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Técnico em Enfermagem

MÓDULO III
Organização, estrutura e o funcionamento do Centro Cirúrgico,
de uma sala de Recuperação Pós-Anestésica e do Centro de
Material e Esterilização.

Profa. Roberta Mota


Centro Cirúrgico
O centro cirúrgico é uma área de acesso restrito onde é realizado
intervenções cirúrgicas caracterizado por dimensões e instalações
diferenciadas. O ministério da saúde preconiza áreas que
proporcionem o desenvolvimento de atividades necessárias aos
procedimentos.
A localização do centro cirúrgico pode ser em qualquer área do
hospital desde que o local ofereça a segurança necessária à
técnica asséptica, distante de locais de grande circulação de
pessoas, ruído e poeira, próxima das unidades de internação,
pronto socorro e unidade de terapia intensiva e unidades de
suporte como almoxarifado, farmácia, lavanderia, banco de
sangue, laboratório e CME, contribuindo para uma intervenção
imediata e melhor fluxo de paciente.
Organização do Centro Cirúrgico

O dimensionamento da área deve ser de acordo com a


demanda pretendida ou estipulada. A área física tem que
proporcionar barreiras que minimizem a entrada de
microrganismos. O Centro Cirúrgico é composto por áreas ou
compartimentos independentes e indispensáveis, para seu
funcionamento.
É dividido em:

▪ Área não restrita: permite livre circulação. Fazem parte dessa


área os vestiários, corredor de entrada de pacientes, sala de
conforto e descanso, sala de espera dos acompanhantes.
▪ Área semirrestrita: permite a circulação de pessoas e
equipamentos desde que não interfira no processo asséptico.
Está incluída a sala de guarda de materiais de limpeza e
equipamentos, corredores do bloco operatório, sala de
enfermagem.
▪ Área restrita: área em que há um limite para circulação de
pessoal e equipamentos, com um grande controle de transito
e assepsia. Nesta área só poderá circular pessoal vestido
adequadamente com uniforme privativo, gorro ou touca,
protetores de calçados. Exemplo: sala de operação, lavabo e
corredor intersala.
Fluxos no Centro Cirúrgico:

O fluxo no interior do Centro Cirúrgico tem como objetivo impedir


o cruzamento de artigos médicos e instrumentos limpos e
esterilizados com os artigos potencialmente contaminados e não
acondicionados adequadamente, contribuindo dessa forma para
a diminuição da incidência de infecção.
Área do Centro Cirúrgico:

▪ Vestiários - Esses locais devem ser exclusivos e funcionar como


barreiras físicas de acesso e ser localizado na entrada do Centro
cirúrgico. Devem possuir sanitários, chuveiro e armários e estar à
disposição doa funcionários as roupas próprias utilizadas no Centro
Cirúrgico em diversos tamanhos e de cores diferentes das
utilizadas nas outras áreas do hospital.
▪ Área de Recepção de Pacientes - Essa área é um local
destinado a receber os pacientes no Centro Cirúrgico e deve ser
um ambiente tranquilo para diminuir estresse do período pré-
operatório. Neste local poderá ser realizado uma reavaliação
clinica antes da cirurgia ou administração de pré-anestésico caso
ainda não tenha sido administrado.
 Sala de Enfermagem - É uma área destinada ao controle
administrativo do Centro Cirúrgico. Deve estar em local de
fácil acesso e que permita uma ampla visão do Centro
Cirúrgico.

▪ Sala de Conforto - Área destinada ao conforto dos


profissionais que trabalham neste setor. Deverá dispor de mesas
e cadeiras.
▪ Sala de Anestesiologista de Cirurgião - Local reservado para
realizar os relatórios médicos.

▪ Sala de Material de Limpeza - Local reservado para armazenar


os materiais e utensílios da limpeza do Centro Cirúrgico.

▪ Sala para Guarda de Equipamentos - É um local reservado para


receber os equipamentos que estiverem em condições para
utilização imediata. Os equipamentos que podem ser guardados
neste local podem ser: monitores cardíacos, bisturis, microscópios,
entre outros.
 Sala para Armazenamento de Material Esterilizado - Local
destinado ao armazenamento dos artigos estéreis para uso na
sala de operação.

▪ Sala de Operação - Local reservado para realização do


procedimento cirúrgico. Neste local o paciente permanece a maior
parte do tempo.

▪ Sala para Deposito de Gases Medicinais - É um local


reservado para armazenamento de torpedos de oxigênio, ar
comprimido, óxido nitroso e o nitrogênio.
▪ Sala de Expurgo - Local destinado para desprezar as secreções
vindas da sala de operação. Nela deve conter vaso sanitário com
descarga e uma pia para lavar artigos utilizados nos procedimentos
cirúrgicos.
O Centro Cirúrgico deverá contar também com elementos técnico-
administrativo como: banco de sangue, Raios-X, laboratório e
anatomia patológica, auxiliares de anestesia, farmácia, segurança e
secretaria.
Estrutura Física do Centro Cirúrgico

Os lavabos cirúrgicos destinado a degerminação de mãos e


antebraços devem possuir profundidade que permita a realização
do procedimento sem o contato com as torneiras e as borda,
conter torneiras com comandos que dispensem o contato das
mãos para o fechamento, o uso de dispensadores de sabão
líquido para degerminação e recursos para secagem das mãos.
O piso do centro cirúrgico deve ser resistente, não poroso e de
fácil limpeza, permitir a visualização da sujeira, ser
antiderrapante, não ter emendas, ser pouco sonoro e não conter
ralos. As paredes devem ser de cor clara ou fosca para permitir a
visualização de sujeira e não deve ser de azulejos. As portas
devem ser largas para facilitar a passagem de macas e
equipamentos, possuir visores de vidro para evitar aberturas a
qualquer momento e evitar acúmulo de sujeira.
As lâmpadas na sala de operação devem ser fluorescentes e é
necessário que exista iluminação direta com foco cirúrgico que
deve ter como característica a ausência de sombras, a redução
dos reflexos e eliminação do excesso de calor. As tomadas de
110 e 220 volts devem estar 1,5 m de distância do chão
devidamente identificadas e alimentadas por circuitos críticos
para aparelho portátil de Raios-X.
O centro cirúrgico deve possuir um sistema de ar condicionado
central com o objetivo de controlar a temperatura e a umidade,
promover adequada troca de ar, remover gases anestésicos e
partículas em suspensão. Além disso, deve conter sistema de
emergência com gerador próprio e sistema de aterramento para as
instalações elétricas. As instalações fluido-mecânicas no centro
cirúrgico são: o vácuo, oxigênio, ar comprimido e óxido nitroso.
Os centros de material esterilizados, conhecidos pelas siglas
CME, são locais onde se processa todo o material médico
utilizado para procedimentos pérfuro cortantes ou que entram
em contato com mucosas.
Nesses locais, se procede à limpeza, preparo, esterilização,
guarda e distribuição desses insumos ao restante das áreas
hospitalares, principalmente para os centros cirúrgicos.
A equipe de enfermagem atua no CME realizando os processos
de manejo desses materiais, padronizando os procedimentos e
garantindo a qualidade das limpezas e da esterilização.
Atividades desenvolvidas no CME

▪ Receber, desinfetar e separar os artigos;


▪ Lavar os artigos;
▪ Receber as roupas vindas da lavanderia;
▪ Preparar os artigos e as roupas;
▪ Esterilizar os artigos e as roupas por meio de métodos físicos e/ou
químicos, proporcionando condições de aeração dos produtos, conforme
necessário;
▪ Realizar controle microbiológico e de validade dos artigos esterilizados;
▪ Armazenar e distribuir os artigos e as roupas esterilizadas;
▪ Atividades técnicas-administrativas como: planejar, organizar, orientar,
realizar treinamento especifico de pessoal para o setor, e educação
continuada.
Os materiais, no CME são classificados da seguinte forma:

Artigos não-críticos: são insumos e materiais que não entraram


em contato com mucosa ou com secreções, mas sim com a pele
íntegra, por exemplo: estetoscópios, otoscópios, termômetros
axilares, etc. Esses materiais deverão ser limpos.
Observação: Geralmente, são poucos os materiais não-críticos
que são direcionados ao centro de material esterilizado.
Geralmente, a maioria desses materiais são higienizados com
álcool a 70% pela própria equipe de enfermagem.
Artigos semi-críticos: são os materiais que entram em contato
com mucosas do paciente, por exemplo: regiões anais, mucosa
nasal, vaginal, ocular, etc. Esses materiais serão desinfetados.
Exemplos de materiais semi-críticos: tubos de respiradores,
ambús, etc…
Artigos críticos: são aqueles que entram em contato direto com
sangue ou secreções. Tais insumos irão necessitar de
esterilização. São exemplos: tesouras, instrumentos que cortam
ou que costuram, como as agulhas cirúrgicas.
Artigos contaminados: são aqueles que tiveram contato com pus,
sangue, secreções contaminadas. Assim como os artigos críticos,
esses materiais deverão ser esterilizados.
Infraestrutura de um Centro de Material Esterilizado

A infraestrutura de um CME deve garantir um fluxo único de


materiais entre as difentes salas, ou seja, desde a entrada até a
saída, os insumos não devem retornar para áreas anteriores, a fim
de se garantir qualidade e diminuir o risco de contaminar outros
materiais.
Em relação às dependências de um centro de material esterilizado,
podemos elencar as possíveis repartições.
Área de recepção: é a área de entrada dos materiais e
equipamentos. Essa área também é chamada de expurgo. É
necessário, no mínimo, que o CME disponha de dois expurgos: um
para receber material contaminado e outro material limpo. Assim,
evita-se a contaminação cruzada de material.
Área de Preparo: local destinado ao preparo dos materiais.
Os equipamentos contaminados precisam ser previamente
higienizados e empacotados (os gazes e instrumentos cirúrgicos,
por exemplo, precisam ser devidamente empacotados em
embalagens de papel ou tecido).
Guarda e distribuição: é o depósito de materiais que já estão
estéreis e estão disponíveis para serem enviados aos locais ou
setores hospitalares.
Além dessas três áreas essenciais, o CME também pode contar
com: copas, banheiros privativos, vestiários, salas de apoio,
posto de enfermagem, etc.
Agora, vamos detalhar as atividades que são desenvolvidas no
Centro de Material Esterilizado, elas são: limpeza, preparo,
guarda e distribuição do material.
Como é feita a Limpeza de Material no CME?

A limpeza é o procedimento inicial a ser realizado nos materiais.


Esse procedimento visa remover sujidades maiores e pode ser
realizado manualmente ou por meio de equipamentos
específicos.
Nos casos em que o material recebido, seja crítico ou
contaminado, este deverá ser colocado em solução desinfetante,
como o hipoclorito de sódio, por no mínimo, 30 minutos. Esse
procedimento chama-se descontaminação.
Após a descontaminação, procede-se a limpeza manual (com
escovas e buchinhas). Também é importante lembrarmos que
todos os profissionais que atuam no centro de material
esterilizado deverão estar devidamente paramentados com
luvas, capotes, aventais, tocas, óculos e máscaras de proteção.
A limpeza também irá depender do tipo de material a ser
higienizado. Materiais de plástico e de metal, por exemplo,
exigem processos de limpeza diferentes.
Os materiais de aço/metal deverão ser imergidos em líquidos
desinfetantes para, em seguida, serem escovados. Já os
materiais emborrachados, como máscaras de oxigênio ou de
inalação devem ser imergidas em soluções específicas para esse
tipo de material, como os sabões neutros e suaves para, em
seguida, serem escovados e secos.
Preparo do Material para Esterilização

Nesta etapa, deve-se preparar todo o material para ser


esterilizados. O processo de esterilização é capaz de eliminar
bactérias, vírus e esporos e geralmente é realizado por meio de
métodos químicos, físicos ou radioativos, que veremos logo
adiante.
É também nessa etapa que a equipe de enfermagem poderá
realizar a manutenção das pinças e de tesouras. Com o tempo
e com o uso prolongado, as articulações desses equipamentos
ficam ressecadas. Para isso, utiliza-se lubrificantes a base de
água para ajudar a conservar tais equipamentos.
Não se recomenda a utilização de vaselina, pois ela forma uma
fina camada no material de aço, o que impede a esterilização.
Como Esterilizar o Material

Para esterilizar o material, pode-se optar por diferentes meios:


métodos físicos, químicos ou por radiação. Vamos conhecer cada
tipo: Esterilizando o Material por Meios Físicos
Os métodos físicos são: calor úmido, calor seco e radiação.
Calor úmido

O calor úmido utiliza a água em altas temperaturas por um período


de tempo longo (geralmente 30 minutos a 60 minutos). O método
de calor úmido é também chamado de método da autoclave.
O método de calor úmido é o mais seguro e o mais utilizado em
todo o mundo. A eficiência desse método decorre do fato de o
calor e a umidade sob pressão penetrar tecidos e diversos
materiais que podem ser esterilizados.
As autoclaves funcionam como verdadeiras panelas de
pressão. Com elas é possível controlar, em seus painéis, a
temperatura desejada e o nível da pressão. Esses
equipamentos operam em temperaturas acima de 121ºC,
portanto, requerem cuidados específicos no manuseio para
se evitar graves acidentes.
Em geral, os cuidados com a autoclave são:

•Configurar corretamente o tempo e pressão de acordo com o


material que será esterilizado.

•Utilizar somente 80% da capacidade do aparelho, para facilitar a


passagem de ar entre os materiais.

•Colocar os materiais maiores na parte superior e os menores na


parte inferior.
•Evitar que os materiais de borracha entrem em contato com a
parede da autoclave, pois podem se deformar ou derreter.

•Seguir rigorosamente as etapas de esterilização de acordo com o


manual da autoclave.

•Após o desligamento da autoclave, esperar o material secar


adequadamente antes de enviá-lo para outros setores.
Calor seco
Esse método dispensa o uso da umidade em seu processo de
esterilização. Ele pode ser de dois tipos: flambagem e estufa.
Na flambagem, coloca-se o material de aço sob uma chama até
que ele fique com cor alaranjada. Esse tipo de técnica é apenas
utilizada em laboratórios para a esterilização de pinças metálicas.
No caso das estufas, utiliza-se caixas metálicas em altas
temperaturas, para esterilizar o material. Esses equipamentos
utilizam altíssimas temperaturas, e gastam mais tempo para
resfriarem. Além disso, não podem ser acondicionados materiais
de borracha ou tecidos, pois seriam seriamente danificados.
Radiação

Por esse método de esterilização, procede-se a aplicação de raios


gama e cobalto 6º diretamente sobre o material. É um processo
rápido e altamente eficiente, no entanto, é um método muito caro e
complexo. Por esses motivos, esse método não é adotado em
hospitais, mas sim em indústrias de grande porte que precisam
esterilizar grandes quantidades de materiais, geralmente de uso
único, como seringas e agulhas, em pouco tempo.
Esterilizando o Material por Meios Químicos

O método de esterilização aqui adotado é aquele que utiliza


produtos químicos, sejam líquidos ou gases, que atuam
esterilizando os materiais.
Gases
O óxido de etileno é um gás extremamente tóxico, incolor e que
possui capacidade de penetração em diversos materiais,
provocando a morte de vírus, bactérias e esporos.
Para que a esterilização ocorra por esse meio, é necessário que
a autoclave seja específica para esse propósito. Devido a alta
complexidade desse método e ao fato de requere pessoal
especializado no manuseio desse tipo de equipamento, muitas
unidades hospitalares recorrem a empresas especializadas para
terceirizarem esse procedimento.
Alguns hospitais, por não poderem arcar com os elevados
custos da esterilização por óxido de etileno, optam por adotar
pastilhas de formalina, que é uma substância derivada do gás
formaldeído. Esse é um meio útil de esterilização e mais
barato, em comparação ao etileno.
Líquidos

O meio líquido de esterilização utiliza diversas substâncias para


desinfetar materiais que são mais sensíveis ao calor ou aos
outros métodos de esterilização, como a borracha e materiais
plásticos, por exemplo.
Na indústria, existem uma grande variedade de produtos
químicos que podem esterilizar os materiais, no entanto, caberá
ao serviço hospitalar a adoção desse método para promover a
limpeza dos materiais.
Ao realizar a esterilização por líquidos, devemos ter em mente
os seguintes fatores: contato do material com o líquido – todas
as partes do material devem entrar em contato com o líquido
esterilizante; concentração – o líquido precisa ser diluído? É
necessário adicionar alguma outra substância? Qual o
grau/quantidade de líquido para a quantidade de material a
ser esterilizado? Tempo de imersão: é o tempo que o material
precisará ficar submerso no meio liquido para que a
esterilização seja eficaz.
Após o contato com do material com o líquido esterilizante, este
precisará ser lavado com soro fisiológico ou água destilada. Esse
procedimento visa remover qualquer resquício do líquido
esterilizante, uma vez que ele pode ser tóxico para a pele
humana.
Todos os procedimentos referentes a essa técnica precisam ser
realizados seguindo-se rigorosamente a técnica asséptica para se
evitar a contaminação e comprometer a qualidade do
procedimento.
Como Avaliar a Eficácia da Esterilização

Os testes são extremamente necessários para se avaliar a


eficácia de funcionamento dos maquinários que realizam os
procedimentos de esterilização. Tais testes deverão ser feitos
com regularidade. Geralmente, a equipe de enfermagem os
realiza uma vez por semana.
Os testes podem ser físicos: quando se coloca um termômetro
dentro do material para checar se o mesmo está alcançando a
temperatura adequada; ou químicos: por meio de kits de fita teste
fornecidos pelas próprias empresas fabricantes do maquinário. A
fita teste deverá ser inserida no interior de uma embalagem de
material e nunca na face exterior, pois o importante é saber se a
temperatura e umidade estão alcançando o interior das
embalagens.
Como Avaliar a Eficácia da Esterilização
Portanto, não se recomenda a fixação de fita teste no invólucro dos
materiais, pois isso apenas atesta que a esterilização está
acontecendo em sua face exterior, e não interior, que é onde o calor
e umidade precisam chegar.
Os testes também podem ser biológicos. Nesse tipo de teste, se
insere um tubo de ensaio contendo bactérias, vírus e esporos
inofensivos, no interior do equipamento. Após o funcionamento, o
tubo de ensaio é analisado microscopicamente para identificar se
esses microrganismos foram mortos.
Todos os testes precisam ser padronizados em manuais de normas
e rotinas da unidade, sendo de responsabilidade do enfermeiro e da
equipe a correta realização dos mesmos. Além disso, também é
importante padronizar os momentos em que os testes deverão ser
feitos.

A literatura recomenda que:


Deverão ser feitos após manutenções no maquinário.
Pelo menos uma vez por semana, na primeira carga do dia.
Toda vez que se notar algum defeito no processo de esterilização.
Armazenamento e Distribuição dos Insumos do Centro de
Material Esterilizado

Todos os insumos, assim que forem esterilizados, precisam estar


secos e devidamente embalados.
Também se recomenda a correta identificação de tais materiais, com
etiquetas fixadas na parte exterior, contendo as seguintes
informações: data e hora da esterilização, prazo de validade, nome
dos responsáveis pela esterilização e demais informações que a
equipe julgar necessárias.
▪ Tipos de Embalagem:

▪ Tecido de algodão: este tipo deve manter uma barreira de


proteção de várias lavagens e esterilizações. Deve ser duplos e
de algodão puro, segundo as normas orientadoras do Ministério
da Saúde, pré-lavados para testar o encolhimento e não conter
resíduo de goma, remendos nem cerzimentos. Estas embalagens
devem ser mantidas em temperatura ambiente.
▪ Papel grau cirúrgico: este tipo de embalagem é permeável ao
agente esterilizante e impermeável aos microrganismos, resistente
à tração e perfuração. É indicado nos processos de vapor saturado
sob pressão, óxido de etileno. Utiliza-se para embalar materiais
cirúrgicos de síntese ou sutura. Validade de 90 dias.

▪ Papel crepado: são embalagens feitas 100% de celulose tratada,


funciona como barreira efetiva contra penetração de
microrganismos, é flexível e fácil de ser moldado, resistente a
ruptura e utilizadas na esterilização por vapor e óxido de etileno.
▪ Filmes transparentes: junto com o papel grau cirúrgico apresenta
a vantagem de permitir a visualização do material e servem para
embrulhar artigos destinados à esterilização por vapor.
▪ Tyvek: são embalagens que não contêm celulose, suportam
altas temperaturas e apresenta resistência à tração e
perfuração e são de longa duração. É compatível com
esterilização por vapor saturado sob pressão, óxido de
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio e radiação gama.
▪ Não tecido: são embalagens de polipropileno, possuem
resistência e capacidade de filtração, barreira microbiana,
resistência, maleabilidade e repelência aos fluidos. É compatível
com o processo de esterilização por vapor saturado sob pressão
óxido de etileno, formaldeído e plasma de peróxido de hidrogênio.
▪ Contêineres rígidos: são embalagens constituídas de caixa
metálica termo resistente, recipientes de alumínio, plástico termo
resistente, contendo válvula, filtro de papel ou tela e que contém
furos na tampa superior que servem para estocar artigos por
várias semanas. São utilizadas para esterilização pelo vapor
saturado sob pressão, e autoclaves que contenham uma tecla
bomba de vácuo.
▪ Caixas metálicas e lâminas de alumínio: utilizadas no
processo de esterilização por calor seco em estufas e deverão
ser totalmente perfuradas e embaladas em embalagem
secundária permeável ao vapor.
Após a identificação, os materiais precisam ser armazenados em
locais fechados, protegidos da luz, umidade, calor e poeira.
A distribuição dos materiais poderá seguir a rotina das unidades
hospitalares. Essa distribuição poderá ser feita pelo chamado
sistema de troca, onde se troca o material utilizado por um
esterilizado, ou conforme a rotina do hospital.
Controles do Processo de Esterilização:

O controle do processo de esterilização pode ser feitos por


indicadores físicos e químicos.

Controle Químico: São produtos que monitoram um ou mais


parâmetros da esterilização, com base em uma mudança
química ou física, com a finalidade de controlar a exposição
interna e externa do pacote. São classificados em:
Classe I – indicadores de processos: Demonstram se o pacote
passou pelo
processo de esterilização e diferencia o artigo processado do
não processado, podendo com isto detectar determinadas falhas
humanas. Deve ser usado em todas as unidades que serão
submetidas ao processo. A fita zebrada ou fita teste é um
exemplo desse tipo de controle.

Classe II – indicadores para uso em testes específicos: são


utilizados para testar equipamentos.
Classe III – indicadores de parâmetro: utilizado para medir os
parâmetros da esterilização.
Classe IV – indicadores de multiparâmetros: utilizado para medir dois
ou mais de um parâmetro. É por meio de uma fita com tinta que
muda de cor quando colocadas no processo.
Classe V – indicadores integradores: Indicadores que reagem com
todos os parâmetros do processo de esterilização a vapor (tempo,
temperatura e qualidade do vapor).
Classe IV – indicadores de simulação: reagem a todos os
parâmetros críticos.
Controle Biológico: São caracterizados por esporos
bacterianos que diferem conforme o processo de esterilização.
Esse tipo de controle indica que a esterilização foi efetiva
através da inativação de microrganismos com alta resistência a
um dado agente esterilizante. São classificados em:

Indicadores de primeira geração: após o processo são


encaminhados para laboratório e colocados em meio de cultura
sob determinada temperatura, por um tempo de dois a sete dias.
Apresentação em forma de envelopes contendo tiras de papel
com esporos secos.
Indicadores de segunda geração: são ampolas que tem esporos
secos e autocontidos.

Indicadores de terceira geração: são semelhantes aos


indicadores de segunda geração diferenciando-se na forma de
detecção do crescimento bacteriano.
Sala de Recuperação Pós Anestésica - SRPA

• Local destinado a receber o paciente em pós-operatório imediato


até que recupere a consciência e tenha seus sinais vitais estáveis;
• A assistência prestada ao paciente na SRPA requer cuidados
constantes, porque é uma fase delicada do pós-operatório,
necessitando de uma monitorização constante e controle de sua
evolução;
• Para a prestação do cuidado em tais condições críticas é
necessário que a equipe de enfermagem esteja em constante
estado de alerta para atuar de maneira rápida e eficiente;
• Compete ao enfermeiro considerar os diversos fatores de risco
existentes relacionados ao trauma anestésico-cirúrgico;
• Riscos cirúrgicos: extensão do trauma e suas alterações
neuroendócrinas, sangramento, dor, alteração de sinais vitais;
Riscos anestésicos: drogas pré-anestésicas e anestésicas
utilizadas, potencial de depressão respiratória, interação
medicamentosa;
Riscos individuais: idade, estado nutricional, doenças associadas,
estado emocional; Além da identificação dos riscos, cabe ao
enfermeiro fazer uma avaliação global do paciente com
destaque para diversas variáveis tais como: funções respiratória e
cardiovascular, sistema nervoso central, dor, temperatura,
atividade motora, equilíbrio hidroeletrolítico, infusões, drenagens,
condições de curativo, ocorrência de náusea e vômitos, entre
outros.
POTENCIAIS COMPLICAÇÕES NA RECUPERAÇÃO PÓS-
ANESTÉSICA

• Dor: avaliar e quantificar, posicionar corretamente paciente no


leito e utilizar coxins, auxiliar mudança de decúbito e administrar
terapia álgica prescrita;
• Complicações respiratórias: hipóxia, obstrução de vias aéreas
superiores, hipoventilação, apnéia, broncoaspiração.
• Monitorar sinais vitais, elevar decúbito de 30º a 45º, estimular
respiração profunda, aumentar oferta de oxigenio se necessário,
desobstruir vias aéreas, manter disponível material para entubação
e ventilação. Checar carrinho de reanimação a cada plantão;

• Complicações cardiovasculares: Hipertensão e hipotensão


arterial, arritmias, choque hipovolêmico;
• Verificar nível de consciência, verificar pressão arterial com um
manguito de tamanho adequado à circunferência do braço,
providenciar acesso venoso adequado, elevar MMII (se hipotensão
PA sistólica < 90mmHg), observar queixa dolorosa e retenção
urinária(se hipertensão PAS > 160mmHg), manter monitorização
através de cardioscopia e oximetria de pulso, repor líquidos (se
sinal hipovolemia PAS < 90mmHg e diminuição da diurese –
contatar o anestesiologista de plantão), observar sinais de
sangramento, realizar balanço hídrico.
• Hipotermia (T < 36oC): manter paciente coberto, observar alterações de
ECG e oximetria, administrar soluções endovenosas aquecidas, trocar
roupas molhadas, utilizar colchão ou manta térmica, se disponível;
• Hipertermia (T > 38oC): fazer compressas frias, controlar temperatura,
infundir líquidos em temperatura ambiente;
• Náuseas e vômito: manter cabeça lateralizada e decúbito elevado se
possível, evitar mudanças bruscas de decúbito, manter a permeabilidade
das vias aéreas e sondas, manter oxigenação, oferecer higienização da
boca e trocar roupas se vômito.
Complicações renais:
• Oligúria - fazer balanço hídrico, controlar PA, observar
características diurese
• Poliuria - controle hídrico, PA, glicemia
• Retenção urinária: observar presença de globo vesical
aumentado e queixa dolorosa,realizar medidas mecânicas, se
não resolver proceder sondagem vesical de alívio;
Recuperação Pós-Anestésica: CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Recomendações para a admissão do paciente na SRPA:
• Conferir a identificação da paciente
• Fazer exame físico
• Fazer exame físico
• Monitorar FC, PA, Saturação de oxigênio, temperatura, nível
de consciência e dor
• Manter vias aéreas permeáveis
• Instalar nebulização de oxigênio; oximetria periférica < 92%
• Promover conforto e aquecimento
• Verificar condições do curativo (sangramentos), fixação de
sondas e drenos
• Anotar débitos de drenos e sondas
• Fazer balanço hídrico s/n
• Observar dor, náusea e vômito e comunicar anestesiologista
Administrar analgésicos, antieméticos e antibióticos conforme
prescrição médica
• Manter infusões venosas e atentar para infiltrações e irritações
cutâneas
• Observar queixa de retenção urinária
• Minimizar fatores de estresse
• Orientar paciente sobre término da cirurgia, garantir sua
privacidade e zelar por sua segurança.
• Aplicar o índice de Aldrete e Kroulik a fim de estabelecer os
critérios de alta da SRPA
O Índice Aldrete e Kroulik tem como proposta, a avaliação dos
sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso central e muscular
dos pacientes submetidos a ação das fármacos e técnicas
anestésicas, por parâmetros clínicos de fácil verificação, como
frequência respiratória, pressão arterial, atividade muscular,
consciência e saturação periférica de oxigênio mediante oximetria
de pulso.
CRITÉRIOS DE ALTA DA SALADE RECUPERAÇÃO PÓS-
ANESTÉSICA

• Valor da escala de Aldrete e Kroulik acima de 8;

• Valor da escala de Bromage 2, 1 ou 0, em pacientes que foram


submetidas a anestesia reginal (Raquianestesia ou Peridural) ou
seja, pelo menos consegue mover o pé;
Escala de Bromage
• Estabilidade dos sinais vitais, comparara com os sinais vitais de
enfermaria ou da admissão;
• Orientação do paciente no tempo e espaço;
• Ausência de sangramento ativo e retenção urinária;
• Ausência de náusea e vômito;
• Dor sob controle;
• Força muscular que favoreça respiração profunda e tosse;
NORMAS E FLUXO DE PACIENTES DA SALA DE
RECUPERAÇÃO
1. Intercorrencias relacionadas aos pacientes na SRPA
comunicar o anestesiologista de plantão ou o anestesista
disponível.

2. Todo paciente deve ser avaliado pelo anestesista com a


devida assinatura na ficha de Recuperação Pós-Anestésica
antes de ser estabelecido a alta da SRPA para enfermaria;
3. A alta do paciente da SRPA para enfermaria deve obedecer
aos critérios de alta descritos;

4. O uso contínuo de sulfato de magnésio em pacientes com pré-


eclâmpsia ou eclâmpsia não é criério de permanência na Sala de
Recuperação Pós-Anestésica;
5. Em casos excepcionais em que haja maior fluxo de cirurgia no
centro cirúrgico do que a oferta de leitos na SRPA, as pacientes
que estiverem em melhores condições clínicas na SRPA, em
recuperação parcial da anestesia, devem ser removidas para
leitos desocupados no Centro de Parto, a fim de que seja dada
continuidade aos cuidados de recuperação pós-anestésica sob os
cuidados da enfermagem do Centro de Parto. O anestesista de
plantão deve ser acionado para avaliar a assinar a alta da
paciente que estiver em recuperação no centro de parto, quando
em condições de alta, a fim de que seja encaminhada para a
enfermaria.
OBRIGADA!

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