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GOIÂNIA
NOVEMBRO/2018
Maxion Junio de Alcantara
Maycon Douglas Santos Silva
GOIÂNIA
NOVEMBRO/2018
Al16t Alcantara, Maxion Junio de.
Transporte urbano de cargas: um estudo do processo de distribuição e recebimento das lojas de
tecidos da região de Campinas, Goiânia-GO / Maxion Junio de Alcantara; Maycon Douglas Santos
Silva. – Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, 2018.
88 f.: il.
CDD 388.044
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Karol Almeida da Silva Abreu CRB1/ 2.740
Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia.
Dedicamos este trabalho a Deus, às nossas famílias e
aqueles que lembrarem da nossa amizade e de momentos
que passamos juntos!
“É importante criar dificuldades para os que
têm talento. As facilidades os limitam”.
(Bernardinho)
RESUMO
As atividades econômicas de uma cidade geram movimentos de pessoas e cargas. A cadeia final
da distribuição das mercadorias em uma área comercial é composta por dois agentes diretos, os
entregadores e os comerciantes. Os entregadores atuam desde a origem, realizando o
deslocamento até o ponto de destino, onde inicia-se a atuação do comerciante que é
caracterizado como o cliente final. Essas ações por ocorrerem no espaço físico das cidades, são
condicionadas pela infraestrutura viária sobre forte influência do tráfego da região. Os
elementos físicos presentes na infraestrutura podem condicionar a distribuição das mercadorias
podendo limitar, beneficiar ou até mesmo impedir a sua movimentação. Este trabalho tem por
objetivo caracterizar a distribuição e comercialização de mercadorias realizadas no Setor
Campinas, na cidade de Goiânia – GO, em especial os comércios de tecidos e malhas. No intuito
de analisar o papel desempenhado pelos dois agentes diretos e como a infraestrutura tem
condicionado as atividades de entrega, foi realizada uma pesquisa de campo onde foram
aplicados questionários junto aos entregadores e lojistas afim de investigar e descrever o atual
processo de distribuição das mercadorias. Com isso, foi gerado um banco de dados com
informações dos estabelecimentos, dos veículos, dos processos logísticos e da infraestrutura
viária disponível para a operação. O processo de entrega foi subdividido em três estágios. O
estágio 1 envolve a movimentação do veículo até a aproximação do destino, o estágio 2 começa
a partir da chegada do veículo no local e o início da procura pelo estacionamento, finalizando
no momento em que o veículo estaciona. E o estágio 3 é configurado pelo início da atuação do
lojista a partir da liberação da descarga, envolvendo todo o transbordo dos produtos entre o
veículo e o estabelecimento. As informações obtidas foram analisadas e confrontadas entre si
com o objetivo de analisar as deficiências e relações entre os componentes. Os resultados
apresentam como é a configuração das entregas, e como há uma falha quanto ao controle das
operações, principalmente por parte dos lojistas que deixam totalmente a cargo dos
entregadores as condições da entrega. A precariedade da atuação do poder público na melhoria
da infraestrutura e da fiscalização do local evidencia a razão do desordenamento das entregas,
houve um aumento no fluxo de mercadorias, mas a infraestrutura e as diretrizes de circulação
não acompanharam esse desenvolvimento, o que têm reduzido a mobilidade da região. Os
problemas levantados foram a deficiência nas vagas de estacionamento exclusivo para carga e
descarga, a fiscalização de veículos estacionados irregularmente e a falta de sincronia entre os
membros da cadeia logística no processo de entrega dos produtos.
4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 42
5.1.3 Calçadas................................................................................................................................ 59
1. INTRODUÇÃO
Regiões com alta demanda de movimentação de cargas estão fixadas em determinadas zonas
das cidades e são comuns nas principais metrópoles nacionais, sendo esses aglomerados
urbanos de abastecimento caracterizados como polos múltiplos geradores de viagens (PMGV).
Os PMGVs são concentrações de Polos Geradores de Viagens (PGVs) em locais próximos,
formando um “cluster de atividades” que potencializam a quantidade de viagens para
determinada região (GOLDNER et al., 2010).
Goiânia, segunda cidade mais populosa do Centro-Oeste segundo o IBGE (2018), é uma das
metrópoles brasileiras de maior desenvolvimento dos últimos anos. Com apenas 85 anos de
existência, a capital goiana teve uma expansão territorial notável, partindo de uma cidade
planejada para 50 mil habitantes para os atuais mais de 1,4 milhão de habitantes. Sua rápida
evolução acabou por absorver os munícipios próximos a sua localização, como foi o município
de Campinas, que atualmente é um bairro da cidade de Goiânia.
Nesse contexto, têm-se o caso da Região de Campinas. Atualmente é um dos principais polos
geradores de viagens da capital, local de um intenso comércio popular e especializado, e
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responsável por grande parte da arrecadação do munícipio (GODINHO, 2018). Hoje é o setor
mais representativo da capital em termos do comércio varejista e atacadista, sendo considerado o
maior shopping horizontal que existe em Goiás. (PAULA, CORREA e PINTO, 2005).
1.1 OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar a distribuição de mercadorias que é realizada
no Setor Campinas, em especial a de tecidos e malhas. Essa caracterização é apresentada como
a relação entre a demanda de carga, a infraestrutura local e os agentes envolvidos na entrega.
1.2 JUSTIFICATIVA
Para Vilela et. al. (2013), a movimentação de cargas em áreas urbanas, estimula pesquisas do
assunto em virtude das problemáticas: ambientais, mobilidade, econômicas e sociais, geradas
por essa atividade, visando o entendimento de sua complexidade e a proposição de mitigação
de impactos relacionados.
Dessa forma essa pesquisa é relevante, no que tange ao planejamento urbanístico e a mobilidade
urbana. Problemas como a carência de dados, baixa prioridade dos planos de mobilidade nos
municípios para atender as demandas do transporte de cargas, falta de divulgação das regras de
cada local e baixo investimento em obras de infraestrutura, principalmente em anéis viários
justificam a necessidade do estudo do comportamento das entregas para mitigar problemas
presentes no abastecimento de Campinas.
1.3 HIPÓTESE
A distribuição dos produtos em uma área urbana depende da cooperação dos diferentes atores
envolvidos, bem como a adoção de medidas que melhor se encaixem na realidade viária onde
a infraestrutura e o trafego são tomados como condicionantes fundamentais para a otimização
dos processos.
1.4 METODOLOGIA
Os tópicos gerais do processo metodológico estão apresentados na Figura 1.1. Inicialmente tem-
se a identificação do problema que está relacionado com os objetivos propostos. Essa etapa foi
realizada em conformidade com as pesquisas bibliográficas onde foram indicados os estudos já
realizados que auxiliou no desenvolvimento da pesquisa.
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A quarta etapa foi subsidiada pelas fases anteriores, onde ocorreu a aplicação direta dos
questionários aos atores envolvidos no estudo, definindo assim quais eram seriam as condições
adotadas para melhor coleta de dados.
Por fim, na quinta etapa foi realizada a análise dos dados, para examinar o banco de dados
adquirido e com isso, identificar e descrever a distribuição de bens na região. Aliada as políticas
públicas do munícipio, avaliação da infraestrutura disponível e ferramentas de
geoprocessamento, a etapa final consistiu na determinação dos gargalos logísticos do local e
apresentação de ações pertinentes a otimização das entregas de produtos, trazendo benefícios
aos agentes presentes na relação da cadeia de suprimentos da região.
O trabalho foi estruturado em dois capítulos de referencial teórico. O primeiro capítulo abordou
alguns estudos relacionados a área de transporte de cargas, os agentes envolvidos na
distribuição urbana; as políticas públicas do Munícipio de Goiânia em relação ao tráfego de
veículos de carga, suas restrições e adaptações em relação ao setor Campinas; a demanda do
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Para Marra (1999), a demanda por transporte urbano de carga cresce a partir de um processo
econômico de produção e consumo. Esta demanda será, dessa maneira, um reflexo das
atividades socioeconômicas de uma comunidade, e o transporte se constitui um meio que
permite a comunidade atingir estes seus fins, atuando essencialmente no lado da oferta, visando
suprir as exigências da demanda. Nesse contexto, os objetivos de uma comunidade exercem
influência direta no processo de transporte de cargas.
processo do transporte urbano de cargas enfrenta diariamente novos desafios para suprir a
demanda.
Conforme Ferraz (2004), o movimento de carga no interior dos centros urbanos é caracterizado
principalmente por: serviço de coleta de lixo; abastecimento e distribuição de indústrias e obras
com materiais e equipamentos; abastecimento e distribuição dos centros comerciais e entregas
domiciliares. A demanda das cargas urbanas sofre influência das exigências dos clientes finais.
Nesse contexto o desenvolvimento de todas as atividades necessárias caracteriza a distribuição
física das mercadorias. Segundo Novaes (2007), o objetivo geral da distribuição física, como
meta ideal, é o de levar os produtos certos para os lugares certos, no momento certo e com o
nível de serviço desejado, pelo menor custo possível. Onde o êxito na execução de serviço está
relacionado a melhor relação entre essas três variáveis: tempo, preço e qualidade. Essas
variáveis são o pilar da distribuição eficiente e otimizada.
Segundo Carrara (2007 apud Robinson 2002), as entregas urbanas, buscam o equilíbrio entre
os custos sociais envolvidos ao transporte de cargas e a produtividade do transporte logístico.
O estudo das entregas urbanas avalia a reação do ambiente social e a necessidade de
deslocamentos das pessoas e dos bens materiais.
Nesse contexto a gestão da cadeia de suprimentos, segundo Ferreira et. al. (2016), deve garantir
o atendimento aos clientes satisfazendo suas necessidades. A sincronia e comunicação entre as
empresas que alimentam a cadeia é fundamental.
De acordo com Chopra e Meindl (2011) na cadeia logística de suprimentos devem ser
considerados participantes como: transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os próprios
clientes e não apenas o fabricante e os fornecedores. Como o foco do trabalho consiste na
caracterização da distribuição de bens nas áreas densamente urbanizadas, serão considerados
como agentes principais neste trabalho as transportadoras e os varejistas.
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Para analisar o processo de entrega em uma área urbana, se faz necessário a clara definição dos
agentes envolvidos na distribuição das mercadorias e suas respectivas funções e interesses, de
modo a verificar possíveis conflitos que estejam comprometendo toda a cadeia de suprimentos.
Os principais agentes da distribuição urbana são os distribuidores (transportadores) e receptores
(lojistas), responsáveis pela oferta e demanda de produtos e que alimentam os fluxos da cadeia
de suprimentos.
Figura 2.2, os principais componentes da logística urbana estão interligados em uma cadeia, de
forma que haja contato das informações e dos serviços prestados em cada parte do processo de
entrega urbana.
Os residentes são pessoas que vivem, trabalham e fazem compras na cidade, dessa forma
representam uma parcela significa no tráfego diário. Habitualmente representam os destinos
das cargas, onde de acordo com um pedido direcionam as entregas para suas casas ou locais
frequentemente visitados.
conflitos da circulação de bens e pessoas, cabendo a eles então coordenar e facilitar a logística
da cidade.
O transporte de cargas no meio urbano só pode ser operado sob a fiscalização do poder público,
que garante a atividade de distribuição urbana de produtos e busca reduzir impactos negativos
causados por tal operação. Assim, há grande importância nas políticas públicas adotadas por
um munícipio, que determinará o modo de operação da distribuição de produtos no meio
urbano.
Para Correia et al. (2010) a maioria das regulamentações propostas visa restringir o acesso de
veículos nos centros urbanos por meio de imposições acerca do tamanho, peso e tempo de
permanência dos veículos (Figura 2.3). A experiência de muitos países como Holanda, França
e Inglaterra demonstra que estes tipos de regulamentações, quando realizadas de forma isolada,
muitas vezes não atingem o seu objetivo, ou seja, diminuir as externalidades negativas do
transporte urbano como a emissão de poluentes, barulho, intrusão visual, entre outros.
Os autores destacam ainda que, em muitos casos, ocorre exatamente o inverso, ou seja, a
imposição de restrições eleva a quantidade de veículos de carga nos centros urbanos, já que as
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Segundo ASAPLog (2018), as grandes cidades vêm lidando com problemas de alto fluxo de
veículos nas ruas, e muitas delas já vem adotando restrições de tráfego. Desta forma, veículos
de cargas sofrem limitações de circulação em determinadas regiões e/ou horários, devido ao
seu peso e tamanho. As transportadoras geralmente utilizam caminhões pesados e médios, os
quais na sua maioria enfrentam as restrições e consomem mais tempo para realizar as entregas.
Assim, para viabilizar a maior velocidade nas operações de entrega de produtos é preciso
realizar adequações as intervenções impostas. Compreendendo desde os ajustes de processos
até a utilização de novos veículos de carga. O veículo urbano de carga é uma solução disponível
no mercado que permite uma maior rapidez nas coletas e entregas de cargas fracionadas.
A restrição ao trânsito faz parte de estudos de gestão de transportes e impõe, de alguma maneira,
redução ao uso de determinado veículo, principalmente o automóvel, interferindo
significativamente na escolha da modalidade de transporte, reduzindo os congestionamentos.
Quando aplicadas em conjunto com medidas de incentivo à utilização do transporte público e
de controle do uso do solo, podem ser uma política coerente de intervenção (Landmann, 1994).
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Conforme Violato e Sanches (2001) a restrição à circulação de automóveis pode ser dividida
em dois tipos:
Restrição por área - que proíbe o acesso de veículos a uma determinada área de
atividade intensa;
Restrição por tempo - que pode restringir o uso do automóvel durante alguns
períodos do dia ou em alguns dias da semana.
Segundo ILOS (2012), as empresas enxergam o governo distante dos problemas da logística
urbana ou, muitas vezes, como o responsável e principal gerador das dificuldades de
atendimento do setor. As empresas prestadoras de serviço de distribuição de cargas urbanas
tentam buscar levar ao poder público medidas que gerem benefícios mútuos. A Figura 2.4
apresenta a pesquisa realizada com as empresas demostrando a preferência em relação as ações
possíveis do governo de serem implementadas ou ampliadas.
Ainda segundo Queiroz (2014), os usos das medidas de restrição ao trânsito podem contribuir
para:
De acordo com Marra (1999) a demanda por transporte urbano de carga cresce a partir de um
processo econômico de produção e consumo, onde essa demanda é um reflexo das atividades
socioeconômicas de uma comunidade, e o transporte se constitui em um meio que permite o
alcance desses objetivos, atuando essencialmente no lado da oferta. Assim se torna evidente o
quanto o crescimento da demanda por mercadoria é dinâmico e como a transporte de cargas
tem que se adaptar a essa realidade para conseguir suprir essa demanda.
Novaes (2007) destaca a dinâmica da oferta de produtos, onde de um lado, os produtos vão se
aprimorando ao longo do tempo, incorporando novos elementos e novas tecnologias, numa
rapidez crescente. Do outro lado, um mesmo tipo de produto normalmente apresenta um
número grande de variações, em termos de sabor, tamanho, componentes, qualidade e,
obviamente, preço.
Os Polos Múltiplos de Geração de Viagens, que são a aglomeração de vários PGVs em uma
determinada região são vistos por Silveira (1991) como empreendimentos que geram impactos
ao tráfego, circulação, trânsito e meio ambiente. Em relação à organização do espaço urbano,
ressalta a relevância da presença dos polos na influência, muitas vezes, do valor dos terrenos,
alteração do uso, da densidade ou da ocupação física do solo.
Dutra (2004) comenta que a distribuição urbana de carga está em um complexo sistema,
enfrentando diversos desafios, tanto na mobilidade ou acessibilidade, na infraestrutura viária,
que inclui vias estreitas, restrições no tráfego para veículos de carga, altos custos de
investimentos, restrição de tempo para carga e descarga de mercadorias em determinados locais,
etc. As restrições espaciais também trazem limitações ao transporte urbano de carga, seja o
tamanho dos veículos, a capacidade do local de carga e descarga, questões ambientais, a
emissão de gases poluentes, a limitação nos níveis de ruído e os níveis de ocupação territorial
(MUKAI et al., 2007).
Muñuzuri et. al. (2017) apresenta em seus estudos a deficiência dos centros urbanos em possuir
locais adequados de carga, o que acarreta em autuações de veículos estacionados em locais
proibidos e excedentes o tempo de carga e descarga e utilizam os locais fora do horário
permitido. Cherrett et al. (2012) com seu trabalho feito no Reino Unido, percebeu a importância
necessária que os agentes públicos devem dar a falta de local adequado para recebimento, com
a dificuldade na movimentação das mercadorias até o local de armazenamento, com o nível de
congestionamento e com a quantidade de funcionários disponíveis para auxiliar no recebimento
de mercadorias.
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Para Ballou (2006), o produto nada mais é que o centro do foco no projeto do sistema logístico.
A partir dele ocorre o fluxo da cadeia de suprimentos, e através dele a empresa obtém receita
para produzir novos produtos, alimentando a cadeia novamente.
Pode-se verificar na Figura 3.1 que a cadeia apresenta como pilares indispensáveis, além do
produto, o transporte e o veículo responsável por percorrer os elos de ligação do transporte e o
processo de entrega (carga/descarga), quando o produto sai de sua origem e chega ao
destinatário.
Desse modo, carga com formatos cúbicos são mais fáceis de serem manuseadas e
acondicionadas do que formatos irregulares. Outro aspecto das cargas é o tamanho, produtos
de pequeno formato podem ser “aninhados” em grandes quantidades para formar um corpo
mais robusto e rígido. Prata e Arruda (2007) desenvolveram um estudo para avaliar o transporte
de cargas em Fortaleza – CE. O fato da cidade se tratar de uma metrópole regional brasileira
apresenta peculiaridades que impactam significativamente no transporte de cargas urbanas
como a densidade de polos comerciais. Assim, os autores levantaram informações a respeito
dos principais tipos de carga transportada, por tipo de veículo, no município. A Tabela 3.1
apresenta o resultado da pesquisa a respeito dos tipos de cargas movimentadas por modo de
transporte no município.
É evidente como a matriz de transporte é direcionada ao modal rodoviário. Isso está diretamente
ligado ao fato do transporte rodoviário ser um dos mais simples e eficientes dentre os pares, sua
única exigência são as rodovias, uma vez que os demais modais estão limitados a instalações
fixas de trilhos, hidrovias, dutovias e aerovias (Rosa, 2007). Algumas dessas vantagens são
descritas pelo autor e se baseiam principalmente pelo uso de veículos como caminhões:
Apesar da simplicidade de operação tem-se ainda algumas desvantagens como o maior custo
operacional e a menor capacidade de carga. Ao analisar veículos/equipamentos a serem
utilizados nas entregas o gestor deve ponderar as suas necessidades, isto é, sua capacidade de
carga, distância correta que o veículo deverá percorrer e suas respectivas finalidades a que se
destinará.
Uma das principais montadoras de veículos do país afirma que tantos nas rodovias brasileiras
quanto nos centros urbanos, o caminhão é o meio de ligação entre a produção industrial e a
venda do produto, sendo importante para o abastecimento do país. A variedade de caminhões
aumentou significativamente com as criações de restrições a movimentação em áreas urbanas.
Assim as montadoras acompanham o comportamento do mercado para ofertar a melhor
categoria que se adapte a necessidade do transporte (Mercedes-Benz, 2018).
Segundo Sinay et. al. (2004), para os fabricantes de veículos cargueiros, o processo em foco
torna-se mais eficiente quando o veículo produzido atende às exigências do transportador e do
poder público, já que isto induz ao aumento da demanda por seu produto.
Na Tabela 3.2 são identificadas resumidamente as variáveis que são relevantes para a
determinação da escolha correta do equipamento e destacadas por Novaes (2001).
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Os veículos mais utilizados, segundo Araújo (2013), na distribuição urbana de cargas são os
Veículos Urbanos de Carga (VUC). Esses caminhões são de menor porte e tornaram-se
adequados para as operações de entregas em áreas urbanas, principalmente nas regiões centrais
das grandes cidades, geralmente restritas a veículos maiores. Trata-se de um caminhão que
apresenta baixo impacto na fluidez do trânsito em áreas urbanas
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Segundo França e Rubim (2005), VUC é um novo tipo de veículo que estará cada vez mais
presente nos grandes centros urbanos brasileiros, mas que não apresenta legislação específica.
Existem dois tipos de veículos urbanos, segundo a Tabela 3.3.
Gifoni e Dutra (2005) realizaram um estudo sobre a carga e descarga de três shoppings centers
da cidade de Fortaleza – CE, que foram classificados como PGVs que demandam mercadorias
para abastecer suas lojas e estabelecimentos. Resumindo as autoras verificaram que um dos
principais fatores observados é que o serviço de carga e descarga não vem recebendo a devida
atenção. Os empreendimentos são projetados em função dos clientes e seus automóveis de
passeio, onde o espaço destinado as docas tem sido reduzido. Aliado a isso muitos
empreendimentos utilizam as vias públicas e calçadas para a operação, causando mais
congestionamentos e transtornos à população.
informações que são pertinentes para o estudo do recebimento de mercadoria, a saber para a
identificação e caracterização dos empreendimentos (nome, função, dias e horários de
funcionamento) e quanto ao processo de carga e descarga:
Números de docas;
Vagas externa regulamentadas na via;
Tipos de mercadorias mais recebidas;
Tipos de veículos de carga recebidos por dia da semana;
Horário das entregas;
Tempo de descarga;
Problemas verificados na operação.
Como descrito por Sinay et. al. (2004), existem algumas medidas que podem ser desenvolvidas
pelos agentes do sistema de distribuição de cargas urbanas com o intuito de solucionar ou
reduzir os problemas gerados e tornar o sistema mais eficiente. Destaca-se as medidas
mitigadoras a serem implantadas pelos varejistas que podem facilitar a transferência da carga
entre o caminhão e o estabelecimento através da utilização de equipamentos adequados, além
da adoção de procedimentos mais dinâmicos para recebimento e controle da carga com a
alocação adequada de recursos humanos.
Para Facts (2007), fatores de risco tornam a movimentação manual de cargas perigosa e
aumentam o risco de lesões. As lesões lombares são as mais comuns aos trabalhadores que
manuseiam cargas e estão relacionadas com quatro aspectos da movimentação manual de
cargas: o peso e volume da carga; dificuldades para agarrar, dificuldades para alcançar e
dificuldades para ver.
Um dos principais fatores que influencia na carga e descarga é a disponibilidade das vagas de
estacionamento, um obstáculo diariamente enfrentado pelos entregadores devido ao desrespeito
por parte da população quanto ao uso dessas vagas. Abreu (2015) destaca que a legislação
brasileira, especificamente o Código de Trânsito Brasileiro (1997), em seu artigo 181, não
define o tipo específico de veículo permitido para utilização das vagas de carga e descarga, ou
seja, as vagas delimitadas para esse fim podem ser utilizadas inclusive por veículos particulares
e não apenas por veículos de carga, desde que seja pelo tempo estritamente necessário para o
carregamento e/ou descarregamento. O detalhe é que os veículos de passeio tendem a não
respeitar esse período máximo de permanência já que muitas das vezes podem ter outros
objetivos além da descarga.
Figura 3.4 - Principais desafios da distribuição urbana na opinião dos prestadores desse
serviço hoje e no futuro
4. METODOLOGIA
A proposta de metodologia deste estudo, teve por objetivo analisar o processo de entregas de
tecidos na região do setor comercial Campinas, através de um diagnóstico do processo de carga
e descarga e do estudo das movimentações e limitações dos veículos. As investigações
observaram os comportamentos dos agentes diretos e de entregas, respectivamente varejista e
entregador.A metodologia do trabalho foi definida por várias etapas, apresentadas na Figura 4.1
e detalhadas a seguir.
Após a identificação do problema a ser estudado, foi realizado o planejamento da pesquisa para
a definição das atividades a serem executadas com o objetivo de realizar a aquisição e análise
das informações. Devido a característica exploratória da pesquisa, nessa fase do estudo buscou-
se realizar o desenvolvimento de um banco de dados a fim de se obter um melhor
aprofundamento do estudo. No planejamento da pesquisa foi analisado as restrições de tempo
e recursos disponíveis, além da acessibilidade e disponibilidade dos dados.
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Uma pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das caraterísticas de
determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de variáveis através da utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 2008). O autor conceitua ainda que pesquisas
explicativas são aquelas que têm como preocupação central a identificação dos fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
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Dessa forma, a metodologia foi fundamentada no propósito de constatar a possível relação entre
as variáveis estudadas, podendo determinar ainda a natureza dessa relação, o que se configura
como uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Quanto aos procedimentos
técnicos, seguiram os princípios de levantamentos quantitativos já que o foco central foi traduzir
fenômenos / fatos / população em números para a realização de analises estatísticas.
A metodologia adotada para a definição da amostra para a pesquisa foi dada segundo o estudo
desenvolvido por Facchini (2006) em uma adaptação de Barbeta (2002) onde foi definida a
amostra de forma aleatória simples, e o cálculo sugerido do tamanho da amostra é dado pela
Eq. (2) e Eq. (3):
1
𝑛0 = (4.1)
𝐸2
𝑁.𝑛0
𝑛= (4.2)
𝑁+𝑛0
Onde:
n: tamanho da amostra
N: tamanho da população
O universo estudado compreendeu em 386 lojas de tecidos e malhas que se encontraram dentro
dos limites da área de estudo. Utilizando-se de um erro amostral de 9% e de uma precisão de
95 % de retrato da realidade, foram aplicados um total de 90 questionários com os lojistas da
região.
O questionário foi definido como instrumento de pesquisa, e seu principal foco foi a coleta de
dados relativos aos empreendimentos e entregadores da região com o intuito de se obter um
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diagnóstico quanto a distribuição das mercadorias. Para isso, foram desenvolvidos dois
questionários distintos, uma para os comerciantes e outro para os entregadores que atuam no
polígono em análise. O questionário foi adaptado de Carvalho (2014), Moreira (2012), Facchini
(2006), Oliveira et al. (2016), Carnielle (2009). O questionário foi fechado, a fim de quantificar
quais processos e movimentações são os mais realizados para avaliar a configuração da
distribuição existente. Os dois questionários são separados em quatro blocos, a saber:
Entregadores:
1. Perfil do motorista: onde são levantadas características particulares (gênero,
idade, vínculo empregatício) aos entrevistados bem como suas rotinas de
entregas e equipe.
2. Perfil do veículo: características próprias dos veículos que vão influenciar na
circulação do mesmo na rede viária e também na forma de acondicionamento
das cargas.
3. Perfil da entrega: está diretamente relacionado aos períodos de execução e o
tempo gasto na operação, a entrega foi delimitada como o período em que o
veículo chega nas proximidades do cliente e inicia a etapa de estacionamento
do veículo.
4. Perfil da carga / descarga: características operacionais para a movimentação
dos bens entre o veículo e a loja.
Lojistas:
1. Perfil da loja: características físicas e operacionais dos estabelecimentos,
tipos de produtos e existência de vagas exclusivas de estacionamento, fatores
esses que vão condicionar a configuração das entregas.
2. Perfil do estoque: a forma física e o acesso aos estoques, o que pode ser um
limitante operacional quando inadequado.
3. Perfil da entrega: assim como o aplicado aos motoristas, a fim de levantar os
tempos de recebimento, avaliando quais os dias e horários de preferência e
se existe algum padrão de recebimento.
4. Perfil da carga / descarga: levantar se o estabelecimento possui algum
equipamento de descarga, o que pode agilizar a operação.
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Para a análise dos dados foram utilizadas técnicas da estatística descritiva, como medidas de
distribuição e dispersão, apresentadas através de tabelas e gráficos, para a análise dos dados
levantados no estudo. Com isso, pretendeu-se identificar qual é o perfil dos atores envolvidos
nas entregas e analisar o cenário da circulação dos veículos para assim, obtendo um melhor
entendimento e relevância das operações de carga e descarga na região do Setor Campinas em
Goiânia.
O perfil e a função dos atores envolvidos na entrega foram avaliados conformes três estágios
(Erro! Fonte de referência não encontrada.), e a infraestrutura da região foi tomada como
um fator condicionante na eficiência da distribuição. O estágio 1 envolveu a movimentação do
veículo até a aproximação para o local de entrega, aqui envolvida na ação do entregador diante
da infraestrutura disponível, e sobre influência do tráfego. O estágio 2 foi configurado pelo
instante em que o motorista chega até o local e começa o processo de localização do
estacionamento, representando ainda os mesmos componentes do estágio passado. No estágio
3, o veículo se encontra estacionado e nesse momento o lojista inicia sua atuação na cadeia e a
estrutura entre a vaga de estacionamento e o local de deposito das mercadorias se torna o
principal condicionamento para a qualidade do serviço. Apresentou-se assim todo o processo
de carga e descarga das mercadorias.
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Características dos
Período de entrega
veículos Disponibilidade de vagas
Tempo gasto
Influência Capacidade da via Limitações de espaço
Equipe envolvida
Geometria da via Perícia do condutor
Condições de acesso
Sinalização horizontal e
à loja
vertical
Atrasos na entrega da
Obstrução da via
carga
Dificuldades e Limitações de espaço Tempo perdido com
Obstrução de vaga de
Consequências Congestionamentos indisponibilidade de vagas de
Carga/Descarga
estacionamento
Obstrução de calçada
Segurança da entrega
A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta as três etapas acima descritas,
demostrando as principais características de cada instante da movimentação dos veículos de
carga.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo apresenta os dados levantados durante a aplicação dos questionários junto aos
agentes (lojistas varejistas e motoristas das transportadoras). Buscou-se levantar informações a
respeito das características atuais das entregas bem como os fatores estruturais que têm limitado
e dificultado a realização das operações de entrega dos produtos. A infraestrutura recebeu uma
atenção especial sobre uma perspectiva logística, visto que a hipótese da pesquisa é idealizada
segundo uma dependência e restrição das operações em função da infraestrutura das vias e dos
estabelecimentos.
Dessa forma o capítulo foi estruturado conforme 5.1, onde inicialmente, foi feita uma análise
da infraestrutura viária da região, através de visitas in loco e do auxílio de imagens de satélite.
Com os dados levantados foram utilizadas ferramentas de SIG para georreferenciar os pontos e
desenvolver mapas temáticos para uma melhor ilustração dos resultados. A infraestrutura foi
subdividida em 5 tópicos para um melhor detalhamento do cenário atual, levando em
consideração as deficiências e limitações.
Conforme já apresentado na seção 4.3.3 foram aplicados dois questionários distintos para os
dois agentes diretos das operações de carga e descarga de mercadorias, os lojistas e os
entregadores (Apêndices A e B). Para os lojistas a pesquisa abordou questões quanto as
características físicas e operacionais das lojas; aos fatores temporais das entregas e aos volumes
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de produtos por entrega. Para os motoristas a pesquisa analisou a entrega quanto a três quesitos:
perfil do motorista; o perfil do veículo utilizado e a configuração da entrega.
Goiânia segundo o IBGE (2018), ocupa uma área total de 728,841 km², distribuídos em
aproximadamente 640 bairros e distritos. O setor Campinas, bairro-alvo do presente estudo, era
um antigo munícipio homônimo, que acabou por ser absorvido pelo intenso crescimento
populacional e territorial da nova capital goiana. Atualmente é um bairro predominantemente
comercial responsável por quase 70 % da arrecadação municipal.
Como apresentado no mapa (Figura 5.2), a região de Campinas possui contato direto
com alguns eixos econômicos da capital, entre eles as Avenidas Anhanguera e 24 de outubro.
Entre os diversos ramos de comércio da região, um dos destaques é o de tecidos e malhas,
responsável por abastecer grandes lojas da capital e região metropolitana. Este subitem consiste
na caracterização da área de estudo, de modo que se possa levantar como a morfologia das vias
da região, tem condicionado a movimentação das mercadorias.
A área de estudo delimitada para o presente estudo é apresentada na Figura 5.2, formada por
um polígono que abrange o setor têxtil de campinas, com enfoque no comércio de malhas e
tecidos. A área de estudo, um quadrilátero formado pelas Avenidas Senador Jaime,
Anhanguera, 24 de Outubro e pela Rua José Hermano e engloba um total de 39 quadras. Foram
contabilizados com auxílio do mapeamento virtual do Google e visitas em campo um total de
368 estabelecimentos que trabalham com o comércio de malhas e tecidos. A densidade, em
lojas por quadra da região de estudo, é apresentada na Figura 5.3.
A Figura 5.4, a seguir apresenta os sentidos das vias da região, bem como a quantidade de lojas
atendidas por vagas de estacionamento de carga/descarga disponíveis por quadra. Os valores
foram obtidos através da relação da densidade de lojas por quadra e a disposição geográfica das
vagas de estacionamento de carga/descarga disponíveis na região. Também são apresentados
pontos onde a sinalização, tanto vertical quanto horizontal, é deficitária ou inexistente, e os
pontos onde se encontram elementos de vegetação que interferem na circulação e no
estacionamento de caminhões.
53
5.1.1 Declividade
Figura 5.5 - Mapa com pontos extremos do polígono de estudo e suas altitudes
As vias do setor Campinas em sua maior parte foram construídas no período em que o bairro
ainda era um munícipio independente, caracterizado então por vias antigas e sem planejamento
urbanístico. Assim muitas vezes a própria infraestrutura viária da região acaba por impactar no
desempenho de entregas de produtos como os tecidos e malhas avaliados nesse estudo.
A circulação dos veículos de carga deve cumprir precisamente as normas de trânsito imposta
no CTB, inclusive no processo de estacionar para o ato da carga e descarga. O veículo não deve
invadir a faixa de outros veículos, subir em calçadas ou em obstáculos tais como ilhas e
canteiros. Deve‐se observar em seu trajeto, obstáculos que comprometam a segurança de outros
usuários, bem como a do veículo em estudo.
Em trajetórias curvas ou interseções, os veículos acabam por ocupar espaços laterais maiores
que as suas próprias larguras devido as suas dimensões, o que leva a avaliação quanto a
sobrelargura de determinados trechos. O conhecimento da distância entre eixos dos veículos
mais comuns a circular no local é determinante, pois quanto maior esse valor, maior será a
sobrelargura gerada pelo veículo.
O local de estudo apresenta ruas e avenidas em sentido único, o que colabora para a facilidade
de conversão nas interseções, já que não há sentido inverso de circulação e o veículo pode usar
toda a faixa de rolamento para o giro do veículo.
A marcação de zona de pavimento não-utilizável nas esquinas também contribui para impedir
que veículos estacionem de forma irregular, prejudicando as conversões dos veículos de maior
porte (Figura 5.6). Entretanto, devido à falta de fiscalização é muito comum que veículos
cometam tal infração, inclusive veículos de carga, que não encontram disponibilidade de vagas
de estacionamento para efetuar a carga/descarga de mercadorias.
O gabarito horizontal abrange a largura necessária para o trânsito dos veículos de forma fluida
incluindo o espaço adequado para manobra e estacionamento dos veículos nas vias de forma a
realizar o embarque e desembarque das cargas. A Tabela 5.1 apresenta informações a respeito
da largura das faixas de rolamento efetivas das vias da região.
O layout de seção transversal apresentado na Figura 5.7, representa uma das vias da região,
sendo semelhante outros layouts, havendo apenas variação na largura da faixa de rolamento e
na quantidade de faixas de estacionamento, de acordo com os valores da Tabela 5.1.
Uma caixa de rua com pistas de duplo sentido de fluxo é mais problemática que as de sentido
de fluxo único, visto que são mais complexas as manobras de cruzamento e convergência. Além
disso, as vias de mão dupla possibilitam velocidade média mais baixa e menor espaço para a
implantação de vagas para estacionamento e carga e descarga, visto que faixas de rolamento
paralelas e no mesmo sentido de fluxo podem ser mais estreitas do que faixas de sentidos de
fluxo contrários.
Isso é um ponto positivo da região, visto que as ruas e avenidas onde há maior incidência de
lojas de tecidos são de sentido único, o que colabora para uma maior fluidez, principalmente
dos veículos de carga. A questão negativa é a quantidade de faixas de rolamento disponíveis
nessas vias. Grande parte das vias apresentam 1 ou 2 faixas de estacionamento e apenas 1 faixa
de rolamento efetiva. As manobras de estacionamento interferem diretamente na fluidez do
trânsito, visto que um veículo que deseje estacionar acabará por bloquear toda a via até concluir
a manobra de estacionamento.
O método para cálculo de possibilidade de disposição de vagas descreve equações para ambos
os lados da via, considerando a largura da via, a faixa de rolamento padrão e largura de manobra
do tipo de estacionamento do lado oposto. A largura da Avenida São Paulo é de 11 m.
Ou seja, a via não devia possuir permissão para estacionar nos dois lados, já que tecnicamente
os totais são inferiores a largura total de 11 m da via, portanto não há espaço viável para
manobra de forma a não impactar o tráfego. Esse problema é comum e foi constatado em todas
as outras vias que possuem estacionamento em ambos os lados na região.
Outro fator a ser estudado é a altura máxima disponível para os veículos transitarem na via,
levando em consideração os obstáculos verticais nela existentes. Fiação elétrica ou telefônica,
outdoors, árvores e outros mobiliários urbanos mal posicionados dificultam a movimentação de
carga, pois podem contribuir para o estreitamento de calçadas e limitar a altura, inviabilizando
a movimentação de produtos de grandes dimensões e os veículos mais altos, características dos
transportadores de carga, que verticalmente são maiores para maior acomodação de carga.
Como nos exemplos apresentados pela Figura 5.9, onde percebe-se que as disposições das
árvores excedem o domínio das calçadas e limitam a altura disponível nas vagas para
estacionamento lindeiras as vias.
59
5.1.3 Calçadas
As dimensões e a infraestrutura das calçadas são pontos importante na qualidade das entregas
de produtos de uma determinada região. Calçadas estreitas inviabilizam a circulação de carrinhos
e a movimentação de produtos de grandes dimensões além de favorecem ao surgimento de gargalos
ao fluxo de pessoas e mercadorias nos trechos mais estreitos. (SILVA, 2006).
Na maioria dos locais comerciais semelhante ao polo de estudo, a operação de carga e descarga
é realizada utilizando a calçada como local de disposição temporária das mercadorias. O uso
do espaço público por um período, mesmo que reduzido, dificulta a circulação dos pedestres,
principalmente em calçadas estreitas. Além disso, a carga e descarga requer espaço para a
abertura das portas do veículo. O uso de carrinhos, rampas e outros equipamentos, geralmente
ocupa uma parcela de área considerável da calçada. Daí a importância de se projetar baias e
áreas para carga e descarga que não estrangulem a calçada, prevendo espaço para a disposição
temporária da carga em trânsito. O decreto municipal 3057/2015 (Figura 5.10) estabeleceu o
atual padrão das calçadas na cidade de Goiânia com larguras mínima de faixa de serviço de
60
0,70 m e 1,20 m de largura de faixa livre, além da sinalização tátil e rampas de acesso em
detrimento a acessibilidade.
Figura 5.11, até mesmo os postes de energia reduzem um espaço de circulação nas calçadas,
aliados a isso, têm-se ainda, o problema da limitação do espaço devido a exposição de produtos
nas calçadas, fato que é contra a legislação, mas que não recebe pouca fiscalização e atuação
do poder público.
62
5.1.4 Pavimento
Problemas no pavimento das vias impactam no transporte de mercadorias de uma região. Buracos,
desníveis e problemas de drenagem geram prejuízos mecânicos aos veículos e tornam mais
suscetíveis a ocorrência de acidentes. Além disso, há impactos operacionais, como a redução da
velocidade dos veículos com a presença de problemas estruturais no pavimento e a dificuldade de
manobrar e estacionar em locais desníveis ou buracos (Figura 5.12). Tudo isso pode prejudicar a
agilidade e eficiência das entregas, comprometendo o trânsito e trazendo problemas concomitantes
na mobilidade da região de estudo (SILVA, 2006).
63
Além disso, uma sinalização precária causa vários outros prejuízos aos condutores e ao tráfego
de uma região. No local de estudo, existem inúmeras deficiências na sinalização, tanto vertical
quanto horizontal. A falta de sinalização, principalmente de orientação, dificulta muito a
circulação, seja de veículos comuns, seja dos outros tipos como os caminhões de carga.
64
A característica viária da região é de ruas em sistema binário, ou seja, a cada rua ou avenida em
sentido único, existe uma via imediatamente paralela em sentido único oposto. Isso dificulta
muito a orientação dos condutores e a necessidade de sinalização é imprescindível, visto que
pelo desconhecimento de muitos motoristas, os mesmos circulam em velocidade reduzida,
buscando se orientar, e muitas vezes acabam realizando conversões desnecessárias,
aumentando o tempo de deslocamento, o tempo de busca de vaga de estacionamento e
consequentemente prejudicando a circulação, já que quanto mais tempo o veículo permanecer
na região, mais ele vai interferir no trânsito.
Conforme o atual Código de Trânsito Brasileiro (1997), existe uma regulamentação em que os
órgãos com jurisprudência do espaço público viário podem estabelecer vagas especiais de
estacionamento, mediante a implantação de sinal vertical de regulamentação, placa R-6b
65
O polígono de estudo apresenta em algumas ruas tais vagas especiais, muitas vezes insuficientes
pela demanda da região que além de atender o comércio aqui analisado de tecidos e malhas, é
utilizado por vários outros tipos de produtos e formas de carga e descarga. Na Figura 5.14,
apresenta-se o mapeamento dos pontos de carga e descarga regulamentados na área de estudo.
Outra questão, como mostra a Figura 5.15, é o mal dimensionamento das vagas de
estacionamento de carga e descarga, que não permitem a presença de veículos de maior
comprimento, o que muitas vezes leva a presença de veículos menores para as entregas. Com a
presença de veículos menores, a tendência é o aumento da quantidade de veículos necessários
para realizar as entregas, saturando ainda mais o trânsito já caótico da região.
Este item consiste na apresentação e análise do perfil dos empreendimentos pesquisados. Foram
entrevistados 90 estabelecimentos comerciais do ramo de tecidos. Os questionários foram
filtrados de forma sistêmica de acordo com a metodologia, visto que muitos questionários não
foram totalmente respondidos. Observou-se nesse levantamento que a hipótese sugerida se
67
38,37
PERCENTUAL DE LOJAS COM
BRASIL CHINA
PAÍS DE ORIGEM
68
A Figura 5.17 apresenta os estados de origem dos produtos nacionais que são distribuídos nas
lojas de Goiânia. Destaque para o estado de São Paulo, responsável por grade parte da produção
e distribuição tanto da indústria paulista quanto da importação chinesa. A cadeia logística segue
com os produtos para Goiás, onde é entregue por transportadoras especializadas no manejo do
produto. As principais transportadoras possuem CD dentro de Goiânia e Aparecida de Goiânia,
realizando o transporte para abastecimento das lojas da região estudada.
Com as visitas em campo, as análises das imagens via satélite e a aplicação dos questionários
foi permitido o levantamento de algumas características pertinentes a distribuição das
mercadorias de acordo com a literatura utilizada. Um exemplo é a falta de estacionamento
próprios onde não foi identificado nenhum caso onde a loja tinha uma estrutura própria para o
suporte aos entregadores, característica essa comum na região, visto que as lojas têm um porte
reduzido devido a aglomeração dos estabelecimentos e nenhuma com pátio para manobras e
movimentações internas.
69
Os dias e horários de entregas foram bem diversificados, como mostra a Figura 5.18. O número
de entregas recebidas por mês pode variar de acordo com a loja, o valor mais representativo foi
de 5 entregas / mês. 17,8% dos lojistas afirmaram receber mais de 10 visitas por mês, valor que
não representa por si só o volume semanal, visto que, essas entregas podem ser realizadas na
primeira semana ou distribuídas ao longo do mês, mas que mostra o quanto uma loja pode atrair
um volume considerável de veículos para a região.
O dia da semana habitual das entregas (Figura 5.19) representou a maior dificuldade de resposta
por parte dos lojistas. Uma parcela significativa dos pesquisados (38,89%) responderam que
não sabem descrever o dia mais comum de visita ou que as entregas seguem um padrão
aleatório. O que chama a atenção é o quanto a segunda feira é movimentada quando se analisa
as repostas validas (34,44%), fato que pode ser explicado pela rotina dos principais clientes das
lojas que utilizam a segunda para o reabastecimento de seu estoque das matérias primas (tecidos
e malhas).
70
Quanto ao horário destinado para as entregas na região, verificou-se a falta de flexibilidade para
receber as mercadorias fora do horário comercial. De acordo com a Figura 5.20, mais da metade
das entregas são realizadas no período da manhã, sendo que 4,4% são realizados antes do
horário padrão de abertura das lojas (8h da manhã). Tal fato pode demonstrar o quanto as
transportadoras priorizam as entregas de campinas (o roteiro inicia-se pelo bairro) devido a sua
dificuldade de entrega, seja pelo trânsito, fluxo de veículos ou pela precariedade vagas de
estacionamentos.
A Figura 5.21 evidencia uma padronização quanto ao peso e volume dos produtos entregues.
Observa-se uma linearidade, ou seja, as porcentagens de volumes por entrega são uniformes
nos dois gráficos, a faixa mais representativa é a de 5 a 15 entregas e 100 a 500 kg. Um
percentual de 47,78% não soube responder quanto recebe em peso e volume de mercadoria, que
revela o quanto o comerciante não tem conhecimento sobre o padrão das entregas e, seus
pedidos não tem um procedimento de recebimento fixo, baseado na demanda do produto, já que
ele recebe pequenos e grandes lotes de entrega.
Quanto ao equipamento de carga e descarga, apenas 15,6 % dos lojistas afirmaram utilizar o
carrinho (Figura 5.22), único equipamento levantado, no processo de carga e descarga.
Enquanto que, 84,4% realizam todo o descarregamento de forma manual, demonstrando o
quanto o lojista não tem nenhuma estrutura ou equipamento para ajudar o entregador a
descarregar as mercadorias.
Outro fator que dificulta o controle das visitas dos veículos de entrega, é que 76,77% alegaram
não exigir o agendamento de suas entregas, enquanto que os demais 23,23 % disseram apenas
ser informados sobre o dia da entrega, não apresentando nenhum empecilho quanto ao dia e
horário das visitas. Ainda sobre a infraestrutura dos empreendimentos, foi verificado através da
pesquisa, que nenhuma das lojas tem uma estrutura interna (doca) para o suporte aos veículos,
tornando as entrega dependentes das vagas de estacionamento na via.
72
Figura 5.22 - Carrinho de mão para cargas, chassi metálico reforçado, braço metálico.
A Figura 5.23, mostra uma vista superior de uma das quadras, onde percebe-se que a estrutura
das lojas ocupa todo o espaço dos lotes, não restando nenhum espaço externo para o acesso dos
veículos. Isso está aliado ao fato do bairro ser estritamente comercial, devido a sua alta
densidade de lojas num curto espaço físico, os empresários utilizam o máximo dos terrenos para
disponibilizar mais espaços para as lojas, reduzindo a área externa as salas.
Já na parte interna das lojas, foi levantado via observação in loco que todas têm o hábito de
expor seus produtos, que são majoritariamente comercializados em forma de rolos, distribuídos
em todo o espaço da loja, desde as imediações da entrada. A Figura 5.24 demonstra como é a
estrutura interna das lojas. Em 40% das lojas visitadas existe uma área destinada ao deposito e
armazenagem das mercadorias e que servem também como exposição, dessa forma, estoque e
produtos destinados a venda são misturados e arranjados no mesmo local.
O arranjo físico que mais tem diversidade é nas lojas com estoque interno, que em muitas das
vezes, é acessado pelo entregador para a finalização da entrega, o que pode ser um limitador na
agilidade da operação. Em 1/5 dessas lojas (11,11% do total) o acesso é livre, delimitado
geralmente por portas. Nas demais, o acesso é limitado por um corredor ou escada, o que é um
condicionante tanto para as operações manuais como paras as com carrinhos, já que os
corredores reduzem a mobilidade e o degraus dificultam a movimentação.
Uma parcela pequena (4,4%) tem um deposito externo onde as mercadorias são armazenadas.
Os produtos ali guardados abastecem o estoque interno da loja a partir de remessas periódicas.
As demais instalações das lojas são apenas suportes aos funcionários como sanitários, vestiários
e copas.
74
Esse item consiste na apresentação dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários
junto aos motoristas que realizam entrega na região. Devido a aleatoriedade das entregas e a
difícil quantificação dos veículos que fazem distribuição na região e ainda na extensão do Setor
Campinas e sua localização na Região Metropolitana de Goiânia. Foram aplicados o máximo
de questionários possíveis (22 formulários). Uma outra limitação na aplicação dos mesmos foi
o pessoal disponível para a pesquisa. De acordo com o levantamento teórico, a amostra foi
considerada satisfatória dado o objetivo e o grau de satisfação da pesquisa. Desse modo, foram
aplicados 22 questionários considerados válidos, e as análises a seguir são em cima das entregas
realizadas na região em estudo.
Afim de conhecer as características dos motoristas que realizam entregas na região, foram
levantadas informações sobre o seu grau de ocupação na profissão. Assim, como mostra na
Figura 5.25, a maior representatividade de idade está na faixa entre os 31 e 45 anos, são
profissionais mais experientes e que já estão habituados ao trânsito nas áreas urbanas. Afim de
estudar diferentes realidades foram entrevistados também dois motoristas que são próprios das
lojas, que apesar de receberem mercadorias de terceiros, também buscam seus produtos nos
fornecedores.
75
A equipe de entrega na maioria das vezes é completada por ajudantes, que auxiliam os
motoristas na descarga dos produtos. Os motoristas próprios das lojas informaram não possuir
uma equipe fixa de ajudantes nas viagens, salvo nos casos onde as entregas são de muitos
volumes, assim um funcionário da loja é delegado para auxiliar na movimentação das
mercadorias. Em relação aos demais 22 % afirmaram possuir um ajudante, enquanto que os
outros 64 % afirmaram utilizar dois ajudantes.
Essa equipe representa não só a necessidade de mão de obra braçal para descarregar os grandes
volumes, mas também uma medida de segurança, visto que, como descrito na seção 5.2, as
vagas de carga e descarga ficam dispostas nas esquinas, e quando a entrega precisa ser realizada
no meio da quadra, se faz necessária a permanência de alguém vigiando o veículo. No geral,
uma pessoa fica dentro do baú do veículo organizando a carga e colocando ela na porta,
enquanto que os demais fazem o transbordo até o estabelecimento.
76
Esses veículos possuem como característica física um baú fechado com portas traseiras e em
algumas das vezes laterais. Esse tipo de veículo é segundo os especialistas, o mais recomendado
para o transporte de cargas secas nas áreas urbanas por protegerem o conteúdo das cargas e se
adequarem as limitações geométricas das vias. Foi levantado através dos questionários, que
63,13% dos veículos tem capacidade de carga entre 4 e 7 toneladas e 31,58% entre 1 e 4
toneladas. No período da pesquisa foi observado apenas um veículo com capacidade superior a
7 toneladas, que afirmou não visitar a região frequentemente, exceção feita quando a carga de
entrega é excessiva e direcionada a um cliente específico.
Devido haver uma padronização quanto a embalagem dos tecidos, que são comercializados em
forma de rolos, o manuseio e transbordo entre os pontos é facilitado, pois não há variedades no
formato e embalagem de transporte dos produtos. Apesar de todos os volumes serem
comercializados dessa forma, 32% dos entregadores afirmaram também realizar entregas com
caixas, quando os produtos são retalhos ou tecidos mais específicos e em menor quantidade. A
vantagem dos rolos é que eles podem ser empilhados e acomodados de acordo com os espaços
disponíveis no baú do veículo (Figura 5.26).
Apenas 13,64% dos entregadores chegam a região antes das 8 horas da manhã, que é o principal
horário que as lojas abrem, justamente para aproveitar o baixo fluxo e consequentemente a
abundância de espaço nas vias. Outros 13,64% já preferem a parte da parte onde os períodos
78
entre os horários de pico do almoço e o do fim da tarde são mais ociosos e com isso um trafego
menor de veículos, o que melhora na circulação e no acesso as vagas de estacionamento. Por
fim 4,55% demonstraram uma preferência pelo horário do almoço devido à baixa
movimentação dos clientes das lojas, e com isso, uma maior atenção por partes dos lojistas.
A primeira medida levantada foi o tempo gasto para encontrar estacionamento, o que segundo
os motoristas, é a principal dificuldade enfrentada na entrega. O intervalo médio foi o de 11 –
20 minutos (36,26%), o que isolado parece um valor irrisório, mas quando inserido em uma
rota diária representa uma perda significativa de tempo inoperante. Um dado que levanta a
atenção é o fato de 22,73% dos motoristas afirmaram gastarem de 31 – 45 minutos nessa etapa
de procura, cenário preocupante e que causa prejuízos e impactos negativos a transportadora.
79
A segunda medida temporal, o tempo de espera, foi julgada como a de melhor desempenho.
Cerca de 85% afirmaram esperar até 20 minutos para serem liberados para entrega. Esse cenário
demonstra que o descarregamento é realizado poucos instantes após o entregador notificar a sua
chegada. Pode ser observado ainda no gráfico que 45,45% dos entrevistados afirmam que o
descarregamento é realizado imediatamente após sua chegada.
Finalizando, têm-se o tempo gasto no estágio 3, que o seu dimensionamento, representa o tempo
gasto para efetuar a entrega no empreendimento. Esse tempo é influenciado por diversos fatores
como:
Volume da carga: o tempo é proporcional ao volume da carga, ou seja, cargas volumosas
e de difícil manuseio aumentam o tempo no estágio;
Condição das calçadas: segundo a seção 5.1.3, as calçadas não estão em condições ideais
devido a presença de entulho, árvores, baixa acessibilidade, e o alto fluxo de pedestres;
Acesso interno à loja até o local de descarga do produto: de acordo com a seção 5.3, a
incidência de escadas e corredores limita o uso do carrinho e aumenta o esforço manual
do entregador;
Recursos utilizados: devido a característica do produto (rolos de tecido), os
equipamentos de carga e descarga são pouco utilizados e o serviço manual é o mais
recorrente. Já a equipe de operação envolve o motorista e os ajudantes que separam a
carga no veículo e transbordam até a loja (Figura 5.29).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os problemas com o transporte urbano das mercadorias tem sido um tema de debate
internacional, devido aos grandes desafios enfrentados pelos transportadores. A falta de um
planejamento logístico aliada com a baixa priorização das entregas nos planos urbanísticos, tem
acarretado na dificuldade de atender a demanda dos produtos. Cada vez mais as pessoas estão
se concentrando nos centros urbanos, mas a infraestrutura viária não está em um processo de
evolução compatível com esse crescimento.
Uma característica das cidades é a diversidade da configuração das viagens, que tem inúmeros
objetivos, origens e são restringidas por incontáveis fatores, como o tempo e a alocação dos
recursos. Dessa forma, os conflitos naturais dos centros urbanos também é uma realidade
enfrentada pelos veículos de carga que dividem o espaço público com os veículos particulares,
de transporte coletivo e com os ciclistas e pedestres. Portanto, buscou-se nesse trabalho
apresentar a complexidade da distribuição das cargas urbanas, evidenciando como a
movimentação eficiente das mercadorias é um desafio que as administrações públicas e
privadas devem abraçar para melhorar o desempenho e a confiabilidade das entregas.
Para o real entendimento dos processos executados, o foco principal da pesquisa foi o
desenvolvimento de uma caracterização das entregas de tecidos realizadas na região de
Campinas. Para tal, foi determinada a visão dos agentes envolvidos nas entregas dos tecidos,
para avaliar a participação de cada um nas etapas e como tem sido o planejamento dessas
operações. Com a estruturação do banco de dados com as características das mercadorias e dos
pontos de visita, e a confrontação com a infraestrutura local, pode-se ter uma explicação para a
81
natureza dos processos desenvolvidos, e com isso, levantar as vulnerabilidades que podem ser
atacadas para a otimização do desempenho das entregas.
O perfil das entregas, no aspecto físico (vagas de estacionamento, método de descarga dos
produtos, etc.) foi levantado como homogêneo, as lojas seguem um padrão de recebimento que
é ditado pela demanda das mercadorias em conformidade com a infraestrutura disponível. Em
relação ao aspecto temporal (tempo de entrega, tempo de carga e descarga, período das
entregas) foi identificado que as entregas não seguem um padrão logico, onde os processos são
realizados de forma aleatória e a critério do transportador, que distribui as mercadorias com
base em um procedimento próprio sem a obrigatoriedade do aval dos comerciantes, o que
evidência a falta de controle e ciência das entregas por parte dos comerciantes. Esse fator,
dificulta o planejamento e impacta diretamente na distribuição das mercadorias na região, visto
que segundo a pesquisa realizada, boa parte dos lojistas não conhece o seu próprio
abastecimento, desconhece a quantidade de produto comprada e os dias e horários mais comuns
de entrega.
Um ponto positivo levantado foi a verificação da boa relação entre os dois agentes diretos
(lojistas e entregadores), no qual, cada um tem a sua competência bem estipulada, e a
comunicação é realizada na chegada do entregador até o local, momento em que o lojista
informa sobre a liberação da entrega e sobre o local de depósito.
No âmbito da infraestrutura, o local tem diversos problemas, o que acarretam dificuldades para
o transportador conseguir realizar com eficiência as entregas. A falta de manutenção do
pavimento das vias, sinalização deficitária, ruas que dificultam as manobras de estacionamento,
calçadas estreitas pela presença de produtos expostos e mobiliários urbanos mal posicionados
e dimensionados são algumas das dificuldades apresentadas. A falta de fiscalização para inibir
o estacionamento irregular nas esquinas e nas vagas de carga e descarga também prejudicam a
mobilidade dos transportadores no processo de entregas.
Nesse sentido, propõe-se algumas medidas que podem mitigar os problemas da região,
aumentando a eficiência da distribuição de mercadorias na região de estudo em Campinas. A
criação de um Centro de Distribuição (CD) na região, sob administração de uma parceria
público privada, como sugerido por vários autores em regiões semelhantes à de estudo deste
82
trabalho, e exemplos já aplicados onde chegou que a conclusão que a criação de centros de
transbordo é a melhor solução para o transporte urbano de cargas, transferindo as mercadorias
nesses locais a carga de caminhões maiores para veículos menores, mais flexíveis e dinâmicos
ao trânsito. Esse CD apresentaria o compartilhamento entre todos os ramos de mercadorias
comercializados, buscando reduzir o número de veículos e de viagens.
O melhor planejamento do horário de recebimento das mercadorias também pode ser um fator
positivo. O incentivo as entregas noturnas e aos finais de semana é um facilitador visto que são
horários em que há menos fluxo de veículos e movimentação de pedestres. Atualmente, como
observado na pesquisa realizada, os dias mais comuns de entregas são os mesmos dias com
maior contingente de clientes nas lojas. Isso acaba prejudicando o atendimento ao cliente e o
processo de entregas, trazendo prejuízos a todos os membros da cadeia. Apesar de incialmente
acarretar em custos diretos aos lojistas, é uma situação para amenizar o impacto das entregas
que tende a literalmente travar a região em seus horários de pico. Assim, uma maior
comunicação e troca de informações entre as partes componentes do fluxo de mercadorias trará
maior eficiência dos serviços e redução de custos, trazendo produtos mais baratos e atraindo
mais consumidores.
83
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circulação nas grandes cidades. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.ilos.com.br/web/distribuicao-
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87
PERFIL DO MOTORISTA
1-Sexo 2-Idade
( ) Masculino ( ) Feminino ( )18-30 anos ( ) 31-45 anos ( ) 46-65 anos ( ) > de 65 anos
3-Tipo de Profissional
( ) Contratado ( ) Terceiro ( ) Autônomo ( )Próprio da Loja
4-Frequência de viagem para aquela região (por semana ou mês)
( ) Semanais ( ) 1 a 2 visitas ( ) 3 a 4 visitas ( ) 5 a 6 visitas ( ) 6 a 7 visitas ( ) 8 ou mais
5-Número de ajudantes
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( ) 6 ou mais
PERFIL DO VEÍCULO
6-Tipo de Veiculo
( ) Carro Utilitário ( ) Toco ( ) Caminhão Truck ( ) Carreta ( ) Outro:
7-Capacidade do Veículo
( ) até 1 ton ( ) 1 - 4 ton ( ) 4 - 7 ton ( ) 7 - 10 ton ( ) 10 - 15 ton ( ) Acima de 15 ton
8-Acondicionamento da carga
( ) Pallet ( ) Rolo ( ) Caixa ( ) Outro
PERFIL DA ENTREGA
9-Horário de visita (médio)
( ) Antes da 08 h ( ) Manhã ( ) Almoço ( ) Tarde ( ) Depois das 18h ( ) Aleatório
10-Tempo gasto para encontrar estacionamento
( ) até 10 min ( ) 11 - 20 min ( ) 21 - 30 min ( ) 31 - 45 min ( ) 46 - 60 min ( ) Mais de 1 h
11-Tempo para liberar a carga/descarga
( )até 10 min ( ) 11 - 20 min ( ) 21 - 30 min ( ) 31 - 60 min ( ) 46 - 60 min ( ) Mais de 1 h
12-Tempo para efetuar a carga/descarga
( )até 10 min ( ) 11 - 20 min ( ) 21 - 30 min ( ) 31 - 60 min ( ) 46 - 60 min ( ) Mais de 1 h
13-Equipamentos de carga / descarga
( ) Manual ( ) Burrinhas ( ) Carrinhos ( ) Guindart ( ) Empilhadeira
14-Local usado para a carga / descarga
( ) Estacionamento Carga/Descarga ( ) Estacionamento Público Comum ( ) Próprio (Doca Interna)
15-Principal Dificuldade da Entrega
( ) Congestionamentos ( ) Falta de Estacionamento ( ) Restrição de Circulação ( ) Outro: