelo presidente do Órgão autárquico respectivo

A constituição da comissão referida devera assumir obrigatoriamente, natureza inter-disciplinar, incluindo,


para além de planeadores físicos, pelo menos um jurista, um sociólogo e um biólogo.
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Esta comissão poderá, consoante o grau de exigência do plano e da área geográfica de actuação, incluir
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funcionários dos diversos órgãos do Governo, consoante as respectivas área de especialização, e com
anuência dos respectivos superiores hierárquicos, os quais, para todos os efeitos, trabalharão em comissão
de serviço, pelo período estritamente necessário para a elaboração dos instrumentos referidos.

“In Regulamento da Lei do Ordenamento do Territorial”


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Urbanização

Para elaborar os Planos Gerais e Parciais de Urbanização, o Município de


coordenação, formada de técnicos de diversos sectores da administração
municipal. Se necessário, essa equipe poderá ser complementada com outros
profissionais especialistas, ou consultores, a serem contratados. Em todos
os casos, os contratos desses especialistas e consultores devem incluir cláusulas que
prevejam (i) a transferência eficaz de conhecimento e (ii) a efectiva capacitação da
equipe local que participe da elaboração dos Planos Gerais e Parciais de
Urbanização.

O conjunto de profissionais especialistas contratados, bem como os saberes e


competências profissionais exigidos deles, devem corresponder à capacidade da
estrutura permanente do município ao qual caberá implementar cada Plano Geral ou
Parcial de Urbanização

É importante envolver entidades profissionais de assistência técnica, especialmente


nos municípios onde haja programas públicos (de engenharia e da arquitectura,
da assistência jurídica e profissionais especializados na mobilização social,
dentre outros) e convocá-los para o trabalho participativo de elaborar os Planos
Gerais e Parciais de Urbanização. O trabalho começa pela equipa interna, em cada
Município. O primeiro passo é organizar as informações já disponíveis no Conselho
Municipal – legislação, estudos, dados, Plantas, relação de interlocutores potenciais.

Ao mesmo tempo, deve começar também o trabalho de sensibilizar e mobilizar a


sociedade civil – entidades, instituições, movimentos sociais e cidadãos em geral. Os
Planos Gerais e Parciais de Urbanização são realização coletiva e atividade
de participação.

2.5 Informação e Mobilização na Elaboração dos Planos Gerais e Parciais


de Urbanização

Para que todos entendam e possam interferir no processo, é fundamental que os


Planos Gerais e Parciais de Urbanização sejam elaborados em linguagem
acessível e clara, da discussão à redação final. Os Planos Gerais e Parciais de
Urbanização devem ser realizado num processo realmente participativo, em
discussão entre iguais e por decisões conscientes e esclarecidas. Deve ser um

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conjunto de regras simples, que todos entendam. Entender os Planos Gerais e


Parciais de Urbanização é condição essencial para saber defendê-lo e aplicá-lo.

Para que o processo de elaborar os Planos Gerais e Parciais de Urbanização seja


público e transparente é importante construir estratégias eficazes de
comunicação pública, de amplo alcance. Rádio, televisão, jornais, Internet,
teatro, carro de som são meios muito úteis para mobilizar os cidadãos e divulgar as
informações e propostas, na medida em que sejam sistematizadas nas diversas
etapas e eventos. É indispensável usar também, nessa divulgação, as redes sociais
estabelecidas na sociedade civil organizada – associação de moradores, entidades de
classe, ONG’s, entidades profissionais, sindicatos e instituições que tradicionalmente
falam diretamente aos cidadãos, como a igreja, a rede escolar, dentre outras. A
população deve saber onde encontrar documentos para consulta, em
prédios do Conselho Municipal e em outros pontos da cidade.

Continuação

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