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Texto 9 - Políticas sociais:

Focalizadas ou universalistas. É
esta a questão?
Tipo Resumo

Revisado
A política social nos diferentes modelos de Estado no regime capitalista: linhas gerais.
Resumo:
Políticas sociais: focalizar ou universalizar?
Resumo:
Focalizar para universalizar…
Resumo:
Perguntas;

A política social nos diferentes modelos de Estado


no regime capitalista: linhas gerais.
Segundo Höfling (2001, p. 31), o Estado é um conjunto de instituições permanentes
responsáveis pela implementação e manutenção de políticas públicas. Essas
políticas são formuladas através de um processo de tomada de decisões
envolvendo órgãos públicos, organismos e agentes da sociedade relacionados à
política implementada. Essas políticas variam de acordo com a concepção de
sociedade a que o Estado responde.
Se nos limitarmos à análise das políticas sociais, essa relação se torna ainda mais
clara, pois se trata das ações que determinam o “padrão de proteção social
implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos
benefícios sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais produzidas
pelo desenvolvimento socioeconômico.” (HÖFLING, 2001, p. 31)
Compreender o modelo de Estado nos permitiria entender os objetivos e razões por
trás das decisões sobre políticas sociais, apesar dos conflitos e contradições

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presentes. No modelo Liberal, o papel do Estado é garantir os direitos individuais,
como vida, liberdade e propriedade privada (HÖFLING, 2001).
No modelo de Bem Estar-Social, há a implementação de serviços e benefícios
sociais universais promovidos pelo Estado, visando garantir estabilidade social,
reduzir desigualdades e oferecer benefícios mínimos para enfrentar os riscos de
uma estrutura capitalista excludente.
Segundo Anderson (1995), os defensores do modelo Neoliberal acreditavam que o
Estado de Bem Estar-Social prejudicava a liberdade dos cidadãos e a competição.
Eles se organizaram para estabelecer as bases de um capitalismo mais rigoroso e
sem regras. O modelo neoliberal pode ser considerado uma reinvenção do
liberalismo, com influências conservadoras que defendem a supremacia do Mercado
sobre o Estado e do Individual sobre o Coletivo, sendo “antes um discurso e um
conjunto de regras práticas de ação (ou de recomendações) particularmente
referidas a governos e a reformas do Estado e das suas políticas” (DRAIBE, 1993,
p. 88).
Para os neoliberais, as políticas sociais “são consideradas um dos maiores
entraves a este mesmo desenvolvimento e responsáveis, em grande medida, pela
crise que atravessa a sociedade” (HÖFLING, 2001, p 37), por ser uma ameaça às
liberdades individuais numa sociedade regulada pelo mercado.
No entanto, segundo King (1988), o desmonte dos direitos sociais não ocorreu como
planejado devido à apropriação das políticas pelos cidadãos, que não abriram mão
de seus benefícios.

Resumo:
As políticas sociais podem ser focalizadas ou universalistas, dependendo do modelo
de Estado adotado.

No modelo Liberal, o Estado garante os direitos individuais, enquanto no modelo de


Bem Estar-Social são implementados serviços e benefícios sociais universais.

O modelo neoliberal, por sua vez, defende a supremacia do Mercado sobre o


Estado e vê as políticas sociais como entraves ao desenvolvimento.
No entanto, o desmonte dos direitos sociais não ocorreu como planejado devido à
apropriação das políticas pelos cidadãos.

Políticas sociais: focalizar ou universalizar?

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Considerando que as políticas universalistas visam direcionar recursos públicos a
todos os cidadãos, enquanto as políticas focalizadas têm como objetivo redirecionar
esses recursos para os mais pobres por meio de critérios de seleção (Van de Walle,
1995 apud Mello, 2004), podemos afirmar que a decisão entre universalizar ou
focalizar está diretamente relacionada à definição de prioridades pelo Estado,
devido à escassez de recursos. Por exemplo, no Brasil, temos uma contradição
entre uma legislação constitucional de natureza universalizante e a adoção de
políticas sociais focalizadas pelos governos, especialmente a partir da década de
1990, influenciadas por órgãos externos como o FMI e o Banco Mundial, orientadas
por uma concepção neoliberal.

Considerando que as políticas de corte social têm função estratégica na contradição


capital/trabalho, garantindo certos direitos e regulamentações para essa relação,
acreditamos que elas podem influenciar ou ser influenciadas pela relação existente
entre Estado, sociedade civil e mercado. Portanto, é necessário um novo pacto
social envolvendo esses três atores (Estado, Setor Privado e Sociedade Civil) para
lidar com a crescente exclusão social decorrente do modelo econômico global,
especialmente com a adoção do neoliberalismo.
No modelo neoliberal, a economia se desenvolve sem considerar as consequências
sociais, focando na regulação pelo mercado e no individualismo, sem preocupação
com garantias sociais. As políticas sociais, nesse contexto, são planejadas apenas
para reparar as sequelas deixadas pelo mercado, tornando-as focalizadas e não
universalistas.
Dessa forma, as políticas econômicas do neoliberalismo têm prioridade sobre as
políticas sociais, sendo a relação entre elas reconfigurada a partir da década de
1990, permitindo espaço para as políticas sociais apenas nas brechas existentes
nas políticas econômicas.
Neste sentido, Oliveira e Duarte (2005) analisam as políticas sociais no Brasil atual,
destacando a priorização do alívio à pobreza. Entretanto, os traços restritivos no
tratamento das questões sociais persistem, apesar dos avanços propostos pela
Constituição.
Um dos argumentos para defender as políticas sociais focalizadas no modelo
neoliberal é a promessa de maior eficiência e eficácia na distribuição de recursos.
No entanto, é importante considerar que essa abordagem requer recursos para
identificar e atender a população-alvo, além de evitar gastos desnecessários com
não-pobres. Também é necessário avaliar constantemente os resultados dessas
ações.

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É importante ressaltar que essa abordagem corre o risco de excluir famílias que,
mesmo não atendendo aos critérios estabelecidos, continuam vivendo em situação
de extrema precariedade. A distinção acaba sendo entre os muito pobres e os
miseráveis. (SOARES, 2003)

Porém, isso não significa que a universalização seja a solução para todos os
problemas das políticas sociais. Universalizar muitas vezes implica em oferecer
serviços públicos de baixa qualidade, devido à falta de recursos para garantir esses
serviços para todos. Isso nos leva a considerar a necessidade de mudança ou
implementação de políticas devido à escassez, como apontado por Santos (1987).

De acordo com Kerstenetzky (2006), existem três tipos de políticas focalizadas:

1. Residual, intimamente ligada ao modelo neoliberal;

2. Condicional, que visa garantir o uso adequado dos recursos públicos para
atender áreas carentes;

3. Reparatória ou redistributiva, que busca garantir a igualdade dos direitos


sociais para certos grupos.

Assim, uma política que promova uma sociedade menos desigual e garanta direitos
básicos e universais pode ser uma política focalizada de natureza reparatória,
pois funcionaria como um mecanismo para “restituir a grupos sociais o acesso
efetivo a direitos universais” (KERSTENETZKY, 2006: 570).

Resumo:
A decisão entre políticas sociais universalistas ou focalizadas está relacionada à
definição de prioridades pelo Estado devido à escassez de recursos.

No Brasil, há uma contradição entre a legislação constitucional universalizante e a


adoção de políticas sociais focalizadas, influenciadas por órgãos externos e
orientadas pelo neoliberalismo.

É necessário um novo pacto social envolvendo Estado, Setor Privado e Sociedade


Civil para lidar com a exclusão social decorrente do modelo econômico global.

As políticas sociais no neoliberalismo são planejadas apenas para reparar as


sequelas deixadas pelo mercado, tornando-as focalizadas e não universalistas.
A abordagem focalizada requer recursos para identificar e atender a população-alvo,
mas corre o risco de excluir famílias em situação de extrema precariedade.

Universalizar pode resultar em serviços públicos de baixa qualidade devido à falta


de recursos.

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Existem três tipos de políticas focalizadas: residual, condicional e reparatória ou
redistributiva.

Focalizar para universalizar…


Ao considerarmos a sociedade brasileira, marcada por alta desigualdade, é
coerente pensar em políticas focalizadas como necessárias para promover a
igualdade de direitos sociais. Isso ocorre porque a forma como esses direitos são
atualmente oferecidos não permite que muitos grupos, especialmente os mais
pobres, desfrutem deles com qualidade tendo em vista a “crescente disparidade
entre as demandas sociais crescentes e a impossibilidade do Estado em atendê-las
do modo convencional” (DUPAS, 1998: 231).

Todavia, como ressalta Machado (2006, p. 22), “A ênfase no combate à pobreza


(fato louvável por si só) acaba deslocando o debate dos direitos sociais da
sociedade para o atendimento a certas necessidades básicas de uma parcela da
população, como se esta discussão fosse dicotômica e excludente.”

Neste sentido, embora a necessidade de políticas focalizadas para garantir o


acesso de alguns grupos a condições dignas de vida seja aceitável, dependendo do
modelo de Estado e Sociedade, corremos o risco de que elas sirvam como
paliativos para a desigualdade social e não como meio de produzir a conquista de
direitos sociais coletivos, em direção a uma sociedade menos desigual.

Não podemos deixar que direitos básicos não sejam cobertos nas camadas mais
pobres de nossa sociedade sob o pretexto de atender a todos. Embora as políticas
focalizadas de curto prazo possam servir como um caminho apropriado, elas não
são uma solução definitiva. Elas devem ser convertidas em garantia de direitos
básicos e dignidade de vida para toda a população.

Dessa forma, acreditamos que pensar as políticas sociais na dicotomia entre


focalizadas ou universalistas talvez não seja a forma mais efetiva. Os efeitos das
políticas dependerão do modelo de Estado a que se vinculam. Podem ser
elaboradas políticas universalistas fortemente focalizadas em determinados direitos,
assim como políticas focalizadas podem ser um meio/caminho para a
universalização de direitos. É necessário uma análise voltada à ideologia a que se
remetem para entender sua finalidade.

Resumo:
Ao considerar a desigualdade na sociedade brasileira, é coerente pensar em
políticas sociais focalizadas para promover a igualdade de direitos sociais.

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No entanto, é importante garantir que direitos básicos não sejam negligenciados nas
camadas mais pobres da sociedade.

Embora as políticas focalizadas possam ser um caminho apropriado a curto prazo, é


necessário convertê-las em garantias de direitos básicos e dignidade de vida para
toda a população.
A dicotomia entre políticas focalizadas e universalistas pode não ser a forma mais
efetiva, pois os efeitos dependem do modelo de Estado e da ideologia subjacente.

Perguntas;
O que são politicas universalizadas

São aquelas que visam direcionar recursos públicos a todos os cidadãos.

O que são politicas focalizadas

São aquelas com o objetivo de redirecionar, esses recursos para os mais


pobres.

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