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Níveis de cirurgia:

A cirurgia nível I não necessita pessoal especializado (exceto o cirurgião), não requer
anestesiologista (a anestesia local é realizada pelo próprio cirurgião) e o paciente
permanece dentro do centro cirúrgico apenas o tempo necessário para a operação,
recomendações e prescrição pós-operatórias. Para vários procedimentos, o cirurgião não
necessita de auxiliar (como na drenagem de abscesso, cauterização de verruga vulgar,
exérese de pequenas lesões etc.).
Na cirurgia nível II, o procedimento anestésico, por apresentar maior grau de
complexidade (sedação, bloqueios de membro, peridural ou raquianestesia e anestesia
geral), deve ser realizado pelo anestesiologista. Não requer internação hospitalar, pois
não demanda cuidados especiais no pós-operatório (como a imobilização, jejum
prolongado e hidratação venosa, cuidados com sondas, drenos ou cateteres etc.). O
centro para cirurgia nível II deve contar com sala para recuperação pós-anestésica, onde
o paciente permanecerá em observação por algumas horas, até que tenha condições para
receber alta para o domicílio.
Nas cirurgias níveis III e IV, há necessidade de cuidados especiais no pós-operatório
que demandam internação do paciente. O que diferencia as cirurgias nível III daquelas
de nível IV são, dentre outros: tempo de internação hospitalar, complexidade do
procedimento, necessidade ou não de equipe multidisciplinar e de cuidados intensivos
pós-operatórios.
Cirurgia ambulatorial compreende todos os procedimentos níveis I e II,
independentemente do profissional que a realiza (cirurgião geral, pediátrico ou plástico,
urologista, otorrinolaringologista, endoscopista, ginecologista, oftalmologista,
dermatologista, ortopedista etc.), e sob qualquer tipo de anestesia (desde anestesia local
até anestesia geral).
Critérios de estratificação:
Pessoal, anestesia, material e equipamento, sala de operações e hospitalização
Classificação de porte:
A cirurgia ambulatorial de pequeno porte é aquela realizada geralmente sob anestesia
local, com alta do paciente imediatamente após o procedimento. Incluem as operações
feitas no consultório ou ambulatório (exérese de lesões de pele, postectomia, vasectomia
etc.). A cirurgia ambulatorial de grande porte demanda técnica anestésica mais
complexa, realizada pelo anestesiologista, sendo necessário período de monitoração
durante a recuperação pós-operatória e ambiente apropriado (herniorrafia umbilical,
papilotomia endoscópica, colecistectomia laparoscópica etc.)
Candidatos a cirurgia ambulatorial:
São candidatos à intervenção cirúrgica ambulatorial: pacientes hígidos ou com
distúrbios sistêmicos leves, decorrentes de doenças crônicas; pacientes que serão
submetidos a procedimentos cirúrgicos que não necessitem de cuidados especiais no
pós-operatório; e quando há garantia de acompanhante adulto, lúcido e previamente
identificado.
A maioria dos pacientes submetidos a cirurgia ambulatorial deve pertencer às classes I e
II do escore da American Society of Anesthesiology (ASA): pacientes classificados
como ASA I não apresentam alterações orgânicas, fisiológicas, bioquímicas ou
psiquiátricas, enquanto pacientes avaliados como ASA II apresentam afecções
sistêmicas pouco relevantes e facilmente corrigíveis. Pacientes classificados como ASA
III devem ser, preferencialmente, operados em regime de internação por apresentarem
afecções sistêmicas relevantes, mesmo que controladas clinicamente. Eventualmente, se
reunirem condições para serem tratados em regime ambulatorial, o procedimento deve
ser feito em unidade integrada a hospital geral.
Instalações:
 Unidade ambulatorial tipo I: consultório médico que, mediante adaptação,
possibilita a realização de procedimentos cirúrgicos de pequeno porte, sob anestesia
local;
 Unidade ambulatorial tipo II: ambulatórios isolados, centros de saúde e unidades
básicas de saúde onde é possível a realização de procedimentos de pequeno e de
grande porte, com anestesia local ou bloqueio locorregional (com ou sem sedação).
Além das salas com as devidas especificações, a unidade de saúde deve contar com
sala para recuperação e observação pós-operatória do paciente;
 Unidade ambulatorial tipo III: estabelecimento de saúde que, anexado a um hospital
geral, permite a realização de procedimentos cirúrgicos ambulatoriais de grande
porte, em salas cirúrgicas próprias ou dentro de centro cirúrgico, mediante apoio de
sua infraestrutura (serviço de nutrição e dietética, centro de esterilização de material,
lavanderia, rouparia, almoxarifado, centrais de gases, de vácuo, de ar comprimido e
de ar condicionado, sistema de coleta e processamento de lixo etc.)
Legislação para cirurgias ambulatoriais:

Resolução nº 1.363/93 do Conselho Federal de Medicina, devem apresentar condições


mínimas de segurança para as práticas cirúrgicas e anestésicas e garantia de suporte
hospitalar 24h, para assistência após a alta ou para complicações que demandem
internação, seja em estrutura própria ou por convênio com outra instituição.

RDC nº 050, de 21 de fevereiro de 2002, regulamentada pela ANVISA


Atribuições físico-funcionais do centro cirúrgico ambulatorial:
Ser capaz de recepcionar ou, quando indicado, de transferir pacientes; garantir
assistência alimentar do paciente e do acompanhante enquanto se encontram dentro da
instituição; garantir o controle ambiental de infecções; assegurar a execução dos
procedimentos cirúrgico-anestésicos que são mais bem indicados; dispor de
anestesiologista para procedimentos específicos; ser capaz de executar, em situações de
emergência, os procedimentos que são realizados de rotina; proporcionar cuidados pós-
operatórios; garantir o apoio ao diagnóstico; e retirar ou manter órgãos para transplante.
Estrutura mínima:
Determina que a estrutura mínima necessária para o funcionamento de um centro de
cirurgia ambulatorial deve contar com: acesso restrito de pessoal; espaço físico vedado e
não transitável; área de recepção de paciente; sala de guarda e preparo de substâncias
controladas e anestésicas, com acesso de pessoal limitado; área de escovação (que será
abordada mais adiante neste capítulo); uma ou mais salas destinadas especificamente
para os procedimentos cirúrgicos, cada uma com, no mínimo, 20 m 2, dimensão mínima
de 3,5m e pé-direito mínimo de 2,7 m (cada sala poderá conter apenas uma mesa
cirúrgica); sala de utilidades; banheiro com vestiário (no mínimo um); depósito para
equipamentos e materiais (com acessos interno e externo ao centro cirúrgico
independentes); sala de preparo de equipamentos e materiais (quando o centro cirúrgico
ambulatorial não for anexo a bloco cirúrgico de hospital geral) e vias de circulação
interna independentes para pessoal, suprimentos e resíduos.
Equipamentos:
Material completo necessário para ressuscitação cardiopulmonar, todo o equipamento e
medicação necessários devem estar acondicionados em mesa móvel, monitor cardíaco,
desfibrilador, marca-passo e eletrocardiógrafo.
Material para assistência ventilatória (unidade ventilatória, laringoscópios, tubos
orotraqueais e cânulas de traqueostomia em diferentes numerações etc.); Material para
punção ou dissecção venosa (jelcos, agulhas, seringas, cateteres de acesso venoso
periférico ou central e instrumental cirúrgico delicado);
Medicação apropriada (lidocaína, adrenalina, noradrenalina, atropina, dopa e
dobutamina, digital, morfina, bloqueador neuromuscular, benzodiazepínicos, soluções
hidroeletrolíticas nas diversas apresentações, bicarbonato de sódio etc.)
Cada conjunto de instrumental para cirurgia nível I de superfície deve conter:
Pinça de antissepsia tipo Foerster, de 20 cm;
Duas ou mais pinças de campo tipo Backhaus de 8 cm (para procedimentos que utilizem
campos cirúrgicos avulsos ou que demandem o uso de caneta de eletrocautério ou
mangueira de silicone para aspirador a vácuo);
Cabo de bisturi no 3 e lâminas descartáveis 15 e 11;
Tesouras de Metzenbaum curva e de Mayo reta, de 14 cm. As melhores apresentam a
superfície cortante de carbeto de tungstênio (widia);
Pinças de Adson e de dente-de-rato de 12 cm;
Pinças hemostáticas de Halstead retas e curvas, tipo mosquito, de 12 cm (mínimo dois
pares);
Porta-agulha de Derf, 12 cm, com mordentes de 3.600 dentes por polegada quadrada,
preferencialmente de carbeto de tungstênio (para fios com força tênsil igual ou inferior a
5-0). Porta-agulha de Mayo-Hegar, de 15 cm, com mordentes de 2.500 dentes por
polegada quadrada (para fios com força tênsil igual ou superior a 4-0);
Um par de afastadores de Farabeuf estreitos, de 10 cm ou um par de afastadores de
Senn;
Campo cirúrgico fenestrado de 80 × 80 cm2 campos cirúrgicos avulsos de 60 × 60 cm2

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