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TEMA I: ASPECTOS BÁSICOS DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

MÉDICO-CIRÚRGICA.

As cirurgias. Aspectos históricos

Uma breve revisão histórica do século XX, sobre os cuidados de enfermagem ao paciente

cirúrgico, identifica 4 períodos importantes, sofrendo mudanças basicamente a cada 20 anos.

 De 1900 a 1919, a preparação do paciente para cirurgia se dava principalmente em sua


casa;

 Entre 1920 e 1939, os médicos afiliaram-se aos hospitais, e inicia-se um modelo


mínimo de preparo pré-operatório do paciente em ambulatório;

 De 1940 a 1959 ocorrem muitas descobertas científicas, os cuidados de enfermagem


ao paciente cirúrgico tornaram-se mais complexos;

 De 1960 a 1979, a pesquisa em enfermagem foi enfatizada.

As primeiras pesquisas abordavam a necessidade do preparo pré-operatório ea recuperação


pós-operatória.

O período atual é marcado por imensos desafios para a enfermagem do centro cirúrgico. A
dificuldade da incorporação de novas tecnologias e a velocidade das mudanças que interferem
diretamente na prática da assistência Peri operatória. As modificações atingem desde os
procedimentos básicos como a paramentação e degermação até a organização dos serviços
para um atendimento mais eficiente, seguro e adequado ao paciente cirúrgico.

O perfil da enfermeira peri operatória dteste milênio salienta a importância da diminuição do


stress do trabalho adotando vários suportes para o desempenho de seu papel. Dentre eles:
coerência, comunicação, adaptação, experiência profissional, destreza, responsabilidade
profissional, planos de melhorias para o futuro, aprimoramento do conhecimento de
enfermeiros e equipe multidisciplinar e utilização da informática. Esses suportes auxiliarão a
enfermeira a desenvolver-se nos campos político e técnico.

Conceito de Enfermagem Cirúrgica:

É uma especialidade que tem como objeto o cuidado ao indivíduo submetido a um tratamento
cirúrgico.

Objetivo de Enfermagem Cirúrgica:

A enfermagem cirúrgica tem como objetivo o cuidado ao paciente submetido a um tratamento


cirúrgico, no hospital a enfermagem cirúrgica mantém relações estreitas com o paciente e
seus familiares e junto com outros profissionais como o cirurgião, a nutricionista, o
fisioterapeuta, psicólogo e outros, seu principal papel é atuar ao lado de profissionais e

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auxiliar em tudo o que for preciso, sabendo que um hospital tem um ambiente complexo e
exaustivo essa relação muitas vezes são prejudicadas pelo excesso de trabalho, por isso um
bom posicionamento perante o seu trabalho é essencial.

ESTRUTURA DO CENTRO CIRÚRGICO (CC)

O centro cirúrgico é o conjunto de áreas e instalações que permitem efetuar a cirurgia nas
melhores condições de segurança para o paciente, e de conforto para a equipe de saúde.

O Centro-cirúrgico pode ser considerado uma das unidades mais complexas do hospital, pela
constante presença de agente Estressores, devido às possibilidades de risco à saúde que os
pacientes estão sujeitos ao serem submetidos à intervenção cirúrgica. Trata-se de um setor de
alto custo, tanto pela construção, que deve ser executada de acordo com normas técnicas e
assépticas. Nele são realizadas técnicas estéreis para garantir a segurança do cliente quanto ao
controle de infecção.

No contexto hospitalar é o setor mais importante pela decisiva ação curativa da cirurgia,
exigindo, assim detalhes minuciosos em sua construção para assegurar a execução de técnicas
assépticas, instalação de equipamentos específicos que facilitem o ato cirúrgico. Esta unidade
assistencial possui um espaço físico especializado, com acesso acorde com seu risco, salas
individualizadas para a realização de cirurgias, devendo atender à legislação sanitária vigente.

Trata-se de ambiente peculiar dentro do complexo hospitalar, não só por sua especificidade,
mas também por ser um espaço isolado, fechado.

Finalidade do centro cirúrgico

1. Realizar procedimentos cirúrgicos e devolver os pacientes às suas unidades de origem


nas melhores condições possíveis de integridade;

2. Servir de campo de estágio para a formação, treinamento e desenvolvimento de


recursos humanos;

3. Servir de local para desenvolver programas e projetos de pesquisa voltados para o


desenvolvimento científico e especialmente para o aprimoramento de novas técnicas
cirúrgicas e assépticas.

O centro cirúrgico deve estar localizado em:

1. Área de fácil acesso para pacientes críticos e próximo às áreas de suporte.

(unidades de internação cirúrgica, pronto socorro e UTI).

2. Local de pouco ruído para reduzir os estímulos sonoros que possam interferir na
concentração da equipe cirúrgica e desencadear estresse do paciente;

3. Área do hospital que ofereça a segurança necessária às técnicas assépticas, portanto


distante de locais de grande circulação de pessoas, de ruído e de poeira.

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O principal e mais importante aspecto físico a ser considerado na localização do C.C não é o
seu local, e sim, a circulação geral interna, que deve ser livre para pessoas internas e
totalmente bloqueada para pessoal de fora.

O acesso ao C.C deve estar interligado de acordo com os profissionais que fazem parte dele:

a. Pacientes: deve ter acesso pela porta/ entrada principal.

b. Pessoal/equipe: deve ter acesso pela entrada dos vestuários que devem estar
interligadas ao C.C.

c. Serviço de apoio: devem ter entradas auxiliares para roupas limpas, roupas sujas,
equipamentos, exames, material contaminados.

É de extrema importância que o fluxo interno seja perfeito, evitando que “cruze” material e/
ou roupas.

Um Centro Cirúrgico deve dispor das seguintes dependências:

1. Vestiários masculinos e femininos: Devem oferecer acesso externo ( por fora das
instalações do Centro Cirúrgico) e interno ( pelo corredor cirúrgico). É importante que
eles disponham de sanitários e chuveiros ( para uso das equipes) e armários ( para a
guarda de uniformes, roupas e outros pertences).

2. Posto de enfermagem: Local destinado à chefia e à secretaria, que exercem o controle


administrativo da unidade.

3. Copa: Área reservada ao pessoal do centro cirúrgico, para lanches rápidos.

4. Sala de estar: Deve ficar localizada próximo aos vestiários e à copa, sempre que
possível, servindo de área de descanso para a equipe do centro cirúrgico.

5. Área de baldeação ou troca-macas: Localizada à entrada do Centro Cirúrgico, onde se


dá a transferência do paciente da maca em que veio para a maca privativa do centro.

6. Sala de material cirúrgico ou de estocagem de material esterilizado: Destina-se à


recepção, guarda e redistribuição de todo o material limpo e esterilizado a ser usado no
Centro Cirúrgico.

7. Lavabos: Destinados à lavagem e antissepsia das mãos e antebraços, antes da


operação. Por isso, devem ser equipados com recipientes para Antissépticos e torneiras
que possam ser manobradas sem o uso das mãos.

8. Sala de expurgo: Local equipado com tanque para o despejo de sangue, secreções e
outros líquidos provenientes da operação. Na sala de expurgo também de depositam,
inicialmente, instrumentos, roupas usadas e outros materiais, para posterior lavagem.
É considerada, portanto, área suja.

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9. Sala de material de limpeza: Área para a reserva de materiais e de utensílios usados na
limpeza do Centro Cirúrgico.

10. Sala guarde equipamentos: área usada para guardar aparelhos como os de anestesia,
bisturi elétrico, aspiradores, focos portáteis, suportes de soro, mesas auxiliares e
materiais que, eventualmente, não estejam em uso. O aparelho de raio X móvel poderá
também ser guardado nessa sala, caso não haja local específico para ele.

11. Rouparia: Local destinado à guarda da roupa limpa não-estéril. Muitas vezes é
representada apenas por um armário.

12. Sala de guarda de materiais estéreis e descartáveis: Local onde se armazenam


materiais descartáveis como seringas e agulhas, equipos de soro, fios de sutura, frasco
de soro, entre outros. Modelo atualizado de farmácia satélite.

13. Área para a reserva de materiais e de utensílios usados na limpeza do Centro


Cirúrgico.

Elementos de apoio técnico ADM: O Centro-cirúrgico conta com o apoio imprescindível de


alguns setores ligados direta ou indiretamente a ele e que deve estar prontamente preparado
para atendê-lo para seu funcionamento, tais como: banco de sangue, raio-x, laboratório e
anatomia patológica, serviço de engenharia clínica e de manutenção, farmácia, segurança e
secretaria, e agendamento.

A Unidade deve ser composta pela:

1. Recepção Pré-Operatória (RPO),

2. Sala de Operação (SO);

3. Recuperação Pós-Anestésica (RPA).

A Recepção Pré-Operatória (RPO) é a área de recepção dos clientes há um sistema de


comunicação entre o meio interno e externo à unidade. Nela, são prestados os cuidados ao
cliente pela equipe de enfermagem que avalia suas necessidades física, emocional e de
segurança, local onde o cliente permanece até ser transportado para a SO. Na sala de operação
atuam as equipes de anestesia, de cirurgia e de enfermagem, oferecendo e assegurando
condições técnicas e seguras para que a intervenção cirúrgica aconteça.

A Recuperação Pós-Anestésica (RPA) é uma área destinada à recuperação do clienteapós o


término do ato cirúrgico. Neste setor, a equipe de saúde que cuidado cliente é composta por
anestesistas e profissionais de enfermagem, que verificam seus reflexos e sinais vitais até que
voltem aos padrões normais e seja recuperada a consciência. Além disso, atende às
necessidades de segurança e de saúde do cliente, sendo provida de recursos materiais,
ambientais e humanos. Esses profissionais possuem treinamento específico para assistência
peri operatória, devido à incidência de complicações anestésicas ou pós-anestésicas imediatas.

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Existem três zonas que compõem o centro cirúrgico; são assim divididas de modo a diminuir
a movimentação de profissionais e de materiais. Essas áreas são classificadas pela Associação
Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (Association of Operative

Registered Nurses – AORN, 2004) em:

 Não-restrita ou irrestrita (proteção): as áreas de circulação livre (vestiários, corredor de


entrada e sala de espera de acompanhantes).

 Semi-restritas (limpa): pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos,


sem, contudo, provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia
(salas de guarda de material, administrativa, copa e expurgo)

 Restrita (estéril): o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação
(SO); para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e
materiais.

Na zona de proteção localizam-se os vestiários masculinos e femininos, onde os funcionários


trocam o vestuário pessoal pelo uniforme privativo do Centro Cirúrgico.

Na zona estérilé necessário, além da túnica, o uso de máscara de proteção pelos profissionais,
paramentação cirúrgica para o cirurgião responsável e instrumentador e material esterilizado.

Três equipes prestam assistência ao cliente no centro cirúrgico, visando à segurança

deste e a eficiência do processo anestésico-cirúrgico:

1. Anestesia - composta pelos médicos-anestesistas;

2. Cirurgia - cirurgiões, assistentes e instrumentador (que pode ou não ser médico);

3. Enfermagem - composta pela enfermeira, técnica de enfermagem e auxiliar de enfermagem.

Estas três equipes prestam assistência direta através de um trabalho harmonioso, visando a
segurança do paciente e à eficiência do ato cirúrgico.

1. ANESTESISTA: é de sua responsabilidade prescrever a medicação pré-anestésica,


planejar e executar a anestesia, bem como controlar o paciente no trans e pós-operatório,
até o restabelecimento de seus reflexos.

2. CIRURGIÃO: é da sua competência planejar e executar o ato cirúrgico, comandar e


manter a ordem no campo operatório.

1º ASSISTENTE: é sua função auxiliar no campo operatório e se necessário, substituir o


cirurgião

INSTRUMENTADOR: é o integrante da equipe que se responsabiliza pelo preparo da mesa,


fornece instrumentais ao cirurgião e assistente, mantém a mesa em ordem desde o início até o
término da cirurgia.
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3. EMFERMEIRA: é o profissional habilitado para coordenar o desenvolvimento do ato
anestésico cirúrgico em todas as suas etapas. Pode ser o chefe do setor, o supervisor
dependendo da organização estrutural adotada.

TECNICO DE ENFERMAGEM: é o profissional habilitado para exercer a maioria das


atividades de enfermagem no Centro Cirúrgico como cuidado direto ao paciente, sendo
subordinado ao enfermeiro. Auxiliar a enfermeira caso seja necessário;

AUXILIAR DE ENFERMAGEM: Exercer a função de circulante de sala e outras que foram


delegadas pela enfermeira. Revisar e repor diariamente o material da sala cirúrgica.

O circulante de sala deve estar escalado previamente pela enfermeira responsável pelo setor,
preferencialmente anotado na agenda diária do centro cirúrgico, para que todos tenham
conhecimentos da pessoa que será o “apoio”, a “referência”, durante todo o ato cirúrgico. O
mesmo acontece com o auxiliar do anestesista, e um ponto importante para ambas equipes, é
que todos tenham afinidades entre si, evitando o estresse entre as equipes.

A previsão de pessoal depende do tipo de hospital, número de leitos cirúrgicos, período de


funcionalidade e rotatividade de leitos. A chefia e supervisão da Unidade devem estar sob o
encargo da enfermeira. As atividades médicas são coordenadas pelo chefe da equipe médica.

As atividades inerentes à atuação do enfermeiro no Centro Cirúrgico podem ser distribuídas


em quatro papéis, que, a rigor, não diferem daquelas desenvolvidas em outros setores ou
unidades de saúde:

1. Administrativo,

2. Assistencial,

3. Ensino

4. Pesquisa.

O papel administrativo diz respeito ao:

a. Planejamento - (integrante de todas as fases),

b. Organização - (previsão, provisão, distribuição dos recursos humanos e materiais),

c. Liderança – (dirigir atividades da equipe de enfermagem; colaborar - nas atividades


interdepartamentais e delegar atividades)

d. Controle (avaliação e controle sistemático de materiais, procedimentos cirúrgicos e


pessoais).

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TEMA II: TERMINOLOGIA CIRÚRGICA

Terminologia cirúrgica.

Terminologia é o conjunto de termos de uma ciência ou arte.

Na especialidade cirúrgica, há termos específicos indicadores dos mais diversos atos inerentes
a essa especialidade, portanto podemos conceituar terminologia cirúrgica como um conjunto
de termos que designam a terminologia técnica usualmente utilizada pelos profissionais de
saúde na Cirurgia.

Etimologicamente, os termos são compostos de raiz que é considerada a parte básica da


estrutura da palavra, e pelos sufixos e prefixos, acrescidos, respectivamente, antes ou após a
raiz.

A raiz representa o segmento anatômico relacionado com a intervenção cirúrgica, e o sufixo,


a parte do termo que determina o diagnóstico e o tratamento cirúrgico a ser realizado.

Principais terminologias cirúrgicas

Prefixos

 Angio= vaso

 Adrenal= glândula supra-renal

 Adeno= glândula

 Acro= extremidade

 Artério= artéria

 Artro= articulação

 Asteno= fraqueza

 Blefar= pálpebra

Terminologias diversas

 Aderência= acabamento anormal de órgãos próximos geralmente resultantes de


inflamações, brida.

 Amputação= eliminação de um membro necrosado ou um segmento do mesmo.

 Anastomose= conexão entre dois órgãos tubulares como alças intestinais ou vasos.

 Aneurisma= dilatação da parede de vasos


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 Artrodese= imobilização de articulações

 Aponcuroseou aponevrose= membrana fibrosa branca resistente que envolve os


músculos ou fáscia.

 Biópsia= extração de parte dos tecidos vivos para exame microscópico com finalidade
diagnóstica.

 Cauterização= destruição dos tecidos por cáustico ou bisturi elétrico.

 Cerclagem= é a ligadura do colo do útero no início da gravidez para conduzi-la a


termo.

 Curetagem= é a raspagem da cavidade uterina para coleta de material.

 Dissecção= isolamento de um órgão ou estrutura através de uma cirurgia.

 Divertículo= apêndice oco em forma de bolsa ou saco, de uma cavidade ou tubo


principal.

 Exerese= retirada de um órgão, tecido ou tumor.

 Enucleação= retirada de um tumor ou órgão com seus envoltórios.

 Episiotomia= incisão perineal destinado a evitar a ruptura do períneo durante o parto.

 Episiorrafia= sutura de episiotomia.

 Evisceração= exteriorização das alças intestinais através de parede abdominal.

 Exodontia= extração dentária.

 Exostose de pé= retirada de saliência óssea acumulada nos ossos do pé.

 Facectomia= retirada cristalino.

 Fibrose= formação de tecido fibroso.

 Fístula= orifício quase sempre sinuoso, que põe em comunicação parte de órgão com a
superfície cutânea ou mucosa.

 Hemostasia= é o processo pelo qual se impede, detém ou previne o sangramento. É a


parada do fluxo sanguíneo quando este extravasa fora do vaso.

 Incisão= corte, abertura.

 Laqueadura= cirurgia de esterilização feminina.

 Litíase= presença de cálculos (pedras).

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 Paracentese= punção de cavidade natural para retirada de líquido.

 Prolapso= queda de um órgão.

 Postectomia= retirada ou excesso de prepúcio (cirurgia de fimose)

 Resseção= operação em que é removida uma secção ou segmento de um órgão.

 Trepanação= abertura da calota craniana.

 Vasectomia= cirurgia de esterilização masculina.

 Hem= sangue

 Hepato= fígado

 Hetero= outros, diferentes

 Hístero= útero

 Hemorróidas= varizes no plexo hemorroidiário

 Íleo= a porção distal do intestino delgado

 Ilio= ílio

 Láparo= virilha, flanco, abdome, cavidade abdominal

 Laringo= laringe

 Lip= gordura, lipídeo

 Mama= seio

 Mielo= medula

 Nefro= rim

 Neuro= nervo

 Oofor= ovários

 Oftalmo= olhos

 Osforos= ovário

 Orquido= testículos

 Osqueo= escroto

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 Osteo= osso

 Oto= ouvido

 Orto= osso

 Procto= reto, ânus

 Prostatés= próstata

 Raqui= coluna vertebral

 Rino= nariz

 Salpingo= trompas

Sufixos

 Algo= dor

 Cele= tumor, hérnia

 Dese= fusão, ligação, imobilização.

 Centese= punção

 Ectomia= retirada, excisão.

 Estase= parada

 Estesia= relativo a sensibilidade

 Fago= ato de comer

 Ite= inflamação de

 Lise= dissolução, destruição.

 Lito= cálculo, pedra.

 Oma= tumor Ex: Hemangiona

 Penia= falta de Exemplo . Leucopenia , trombocitopenia

 Plastia= sutura, reconstituição, recuperação plástica, correção cirúrgica.

 Pnéia= respiração exemplo ; Disphea

 Rafia= sutura, costura, especialmente a que indica a junção de duas metades


simétricas.

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 Tomia= corte, abertura.

TEMA III: CIRURGÍA.

Conceito

Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformidade externa e/ou interna


com o objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um problema físico. É a parte do processo
terapêutico em que o cirurgião realiza uma intervenção manual ou instrumental no corpo do
paciente.

CLASSIFICAÇÃO DA CIRURGIA DE ACORDO COM NECESSIDADE OU


URGENCIA

1. Eletiva: quando há necessidade deintervenção cirúrgica, porém com uma programação


prévia. São cirurgias programadas com antecedência. Ha condições

do paciente realizar os exames e a rotina pré-operatória necessária.

Exemplo: cirurgias estéticas;

2. Urgência: quando precisa ocorrer em um prazo de 24 a 30 horas do prazo máximo de 48h.


A conduta pré-operatória será determinada por esse período de tempo. Exemplo:
apendicectomia não supurada;

3. Emergência: quando precisa ser realizada imediatamente por comportar risco de morte.
São cirurgias que deverão se realizar de imediato, sem a menor perda de tempo, pois
implicam em sério risco de sequelas ou vida para o paciente. Por exemplo: ferimento por
arma branca

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A FINALIDADE

1. Diagnóstica ou exploratória: para se visualizar as partes internas e/ou realizar biópsias


(laparotomia exploradora)

2. Reparadora: quando da reparação de múltiplos ferimentos (enxerto de pele)

3. Curativa: correção de alterações orgânicas (retirada da amígdala inflamada);

4. Reconstrutora ou cosmética: reconstituição (plástica para modelar o nariz, por exemplo)

5. Paliativa: corrigir algum problema, aliviando os sintomas da enfermidade, não havendo


cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal,
por exemplo).

CLASSIFICAÇÃO DA CIRURGIA POR POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO

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 Limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de
processo infeccioso local, sem penetração nos Tratos Digestório, respiratório ou
urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;

 Potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na


ausência de supuração local, com penetração nos tratos digestório, respiratório ou
urinário sem contaminação significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;

 Contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil


descontaminação, com processo inflamatório mas sem supuração. Exemplo: apendicite
supurada;

 Infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas


traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus.

Cirurgia Séptica

Conhecida também como cirurgia contaminada, pois hápresença de germes patogênicos,

caracterizados macroscopicamente por fezes, pus ou demais líquidos contaminados. Nesse


tipo de cirurgia, o risco de infecção é muito maior, porisso é necessária maior cautela com
todo o material.

Pode acontecer, ainda, uma cirurgia iniciada como asséptica tornar-se séptica, por
contaminação durante o ato cirúrgico. Exemplo: histerectomia com perfuração acidental de
alça intestinal.

CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA E CIRURGIA ABERTA

As cirurgias minimamente invasivas vêm cada vez mais tomando o lugar das cirurgias
invasivas ou abertas, em todas as especialidades cirúrgicas, inovando técnicas e
conhecimentos, bem como o cuidado ao paciente e o manuseio com equipamentos e
instrumentais.

Cirurgia minimamente invasiva

1. Ambulatorial ou curta permanência no hospital;

2. Recuperação pós-operatória breve;

3. Redução da dor pós-operatória, redução da necessidade de analgésicos;

4. Retorno mais cedo ao estilo normal de vida

Cirurgia aberta:

1. Internação hospitalar;

2. 4 a 6 semanas de recuperação;

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3. Dor pós-operatória relacionada ao local da cirurgia, mais analgésicos;

4. O retorno ao estilo de vida normal varia com o período de recuperação.

TEMA IV: ANESTESIA

Anestesia (do grego antigo -, AN "ausência"; e ESTESIA, "sensação") tradicionalmente


significa a condição de ter a sensibilidade (incluindo a dor) bloqueada ou temporariamente
removida; morte da dor; sem sensação.

Anestesia é um estado farmacologicamente induzido de amnesia, analgesia, perda de


responsividade, perda de reflexos musculares esqueléticos e diminuída resposta a estresse.

Anestesia é o estado de total ausência de dor durante uma operação, um exame diagnóstico,
um curativo. Ela pode ser geral, isto é, para o corpo todo; ou parcial, também chamada
regional, quando apenas uma região do corpo é anestesiada.

Objetivo: Estado de relaxamento, perda da sensibilidade e dos reflexos, de forma parcial ou


total, provocada pela ação de drogas anestésicas, é evitar a dor e facilitar o ato operatório pela
equipe cirúrgica. Anestesia geral (inconsciência)

Profundidade da anestesia:

A profundidade da anestesia é determinada por sinais físicos, sendo classificado em quatro


estágios, cada um dos quais com grupo definido de sinais e sintomas.

Estágio I: estágio inicial da anestesia até a perda da consciência. No primeiro: no início da


anestesia onde o paciente respira a mistura anestésica no qual pode experimentar sensação,
calor, tontura, formigamento e movimentar-se. O pulso e a respiração são irregulares

Estágio II: No segundo estágio, são caracterizados por agitação psicomotora, gritos, falas,
risos, ou mesmo choro, o pulso torna-se rápido e respiração irregular, pode ser
freqüentemente evitado através da administração do anestésico EV. Estágio de delírio e
desaparecimento do reflexo palpebral,pupilas dilatadas e responde ao reflexo da luz.

Estágio III: anestesia cirúrgica, obtida através da administração contínua de vapor ou gás,
onde o cliente encontra-se inconsciente.

Estágio IV: é atingido quando for administrada uma quantidade excessiva de anestésico. Com
necessidade de intubação.

Segun via de administração

1. Anestesia Venosa: obtida pela injeção de anestésicos numa veia do paciente. Atinge
diretamente a corrente sangüínea e em seguida alcança o cérebro, onde o anestésico
realiza sua ação principal.

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2. Anestesia Inalatória: Anestesia feita pela inalação de gases e vapores anestésicos através
das vias aéreas. Nos pulmões, o anestésico é absorvido pela corrente sangüínea e daí
atinge o cérebro.

3. Anestesia Balanceada: Anestesia que combina o uso de medicamentos pelas vias


inalatória e venosa. A associação permite reduzir as doses e obter melhores resultados
com menos efeitos colaterais.

Antes mesmo de o paciente entrar na sala de cirurgia, o anestesiologista é responsável pelo


preparo de todos os equipamentos e materiais que serão utilizados na anestesia.

Tipos de anestésia

1. Anestesia geral:Refere-se a um estado de inconsciência reversível, imobilidade, analgesia


e bloqueio dos reflexos autonômicos obtidos pela administração de fármacos específicos.
Os componentes de uma anestesia geral são a analgesia, hipnose, controle dos reflexos
autonômicos e relaxamento muscular. Na atualidade para realização de uma anestesia
geral utiliza-se comummente:

 hipnóticos visando inconsciência, amnésia (Propofol)

 opioides visando analgesia e proteção contra os reflexos autonômicos (remifentanil,


fentanil, sulfentanil, alfentanil)

 bloqueadores neuromusculares (Curare) visando imobilidade. (Atracúrio, Cisatracúrio,


Rocurônio, Vecurônio, Pipecurônio)

 bloqueios regionais associados visando analgesia e proteção autonômica

 fármacos adjuvantes visando efeitos diversos como controle da pressão arterial,


frequência cardíaca, tratamento de intercorrências tais como alergias entre outras funções

2. Anestesia regional: perda reversível da sensação quando um anestésico local é injetado


para bloquear ou anestesiar as fibras nervosas; preservaa integridade da consciência.
Dividi-se em:

Tópica ou de superfície: o anestésico local é colocado diretamente sobre a mucosa. Está


indicada para alívio da dor da pele lesada por feridas, úlceras e traumatismos, ou de mucosas
das vias aéreas e sistema geniturinário.

Anestesia local ou infiltrativa: infiltra-se o anestésico nos tecidos próximos ou diretamente


ao local da incisão cirúrgica. Utilizam-se anestésicos associados com a adrenalina, com o
objetivo de aumentar a ação do bloqueio por vasoconstrição e prevenir sua rápida absorção
para a corrente circulatória.

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Bloqueio plexular: o anestésico local atinge um plexo nervoso, como o utilizado no plexo
braquial;

Anestesia epidural ou peridural: Também chamada de raquianestesia,[2] anestesia intratecal


e anestesia subaracnoídea. Baseia-se na administração de anestésico local diretamente
no líquor. Suas principais vantagens são início rápido de ação (curta latência, boa intensidade
de bloqueio sensitivo e motor e possibilidade de analgesia pós-operatória prolongada).
Possíveis desvantagens são a maior ocorrência de cefaleia em relação as outras técnicas
anestésicas e a limitada duração da anestesia quando utilizado técnica sem a colocação de
cateteres (o mais comum).

O uso dos anestésicos locais, mormente com a lidocaína (a lidocaína em raquianestesia está
proscrita no Brasil exatamente pelas complicações citadas a seguir) o anestésico local
preconizado em raquianestesia há algum tempo é a bupivacaína 0.5% pesada com glicose a
8% (mais segura que a lidocaína hiperbárica a 5%), por meio desta técnica anestésica pode
propiciar o aparecimento da síndrome da cauda equina e de sintomas neurológicos transitórios
embora sejam complicações raras.o anestésico é depositado no espaço peridural, ou seja, o
anestesista não perfura a duramater. O anestésico se difunde nesse espaço, fixa-se no tecido
nervoso e bloqueia as raízes nervosas.

Raquianestesia ou anestesia espinhal: o anestésico é depositado no espaço subaracnóide da


região lombar no liquor céfalorraquidiano, produzindo insensibilidade aos estímulos
dolorosos por bloqueio da condução nervosa. É indicada para as cirurgias na região
abdominal e de membros inferiores.

Também chamada de raquianestesia, anestesia intratecal e anestesia subaracnoídea. Baseia-se


na administração de anestésico local diretamente no líquor. Suas principais vantagens são
início rápido de ação (curta latência, boa intensidade de bloqueio sensitivo e motor e
possibilidade de analgesia pós-operatória prolongada). Possíveis desvantagens são a maior
ocorrência de cefaleia em relação as outras técnicas anestésicas e a limitada duração da
anestesia quando utilizado técnica sem a colocação de cateteres (o mais comum). O uso dos
anestésicos locais, mormente com a lidocaína (a lidocaína em raquianestesia está proscrita
exatamente pelas complicações citadas a seguir) o anestésico local preconizado em
raquianestesia há algum tempo é a bupivacaína 0.5% pesada com glicose a 8% (mais segura
que a lidocaína hiperbárica a 5%).

As diferenças entre raqui e peridural, são as quantidades totais de anestésicos, o local onde
cada anestésico é administrado e o tipo de agulha utilizada.

Manejo de via aéreas:

Intubação traqueal é a passagem de um tubo na traqueia pelo nariz ou boca.

Vantagens da intubação:

a. Vias aéreas livres e desobstruídas;

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b. Redução do espaço morto;

c. Diminuição do esforço respiratório;

d. Não aspiração de corpos estranhos;

e. Possibilidade de aspiração;

f. Instalação de respiração artificial;

g. Controle da pressão intrapulmonar;

h. Prevenção de espasmos laríngeos;

i. Maior êxito no caso de ressuscitação cardiopulmonar.

j. Realizar uma boa oxigenação do paciente;

Antes da extubação:

a. aspirar secreções;

b. Retira-se a fixação do tubo;

c. Desinsufla o balonete;

d. Paciente deve respirar profundo;

e. Tracionar a cânula ao final da inspiração –(favorecer a abertura das cordas vocais


evitando seu trauma)

Sistema de avaliação médico do risco anestésico-cirúrgico (ASA)

É classificação quanto as condições físicas, desenvolvida pela ASA – American Society of


Anesthesiologists para avaliação da gravidade das disfunções fisiológicas e anormalidades
anatômicas é dada por

Sistema ASA é dividido em 6 classes – quanto maior a classificação, maior o risco de


mortalidade durante a cirurgia.

 ASA 1 representa um paciente sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos

 ASA 2 aponta para uma condição leve a moderada, que pode afetar a cirurgia ou anestesia,
mas não compromete a atividade normal do paciente – como hipertensão controlada

 ASA 3 indica um distúrbio que compromete a atividade normal, impactando a anestesia e a


cirurgia – como arritmia

 ASA 4 mostra uma desordem severa, que pode levar à morte e tem grande impacto na
anestesia e cirurgia – como insuficiência renal

16
 ASA 5 é usada para representar um paciente moribundo, que depende da operação para
sobreviver mais do que 24 horas

 ASA 6 indica um paciente com morte cerebral, que terá os órgãos removidos para doação

TEMA V: ATENÇAO DE ENFERMAGEM NA PERIOPERATORIO

A assistência de enfermagem peri operatória é desenvolvida através da aplicação do processo


científico, tendo como objeto o cuidado ao indivíduo que será submetido ao ato

cirúrgico. Cabe à enfermeira manter estreitas relações com pacientes, familiares e outros

profissionais, como o cirurgião, o anestesiologista, a nutricionista, a psicóloga e o


fisioterapeuta, por meio de uma assistência humanizada, qualificada e individualizada.

1. PRÉ-OPERATÓRIO

PRÉ-OPERATÓRIA

A fase pré-operatória é aquela que vai desde a indicação cirúrgica até o momento anterior ao
ato cirúrgico.

Pode ser subdividido em:

Pré-operatório mediato (começa no momento da indicação da operação e termina 24 horas


antes do seu início. Geralmente, nesse período o paciente ainda não se encontra internado);

Pré-operatório mediato

o cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão


o planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as precauções
necessárias para evitar complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a
indicação para a cirurgia até o dia anterior à mesma;

Pré-operatório imediato (Esta fase compreende as 24 horas que antecedem a operação.

Corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia e tem por objetivo preparar o cliente para o ato
cirúrgico mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza intestinal, esvaziamento
vesical, preparo da pele e aplicação de medicação pré-anestésica.

O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO

Subdivide-se em mediato (desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior a ela) e em
imediato (corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia).

Pré-operatório mediato: o cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do


diagnóstico e que auxiliarão o planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os

17
sintomas e as precauções necessárias para evitar complicações pós-operatórias, ou seja,
abrange o período desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior à mesma.

Assistência de enfermagem no Pré-operatório Mediato

1. Realizar o processo de Enfermagem: avaliar estado nutricional, hídrico, estado


respiratório, cardiovascular, funções hepáticas e renal, endócrinas, função imune, uso
prévio de medicações, fatores psicossociais, crenças espirituais e culturais.

2. Apoio psicológico e preparo emocional

3. Mensurar dados Antropométricos (peso e altura), sinais vitais para posteriores


comparações

4. Observar anormalidades; febre, dispnéia, hipertensão, hipotensão e etc.

5. Encaminhar para realizar exames de sangue, raios-X, Electro Cardio Grama,


Tomografia Computarizada e outros.

6. Controle de peso e eliminação urinárias.

7. Orientação sobre higiene,

8. Orientação sobre a alimentação,

9. Orientações sobre exercícios respiratórios

10. Orientar quanto a dor e náusea

11. Orientar quanto a deambulação precoce, ensinar movimentos ativos dos membros
inferiores

12. Preparo do intestino quando indicado dias antes ou na noite anterior a cirurgia.

Pré-operatório imediato: corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia e tem por objetivo


preparar o cliente para o ato cirúrgico mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza
intestinal, esvaziamento vesical, preparo da pele e aplicação de medicação pré-anestésica.

Principais Cuidados de enfermagem no pré-operatório

1) Orientação prévias para o paciente sobre a cirurgia antes da internação

 Pode ser dada na pós-consulta médica do dia ou em consulta pré-operatória de


enfermagem;

 Apresentar-se, explicar o objetivo da sua intervenção e se colocar à disposição para


informação adicionais;

18
 Perguntar o que o paciente já sabe sobre a cirurgia. Fornecer informações e
complementar as orientações dadas pelo médico. Tirar dúvidas sobre cuidados pré-
operatórios prescritos pelo cirurgião como: banho pré-cirúrgico, tricotomia, limpeza
intestinal, interrupção ou continuidade de medicamentos, etc. Recomendar não usar
maquiagem, esmalte de unha ou objetos metálicos (joias, prendedores de cabelo,
medalhas, etc.);

 Rever e explicar ao paciente sobre o preparo para a cirurgia. Dependendo do tipo de


cirurgia, pode ser necessário preparo intestinal como uso de laxantes ou enemas no dia
anterior. Remover pelos só é necessária quando os pelos próximos à incisão
prejudicarem o curativo. Deve ser feita logo antes da cirurgia com máquinas elétricas
próprias para o corte (tonsura) e não com lâminas, pois essas aumentam o risco de
infecção da ferida cirúrgica;

 Usar impressos, folhetos, webpages, vídeos, etc para facilitar essas orientações. Como
o paciente cirúrgico recebe orientações de múltiplos profissionais (cirurgião,
anestesista, médicos clínicos e especialistas, enfermeiros etc.), é preciso ter habilidade
para fazer uma orientação colaborativa, evitando controvérsia desnecessárias;

 Explicar e fornecer informações impressas sobre a rotina do hospital para o tipo de


cirurgia para o tipo de cirurgia proposta (internação ou paciente-dia, sala de espera
pré-cirúrgica, entrada no bloco, sala e mesa e cirúrgica, sala de recuperação pós-
anestésica, unidade pós-cirúrgica e alta).

 Explicar sobre a cirurgia e anestesia a ser usada, rotina e duração dos procedimentos,
documentos necessários à internação, relatórios, exames e guias que devem ser
levados, jejum e abstinência de bebidas alcoólicas, preparo específico. Pedir para
evitar trazer objetos de valor, para usar roupas e sapatos confortáveis;

 Para pacientes de outra cidade, encaminhar para orientação com pessoal


administrativo e assistente social sobre transporte e hospedagem;

 Avaliar com paciente nível de ansiedade e preocupações relacionadas à cirurgia com


objetivo de tranquilizá-lo. Estimular o paciente a manifestar seus medos, sentimentos e
emoções. Tentar reduzir a ansiedade e medo com orientações, distração e medidas
auxiliares adaptadas às necessidades e cultura do paciente (informações
complementares específicas, apoio espiritual para pacientes muito religiosos, apoio
psicológico para casos específicos como cirurgia bariátrica, mastectomia, cirurgia
mutiladoras, cirurgia de maior risco como cardiovascular ou neurológica e etc. Avaliar
necessidade de ansiólise antes da cirurgia e comunicar ao médico responsável.

2) Consentimento informado

Explicar e resolver sobre o consentimento informado que deve ser assinado pelo paciente e
pelo cirurgião. Essa atribuição é geralmente do médico e do pessoal administrativo. Compete
ao enfermeiro somente checar que foi cumprida. Em alguns serviços, o paciente só é admitido
no bloco cirúrgico ou mesmo no hospital se esse documento estiver assinado.
19
3) Orientação sobre continuidade ou suspensão dos medicamentos de uso contínuo

É uma atribuição do cirurgião ou do médico que fez a avaliação de risco cirúrgico. Se o


paciente usa alguns medicamentos e não recebeu orientação sobre medicamentos que
deveriam ser suspensos para a cirurgia, encaminhar especificamente ao médico, cirurgião ou
anestesista. Dependendo da rotina do serviço, essa orientação pode ser dada pelo enfermeiro.

4) Orientação e Treinamento do Paciente antes da Cirurgia para Autocuidado no Pós-


operatório

 Orientar sobre a rotina do pós-operatório, como alimentação, movimentação, controle


da dor, micção e evacuação, repouso, movimentação precoce, acompanhante,
cuidador, visitas, realimentação, reabilitação respiratória e motora, tempo provável de
internação, retomada de medicações de uso contínuo, etc.

 Envolver tanto o paciente como seus familiares (cuidadores) nessas orientações e


treinamentos;

 Combinar previamente a estratégia de analgesia no pós-operatório e estimular o


paciente a comunicar a dor;

 Informar e descrever previamente para o paciente qualquer evento previsível quando


acordar no pós-operatório, como dor, sondas, visão borrada (gel protetor ocular),
confusão mental transitória, drenos, intubação e ventilação, monitorização,
recuperação em UTI, etc. para evitar a ansiedade, confusão ou que fique agitado ao
acordar;

 Ensinar previamente técnicas de respiração profunda e lenta, respiração diafragmática,


treinamento com incentivadores de sopro e tosse profunda (após inspiração profunda)
e protegendo o tórax ou incisão, com as mãos entrelaçadas e apoiando-a sobre um
travesseiro;

 Se a cirurgia for demorar meses, telefonar para o paciente uma semana antes para ver
se tem alguma dúvida.

Cuidados de Enfermagem no Pré-operatório Imediato na Admissão no Hospital


ou Recepção no Bloco Cirúrgico

 Confirmar junto com o instrumentador se todas as próteses, órteses e materiais


especiais estão disponíveis;

 Confirmar a reserva de sangue ou plaquetas nos casos prescritos. Geralmente a reserva


de sangue é feita como rotina para cirurgia de grande porte, sobretudo cardíacas e
ortopédicas, e para cirurgia de porte médio quando se antecipa a probabilidade de
maior perda de sangue durante a cirurgia. Pacientes com plaquetopenia
(quimioterapia, depressão medular, púrpura trombocitopénica idiopática, etc.) podem

20
precisar de transfusão de plaquetas, além de reservar plaquetas para transfusão durante
a cirurgia;

 Pacientes internados previamente devem ser levados para a sala de cirurgia cerca de
30 a 60 minutos antes do início da anestesia, vestido apenas com avental e gorro
devidamente coberto com cobertores suficientes (atenção ao ar condicionado do bloco
cirúrgico). Pertences e valores ficam com o acompanhante;

 Para pacientes internados, os medicamentos a serem dados antes da cirurgia podem ser
prescritos sem horário exato especificado para ser dado quando o bloco cirúrgico
avisar que o horário da cirurgia está confirmado. Essa medicação de sedação ou
antibioticoterapia profilática deve estar preparada para ser dada assim que bloco
cirúrgico avisar. Se for deixada para fazer já no bloco, parte do seu efeito benéfico
será perdido;

 Ao receber o paciente no bloco, tratá-lo pelo nome, mas pedir para ele repetir o nome
completo, data de nascimento, ou nome da mãe, o nome do cirurgião responsável, o
tipo de cirurgia que vai fazer e a lateralidade como primeira verificação do Checklist
Cirurgia Segura. Fazer essa checagem junto com o acompanhante. Pedir que o
paciente assinale na própria pele com caneta dermográfica o local da cirurgia para
assegurar a lateralidade, especificidade (qual dedo, por exemplo) ou altura (da coluna,
por exemplo). Perguntar se paciente ou acompanhante tem alguma dúvida ou
problema pendente. Conferi dados na pulseira de identificação e prontuário.

 Rever com o paciente e anotações do prontuário como passou as últimas horas,


confirmar se está de jejum (nos procedimentos eletivos, pelo menos 8 horas para
alimentos gordurosos, 6 horas para sólidos, 4 horas para líquidos como leite e 2 horas
para água), se tomou medicação de uso regular, abstinência de álcool e cigarros,
alergia ainda não declaradas, se urinou ou evacuou ou precisa de assistência para usar
o banheiro (risco de queda nos sedados);

 Rever os medicamentos que o paciente já tomou em casa ou no quarto antes de descer


para o bloco cirúrgico para evitar erros de tomadas duplas ou omissão de tomada;

 Antes de dar qualquer sedativo pré-anestésico, confirmar que foi assinado o


consentimento informado e se o paciente tiver alguma dúvida sobre riscos e
alternativas, pedir ao cirurgião que converse novamente com ele;

 O paciente externo é encaminhado ao vestiário de pacientes onde deve tirar toda a sua
roupa e vestir o avental próprio, fechado na frente e amarrado atrás (desamarrado
antes de colocar o paciente na mesa cirúrgica) e gorro. Se o paciente for entrar
andando no bloco, providenciar propés para proteger seus pés descalços;

 Recolher e guardar em local fechado em saco plástico bem identificado ou entregar ao


acompanhante na frente do paciente suas roupas junto com todos os pertences
(documentos, carteiras, joias, alianças, telefone, óculos).

21
 Cuidar para que não fiquem objetos metálicos como prendedores de cabelos ou
medalhas, dentaduras e próteses dentárias móveis, etc. Apenas relatórios médicos,
exames e prontuários ficam com o paciente.

 Combinar com os acompanhantes onde devem esperar, conferir com eles os pertences
e roupas do paciente entregues e deixar que se despeçam do paciente.

Pós-operatório

Subdivide-se em:

- Pós-operatório imediato (POI): pós-operatório imediato é aquele que começa assim


que termina a cirurgia, então a saída do centro cirúrgico até o paciente se recupera da
anestesia e às 24 horas posteriores à cirurgia

- Pós-operatório mediato: após as 24 horas e até 7 dias depois;

- Pós-operatório tardio: O pós-operatório tardio é o período que se inicia após a primeira


semana e se estende até a recuperação completa do paciente

Os cuidados de enfermagem na assistência ao paciente no pós-operatório são direcionados no


sentido de restaurar o equilíbrio homeostático, prevenindo complicações.

As primeiras horas do pós-operatório são de vital importância para avaliação e detecção de


eventuais complicações cirúrgicas. A enfermeira acompanha o paciente do centro cirúrgico
até as suas acomodações e permanece até que o quadro do pós-operatório imediato se
estabilize. Nesta fase são prestados cuidados de enfermagem, que fazem parte do plano de
cuidados a serem prestados nesta fase do procedimento cirúrgico.

Os pacientes que evoluem com estabilidade hemodinâmica na recuperação Pós Anestésica


(RPA) podem voltar à enfermaria para completar sua recuperação. Aqueles que manifestam
instabilidade na RPA, ou que têm antecedentes mórbidos passíveis de complicações,
geralmente são transferidos a UPO para observação intensa e contínua.

A unidade de Pós-Operatório (UPO) tem por principal objetivo atender aos pacientes vindos
da sala cirúrgica ou da Recuperação Pós-Anestésica (RPA) e que foram submetidos a
cirurgias eletivas - de uma única ou de várias especialidades. Nela também podem atender a
cirurgias de urgência e transplantes, conforme a estrutura organizacional da Instituição.

O paciente, assistido nesta unidade, se portador crônico de alterações funcionais em órgãos ou


sistemas, poderá apresentar repercussões importantes no pós-operatório. Nas cirurgias eletivas
estas alterações são tratadas ou compensadas antes do ato operatório. Entretanto nas cirurgias
de urgência tais disfunções nem sempre são compensadas no pré-operatório.

 Pós-operatório imediato (POI): até às 24 horas posteriores à cirurgia. Inicia-se na sala


de recuperação pós-anestésica ao prestar os cuidados necessários ao paciente, ainda sob
efeito da anestesia, até a recuperação dos seus reflexos e estabilização dos sinais vitais. A
assistência de enfermagem durante o período pós-operatório imediato concentra-se em
22
intervenções destinadas a prevenir ou tratar complicações. Por menor que seja a cirurgia, o
risco de complicações sempre estará presente. A prevenção destas, no pós-operatório
promove rápida convalescença, poupa tempo, reduz gastos, preocupações, ameniza a dor e
aumenta a sobrevida.

O PÓS- OPERATÓRIO IMEDIATO

 Manutenção da hemostasia ôrganica

 Promoção dos parâmetros e funções orgânicos vitais

 Monitorização das funções vitais (respiração, circulação, metabolismo, sensorial e


excretora)

 Manutenção das vias aéreas

a. Aspiração traqueal

b. Ambu ou ventilador mecânico ou artificial

c. Hiperextensão do pescoço ( se não houver contra indicação)

d. Posição no leito

 Controle e equilíbrio hemodinâmico

a. Monitorização continua da atividade elétrica do coração

b. PA

c. PVC

d. Investigar e observar criteriosamente sinais de sangramento (cirurgia)

 Controle e balanço hídrico

 Controle da dor e promoção de conforto

 Posicionamento adequado

 Administração de analgésico

Sala de recuperação pós-anestésica

O profissional deve planejar o cuidado, com o objetivo de recuperar o equilíbrio fisiológico


do paciente, com o mínimo de complicações, além de individualizar o cuidado e identificar os
diagnósticos de enfermagem, a fim de facilitar o andamento da assistência e oferecer
qualidade no serviço prestado.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA

23
O período de recuperação anestésica é considerado crítico, pois os pacientes encontram-se
muitas vezes inconscientes, entorpecidos e com diminuição dos reflexos protetores.

A enfermagem deve estar voltada para a individualidade de cada paciente, desde a admissão,
até a alta da unidade. (prestando também informações aos familiares que aguarda notícias).

VIGILÂNCIA CONSTANTE ATÉ SUA COMPLETA RECUPERAÇÃO

1. Estabilidade hemodinâmica

2. Amplitude respiratória normalizada

3. Saturação de O² nos limites normais

4. Estabilidade da temperatura corporal

5. Estado de consciente

AVALIAÇÃO BÁSICA PÓS-OPERATORIO IMEDIATA

A assistência de enfermagem durante o período pós-operatório imediato concentra-se em


intervenções destinadas a prevenir ou tratar complicações, pois este é um momento crítico
para o paciente, sendo importante a observação cuidadosa para manter as funções fisiológicas
vitais dentro dos parâmetros da normalidade, até que os efeitos da anestesia desapareçam. Por
menor que seja a cirurgia, o risco de complicações sempre estará presente. A prevenção
destas, no pós-operatório promove rápida convalescença, poupa tempo, reduz gastos,
preocupações, ameniza a dor e aumenta a sobrevida.

 Pós-operatório mediato: após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do
recebimento da alta.

Aspectos implicados na segurança física e no conforto do cliente

Reposição hidroeletrolítica

A reposição hidroeletrolítica depende da avaliação criteriosa dos ganhos e perdas sejam elas
mensuráveis ou não. A participação da equipe de enfermagem é fundamental pois a ela cabe
as anotações diárias que devem ser com qualidade e precisão.

Avaliação balanço hídrico considerar:

✔ Peso

✔ Turgor da pele, tensão do globo ocular, umidade da mucosa bucal

24
✔ Edemas

✔ Pressão arterial

✔ Pressão venosa central (PVC)

✔ Ausculta pulmonar

✔ Exames laboratoriais: avaliar hematócrito, níveis plasmáticos de eletrólito.

Suporte nutricional

Geralmente a dieta inicial pós-operatória é líquida. Conforme o tipo de cirurgia e a tolerância


do paciente é prescrita uma dieta livre, para promover o equilíbrio de vitaminas e sais
minerais e um balanço nitrogenado adequado.

Aos pacientes impossibilitados de receberem dieta oral ou enteral por tempo prolongado,
geralmente indica-se suporte nutricional por via parenteral.

Dor:

A resposta do paciente a dor é um processo subjetivo. A mensuração da dor é avaliada através


de uma escala numérica de intensidade de dor, com score de 0 a 10. O paciente pode manter
um controle adequado da dor evidenciado por resposta verbal num score menor que 5. O
enfermeiro indaga ao paciente a respeito da localização, intensidade e qualidade da dor,
iniciando as medidas que visam conforto, tais como, mudança de posição no leito e
massagens. A necessidade de controle da dor, através do uso de analgésicos narcóticos, é
analisada pelo intensivista, e esta indicada quando score maior ou igual a 5, nesta escala. É
muito importante que a dor seja tratada, porque o paciente precisa responder às instruções
quanto a mobilização no leito, tosse, respiração profunda e, posteriormente, deambulação.

Acesso venoso

A grande maioria dos medicamentos administrados ao paciente critica é infundida por via
endovenosa, de maneira que a absorção seja previsível e o efeito se inicie rapidamente.

É indispensável que os pacientes em pós-operatório tenham acesso venoso central, permitindo


além da administração de drogas vasoativas, infusão de soluções e medicamentos, um
controle rigoroso das pressões de enchimento cardíaco.

A escolha do cateter deve ser, preferencialmente de único lúmen, por diminuir o risco de
contaminação das conexões durante a manipulação; entretanto, dependendo do tipo de
cirurgia, condições do paciente e necessidade de infusões, pode ser indicada a utilização de
cateteres de dois ou três lumens.

O tipo de líquido infundido e a velocidade de infusão devem ser rigorosamente avaliados para
garantir a permeabilidade dos cateteres.

25
O PÓS – OPERATÓRIO MEDIATO

1. As primeiras 24 horas após o ato cirúrgico (há dor mas com menos intesidade)

2. Promoção de deambulação precoce

3. Higiene após a cirurgia

4. Realizar curativo após o banho

Intervenção geral da enfermagem

Assistência pós-cirúrgica geral:

Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúrgico e retorna à enfermaria. Esta
assistência tem como objetivo detectar e prevenir a instalação de complicações pós-operatória
e consequentemente obter urna rápida recuperação.

A assistência pós-cirúrgica consiste em:

1. Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de acordo com o tipo de


cirurgia a que foi submetido e com o membro operado elevado;

2. Aquecê-lo, se necessário;

3. Manter a função respiratória;

4. Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agitação e outros


comprometimentos neurológicos;

5. Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e presença de sangramento;

6. Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e conectá-los às extensões;

7. Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de soro, sangue ou derivados;

8. Verificar anotações do centro cirúrgico) e executar a prescrição médica;

9. Promover conforto e segurança através de meio ambiente adequado, uso de grades na


cansa, imobilização de mãos (se agitado);

10. Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os líquidos eliminados por


sondas, drenos, etc.;

11. Realizar mudança de decúbito de acordo com a evolução clínica;

12. Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada;

13. Promover movimentação ativa, passiva e deambulação precoces se forem permitidas e


houver condições físicas;

26
14. Trocar curativos;

15. Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância do retomo médico para
controle e cuidados a serem dispensados no domicílio como gesso, repouso, limpeza
adequada;

16. Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV.

O PÓS – OPERATÓRIO TARDIO

1. Díficil determinação

2. Se relaciona com o desaparecimento dos achados clínicos(dor , mal estar,


instabilidade dos sistemas ôrganicos)

3. Evolução da cicatrização do processo cirúrgico

4. As ações de enfermagem se baseam nas manifestações do cliente após a cirurgia

5. Orientação do autocuidado

PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO


(NANDA)

1. Ansiedade/medo relacionado com a experiência cirúrgica, perda de controle,


conhecimento insuficiente sobre as rotinas pré-operatórias, os exercícios e as
atividades pós-operatória e as modificações e sensações pós-operatória. evidenciado
por: agitação, preocupação, nervosismo, sudorese.

2. Risco de infecção caracterizado por desnutrição / destruição de tecidos /


procedimentos invasivos / imunossupressão / trauma relacionado normalmente aos
procedimentos invasivos. Trabalhar com intervenções que contribuam para a
diminuição do risco de infecção ao qual o paciente possa estar submetido.

3. Risco para lesão peri operatória de posicionamento cirúrgico.

4. Risco para injúria.

5. Dor aguda caracterizado por evidencias observadas de dor / relato verbal da dor /
relacionado a agentes lesivos (biológicos, químicos, físicos e psicológicos).

6. Risco para aspiração Caracterizado pela alimentação por sondas / deglutição


prejudicada / nível de consciência reduzido / presença de sonda endotraqueal /
traqueostomias.

27
7. Risco de desequilíbrio na temperatura corporal caracterizado por medicamentos que
causam vasoconstrição / vasodilatação / desidratação / extremos de idade e peso /
inatividade / sedação.

8. Hipotermia Caracterizado por cianose nos leitos ungueais / pele fria / palidez /
preenchimento capilar lento / taquicardia / temperatura corporal abaixo dos parâmetros
normais / relacionado a desnutrição / doença / envelhecimento / inatividade /
medicamentos.

9. Integridade tissular prejudicada caracterizado por tecido lesado ou destruído como


(mucosa, pele, tecido subcutâneo etc.) / relacionado a circulação alterada / excesso de
líquidos / fatores mecânicos / nutricionais / mobilidade física prejudicada.

10. Risco de desequilíbrio de volume de líquidos Caracterizado pela ascite / obstrução


intestinal / queimaduras / sepse / insuficiência cardíaca congestiva / disfunção renal.

11. Desobstrução ineficaz das vias aéreas caracterizado por expectoração / dispneia /
ruídos adventícios respiratórios / tosse ineficaz ou ausente / relacionado a ASMA /
DPOC / tabagismo etc.

12. Ventilação espontânea prejudicada caracterizada por aumento da frequência cardíaca /


dispneia / PCO2 aumentada / saturação diminuída / uso aumentado da musculatura
acessória / relacionado a fadiga da musculatura respiratória e/ou fatores metabólicos.

13. Troca de gases prejudicada caracterizado pela dispneia / respiração anormal /


gasometria arterial alterada / confusão / taquicardia / relacionado ao desequilíbrio na
ventilação/perfusão.

14. Risco de sangramento Caracterizado por aneurismas / distúrbios gastrintestinais como


varizes / doença ulcerativa gástrica / pólipos etc. / efeitos secundários ao tratamento
tais como cirurgias / medicamentos / função hepática prejudicada devido a cirrose ou
hepatite etc.

15. Risco para integridade da pele prejudicada caracterizado por todos os fatores citados
acima como potencial de risco.

28
TEMA VI: FERIDAS E CURATIVOS

INTRODUÇÃO

Na Idade Contemporânea, com os avanços do século XIX e início do XX, surge Florence
Nightingale (1820 -1910) precursora da enfermagem, que atuou na Guerra da Criméia, evento
este que criou uma imensa demanda de curativos. Todos esses curativos eram lavados e
reutilizados muitas vezes. No século XIX desde que a relação entre bactérias e a infecção
ficou conhecida, iniciou-se tentativas no sentido de combatê-las quimicamente. Joseph Lister
(1827- 1912) introduziu a assepsia e utilizou pela primeira vez uma solução de fenol em
compressas e suturas conseguindo evitar as amputações e reduzir os índices de mortalidade.

Entre 1840 e a Segunda Guerra Mundial o foco para o tratamento de feridas foi o uso de anti-
sépticos e agentes tópicos com ação antimicrobiana e a proteção com cobertura seca. Nessa
fase eram usados anti-sépticos como: Líquido de Dakin; Eusol; Iodo; Ácido Carbólico (spray)
e Cloretos de mercúrio e alumínio. Sendo que, o maior avanço do século XX foi o advento
dos antibióticos, utilizados, por aplicação local através de pulverização ou por incorporação
do material no próprio curativo. Alexandre Fleming (1929) usou penicilinas para tratar
infecções, questionou o uso de anti-sépticos (antimicrobianos) devido a sua toxidade e outros
tipos de antibióticos foram sendo introduzidos.

A partir do século XX, os curativos tornaram-se estéreis e os procedimentos seguem técnicas


assépticas. Durante as décadas de 1930-40, à medida que o tratamento de feridas passava
gradualmente para a esfera da enfermagem, ligou-se a esta uma espécie de “aura mística”. O
fenômeno se ampliou com o desenvolvimento da técnica asséptica de fazer curativos,
geralmente sem tocar no usuário.

A pele tem várias funções, como por exemplo:

1. Proteger o organismo contra a ação de agentes externos (físicos, químicos e


biológicos);

2. Impedir a perda excessiva de líquidos;

3. Manter a temperatura corporal;

4. Sintetizar a vitamina D;

29
5. Agir como órgão dos sentidos.

6. Agir como órgão do excreção

CONCEITO DE FERIDAS

Ferida é qualquer ruptura da integridade de um tecido ou órgão, podendo atingir desde a


epiderme, que é a camada mais externa da pele, até estruturas mais profundas, como fáscias,
músculos, aponeuroses e órgãos cavitários.

As feridas são interrupções da integridade cutâneo mucosa e resultam dos desequilíbrios e


agravos da saúde das pessoas. Elas podem impedir ou dificultar aspectos básicos da vida
como a locomoção, a convivência e as relações interpessoais, entre outros.

As feridas são modificações da pele ocasionadas por: traumas, processos inflamatórios,


degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por defeito de formação. É o
rompimento da estrutura e do funcionamento da estrutura anatômica normal, resultante de um
processo patológico que se iniciou interna ou externamente no(s) órgão(s) envolvido(s).

Assim, as células envolvidas nesta ferida tendem a se regenerarem para voltar à sua estrutura
e função normal.

CLASSIFICAÇÃO:

As feridas podem ser classificadas pela causa, pelo agente, pelo conteúdo microbiano e
profundidade da ferida. Estas formas de classificação não são excludentes, mas
complementares, e devem ser usadas, concomitantes, para a descrição e registro de qualquer
tipo de lesão.

A. Causa (origem da lesão)

I. Intencional ou cirúrgica - são provocadas intencionalmente e se dividem em:

a. Incisa: onde não há perda de tecido e as bordas são geralmente fechadas por sutura;

b. Por excisão: onde há remoção de uma área de pele, ex: área doadora de enxerto.

c. Por Cirurgia e procedimentos terapêutico-diagnósticos (cateterismo cardíaco, punção


de subclávia, biópsia, etc.)

II. Acidental ou traumática - são aquelas provocadas acidentalmente por agentes:

a. Mecânico (contenção, perfuração, corte);

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b. Químico (por iodo, cosméticos, ácido sulfúrico, etc.);

c. Físico (frio, calor, radiação).

Aberta ou fechada que se apresenta em ambos os casos anteriores

III. Feridas Ulcerativas - são lesões escavadas, circunscritas na pele, formadas pela morte e
expulsão do tecido, resultantes de traumatismo ou doenças relacionadas com o impedimento
do suprimento sanguíneo.

O Termo úlcera de pele representa uma categoria de ferimento que inclui úlceras de

decúbito, assim como de estase venosa, arteriais e úlceras diabéticas.

B. Agente produtor (forma como as feridas ocorrem)

1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas,
etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas
regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o corte geralmente possui
profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte
mediana é mais profunda.

2. Perfurante ou puntiforme - são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego,
alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na
importância deste órgão.

3. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo é
que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado.

4. Perfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o de
entrada e o de saída.

5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais freqüentes são a compressão: a pele é esmagada de


encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas
são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão.

5. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e


ponta, por exemplo um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter
uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter comprometimento de órgãos
importantes

6. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da


pele.

7. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da


continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade.

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C. Potencial de infecção ou conteúdo microbiano

 Limpa – incisão realizada em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação,


sem patógenos, falhas técnicas e indícios de inflamação.

 Potencialmente contaminada – é a que ocorre em tecidos de baixa colonização,


sem contaminação significativa prévia ou durante o ato operatório.

 Contaminada - é a realizada em tecidos altamente colonizados ou quando há


contaminações grosseiras, resultando na presença de patógenos e detritos.

 Infectada – ocorre quando há manipulação de sítios com evidências de


processo infeccioso instalado (secreção purulenta) ou por meio da presença de
tecido desvitalizado ou sujidade prévia ao ato cirúrgico.

D. Profundidade da ferida

 Superficial ou parcial – atinge apenas a epiderme, podendo chegar à superfície da


derme.

 Profunda ou total - estende-se além da pele, para dentro do tecido subcutâneo,


músculos ou tecido ósseo.

A medida da profundidade pode ser feita utilizando-se um swab, dedo indicador enluvado,
pinça, sonda de aspiração, seringa de insulina estéril e sem agulha.

Sempre medir a partir do ponto mais profundo da lesão.

E. Quanto à comprometimento tecidual. As feridas denominadas úlceras por pressão


têm classificação própria, baseada no comprometimento tecidual, e se dividem em
quatro estágios, de acordo com a sua profundidade.

 Estágio 1 – a pele se encontra íntegra, não há perda tecidual, ocorre


comprometimento apenas da epiderme, com sinais de hiperemia, descoloração ou
endurecimento, com presença de eritema em pele intacta.

 Estágio 2 – perda parciais de tecido envolvendo a epiderme, a derme ou ambas (a


úlcera é superficial e apresenta-se clinicamente como uma abrasão, flictema ou
úlcera “cratera” rasa).

 Estágio 3 – perda total da pele, com ou sem necrose de tecido subcutâneo, sem
comprometimento da fáscia muscular subjacente (a ferida apresenta-se
clinicamente como uma úlcera “cratera” profunda).

 Estágio 4 – ocorre destruição extensa de tecido, necrose tissular ou lesão de osso,


músculo ou estrutura de suporte (tendões, articulações, cápsula articular). Neste
estágio, assim como no 1, pode haver o aparecimento de cavernas, túneis ou
trajetos sinuosos.

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G. Quanto à etiologia:

Ferida Aguda: é quando há ruptura da vascularização, a reação inflamatória aguda se


caracteriza por modificações anatômicas predominantemente vasculares e exsudativas.

b. Ferida crônica: é de longa duração e recorrência frequente, o processo de cicatrização se


caracteriza por uma resposta mais proliferativa (fibroblástica), do que exsudativa. Os
pacientes podem apresentar múltiplos fatores que afetam sua capacidade de cicatrização.

Considerando que a classificação mais utilizada na prática profissional é quanto à etiologia da


ferida e, em decorrência da grande demanda de atendimento de pacientes com feridas
crônicas, a seguir será descrito sobre essas feridas especificamente.

Feridas crônicas:

As lesões crônicas podem causar dor, depressão, redução da movimentação, incapacidade


para o trabalho, perda da auto-estima e isolamento social, ou seja, graves

transtornos tanto individuais quanto coletivos.

O tratamento é de longa duração, com custos elevados e com grande chance de recidivas o
que pode trazer insatisfação para pacientes e familiares. O diagnóstico médico irá subsidiar a
conduta terapêutica assim como a decisão sobre a possibilidade do manejo domiciliar ou
ambulatorial nas feridas complexas.

Os tipos mais comuns de feridas crônicas

- Úlceras por pressão:

A úlcera por pressão é uma área de necrose celular localizada, que resulta da compressão do
tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um

período prolongado de tempo. Outros termos também são usados com frequência como

úlcera de decúbito, escara, escara de decúbito, porém, por ser a pressão o agente principal
para a sua formação, o termo recomendado é úlcera por pressão.

O termo “escara” não deve ser utilizado para a definição, porque ele é usado para designar
apenas a parte necrótica ou crosta da ferida.

A região sacral e os calcâneos são os locais mais frequentes de aparecimento da úlcera por
pressão. Os indivíduos mais propensos à formação desse tipo de ferida são aqueles com
alterações da mobilidade; com alterações da percepção sensorial; com alterações da
circulação periférica; com alterações do nível de consciência; incontinentes;mal nutridos;
imunodeprimidos.

Os locais mais comuns de aparecimento dessa ferida são: região sacral, calcanhares,

cotovelos, maléolos laterais, trocânter maior e região isquiática.


33
Curativo em úlceras de pressão

Quatro princípios precisam ser considerados no tratamento local das úlceras de pressão:

1. Aliviar ou eliminar a fonte ou a causa da úlcera de pressão – é importante explorar as


razões pelas quais o paciente desenvolveu a úlcera de pressão.

2. Otimizar o microambiente – a ferida precisa ser avaliada de maneira apropriada e a


melhor terapia tópica selecionada para permitir a cicatrização.

3. Apoio ao paciente com feridas – o paciente precisa ser avaliado e monitorado quanto a
nutrição adequada. Infecções locais e sistêmicas precisam ser controladas ou
eliminadas.

4. Fornecimento de educação – a educação deve ser fornecida para os funcionários,


pacientes e familiares.

h. Relacionados ao hospedeiro

 Fatores locais:

1. Pressão contínua,

2. Desvitalização e necrose tecidual

3. Infecção – prolonga a fase inflamatória

4. Isquemia

5. Corpo estranho

6. Hematoma,

7. Edema,

8. Seroma

9. Tensão na linha de sutura

 Fatores sistêmicos

1. Ambiente seco (leito da lesão)

2. Má oxigenação e baixo suprimento sangüíneo

3. Desnutrição

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4. Deficiências de vitaminas C, A e K

5. Deficiência protéica

6. Drogas citotóxicas, anti-coagulante, corticóides ou anti-inflamatórios

7. Idade avançada – mais suscetíveis às lesões e retarda as fases de cicatrização.

8. Doenças crônicas (diabetes, insuficiência vascular) - retardam ou impedem a


evolução do processo de cicatrização

9. Tratamento do câncer (radioterapia e quimioterapia)

10. Estados de choque (má perfusão, desequilíbrio ácido-básico)

11. Depressão do sistema imunológico

FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções: proteção contra
infecções, lesões ou traumas, raios solares e possui importante função no controle da
temperatura corpórea. A pele é subdividida em derme e epiderme. A epiderme,
histologicamente constituída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea é um
importante órgão sensorial. Na derme, encontramos os vasos sanguíneos, linfáticos, folículos
pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas, pelos e terminações nervosas, além de células
como: fibroblastos, mastócitos, monócitos, macrófagos, plasmócitos entre outros.

No momento em que ocorre a quebra da integridade da pele inicia-se o processo de


cicatrização para restaurar o tecido lesado. A cicatrização é a cura de uma ferida por
reparação ou regeneração dos tecidos afetados evoluindo em fases diferenciadas e que se
sobrepõem.

Processo cicatricial

Tipos da Cicatrização

Quando falamos nos tipos de cicatrização nos referimos à maneira pela qual a ferida é fechada
que é essencial para o processo de cicatrização.

Existem três formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar, as quais dependem da quantidade
de tecido perdido ou danificado e da presença ou não de infecção.

1-Cicatrização primária ou de primeira intenção: Ocorre quando há perda mínima de


tecido e as bordas são passíveis de ajuste por sutura. Neste tipo de lesão, o curativo é utilizado
apenas para proteção não havendo necessidade de manutenção do meio úmido.

Para que este tipo de cicatrização ocorra, é preciso além da perda mínima de tecido, a
ausência de sinais de infecção, drenagem mínima e pouco edema. Geralmente resulta em
lesão cicatricial quase imperceptível.
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O período de tempo necessário para a reconstrução do tecido depende do tipo e do tamanho
da ferida, sendo que nas feridas fechadas por primeira intenção pode ser de mais ou menos 24
dias.

2 Cicatrização secundária ou por granulação: Ela ocorre quando há perda e ou dano


excessivo de tecidos, como queimaduras, ou infecção da lesão.Ocorre quando há perda
acentuada do tecido e não há possibilidade de fechamento dos bordos. O tempo de
cicatrização será invariavelmente superior e o curativo deve ser utilizado como tratamento da
lesão, havendo necessidade de manutenção do meio úmido. Maior incidência de defeitos
cicatriciais tipo retração, quelóides, deformidade, disfunção etc. Período cicatricial mais
prolongado devido à resposta inflamatória intensa. Processo de difícil manejo devido à falta
de barreira epidérmica.

Nestes casos, as bordas da ferida não podem ser aproximadas, e o curativo é utilizado para
tratamento da lesão, sendo indispensável a manutenção do leito da ferida úmido.

3-Cicatrização primária retardada ou por terceira intenção: Ocorre quando há fatores que
retardam o processo cicatricial por primeira intenção e há necessidade de deixar a lesão aberta
para drenagem ou para debelar uma infecção. Posterior ao tratamento, a lesão poderá ser
fechada por primeira intenção. É a união de duas superfícies de granulação Utilizada sempre
que se deseja a drenagem ou a vigilância de algum processo infeccioso Envolve maior perda
tecidual Resulta em dificuldade cicatricial devido ao processo inflamatório prolongado É
programada a união primária assim que cessa o problema.

Acontece quando qualquer fator retarda o processo de cicatrização, e passa a ser necessário
deixar a lesão aberta para drenagem ou para debelar possível infecção. Uma vez tratada, a
ferida poderá ser fechada.

FATORES QUE AFEITAN LA CICATRIZAÇAO

Distúrbios locais:

1. Presença de detritos: tipo de resíduo tissular composto de restos celulares e massas


granulares desintegradas; consistem de crosta, tecido necrótico ou desvitalizado com
esfacelo.

2. Vasculite/angeíte: reação inflamatória que se origina na parede dos vasos sanguíneos;


como regra a inflamação está restrita à parede vascular.

3. Fatores vasculares: são entre outros, a congestão venosa e a isquemia arterial; isso
leva a um suprimento insuficiente de oxigênio e a deterioração do metabolismo dos
carboidratos, lipídeos e proteínas na área da lesão.

4. Infecção da ferida: a contaminação por bactérias usualmente ocorre em todas as


feridas, principalmente as abertas, mas isto não chega a interferir no processo de

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cicatrização. O mesmo não acontece com a infecção clínica, que prolonga o estágio
inflamatório da cicatrização e deve ser tratada em todos os casos. Os agentes
etiológicos da infecção são bactérias, fungos e vírus. Aparentemente, ela também inibe
a capacidade de produção do colágeno pelos fibroblastos.

Distúrbios sistêmicos:

Referentes ao estado nutricional:

a. Deficiência protéica: que produz como efeito uma redução da resposta imunológica
humoral e celular, redução da fagocitose e da síntese de colágeno; entre os alimentos
ricos em proteínas estão os peixes, ovos, carnes, e leite.

b. Deficiência de vitamina A: apresenta os seguintes efeitos: retardo da epitelização,


síntese lenta do colágeno e infecções graves e freqüentes. Dentre os alimentos ricos
em vitamina A, estão: gema de ovo, leite, produtos lácteos diversos, óleo de fígado de
peixes, hortaliças e frutas.

c. Deficiência de Vitamina C: o principal efeito da vitamina C é a hidroxilação do


colágeno. Sua falta provoca: distúrbio da migração de macrófagos, disfunção dos
granulócitos e neutrófilos e defeito na síntese dos fatores do complemento e
imunoglobulinas, além de: escorbuto, doença de manifestações sistêmicas e dérmicas.
Os alimentos ricos em vitamina C: tomate, acerola, goiaba, kiwi, limão, maçã,
pimentão, laranja, entre outros.

d. Deficiência de vitamina K: a vitamina K é necessária para síntese dos fatores de


coagulação; consequentemente a sua deficiência indiretamente inibe a cicatrização
promovendo sangramento e infecções bacterianas. Entre os alimentos ricos em
vitamina K, estão: alface, espinafre, brócolis, couve e hortaliças com folhas de cor
verde escuro, em geral.

Outros fatores sistêmicos


a. Idade –
b. Estado imunológico
c. Oxigenação –
d. Diabetes -.
e. Drogas sistêmicas que inibem a cicatrização:GLUCOCORTICOSTEROIDES :
HIDROCORTISONA E FARMACOS AFINES
.
f. Quimioterapia - Levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase
inflamatória inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na síntese
protêica.
g. Irradiação - Leva à arterite obliterante local, com conseqüente hipóxia tecidual; há
diminuição dos fibroblastos com menor produção de colágeno.

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h. Estresse e Ansiedade: Eles provocam reações bioquímicas no organismo, levando a
uma redução na mobilidade dos granulócitos e dos macrófagos, impedindo sua
migração para a ferida. Isto acaba diminuindo a resposta inflamatória. Também são
retardadas a síntese do colágeno e a regeneração das células endoteliais.
i. Tabagismo - A nicotina é um vasoconstrictor, levando à isquemia tissular, sendo
também responsável por uma diminuição de fibroblastos e macrocófagos. O monóxido
de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio. Clinicamente observa-
se cicatrização mais lenta em fumantes.
j. Hemorragia - O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a
cicatrização.
k. Tensão na ferida - Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e
interferem com a boa cicatrização das feridas.

Bordas

 A inspeção da pele circundante demonstrará se existem alterações como celulite,


edema, hiperceratose, maceração, dermatite de contato ou calos.

 A palpação dos pulsos quando a lesão é em membros inferiores é importante para se


observar a perfusão sanguínea no local.

 O ideal e desejável é encontrar a borda lisa, não enrolada e aderida ao leito da ferida.

As bordas devem ser mantidas úmidas, mas o excesso de umidade pode levar a maceração,
isso pode ocorrer por excesso de exsudato drenado que atinge a pele ou bordos da ferida ou
devido a banhos que ofereçam umidade exagerada.

Cisalhamento e Fricção:

É a associação da fricção (atrito da pele com a cama) É uma ação isolada (dano somente á
epiderme e derme) em lesão semelhante á queimadura. Com a gravidade, que empurra o
corpo para baixo isso leva a uma sobrecarga mecânica nas partes moles (principalmente em
proeminências ósseas). Quando a cabeceira é elevada, o esqueleto empurra o corpo para
baixo. Dessa forma, os vasos são esticados e o fluxo sanguíneo fica dificultado ou
interrompido, levando a UPP.

Maior freqüência em pacientes agitados ou que são arrastados no leito em vez de levantados.

Tipo de Tecido:que forma a ferida:

1. Tecido Necrosado: escolha o tipo de tecido necrosado predominantemente na ferida de


acordo com a cor, a consistência e a aderência, usando o seguinte roteiro:

a. Necrose branca/cinza: Pode aparecer antes da ferida abrir, a superfície da pele está
branca ou cinza;

b. Esfacelo amarelo, não aderido: Fino, substância mucinosa, espalhado por todo o leito
da ferida; facilmente separado do tecido da ferida;
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c. Esfacelo amarelo, frouxamente aderido: Espesso, viscoso, pedaços de fragmentos,
aderido ao leito da ferida;

d. Tecido preto, macio e aderido: Tecido saturado de umidade; firmemente aderido ao


leito da ferida;

e. Tecido preto / duro, firmemente aderido: Tecido firme e duro, fortemente aderido ao
leito e às bordas da ferida (como uma crosta dura / casca de ferida).

Obs: Quantidade de Tecido Necrosado: Determinar o percentual de ferida envolvida.

2. Tecido de Granulação: tecido de granulação é o crescimento de pequenos vasos sangüíneos


e de tecido conectivo para preencher feridas de espessura total. O tecido é saudável quando é
brilhante, vermelho vivo, lustroso e granular com aparência aveludada.

Quando o suprimento vascular é pobre, o tecido apresenta-se de coloração rosa pálido ou

esbranquiçado para o vermelho opaco.

Exsudato da Ferida

Algumas coberturas interagem com a drenagem da ferida produzindo um gel ou um liquido


que pode confundir a avaliação. Antes de fazer a avaliação do tipo de exsudato, limpe
cuidadosamente a ferida com soro fisiológico ou água. Escolha o tipo de exsudato
predominante na ferida de acordo com a cor e a consistência, usando o seguinte roteiro:

1. Tipo de Exsudato:

a. Sanguinolento: Fino, vermelho brilhante;

b. Serosanguinolento: Fino, aguado, de vermelho pálido para róseo;

c. Seroso: Fino. Aguado, claro;

d. Purulento: Fino ou espesso, de marrom opaco para amarelo;

e. Purulento pútrido: Espesso, de amarelo opaco para verde, com forte odor.

2. Quantidade de Exsudato:

Determinar o percentual da cobertura envolvida com o exsudato. Use o seguinte roteiro:

a. Nenhum: Tecidos da ferida secos;

b. Escasso: Tecidos da ferida úmidos, exsudato não mensurável;

c. Pequena: Tecidos da ferida molhados; umidade distribuída uniformemente na ferida;


drenagem envolve ≤25% da cobertura;

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d. Moderada: Tecidos da ferida saturados; a drenagem pode ou não estar distribuída
uniformemente na ferida; a drenagem envolve > 25% para < 75% da cobertura;

e. Grande: Tecidos da ferida banhados em fluídos; drenagem abundante; pode ou não


estar distribuída uniformemente na ferida; a drenagem envolve > 75% da cobertura.

Tratamento das feridas

O tratamento da ferida envolve, após verificação dos sinais vitais e de uma anamnese sucinta
sobre as condições em que ocorreram as lesões os seguinte tópicos:
1. Classificação das feriadas: se existe perda de substância, se há penetração da cavidade,
se há perda funcional ou se existe corpo estranho e a necessidade de exames
auxiliares.
2. Anti-sepsia: básicamente a irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico é bastante
eficaz para a diminuição da infecção.
3. Anestesia
4. Hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser muitas vezes
realizada antes de qualquer outro procedimento, até em via pública.
5. Sutura da lesão.

Complicação das feridas

A grande complicação das feridas é a sua infecção, sendo que os fatores predisponentes
podem ser locais ou gerais.

Os locais são:
1. Contaminação,
2. Presença de corpo estranho,
3. Técnica de sutura inadequada,
4. Tecido desvitalizado,
5. Hematoma e espaço morto.

Outras complicações são a hemorragia e a destruição tecidual.

Desbridamento ou Debridamento:

É a remoção do tecido inviável ou necrótico e de corpos estranhos do leito da ferida, a fim de


auxiliar na reparação do tecido de granulação e conseqüente cicatrização.

Não confundir tecido isquemiado com tecido necrótico.

 Tecido Isquêmico - O tecido isquêmico, apesar de já apresentar lesão celular por


qualquer agente, tem possibilidade de retornar ao estado normal sem necessitar de
desbridamento.

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 Tecido Necrótico •É um tecido avascular, logo não sangra e o paciente não sente dor
no local. É um meio de infecção e não reage a antibioticoterapia sistêmica por ser
desvitalizado.Tecido necrótico e cicatrização não ocupam o mesmo lugar ao mesmo
tempo. Estimula um processo inflamatória exacerbado, com muita secreção e odor.
Fazer remoção de crostas, corpos estranhos, secreções e tecido necrosado.

Atualmente os métodos utilizados de debridamento na prática clínica são o autolítico,


enzimático, osmótico, mecânico e cirúrgico.

Desbridamento pode ser:

1. Autolítico (hidrogel, alginato de cálcio, hidrocolóide) - usa as enzimas do próprio


organismo humano para dissolver o tecido necrótico. Isto ocorre quando os curativos
oclusivos ou semi-oclusivos são utilizados. Geralmente não causam dor e requerem pouca
habilidade técnica para sua realização. As coberturas sintéticas como hidrocolóide, hidrogel e
filmes transparentes promovem o debridamento autolítico.

2. Enzimático – utiliza agentes químicos que são seletivos para o tecido necrótico e causam
danos mínimos em tecidos saudáveis. Podem ser utilizados em feridas extensas com
quantidades moderadas de tecido necrótico. Nesse processo quem participa é o colágenase,
papaína e a fibrolisina.

Indicação: Necrose de Liquefação ou Coagulação com ou sem presença de secreção


purulenta.

3. Osmótico - Hemostasia / Debridamento Osmótico / Grande absorção exsudato / Umidade,


em que participa desta ação s o alginato de cálcio e o açúcar que proporciona um eteito
osmótico na membrana e na parede da célula bacteriana.

4. Mecânico – Usam a força física para remover o tecido necrótico sendo produzido pela
fricção com pinça e gaze, pela retirada da gaze aderida ao leito da ferida ou pela hidroterapia
que força a remoção. A maioria das técnicas acaba por lesionar o tecido de granulação
também.

Métodos de debridamento mecânico

1. Fricção com gaze ou Esponja

2. Irrigação com soro

3. Irrigação Pulsátil ( Irriga e aspira ao mesmo tempo)

4. Hidroterapia

5. Curativo Úmido-Seco (Deixa gaze umidecido com SF 0,9% na necrose por 4 horas)

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PREVENINDO INFECÇÕES

Medidas assépticas no tratamento de feridas

1. Lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento.

2. Sempre utilizar luvas estéreis ao manipular a lesão.

3. Diminuir ao mínimo de tempo possível a exposição da ferida e dos materiais


esterilizados.

4. Considerar contaminado qualquer objeto que toque em locais não esterilizados.

5. Colocar somente material estéril para proteger a lesão.

Infecção

Causa mais comum de atraso do processo cicatricial. É a entrada e multiplicação de um


organismo (agente infeccioso) em um hospedeiro.

É uma doença que envolve microorganismos (bactérias, fungos, vírus e protozoários).


Inicialmente ocorre a penetração do agente infeccioso no corpo do hospedeiro (ser humano) e
há proliferação (multiplicação dos microorganismos), com conseqüente reação do corpo a eles
e as toxinas que produzem e apresentação de sinais e sintomas.

Obs. Técnica de coleta de material o Lesões superficiais – fungos; o Limpar a superfície com
S.F. 0,9%; o Raspar usando um bisturi as bordas da lesão; o Amostra do couro cabeludo inclui
cabelo; o Acondicionar em placa de Petri.

CURATIVOS

DEFINIÇÃO

O curativo é uma terapêutica que consiste na limpeza e quando necessário, na aplicação de


uma cobertura estéril em uma ferida com a finalidade de protegê-la contra infecções e

Os curativos podem ser:

I. Abertos

Orientações para curativos abertos

1. Lavar a ferida com soro fisiológico morn o em forma de jato.

2. Utilizar torundas apenas para limpeza da pele circundante.

3. Na presença de tecido desvitalizado, solicitar a avaliação da enfermeira para


desbridamento. Colocar no leito da ferida (cobertura primária) gaze não
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aderente (atadura de rayon) ou gaze, ambas umedecidas com soro
fisiológico. Após utilizar, como cobertura secundária, gazes secas e fixá-las com
adesivo microporoso hipoalergénico.

II. Fechados,

a. Úmidos

b. Secos.

Curativos secos destinam-se à cicatrização de feridas por primeira intenção com pouco
exsudato. Um enfermeiro, ao realizar a troca do curativo seco de uma incisão pós-operatória,
observa que a gaze está aderida em um ponto da linha da incisão, devido a um exsudato
sanguinolento antigo.

úmido

Orienta-se sempre manter meio úmido, não esfregar gaze na ferida e não secar. Deixar gaze
úmida de soro na ferida colocar apositos após gazes atadura etc. Por fim, o que for necessário
para fechar e fixar curativo.

5 tipos de curativos

Veja a seguir os tipos de curativos mais usados atualmente para as mais variadas feridas,
atendendo as necessidades de clientes de todas as idades ao redor do país.

Alginato

Alginato de cálcio com sódio é uma solução incolor e com rápida absorção pela pele, além de
facilitar no desbridamento da ferida. Por ser um gel, permite que o curativo fique úmido,
fazendo com que o machucado se cure rapidamente.

Além disso, induz a hemostasia, auxiliando na prevenção de qualquer coágulo e até mesmo
hemorragia. Tem uso indicado para feridas recentes, abertas e sangrando, com ou sem
infecção.

Hidrogel

Hidrogel pode ser encontrado em forma de pomada estéril para ajudar na cura de feridas, pois,
além de absorver água dos machucados, hidrata, ajuda na remoção de tecido morto e mantém
o machucado longe de bactérias.

É indicado em casos de feridas rosadas e granuladas, úlceras venosas ou arteriais, cortes,


feridas de pé diabético e queimaduras de até segundo grau.

Carvão ativado

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Com indicação diferente do que os últimos tipos de curativos, os de carvão ativado são
recomendados para quem passou por uma cirurgia recentemente ou também pessoas que, por
algum motivo, estão com infecção fúngica na ferida.

Com forte combate a odores gerados pelo machucado, esse curativo também tem o benefício
de eliminar o exsudato e auxiliar pacientes que precisam ficar muito tempo na cama.

Antissépticos

Geralmente disponibilizados em spray e em farmácias ou cirúrgicas variadas, eles são um dos


curativos que auxiliam no combate a qualquer infecção.

Geralmente, são fórmulas que possuem componentes que impedem a proliferação de


microrganismos e podem ser usados a cada troca de curativo.

Seu uso é muito comum nos mais variados tipos de feridas, desde arranhões até lesões mais
complexas e que levam pontos.

Hidrocolóide

Com uso mais amplo, esse é um dos curativos mais utilizados, já que pode ser usado em
feridas, com necrose ou vitalizadas, em escoriações, queimaduras de primeiro ou segundo
grau e até mesmo úlceras e arranhões mais graves.

É muito indicado devido a seus benefícios, podendo citar o fato de deixar o pH da pele
equilibrado e proteger terminações nervosas.

Tema VIII.Problemas de saúde comuns aos clientes médicos cirúrgicos

Equilíbrio hidroeletrolítico – Aspectos fisiológicos (controle renal e hormonal da água e


de eletrólitos) Trabalho em grupo.

O que é equilíbrio hidroeletrolítico?

Equilíbrio de líquidos nos compartimentos líquidos corporais, água corporaL total, volume
sanguíneo, espaço extracelular, espaço intracelular, mantidos por processos no corpo que
regulam a captação e excreção de água e eletrólitos, particularmente sódio e potássio.

O corpo humano pode mover os eletrólitos para dentro ou para fora das células, para ajustar
os níveis dos líquidos. A esse movimento, damos o nome de “equilíbrio eletrolítico” –
essencial para manter a proporção dos líquidos entre as células

Bem mais da metade do peso do corpo é composto por água. Os médicos consideram que a
água do corpo fica confinada em vários espaços, denominados compartimentos de líquidos.
Os três compartimentos principais são

 Líquido no interior das células


 Líquido no espaço em torno das células

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 Sangue

Para funcionar normalmente, o corpo deve evitar que os níveis de líquido variem muito
nessas áreas.

Alguns minerais – principalmente os macrominerais (minerais de que o corpo precisa em


quantidades relativamente grandes) – são importantes, tais como os eletrólitos. Eletrólitos
são minerais que carregam uma carga elétrica quando estão dissolvidos em um líquido como
o sangue. Os eletrólitos do sangue – sódio, potássio, cloreto e bicarbonato – ajudam a
regular as funções dos nervos e músculos e manter um equilíbrio ácido-base e um equilíbrio
hídrico.

Os eletrólitos, sobretudo o sódio, ajudam o corpo a manter os níveis de líquido normais


nesses compartimentos de líquidos, uma vez que a quantidade de líquido contida em um
compartimento depende da quantidade (concentração) de eletrólitos contida nele. Se a
concentração de eletrólitos for alta, o líquido se move para este compartimento (um
processo chamado osmose). Do mesmo modo, se a concentração de eletrólitos for baixa, o
líquido se move para fora deste compartimento. Para ajustar os níveis de líquidos, o corpo
pode mover ativamente os eletrólitos para dentro ou para fora das células. Assim, ter
eletrólitos nas concentrações corretas (um estado denominado equilíbrio eletrolítico) é
importante para manter o equilíbrio líquido entre os compartimentos.

Os rins ajudam a manter as concentrações de eletrólitos ao filtrarem os eletrólitos e água do


sangue, devolvendo uma certa quantidade para o sangue e excretando eventuais excessos na
urina. Assim, os rins ajudam a manter um equilíbrio entre o consumo diário e a excreção de
eletrólitos e água.

Alguns distúrbios podem surgir se esse equilíbrio de eletrólitos for perturbado. Por
exemplo, um desequilíbrio eletrolítico pode ser causado por:

 Ficar desidratado ou hiperidratado


 Tomar certos medicamentos
 Distúrbios específicos do coração, rim ou fígado
 Recebimento de hidratação ou alimentação por via intravenosa em quantidades
inadequadas

O distúrbio hidroeletrolítico consiste em uma deficiência na quantidade de eletrólitos no


corpo humano. Vale ressaltar que o desequilíbrio dos eletrólitos pode levar a morte. O tipo
mais comum refere-se a quando o ocorre alterações níveis de sódio e de potássio.

Basicamente, os eletrólitos são minerais eletricamente carregados. Eles são responsáveis pela
condução de eletricidade, que é necessária para a condução de diversas funções orgânicas
corporais. Isso ocorre quando eles estão dissolvidos em líquido, como, por exemplo, no
sangue.Os eletrólitos presentes no corpo humano são: o sódio, o potássio, o cálcio, o
magnésio, o bicarbonato e tantos outros.

45
As células do corpo humano (principalmente dos nervos, do coração e dos músculos) os
utilizam para manter as voltagens elétricas de suas membranas e para transmitir os impulsos
elétricos para outras células.

Conheça algumas funções dos eletrólitos:

 Levar os impulsos elétricos dos nervos para as células e tecidos;

 Provocar os movimentos que são necessários para que os órgãos funcionem


perfeitamente;

 Manter o equilíbrio ácido-base;

 Manter o equilíbrio hídrico, de água no corpo;

Água total do organismo Embora a concentração dos íons de uma solução seja rapidamente
determinada laboratorialmente,é bom ressaltar que os volumes dos vários compartimentos
hídricos têm uma importância ainda maior no tratamento cirúrgico. Embora a extensão e as
distorções presentes nestes volumes hídricos não sejam prontamente determinadas por medida
direta, é essencial um conhecimento das várias subdivisões da água total do organismo para
compreender e tratar os problemas hidroeletrolíticos mais complexos.

A água representa 50 a 60% do peso corporal, estando presente, em maior quantidade, nas
pessoas magras, e, em menor quantidade, nas obesas. As mulheres têm uma percentagem
menor de água total no organismo devido à maior quantidade de tecido adiposo subcutâneo. A
água do organismo pode ser dividida em compartimentos:

a) Intracelular - 40% do peso corpóreo.

b) Extracelular - 20% do peso corpóreo (Intersticial 5% e Intravascular 15%).

LEC – líquido extracelular. O LEC é um componente plasmático que garante a perfusão


tecidual. A entrada de água no corpo se dá pela via oral ou intravenosa e sua saída por meio
da excreção renal, fezes, vômitos e perdas insensíveis (suor e respiração).

No meio extracelular possui uma concentração maior de sódio enquanto no meio intracelular
possui maior concentração de potássio. Para manter o equilíbrio da célula com a manutenção
das concentrações, as proteínas realizam a captura dos íons de sódio no citoplasma e os
bombeiam para fora das células.

Como eles ocorrem?

 Os distúrbios hidroeletrolíticos ocorrem quando o paciente perde quantidade


significativa de líquidos corporais e, consequentemente, de eletrólitos.

 Essa perda pode ocorrer pelo suor excessivo, pela poliúria (excesso de urina), pelos
vômitos e pela diarreia.

46
 Estes eletrólitos precisam ser repostos rapidamente para que o funcionamento
correto do organismo não seja comprometido.

Quais são os principais órgãos responsáveis pela manutenção do equilíbrio


hidroeletrolítico?

E os principais órgãos responsáveis pela manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico no


organismo são os rins e o sistema endócrino atua no crescimento de tecidos, no equilíbrio
hídrico do corpo, na reprodução e no metabolismo de carboidratos

Todo cuidado com os sinais e sintomas referentes aos desiquilíbrios elétroliticos.


Mais comuns: hiponatremia níveis baixos de sódio no corpo.
Hipernatremia níveis elevados.
Hipocalemia níveis baixos de potássio.
Hipocalcemia níveis baixos de cálcio.
Hipercalcemia níveis altos

EQUILIBRIO- ACIDO-BASICO

A acidez ou alcalinidade de qualquer solução, inclusive do sangue, é indicada pela escala de


pH. A escala de pH varia entre 0 (fortemente ácido) e 14 (fortemente básico ou alcalino). O
pH de 7,0, no centro desta escala, é o neutro. O sangue normalmente é levemente básico, com
pH normal na faixa de cerca de 7,35 a 7,45.

Conforme o conceito de Brönsted-Lowry, os ácidos podem ser definidos como aquelas


substâncias que doam hidrogênios, entendidos como prótons (H+), enquanto que as bases
são aquelas substâncias que aceitam prótons.

Os ácidos são classificados em orgânicos e inorgânicos: Orgânicos: substâncias que fazem


parte da nossa alimentação como o ácido cítrico (laranja, limão, acerola), ácido málico
(maçã), ácido tartárico (uva), ácido acético (vinagre), ácido carbônico (bebidas gaseificadas),
dentre outros.

47
Com isso, temos que o pH normal varia de 7,35 – 7,45.

 pH < 7,35 à acidose

 pH > 7,45 à alcalose

Se todas as Bases do paciente quando somadas não corresponderem ao valor de referência da


Buffer Base, esse excesso é correspondente ao Base Excess.

Valore de referência para o Base Excess: de -3 a +3.

Se tivermos um valor de bases menor que -3, o organismo está perdendo bases por um
distúrbio primário (acidose metabólica) ou compensatório (alcalose respiratória – excreção
maior de bases para compensar uma diminuição da PCO2).

Caso tenhamos um valor superior a +3, há um aumento do total de bases, ou seja, o organismo
está retendo bases podendo indicar um distúrbio primário (alcalose metabólica) ou
compensatório (acidose respiratória – retenção de bases para compensar um aumento de
PCO2).

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TEMA VII: CENTRO DE MATERIAL

É o conjunto de áreas destinadas à limpeza, preparo, esterilização, guarda e distribuição do


material para todo o hospital.

O Centro de material pode ser centralizado, quando o material é limpo, preparado e


esterilizado nas áreas específicas do próprio Centro, ou descentralizado, quando as diferentes
unidades do hospital se encarregam da limpeza e da preparação do material, encaminhando-o
depois ao Centro de material somente para esterilização.

O mais indicado é o sistema centralizado, principalmente porque padroniza as técnicas


empregadas e possibilita o controle de qualidade garantindo maior segurança no uso do
material esterilizado.

Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de


microrganismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é
aquele que está livre de infecção.

Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microrganismos


ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim
utilizamos antissépticos ou desinfetantes.

Degermação: Vem do inglês degermation, ou desinquimação, e significa a diminuição do


número de micro-organismos patogênicos ou não, após a escovação da pele com água e
sabão.

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Desinfeção: é o processo pelo qual se destroem particularmente os germes patogênicos e/ou se
inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os esporos não são necessariamente
destruídos.

Esterilização: é processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas


formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante a aplicação de agentes físicos e ou
químicos, toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxaguadura do artigo para
remoção de detritos.

Esterilizantes: são meios físicos (calor, filtração, radiações, etc.) capazes de matar os esporos
e a forma vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscópicas de vida.

Esterilização: o conceito de esterilização é absoluto. O material é esterilizado ou é


contaminado, não existe meio termo.

Germicidas: são meios químicos utilizados para destruir todas as formas microscópicas de
vida e são designados pelos sufixos "cida" ou "lise", como por exemplo, bactericida,
fungicida, viricida, bacteriólise etc.

Antisséptico quando a empregamos em tecidos vivo

Desinfetante quando a utilizamos em objetos inanimados.

Atividades

Antes de detalharmos as atividades desenvolvidas no Centro de Material, é importante


relembrar alguns conceitos de microbiologia que são básicos para o pessoal de enfermagem
realizar um trabalho consciente e responsável.

a. Esterilização - Conjunto de meios empregados para exterminar todos os germes,


inclusive os esporos.

b. Desinfeção - Meios empregados para destruir os germes na sua forma vegetativa. Ela
pode ou não destruir os esporos.

c. Antissepsia - Meios através dos quais se impede a proliferação dos germes. Na


antissepsia são empregadas substâncias chamadas antissépticas. O emprego do termo
antissepsia restringe-se ao tecido vivo, enquanto que o termo desinfeção aplica-se a
matérias inanimadas. Falamos, por exemplo, em antissepsia da pele e em desinfeção
do piso.

d. Assepsia - Conjunto de práticas e técnicas através das quais se evita a penetração de


germes em locais ou objetos isentos dos mesmos. descontaminação. Processo de
inativação ou retirada de microrganismos, com o objetivo primordial de dar ao
profissional de saúde condições para manipular artigos médico-hospitalares com
segurança.

Material cirúrgico

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É todo o conjunto de objetos, instrumentos e equipamentos que entram em contato direto ou
indireto com a região operatória, utilizados para a execução de determinado procedimento
cirúrgico.

Sua classificação é de acordo com a sua função ou uso principal, visto que muitos
equipamentos têm mais de uma utilidade.

Limpeza do material

É realizada no expurgo, por meio de máquinas, ou então manualmente, como é mais comum.

Se o material estiver sujo de matéria orgânica, como sangue, excreções ou secreções, e


profissional que for proceder a limpeza manual não usar luvas, avental de mangas compridas,
máscara, gorro e óculos de proteção, o material deverá sofrer a descontaminação antes de ser
limpo.

Há várias maneiras de fazer a descontaminação. A mais comum é colocar o material em

uma solução química desinfetante, que seja comprovadamente ativa em presença de matéria
orgânica. Deixar por um período de 30 minutos.

Só após a descontaminação que se inicia a limpeza.

Os procedimentos de limpeza variam de acordo com o material, mas basicamente os


processos são dois:

 Material de aço inoxidável

 Material de borracha.
Material de aço inoxidável
No caso de se usar processo manual, e necessário obedecer a esses passos: imergir o

instrumental em água, de preferência quente, misturada com detergente ou desencrostante ou,


ainda, detergente enzimático. Deixar por 15 minutos para remover os detritos orgânicos
(sangue, principalmente), inclusive os situados nas ranhuras encaixes dos instrumentos;
escovar o material e enxaguar em água corrente; secar o instrumental um a um,
cuidadosamente, usando uma compressa; encaminhar o material limpo para o preparo ou para
a guarda.

Material de borracha

A Limpeza de sondas, drenos, cânulas e tubos de borracha são feita mais comumente pelo
processo manual. Esse processo consiste em:

1. Colocar o material numa bacia com água fria e detergente, ou detergente enzimático,
preenchendo o interior de cada um com auxílio de lima seringa. Deixar nessa solução
por 15 minutos;

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2. Lavar esse material, interna e externamente, com água corrente, de preferência em
torneira com bico de pressão;

3. Secar o material, revendo a limpeza;

4. Encaminhar o material ao preparo.

Por segurança, a maior parte dos hospitais só trabalha com luvas novas. No caso de elas

serem aproveitadas devem ser lavadas, de preferência, a máquina. No entanto, quando a


limpeza precisar ser manual, deve-se proceder da seguinte forma:

1. Colocar as luvas num balde com água fria pura, e deixa-Ias de molho para retirar o
sangue;

2. Passar as luvas para outro balde com solução neutra e suave, esfregando-as
delicadamente;

3. Lavar as luvas dos dois lados, em água corrente;

4. Colocar as luvas para secarem suporte especial, virando-as, para secarem interna e
externamente;

5. Encaminhar as luvas para o preparo.

O material de borracha, em geral, não deve permanecer em solução contendo substância

desencrostante, pois esta provoca mudança em sua coloração e torna-o pegajoso. No caso das
luvas, por exemplo, que sofrer muito a ação dessas substâncias, recomenda-se o uso de sabão
neutro e suave.

É responsabilidade do enfermeiro chefe da unidade oriental quanto à escolha dos produtos a


serem utilizados, a concentração de cada um deles nas soluções e quanto ao tempo de
exposição dos diversos materiais no processo de limpeza.

Preparo do material

As atividades realizadas na área de preparo do material têm como finalidade revisar,


selecionar, preparar o acondicionar do material para ser, posteriormente, esterilizado.

Um cuidado importante executado nessa área e a conservação de pinças e tesouras, dentre


outros instrumentos, que necessitam de lubrificação periódica em suas articulações. O silicone
líquido é muito utilizado para isso, mas os lubrificantes hidrossolúveis são mais adequados. A
vaselina líquida não é recomendada porque forma uma camada fina na superfície do
instrumento, dificultando a esterilização, posteriormente.

Os instrumentos que necessitam de reparos devem ser encaminhados a empresas


recomendadas pelos fabricantes. Não se aconselha a soldagem de instrumentos danificados
por quebra.
52
É também no preparo que geralmente o material é separado e preparado, de acordo com

as especificações.

No local de preparo do material, vários cuidados devem ser tomados para acondicioná-lo

adequadamente. Dentre esses cuidados, destacamos:

1. Escolher o envoltório apropriado ao tipo e volume do material, assim como ao método


de esterilização a que será submetido;

2. Observar se o material está rigorosamente limpo;

3. Preparar e acondicionar o material, de acordo com a técnica padronizada, cujo


objetivo básico e atender aos princípios de assepsia.

Esterilização do material

Existem diferentes métodos de esterilização, os quais são classificados em dois grandes

grupos: os métodos físicos e os métodos químicos. Abordaremos vários desses métodos, uma
vez que esteé um assunto importante e necessário para todo o pessoal de enfermagem.

a. Métodos físicos de esterilização

Nesse grupo apresentaremos três métodos de esterilização diferentes:

1. CALOR ÚMIDO,

2. CALOR SECO

3. RADIAÇÃO.

CALOR ÚMIDO

Lembramos que a água em ebulição, utilizada durante muito tempo como método
esterilização pelo calor úmido, é considerada atualmente um método físico de desinfeção.
Mas para cumprir essa função é necessário o artigo ficar imerso e em ebulição por um mínimo
de 30 minutos.

Esterilização pelo vapor saturado sob pressão

Método processado pela autoclave, um aparelho apresentado em formas e tamanhos


diferentes, sendo até improvisada, às vezes, com uma panela de pressão.

O método de esterilização pelo calor úmido é o mais seguro e também o mais utilizado para
esterilizar a maior parte dos materiais médico-hospitalares. Sua deficiência depende da
penetração do vapor saturado sob pressão nos pacotes ou caixas, a uma determinada

53
temperatura, durante um certo tempo. Cada tipo de material exige um tempo de exposição
diferente e um determinado grau de temperatura.

Os materiais esterilizáveis com autoclave são classificados em duas categorias:

 Materiais de superfície: materiais de borracha, vidro, aço inoxidável e outros.

Nesses casos, o vapor saturado sob pressão circular, sem penetrar, na superfície dos materiais.
Quando o volume de material e reduzido, o tempo de exposição necessário é, em geral, de 15
minutos, a temperatura é de 121°C e a pressão e de 1,5 atmosferas.

 Materiais de densidade: basicamente, as roupas.

Esses materiais são espessos, formados por fibras e, por isso, exigem a penetração do

vapor saturado em todas as camadas de sua espessura. O tempo de exposição para eles é de 30
minutos, a temperatura também deve ser de 121ºC e a pressão de 1,5 atmosferas.

A gaze furacinada não pode ser colocada em autoclave, pois o furacina perde o efeito, quando
exposto a altas temperaturas. O correto é aplicar o furacina na gaze já autoclavado, e somente
no momento do curativo.

As autoclaves que atualmente existem no mercado são de vários tipos. As mais modernas

operam a temperaturas acima de 121°C, sendo o tempo total do seu cicio bem menor. Além
disso, reduzem a deterioração de materiais de borracha, tecido e de elementos cortantes.
Portanto, ao se utilizar uma autoclave deve-se observar o tempo, a temperatura e a pressão
recomendados pelo fabricante. As desvantagens dessas autoclaves mais sofisticadas estão no
seu elevado custo e na complexidade de seu funcionamento, exigindo manutenção
especializada.

Cuidados no carregamento da autoclave

1. Carregar o aparelho com materiais que exijam o mesmo tempo de exposição;

2. Utilizar apenas 80% da capacidade do aparelho, a fim de facilitar a circulação do


vapor no interior da câmara;

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3. Dispor o material adequadamente na autoclave. Os pacotes maiores devem estar na
parte superior, e os menores na parte inferior do carro móvel do aparelho, deixando
suficiente espaço entre eles;

4. Tomar cuidado para que o material não encoste nas paredes da autoclave,
principalmente o de borracha.

Cuidados durante a esterilização

Seguir, rigorosamente, as instruções de operação da autoclave; observar o tempo de exposição


necessário à esterilização do material, a contar do momento em que a temperatura indicada for
atingida; invalidar a esterilização do material a qualquer sinal de defeito da autoclave.

Depois, comunicar o fato ao enfermeiro responsável, para este providenciar a revisão do


aparelho.

Cuidados ao descarregar o aparelho

1. Usar luvas próprias e, em algumas vezes, máscara;

2. Não colocar os invólucros ainda quentes sobre superfícies frias, pois a condensação
possibilita a penetração de bactérias, contaminando, assim, os conteúdos. Recomenda-
se, portanto, que os invólucros esfriem sobre o carro da autoclave;

3. Guardar caixas e pacotes em locais apropriados, a fim de não prejudicar o prazo de


validade da esterilização. Aqui e importante saber que os artigos esterilizados na
autoclave podem ser estocados até uma semana em prateleira aberta, ou até um mês,
se forem colocados sob uma cobertura de plástico ou em uma bolsa selada;

4. Limpar a câmara interna e a superfície externa da autoclave com pano umedecido em


água, depois da última esterilização do dia. Não é permitido o uso de substâncias
abrasivas, tipos saponáceos, ou corrosivos, como água sanitária.

A seguir apresentamos uma lista de diversos materiais esterilizáveis em autoclave, a

121°C, com os cuidados relativos ao preparo de cada um deles, o tempo de exposição


necessário e algumas observações pertinentes.

55
TEMA VIII: INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

Preparo:

Acondicionar os instrumentos em caixa de metal perfurado em todos os lados, fechar a

caixa e envolve-la com cobertura de algodão cru. Proteger as lâminas de bisturi e pontas de
tesouras com gaze.

Tempo de exposição: 30 minutos

Cuidados e observações:

As caixas e estojos perfurados e envoltos com cobertura de algodão cru possibilitam a

entrada do vapor, durante a esterilização.

Agulhas de sutura

Preparo:

Ordenar as agulhas sobre uma gaze e acondicioná-lasem estojo perfurado, envolvendo-o com
cobertura de algodão cru.

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Tempo de exposição: 15 minutos

Cuidados e observações:

As caixas e estojos perfurados e envoltos com cobertura de algodão cru possibilitam a

entrada do vapor, durante a esterilização.

Agulhas de punção

Preparo:

Colocar as agulhas em tubos de vidro fechados

Tempo de exposição: 15 minutos.

Cuidados e observações: a tampa do vidro deve ser permeável o vapor

Bacias, bandejas, cubas, etc.

Preparo:

Fazer pacotes individuais envoltos por cobertura de algodão cru

Tempo de exposição: 30 minutos

Pacotes de curativo

Preparo:

Colocar cerca de 10 folhas de gaze sobre a cobertura de algodão cru e, sabre elas, uma

pinço hemostática (tipo Pean, Kelly ou Crile) e uma tipo dissecção. Dar uma dobra na
cobertura para cobri-los totalmente e, em seguida, colocar outra pinça hemostática e algumas
gazes. Terminar o pacote como de rotina

Tempo de exposição: 30 minutos

Aventais

Preparo:

Empacotar as aventais individualmente ou em número de 2 ou 3, com cobertura de algodão


cru.

Tempo de exposição: 30 minutos.

Campos

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Preparo: empacotar os campos individualmente ou formando um conjunto de campos de
diversos tamanhos. Depois, envolve-los com a cobertura de algodão cru.

Tempo de exposição: 30 minutos

Cuidados e observações: os pacotes não devem ser muito grandes e nem muito apertados. O
volume não pode ultrapassar 0,30 x 0,30 x 0,50cm.

Uso de campos cirúrgicos aderentes impregnados por antissépticos.

Compressas

Preparo:

Fazer pacotes de 10 unidades de algodão cru, aproximadamente, com a cobertura de Algodão.

Tempo de exposição: 30 minutos.

Gaze em folha

Preparo:

Empacotar 10 unidades de gaze em filme poliamida ou em papel do tipo kraft

Tempo de exposição: 30 minutos.

Algodão

Preparo:

Empacotar o algodão ou colocá-lo em tambor com os orifícios cobertos. Envolver esse

tambor com a cobertura de algodão cru.

Tempo de exposição: 30 minutos.

Seringas e outros materiais de vidro

Preparo: empacotar o material individualmente, com coberturas de algodão cru.

Tempo de exposição: 30 minutos

Cuidados e observações: colocar os pacotes na parte superior da autoclave, para evitar quebra.

Sondas com orifício na ponta (em borracha)

1ª opção de preparo:

Empacotar várias sondas com cobertura de algodão cru, confeccionada de maneira a separar
uma sonda da outra.

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Tempo de exposição: 15 minutos.

Cuidados e observações: as sondas preparadas dessa maneira destinam-se a aspiração da


secreção da traqueia

2ª opção de preparo:

Empacotá-las individualmente com cobertura de algodão cru ou em filme poliamida

Tempo de exposição: 15 minutos

Cuidados e observações: evitar misturar material de borracha com outro tipo de material em
um mesmo pacote, pois a borracha cola-se em outros materiais.

Tubos de látex

Preparo:

Enrolar os tubos individualmente, evitando dobras ou angulações. Depois, amarrá-los

levemente com gaze, envolver com compressas e empacotá-los, com cobertura de algodão cru
ou em filme poliamida

Tempo de exposição: 15 minutos

Cuidados e observações: havendo dobras ou angulações, a borracha se cola nesses pontos.

Luvas

Preparo:

Testar as luvas para ver se não há furos, separá-las por número, estocá-las e emparceirá-las.
Depois, virar aproximadamente 4 cm de seus para fora, colocar uma tira de gaze no seu
interior para facilitar a entrada do vapor. Introduzir as luvas em envelopes apropriados de
algodão cru ou, papel kraft ou filme poliamida, com as palmas voltados para cima e os
polegares, para fora. Colocar uma gaze com talco entre os dois bolsos do envelope, para
lubrificação das mãos.

Acondicionar os envelopes de algodão cru em caixas específicas com orifícios abertos e


envoltos com cobertura de algodão cru. Finalmente, os envelopes de papel kraft são
embrulhados em folha de papel kraft, enquanto as de filme de poliamida são colocados em
pacotes do mesmo material, em geral par a par.

Tempo de exposição: 15 minutos

Cuidados e observações: muitos hospitais evitam reesterilizar as luvas.

Escovas

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Preparo:

Acondicionar as escovas envolvendo-os com cobertura de algodão cru.

Tempo de exposição: 30 minutos.

Tubos calibrosos do polietileno

Preparo:

Enrolar os tubos sem angulação ou dobras e amarrá-los levemente com uma tira de gaze.
Envolver os tubos com compressa, antes de empacotá-los com a cobertura de algodão cru.

Tempo de exposição: 15 minutos

Cuidados e observações: deixar a autoclave fechada até que esfrie completamente, para os
tubos não ficarem leitosos.

Água

Preparo:

Colocar a água em frascos de vidro, sem enchê-los completamente. Deixar os frascos


destampados ou fechá-los com tampa permeável ao vapor.

Tempo de exposição: 20 minutos

Cuidados e observação: não misturar a carga de água com outras cargas. Dispensar o período
de secagem e deixar os frascos no autoclave até que esfriem. Usar máscara ou tampar os
frascos, após a esterilização.

CALOR SECO

A esterilização é feita por meio de processo de flamagem ou pelo uso da estufa.

A flamagem é utilizada basicamente em laboratórios, e consiste em aquecer o metal


diretamente sobre a chama, até ficar rubro.

É oportuno Lembrar que a gaze furacinada também não deve ser esterilizada em estufa, pelos
mesmos motivos já mencionados para o caso da esterilização em autoclave.

Cuidados na esterilização em estufa

1. Não carregar a câmara em excesso, a fim de permitir fácil circulação do ar aquecido


entre as caixas e entre os recipientes de vidro refratário;

2. Não deixar as caixas e os recipientes em contato com as paredes da câmara;

60
3. Controlar a temperatura e marcar o tempo de exposição, após ligar o aparelho. O
tempo é de 2 horas, contado a partir do momento em que o termômetro atinge a
temperatura dee 160°C;

4. Não abrir a estufa durante o processo de esterilização;

5. Lacrar o material imediatamente após a esterilização, identificá-lo e datar, caso não se


disponha de fitas termos sensíveis, apropriadas para o calor seco.

O período de validade da esterilização na estufa é de até uma semana, se os materiais forem


estocados em prateleira aberta. Se eles forem colocados sob uma cobertura de plástico ou
bolsa selada, esse período se estende por até um mês.

RADIAÇÃO

A esterilização por radiação é obtida através dos raios gama e cobalto 60. É um método

eficaz que oferece as seguintes vantagens:

1. É altamente penetrante, atravessando invólucros de materiais como caixas de papel,


papelão ou plástico;

2. Não danifica o material submetido ao processo, pois é frio;

3. Tem um longo tempo de validade, desde que o invólucro não seja rasgado, molhado
ou perfurado.

Esse método de esterilização é caro e complexo, não sendo utilizado em hospitais, mas sim
em indústrias especializadas em material médico-hospitalar. O raio gama e o cobalto 60
destinam-se, especialmente, a esterilização de materiais descartáveis como seringas, agulhas,
gazes, drenos, sondas, tubos, fios cirúrgicos e material de implante, como próteses cardíacas e
ortopédicas.

Métodos químicos de esterilização

São aqueles que utilizam produtos químicos, tanto em forma de gases como de líquidos.

Vamos analisar cada um desses métodos separadamente.

Esterilização por gases

Um dos gases utilizados para a esterilização de material médico-hospitalar é o óxido de

etileno. É um gás tóxico, incolor e inflamável, de ativa penetração e poder bactericida


(destruição das bactérias), inclusive para esporos.

A esterilização pelo óxido de etileno é feita em autoclave própria. E um processo bem mais
complexo do que o de calor seco ou úmido, pois, além dos fatores temperatura e tempo, são
igualmente importantes a concentração do gás e a umidade relativa.

61
Entretanto, muitos estabelecimentos de saúde públicos e privados do país, além de não

disporem de esterilização com o óxido de etileno, tem dificuldade para contratar esse serviço,
até mesmo pela falta de empresas especializadas em sua localidade.

Assim, esses órgãos vêm recorrendo as pastilhas de formalina para a esterilização ou


desinfeção de materiais que não podem sofrer a ação do calor ou de esterilizantes líquidos.

Desse modo, as pastilhas de formalina, derivadas dogás formaldeído, na prática, tem se

constituído na única alternativa para esses estabelecimentos de saúde.

Esterilização por líquidos

A utilização de produtos químicos líquidos destinados à desinfeção ou esterilização é

indicada somente para aqueles materiais que não podem sofrer a ação do calor, mas que

suportam o meio líquido, e ainda quando não se, dispõe da esterilização pelo óxido de etileno.
São exemplos desses materiais: plástico, acrílico e polietileno.

Ao tratar dos produtos químicos, não podemos deixar de mencionar que muitos deles estão
disponíveis no mercado, mas nem sempre oferecem indicação clara de seus efeitos e
instruções sobre o correto modo de usá-los, gerando dúvidas quanto ao seu emprego.

Por isso é importante saber que a ação de um produto químico e líquido depende de três

fatores:

1. Contato: para um germicida exercer sua ação, é imprescindível que tenha contato com
os microrganismos. Esse contato é dificultado por gorduras e matéria orgânica, como
sangue e pus, daí a necessidade de Limpar adequadamente o material e expor todas as
superfícies à ação do produto. Caso o artigo a ser esterilizado apresente superfícies
ocas, é preciso cuidar para que o produto químico preencha todas elas.

2. Concentração: cada substância germicida tem seu maior poder de ação numa
concentração específica. Por isso, é indispensável à secagem do material, antes de
imergi-Io na solução química. Caso contrário, a substância ficara diluída, reduzindo,
assim, o seu poder de ação.

3. Tempo de exposição: os produtos químicos não agem instantaneamente, sendo


necessário um certo tempo de contato com o material. Para a desinfeção de artigos, ou
seja, para se obter uma ação germicida contra micro-organismos na forma vegetativa,
o tempo de exposição é de 30 minutos. Para a destruição dos esporos, ou esterilização,
o tempo varia de acordo com o produto químico utilizado e, por isso, é muito
importante atentá-lo para as orientações do seu rótulo.

Cuidados na esterilização com produtos químicos líquidos

62
1. Anotar a data e o horário em que o material foi colocado na solução e o tempo de
permanência;

2. Não misturar materiais diferentes;

3. Usar recipiente plástico ou de vidro, com tampa.

Terminado o tempo de exposição, o material é retirado do produto de acordo com a técnica


asséptica e lavado com soro fisiológico ou água esterilizada, pois o produto geralmente é
irritante para a pele e as mucosas. Em seguida, é secado em campos estéreis e acondicionado
em recipientes também estéril.

A esterilização através de produtos químicos é um assunto bastante controvertido, sendo

vários os fatores a considerar no uso de cada um deles. Assim, a escolha do produto fica a
critério do serviço hospitalar, devendo essa escolha estar de acordo com as exigências da
legislação em vigor.

Testes para avaliar a eficiência da esterilização

Para termos segurança quanto a esterilidade dos materiais, é indispensável testar


periodicamente os esterilizadores, como as autoclaves e as estufas. Aconselha-se seja feito, no
mínimo, um teste por semana, que pode ser físico, químico ou biológico.

 O teste físico consiste em colocar um termômetro especial no interior de um dos


pacotes, para registrar a temperatura máxima atingida.

 O teste químico é feito por substâncias químicas contidas em tubos de vidro ou em


fitas de papel, introduzidos no interior de um dos pacotes de maior volume a ser
esterilizado.

O teste biológico geralmente utiliza culturas de esporos de germes não-patogênicos,


colocados em tubos no interior de um dos pacotes a serem esterilizados. Após o processo, é
preciso analisar se os germes foram destruídos ou não.

Os testes precisam ser feitos sempre na primeira carga do dia. Também é necessário realizar
esses testes toda vez que terminar uma manutenção preventiva ou corretiva dos

aparelhos esterilizadores. Eles devem ser realizados pelo enfermeiro-chefe da unidade,


cabendo ao pessoal de enfermagem, consciente da importância da esterilização, colaborar com
o enfermeiro na realização desses testes.

Guarda e distribuição do material esterilizado

A guarda do material esterilizado é feita em área provida de armários fechados, cestos,

prateleiras, etc.

63
É importante atentar para o fato de que a área de armazenagem do material estéril deve

ser o mais seca possível, uma vez que a umidade altera o prazo de validade da esterilização.

Como já dissemos anteriormente, é dessa área de guarda que se faz a distribuição do

material esterilizado para todas as unidades ou hospital. A distribuição pode ser feita pelo
sistema de troca ou por outro sistema adotado pela rotina do hospital.

A infecção é uma complicação inerente ao ato cirúrgico e se faz necessário um grande esforço
para mantê-la sob controle e em níveis aceitáveis, dentro dos padrões de uma determinada
instituição hospitalar, de tal modo que a análise de seus índices constitui, hoje, um parâmetro
de controle de qualidade do serviço prestado por um hospital.

Limpeza na sala cirúrgica

A sala cirúrgica deve ser completamente limpa e livre de poeira, por meio de:

A. Limpeza semanal com antissépticos

a. Limpeza e remoção de todo equipamento da sala operatória;

b. Lavagem das paredes, janelas, e suportes de lâmpadas;

c. Limpeza de ar condicionado e ventiladores;

d. Esvaziamento e reposição de estoque dos armários;

e. Esfregar o chão, com pano úmido ou por aspiração, usando desinfetantes.

B. Limpeza diária com antissépticos

a. Deve ser feita no final do dia, afim de não acumular pó.

b. Esvaziar e limpar todos os continentes (baldes, etc.);

c. Lavar a mesa de cirurgia;

d. Usar um pano com solução desinfetante para passar em todo equipamento e mobília;

e. Lavar o assoalho com solução desinfetante;

f. Encher vidros e suprir o estoque dos armários.

64
TEMA IX: INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA

O ato cirúrgico era praticado bem antes do aparecimento de instrumental sofisticado, sendo
utilizados bisturis de pedra, pederneiros amolados e dentes de animais. Com a utilização do
aço inoxidável, foi propiciado um material superior para a fabricação de instrumentais
cirúrgicos.

A forma dos instrumentais tem sido criada com base na capacidade de o cirurgião visualizar,
manobrar, diagnosticar e manipular o tecido com uma instrumentação cada vez menor.
Contudo, a consequência de uma melhor forma dos instrumentais é o alto custo, menos
disponibilidade de instrumentação parecida, maior dificuldade na limpeza e cuidados e uma
necessidade cada vez mais frequente de manusear e cuidar adequadamente do material.

Há poucas décadas atrás, o material e equipamento necessários para as cirurgias, eram os


mesmos para todos os procedimentos cirúrgicos, por serem invasivos, além do equipamento
de anestesia e monitorização cardíaca, o bisturi elétrico também estava incluído; atualmente
uma vasta lista de materiais e equipamentos é necessária com o desenvolvimento das técnicas

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cirúrgicas; e associado a esse fato o pessoal de enfermagem suficiente e habilitado no
manuseio dos mesmos.

Os instrumentais cirúrgicos distribuem-se em categorias de acordo com os tempos operatórios


em que são utilizados.

1. Diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através do bisturi, bisturi

elétrico, tesoura, serra ou laser. (Bisturi, tesouras, trépano). Apresenta como objetivo criar
vias de acesso através dos tecidos por meio de bisturis e tesouras. Criadas essas vias, faz-se
necessária a manipulação de algumas estruturas, o que é desempenhado durante a preensão,
com as pinças de preensão.

2. Hemostasia, através de compressão direta com os dedos, tendo como instrumentais


principais as pinças hemostáticas (Halsted, Kelly, Kocher, Rochester), bisturi elétrico
(termocautério) ou sutura para prevenir, deter ou impedir o sangramento durante o ato
operatório.

Concluídos os tempos de diérese, preensão e hemostasia, o campo operatório encontra-se


ideal para o:

3. Afastamento de estruturas, a fim de se possibilitar uma melhor visibilização do


mesmo, o que ocorre durante a exposição com o auxílio dos afastadores. (Farabeuf,
Gosset etc.).

Então, o cirurgião encontra-se apto para desempenhar os procedimentos peculiares da


cirurgia, durante o tempo especial, no qual utiliza-se instrumentais específicos de acordo com
a especialidade cirúrgica.

4. A etapa final é a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida operatória
através de sutura, adesivos e/ou ataduras. agulha de sutura presa no porta-agulha.

Instrumentais de diérese:

Diérese é a manobra cirúrgica destinada a promover uma via de acesso através dos tecidos.
Constituídos fundamentalmente pelos bisturis e tesouras.

Bisturi:

É utilizado para incisões ou dissecções de estruturas. Caracterizado por um cabo reto, com
uma extremidade mais estreita chamada colo, no qual é acoplada uma variedade de lâminas
descartáveis e removíveis. O tamanho e o formato das lâminas e dos colos dos cabos dos
bisturis são adaptados aos diversos tipos de incisões, sendo principalmente utilizados os cabos
de número 3 e 4.O cabo nº 3 é destinado para lâminas pequenas, das de número 9 às de
número 17, em incisões mais delicadas. Já o cabo número 4 é destinado para lâminas maiores,
das de número 18 às de número 50.

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Tesouras:

Têm como função principal efetuar a secção ou a divulsão de tecidos orgânicos, além de
seccionar materiais cirúrgicos, como gaze, fios, borracha, entre outros. As tesouras variam no
tamanho (longas, médias ou curtas), no formato da ponta (pontiagudas, rombas ou mistas) e
na curvatura (retas ou curvas), cada uma com uma finalidade específica, adequada a cada fase
do ato operatório e à especialidade cirúrgica.

 Tesoura de Metzenbaum: pode ser reta ou curva, sendo utilizada para a diérese

de tecidos orgânicos, uma vez que é considerada menos traumática, por apresentar sua
extremidade distal mais delicada e estreita.

 Tesoura de Mayo: também pode ser reta ou curva, sendo utilizada para a secção de
fios e outros materiais cirúrgicos em superfícies ou em cavidades, uma vez que é
considerada mais traumática que a de Metzenbaum, por apresentar sua extremidade
distal mais grosseira.

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Instrumentais de preensão

São basicamente constituídos pelas pinças de preensão, que são destinadas à manipulação e à
apreensão de órgãos, tecidos ou estruturas.

Pinça de Adson:

A pinça de Adson, por apresentar uma extremidade distal estreita e dessa forma, uma menor
superfície de contato, é utilizada em cirurgias mais delicadas, como as pediátricas. É
encontrada em três versões:

1. A traumática, a qual possui ranhuras finas e transversais na face interna de sua ponta;

2. Traumática, com endentações e um sulco longitudinal na extremidade;

3. Dente-de-rato, com dentes na ponta que lembram os de um roedor, sendo esta última
utilizada para a preensão de aponeurose, uma vez que é considerada mais traumática
que a pinça anatômica.

Pinça anatômica:com ranhuras finas e transversais, possuindo uma utilização universal.

Instrumentais de hemostasia

A hemostasia é um dos tempos fundamentais da cirurgia e tem por objetivo prevenir ou


corrigir as hemorragias, evitando, dessa forma, o comprometimento do estado hemodinâmico
do paciente, além de impedir a formação de coleções sanguíneas e coágulos no período pós-
operatório, fenômeno este que predispõe o paciente a infecções.

Os instrumentais utilizados na hemostasia são as pinças hemostáticas, que se apresentam em


vários modelos e tamanhos. Esses instrumentais são identificados pelo nome de seus
idealizadores, como as pinças de Kelly, Crile, Halstead, Mixter e Kocher. Estruturalmente,
essas pinças guardam semelhança com as tesouras, apresentando argolas para empunhadura.
Diferem, no entanto, das tesouras por apresentarem cremalheira, uma estrutura localizada
entre as argolas que tem por finalidade manter o instrumental fechado de maneira auto-
estática, oferecendo diferentes níveis de pressão de fechamento. A empunhadura dessas
pinças também é semelhante à descrita para as

tesouras.

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O sangramento de capilares pode ser estancado pela aplicação de substância hemostática no
local.ex, a cera para osso - utilizada para estancar o sangramento ósseo nas cirurgias
ortopédicas e neurocirurgias. Outro recurso é o bisturi elétrico, que pode ser utilizado com a
função de coagulação e secção (corte) dos tecidos, através da aplicação local de descargas
elétricas.

Instrumentais de exposição

São representados por afastadores, que são elementos mecânicos destinados a facilitar a
exposição do campo operatório, afastando as bordas da ferida operatória e outras estruturas,
de forma a permitir a exposição de planos anatômicos ou órgãos subjacentes, facilitando o
ato operatório.

1. Afastadores dinâmicos:exigem tração manual contínua.

a) Afastador de Farabeuf:apresenta-se em formato de “C” característico, sendo utilizado


no afastamento de pele, tecido celular subcutâneo e músculos superficiais.

b) Afastador de Doyen:por se apresentar em ângulo reto e ter ampla superfície de


contato, é utilizado primordialmente em cirurgias abdominais.

c) Afastador de Deaver:por apresentar sua extremidade distal em formato de semilua,


análoga ao desenho de contorno dos pulmões, é amplamente utilizado em cirurgias
torácicas, podendo também ser utilizado em cirurgias abdominais.

d) Válvula Maleável:empregada tanto em cirurgias na cavidade torácica,quanto na


cavidade abdominal. Por ser flexível, pode alcançar qualquer tipo de formato ou
curvatura, sendo, portanto, adaptável a qualquer eventual necessidade que venha a
surgir durante o ato operatório. Outra importante função éa proteção das vísceras
durante suturas na parede da cavidade abdominal.

2. Afastadores auto-estáticos:são instrumentais que por si só mantém as estruturas afastadas e


estáveis.

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a. Afastador de Gosset ou Laparostato:utilizado em cirurgias abdominais. Deve ser

manipulado em sua extremidade proximal, para que semovimente, uma vez que a distal,

que entra em contato com as estruturas a serem afastadas não cede a pressões laterais.

b. Afastador de Balfour:uma adaptação do afastador de Gosset, acoplando-seao

mesmo uma Válvula Suprapúbica, que, quando utilizada isoladamente, consiste em um

afastador dinâmico.

c. Afastador de Finochietto:utilizado em cirurgias torácicas, possuindo uma manivela

para possibilitar o afastamento da forte musculatura intercostal.

d. Afastador de Adson:pode ser utilizado em cirurgias neurológicas, parao afastamento


do couro cabeludo, bem como em cirurgias nos membros ou na coluna, para o
afastamento de músculos superficiais.

Fios cirúrgicos com ou sem agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-
zero).

Classificados

a. Fios absorvíveis: absorvidos pelo organismo após determinado período. O catgut é de


origem animal (do intestino delgado dos bovinos), podendo ser simples ( 2 a 3
semanas) ou cromado (6 meses.).

b. Fios não-absorvíveis: permanecem encapsulados (envolvidos por tecido fibroso) nas


estruturas internas e nas suturas de pele; devem ser removidos entre o 7° e o 10° dia de
pós-operatório.

Instrumentais especiais

Os instrumentais especiais são aqueles utilizados para finalidades específicas, nos

procedimentos que consistem no objetivo principal da cirurgia. São muitos e variam de

acordo com a especialidade cirúrgica.

Pinça de Allis: apresenta endentações em sua extremidade distal, o que a torna


consideravelmente traumática, sendo utilizada, portanto, somente em tecidos grosseiros ou
naqueles que irão sofrer a exérese, ou seja naqueles que irão ser retirados do organismo.

Pinça de Duval: apresenta extremidade distal semelhante ao formato de uma letra “D”, com
ranhuras longitudinais ao longo da face interna dê sua ponta. Por apresentar ampla

superfície de contato, é utilizada em diversas estruturas, a exemplo das alças intestinais.

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Clamp Intestinal: apresenta ranhuras longitudinais (sendo este modelo pouco traumático) ou
transversais ao longo da face interna de sua ponta. É utilizado na interrupção do trânsito
intestinal, o que o classifica como instrumental de coproestase.

Fórceps: utilizado em cirurgias obstétricas, apresenta ramos articulados, com grandes aros em
sua extremidade, para o encaixe na cabeça do concepto durante partos em que o mesmo esteja
mal posicionado ou com outras complicações. Quando desarticulado, é utilizado em
cesarianas, no auxílio da retirada do neonato.

Saca-bocado: semelhante a um grande alicate, é utilizado na retirada de espículas ósseas em


cirurgias ortopédicas.

Pinça de Backaus:é também denominada de pinça de campo, devido sua função de fixar os
campos operatórios entre si.

Cureta de Siemens: Também chamada de Cureta uterina. É amplamente utilizada em


procedimentos obstétricos para remoção de restos placentários e endometriais da cavidade
uterina especialmente após abortos, onde resquícios do feto podem permanecer na cavidade.
Possui uma superfície áspera, a qual realiza a raspagem; e outra lisa, para que a parede do
útero não seja lesionada durante o procedimento.

Pinça de Babcock: Possui argolas e cremalheiras. Na extremidade distal possui uma pequena
superfície de contato o que a torna pouco traumática. Dessa forma, pode ser utilizada na
manipulação de alças intestinais.

instrumentais de síntese

A síntese geralmente é o tempo final da cirurgia e consiste na aproximação dos tecidos


seccionados ou ressecados no decorrer da cirurgia, com o intuito de favorecer a cicatrização
dos tecidos de maneira estética, além de evitar as herniações de vísceras e minimizar as
infecções pós-operatórias. Os instrumentais utilizados para este fim são os porta-agulhas, que
se apresentam em dois modelos principais:

Porta-agulhas de Mayo-Hegar:é estruturalmente semelhante às tesouras e pinças hemostáticas,


apresentando argolas, para a empunhadura, e cremalheira, para o fechamento auto-estático. É
mais utilizado para síntese em cavidades, sendo empunhado da mesma forma descrita para os
instrumentais argolados ou de forma empalmada.

Porta-agulhas de Mathieu: possui hastes curvas, semelhante a um alicate, com cremalheira


pequena. É utilizado em suturas de tecidos superficiais, especialmente na pele em cirurgias
plásticas ou ainda em cirurgias odontológicas. Esse modelo de porta-agulha é empunhado
sempre de forma empalmada.

A face interna desses instrumentais apresenta ranhuras em xadrez, apresentando


eventualmente também um sulco longitudinal, que facilitam a fixação das agulhas aos

71
mesmos. Além dos porta-agulhas, outros materiais são utilizados na síntese, como os fios,
agulhas e fios agulhados.

Arrumação da mesa de instrumentação

Deve ser feita de forma padronizada, de acordo coma ordem de utilização dos instrumentais
no ato operatório, a fim de se facilitar o acesso aos mesmos. Durante a arrumação da mesa, é
necessário imaginá-la dividida em 6 setores, correspondentes aos tempos operatórios, que
iniciam a partir da diérese, que é representada pelos bisturis e pelas tesouras. Em seguida,
apresenta-se setor de preensão, com as pinças de preensão, seguidas do setor de hemostasia,
que abriga materiais como gazes, compressas e fios para ligadura, bem como as pinças
hemostáticas. Segue-se, então, como setor de exposição, com os afastadores. O setor especial
apresenta instrumental que variam de acordo com o tipo de cirurgia. O sexto e último setor
corresponde ao tempo de síntese, abrigando, portanto, materiais como agulhas e os fios e os
porta-agulhas.

É necessário ressaltar que, de forma geral na arrumação da mesa de instrumentação, os


instrumentais menos traumáticos devem preceder os mais traumáticos, a exemplo da pinça
anatômica que deve preceder as pinças dente de rato e adson em sua versão dente de rato.
Bem como os curvos devem vir antes dos retos e os afastadores dinâmicos antes dos auto-
estáticos, a exemplo do afastador de farabeuf que deve preceder o afastador de gosset. Além
disso, os instrumentais devem ser arrumados com suas curvaturas voltadas para cima e suas
extremidades distais voltadas para o instrumentador, a menos queestes se encontrem ainda
desmontados, como o cabo de bisturi ainda não acoplado a sua lâmina, e o porta-agulha sem a
agulha, para evitar que instrumentais desmontados sejam repassados para o cirurgião.

O sentido de arrumação da mesa varia de acordo comos tipos de cirurgia. Nos casos de
cirurgia supra-umbilicais, em que o cirurgião deve estar a direita do paciente, tendo o
primeiro auxiliar a sua frente e o instrumentador ao lado deste, a mesa deve ser organizada
em sentido horário. Há cirurgiões que optam pela mesa de Mayo, uma mesa de
instrumentação auxiliar, com suporte lateral colocada sobre as pernas do paciente.
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Equipamentos especiais:

Televisão, videocassete, câmara, fonte de luz e microscópio; material para colocação do


paciente em posição adequada: como para posições ginecológicas, posições para
neurocirurgias; equipamento e material para monitorização cardíaca, urinária, gástrica;
controle ambiental: temperatura, segurança elétrica, segurança física e emocional.

Até algumas décadas atrás, a medicina dispunha de apenas dois métodos visuais de
diagnóstico além da laparotomia: a radiologia e a laparoscopia. Com o desenvolvimento
tecnológico dos últimos anos, surgiram outros métodos importantes: a cintilografia, a
ultrassonografia, a tomografia e a ressonância magnética. A introdução dessas novas técnicas
não invasivas causou uma certa redução no número de indicações do exame laparoscópico,
mas ao mesmo tempo, a integração da laparoscopia com essas novas técnicas aumentou o
rendimento diagnóstico.

Além dos métodos não invasivos de diagnóstico, a laparoscopia permite a visualização de


minúsculas lesões localizadas nas superfícies dos órgãos abdominais. Trata-se, porém, do
único método ao estudo do peritôneo

Fios cirúrgicos

Os fios cirúrgicos, durante a síntese, fixam ou contém as estruturas orgânicas divulsionadas


ou cortadas, na diérese. Para isso, utilizam-se agulhas, adaptadas e desenhadas de acordo com
as características, tanto dos tecidos a serem suturados, como dos fios escolhidos.

Um fio ideal deve ter, baixo custo, grande resistência à tração e torção, ausência de reação
tecidual, calibre fino e regular, esterilização fácil e também ser mole, flexível, pouco elástico
e resistente á esterilização.

Pode-se classificar os fios em mono e multi-filamentares, quanto ao número de filamentos dos


quais são feitos. Os multi-filamentares dividem-se em torcidos, trançados e trançados com
revestimento.

Quanto ao material confecionado, eles se classificam em absorvíveis e inabsorvíveis. Os


absorvíveis podem ser de origem animal, como o catgut simples ou então de origem vegetal.
Os fios de origem vegetal podem se revestidos, como o polyvicril ou sem revestimento, como
o Déxon e o vicryl. Os inabsorvíveis também podem ter origem animal como a seda trançada,
ou vegetal como o algodão, ou então de origem sintética como o mononylon, prolene e
mersilene. Existem também os fios metálicos, de aço inoxidável, como o aciflex.

Os fios cirúrgicos são vendidos de acordo com um comprimento padrão, de 45 a 140 cm, e
cada fabricante, para cada fio identifica, na embalagem, as especificações do fio que ela
contém, tais como o material de que é feito, comprimento, se está acoplado a uma agulha e
que tipo de agulha contém. Os fios são comercializados já esterilizados e com data de
validade para sua utilização. As embalagens de fios cirúrgicos podem conter um único fio ou
vários.

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Os fios podem estar acoplados a uma agulha, para facilitar seu uso. Neste caso, o calibre da
agulha deve ser semelhante ao calibre do fio. Existem fios com uma e com duas agulhas.

O calibre dos fios cirúrgicos é identificado pela quantidade de números zero, 1-0; 2-0; 3-0; 4-
0; etc. Quanto maior o número de zeros menor é o calibre dofio, até 12-0, o de diâmetro
0,001mm.

Como o fio pode se comportar como corpo estranho e prejudicar a cicatrização, é


aconselhável escolher o calibre do fio de acordo com a resistência, o tipo de estrutura a ser
suturada e a tensão entre as bordas da ferida.

A escolha do tipo de fio, se absorvível ou inabsorvivel, depende da resistência e do tempo da


manutenção da sutura até a sua total cicatrização. Deve-se escolher um fio inabsorvivel,
quando houver a necessidade da manutenção de sua resistência por um período maior do que
2 a 3 semanas ou quando a reação inflamatória deve ser a menor possível.

A experiência, o conhecimento das estruturas a serem operadas, da técnica cirúrgica e da


biologia da ferida e da cicatrização, aliados ao bom senso, determinam qual o melhor fio a ser
utilizado.

Nós cirúrgicos

O nó em cirurgia assume um papel importante, pois durante a síntese ou a hemostasia, as


estruturas são suturadas ou aproximadas, utilizando-se agulha e fio e, depende do nó, que fixa
e estabiliza a sutura, o sucesso da sua cicatrização.

Os nós usados, em cirurgia, seguem os mesmos princípios de um nó comum. Porém, durante


o procedimento cirúrgico, muitas vezes o cirurgião atua em um campo restrito, ou então existe
uma limitação aos movimentos devido à posição ou à delicadeza das estruturas e, portanto,
houve a necessidade de adaptar-se a maneira de executar o nó, com as necessidades
específicas do cirurgião, permitindo padronização e segurança, para realizar qualquer
procedimento cirúrgico.

Os eles consistem no cruzamento dos fios, formando uma laçada e na passagem de um dos
fios através dessa laçada e, então, com um fio de cada lado pode-se aproximá-los, fechando a
laçada.

A diferença entre um nó comum e um nó utilizado em procedimento cirúrgico é a maneira


como se passa o fio através da laçada. Neste detalhe se baseia a técnica utilizada pelos
cirurgiões para realizar os nós.

A posição das mãos e a escolha do dedo que irá executar o nó depende de como o fio deve
fechar a laçada. Ressalta-se que o nó realizado sem se preocupar com este detalhe pode se
transformar em uma zona de fraqueza, com o risco de se romper durante o procedimento
cirúrgico ou após terminada a cirurgia causando deiscência da ferida operatória.

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Os eles podem ser realizados com uma ou duas passagens pela mesma laçada. O com uma
passagem apenas é um nó deslizante, pois pode-se reajustar a tensão, mesmo depois de
realizado. O nó com duas passagens pela laçada, não desliza, e, portanto, é utilizado quando
não se deseja ou não pode haver afrouxamento do primeiro nó. É utilizado para aproximação
de estruturas sob tensão.

Suturas

As agulhas cirúrgicas, utilizadas na síntese, penetram e atravessam os tecidos e, assim,


conduzem os fios para os locais adequados. As agulhas, para melhor conforto e praticidade
são montadas na ponta de uma porta agulha, e na metade da agulha.

As agulhas, conforme o seu ângulo interno, podem ser classificadas em:

1. Curvas (ângulo interno de 180 graus),

2. Semi retas (ângulo interno menor que180 graus)

3. Retas.

De acordo com a secção transversal da ponta, as agulhas dividem-se em:

1. Cilíndricas,

2. Triangulares

3. Prismáticas

Dependendo do tipo da ponta, as agulhas são classificadas em traumáticas, com pontas


triangular ou prismática e traumática quando cilíndricas.

As agulhas de sutura foram projetadas para penetrar e transpassar os tecidos levando, através
destes, fios de sutura. Conforme a forma do corpo da agulha e de sua ponta, diferentes tipos
de lesões serão produzidos nos tecidos. Portanto a escolha da agulha

depende da estrutura a ser suturada.

A realização de sutura para o fechamento de incisões ou de ferimentos visa evitar infecção,


obter resultado estético satisfatório e promover cicatrização da ferida com maior rapidez e
segurança e, assim, garantir o sucesso do ato operatório.

Regras Básicas da Síntese por Suturas:

a. Usar fio de material e calibre adequados para o tipo de tecido.

b. Múltiplos eles implicam mais corpo estranho.

c. O fio não precisa ter força tênsil muito superior à resistência do tecido no qual é
passado.

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d. Não aproximar bordas sob tensão.

e. A distância entre os pontos deverá ser equivalente.

f. Evitar suturas em plano único >10mm de profundidade.

g. Evitar deixar espaços vazios entre os planos.

h. Evitar corpos estranhos na linha de sutura.

i. Não apertar os nós excessivamente.

j. Não dar nós tortos ou deslizantes.

TEMA X: ATENÇÃO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO

INTRODUÇÃO

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As queimaduras são lesões freqüentes e mesmo quando não levam a óbito, produzem grande
sofrimento físico e muitas vezes requerem tratamentos que duram meses ou mesmo anos,
além disso, seqüelas físicas e psicológicas são comuns.

DEFINIÇÃO

Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica
resultante da exposição a chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, frio, substâncias
químicas, radiação, atrito, fricção ou certos animais e vegetais,.

A injúria determinada por este trauma, à queimadura, assume proporções variáveis, na


dependência do tempo de exposição, do percentual de área queimada e do agente causador.
Suas conseqüências envolvem desde um simples cuidado com a área atingida

em tratamento ambulatorial até o óbito. A partir destes conceitos entendemos que a gama de
morbidade é mais ampla do que se pode imaginar, não significando a queimadura apenas uma
lesão restrita á superfície cutânea, pois profundas alterações metabólicas, hemodinâmicas,
psicológicas ou funcionais alteram totalmente a vida do cliente.

FISIOPATOLOGIA

A pele é o mais extenso órgão do corpo humano, protegendo-o contra invasão de


microorganismos, contra perdas excessivas de água e eletrólitos e contra traumas físicos.
Participa da produção de hormônios e secreção de substâncias, da metabolização de vitamina
D, na termoregulação e na recepção de estímulos do ambiente. A queimadura é uma lesão
complexa que compromete a integridade da pele, assim, a função de todos os sistemas do
corpo estará afetada e as defesas do organismo estarão limitadas, podendo prejudicar o
equilíbrio corporal normal de fluidos/eletrólitos, a temperatura, o equilíbrio térmico, a função
articular, a habilidade manual e aparência física da vítima.

ETIOLOGIA

1. Queimaduras térmicas: são as queimaduras mais comuns, causadas pelo calor, podem
ser causadas por gases, sólidos ou líquidos quentes.

2. Queimaduras químicas: são causadas por ácidos ou álcalis e podem ser graves;
necessitam de um correto atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode
agravar as lesões.

3. Queimaduras elétricas: são muitas vezes queimaduras graves,geralmente as lesões


internas, no trajeto da corrente elétrica através do organismo, são extensas, enquanto
as lesões das áreas de entrada e saída da corrente elétrica na superfície cutânea são
pequenas.

4. Queimaduras por radiação: podem ser causadas pelos raios ultravioletas (UV), pelos
Raios X ou por radiações ionizantes.

5. Queimaduras por atrito;


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6. Outras: São queimaduras mais comuns aquelas causadas por líquidos aquecidos (água,
leite, café, gorduras quentes), geralmente em casa e na cozinha. E as crianças,
infelizmente são as maiores vítimas desse tipo de acidente. Em segundo lugar estão os
acidentes com álcool, sempre graves e importantes e acontecem, geralmente nas
churrasqueiras, fogueiras, acampamentos etc.

CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS

As dimensões e a profundidade de uma queimadura são uma função do agente que gerou a
queimadura, de sua temperatura e da duração da exposição. Para proceder ao primeiro
atendimento e prevenir complicações no paciente queimado é fundamental a classificação de
lesão quanto à dimensão, localização, a profundidade e a gravidade.

Determinar o grau da lesão é determinar a profundidade da queimadura (se atingiu epiderme,


derme ou outros tecidos). Muitas vezes a diferenciação entre os graus de lesão pode ser difícil
e o diagnóstico de certeza só pode ser realizado através de histopatologia do tecido.

A avaliação do grau de profundidade e o percentual da superfície corporal queimada são


cruciais para o paciente queimado. Quanto mais profunda e extensa a lesão por queimaduras
pior o prognóstico. A conduta terapêutica por equipe multiprofissional, particularmente do
profissional enfermeiro, depende do nível de gravidade das lesões.

Quanto à profundidade, a queimadura é classificada em graus: primeiro, segundo ou terceiro;


ou conforme a profundidade da pele lesada, descrevendo as queimaduras em termo de
espessura parcial ou espessura total.

Essas podem ser classificadas segundo o dano tecidual ocorrido, tais como, queimaduras de
primeiro, segundo e terceiro graus.

I. Lesão de Primeiro Grau

Atinge a epiderme (camada mais externa) e não provoca alterações na hemodinâmica. A pele
queimada fica dolorosa e avermelhada e não há formação de bolhas. Em sete dias ocorre uma
cicatrização sem fibroses.

Clinicamente são lesões secas, caracterizadas por intenso eritema e dor local sem a presença
de bolhas ou flictenas. Elas não representam risco de vida e normalmente não necessitam de
reposição volêmica endovenosa.Um bom exemplo é a queimadura solar.

II. Lesão de Segundo Grau

Queimadura que atinge tanto a derme quanto a epiderme. A característica mais marcante é a
presença de bolhas.

II a. Lesão de Segundo Grau Superficial:

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Atinge epiderme e superfície da derme apresentando lesões bolhosas eritematosas.

As camadas mais profundas da derme são poupadas, da mesma forma que os folículos pilosos
e as glândulas sudoríparas e sebáceas.

Formam-se bolhas, sob as quais a pele fica vermelha e úmida, e as queimaduras são muito
dolorosas ao toque. Caso as bolhas se rompam, a ferida permanece úmida. As feridas
cicatrizam de 14 a 21 dias e podem ou não deixar uma cicatriz.

II b. Lesão de Segundo Grau Profunda:

Acomete também uma porção mais profunda da derme. A pele tem um aspecto bolhoso e
chamuscado, e fica hipersensível..

As bolhas apresentam fundo de coloração violácea ou esbranquiçada ocorrendo lesão dos


folículos pilosos e das glândulas sebáceas e sudoríparas, podem ser difíceis de diferenciar das
queimaduras de terceiro grau. O diagnóstico diferencial principal é com a lesão de terceiro
grau (queimaduras de segundo grau são dolorosas e as de terceiro grau não costumam doer).
Como exemplo figuram as leões por escaldadura (líquido superaquecido). A cicatrização
demora entre 3 e 4 semanas e existe alguma cicatriz residual, relacionada à intensidade e à
profundidade da lesão.

III Lesão de Terceiro Grau

As queimaduras de terceiro grau são denominadas de espessura total.

É uma queimadura que acomete todas as camadas da pele e pode atingir também outros
tecidos (gordura subcutânea, músculos e ossos). A lesão característica apresenta-se com
aspecto duro, inelástico, esbranquiçado ou marmóreo, perda de sensibilidade no local e
presença de vasos trombosados. A pele fica chamuscada, pálida, indolor e com consistência
de couro. Esse tipo de queimadura não cicatriza espontaneamente. São necessários correção
cirúrgica e/ou enxertos cutâneos e permanecem cicatrizes residuais significativas.

COMPLEXIDADE DAS QUEIMADURAS

Queimaduras que devem ser encaminhadas a um centro especializado de queimados

1. Queimaduras de espessura parcial superiores a 10% da superfície corporal;

2. Queimaduras que envolvem a face, mãos, pés, genitália, períneo e/ou articulações
importantes;

3. Queimaduras de terceiro grau em grupos de qualquer idade;

4. Queimaduras causadas por eletricidade, inclusive aquelas causadas por raio;

5. Queimaduras químicas;

6. Lesão por inalação;


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7. Queimadura em pacientes com problemas médicos preexistentes;

8. Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante (tais como fraturas, etc.)
no qual a queimadura apresenta o maior risco de morbidade ou mortalidade;

9. Crianças queimadas sendo tratadas em hospital sem pessoal qualificado ou


equipamentos para o cuidado do caso.

A. Pequeno queimado ou queimadura de pequeno porte

Considera-se como queimado de pequena gravidade o paciente com:

1. Queimaduras de primeiro grau em qualquer extensão, e/ou

2. Queimaduras de segundo grau com área corporal atingida até 5% em crianças menores
de 12 anos e 10% em maiores de 12 anos.

No pequeno queimado as repercussões da lesão são locais e que implicam tratamento


ambulatorial.

B. Médio queimado ou queimadura de moderado porte

Considera-se como queimado de média gravidade o paciente com:

1. Queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 5% a 15% em menores
de 12 anos e 10% e 20% em maiores de 12 anos, ou

2. Queimaduras de terceiro grau com até 10% da área corporal atingida em adultos,
quando não envolver face ou mão ou períneo ou pé, e menor que 5% nos menores de
12 anos, ou

3. Qualquer queimadura de segundo grau envolvendo mão ou pé ou face ou pescoço ou


axila.

Observação: todo paciente deverá ser reavaliado quanto à extensão e profundidade, 48 a 72 h


após o acidente.

C. Grande queimado ou queimadura de grande porte

As repercussões da lesão manifestam-se de maneira sistêmica. Considera-se como queimado


de grande gravidade o paciente com:

1. Queimaduras de segundo grau com área corporal atingida maior do que 15% em
menores de 12 anos ou maior de 20% em maiores de 12 anos, ou

2. Queimaduras de terceiro grau com mais de 10% da área corporal atingida no adulto e
maior que 5% nos menores de 12 anos, ou

3. Queimaduras de períneo, ou

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4. Queimaduras por corrente elétrica, ou

5. Queimaduras de mão ou pé ou face ou pescoço ou axila que tenha terceiro grau.

Falamos de grande queimado sobre um paciente que tem pelo menos 20% da area corporeal
queimada. dentro desse grupo, existe um grupo de pacientes de pior prognostico:

1. Paciente que tem mais de 40% da area do corpo queimada

2. Paciente com mais de 60 anos

3. Paciente cuja lesão cutanea esta acompanhada de lesão inalatoria

Observação: É considerado também como grande queimado o paciente que for vítima de
queimadura de qualquer extensão que tenha associada a esta lesão uma condição clínica que
possa deteriorar seu estado geral.

MÉTODOS PARA CÁLCULO DA ÁREA QUEIMADA

As dimensões de uma queimadura são quantificadas como um percentual da superfície


corporal total (SCT), para esse cálculo, os métodos mais utilizados são os seguintes:

1. Diagrama de Lund e Browder:

Neste método, o corpo é dividido em pequenas áreas para indicar a extensão da queimadura; a
idade da vítima é analisada, visto que existe uma diferença acentuada entre o perímetro
cefálico de uma criança e de um adulto, e fazer a classificação da extensão baseada na
generalização dos membros pode ocasionar superestimação da região queimada,
conseqüentemente, capaz de prejudicar o tratamento.

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2. Regra dos nove desenvolvida por Polask e Tennison em 1961:

Neste método o corpo é dividido em segmentos que correspondem, aproximadamente, a 9%


da superfície corporal total ou a múltiplos de 9%. A regra dos nove faz uma aproximação das
porcentagens da superfície corporal total em adultos. Nos lactentes e nas crianças, a cabeça
corresponde a uma percentagem maior da superfície corporal total e as pernas, a um
percentual menor.

Em relação ao cálculo da extensão da queimadura, a denominada “Regra dos nove” é o mais


utilizado em nível mundial, por ser de fácil aplicação. Essa regra é baseada no fato de que,
nos adultos, várias regiões anatômicas do corpo humano representam 9% da superfície
corporal ou um múltiplo desse número.

A regra dos nove é um método mais rápido, utilizada em casos de emergência, onde se calcula
a profundidade e o grau da área queimada. Divide-se o corpo em múltiplos de nove; a cabeça
e os membros superiores (MMSS) valem 9% cada um, o tórax anterior e posterior e cada
membro inferior valem 18% e o períneo 1%.

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AREA ADULTO % CRIANÇA %

Cabeça e pescoço 9 18

Membro Superior direito 9 9

Membro Superior esquerdo 9 9

Tronco anterior 18 18

Tronco posterior 18 18

Genitália 1 1

Coxa direita 9 4,5

Coxa esquerda 9 4,5

Perna e pé direito 9 4,5

Perna e pé esquerdo 9 4,5

3. Método da superfície palmar:

Baseia-se no fato de a região dorsal da mão do paciente corresponder a aproximadamente 1%


da superfície corporal total. O percentual de superfície corporal total queimado é avaliado
pela estimativa da quantidade de “mãos” equivalentes ao total da queimadura.

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A localização da queimadura é importante para a cicatrização e reabilitação geral, vítimas de
queimaduras no rosto, olhos, orelhas, mãos, pés, ou área genital, mesmo que sejam de menor
grau, exigem geralmente hospitalização e cuidados especiais, por que essas são áreas
importantes onde se desejam cicatrizações rápidas, não infectadas, com fibrose mínima. As
queimaduras faciais podem envolver edema e apresentar problemas para os cuidados com as
vias aéreas. As queimaduras do períneo são difíceis, quando não impossíveis de evitar
infecção. O edema também pode ser um problema e o paciente necessita ser sondado o mais
rápido possível.

De maneira prática, considera-se a palma da mão do paciente como equivalente a 1% de


superfície corporal queimada.

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O Atendimento Pré Hospitalar é aquele realizado no local do acidente por profissionais


capacitados em atender situações de emergência, sendo assim, estes profissionais devem estar
tecnicamente preparados para atender pacientes graves.

O objetivo do atendimento pré-hospitalar é a ressuscitação da vítima de trauma, assegurando


que a mesma tenha tratamento rápido e definitivo das múltiplas lesões, permitindo que ela se
recupere totalmente e se reintegre à sua função na sociedade.

 Segurança da equipe: A primeira preocupação da equipe deve ser com sua própria
segurança, e isto se aplica a qualquer situação, mas deve ser reforçada ao se atender
vítimas de queimaduras que estejam em ambientes hostis. Deve-se ter cuidados com
chamas, gases tóxicos e fumaça, e para o risco de desabamento e explosões.

 Interrupção da queimadura: é o segundo passo no atendimento à vítima e deve ser


feito na seguinte sequência:

a. Afastar a vítima do agente da queimadura;

b. Encharcá-la com água e extrair as roupas queimadas não aderentes;

c. Se se tratar de uma queimadura química, retirar cuidadosamente as roupas e


despejar grandes quantidades de água sobre a ferida;

d. Se se tratar de uma queimadura eléctrica e a vítima ainda estiver em contacto


com a corrente eléctrica, não tocar na vítima. Interromper o contacto com um
objecto seco não condutor (ex.: uma corda);

e. Estabelecer a permeabilidade das vias aéreas e avaliar as lesões provocadas por


inalação. Administrar oxigénio se possível;

f. Avaliar e iniciar o tratamento das lesões que requeiram atenção imediata;

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g. Retirar jóias ou roupas apertadas;

h. Cobrir a queimadura com uma cobertura húmida esterilizada ou limpa;

i. Cobrir a vítima com uma cobertura seca e quente, para evitar a perda de calor;

j. Transportar a vítima para o centro hospitalar mais próximo.

Avaliação Primária

Deve se realizar o atendimento primário segundo o A, B, C, D e E, como em outros tipos de


trauma e logo após realizar a avaliação secundária.

A – Vias Aéreas: as queimaduras que envolvem as vias aéreas são graves e podem levar à
obstrução das vias aéreas superiores. Deve-se ter em mente que uma via respiratória tem um
potencial para edemaciamento rápido, mesmo que na avaliação inicial, seu estado seja
aceitável. Caso a respiração não esteja adequada, o paciente deve ser intubado e ventilado.

B – Respiração: Muitos pacientes morrem como resultado de uma queimadura por que
inalam os subprodutos da combustão, inalam gases tóxicos ou por estarem em ambientes com
baixo nível de oxigênio por muito tempo, não pelas queimaduras propriamente ditas. Muitas
vezes esses efeitos podem não se mostrar com sinais e sintomas alarmantes, logo após o
trauma. O paciente deve receber uma máscara com oxigênio a 100%, na presunção de que
tenha havido envenenamento por monóxido de carbono”.

Os indicadores de lesão por inalação incluem queimaduras faciais, chamuscamento de cílios e


das vibrissas nasais, depósito de carbono e alterações inflamatórias agudas na orofaringe,
escarro carbonado, história de confusão mental e/ou de confinamento no local do incêndio,
história de explosão com queimaduras da cabeça e do tronco

Sempre que exista uma lesão por inalação, está indicada a transferência para um centro de
queimados. Se o tempo de transporte é prolongado, a intubação deve ser realizada antes do
transporte, para proteger as vias aéreas.

C – Circulação: o grande queimado perde fluídos através das áreas queimadas e também
devido à formação de edema. Isto pode levar ao choque hipovolêmico que se desenvolve
gradualmente. Quando o quadro de choque é precoce, logo após a queimadura, normalmente
está associado à outras lesões e / ou hemorragias, levando à hipovolemia, e não à queimadura

Após estabelecer a via aérea e identificar e tratar as lesões que implicam em risco iminente de
vida, o enfermeiro deve providenciar um acesso venoso com um cateter de grande calibre (no
mínimo > 16G) introduzindo em uma veia periférica e iniciar a reposição de fluídos. Se a
extensão não permitir a introdução do cateter através de pele íntegra, ainda assim não se deve
titubear em puncionar uma veia acessível através da pele queimada. Tendo em vista a alta
incidência de flebites e flebites sépticas nas veias safenas, os de atendimento em casos graves
no ambiente pré-hospitalar, porque não depende de achados laboratoriais. Essa fórmula indica
que o paciente deve receber 4 ml de fluído nas primeiras 24 horas para cada 1% de área

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corpórea queimada, de segundo ou terceiro grau por kilo de peso do paciente. A metade desse
total deverá ser administrada nas primeiras 8 horas.

Reposição de volume nas primeiras 24 horas = 4 ml x % de superfície corpórea queimada x


peso (kg).

Todos os pacientes com queimaduras superiores a 20% -30% da SCT devem ter um cateter de
demora introduzido para a medida exata do débito urinário membros superiores são
preferíveis aos inferiores para o acesso venoso.

Qualquer fórmula de reposição volêmica fornece apenas uma estimativa da necessidade


hidroeletrolítica da vítima. Ainda que existam várias fórmulas para reposição volêmica, a
fórmula de Parkland serve como um bom procedimento.

D – Avaliação Neurológica: o enfermeiro deve avaliar o estado neurológico da vítima pois


alterações da consciência podem ocorrer devido à hipóxia ou à intoxicação por monóxido de
carbono, além é claro, de lesões associadas à queimadura.

E – Exposição: a vítima queimada deve ter suas roupas retiradas como qualquer outra vítima
de trauma; deve-se, porém, ter cuidado porque podem estar aderidas à queimadura, neste caso
devem ser retiradas apenas no hospital por profissionais habilitados. Os grandes queimados
são especialmente suscetíveis à hipotermia e todo cuidado deve ser tomado para evitá-la; a
vítima sempre deve sercoberta após ter suas roupas retiradas.

PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO. PRIMEIROS


SOCORROS

EM QUEIMADOS.

a. Exame básico

b. Vias Aéreas

c. Boa Respiração

d. Circulação

e. Dano Neurológico

f. Exposição

Cuidados imediatos

 Parar o processo da queimadura, retirando objetos que possam perpetuar o processo,

 Resfrie o local com água em temperatura ambiente. A água promove a limpeza do


local e diminui a dor;

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 Retire pertences da vítima: anéis, pulseiras, relógio, pois podem ficar mais apertados
se houver inchaço;

 Coloque um pano limpo e úmido sobre a queimadura;

 Não fure as flictenas (bolhas);

Cuidados iniciais

a. Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas da queimadura;

b. Avaliação clínica completa e registro do agente causador da extensão e da


profundidade da queimadura;

c. Analgesia: oral ou intramuscular no pequeno queimado e endovenosa no grande


queimado.

d. Pesquisar história de queda ou trauma associado;

e. Profilaxia de tétano;

f. Hidratação oral ou venosa (dependendo da extensão da lesão).

Cuidados locais

a. Aplicação de compressas úmidas com soro fisiológico até alívio da dor.

b. Remoção de contaminantes

c. Verificar queimaduras de vias aéreas superiores, principalmente em pacientes com


queimaduras de face.

d. Verificar lesões de córnea;

e. Resfriar agentes aderentes (ex. piche) com água corrente, mas não tentar a remoção
imediata;

f. Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar abundantemente com água


corrente de baixo fluxo (após retirar o excesso do agente químico em pó, se for o
caso), por pelo menos 20 a 30 minutos. Não aplicar agentes neutralizantes, pois a
reação é exotérmica, podendo agravar a queimadura;

g. Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser confeccionados.

Criterios de transferencia do paciente na unidade especial de queimados

1. Crianças (menos de 5 anos) e idosos (mais de 80 anos) tem que ser transferidos para a
unidade especial de queimados.
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2. Queimadura de face, de extremidades e de perineo de terceiro grau

3. Queimadura circunferencial, sobretudo a região da articulação, região de mobilidade


tipo axila, queimadura do pescoço vão ser, tambem, encaminhadas ate a unidade
especial dos queimados

4. Queimaduras especiais (tipo, quimico, electrocução com alta voltagem, queimadura


por radiação) são necessariamente encaminhados na Unidade de Queimados

5. As queimaduras não acidentais, pela implicação social

6. Os grandes queimados (>20% superficie queimada)

7. Condiçoes especiais (imunodepressão, ICC, gravidez)

8. Trauma associado

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