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PAAF nº 0024.22.002001-7
Requerente: 3ª Promotoria de Justiça de Coronel Fabriciano/MG
É o breve relatório.
2. FUNDAMENTAÇÃO
1Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da
Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da
advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.
2 Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm > Acesso em: 06/06/2022.
3Art. 6º - A Secretaria de Governança Jurídica é o órgão da PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO -
PGM, chefiada pelo Procurador-Geral, que tem como sob sua responsabilidade a representação judicial e de
assessoramento jurídico do Município, do Prefeito e dos demais órgãos da Prefeitura, bem como o controle de
legalidade dos atos administrativos e a promoção da assistência judiciária à comunidade, e subdivide-se
conforme o Anexo II, competindo-lhe em especial:
(…)
Parágrafo Único - O Procurador Geral deverá ser nomeado entre os Advogados inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil - OAB, estando exclusivamente legitimado para o exercício da advocacia vinculada à
função que exerça, limitada a Comarca de Coronel Fabriciano/MG.
4Dispõe sobre a Organização Administrativa da Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano e dá outras
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Sobre o assunto, este órgão de apoio já expediu a Nota Jurídica nº 17/2018
entendendo que a situação relatada é configuradora de incompatibilidade excepcionada ao exercício
da advocacia, cujos principais trechos impõe-se transcrever:
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6 Apud PIOVEZAN, Giovani Cássio. FREITAS, Gustavo Tuller Oliveira. Estatuto da Advocacia e da OAB
Comentado. Disponível em: http://www2.oabpr.org.br/downloads/ESTATUTO_OAB_ COMENTADO.pdf.
Acesso em 5 de março de 2018.
7 Estatuto da OAB: Art. 34. Constitui infração disciplinar: I – exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo,
ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos (…). Art. 35. As
sanções disciplinares consistem em: I – censura; II – suspensão; III – exclusão; IV – multa. (…). Art. 36. A
censura é aplicável nos casos de: I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34 (…).
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“Diante das inúmeras incertezas ainda existentes sobre a melhor interpretação da lei,
mostra-se prudente evitar, quando possível, arquivamentos prematuros por atipicidade da
conduta decorrente da nova redação trazida pela Lei nº 14.230/2021, o que poderia
inviabilizar a adoção de providências se firmada jurisprudência, por exemplo, favorável
às teses expostas nos itens 3 [irretroatividade da Lei nº 14.230/2021 em relação a atos
praticados anteriormente à sua vigência] e 5 [inconstitucionalidade das mudanças do
artigo 11].
Para além das discussões sobre a retroatividade ou não da lei e eventual
inconstitucionalidade, com o objetivo de buscar maior efetividade aos procedimentos em
curso, nesse momento se mostra importantíssimo avaliar as provas já produzidas e as
passíveis de serem produzidas, bem como as possibilidades de enquadramento/adequação
típica dos fatos em apuração aos tipos agora vigentes de improbidade.
A continuidade típico-normativa da conduta em outra hipótese legal de improbidade
mantida pela Lei nº 14.230/2021 permitirá a continuidade da investigação em curso até
seu final, inclusive com ajuizamento de ações ou celebração de ANPCs, ou até que haja
definições mais consolidadas quanto à melhor interpretação da lei, em especial quanto às
questões tratadas nos itens 3 e 5 acima. A título de exemplo, se a investigação buscava
inicialmente colher provas de um possível ato culposo, dadas as circunstâncias, é possível
que se prossiga para verificar a existência de dolo. Da mesma forma, se o procedimento
partia da presunção de dano anos casos de fraude a licitação, é possível que prossiga para
se apurar eventual perda patrimonial operada ou, ainda, para se colher elementos acerca
da ocorrência de violação à parcialidade de processo licitatório, elencado como ato de
improbidade do artigo 11 (na sua forma taxativa – ver item 5 acima) e que independe de
dano concreto.
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Quando inviável a tipificação nos termos da norma atual, mostra-se possível alterar o
foco da apuração, ou seja, de improbidade administrativa para controle do patrimônio
público, com busca do controle de política pública e/ou ressarcimento de dano causado ao
erário, por exemplo, nos casos de prejuízo decorrente de ação culposa do gestor. Caso
necessário, é importante proceder à adequação da portaria do inquérito civil, com registro
no SRU, com explicitação do novo objeto/foco da apuração e enquadramento
taxonômico. Assevere-se que, nessa hipótese, como consequência, não incidiriam as
normas procedimentais/processuais previstas na Lei nº 8.429/92, regendo-se a atuação
pelas regras da Lei nº 7.347/85. Importante registrar que a busca pela responsabilização
das pessoas jurídicas deverá observar, também, o disposto no artigo 2º, § 2º, e artigo 12, §
7º, da Lei nº 8.429/92, que preconizam a aplicação da Lei nº 12.846/13.
Ao final da apuração, estariam mantidas as possibilidades de conclusão tradicionais
pautadas na lei da Ação Civil Pública, com o arquivamento, celebração de termo de
conduta (não se confundindo com ANPC) ou propositura de ação civil pública
(adequação/correção de vícios, anulatória, ressarcimento de danos, reparatória de danos
coletivos causados etc.).
Evidentemente, inviabilizada qualquer das hipóteses acima e inexistindo outras provas a
produzir ou qualquer diligência ou fundamento que possibilitasse a continuidade do
procedimento, estaria a solução da promoção de arquivamento, devidamente
fundamentada, a ser apreciada pelo E. CSMP, na forma tradicional.”
Dessa forma, feita a análise das provas até então produzidas e sendo possível a
readequação típica dos fatos em apuração aos tipos agora vigentes de improbidade –, a
continuidade da investigação em curso sob essa nova perspectiva é medida que se impõe,
culminando no ajuizamento da ação de improbidade ou na celebração de ANPC (Acordo de
não persecução cível). A título de exemplo quanto a essa hipótese, pode-se destacar a
possibilidade de comprovação de que o exercício cumulativo da função de Procurador-Geral
do Município com a advocacia privada tenha trazido ao investigado vantagem indevida, por
exemplo, por captação de clientela ou uso de informações obtidas ou de influência obtida a
partir do cargo público em tela em sua advocacia particular.
9https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.asp?pronunciamento=9725030
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3. CONCLUSÃO
São essas as ponderações que este Centro de Apoio Operacional julga pertinentes,
externadas, evidentemente, sem efeito vinculante e respeitada a independência funcional do
Promotor de Justiça Natural.
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Registre-se e cumpra-se.
Daniel de Sá Rodrigues
Promotor de Justiça
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça
de Defesa do Patrimônio Público
CAOPP/MPMG