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Braz. J . vet. Res. anim. Sci.

,
São Paulo. v.31. n. 2, p. 145-51. 1994.

BIOLOGIA REPRODUTIVA DE JUM ENTOS. III. pH, OSM OLALIDADE E NÍVEIS DE ELETRÓLITOS NO
SÊMEN*

R E P R O D U C T IV E B IO L O G Y O F D O NKEY. III. pH , O SM O L A L IT Y A N D E LE T R O L YT E S C O N C E N T R A T IO N O F THE


SE M E N
Rosana Nogueira de M O RAIS'; Raul G astão M U C C IO LO 2; W ilson G onçalves VIANA 3

RESUMO

Amostras de sêmen e plasma seminal de seis jumentos da raça Pêga foram analisadas para
determinação do pH (n=70), osmolalidade (n=69) e níveis de Na (n=49), K (n=51), Ca (n=51)
e Mg (n=51). Os valores de pH variaram de 7,0 a 7,8 com uma média de 7,29 ± 0,18 para o total
de ejaculados. A osmolalidade do plasma seminal oscilou entre 273 e 373 mOsm tendo como
média global o valor de 302,89 ± 15,03 mOsm, o que corresponde a um ponto crioscópico de
-0,56°C. As concentrações média de Na, K, Ca e Mg foram, respectivamente, 238,26 ± 67,92,
105,20 ± 32,14, 13,24 ± 1,62 e 1,54 ± 0,10 mg para cada 100 ml de plasma seminal. Os
resultados obtidos no presente estudo foram confrontados com dados publicados relativos a
jumentos e garanhões, sendo em geral muito próximos. A exceção foram os níveis de Mg que
se mostraram relativamente baixos nos animais por nós encaminhados. Pela semelhança
existente entre as características seminais de asininos e eqüinos, acredita-se que os métodos
utilizados para a congelação de sêmen eqüino possam, em princípio, ser utilizados para o
sêmen de jumentos. A confirmação desta hipótese fica na dependência de estudos complemen-
tares.

UNITERMOS: Jumentos; Reprodução; Sêmen; pH; Pressão osmótica; Eletrólitos

IN T R O D U Ç Ã O E L IT E R A T U R A

O efeito deletério do plasma seminal na conservação do espermática ou um quadro de contaminação bacteriana do


sêmen eqüino “in vitro” é reconhecido e descrito por vários ejaculado 5' 2S.
autores 2• 5’ 1S- 20'• 27, 32. Deste modo, para a congelação de
sêmen usa-se separar o plasma seminal e substituí-lo por um A faixa de variação de pH mais comumente encontrada para
diluente que seja compatível com as células espermáticas e, o sêmen de garanhões está entre 6,2 e 7,8 , com prevalência
ao mesmo tempo, livre de efeitos tóxicos. No entanto, para a de pH = 7t5i8.23,24,27,3i ^ sen(j0 um parâmetro relativamente
definição de um diluidor ideal tom a-se necessário o conhe­ constante. Com base nesse conhecimento, o pH dos diluidores
cimento das características fisiológicas do plasma seminal a utilizados na conservação de sêmen eqüino deveria ser
fim de conservar seus fatores benéficos. Nestes aspectos ajustado, através de diferentes substâncias tampão, para a
incluem -se m uitas variáveis, dentre as quais algum as faixa de 6,9 a 7,2 5. Para jum entos prevalecem basicamente
determinantes como o pH, osmolalidade e níveis de eletrólitos. os mesmos valores encontrados para garanhões, sendo tam­
bém uma característica seminal bastante constante. As mé­
A concentração de íons hidrogênio (pH) no sêm en é, dias obtidas por diversos autores oscilam entre pH 7,0 pH
indubitavelm ente, um dos fatores que m ais afetam a 7 74 , 7, 8, 9, 11, 19
motilidade, viabilidade e metabolismo dos espermatozóides
nas várias espécies 6- l4-28. O pH ácido inibe o metabolismo, Outro fator de suma importância para obtenção de bons
enquanto o alcalino, ao contrário, o estimula. De modo geral, resultados a partir das técnicas de preservação de sêmen é o
as amostras de sêmen tendem a neutralidade, apesar dos conhecimento da osmolalidade do plasma seminal, uma vez
espermatozóides de mamíferos apresentarem grande resis­ que os espermatozóides sobrevivem melhor quando diluídos
tência às variações hidrogeniônicas l4.A excessiva alcalinidade em soluções fisiológicas com osmolalidade próxima à do
inicial do sêmen pode estar associada à baixa fertilidade do sêmen28.
reprodutor, indicando, muitas vezes, baixa concentração

1 - Professor A ssistente - U niversidade Federal do Paraná Projeto financiado pela FA PESP - F undação de A m paro à Pesquisa do Estado de
2 - Professor A ssociado - F aculdade de M edicina V eterinária c Z ootecnia da USP S ão Paulo.
3 - Professor D outor - Faculdade de M edicina V eterinária e Zootecnia da U SP

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M ORAIS, R.N.; M U CCIOLO, R.G.; VIANA, W.G. Biologia reprodutiva de jum entos. III. pH. osm olalidade e níveis de eletrólitos no sêmen. Braz. J. vet.
Rt*s. an im . Sei., São Paulo, v. 31, n.2, p. 145-51, 1994.

A determinação da osmolalidade de um fluido biológico pode resfriados ou congelados, obtendo-se melhora de 4 a 1% na


ser realizada através de várias técnicas, porém, a medida do motilidade quando a proporção Na/K foi reduzida de 10,32
ponto de congelamento (crioscopia) é a técnica de eleição para 3,5. Concluiu-se que os diluentes muito ricos em Na
para a maioria dos autores devido à sua simplicidade de poderiam levar a um esgotamento das reservas enzimáticas
execução e repetibilidade e precisão de resultados14-2!i-33. ou energéticas, ou ainda, a uma entrada massiva de íons Na
na célula, destruindo seu equilíbrio iônico\
Em garanhões, os resultados obtidos são bastante semelhan­
tes entre si, variando desde 290 tnOsrn até 333 mOsm, o que A concentração dos principais íons presentes no plasma
corresponde a pontos crioscópicos entre -0,50°C e -0,62oC lx- seminal de garanhões foi determinada por diversos autores.
24,26.27.30.34 _enquanto que em jum entos variam de 301 a 333 Os níveis de Na variam de 220 a 285 mg%'- 1’■ 21, 29, 34^
mOsm, correspondendo a pontos crioscópicos de -0,56°C e sendo relativamente constantes. Com relação aos demais
-0,62°C. respectivam ente19. Com base nestes dados, acredita- eletrólitos. existe maior variabilidade entre os resultados.
se que a pressão osmótica de um diluidor para a congelação
do sêmen de jum ento deve ser próxima ou ligeiramente A concentração de K varia desde 55mg c/< até 103 mg% , e a
superior à do plasma seminal, ou seja, entre 300 e 330 de Ca de 9.74 até 29,3 m g% 1 , 2 I - u . O íon de menor
mOsm20-27. concentração entre aqueles estudados é o Mg. que está
presente na quantidade de 4,2 até 9 mg em cada 100 ml de
Um terceiro aspecto importante a ser avaliado são os níveis plasma sem inal16 2I- N-,4.
de eletrólitos presentes no plasma seminal. De modo geral,
cátions mais abundantes no sêmen das espécies domésticas Em jumentos, o único dado concernente ao nível de eletrólitos
são o sódio (Na) e o potássio (K). com menores concentrações no plasma seminal foi apresentado por M ANN et al.1'(1963),
de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). A função desses íons está com uma média de 743,5 mg l'/< para a concentração de NaCl,
relacionada basicamente com a manutenção do equilíbrio o que eqüivale, aproximadamente, a níveis de 292 mg % de
osmótico e motilidade esperm ática14,28. O Na e o K são os Na, no mesmo material.
mais importantes na manutenção da pressão osmótica e,
normalmente, apresentam correlação negativa entre si, sendo M ATERIAL E MÉTODO
difícil estabelecer-se a função de um, independente do outro.
ANIMAIS
Ao se avaliarem os efeitos, em conjunto, do pH, da pressão Foram utilizados seis (6) jum entos da raça Pêga, pertencentes
osmótica e dos níveis de Ca e K sobre o metabolismo aeróbico a três propriedades rurais do Município de São Carlos - SP, os
de espermatozóides bovinos, as menores taxas de atividade, quais foram designados por letras de A a F. A altura e peso
dadas pelo índice frutolítico e produção de ácidos láticos, médios foram de l,30m e 400 kg, respectivamente, e a idade
coincidiram com os valores mais baixos de pH e de pressão de cada um no início do experimento era de 4 (A), 6 (B). 6 (C),
osmótica e altos níveis de K. O Ca não apresentou nenhum 8 (D), 9 (E) e 3 (F) anos. Todos foram submetidos previamen­
efeito marcante sobre o metabolismo espermático, mas elimi­ te a exame clínico e andrológico, tendo sido considerados
nou virtualmente todos os efeitos inibitórios dos elevados aptos para 0 experimento. Durante todo o período experimen­
níveis de Kh. O fluido epididimário, comparativamente ao tal, de outubro de 1988 a abril de 1989. os animais foram
plasma seminal, apresenta proporção Na/K. bastante baixa, mantidos em piquetes individuais, com livre acesso a baias,
em decorrência de altas concentrações de K. Tal fato atua recebendo ração e suplementação mineral balanceadas, com
como inibidor natural da atividade metabólica excessiva dos água à vontade.
espermatozóides, determinando um estado de quiescência
celular, que, permite maior tempo de sobrevivência para as COLHEITA DE SÊMEN
células espermáticas durante sua passagem pelo epidídimo. O A técnica de colheita foi realizada de acordo com PICKETT
aumento da proporção Na/K, juntam ente com a inibição do K et al.25 (1987), sendo utilizada vagina artificial modelo tipo
pelo Ca, à nível de ejaculado estão implicados com aquisição Colorado. Como manequim foram utilizadas éguas em cio
de motilidade pelos esperm atozóides14. natural e, apenas para o jum ento C, foram utilizadas jumentas
em cio por se tratar de um reprodutor não habituado a realizar
Em eqüinos, os níveis de Na, K, Ca e Cl contribuem em 92% coberturas em éguas.
para a pressão osmótica do sêmen e níveis elevados de Na são
prejudiciais à conservação do ejaculado12. Com base nestes Após a colheita, o sêm en foi levado imediatamente ao
dados avaliou-se o efeito da variação da taxa Na/K no diluidor laboratório para ser analisado.
H S 2 0 17 sobre a conservação de espermatozóides eqüinos

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MORAIS, R.N.; M U CCIOLO. R.G.; VIANA. W .G. Biologia reprodutiva de jum entos. III. p l I . osm olalidade c níveis de elctrólitos no sêm en. B r a / .. J . v e t .

R e s . a n i m . S e i . , São Paulo, v. 31. n.2, p. 145-51, 1994.

pH DO SÊMEN
O pH de cadaejaculado foi determinado através do pHmetro**
com eletrodo de vidro combinado***, devidamente calibra­
do com as soluções tampão para pH=4.0 e pH=7.0. Foram
feitas duas leituras de cada amostra e registrada a média das
mesmas.

OSMOLALIDADE DO PLASMA SEMINAL


Uma alíquota de sêmen foi centrifugada a 1800 x g durante 15
minutos para a obtenção do plasma seminal a ser utilizado na
determinação da osmolalidade (5 a 6 ml). As amostras,
obtidas em duplicata, foram devidam ente identificadas e
mantidas a -20°C até serem analisadas.
FIGURA 1
A osmolalidade foi determinada através da medida do ponto Porcentagem de ocorrência dos valores de pH no ejaculado de jumentos
de congelamento de cada amostra em crioscópio eletrônico (n=70). São Carlos - SP . 1988/89.
digital****. Para se chegar ao valor da osmolalidade (O)
expressa em mOsm, partiu-se do princípio que I mol de uma
substância não eletrolítica, adicionada a 1kg de água (solução RESULTADOS
molal) abaixa o ponto de congelamento cm 1,86°C (constante
de depressão do ponto de congelam ento molal)33. Deste pH
modo utilizou-se a seguinte equação : As médias obtidas para o pH dos ejaculados, tanto global
como para cada reprodutor, estão demonstradas na Tab. 1,
0 = A /1,86 x 10' mOsm. onde A = ponto crioscópico da incluindo os valores máximos e mínimos. A diferença entre
amostra em °C as am ostras foi muito pequena, com um coeficiente de
variação de apenas 2%. O valor 7,2 foi o que ocorreu com
NÍVHIS DE ELETRÓLITOS NO PLASMA SEM INAL
maior freqüência (30%) como se pode observar na Fig. I.
As concentrações de sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca) e
magnésio (Mg) foram determinadas nas duplicatas disponí­
OSM OLALIDADE
veis da amostra de plasma seminal obtidas para avaliação da
A média obtida para o ponto crioscópico das 69 amostras
osmolalidade (OSMOLALIDADE DO PLASMA SEMINAL)
analisadas foi -0.562±0.028°C, variando de -0,507 a -0,694°C.
para o Ca, K e Mg. foram analisadas 51 amostras, enquanto
O coeficiente de variação entre as amostras foi bastante baixo
que para o Na. apenas 49 amostras.
(4%).
As dosagens de Na, Ca e K foram realizadas através de
Na Tab.2 encontram-se os valores médios da osmolalidade do
espectrofotometria de emissão atôm ica*****, sendo que
plasma seminal para cada reprodutor e para o total de amos­
para o Na foi utilizado o método de adição de padrão,
tras analisadas.
enquanto que para o K e Ca seguiram-se os princípios básicos
da técnica3 com uso de soluções padronizadas. Já para o Mg
NÍVEIS DE ELETRÓLITOS NO PLASMA SEMINAL
as dosagens foram feitas em espectrofotôm etro de absorção
As concentrações médias de Na, K, Ca e Mg, expressas em
atômica******, seguindo as normas de uso do aparelho.
mg/100 ml, estão contidas na Tab.3. Os coeficientes de
variação entre as amostras foram baixos, oscilando entre 6%,
ANÁLISE ESTATÍSTICA - Foram efetuados os cálculos da
para o Mg e 30%, para o K.
média aritmética, desvio padrão e coeficiente de variação dos
resultados obtidos para cada variável estudada, por reprodutor
e para o total de amostras.

Para o estudo da correlação entre as variáveis foram calcula­


dos os coeficientes de correlação de Pearson e os níveis de
significância dos mesmos, utilizando-se o pacote estatístico
SPSS-PC+*******

pH m eter E-520 - M ETRO H M ***** Fotôm etro de cham a E E L m odelo 100 - C orning Brasil Ltda.
*** M ICRON AL ****** M odelo 403 - PERK IN - ELM ER
**** Crioscópio 312 L LA K TRO N - Londrina - PR ** ***** statistical Package for S ocial S cien ce(S P S S - P C + ). Chicago. SPSS Inc., 1988

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M ORAIS. R N .; M U CCIOLO, R.C.; VIANA, W.G. Biologia reprodutiva de jum entos. III. pH, osm olalidade e níveis de cletrólitos no sêmen. B r a z . J . v e t.

K e s . a n i m . S e i . . São Paulo, v. 31, n.2, p. 145-51, 1994.

TABKI.A 1
D IS C U S S Ã O E C O N C L U S O E S
Média (7) e desvio padrão (DP) do pH do ejaculado de jumentos, incluindo os
valores máximos c mínimos. São Carlos - SP . 1988/89.
Pela análise dos resultados obtidos para o pH seminal,
observa-se que existe grande sem elhança tanto entre
Ju m en to s 11 x DP M áx im o M ín im o
reprodutores como entre amostras de um mesmo animal, com
A 14 7.26a 0,17 7.6 7,0 coeficiente de variação de apenas 2%. As amostras por nós
B 14 7 ,21“ 0,17 7.6 7.0 analisadas tenderam à neutralidade, corroborando observa­
C 15 7 ,39a 0 ,22 7.8 7,0 ções prévias14, sendo que nenhum dos ejaculados apresentou
1) 06 7 .36a 0 .19 7.6 7,1 pH excessivamente alcalino, descartando-se assim a possibi­
E 11 7 ,32a 0,1 1 7.6 7,2 lidade de contaminações bacterianas5,28. A faixa dc variação
F 10 7 ,23a 0.13 7.4 7.0 do pH ficou entre 7,0 e 7,8 valores estes, próximos aos
apresentados para garanhões18- 23- 24- 26■2,-íl. Comparativa­
T otal 70 7,29 0.18 7.8 7,0
mente aos estudos realizados em jumentos, também existe
n = número de ejaculados bastante semelhança entre os resultados6-8-910'11,19, porém o
a = médias com diferentes letras diferem significantemente ( a = 0,05)
menor valor registrado em nosso estudo foi 7,0, ficando
TABKI.A 2 acima dos limites inferiores anotados por outros pesquisado­
Média ( x I e desvio padrão (DP) da osmolalidade (mOsm) do ejaculado de res4-9- 1 No entanto, a media total obtida para os ejaculados
jumentos, incluindo os valores máximos e mínimos. São Carlos - SP , 1988/ analisados no presente estudo está incluída na faixa de
89. variação proposta por CHEVALIER^Í 1979) como sendo a
ideal para o pH dos diluidores utilizados na conservação "in
Ju m en to s n x DP M áx im o M ín im o
vitro” de sêmen eqüino. Isto sugere que ambas as espécies
A 14 2 9 9 ,2 1 a 22.81 373 273
possam ser tratadas da mesma maneira ao se considerar o pH
B 14 300 ,9 3 a 17.57 357 277 dos diluidores para conservação dos espermatozóides.
(' 15 300,07* 8.16 315 287
I) 06 310,00* 9,75 313 286 Com relação à determinação da osmolalidade, a leitura do
E 11 310 .0 0 a 8.88 334 301 ponto crioscópico provou ser uma técnica bastante simples e
F 09 305,67* 13.09 335 292 prática. Os resultados por nós oblidos foram relativamente
constantes, com um coeficiente de variação da ordem de 5%.
lo ta i 69 302,39 15,03 373 273
Q uando com parados com os valores reportados para
n = número dc ejaculados garanhões18-24,26,27-30'34 observou-se grande semelhança entre
a = médias com diferentes letras diferem significantemente ( a = 0,05) as duas espécies. Do mesmo modo, a média por nós registrada

TABELA 3
Media (x) e desvio padrão (DP) dos níveis de Na . K , Ca e Mg , em mg%, no plasma seminal de jumentos, São Carlos - SP . 1988/89.

Na K iCa _ Mg
Jumentos n X ± DP X + DP X + DP x ± DP

A 09 181.67 ± 91,24’’ 79,67 + I2,80c 12.80 ± 0.46h-c 1,46 + 0,1 lb

B 12 248,00 ± 47,80a- b 115,02 20,281' 13,51 ± 1,89b 1.59 + 0,08a


(10)*
C 07 251.43 64,92a-h 73,86 + 19,22c 13,48 ± 0.94b 1.51 + 0,14a

D 03 213,33 ± 25,66a-" 101,03 + 24,09b 12.93 ± 0.68b-1 1,53 + 0,00a

E 11 263,00 ± 69.69a 101,03 ± 28,30b 11.83 ± 0.93" 1,52 + 0,08a

F 09 253,00 ± 50,34a-b 148,52 ± 20,61a 14,93 ± 1,76a 1,58 ± 0,07a

51
Total 238,26 ± 67.92 105,20 ± 32,14 13,24 ± 1.62 1,54 ± 0,10
(49)*

n = número de ejaculados a, b, c = m éd ias co m d ife re n te s letras d ife re m sig n ific a n tem cn te (íx = 0,05)
* = número de ejaculados para as determinações de Na

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foi praticamente a mesma conseguida por NISHIKAW A; as médias obtidas para eqüinos 21-29-34, coincidindo com os
W AIDEI9( 1951) em jumentos. As pequenas variações detec­ valores de LANGOISl2(1978)c AMANN et a l.1(1987). Já os
tadas entre os nossos resultados c os dc vários autores citados valores de Mg registrados em nossas amostras estão bem
podem ser devidas, além das características individuais dos abaixo das médias publicadas para garanhões16- 21• 29- 34.
reprodutores estudados, às diferenças na metodologia utiliza­ Infelizmente, não temos outros dados relativos a jumentos
da, incluindo força e tempo de centrifugação das amostras de para confrontarmos com os nossos, portanto, não se pode
sêmen. Contudo, em função da grande semelhança entre os concluir que aqueles valores reflitam o normal para a raça ou
resultados obtidos para jum entos e garanhões, acreditamos espécie até que novas pesquisas o comprovem.
que as considerações feitas anteriormente20,27-28 para eqüinos,
possam ser úteis na definição da osm olalidade ideal de Do mesmo modo que a osmolalidade, as diferenças registradas
diluidores a serem utilizados na conservação “in vitro” dc entre os vários resultados analisados podem ser devidas a
sêmen asinino. características espécie-específicas e a variações nos métodos
utilizados nas análises. Não existe por exemplo, um método
Analisando-se os níveis de eletrólitos detectados no plasma único de obtenção e armazenamento das amostras de plasma
sem in al, a p re s e n ta d o s na T a b .3, v e rific a -s e c e rta seminal, comum a todos os autores. No presente estudo
homogeneidade entre amostras com exceção apenas para as adotamos uma força de centrifugação baixa, dentre os limites
determinações de Na do jum ento A, que mostrou maior utilizados para a centrifugação do sêmen eqüino antes da
variabilidade. A presença de Na foi detectada nas amostras congelação22.
por nós analisadas numa concentração média dc 238,26 mg%,
situando-se abaixo das médias reportadas para garanhões ’•l2- A proporção média de Na/K para as amostras por nós anali­
13. 21. 34 e também para jum entos13. Provavelm ente, esta sadas foi dc 2,26, ficando abaixo das proporções calculadas
diminuição na média global ocorreu em função das baixas para os demais autores, as quais varia de 2,66 até 4,93'•12-21-34.
concentrações observadas em três amostras do jum ento A. Isto nos leva a crer que, assim como para garanhões12- 15, os
Coincidentemente ou não, corresponderam a três ejaculados diluentes ricos em Na sejam prejudiciais aos espermatozóides
que apresentaram gel. No entanto, não encontramos nenhuma de jum entos e que melhores resultados na congelação de
referência a este fato na literatura consultada. Mesmo assim, sêmen “in vitro” possam ser obtidos quando mantidas propor­
numericamente não se pode definir uma diferença significante ções baixas de Na/K. Isto poderia simular, em escala muito
entre asininos e eqüinos no que tange ao nível de Na do menor, o que sucede a nível epididim ário14. Obviamente,
plasma seminal. estas suposições só poderão ser confirmadas em estudos
posteriores, onde seja considerado também o comportamento
Ao contrário do Na, a concentração média dc K por nós metabólico dos espermatozóides de jumentos.
encontrada foi superior a praticamente todos os resultados
conseguidos para garanhões1, l2- 2I* 29, principalmente em De modo geral, pela semelhança existente entre as caracterís­
relação aos dados de O ’REILLY et al.21 (1979), cujos valores ticas seminais de asininos e eqüinos, acredita-se que os
foram excessivamente baixos. métodos utilizados para congelação de sêmen de garanhões
possam, em princípio, ser utilizados ou não para o sêmen de
Para os níveis de Ca, as amostras foram bastante homogêneas jum entos. Estudos com plem entares poderão confirm ar a
e os resultados se encontram numa faixa intermediária entre viabilidade deste procedimento.

SUMMARY

Seminal samples of six jackass of Pega breed were analysed for pH (n=70), osmolality (n=69) and Na (n=49), K (n=51), Ca
(n=51) and Mg (n=51) levels determinations. The pH values ranged from 7.0 to 7.8 with the average of 7.29± 1.18 for the total
ejaculate number. Seminal plasma osmolality stayed between 273 and 373 mOsm, with the total average of 302.89± 15.03
mOsm, which represents a freezing point depression of 0.56°C. The meamconcentrations of Na, K, Ca and Mg in the seminal
plasma were, respectively, 238.26±67.92,1 05.20±32.14,13.24± 1.62 and 1.54±0.10 mg%. All the result obtained at the present
study were compared to scientific information about donkeys and horses. Both species are quite semilar apart from Mg levels
that was lower for the donkeys. Due to the similarities between jackass and stallion seminal characteristics we believe that
procedures for equine semen “in vitro” conservation might also be used for jackass semen. Complementary research is need
to confirm the procedures viability.

UNITERMS: Donkeys; Reproduction; Semen; pH; Osmotic pressure; Electrolytes

“ ” r " p f t p! 7> J A 1 =?FRVIÇ0 DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO ^


‘ ‘ j FACULDADE DE. MEDlCIMA V c I c R I.mARIA
M ORAIS, R.N.; M UCCIOLO, R.G.; VIANA. W.G. Biologia reprodutiva de jum entos. III. pH, osm olalidade e níveis de eletrólitos no sêmen. Braz. J . vet.
Res. an im . Sei.. São Paulo, v. 31, n.2, p. 145-51, 1994.

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