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Originário da região sul do Piauí.

É um pássaro que, durante


as noites, solta um canto bem peculiar, como quem diz “haja
pau, haja pau!”. Conta-se que foi um rapaz, filho de uma viúva
rica dos sertões. Famoso amansador de bois. Numa manhã de
sexta-feira da paixão, contrariando o pedido de sua mãe, o
jovem foi ao campo com seu cavalo e cachorro de caça, atrás
A Mitologia Piaga é o conjunto de histórias e de boi. O jovem vaqueiro saiu dizendo: “-Vou e ninguém me
lendas sobre personagens fantásticos e encantados, empata. Vou, nem que haja pau!”. Lá se foi ele, correu atrás
cujas histórias são contadas na região do Piauí. São de um boi, que caiu no meio do campo. Quando o boi caiu, o
Deuses, heróis, assombrações, visagens e guardiões cavalo topou e caiu por cima dele e do cachorro, derrubando
dos locais sagrados desta terra. Habitam as matas, os também o rapaz. Todos morreram com pescoço quebrado e,
lagos, os rios, as montanhas e tantos outros locais durante a noite, um misterioso pássaro apareceu na fazenda,
repletos de mistério e magia. Neste pequeno livreto, cantando com voz rouca: “haja pau, haja pau”. Dizem que foi
o jovem que se encantou.
conheça alguns desses seres e divindades piagas.

Originário da região sul do Piauí. É um pássaro que, durante


as noites, solta um canto bem peculiar, como quem diz “haja
pau, haja pau!”. Conta-se que foi um rapaz, filho de uma viúva
rica dos sertões. Famoso amansador de bois. Numa manhã de
sexta-feira da paixão, contrariando o pedido de sua mãe, o
A Mitologia Piaga é o conjunto de histórias e jovem foi ao campo com seu cavalo e cachorro de caça, atrás
de boi. O jovem vaqueiro saiu dizendo: “-Vou e ninguém me
lendas sobre personagens fantásticos e encantados,
empata. Vou, nem que haja pau!”. Lá se foi ele, correu atrás
cujas histórias são contadas na região do Piauí. São
de um boi, que caiu no meio do campo. Quando o boi caiu, o
Deuses, heróis, assombrações, visagens e guardiões
cavalo topou e caiu por cima dele e do cachorro, derrubando
dos locais sagrados desta terra. Habitam as matas, os
também o rapaz. Todos morreram com pescoço quebrado e,
lagos, os rios, as montanhas e tantos outros locais
durante a noite, um misterioso pássaro apareceu na fazenda,
repletos de mistério e magia. Neste pequeno livreto,
cantando com voz rouca: “haja pau, haja pau”. Dizem que foi
conheça alguns desses seres e divindades piagas.
o jovem que se encantou.
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Mandi, também chamada de Mani, é a Deusa da Mandioca.
Criatura que habita as matas Mandi era uma jovem índia, de uma aldeia tupi. Nasceu com
piagas. Contam que solta gritos a pele clara e com os cabelos dourados. Era admirada e
capazes de deixar qualquer um querida por todos. Um dia, Mandi ficou doente e, mesmo
louco, espantando os animais e com os rituais de cura do pajé, não sobreviveu.
fazendo os caçadores se
Seus pais, muito tristes,
perderem. Por onde passa, deixa
enterraram Mandi dentro da Oca.
pegadas redondas, semelhantes ao
Depois de alguns dias regando o
fundo de uma garrafa.
local, surgiu uma planta, que foi
chamada de Mandioca. Mandi se
encantou e virou a guardiã da planta,
que hoje continua servindo para
extrair alimento. Toda plantação de
mandioca deve ser consagrada à
Mandi, para receber suas bênçãos.

Guardiã do olho d’água do riacho Pirapora, localizado no


Aparece na forma de um
município de Pedro II. Naquela região vivia uma jovem
negrinho com uma perna só,
chamada Helena, que saiu para coletar água no riacho.
com três dedos. Fuma
cachimbo e usa um gorro Ao ver um belo pássaro,
vermelho na cabeça. Por onde tentou pegá-lo, mas se
passa, solta um cheiro de desequilibrou e caiu,
enxofre. Faz traquinagens e batendo a cabeça numa
seus locais prediletos são os pedra. Helena então, se
brejos e bambuzais. encantou, transformando-
se em uma ninfa das águas.

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Mito originário da região de Picos. Trata-se de uma porca Um tatu cantador, que
horrivelmente assustadora, que aparecia cantando aos que andava em pé sob as duas
transitavam pelos morros daquela região. Além de cantar, a patas traseiras. Aparecia
porca fazia acenos com as mãos, como se mandasse beijos para nos municípios do
a pessoa. Na década de 30, uma famosa marchinha semiárido piauiense,
carnavalesca chamada “Jaú” se popularizou pelo Brasil. No especialmente em Picos,
interior do Piauí, a letra da marchinha começou a ser Jaicós, Fronteiras, Pio IX,
deturpada com palavras obscenas e muitos acreditavam que a Paulistana, Simplício
palavra Jaú significava “demônio”. Muitas beatas diziam que Mendes e outros. Sempre
não se devia cantar aquela marchinha, pois era um chamamento surgia dançando e cantando
do demônio. Daí, diziam que quem cantasse iria ver a porca Jaú, o verso:
mais cedo ou mais tarde, cantarolando e assombrando: “Cadê o peba, João? Tá no buraco. Tá no de cima, tá no de
“Mamãe, que é de Jaú? Jaú foi passear. Os passeios de Jaú baixo. Cadê o peba, João? Tá no buraco, gente. Tá no de trás,
vão fazer mamãe chorar...” tá no da frente. Compadre Peba, por ser muito dançador,
Entrou na sala de dança, pisou na rola quebrou.”

Mito cujos relatos foram comuns entre


1956 e 1957. Foi avistado pelos
arredores do bairro Vermelha, em
Teresina. Bicho feio e peludo, como um
carneiro grande, com cara de lobo. A
noite, aparecia correndo atrás das
pessoas. Conta-se que acompanhava a
vítima até a casa dela, sempre
repetindo a frase: “morou, tá na boca!”.
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A palavra Zumbi vem de Angola e
Mito originário de Teresina, cujos relatos tem início no fim
significa “Alma”. O Zumbi de
da década de trinta. Era uma porca enorme, que aparecia
caboclo é gerado a partir de um
velho índio que sofre uma durante a madrugada vagando pelos subúrbios. Tinha tetas
transmutação. Quando um índio tão grandes que arrastavam no chão, uma tromba espichada
morre com mais de cem anos, e um dente de ouro saindo da boca.
pode se tornar um zumbi depois A porca era, na verdade, uma
de sete luas cheias e sete luas moça muito namoradeira que
novas. Três dias após a última lua se encantou após se revoltar
nova, seu corpo desperta e pode e dar uma mordida em sua
ficar vagando pela mata. própria mãe. Depois de
Algumas versões contam que não morder a mãe, a moça ficou
é preciso viver mais de cem anos, com remorso e passou a viver
basta que seja um pajé.
trancada no quarto. Quando
anoitecia, ela pulava a janela
e sofria a transformação.

Visagem que aparecia


Entidade encantada que aparece na
nas regiões das grandes
região sul do Piauí, pelas matas do
fazendas do Piauí. Aos
viajantes solitários da município de Ribeiro Gonçalves. Os
madrugada, aparecia na relatos sobre ele iniciaram em 1960,
estrada, com seu único quando caçadores da região avistaram
peito à mostra. Pulava um veado catingueiro, falante e
sobre a vítima e cantador. Aparece em pé, apoiado nas
obrigava ela a beber duas patas traseiras, cantando
seu leite, se “baião” diante dos caçadores. Antes
vangloriando da fartura de sumir no mato, canta feito gente.
das fazendas.

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Também chamada de Miota. É
Aparece aos viajantes uma assombração que aparece
noturnos, sempre com vagando durante a noite, pelas
um jumento ou com ruas de Teresina. Possui
uma carroça parada olheiras profundas e seu longo
no meio da estrada. vestido arrasta no chão.
Semelhante a um Quando via um homem, logo
camponês, de pé pedia um cigarro e, quando o
rachado e chapéu de desavisado entregava, ela se
palha, ele pede ajuda esticava e crescia até a altura
para colocar suas do poste, quando então acendia
malas na carroça. seu cigarro. Quando alguém
Aí a pessoa curiosa com o enorme peso das bagagens, perguntava: “O que é isso?
pergunta o que tem na mala. O camponês responde: “- Numa Quem é você?”, ela respondia
mala tem pé de anjo, na outra tem o puro suco de uva roxa”. lentamente, desaparecendo aos
Depois de responder, desaparecia com carroça e tudo mais. poucos: “Não-se-pode, não-se-
pode, não-se-pode!”.

Criatura semelhante a um homem Habita regiões de matas e aparece


bem alto, mas com cabeça peluda e aos caçadores, especialmente no
fuça espichada como a de um lobo. centro das chapadas. É um pinto
Tem o pescoço comprido e apenas gigantesco, com o pescoço pelado
um grande olho no meio da testa. como o de um avestruz. Seu bico mais
Anda pelas estradas desertas parece uma boca e seus olhos são
durante a madrugada, às vezes enormes. Costuma correr atrás da
soltando gritos tenebrosos. pessoas para quem aparece,
assombrando até que saia da mata.

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