Você está na página 1de 17

Regulação Jurídica para

Desastres
Direito Ambiental na era das mudanças climáticas

➢ Entendendo o cenário...

Estudos científicos demonstram cada vez mais


que as mudanças climáticas apresentam um grau
considerável de participação na intensificação de
eventos climáticos extremos.
Os desastres ambientais fazem parte de uma
problemática que emerge como uma crise
cultural da civilização, da racionalidade da
modernidade, da economia do mundo
globalizado, da crise do efeito do conhecimento e
seus impactos sobre o mundo e o meio ambiente.

Na atualidade, praticamente nada está imune aos


desastres e às suas consequências.
O Relatório Especial do Painel Intergovernamental
para Mudanças Climáticas evidencia que alguns
eventos extremos têm sido apresentados em
decorrência de influência antropogênica.

As mudanças climáticas acentuaram as


vulnerabilidades existentes nos países em
desenvolvimento, de modo que tanto os custos
econômicos quanto a frequência dos desastres
naturais têm crescido consideravelmente.
Considerando que as mudanças climáticas elevam
as ocorrências de desastres, chamados inclusive
de naturais, a Lei 12.608/2012 determina que a
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil deve
integrar-se às Políticas Nacionais de Mudanças
Climáticas.

Art. 3º A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação,


resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil.

Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento


territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças
climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação,
ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a
promoção do desenvolvimento sustentável.
As mudanças climáticas,
como um multiplicador
dos riscos tendem a
desestabilizar não apenas
o meio ambiente, mas as
próprias estruturas
sociais, com maior pressão
sobre os recursos naturais
(solo, água, energia) e
entre os grupos
(comunidades, países,
regiões) em disputa por
estes.
Assim, os desastres decorrem de uma combinação
de fatores físicos e sociais, repercutindo em
dimensão suficientemente graves, atingindo vidas
humanas, propriedades, serviços e recursos
ambientais.
Mas afinal... Qual o conceito de desastre?

A formação do sentido de desastres encontra-se


numa relação semântica entre (a) causas e (b)
consequências altamente específicas e
complexas, convergindo para a descrição de
fenômenos socioambientais de grande apelo
midiático e irradiação policontextual (econômica,
politica, jurídica, ambiental) capazes de
comprometer a (c) estabilidade do sistema social.
a) Causas
Para fins didáticos, os desastres são
constantemente descritos e classificados segundo
suas causas, como naturais ou antropogênicos:
➢ Naturais: decorrentes imediatamente de
fenômenos naturais, atribuíveis ao exterior do
sistema social;
➢ Antropogênicos: são constituídos por desastres
tecnológicos ou sociopolíticos e decorrem de
fatores humanos;
b) Consequências
No que tange à magnitude necessária para que
um evento seja considerado um desastre, os
desastres são constantemente descritos como
eventos lesivos responsáveis pelas perdas de vidas
humanas e propriedades. O comprometimento do
meio ambiente é frequentemente ocultados das
analises mais tradicionais do tema.
c) Comprometimento da estabilidade social
A combinação de fatores externos e internos ao
sistema social, quando combinados
cumulativamente é capaz de ocasionar a perda da
estabilidade sistêmica.
Assim, este comprometimento repercute na
quebra das rotinas coletivas inerentes às
comunidades e sociedade e na necessidade de
medidas urgentes (geralmente não planejadas)
para gerir (restabelecer) a situação.
A própria legislação brasileira, na Instrução
Normativa MI nº02, de 2016 responde a nossa
pergunta:

“resultado de eventos adversos, naturais,


tecnológicos ou de origem antrópica, sobre um
cenário vulnerável, exposto a ameaça, causando
danos humanos, materiais ou ambientais e
consequentes prejuízos econômicos e sociais”.
➢ Evento Adverso:

É um fator externo que ocorre numa comunidade


vulnerável e que pode provocar o desastre,
dependendo da sua intensidade.

➢ Vulnerabilidade:
Exposição socioeconômica ou ambiental de um
cenário sujeito a ameaça do impacto de evento
adverso natural, tecnológico ou de origem
antrópica.
➢ Dano:

Resultado das perdas humanas, materiais ou


ambientais infligidas às pessoas, comunidades,
instituições, instalações e aos ecossistemas, como
consequência de um desastre.”

➢ Risco:

Probabilidade de ocorrência de um desastre,


relacionada com a ameaça existente e o cenário
vulnerável.
O papel do Direito no tratamento dos desastres
O Direito tem a função de fornecer estabilidade
pela normatividade, tanto para evitar como para
responder ao caos trazido pelo desastre,
provendo expectativas (regulação) às ações de
antecipação e resposta a estes.
O Direito apresenta um papel protagonista na
orientação e imposição de deveres de proteção e
cuidado às instituições competentes para que
estas estejam de fato preparadas para o exercício
das respostas às emergências, delimitando
claramente as competências, interações e sua
atuação compartilhada.
Direito Ambiental x Direito dos Desastres
As mudanças climáticas passam a exercer o elo de
ligação entre o direito ambiental e o direito dos
desastres.
Características do direito dos desastres:

➢ Multidisciplinar

➢ Cíclico

➢ Intimamente ligado a norma reguladora

Você também pode gostar