Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
QUARESMA
FAZER MEMÓRIA DO ENCONTRO ANTERIOR: Deixar que os catequizandos falem (mas, deve respeitar
os que não queiram falar). É também um momento para partilhar algo interessante da semana... Pode
encerrar com uma música.
No Evangelho de Lucas 9, 27, no final de um discurso aos doze apóstolos, Jesus misteriosamente
acrescenta: “Em verdade vos digo: dos que aqui se acham, alguns há que não morrerão, até que vejam
o Reino de Deus".
Isso costuma ser tomado como uma profecia de que o fim do mundo ocorreria antes da morte da
primeira geração de cristãos. No entanto, a frase "reino de Deus" também pode se referir à "expressão
externa do reino invisível de Deus".
O reino está encarnado no próprio Cristo e, portanto, poderia ser "visto" se Cristo o manifestasse de
uma maneira incomum, inclusive em sua própria vida terrena, como foi o evento da Transfiguração.
O papa emérito Bento XVI afirmou que Jesus "argumentou de forma convincente que a colocação dessa
frase imediatamente antes da Transfiguração a relaciona claramente a esse evento".
"A alguns, isto é, aos três discípulos que acompanham Jesus à montanha, é prometido que
presenciarão pessoalmente a vinda do Reino de Deus ‘no poder’”, acrescentou.
A Transfiguração ocorreu na presença dos apóstolos João, Pedro e Tiago, os três discípulos principais.
O fato de Jesus ter permitido apenas três de seus discípulos presenciarem o evento pode ter provocado
a discussão que rapidamente ocorreu sobre qual dos discípulos era o maior (Lucas 9, 46).
São Lucas declara que Jesus levou os três à "montanha para rezar". Costuma-se pensar que esta
montanha é o Monte Tabor, em Israel, mas nenhum dos evangelhos a identifica com exatidão.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica numeral 568: “A Transfiguração de Cristo tem por finalidade
fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão: a subida à ‘elevada montanha’ prepara a subida ao
Calvário. Cristo, Cabeça da Igreja, manifesta o que seu Corpo contém e irradia nos sacramentos ‘a
esperança da Glória’".
Moisés e Elias representam os dois principais componentes do Antigo Testamento: a Lei e os Profetas.
Moisés foi o doador da Lei e Elias foi considerado o maior dos profetas.
O fato de que a sugestão de Pedro ocorra quando Moisés e Elias estão se preparando para partir revela
um desejo de prolongar a experiência da glória.
A Quaresma é esse tempo de recomeço, de volta, de retomada, de reviver a vida batismal. Nós
renovaremos as promessas batismais na Vigília da Páscoa e esse ato não pode ser apenas ritual, deve
estar inserido em nossa vida e conversão. Este é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca
para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados
celebrando o sacramento da penitência ou confissão deixando-nos conduzir por novos caminhos em
Cristo.
O número de quarenta é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica. No passado era o
tempo aproximado de uma geração. Encontramos muitas referências a esse número, mas recordo de
algumas: os quarenta dias do Dilúvio (Gn 7,4), os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta
anos de Israel no deserto (Ex16,35; Nm 14,33; Dt 29,5; os
quarenta anos do reinado de Davi (2Sm 5.4), os quarenta dias
do caminho de Elias (1Rs 19,8) e, sobretudo, os quarenta dias
do Senhor Jesus no deserto (Mt 4,3; Mc 1,13; Lc 4,2),
preparando sua vida pública, mas também o tempo de Jesus
entre Ressurreição e Ascensão (At 1,3). É digno de nota que
o mesmo Jesus que entrou na penitência dos quarenta dias
aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e
Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos
quarenta dias para a penitência! É o tempo da Quaresma! É
tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja
apostólica.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. É um tempo de reflexão, de penitência,
de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal. A espiritualidade da Quaresma,
depois de tudo o que foi dito, aparece em seu caráter essencialmente cristocêntrico-pascal-batismal.
Este tempo litúrgico é caminho de fé-conversão para Cristo, que se faz servo obediente ao Pai até a
morte de cruz. Na espiritualidade quaresmal, três pontos são ressaltados: 1- Oração, 2- Jejum e 3-
Esmola como já comentamos outras vezes.
O Papa Francisco iniciou a sua homilia nesta quarta-feira de cinzas conclamando a todos para entrarem
neste tempo de coração aberto e contrito: «Toquem a trombeta em Sião, proclamem um jejum». Com
esse versículo do livro do Profeta Joel, iniciou sua homilia, sublinhando que a “Quaresma tem início
com um som estridente: o som duma trombeta que não acaricia os ouvidos, mas proclama um jejum.
É um som intenso, que pretende abrandar o ritmo da nossa vida, sempre dominada pela pressa, mas
muitas vezes não sabe bem para onde vai. É um apelo a deter-se para ir ao essencial, a jejuar do
supérfluo que distrai. É um despertador da alma”, disse o Papa. E ainda acrescenta: “ao som desse
despertador, segue-se a mensagem que o Senhor transmite pela boca do profeta, uma mensagem
breve e premente: «Voltem para Mim”.