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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM
PEDAGOGIA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BARCARENA
DOCENTE: CARLOS AUGUSTO PINHEIRO SOUTO

DEYVISON COSTA PEREIRA

UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: Métodos
Tradicionais e Montessorianos

BARCARENA- PA
2023
DEYVISON COSTA PEREIRA

UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: Métodos
Tradicionais e Montessorianos

Artigo qualitativo apresentado a Universidade do


estado do Pará como requisito parcial à
obtenção de conhecimento na Disciplina História
da Educação.

DOCENTE: CARLOS AUGUSTO PINHEIRO


SOUTO

BARCARENA- PA
2023
1. Introdução
O debate sobre a eficácia de métodos educacionais tem sido constante na pedagogia,
refletindo a busca por abordagens que promovam um sólido desenvolvimento cognitivo
em crianças em idade escolar. Dois paradigmas frequentemente em destaque são os
métodos tradicionais e Montessorianos. Enquanto os métodos tradicionais seguem uma
estrutura rígida e direcionada pelo educador, os princípios Montessorianos,
desenvolvidos por Maria Montessori, enfatizam a aprendizagem autodirigida e a
exploração independente do aluno.

Este estudo tem como objetivo analisar e comparar os impactos desses métodos no
desenvolvimento cognitivo de criança. Ao explorar evidências empíricas e fontes
relevantes como artigos acadêmicos, livros e recursos online, busca-se compreender as
diferenças nas abordagens e como influenciam aspectos cruciais do desenvolvimento,
como pensamento crítico, resolução de problemas e retenção de conhecimento.

Ao delinear essa análise comparativa, pretende-se contribuir para a compreensão do


papel crucial que a escolha do método educacional desempenha no desenvolvimento
cognitivo infantil. Com esta pesquisa, educadores, pesquisadores e pais podem tomar
decisões mais informadas ao considerar abordagens pedagógicas que atendam melhor
às necessidades de aprendizado de seus filhos.

2. Método Montessoriano
Maria Montessori, originadora do Método Montessoriano, veio ao mundo em 31 de
agosto de 1870, em Chiaravalle. Ela foi a filha única de Alessandro Montessori e
Renilde Stoppani. Segundo a publicação "Educação na Prática", embora seus pais
inicialmente esperassem que ela trilhasse o caminho do magistério, por volta dos 10
anos, Montessori manifestou o interesse em frequentar uma instituição de ensino
masculina, com a ambição de se tornar engenheira. Montessori defendia a capacidade
das crianças aprenderem autonomamente, similar ao desenvolvimento natural de
habilidades como fala e locomoção. Para isso, ela propunha ambientes saudáveis e
interações com pessoas de diferentes idades, refletindo na prática com salas de aula
montessorianas.

Seu método defende que a educação deve ser centrada no aluno, incentivando a
autonomia desde o seu nascimento. Além disso, ela propôs adaptações na sala de
aula, como mesas e cadeiras adequadas para o tamanho das crianças na Educação
Infantil, "As mesas e cadeiras, as pequenas poltronas, leves e traansportáveis
permitirão à criança escolher uma posição que lhe agrada. Ela poderá, por
conseguinte, instalar-se comodamente, sentar-se em seu lugar" (Montessori, 2017, p.
44).
O método Montessori é biológico e baseado no desenvolvimento infantil, seguindo
fases adequadas a conteúdos de aprendizagem. Prioriza o respeito às necessidades e
interesses das crianças, permitindo que conduzam seu próprio aprendizado. Montessori
destaca a importância do ambiente escolar centrado na criança, não considerando-a um
ser incompleto, mas um ser humano integral. As escolas montessorianas proporcionam
movimentos livres, promovendo independência e iniciativa pessoal, "Um método de
educação, baseado sôbre a liberdade, apareça para ajudar a criança a conquistá-la: isto
é, que éle possa reduzir ao minimo os laços sociais que limitam sua atividade"
(Montessori, 2017, p. 51). As atividades sensoriais e motoras desempenham papel
crucial na educação, permitindo que as crianças expressem sua tendência natural de
tocar e manipular objetos.

Montessori enfatiza que o caminho do intelecto passa pelas mãos, defendendo a


importância do movimento e do toque na exploração do mundo. O método parte do
concreto para o abstrato, utilizando materiais didáticos atrativos projetados para
estimular o raciocínio, substituindo em parte o papel do professor. No método
Montessori, é enfatizado que os trabalhos dos alunos devem ser constantemente
reforçados com expressões positivas, como "muito bem" e "parabéns", promovendo
assim um vínculo afetivo entre professor e educando e estabelecendo confiança mútua.

O material didático, concebido por Montessori, age como uma escada, facilitando a
aprendizagem e permitindo que as crianças superem desafios. Além disso, o método
inclui exercícios físicos e rítmicos, com ênfase nos exercícios de vida prática, envolvendo
cuidados pessoais e ambientais. O contato afetivo entre professor e aluno é incentivado,
fortalecendo a confiança mútua.

3. Ensino Tradicional
Já no ensino tradicional, se fundamenta em princípios que destacam a transmissão
direta de conhecimento pelo professor. Caracteriza-se por salas de aula estruturadas,
onde o professor desempenha um papel central na instrução, sendo o principal detentor
de todo o conhecimento. A ênfase recai na uniformidade do ensino, frequentemente
apoiada por métodos como palestras e aulas expositivas.

A avaliação no ensino tradicional é geralmente baseada em testes padronizados,


como provas e trabalhos, buscando mensurar o domínio dos conteúdos de forma
uniforme entre os alunos. Essa abordagem valoriza a memorização e reprodução de
informações, muitas vezes negligenciando habilidades práticas e a compreensão
profunda dos temas.

Neste formato, os professores atuam como guias, buscando transmitir conhecimentos


aos alunos. No ensino tradicional, as avaliações ocorrem periodicamente para mensurar
o quanto os alunos conseguiram memorizar. Geralmente, escolas que preparam os
estudantes para o vestibular desde o início do currículo seguem essa abordagem. O
modelo tradicional incorpora ideias específicas sobre a relação professor-aluno, os temas
ensinados e a função da escola. Algumas características incluem:

1. Relação entre professor e aluno: Estabelece uma hierarquia, onde os professores são
as autoridades encarregadas de ensinar. O silêncio, muitas vezes imposto pelos
professores, deve ser mantido na sala de aula, com os alunos sujeitos a punições por
desobediência.

2. Conteúdos ensinados: Aborda disciplinas já consolidadas no meio científico, sem


espaço para contestação por parte dos alunos. A Pedagogia Tradicional não leva em
consideração os conhecimentos prévios dos estudantes, impedindo que questionem os
assuntos abordados.

3. Função da escola: A escola tem o propósito de fornecer formação intelectual e moral,


preparando os alunos para se integrarem na sociedade. Nesse contexto, o foco é a
manutenção da ordem social, enquanto os problemas sociais são considerados
responsabilidade da sociedade em si.

4. Impacto no Desenvolvimento Cognitivo

No contexto do ensino tradicional, a centralização do professor como a principal fonte


de conhecimento pode resultar em uma absorção mais passiva de informações por parte
dos alunos. A ênfase na instrução direta e em currículos padronizados pode limitar a
exploração individual e a descoberta ativa, possivelmente restringindo a capacidade dos
alunos de desenvolver habilidades críticas de resolução de problemas.

Por outro lado, o método Montessoriano fundamenta-se na crença de que a


autodireção é essencial para o desenvolvimento cognitivo. Ao permitir que os alunos
escolham suas atividades com base em interesses pessoais, a abordagem
Montessoriana promove um aprendizado mais intrinsecamente motivado. A presença de
materiais didáticos específicos e adaptados enriquece a experiência cognitiva,
estimulando a exploração e a compreensão profunda de conceitos.

Além disso, o aprendizado através da experiência, característico do método


Montessoriano, pode contribuir para uma retenção mais duradoura do conhecimento. A
manipulação de materiais sensoriais e a experimentação direta fornecem uma base
tangível para a construção do entendimento, contrastando com a abstração muitas vezes
presente no ensino convencional.
Resumindo, a comparação entre essas abordagens revela que o desenvolvimento
cognitivo é influenciado pela natureza da interação aluno-educador, pela autonomia
concedida aos alunos e pelo tipo de experiências educacionais proporcionadas. A
reflexão sobre esses aspectos é vital para aprimorar práticas educacionais e nutrir um
desenvolvimento cognitivo holístico e robusto.

5. Impacto no Desenvolvimento Social e Emocional:

O desenvolvimento social e emocional dos alunos é uma dimensão fundamental que


reflete não apenas a eficácia do processo educacional, mas também sua capacidade de
preparar indivíduos para interações na sociedade. Ao comparar o impacto do ensino
tradicional e do método Montessoriano nesses aspectos, surgem diferenças marcantes
tanto para o desenvolvimento social e, também, para o desenvolvimento emocional.

Como vimos anteriormente, o ensino tradicional, onde a estrutura hierárquica


predomina, as interações sociais muitas vezes são moldadas por uma dinâmica aluno-
professor mais rígida. A ênfase na transmissão de conhecimento de forma unidirecional
pode limitar as oportunidades para a colaboração entre os alunos. Além disso, as
avaliações baseadas em testes, provas e simulados, podem criar uma atmosfera
competitiva entre os estudantes, fazendo com que crie um aspecto negativo no
desenvolvimento social e emocional.

Diferentemente, o método Montessoriano favorece uma abordagem mais colaborativa


e inclusiva. A presença de salas de aula com idades mistas promove a interação entre
crianças de diferentes níveis, incentivando a cooperação e o apoio mútuo. A ênfase na
autonomia e na escolha de atividades baseadas nos interesses individuais e também os
elogios para as crianças sobre os seus acertos contribui para a construção de um
ambiente social mais flexível e adaptável.

Além disso, a aprendizagem através da experiência prática no método Montessoriano


pode ter implicações profundas no desenvolvimento emocional. Ao permitir que os
alunos explorem conceitos de maneira tangível, essa abordagem pode fortalecer a
autoestima e a confiança, elementos essenciais para uma saúde emocional robusta.

Em resumo, a comparação entre o ensino tradicional e o método Montessoriano revela


que o ambiente educacional desempenha um papel crucial no desenvolvimento social e
emocional dos alunos. A busca por um equilíbrio entre estrutura e autonomia pode ser
essencial para criar um ambiente educacional que promova habilidades sociais e
emocionais saudáveis, preparando os alunos para desafios tanto acadêmicos quanto
pessoais.
6. Pontos Fortes e Desafios de Cada Método

6.1 Ensino Tradicional


PONTOS FORTES
1. Estrutura Clara: A organização hierárquica da sala de aula proporciona uma estrutura
clara, facilitando a gestão educacional.
2. Currículo Padronizado: A padronização do currículo pode garantir uma cobertura
abrangente de tópicos, estabelecendo uma base sólida.
3. Preparação para Avaliações: A ênfase em avaliações padronizadas pode preparar os
alunos para testes externos e exames em larga escala.

DESAFIOS
1. Falta de Individualização: A abordagem uniforme pode negligenciar as necessidades
individuais de aprendizado.
2. Restrição da comunicação: A autoridade do professor é dominante, exigindo uma
postura receptiva e impedindo qualquer comunicação durante a aula.
3. Competitividade Excessiva: Avaliações padronizadas podem criar uma atmosfera
competitiva desfavorável à colaboração.

6.2 Método Montessoriano

PONTOS FORTES
1. Autonomia e Motivação Intrínseca: Promove autonomia, incentivando a motivação
intrínseca e o amor pelo aprendizado.
2. Aprendizado Prático: Enfatiza a aprendizagem prática, proporcionando experiências
tangíveis para uma compreensão mais profunda.
3. Desenvolvimento Social e Emocional: Ambientes de sala de aula com idades mistas
promovem colaboração e crescimento social e emocional e os alunos podem aprender
com os demais.

DESAFIOS
1. Menos Estrutura: A abordagem menos estruturada pode ser desafiadora para alunos
acostumados com ambientes mais controlados.
2. Avaliação Menos Padronizada: A ausência de avaliações padronizadas pode dificultar
a comparação objetiva do desempenho dos alunos.
3. Implementação Consistente: O sucesso do método Montessoriano muitas vezes
depende da implementação consistente dos princípios, o que pode variar entre escolas.

Ambos métodos apresentam vantagens e desafios distintos. A busca por uma


abordagem educacional ideal pode envolver a incorporação equilibrada de elementos de
ambos, reconhecendo a diversidade de necessidades e estilos jde aprendizado dos
alunos.
7. Conclusão

Ao examinar as abordagens entre o ensino tradicional e o Método Montessoriano,


emerge uma complexa rede de benefícios e desafios que moldam a experiência
educacional. Cada método possui uma filosofia distintiva, influenciando não apenas a
transmissão de conhecimento, mas também concepções únicas sobre o
desenvolvimento global dos alunos.

No âmbito do ensino tradicional, a estrutura clara e o currículo uniforme estabelecem


uma base sólida, preparando os alunos para avaliações padronizadas. No entanto, essa
abordagem pode negligenciar a diversidade de estilos de aprendizado e restringir a
expressão criativa.

Por outro lado, o Método Montessoriano, com seu enfoque na autonomia, aprendizado
prático e desenvolvimento social e emocional, destaca-se ao cultivar a individualidade
dos alunos. Entretanto, a consistência na aplicação desses princípios pode variar,
apresentando desafios para uma adoção uniforme.

A integração dessas abordagens, reconhecendo seus pontos fortes, pode promover uma
educação mais inclusiva e personalizada. Combinar elementos estruturais do ensino
convencional com a autonomia e aprendizado prático do Método Montessoriano pode
representar uma abordagem inovadora.

Olhando para o futuro, é crucial que educadores, pais e pesquisadores continuem a


questionar, adaptar e evoluir as práticas educativas. Uma abordagem flexível e centrada
no aluno, inspirada pelas lições do ensino convencional e do Método Montessoriano,
pode criar um ambiente educacional que promova o desenvolvimento integral,
preparando os indivíduos para os desafios dinâmicos no século presente.
Referências
LEÃO, Denise Maria Maciel. Paradigmas contemporâneos de educação: escola
tradicional e escola construtivista. Cadernos de pesquisa, n. 107, p. 187-206, 1999.

DA ROSA, Juliana Dias; DELLA CRUZ, Gisele Thiel. O método Montessori e o


desenvolvimento cognitivo da criança. Caderno Intersaberes, v. 8, n. 15, 2019.

MONTESSORI, Maria. A descoberta da criança: pedagogia científica. Campinas São


Paulo: Kírion, 2017.

PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. História da educação: de Confucio a Paulo Freire.


São Paulo: Contexto, 2012.

EDUCAÇÃO NA PRÁTICA. São Paulo: Minuano, n. 1, s/d.

https://www.google.com/amp/s/jornadaedu.com.br/praticas-pedagogicas/metodo-
montessori/amp/ Acesso dia 14 Dez. 2023.

https://blog.anhanguera.com/o-que-e-pedagogia-tradicional/
Acesso dia 14 Dez. 2023.

https://www.mepoenahistoria.com.br/metodologias-ensino/
Acesso dia 14 Dez. 2023.

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