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Estudante: __________________________________________

Curso: Engenharia Mecânica


Sumário

Equações de Cauchy-Euler ………………………………………………………………………………………………………………………… 005

Sequências ……………………..………………………………………………………………………………………………………………………… 013

Séries ……………………..………………………………………………………………………………………………………………………………… 019

Operações com séries ………………………………………………………………………………………………………………….…………… 033

Séries de potência ……………………………………………………………………………………………………………………….…………… 035

Solução em série de potência – centro em ponto ordinário …………………………………………….………………………. 047

Solução em série de Frobenius – centro em ponto singular ..…………………………………………….……………….……. 051

Série de Fourier ……….………………………………………………………………………………………………………………….…………… 059

Problemas de Sturm-Liouville ….………………………………………………………………………………………………….…………… 075

Equações diferenciais parciais ….………………………………………………………………………………………………….………….. 081

Equações diferenciais parciais clássicas ……………………………………………………………………………………….………….. 091

Casos particulares de EDP’s ….………………………………………………………………………………………………….……………… 105

Transformadas integrais para resolver EDP’s ……………………………………………………………………………………….….. 113

Transformadas de Laplace ….……………………………………………………………………………………………………………….….. 115

Integral de Fourier ………….….……………………………………………………………………………………………………………….….. 123

Transformadas de Fourier ….……………………………………………………………………………………………………………….….. 129


5

Equações de Cauchy-Euler
Qualquer equação diferencial da forma:

𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛−1 𝑦 𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
𝑎𝑛 𝑥 𝑛 𝑛
+ 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1
𝑛−1
+ ⋯ + 𝑎2 𝑥 2
2
+ 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 𝑦 = 𝑔(𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Em que 𝑎𝑛 , 𝑎𝑛−1 , … , 𝑎2 , 𝑎1 , 𝑎0 são constantes, é chamada de equação de Cauchy-Euler ou equação
equidimensional. A característica desse tipo de equação diferencial é que o grau de cada coeficiente
monomial coincide com a ordem de derivação:

Exemplo 1: Resolver a equação diferencial dada por 𝑎𝑥𝑦 ′ + 𝑏𝑦 = 0

Método de soluções para a equação homogênea associada:

A solução da forma 𝑦 = 𝑥 𝑚 , em que m deve ser determinado, assim:

𝑦 = 𝑥𝑚
𝑑𝑦
= 𝑚𝑥 𝑚−1
𝑑𝑥
𝑑2 𝑦
= 𝑚(𝑚 − 1)𝑥 𝑚−2
𝑑𝑥 2
Consequentemente, para uma equação diferencial de ordem dois homogênea, tem-se:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
𝑎2 𝑥 2 2
+ 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 𝑦 = 0
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Assim:

𝑎2 𝑥 2 𝑚(𝑚 − 1)𝑥 𝑚−2 + 𝑎1 𝑥𝑚𝑥 𝑚−1 + 𝑎0 𝑥 𝑚 = 0


(𝑎2 𝑚(𝑚 − 1) + 𝑎1 𝑚 + 𝑎0 )𝑥 𝑚 = 0

Assim, obtém-se a equação auxiliar:

𝑎2 𝑚(𝑚 − 1) + 𝑎1 𝑚 + 𝑎0 = 0
Existem três casos a serem considerados, dependendo das raízes dessa equação: raízes reais e distintas,
raízes reais e iguais, raízes complexas conjugadas.
6

Caso 1: Raízes reais e distintas:

Sejam 𝑚1 e 𝑚2 as raízes reais e distintas da equação auxiliar, então, o conjunto fundamental de soluções é:

𝑦1 = 𝑥 𝑚1
𝑦2 = 𝑥 𝑚2
E a solução geral é:

𝑦 = 𝑐1 𝑥 𝑚1 + 𝑐2 𝑥 𝑚2

Exemplo 2: Resolva a equação diferencial 𝑥 2 𝑦′′ + 5𝑥𝑦′ + 3𝑦 = 0

Caso 2: Raízes reais e iguais:

Sejam 𝑚1 = 𝑚2 as raízes reais e iguais da equação auxiliar, então, o conjunto fundamental de soluções é:

𝑦1 = 𝑦2 = 𝑥 𝑚1
Para obter duas soluções linearmente independentes deve-se obter a segunda solução da equação
diferencial 1 𝑦 ′′ + 𝑝(𝑥)𝑦 ′ + 𝑞(𝑥)𝑦 = 0 baseado em uma solução conhecida 𝑦1 (𝑥) é dada por:

𝑒 − ∫ 𝑝(𝑥)𝑑𝑥
𝑦2 (𝑥) = 𝑦1 (𝑥). ∫ 2 𝑑𝑥
(𝑦1 (𝑥))

Assim, a solução geral é:

𝑦 = 𝑐1 𝑥 𝑚1 + 𝑐2 𝑥 𝑚1 ln 𝑥
7

Exemplo 3: Resolva a equação diferencial 4𝑥 2 𝑦′′ + 𝑦 = 0

Exemplo 4: Resolva a equação diferencial 𝑥 3 𝑦 (3) + 𝑥𝑦 ′ − 𝑦 = 0


8

Caso 3: Raízes complexas conjugadas:

Sejam 𝑚1 = 𝛼 + 𝛽𝑖 e 𝑚2 = 𝛼 − 𝛽𝑖 as raízes complexas da equação auxiliar, é necessário, por meio da


fórmula de Euler: 𝑒 𝜃𝑖 = cos(𝜃) + 𝑖 𝑠𝑒𝑛(𝜃), modificando, tem-se:
𝑖𝛽
𝑥 𝑖𝛽 = (𝑒 ln 𝑥 ) = 𝑒 𝑖𝛽 ln 𝑥 = cos(𝛽 ln 𝑥) + 𝑖 𝑠𝑒𝑛(𝛽 ln 𝑥)

Assim, a solução geral é:

𝑦 = 𝑥 𝛼 (𝑐1 𝑐𝑜𝑠(𝛽 ln 𝑥) + 𝑐2 𝑠𝑒𝑛(𝛽 ln 𝑥))

Exemplo 5: Resolva a equação diferencial 𝑥 2 𝑦′′ + 𝑥𝑦′ + 4𝑦 = 0

Exemplo 6: Resolva a equação diferencial 𝑥 3 𝑦 (3) + 5𝑥 2 𝑦′′ + 7𝑥𝑦′ + 8𝑦 = 0


9

Método de soluções para a equação não homogênea:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
𝑎2 𝑥 2 + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 𝑦 = 𝑔(𝑥)
𝑑𝑥 2 𝑑𝑥
A solução é dada por:

𝑦𝑔 = 𝑦ℎ + 𝑦𝑝

Nesse caso, é necessário usar o método de variação de parâmetros para encontrar a solução particular 𝑦𝑝 .

Observação: O método de coeficientes indeterminados não pode ser utilizado em equações de Cauchy-Euler
pois não tem coeficientes constantes na equação.

Reescrevendo a equação diferencial

𝑑2 𝑦 𝑎1 𝑥 𝑑𝑦 𝑎0 𝑔(𝑥)
𝟏 + + 𝑦=
𝑑𝑥2 𝑎2 𝑥2 𝑑𝑥 𝑎2 𝑥2 𝑎2 𝑥2

Tem-se:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
2
+ 𝑃(𝑥) + 𝑄(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Note que o termo não homogêneo a ser considerado é 𝑓(𝑥). A solução particular é dada por:

𝑦𝑝 = 𝑢1 𝑦1 + 𝑢2 𝑦2
𝑊1 𝑊2
Onde 𝑢1′ = e 𝑢2′ =
𝑊 𝑊

Onde:
𝑦1 𝑦2 0 𝑦2 𝑦 0
𝑊 = |𝑦 ′ 𝑦2 ′| 𝑊1 = | | 𝑊2 = | 1 |
1 𝑓(𝑥) 𝑦2 ′ 𝑦1 ′ 𝑓(𝑥)

Exemplo 7: Resolva a equação diferencial 𝑥𝑦 ′′ − 4𝑦′ = 𝑥 4


10

Teorema: A transformação 𝑥 = 𝑒 𝑡 reduz a equação diferencial de Cauchy-Euler a uma equação diferencial


linear de ordem n com coeficientes constantes.

Nesse caso 𝑥 = 𝑒 𝑡 , usa-se a regra da cadeia para obter as derivadas, assim:


𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑡 𝑑𝑦 𝑑𝑦
= . = . 𝑒 = 𝑒𝑡. = 𝑥.
𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑2 𝑦 𝑑 𝑑𝑦 𝑑 𝑑𝑦 𝑡
𝑑𝑦 𝑑2 𝑦 𝑡 𝑑𝑦 2
𝑑2 𝑦 𝑑𝑦 2
𝑑2 𝑦
= ( ) = (𝑥. ) = 𝑒 . + 𝑥. . 𝑒 = 𝑥. + 𝑥 . = + 𝑥 .
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 2 𝑑𝑥 𝑑𝑥 2 𝑑𝑡 𝑑𝑥 2
E substitui-se:

𝑑2 𝑦 𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
𝑥2. = −
𝑑𝑥 2 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
𝑑𝑦 𝑑𝑦
𝑥. =
𝑑𝑥 𝑑𝑡
Assim, obtém-se uma equação diferencial com coeficientes constantes que pode ser resolvida usando a
solução 𝑦 = 𝑒 𝑚𝑥 .

Exemplo 8: Transformar a equação diferencial de Cauchy-Euler em uma equação diferencial linear:

𝑥 2 𝑦 ′′ − 2𝑥𝑦 ′ + 2𝑦 = 𝑥 3

Exemplo 9: Transformar a equação diferencial dada em uma equação diferencial linear fazendo 𝑧 = 𝑥 − 3:
1
(𝑥 − 3)2 𝑦 ′′ + (𝑥 − 3)𝑦 ′ =
ln(𝑥 − 3)
11

Exercícios:

1. Resolva as equações diferenciais dadas:


3
a) 𝑥 2 𝑦 ′′ − 𝑥𝑦 ′ + 4 𝑦 = 0

b) 𝑥 2 𝑦 ′′ − 3𝑥𝑦 ′ − 4𝑦 = 0
5 5
c) 𝑥 2 𝑦 ′′ + 2 𝑥𝑦 ′ − 2 𝑦 = 0

2. Determine a solução geral das seguintes equações diferenciais:

a) 𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + 4𝑦 = 0, 𝑥 > 0

b) (𝑥 − 1)2 𝑦 ′′ − (𝑥 − 1)𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑥 2 , 𝑥 < 1

c) 𝑥 2 𝑦 ′′ + 2𝑥𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑥 ln 𝑥, 𝑥 > 0

d) (𝑥 + 1)𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ = 𝑥, 𝑥 > 0

e) 𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ − 4𝑦 = 𝑥 2 com 𝑦(1) = 1 e 𝑦′(1) = 2


12

Respostas:

1.
1 3
a) 𝑦 = 𝐶1 𝑥 2 + 𝐶2 𝑥 2

b) 𝑦 = 𝐶1 𝑥 2+2√2 + 𝐶2 𝑥 2−2√2 𝑦 =
5
c) 𝑦 = 𝐶1 𝑥 + 𝐶2 𝑥 −2

2.

a) 𝑦 = 𝐶1 cos(2 ln 𝑥) + 𝐶2 sen(2 ln 𝑥)

b) 𝑦 = 𝐶1 (1 − 𝑥) + 𝐶2 (1 − 𝑥) ln(1 − 𝑥) + (1 − 𝑥 2 ) + 1 − (1 − 𝑥) ln2 (1 − 𝑥)
1
1 √3 √3
c) 𝑦 = 3 𝑥(1 − ln 𝑥) + 𝑥 −2 (𝐶1 cos ( 2 ln 𝑥) + 𝐶2 sen ( 2 ln 𝑥))

−1 1
d) 𝑦 = 𝑥+1 (𝐶1 + 𝐶2 − 6 𝑥 3 )
15 1 1
e) 𝑦 = 16 𝑥 2 + 16 𝑥 −2 + 4 𝑥 2 ln 𝑥
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Sequências
Definição: Uma sequência infinita de números reais é uma função  dos naturais nos reais que associa a
cada número natural 𝑛 um único real 𝑥𝑛 através da relação (𝑛) = 𝑥𝑛 .
∶ℕ⟶ℝ
Em símbolos: {
𝑛 ↦ 𝑥𝑛 = (𝑛)
Representa-se uma sequência através de (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , . . . , 𝑥𝑛 , … ) ou (𝑥𝑛 )𝑛ℕ ou (𝑥𝑛 ). O termo 𝑥𝑛 é chamado
de termo geral da sequência.

Deve-se sempre definir a sequência a partir de ℕ ou, eventualmente, a partir de um subconjunto de ℕ.

Atenção para não confundir a sequência (𝑥𝑛 )𝑛ℕ com o conjunto dos elementos da sequência: 𝑋 = (𝑛) =
{𝑥𝑛 /𝑛 ∈ ℕ}, por exemplo, o conjunto dos elementos da sequência infinita ((−1)𝑛 )𝑛ℕ =
(−1,1, −1,1, −1,1, … ) é o conjunto finito 𝑋 = {−1,1}.

Exemplo 1: Usa-se as notações:


𝑛 𝑛 1 2 3 𝑛
▪ (𝑛) = 𝑥𝑛 = 𝑛+1 ou (𝑛+1) para definir a sequência (2 , 3 , 4 , … , 𝑛+1 , … ).
▪ ((−1)𝑛 ) representa a sequência (−1,1, −1,1, −1,1, … ).
▪ (𝑛) representa a sequência dos números naturais (1, 2, 3, … , 𝑛, … ).
𝑛 𝑛
▪ A sequência (𝑛2 −4 ) não é definida para 𝑛 = 2. Escreve-se então (𝑛2 −4 ) .
𝑛≠2
▪ A sequência(√𝑛 − 5)𝑛≥5 pode ser reescrita como sendo (√𝑛 − 1)𝑛∈ℕ.

Definição: Duas sequências (𝑥𝑛 ) e (𝑦𝑛 ) de números reais são iguais se 𝑥𝑛 = 𝑦𝑛 , para todo 𝑛.

Exemplo 2: As sequências (√𝑛 − 5)𝑛≥5 e (√𝑛)𝑛≥0 são iguais.

Enquanto, as sequências ((−1)𝑛 ) e ((−1)𝑛+1 ) não são iguais, apesar de 𝑋 = {−1,1}.

Definição: Dada uma sequência (𝑥𝑛 ) com 𝑥𝑛 = (𝑛), uma subsequência de (𝑥𝑛 ) é uma restrição da função
(𝑛) a um subconjunto ℕ’ = {𝑛1 , 𝑛2 , 𝑛3 , … } ordenado e infinito de ℕ. Representa-se por (𝑥𝑛 )𝑛∈ℕ′ ou
(𝑥𝑛1 , 𝑥𝑛2 , 𝑥𝑛3 , … ).

Observação: Formalmente, uma subsequência não é uma sequência, pois seu domínio não é o conjunto dos
naturais. Mas, pode-se redefinir cada subsequência como sendo uma nova sequência, pois o conjunto dos
naturais é ilimitado superiormente.

1 1 1 1 1
Exemplo 3: Dada a sequência (1, 3, 2 , 3, 3 , 3, 4 , 3, 5 , 3, 6 , … ), pode-se destacar duas de suas subsequências.
1 1 1 1 1
A sequência constante (3, 3, 3, … )𝑛 é 𝑝𝑎𝑟 e (1, 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , … ) .
𝑛 é 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑟

1
Tais subsequências também podem ser interpretadas como sendo as sequências (3)𝑛∈ℕ e (𝑛) .
𝑛∈ℕ
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Definição: Diz-se que uma sequência (𝑥𝑛 ) é limitada se o conjunto de seus termos for limitado. Isto é, quando
existem dois números reais 𝑚 e 𝑀 tais que 𝑚  𝑥𝑛  𝑀 para todo 𝑛 ∈ ℕ.

Uma sequência (𝑥𝑛 ) é limitada inferiormente se existir um número real 𝑚 tal que 𝑚  𝑥𝑛 para todo 𝑛 ∈ ℕ.
Analogamente, (𝑥𝑛 ) é limitada superiormente se existir um número real 𝑀 tal que 𝑥𝑛  𝑀 para todo 𝑛 ∈ ℕ.

Quando uma sequência não é limitada, diz-se que é ilimitada.

𝑛 𝑛
Exemplo 4: A sequência (𝑛+1) é limitada pois vale que 0  𝑛+1
 1 para todo 𝑛 ∈ ℕ.
1 2 3 𝑛
Ou seja, 𝑋 = {2 , 3 , 4 , … , 𝑛+1 , … } ⊂ [0,1].

Proposição: A sequência (𝑥𝑛 ) é limitada se, e só se, existe um número real 𝑀 > 0 tal que |𝑥𝑛 | ≤ 𝑀 para
todo 𝑛 ∈ ℕ.

Definição: Diz-se que a sequência (𝑥𝑛 ) é monótona e

i. crescente se 𝑥𝑛 < 𝑥𝑛+1 para todo 𝑛 ∈ ℕ;


ii. decrescente se 𝑥𝑛 > 𝑥𝑛+1 para todo 𝑛 ∈ ℕ;
iii. não-crescente se 𝑥𝑛 ≥ 𝑥𝑛+1 para todo 𝑛 ∈ ℕ;
iv. não-decrescente se 𝑥𝑛 ≤ 𝑥𝑛+1 para todo 𝑛 ∈ ℕ.

1
Exemplo 5: A sequência (𝑛) é monótona e decrescente. De fato, para todo 𝑛 ∈ ℕ, tem-se que 𝑛 < 𝑛 + 1.
Logo, para todo 𝑛 ∈ ℕ, tem-se:
1 1
𝑥𝑛 = > = 𝑥𝑛+1
𝑛 𝑛+1

𝑛
Exemplo 6: A sequência (𝑛+1) é monótona e crescente pois, para todo 𝑛 ∈ ℕ, tem-se que:

𝑛 𝑛+1
𝑥𝑛 = < = 𝑥𝑛+1
𝑛+1 𝑛+2

Exemplo 7: A sequência constante (3)𝑛∈ℕ é não-crescente e não-decrescente simultaneamente.

Definição: Diz-se que uma sequência (𝑥𝑛 ) é convergente se dado um número real  > 0, existe em
correspondência um número natural 𝑛0 tal que se 𝑛 > 𝑛0 , todos os demais termos 𝑥𝑛 da sequência
pertencem a uma vizinhança de raio  do ponto 𝑎.

Se (𝑥𝑛 ) converge ou tende para a, escreve-se que 𝑥𝑛 → 𝑎. Em símbolos:

𝑥𝑛 → 𝑎 ⇔   > 0, existe 𝑛0 ∈ ℕ tal que 𝑛 > 𝑛0 → 𝑥𝑛  𝑉 (𝑎) ou que | 𝑥𝑛 − 𝑎 | < 


15

Definição: Diz-se que o número real 𝑎 é o limite da sequência (𝑥𝑛 ), quando 𝑛 tende ao infinito, e denota-se
por 𝑙𝑖𝑚 𝑥𝑛 = 𝑎 se, para todo número real  > 0 for possível encontrar um número natural 𝑛0 tal que
𝑛→∞
|𝑥𝑛 − 𝑎| < , sempre que 𝑛 > 𝑛0 . Em símbolos:

𝑙𝑖𝑚 𝑥𝑛 = 𝑎 ⇔   > 0,  𝑛0  ℕ tal que 𝑛 > 𝑛0 → |𝑥𝑛 − 𝑎| < .


𝑛→∞

Exemplo 8: Sequências convergentes:


𝑛 𝑛
▪ A sequência (𝑛2 −4) é convergente e converge para zero. Ou seja, (𝑛2 −4) → 0.
𝑛2 𝑛2
▪ A sequência (𝑛2 +1) converge para um. Ou seja, (𝑛2 +1) → 1.
3𝑛2 +4𝑛 3𝑛2 +4𝑛
▪ A sequência (𝑛2 +𝑛−4)converge para três, isto é, 𝑛2 +𝑛−4 → 3.
sen(𝑛𝑥)
▪ Para qualquer x real, 𝑙𝑖𝑚 𝑛
=0
𝑛→∞
𝑛 𝑛
▪ A sequência ( √𝑎), para 𝑎 > 1, é convergente e converge para um. Isto é, √𝑎 → 1.
𝑛 𝑛
▪ A sequência ( √𝑛) é convergente e converge para um. Isto é, √𝑛 → 1.

Teorema: A sequência (𝑥𝑛 ) converge para o número real 𝑎 se, e só se, 𝑙𝑖𝑚 𝑥𝑛 = 𝑎.
𝑛→∞

Teorema: (Unicidade do limite) Se 𝑙𝑖𝑚 𝑥𝑛 = 𝑎, então 𝑎 é único.


𝑛→∞

Corolário: Se a sequência (𝑥𝑛 ) converge para 𝑎, então toda subsequência de (𝑥𝑛 ) converge para 𝑎.

Teorema: Toda sequência convergente é limitada.

Observação: A recíproca não é verdadeira. Ou seja, a sequência ((−1)𝑛 ) = (−1,1−1,1, −1, … ) é limitada, mas
não é convergente.

Teorema: Toda sequência monótona e limitada é convergente.

Exemplo 9: Convergência e divergência:

▪ Toda sequência constante, 𝑥𝑛 = 𝑎, é convergente e tem limite 𝑎. Ou seja, 𝑙𝑖𝑚 𝑎 = 𝑎.


▪ A sequência (𝑛) = (1, 2, 3, 4, … ) é divergente, pois não é limitada.
▪ A sequência ((−1)𝑛 ) = (−1,1, −1,1, −1, … ) é divergente, pois possui duas subsequências
(convergentes) que convergem para limites distintos.
1 1
▪ A sequência (𝑛)é convergente. Note que 𝑙𝑖𝑚 (𝑛) = 0.
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1−𝑎𝑛+1
Exemplo 10: Seja 𝑠𝑛 = 1 + 𝑎 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛 = 1−𝑎
, para todo 𝑛ℕ, a sucessão de somas parciais
de uma PG de razão 𝑎.

Considere 𝑎 > 1, para 𝑎 = 2, tem-se (3,7,15,31, … , 𝑠𝑛 ). Nesse caso, a sequência (𝑠𝑛 ) é diverge, pois é
crescente e ilimitada.
1 3 7 15 31
Considere 0 < 𝑎 < 1, para 𝑎 = 2 tem-se (𝑠𝑛 ) = (2 , 4 , , , ⋯ , 𝑠𝑛 , ⋯ ).
8 16
Nesse caso, a sequência (𝑠𝑛 ) é
1 1
crescente e limitada, pois 0 < 𝑠𝑛 < 1−𝑎
para todo 𝑛. Logo, é convergente e converge para 1−𝑎.

Teorema: Se 𝑙𝑖𝑚 𝑥𝑛 = 𝑎 e 𝑙𝑖𝑚 𝑦𝑛 = 𝑏, então,


i. 𝑙𝑖𝑚(𝑥𝑛  𝑦𝑛 ) = 𝑎  𝑏
ii. 𝑙𝑖𝑚(𝑥𝑛 . 𝑦𝑛 ) = 𝑎. 𝑏
𝑥 𝑎
iii. 𝑙𝑖𝑚 ( 𝑛 ) = , desde que 𝑏  0.
𝑦𝑛 𝑏

Teorema: Se lim 𝑥𝑛 = 0 e (𝑦𝑛 ) é uma sequência limitada, então lim 𝑥𝑛 . 𝑦𝑛 = 0, mesmo que lim 𝑦𝑛 = ∄.

Teorema: Sejam 𝑦𝑛  𝑥𝑛  𝑧𝑛 para todo 𝑛ℕ. Se lim 𝑦𝑛 = lim 𝑧𝑛 = 𝑎, então lim 𝑥𝑛 = 𝑎.


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EXERCÍCIOS

1) Construa uma sequência que contenha uma subsequência convergente e outra divergente.

2) Leonardo Fibonacci ou Leonardo de Pisa (1170-1230) ao estudar o número de descendentes que um casal
de coelho poderia gerar até a geração n, chegou à seguinte sucessão: 𝑥1 = 1, 𝑥2 = 1 e, indutivamente:

𝑥𝑛+2 = 𝑥𝑛+1 + 𝑥𝑛
a) Descreva os oito primeiros termos dessa sequência.
(𝑎 𝑛 −𝑏𝑛 ) (1+√5) (1−√5)
b) Mostre que o enésimo termo é dado por 𝑥𝑛 = , em que 𝑎 = e𝑏 = .
√5 2 2
𝑥𝑛+1
c) Defina a nova sequência (𝑦𝑛 ) em que 𝑦𝑛 = 𝑥𝑛
.

d) Verifique se a nova sequência é convergente.

3) Prove, usando a definição de convergência ou do limite de uma sequência que:


2𝑛 + 1
𝑎) →2
𝑛+1
3𝑛 − 1 3
𝑏) →
4𝑛 + 5 4
𝑛2
𝑐) →1
𝑛2 + 1
𝑑)(√𝑛 + 1 − √𝑛) → 0

𝑒) 𝑎𝑛 → 0, 𝑠𝑒 0 < 𝑎 < 1

4) Analise as seguintes sequências. Se convergente, calcule seu limite.


2 4 6 2𝑛
𝑎) ( , , , … , ,…)
1 3 5 2𝑛 − 1

𝑏) (0,2; 0,23; 0,233; 0,2333; … )

𝑛 + (−1)𝑛
𝑐) 𝑥𝑛 =
𝑛 − (−1)𝑛

1
𝑑) 𝑥𝑛 =
𝑛2

1
𝑒) 𝑥𝑛 =
2𝑛

𝑓) 𝑥𝑛 = √𝑛 + 1 − √𝑛

𝑔) 𝑥𝑛 = √𝑛2 + 1 − √𝑛 + 1
18

ℎ) 𝑥𝑛 = 𝑛

1 1 1 (−1)𝑛+1
𝑖) (1, − , , − , … ,…)
2 3 4 𝑛

𝑛
𝑗) 𝑥𝑛 = √𝑎

3𝑛2 − 4𝑛
𝑙) 𝑥𝑛 =
5𝑛2 + 6𝑛 + 7

2𝑛 − 3 4
𝑚) 𝑥𝑛 = ( )
3𝑛 − 7

4 − 2𝑛 − 3𝑛2
𝑚) 𝑥𝑛 =
2𝑛2 + 𝑛

1 + 2𝑛
𝑛) 𝑥𝑛 =
1 + 3𝑛

1 1 1 1
𝑜) 𝑥𝑛 = + + + ⋯+ 𝑛
2 4 8 2

5) Verificar as seguintes igualdades ou, calcule o valor, caso exista:

𝑛2 𝑛2 1
𝑎) lim ( − )=
2𝑛 − 1 2𝑛 + 1 2
1⁄
𝑏) lim (2𝑛 + 3𝑛 ) 𝑛 =3
𝑛(𝑛 + 2) 𝑛3
𝑐) lim ( − 2 )=1
3𝑛 + 7 𝑛 +1

√3𝑛2 + 5𝑛 + 4 √3
𝑑) lim =
2𝑛 − 7 2
1
e) lim (√𝑛2 + 𝑛 − 𝑛) =
2

3
(3 − √𝑛)(√𝑛 + 2) 1
𝑓) lim √ =−
8𝑛 − 4 2

1 + 2.10𝑛 2
g) lim =
5 + 3.10𝑛 3
3 𝑛
ℎ) lim ( ) = 0
4
1⁄
i) lim 3 𝑛

1⁄
2 𝑛
𝑗) lim ( ) =1
3
19

Séries
Definição: Dada uma sequência 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , … , 𝑎𝑛 , … , de infinitos números reais, chama-se série a soma
desses infinitos números, indicado por:

∑ 𝑎𝑛 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛 + ⋯
𝑛=1

Observações:

i. A soma não precisa começar com 𝑛 = 1, pode começar com qualquer número 𝑘 ∈ ℕ.
ii. O termo representado por 𝑎𝑛 é chamado de termo geral da série.
iii. A série é sempre uma soma de infinitas parcelas.

Exemplo 1: Descreva os primeiros termos das seguintes séries:



1 1 1 1 1 1
𝑎) ∑ = + + + + +⋯
𝑛(𝑛 + 1) 2 6 12 20 30
𝑛=1


1 1 1 1 1 1 1
𝑏) ∑ = 1 + + + + + + +⋯
2𝑛 2 4 8 16 32 64
𝑛=0

𝑐) ∑ 𝑛 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ⋯
𝑛=1


1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
𝑑) ∑ = + + + + + +⋯=1+1+ + + + +⋯
𝑛! 0! 1! 2! 3! 4! 5! 2 6 24 120
𝑛=0


1 1 1 1 1
𝑒) ∑ =1+ + + + +⋯
𝑛 2 3 4 5
𝑛=1

𝑓) ∑ 𝑎𝑛 = 1 + 𝑎 + 𝑎2 + 𝑎3 + 𝑎4 + 𝑎5 + ⋯
𝑛=0

Exemplo 2: Determine o termo geral das seguintes somas infinitas e descreva a série na notação de
somatório:

1 2 3 4 5 6 7 8 𝑛
𝑎) + + + + + + + + ⋯ = ∑
2 3 4 5 6 7 8 9 𝑛+1
𝑛=1

∞ ∞

𝑏) 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + 13 + 15 + ⋯ = ∑(2𝑛 − 1) = ∑(2𝑛 + 1)
𝑛=1 𝑛=0
20


Definição: Chamam-se somas parciais de uma série  an a uma sequência de números reais, indicada por
n =1
(𝑆𝑛 ), cujos termos são formados do seguinte modo:

𝑆1 = 𝑎1 ,
𝑆2 = 𝑎1 + 𝑎2 ,
𝑆3 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 ,
𝑆4 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + 𝑎4 ,

𝑆𝑛 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + 𝑎4 + ⋯ + 𝑎𝑛 .

Exemplo 3: Determine as somas parciais das seguintes séries:



1 1 1 1 1 1
𝑎) ∑ = + + + + +⋯
𝑛(𝑛 + 1) 2 6 12 20 30
𝑛=1

Solução: Aplicando a definição:


1
𝑆1 =
2
1 1 4 2
𝑆2 = + = =
2 6 6 3
1 1 1 2 1 9 3
𝑆3 = + + = + = =
2 6 12 3 12 12 4
1 1 1 1 3 1 16 4
𝑆4 = + + + = + = =
2 6 12 20 4 20 20 5
1 1 1 1 1 4 1 25 5
𝑆5 = + + + + = + = =
2 6 12 20 30 5 30 30 6
𝑛
… 𝑆𝑛 = 𝑛+1.

𝑏) ∑(2𝑛 − 1) = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + 13 + 15 + ⋯
𝑛=1

Solução: Aplicando a definição:

𝑆1 = 1

𝑆2 = 1 + 3 = 4 = 22

𝑆3 = 1 + 3 + 5 = 9 = 32

𝑆4 = 1 + 3 + 5 + 7 = 16 = 42

𝑆5 = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 25 = 52

𝑆𝑛 = 𝑛2
21

Definição: Seja ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 uma série com a sequência de somas parciais (𝑆𝑛 ). Se existir o limite:

𝑆 = lim 𝑆𝑛 = 𝑙𝑖𝑚 (𝑎1 + 𝑎2 + ⋯ + 𝑎𝑛 )


𝑛→∞ 𝑛→∞

e for finito, diz-se que a série é convergente e o limite 𝑆 é a soma da série. Escreve-se:

𝑆 = ∑ 𝑎𝑛 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛 + ⋯
𝑛=1

Se o limite da sequência de somas parciais for infinito ou não existir, a série é divergente.

Exemplo 4: Avaliar a convergência e achar a soma, se possível, das seguintes séries:



1 1 1 1 1 1
𝑎) ∑ = + + + + +⋯
𝑛(𝑛 + 1) 2 6 12 20 30
𝑛=1

Solução: Avaliando as somas parciais:


1
𝑆1 =
2
1 1 4 2
𝑆2 = + = =
2 6 6 3
1 1 1 2 1 9 3
𝑆3 = + + = + = =
2 6 12 3 12 12 4
1 1 1 1 3 1 16 4
𝑆4 = + + + = + = =
2 6 12 20 4 20 20 5
1 1 1 1 1 4 1 25 5
𝑆5 = + + + + = + = =
2 6 12 20 30 5 30 30 6
𝑛
… 𝑆𝑛 = 𝑛+1.
𝑛
A sequência de somas parciais é dada por 𝑆𝑛 = 𝑛+1.

Determinando o limite:
𝑛
𝑙𝑖𝑚 𝑆𝑛 = 𝑙𝑖𝑚 =1
𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑛 + 1

Pode-se concluir que a série converge e tem soma 1. Isto é, que



1
∑ =1
𝑛(𝑛 + 1)
𝑛=1
22

𝑏) ∑(2𝑛 − 1) = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + 13 + 15 + ⋯
𝑛=1

Solução: Avaliando as somas parciais:

𝑆1 = 1

𝑆2 = 1 + 3 = 4 = 22

𝑆3 = 1 + 3 + 5 = 9 = 32
𝑆4 = 1 + 3 + 5 + 7 = 16 = 42

𝑆5 = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 25 = 52

… 𝑆𝑛 = 𝑛2
A sequência de somas parciais é dada por 𝑆𝑛 = 𝑛2 .

Avaliando o limite, tem-se 𝑙𝑖𝑚 𝑆𝑛 = 𝑙𝑖𝑚 𝑛2 = ∞.


𝑛→∞ 𝑛→∞

Logo, diverge.

𝑐) ∑ 𝑎𝑛 = 1 + 𝑎 + 𝑎2 + 𝑎3 + 𝑎4 + 𝑎5 + ⋯
𝑛=0

Solução: A série geométrica tem esse nome devido aos seus termos formarem um Progressão Geométrica
1−𝑎 𝑛+1
de razão 𝑎. A sequência de somas parciais é dada pela fórmula da soma de uma PG, isto é, 𝑆𝑛 = .
1−𝑎

Prova: Considerando que 𝑆𝑛 = 1 + 𝑎 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛 , e 𝑎𝑆𝑛 = 𝑎 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛 + 𝑎𝑛+1 , tem-


1−𝑎𝑛+1
se que 𝑆𝑛 − 𝑎𝑆𝑛 = 1 − 𝑎𝑛+1 ou que 𝑆𝑛 = .
1−𝑎
1
Para que o limite de 𝑆𝑛 exista, deve-se ter |𝑎| < 1, pois, nesse caso, escrevendo 𝑎 = 𝑏 com 𝑏 > 1,
1
𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛+1 = 𝑙𝑖𝑚 𝑏 𝑛+1 = 0.
𝑛→∞ 𝑛→∞

1−𝑎𝑛+1 1 1
Logo, 𝑙𝑖𝑚 𝑆𝑛 = 𝑙𝑖𝑚 = 1−𝑎 e, converge, pode-se escrever que ∑∞ 𝑛
𝑛=0 𝑎 = 1−𝑎 para |𝑎| < 1.
𝑛→∞ 𝑛→∞ 1−𝑎
23

PROPRIEDADES DAS SÉRIES CONVERGENTES

Teorema: Dadas as séries convergentes ∑∞ ∞


𝑛=1 𝑎𝑛 e ∑𝑛=1 𝑏𝑛 , cujas somas são, respectivamente, 𝐴 e 𝐵, em
que 𝑘 é uma constante finita. Então:
∞ ∞ ∞

𝑎) ∑(𝑎𝑛 ± 𝑏𝑛 ) = ∑ 𝑎𝑛 ± ∑ 𝑏𝑛 = 𝐴 ± 𝐵
𝑛=1 𝑛=1 𝑛=1
∞ ∞

𝑏) ∑ 𝐾𝑎𝑛 = 𝐾 ∑ 𝑎𝑛 = 𝐾𝐴
𝑛=1 𝑛=1
∞ ∞

𝑐) ∑ 𝑎𝑛 = 𝑎1 + 𝑎2 + ⋯ + 𝑎𝑘 + ∑ 𝑎𝑛
𝑛=1 𝑛=𝑘

Teorema: Se a série ∑ 𝑎𝑛 é convergente então 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 = 0.


𝑛→∞

Prova: Supondo que a série seja convergente com soma 𝑆, ∑ 𝑎𝑛 = 𝑎1 + ⋯ + 𝑎𝑛−1 + 𝑎𝑛 + ⋯ = 𝑆. Então,
𝑆 = 𝑙𝑖𝑚 𝑆𝑛 e, evidentemente, 𝑆 = 𝑙𝑖𝑚 𝑆𝑛−1 .
𝑛→∞ 𝑛→∞

Como 𝑎𝑛 = 𝑆𝑛 − 𝑆𝑛−1 , tem-se que 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 = 𝑙𝑖𝑚 (𝑆𝑛 − 𝑆𝑛−1 ) = 0.


𝑛→∞ 𝑛→∞

CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA/DIVERGÊNCIA

Nem todas as séries admitem uma expressão simples para o termo geral de suas somas parciais. Para essas
séries, deve-se usar outros critérios.

CRITÉRIO DO TERMO GERAL

Dada a série ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 , cujo termo geral é 𝑎𝑛 . Se 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 ≠ 0 então a série diverge.
𝑛→∞

Se 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 = 0, nada pode se concluir pois existem séries convergentes e séries divergentes com 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 = 0.
𝑛→∞ 𝑛→∞

Exemplo 5: Usando o critério do termo geral, avalie a convergência das seguintes séries:

𝑛
𝑎) ∑
𝑛+1
𝑛=1


1
𝑏) ∑
2𝑛
𝑛=0
24

CRITÉRIO DA INTEGRAL OU CRITÉRIO DA INTEGRAL DE CAUCHY

Dada a série ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 de termos positivos. Se existir uma função 𝑓(𝑥) tal que:

i. 𝑓(𝑛) = 𝑎𝑛
ii. 𝑓(𝑥) é contínua e decrescente no intervalo [1, ∞)

Então, a série ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 converge ou diverge conforme a integral indefinida ∫1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 seja convergente ou
divergente.

Exemplo 6: Usando o critério da integral, avalie a convergência / divergência das seguintes séries:

1
𝑎) ∑
𝑛2
𝑛=1


1
𝑏) ∑
𝑛
𝑛=1


1
𝑐) ∑
𝑛𝑝
𝑛=1

Com p > 0 e real é denominada de série em p ou série de Dirichlet

Solução:
1 1
i. A função escolhida é 𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑝 pois 𝑓(𝑛) = 𝑛𝑝.
𝑝
ii. A derivada é 𝑓′(𝑥) = − 𝑥 𝑝+1 que existe (é contínua) e é negativa (decrescente) em [1, ∞).
𝑏
∞ ∞ 𝑑𝑥 𝑏 𝑥 −𝑝+1 1 1
Integrando, tem-se: ∫1 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = ∫1 𝑥𝑝
𝑑𝑥 = 𝑙𝑖𝑚 ∫1 𝑥 −𝑝 𝑑𝑥 = 𝑙𝑖𝑚 [ −𝑝+1 ] = 𝑙𝑖𝑚 [1−𝑝 − (1−𝑝)𝑏𝑝−1 ] = 𝐿
𝑏→∞ 𝑏→∞ 1 𝑏→∞

1
se 𝑝 > 1
𝐿 = {1 − 𝑝
∞ se 𝑝 ≤ 1

Logo, a série diverge para 𝑝 ≤ 1 e converge para 𝑝 > 1.


25

CRITÉRIO DA COMPARAÇÃO

𝑛=1 𝑎𝑛 e ∑𝑛=1 𝑏𝑛 , duas séries de termos positivos e tais que 𝑎𝑛  𝑏𝑛 para todo 𝑛  1.
Dadas as séries ∑∞ ∞

Então,

i. Se ∑∞ ∞
𝑛=1 𝑏𝑛 for convergente então ∑𝑛=1 𝑎𝑛 também é convergente.

“Se a série majorante converge, a série minorante também converge”.


ii. Se ∑∞ ∞
𝑛=1 𝑎𝑛 for divergente então ∑𝑛=1 𝑏𝑛 também é divergente.

“Se a série minorante diverge, a série majorante também diverge”.


O critério da comparação exige que dada uma série, se conheça a outra, para fazer a comparação tanto para
a convergência (i) quanto para a divergência (ii).

A escolha da série comparável é baseada sempre em relação ao termo dominante da série dada e tal que
verifique a relação:
1 1
𝑎𝑛  𝑏𝑛 ⇔ ≤
𝑏𝑛 𝑎𝑛

Exemplo 7: Usando o critério da comparação, avaliar a convergência (divergência) das seguintes séries:

1
𝑎) ∑
𝑛2 − 1
𝑛=2
1 2
Solução: O termo dominante do denominador é n2. Tomando n2 − 1  n2/2 ⇔ 𝑎𝑛 = 2 ≤ 2 = 𝑏𝑛 , para
𝑛 −1 𝑛
2 2
todo n  2. Como a série ∑∞ ∞
𝑛=1 𝑛2 = 2 + ∑𝑛=2 𝑛2 converge, a série do segundo membro também converge.

1
Logo, por (i). pode-se concluir que  n 2 − 1 também converge.
n=2


1
𝑏) ∑
𝑛=0
√𝑛2 +1

Solução: O termo dominante é √𝑛2 = 𝑛.


1 1
Para 𝑛 + 1 ≥ √𝑛2 + 1 ⇔ 𝑎𝑛 = 𝑛+1 ≤ = 𝑏𝑛 , para todo n  0.
√𝑛2 +1
1
Como a série harmônica, ∑∞
𝑛=0 𝑛+1, é divergente e é minorante, por (ii), conclui-se que a série (majorante)
1
∑∞
𝑛=1 diverge.
√𝑛2 +1


1
𝑐) ∑
𝑛2 +1
𝑛=1
26

CRITÉRIO DA COMPARAÇÃO PARA LIMITES


𝑎𝑛
Teorema: Dadas as séries de termos positivos,∑∞ ∞
𝑛=1 𝑎𝑛 e ∑𝑛=1 𝑏𝑛 , e tais que o 𝑙𝑖𝑚 existe, é finito e
𝑛→∞ 𝑏𝑛
diferente de zero. Então, as séries ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 e ∑∞
𝑛=1 𝑏𝑛 são convergentes ou divergentes simultaneamente.

O critério da comparação para limites segue as mesmas normas do critério da comparação simples. A
diferença é que em lugar de provar a desigualdade, utiliza-se o limite.

Exemplo 8: Usando o critério da comparação para limites, avaliar a convergência das seguintes séries:

1
𝑎) ∑
𝑛2 −1
𝑛=2
1
Solução: O termo majorante do denominador é 𝑛2 e ∑∞
𝑛=1 𝑛2 é convergente. Então,

𝑎𝑛 1/(𝑛2 − 1) 𝑛2
𝑙𝑖𝑚 = 𝑙𝑖𝑚 = 𝑙𝑖𝑚 =1
𝑛→∞ 𝑏𝑛 𝑛→∞ 1/𝑛2 𝑛→∞ 𝑛 2 − 1

Esse limite é finito e diferente de zero.


1
Logo, as duas séries convergem, visto que a série ∑∞
𝑛=1 𝑛2 é conhecida e é convergente.


1
𝑏) ∑
2𝑛 − 1
𝑛=1
27

CRITÉRIO DA RAZÃO OU CRITÉRIO DE D’ALEMBERT


𝑎𝑛+1
Dada a série ∑∞
𝑛=1 𝑎𝑛 de termos positivos e tal que existe o 𝑙𝑖𝑚 = 𝐿. Então, a série:
𝑛→∞ 𝑎𝑛

i. Se 𝐿 < 1, então a série é convergente.


ii. Se 𝐿 > 1, então a série é divergente.
iii. Se 𝐿 = 1, o critério falha, nada pode ser concluído.

O critério da razão é muito útil para séries que apresentam fatoriais, exponenciais ou potências em 𝑛.

Exemplo 9: Usando o critério da razão, verifique a convergência das seguintes séries:



1
𝑎) ∑
𝑛!
𝑛=0


2𝑛 − 1
𝑏) ∑
2𝑛
𝑛=1


1
𝑐) ∑
𝑛2 +1
𝑛=1
28

CRITÉRIO DA RAIZ OU CRITÉRIO DE CAUCHY

Dada a série ∑∞ 𝑛
𝑛=1 𝑎𝑛 de termos positivos e tal que existe o 𝑙𝑖𝑚 √𝑎𝑛 = 𝐿. Então, a série:
𝑛→∞

i. Se 𝐿 < 1, então a série é convergente.


ii. Se 𝐿 > 1, então a série é divergente.
iii. Se 𝐿 = 1, o critério falha, nada pode ser concluído.

O critério da raiz é em critério a ser usado quando o termo geral apresenta potência ou exponencial n.

Exemplo 10: Usando o critério de Cauchy, investigue a convergência das seguintes séries:

∞ 𝑛2
𝑛
𝑎) ∑ ( )
𝑛+1
𝑛=1


3𝑛 − 1 𝑛
𝑏) ∑ ( )
2𝑛 + 4
𝑛=1
29

SÉRIES ALTERNADAS

Em uma série, se todos forem negativos, basta usar o módulo ou a propriedade:


∞ ∞

∑(−1)𝑎𝑛 = (−1) ∑ 𝑎𝑛
𝑛=1 𝑛=1

Se a série é alternada, ou seja, as séries do tipo:


∞ ∞

∑(−1)𝑛+1 𝑎𝑛 = 𝑎1 − 𝑎2 + 𝑎3 − 𝑎4 + 𝑎5 ± ⋯ 𝑜𝑢 ∑(−1)𝑛 𝑎𝑛 = − 𝑎1 + 𝑎2 − 𝑎3 + 𝑎4 − 𝑎5 ± ⋯
𝑛=1 𝑛=1

CRITÉRIO DAS SÉRIES ALTERNADAS OU CRITÉRIO DE LEIBNIZ


𝑛 𝑛+1
Dada a série alternada ∑∞ ∞
𝑛=1(−1) 𝑎𝑛 ou ∑𝑛=1(−1) 𝑎𝑛 tal que:

a) 𝑎𝑛 +1 < 𝑎𝑛 , isto é, 𝑎1 > 𝑎2 > 𝑎3 > ⋯ > 𝑎𝑛 > ⋯, e

b) 𝑙𝑖𝑚 𝑎𝑛 = 0
𝑛→∞

Então, a série alternada converge.

(−1)𝑛+1
Exemplo 11: Verifique que a série ∑∞
𝑛=1 converge.
𝑛

CONVERGÊNCIA ABSOLUTA

Definição: Diz-se que uma série ∑∞ ∞


𝑛=1 𝑎𝑛 é absolutamente convergente se a série ∑𝑛=1|𝑎𝑛 | também for
convergente.

Em caso contrário, diz-se que a série e condicionalmente convergente.

(−1)𝑛+1 1
Exemplo 12: A série ∑∞
𝑛=0 𝑛2 +1
é absolutamente convergente pois ∑∞
𝑛=0 𝑛2 +1 é convergente.

(−1)𝑛+1 1
Exemplo 13: A série ∑∞
𝑛=1 𝑛
é condicionalmente convergente pois ∑∞
𝑛=1 𝑛 é divergente.

Propriedade: Toda série convergente de termos positivos é absolutamente convergente.


30

EXERCÍCIOS

1) Determine a expressão do termo geral das seguintes séries:


1 1 1
𝑎) 1 + 3 + 5 + 7 + ⋯
1 1 1 1
𝑏) 2
+4+6+8+⋯
1 2 3 4
𝑐) 2
+3+4+5+⋯
2 3 4 5
𝑑) 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + ⋯
1 1 1 1
𝑒) 1.3
+ 3.5 + 5.7 + 7.9 + ⋯
2 4 6 8 10
𝑓) + + + + + ⋯
5 8 11 14 17

2) Encontre a soma, caso seja convergente, das seguintes séries:


2
𝑎) ∑
3𝑛+1
6
𝑏) ∑
10𝑛
2
𝑐) ∑
(2𝑛 + 5)(2𝑛 + 3)
5
𝑑) ∑
(5𝑛 + 2)(5𝑛 + 7)
1
𝑒) ∑
4𝑛2 −1
−1
𝑓) ∑
9𝑛2
+ 3𝑛 − 2
𝑛
𝑔) ∑ 𝑙𝑛 ( )
𝑛+1

𝑛2 − 𝑛 − 1
ℎ) ∑
𝑛!
𝑛=2

3
𝑖) ∑
4𝑛−1

𝑛−1
𝑗) ∑
𝑛!
𝑛=2

3) Chama-se série harmônica, em geral, toda série cujos inversos de seus termos formam uma progressão
1
aritmética, isto é, toda série da forma: ∑∞
𝑛=1 , 𝑟  0. Demonstre que uma tal série é divergente.
𝑎+𝑛𝑟
31

4) Mostre que

1 1
∑ =
(𝑎 + 𝑛)(𝑎 + 𝑛 + 1) 𝑎
𝑛=0

5) Mostre, usando o critério da integral, que as seguintes séries são convergentes:

𝑎) ∑ 𝑒 −𝑛

2
𝑏) ∑ 𝑛𝑒 −𝑛

𝑐) ∑ 𝑛𝑒 −𝑛

𝑑) ∑ 𝑛𝑘 𝑒 −𝑛

6) Usando o critério adequado, analise a convergência das seguintes séries:



𝑙𝑛 𝑛
𝑎) ∑
𝑛
𝑛=2

1
𝑏) ∑
𝑙𝑛 𝑛
𝑛=2

1
𝑐) ∑
√𝑛3 +1
1
𝑑) ∑ 3
2
√𝑛 + 1
(𝑛!)2
𝑒) ∑
(2𝑛)!
𝑎𝑛
𝑓) ∑ 2 , 𝑎 > 0
2𝑛

1
𝑔) ∑
(𝑙𝑛 𝑛)2
𝑛=2

ℎ) ∑ 𝑛𝑘 𝑎𝑛 , 0 < 𝑎 < 1

√𝑛
𝑖) ∑
2𝑛
1
𝑗) ∑
𝑛√𝑛

√𝑛 + 1 − √𝑛
𝑘) ∑
√𝑛
32

7) Verifique, em cada um dos seguintes exercícios, se a série dada é convergente. Em caso afirmativo, se
absoluta ou condicionalmente.
𝑐𝑜𝑠 3 𝑛
𝑎) ∑
𝑛2 + 1
(−1)𝑛 𝑛
𝑏) ∑
𝑛2 + 1
(−1)𝑛 √𝑛
𝑐) ∑
𝑛+1
𝑐𝑜𝑠 𝑘 − sen𝑘
𝑑) ∑
𝑘√𝑘

(−1)𝑛
𝑒) ∑
𝑙𝑛 𝑛
𝑛=2

[2𝑛 − (−3)𝑛 ]
𝑓) ∑
(2𝑛)! − 𝑛!

𝑛+1
𝑔) ∑(−1)𝑛
𝑛=1
(𝑛 + 1)√𝑛 + 1 − 1

(𝑛!)2
ℎ) ∑ 𝑐𝑜𝑠 𝑛
(2𝑛)!

8) Avaliar a convergência das seguintes séries:



1
𝑎) ∑ 𝑙𝑛 (1 + )
𝑛
𝑛=1

𝑛2 + 1
𝑏) ∑ 𝑙𝑛
𝑛2
𝑛=1

1
𝑐) ∑
𝑛 𝑙𝑛 𝑛
𝑛=2

1
𝑑) ∑
𝑛2 −𝑛
𝑛=2

2𝑛 𝑛!
𝑒) ∑
𝑛𝑛
𝑛=1

1+𝑛 (−1)𝑛 −𝑛
9) Formar a soma das séries ∑∞
𝑛=1 e ∑∞
𝑛=1 . Será ela convergente?
3𝑛 3𝑛

1 1
10) Formar a diferença das séries divergentes ∑∞ ∞
𝑛=1 2𝑛−1 e ∑𝑛=1 2𝑛 e, analisar sua convergência.
33

Operações com Séries

OPERAÇÕES COM SOMATÓRIO


Sejam 𝑚 𝑒 𝑛 ∈ ℕ, tal que 𝑚 < 𝑛 e 𝑎𝑖 , 𝑏𝑖 ∈ ℝ, para 𝑖 = 𝑚, 𝑚 + 1, … , 𝑛 e 𝑐 uma constante real:
𝑛 𝑛 𝑛

∑(𝑎𝑖 + 𝑏𝑖 ) = ∑ 𝑎𝑖 + ∑ 𝑏𝑖
𝑖=𝑚 𝑖=𝑚 𝑖=𝑚
𝑛 𝑛

∑(𝑘𝑎𝑖 ) = 𝑘 ∑ 𝑎𝑖
𝑖=𝑚 𝑖=𝑚

PROPRIEDADES:
Sejam 𝑚 𝑒 𝑛 ∈ ℕ, e 𝑎𝑖 ∈ ℝ, para 𝑖 = 𝑚, 𝑚 + 1, … , 𝑛 tem-se:
𝑛 𝑛+𝑝

∑ 𝑎𝑘 = ∑ 𝑎𝑘−𝑝
𝑘=𝑚 𝑘=𝑚+𝑝
𝑛 −𝑚

∑ 𝑎𝑘 = ∑ 𝑎−𝑘
𝑘=𝑚 𝑘=−𝑛

NOTAÇÃO PI MAIÚSCULO
O produtório é denotado por Π (pi maiúsculo), sendo essa a décima sexta letra do alfabeto grego.

A notação utilizada para representar o produtório de termos similares é o pi maiúsculo. Dada uma sequência,
o produtório é definido como:
𝑘

∏ 𝑎𝑛 = 𝑎𝑖 . 𝑎𝑖+1 . … . 𝑎𝑘
𝑛=𝑖

Onde 𝑛 é o índice do produtório; 𝑎𝑛 é uma variável indexada que representa cada termo do produtório; 𝑖 é
o índice inicial (ou limite inferior), e 𝑘 é o índice final (ou limite superior).
34

EXERCÍCIOS:
1) Some as séries, formando uma única série, deixando uma única potência de t:
∞ ∞
𝑡𝑛 𝑡𝑛
𝑎) ∑ +∑
(2𝑛)! (𝑛)!
𝑛=0 𝑛=1
∞ ∞
𝑡 2𝑛 𝑡𝑛
𝑏) ∑ +∑
2𝑛 𝑛
𝑛=1 𝑛=1
∞ ∞
𝑡 𝑛−1 𝑡𝑛
𝑐) ∑ + ∑(−1)𝑛
𝑛−1 𝑛(𝑛 − 1)
𝑛=2 𝑛=1

2) Resolvas a multiplicação, deixando todos os elementos dentro da série e uma única potência de t:

𝑡𝑛
𝑎)𝑡. ∑
𝑛!
𝑛=0

2
2𝑛 𝑡 𝑛
𝑏)𝑡 . ∑
(𝑛 + 1)(𝑛 + 2)
𝑛=0

2 ).
(−1)𝑛 𝑡 2𝑛
𝑐)(1 + 𝑡 + 𝑡 ∑
(2𝑛)!
𝑛=0

3) Verifique se são verdadeiras ou falsas:


200 200

𝑎) ∑ 𝑛 = ∑ 𝑛33

𝑛=0 𝑛=1
100 100

𝑏) ∑(3 + 𝑛) = 3 + ∑ 𝑛
𝑛=0 𝑛=0
200 200

𝑐) ∑(3𝑛) = 3 ∑ 𝑛
𝑛=1 𝑛=1

12 12 3

𝑑) ∑ 𝑛3 = (∑ 𝑛)
𝑛=0 𝑛=1
100 100

𝑒) ∑(3 + 𝑛) = 300 + ∑ 𝑛
𝑛=1 𝑛=1

Respostas:

3. V F V F V
35

Séries de Potência
Uma série de potências com centro em 𝑥0 é uma expressão da forma:

∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = 𝑎0 + 𝑎1 (𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑎2 (𝑥 − 𝑥0 )2 + 𝑎3 (𝑥 − 𝑥0 )3 + 𝑎4 (𝑥 − 𝑥0 )4 + ⋯
𝑛=0

Onde 𝑎𝑛 é constante, para 𝑛 natural.

Teorema: A série de potências ∑∞ 𝑛


𝑛=0 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 ) converge para uma das afirmações apenas:

i) Converge apenas para 𝑥 = 𝑥0 ;


ii) Converge absolutamente para todo 𝑥 ∈ ℝ;
iii) Converge absolutamente para |𝑥 − 𝑥0 | < 𝑅 e diverge para |𝑥 − 𝑥0 | > 𝑅, para 𝑅 > 0.

O número 𝑅 é denominado de raio de convergência e o intervalo 𝐼 = (𝑥0 − 𝑅, 𝑥0 + 𝑅) é denominado de


intervalo de convergência.

Exemplo 1: Verifique para que valores de 𝑥 a série de potência converge:


∑ 𝑛𝑥 𝑛
𝑛=0

Exemplo 2: Calcule o raio de convergência da série de potência:


∞ 2
1 𝑛
∑ (1 + ) (𝑥 − 1)𝑛
𝑛
𝑛=1
36

Séries de Taylor e MacLaurin

Considere a função 𝑓 definida pela série de potências em (𝑥– 𝑥0 ), 𝑓(𝑥) = ∑0 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 com raio de
convergência 𝑅 > 0. A função 𝑓 tem todas as derivadas em ]𝑥0 – 𝑅, 𝑥0 + 𝑅 [. Assim, tem-se que:

𝑓(𝑥) = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = 𝑎0 + 𝑎1 (𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑎2 (𝑥 − 𝑥0 )2 + ... ⇒ 𝑓(𝑥0 ) = 𝑎0


0

𝑓′(𝑥) = ∑ 𝑛𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )n-1 = 𝑎1 + 2𝑎2 (𝑥 − 𝑥0 ) + 3𝑎3 (𝑥 − 𝑥0 )2 ... ⇒ 𝑓′(𝑥0 ) = 𝑎1


1

𝑓′′(𝑥) = ∑ 𝑛(𝑛 − 1)𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛−2 = 2𝑎2 + 3.2𝑎3 (𝑥 − 𝑥0 ) + ... ⇒ 𝑓′′(𝑥0 ) = 2𝑎2


2

𝑓′′′(𝑥) = ∑ 𝑛(𝑛 − 1)(𝑛 − 2)𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛−3 = 3.2𝑎3 + 4.3.2𝑎4 . (𝑥 − 𝑥0 )... ⇒ 𝑓′′′(𝑥0 ) = 3.2𝑎3
3

Continuando com esse processo obtém-se:

𝑓 (𝑛) (𝑥0 ) = 𝑛!𝑎𝑛

𝑓 (𝑛) (𝑥0 )
𝑎𝑛 =
𝑛!
Desta maneira a série de potências de 𝑓 pode ser escrita na forma:

𝑓 (𝑛) (𝑥0 )
𝑓(𝑥) = ∑ (𝑥 − 𝑥0 )𝑛
𝑛!
𝑛=0

onde 𝑓 (0) (𝑥0 ) = 𝑓(𝑥0 ) = 𝑎0 . Esta série é chamada de Série de Taylor da função 𝑓 no ponto 𝑥0 . No caso
particular em que 𝑥0 = 0, a série é chamada de Série de Maclaurin.

Observação: As séries de Taylor e Maclaurin são importantes pois servem para aproximar funções por
polinômios numa vizinhança do ponto 𝑥0 .

Teorema de Taylor: Uma função 𝑓 pode ser aproximada por uma série de potência de grau n com centro em
𝑥0 desde que a função 𝑓 seja n vezes derivável. Assim:

𝑓 ′′ (𝑥0 ) 𝑓 ′′′ (𝑥0 ) 𝑓 (𝑛) (𝑥0 )


𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + 𝑓 ′ (𝑥0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + (𝑥 − 𝑥0 )2 + (𝑥 − 𝑥0 )3 + ⋯ + (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 + 𝑅𝑛 (𝑥)
2! 3! 𝑛!
Onde a fórmula integral do resto é dada por:
𝑥
𝑓 (𝑛+1) (𝑡)
𝑅𝑛 (𝑥) = ∫ (𝑥 − 𝑡)𝑛 𝑑𝑡
𝑛!
𝑥0

Ou seja, 𝑓(𝑥) = 𝑃𝑛 (𝑥) + 𝑅𝑛 (𝑥)


37

Exemplo 3: Encontrar a série de Maclaurin para a função 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥



𝑥
𝑥𝑛
e =∑
𝑛!
𝑛=0

Os polinômios de Taylor para essa função são:


3
y = exp(x) y = 1+x
▪ 𝑃𝑜 (𝑥) = 1 y = 1+x+(x^2)/2
▪ 𝑃1 (𝑥) = 1 + 𝑥 2
𝑥2
▪ 𝑃2 (𝑥) = 1 + 𝑥 + 2 y = 1
𝑥2 𝑥3 1
▪ 𝑃3 (𝑥) = 1 + 𝑥 + +
2 6

-3 -2 -1 1 2 3

-1

y = 1+x+(x^2)/2+(x^3)/6
-2

-3

Exemplo 4: Encontrar a série de Maclaurin para a função 𝑓(𝑥) = cos(𝑥)



(−1)𝑛 2𝑛
cos(𝑥) = ∑ 𝑥
(2𝑛)!
𝑛=0

Os polinômios de Taylor para essa função são: y = cos(x)


y = 41-(x^2)/2+(x^4)/24

• 𝑃𝑜 (𝑥) = 1 y = 1-(x^2)/2+(x^4)/24-(x^6)/720
3
𝑥2
• 𝑃1 (𝑥) = 1 − 2 2
𝑥2 𝑥4 y = 1
• 𝑃2 (𝑥) = 1 − 2 + 24
1
𝑥2 𝑥4 𝑥6
• 𝑃3 (𝑥) = 1 − 2 + 24
− 720 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1

-2

-3
y = 1-x^2/2
-4
38

Exemplo 5: Encontrar a série de Maclaurin para a função 𝑓(𝑥) = sen(𝑥)



(−1)𝑛 2𝑛+1
sen(𝑥) = ∑ 𝑥
(2𝑛 + 1)!
𝑛=0

Os polinômios de Taylor para essa função são:


y = sin(x)
4
• 𝑃𝑜 (𝑥) = 𝑥 y
y
=
=
x
x-(x^3)/6
𝑥3 3
• 𝑃1 (𝑥) = 𝑥 − 6
y = x-(x^3)/6+(x^5)/120

𝑥3 𝑥5 2
• 𝑃2 (𝑥) = 𝑥 − 6 + 120
1
𝑥3 𝑥5 𝑥7
• 𝑃3 (𝑥) = 𝑥 − 6 + 120
− 5040
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1

-2

-3

-4

Exemplo 6: Encontre a série de Taylor de 𝑓(𝑥) = 𝑒 −𝑥 em torno do ponto 𝑥 = 0


39

Exemplo 7: Encontre a série de Taylor de 𝑓(𝑥) = ln(1 + 𝑥) em torno do ponto 𝑥 = 0

Analiticidade em um ponto

Uma função 𝑓 é analítica no ponto 𝑥0 quando ela pode ser representada como uma série de potência em
(𝑥 − 𝑥0 ) com um raio de convergência 𝑅 positivo.

Exemplo 8: Para 𝑥0 = 0, tem-se a


▪ 𝑓(𝑥) = cos 𝑥
▪ 𝑓(𝑥) = sen 𝑥
▪ 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥
▪ 𝑓(𝑥) = ln(𝑥 + 1) para 𝑥0 = 0
40

Derivação e integração de séries de potência

Dada uma série de potências


∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = 𝑎0 + 𝑎1 (𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑎2 (𝑥 − 𝑥0 )2 + 𝑎3 (𝑥 − 𝑥0 )3 + 𝑎4 (𝑥 − 𝑥0 )4 + ⋯
𝑛=0

com raio de convergência 𝑅 > 0, considere a função


𝑓(𝑥) = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛
𝑛=0

Então:

• 𝑓 é contínua em ] 𝑥0 − 𝑅, 𝑥0 + 𝑅 [;
• Existe para todo 𝑥] 𝑥0 − 𝑅, 𝑥0 + 𝑅 [ a função derivada:

𝑓′(𝑥) = ∑ 𝑛𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛−1


𝑛=1

• Se 𝑥] 𝑥0 − 𝑅, 𝑥0 + 𝑅 [, então:
∞ ∞
1
∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = ∫ ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 𝑑𝑥 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+1 + 𝐶
𝑛+1
𝑛=0 𝑛=0

Exemplo 9: Encontre a função 𝑦′ e 𝑦′′ para:


𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = 𝑎0 + 𝑎1 (𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑎2 (𝑥 − 𝑥0 )2 + 𝑎3 (𝑥 − 𝑥0 )3 + 𝑎4 (𝑥 − 𝑥0 )4 + ⋯
𝑛=0
41

Definição: Série identicamente nula


Se a série

∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = 0
𝑛=0

Com 𝑅 > 0 para todo 𝑥 no intervalo de convergência, então 𝑎𝑛 = 0 para todo 𝑛.

Exemplo 10: Avalie a série ser identicamente nula, quais são as condições necessárias:

𝑦 = ∑(𝑎𝑛+1 − 2𝑎𝑛 )𝑥 𝑛 = 0
𝑛=0

Solução em forma de série de potência:

Se uma função pode ser escrita como uma série de potência, pode-se propor soluções de equações
diferenciais na forma de séries de potência:

𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛
𝑛=0

𝑦′ = ∑ 𝑛 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛−1
𝑛=1

𝑦′′ = ∑ 𝑛(𝑛 − 1) 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛−2


𝑛=2

Para facilitar os cálculos, utiliza-se o ponto 𝑥0 = 0, assim:


𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 𝑥 𝑛
𝑛=0

𝑦′ = ∑ 𝑛 𝑎𝑛 𝑥 𝑛−1
𝑛=1

𝑦′′ = ∑ 𝑛(𝑛 − 1) 𝑎𝑛 𝑥 𝑛−2


𝑛=2
42

Exemplo 11: Resolva a equação diferencial 𝑦 ′ = 2𝑦, utilize a solução na forma de série de potência.
43

Exemplo 12: Resolva a equação diferencial 𝑦 ′ + 𝑥 3 𝑦 = 0, utilize a solução na forma de série de potência.
44

Exemplo 13: Resolva a equação diferencial (1 + 𝑥)𝑦 ′ − 2𝑦 = 0, utilize a solução na forma de série de
potência.
45

ROTEIRO PARA RESOLUÇÃO EM SÉRIE DE POTÊNCIA:

1º) Avaliar se a ED tem 𝑥 = 0 como ponto ordinário.

2º) Abrir somas na ED, se houver.

3º) Substituir na 𝑦, 𝑦’ 𝑒 𝑦’’ na equação diferencial por solução em forma de série de potência:

𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 𝑥 𝑛
𝑛=0

𝑦′ = ∑ 𝑛 𝑎𝑛 𝑥 𝑛−1
𝑛=1

𝑦′′ = ∑ 𝑛(𝑛 − 1) 𝑎𝑛 𝑥 𝑛−2


𝑛=2

4º) As constantes e potências de 𝑥 que multiplicam a função e suas derivadas, se houver, devem ser levadas
para dentro do somatório.

5º) Desenvolver cada um dos somatórios, em média, uns três termos. Em seguida, verificar se os termos
iniciam com a mesma potência de 𝑥.

i. Caso sim, faz uma mudança de variável para que todas as potencias de x tenham o mesmo valor,
consequentemente os contadores iniciarão nos mesmos valores.
ii. Caso contrário, desenvolver os termos das series (retirar os elementos de dentro do somatório) para
que todas iniciem com a mesma potência. Os termos retirados dos somatórios devem gerar um
polinômio nulo.

6º) Juntar todos os termos em um único somatório (desde que a potência de x seja a mesma e os contadores
iniciem no mesmo valor). Avaliar a serie identicamente nula.

7º) Determinar a fórmula de recorrência

8º) Desenvolver os coeficientes 𝑎𝑛 , de preferência, até obter uma relação para 𝑎𝑛 .

9º) Substituir os coeficientes em


𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 = 𝑎0 + 𝑎1 𝑥 1 + 𝑎2 𝑥 2 + 𝑎3 𝑥 3 + 𝑎4 𝑥 4 + ⋯
𝑛=0

10º) Determinar a forma simplificada da solução para a ED.


46

Exercícios

1. Determine os raios de convergência das séries a seguir:


𝑎) ∑(𝑥 − 1)𝑛
𝑛=0

1
𝑏) ∑ (𝑥 + 1)𝑛
𝑛2
𝑛=1

(−1)𝑛 𝑛3
𝑐) ∑ (𝑥 − 2)𝑛
2𝑛
𝑛=0

𝑛! 𝑛
𝑑) ∑ 𝑥
𝑛𝑛
𝑛=0

(−1)𝑛+1 𝑛
𝑒) ∑ 𝑥
𝑛
𝑛=1

2. Determine a série de Taylor das funções:


𝜋
a) 𝑓(𝑥) = cos(𝑥) para 𝑥0 =
2
1
b) 𝑓(𝑥) = 𝑒 −2𝑥 para 𝑥0 = 0

c) 𝑓(𝑥) = ln(𝑥 2 + 1) para 𝑥0 = 0


1
d) 𝑓(𝑥) = para 𝑥0 = 4
√𝑥

e) 𝑓(𝑥) = arctg(𝑥) para 𝑥0 = 0

Respostas:

1. a) 𝑅 = 1 b) 𝑅 = 1 c) 𝑅 = 2 d) 𝑅 = 𝑒 e) 𝑅 = 1
(−1)𝑛 𝜋 2𝑛+1 (−1)𝑛 (−1)𝑛+1
2. a) 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=0 (2𝑛+1)! (𝑥 − 2 ) b) 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=0 2𝑛 𝑛!
𝑥𝑛 c) 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=1 𝑛
𝑥 2𝑛

1 (𝑥−4) (−1)𝑛 ∏𝑛
𝑘=0(3+2𝑘) 𝑥 2𝑛+1
d) 𝑓(𝑥) = 2 − 16
+ ∑∞
𝑛=0 27+3𝑛 𝑛!
(𝑥 − 4 )𝑛+2 e) 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=0(−1)
𝑛
2𝑛+1
47

Solução em série de Potência


- centro em ponto ordinário
Pontos ordinários

Um ponto 𝑥0 é um ponto ordinário ou não-singular da equação diferencial

𝑦 ′′ + 𝑃(𝑥)𝑦 ′ + 𝑄(𝑥)𝑦 = 0
Se 𝑃(𝑥) e 𝑄(𝑥) forem analíticas em 𝑥0 .

Uma função f é analítica no ponto 𝑥0 quando ela pode ser representada como uma série de potência em
(𝑥 − 𝑥0 ) com um raio de convergência 𝑅 positivo.

Um ponto que não é um ponto ordinário é considerado um ponto singular da equação diferencial.

Teorema da existência de soluções em séries de potência

Se 𝑥 = 𝑥0 for um ponto ordinário da equação diferencial

𝑦 ′′ + 𝑃(𝑥)𝑦 ′ + 𝑄(𝑥)𝑦 = 0
Podemos sempre encontrar duas soluções linearmente independentes na forma de série de potência
centrada em 𝑥0 :

𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛
𝑛=0

A série converge para uma solução em |𝑥 − 𝑥0 | < 𝑅, em que R é a distância do ponto 𝑥0 ao ponto singular
mais próximo (real ou complexo)

Exemplo 1: Resolva a equação diferencial 𝑦 ′′ + 𝑥 2 𝑦 = 0, utilize a solução na forma de série de potência.


48
49

Exemplo 2: Resolva a equação diferencial (𝑥 + 2)𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ − 𝑦 = 0, utilize a solução na forma de série de


potência.
50
51

Solução em série de Frobenius


- centro em ponto singular

Ponto singular regular: O ponto 𝑥0 é um singular regular (ou possui singularidade regular) da equação diferencial:

𝑦 ′′ + 𝑃(𝑥)𝑦 ′ + 𝑄(𝑥)𝑦 = 0
Se (𝑥 − 𝑥0 )𝑃(𝑥) e (𝑥 − 𝑥0 )²𝑄(𝑥) são analíticas em 𝑥0 .

Uma função f é analítica no ponto 𝑥0 quando ela pode ser representada como uma série de potência em (𝑥 − 𝑥0 ) com
um raio de convergência 𝑅 positivo.

Um ponto singular que não é um ponto singular regular é considerado um ponto singular irregular da equação diferencial.

Exemplo 1: Determine os pontos singulares da equação diferencial e classifique-os:


1
𝑥𝑦 ′′ + 𝑦=0
(𝑥 + 3)3

Observação: A equação de Cauchy-Euler dada pela equação diferencial

𝑎2 𝑥 2 𝒚′′ + 𝑎1 𝑥𝒚′ + 𝑎0 𝒚 = 0
Pode ser reescrita como:
𝑎1 ′ 𝑎0
𝒚′′ + 𝒚 + 𝒚=𝟎
𝑎2 𝑥 𝑎2 𝑥²
Assim, o ponto 𝑥0 = 0 é um ponto singular regular, então, ao usar a série de potência:

𝑦 = ∑ 𝑐𝑛 𝒙𝑛
𝑛=0

O teorema não garantirá obter duas soluções linearmente independente.


52

Exemplo 2: A equação diferencial dada por 𝑥²𝑦 ′′ − 3𝑥𝑦 ′ + 4𝑦 = 0 resolvendo por série de potência obtem apenas a
solução 𝑦 = 𝑥².
53

Teorema de Frobenius

Se 𝑥 = 𝑥0 for um ponto singular regular da equação diferencial

𝑦 ′′ + 𝑃(𝑥)𝑦 ′ + 𝑄(𝑥)𝑦 = 0
Então, existe pelo menos uma solução em série na forma:
∞ ∞

𝑦 = (𝑥 − 𝑥0 )𝑟 ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟
𝑛=0 𝑛=0

Onde r é uma constante a ser determinada.

A série converge pelo menos em algum intervalo 0 < 𝑥 − 𝑥0 < 𝑅.

A solução:

𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟
𝑛=0

𝑦′ = ∑(𝑛 + 𝑟)𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟−1


𝑛=0

𝑦′′ = ∑(𝑛 + 𝑟)(𝑛 + 𝑟 − 1)𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟−2


𝑛=0

Equação indicial

▪ Quando substituir as soluções na equação diferencial e expandir os termos para achar as potências comuns,
alguns termos em função do r implicarão em uma igualdade com zero, para garantir que a série seja
identicamente nula.

▪ Essa equação com as incógnitas r é denominada de equação indicial e suas raízes são denominadas raízes
indiciais, da singularidade.

▪ Essas determinam a solução, mas para garantir soluções linearmente independentes precisamos considerar três
possibilidades de relação numérica entre essas soluções.

Casos de raízes indiciais

Caso I: As raízes 𝑟1 e 𝑟2 não diferem por um número inteiro


𝑦1 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟1
𝑛=0

𝑦2 = ∑ 𝑏𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟2
𝑛=0

Onde 𝑎0 e 𝑏0 são diferentes de zero.


54

Exemplo 3: Resolva a equação diferencial

3𝑥𝑦 ′′ + (2 − 𝑥)𝑦 ′ − 𝑦 = 0
55
56

Caso II: As raízes 𝑟1 e 𝑟2 diferem por um número inteiro


𝑦1 = ∑ 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟1
𝑛=0

𝑦2 = 𝐶𝑦1 ln 𝑥 + ∑ 𝑏𝑛 (𝑥 − 𝑥0 )𝑛+𝑟2
𝑛=0

Onde 𝑎0 , 𝑏0 e 𝐶 são diferentes de zero.

Caso III: As raízes 𝑟1 e 𝑟2 são iguais:


𝑦1 = ∑ 𝑎𝑛 (𝒙 − 𝒙𝟎 )𝑛+𝑟1
𝑛=0

𝑦2 = 𝑦1 ln 𝑥 + ∑ 𝑏𝑛 (𝒙 − 𝒙𝟎 )𝑛+𝑟1
𝑛=0

Onde 𝑎0 e 𝑏0 são diferentes de zero.

A solução com centro em 𝑥0 = 0 pode ser expressa como:


𝑦 = ∑ 𝑎𝑛 𝑥 𝑛+𝑟
𝑛=0

𝑦′ = ∑(𝑛 + 𝑟)𝑎𝑛 𝑥 𝑛+𝑟−1


𝑛=0

𝑦′′ = ∑(𝑛 + 𝑟)(𝑛 + 𝑟 − 1)𝑎𝑛 𝑥 𝑛+𝑟−2


𝑛=0

Observação: Algumas equações diferenciais ocorrem com frequência em estudos avançados de matemática aplicada,
física e engenharia. Esse é o caso da equação de Bessel, considerando 𝜈 ≥ 0, dada por:

𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + (𝑥 2 − 𝜈 2 )𝑦 = 0
E da equação de Legendre, considerando 𝑛 inteiro e não negativo, dada por:

(1 − 𝑥 2 )𝑦 ′′ − 2𝑥𝑦 ′ + 𝑛(𝑛 + 1)𝑦 = 0

As soluções para ambas as equações são na forma de série infinita em torno de 𝑥0 = 0. Nesse caso, 𝑥0 = 0 é ponto
singular regular para a equação de Bessel e é ponto ordinário para a equação de Legendre.
57

Exercícios:

1. Resolva as equações diferenciais por séries de potência em torno do ponto 𝑥 = 0:

a) (1 + 𝑥)𝑦 ′′ + 𝑦 = 0

b) 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ − 2𝑦 = 0

c) (𝑥 − 1)𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ + 𝑥𝑦 = 0 , onde 𝑦(0) = 0 e 𝑦 ′ (0) = 2

d) 𝑦 ′′ − 𝑥 3 𝑦 = 0

e) 𝑦 ′′ − 𝑥𝑦 ′ − (𝑥 + 2)𝑦 = 0

2. Resolva as equações diferenciais usando o método de Frobenius para obter duas soluções linearmente
independente em torno do ponto 𝑥 = 0.

a) 2𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥(𝑥 − 1)𝑦 ′ + 𝑦 = 0

b) 3𝑥𝑦 ′′ + (2 − 𝑥)𝑦 ′ + 2𝑦 = 0
58

Respostas:
𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥3 𝑥4
1. a) 𝑦 = 𝑎0 (1 − + − + ⋯ ) + 𝑎1 (𝑥 − + + ⋯)
2 6 24 6 12

𝑥3 𝑥5 3𝑥 7 15𝑥 9
b) 𝑦 = 𝑎0 (1 + 𝑥 2 ) + 𝑎1 (𝑥 + − + − + ⋯)
3! 5! 7! 9!

𝑥3 𝑥4 𝑥5
c) 𝑦 = 2 (𝑥 + 𝑥 2 + + + + ⋯)
3 4 5

𝑥5 𝑥 10 𝑥6 𝑥 11
d) 𝑦 = 𝑎0 (1 + 5.4 + 10.9.5.4 + ⋯ ) + 𝑎1 (𝑥 + 6.5 + 11.10.6.5 + ⋯ )

𝑥3 𝑥4 𝑥3 𝑥4
e) 𝑦 = 𝑎0 (1 + 𝑥 2 + + + ⋯ ) + 𝑎1 (𝑥 + + + ⋯)
6 3 2 12

1
(−1)𝑛 (−1)𝑛
2. a) 𝑦 = 𝑎0 ∑∞
𝑛=0 ∏𝑛 𝑥 𝑛+1 + 𝑎1 ∑∞
𝑛=0 2𝑛 𝑛!
𝑥 𝑛+2
𝑘=0(2𝑘+1)

1
𝑥2 ∏𝑛𝑘=0(3𝑘−5)
b) 𝑦 = 𝑎0 (1 − 𝑥 + 10) + 𝑎1 𝑥 3 (1 + ∑∞
𝑛=0 ∏𝑛 (3𝑘+4)(3𝑘+3)
𝑥 𝑛+1 )
𝑘=0
59

Série de Fourier
Existem muitos elementos que geram vibrações. A seguir, algumas formas de onda da nota sol (396 Hz) via
gerador de sinais, violino e piano (Fonte: Parker, 2009)

O monitoramento da condição de máquinas rotativas e alternativas pode ser feito via análise de vibrações,
pois defeitos típicos apresentam padrões espectrais próprios
60

Exemplo: Considere uma válvula hidráulica e sua haste elástica modeladas como um sistema massa-mola-
amortecedor viscoso, como mostra a figura a seguir. Além das forças da mola e do amortecedor, existe a
força de pressão do fluido, que é exercida sobre o corpo da válvula e muda com o seu grau de abertura.
Considerando, para o sistema em questão, os seguintes parâmetros: 𝑚 = 0,25 𝑘𝑔, 𝑐 = 10 𝑘𝑔/𝑠 e 𝑘 =
2500 𝑁/𝑚. Nesse caso, a pressão varia na forma de onda triangular dada pelo gráfico a seguir.

Uma prensa de estampagem, de 500 kg, e submetida à forca periódica 𝑓(𝑡) ilustrada na figura a seguir. A
prensa opera a 120 𝑟𝑝𝑚 e se encontra sobre uma fundação elástica de rigidez igual a 1,25𝑥106 𝑁/𝑚, com
𝜁 = 0,1.
61

Produto interno entre funções: O produto interno das funções 𝑓 e 𝑔 em um intervalo [𝑎, 𝑏] é o número dado
por:
𝑏

(𝑓, 𝑔) = ∫ 𝑓 (𝑥). 𝑔(𝑥)𝑑𝑥


𝑎

Duas funções 𝑓 e 𝑔 são ortogonais em um intervalo [𝑎, 𝑏] se o produto interno entre f e g for nulo, ou seja:
𝑏

(𝑓, 𝑔) = ∫ 𝑓 (𝑥). 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 = 0


𝑎

Exemplo 1: Verifique que as funções 𝑓(𝑥) = 𝑥² e 𝑔(𝑥) = 𝑥³ são ortogonais no intervalo [−1,1]

Conjuntos ortogonais: Diz-se que um conjunto de funções com valores reais {𝜙0 , 𝜙1 , 𝜙2 , … , } é um conjunto
ortogonal em um intervalo [𝑎, 𝑏] se, para 𝑚 ≠ 𝑛, tem-se:
𝑏

(𝜙𝑚 , 𝜙𝑛 ) = ∫ 𝜙𝑚 (𝑥). 𝜙𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = 0


𝑎

Exemplo 2: São conjuntos ortogonais em [−𝜋, 𝜋]:

{1, 𝑐𝑜𝑠 𝑥, 𝑐𝑜𝑠 2𝑥, 𝑐𝑜𝑠 3𝑥, … , 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝑥, … }


{0, 𝑠𝑒𝑛 𝑥, 𝑠𝑒𝑛 2𝑥, 𝑠𝑒𝑛 3𝑥, … , 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝑥, … }
{0,1, 𝑠𝑒𝑛 𝑥, cos 𝑥 , 𝑠𝑒𝑛 2𝑥, cos 2𝑥, 𝑠𝑒𝑛 3𝑥, cos 3𝑥 , … , 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝑥, cos 𝑛𝑥, …}

3 1 5 3
Exemplo 3: O conjunto {1, 𝑥, 2 𝑥 2 − 2 , 2 𝑥 3 − 2 𝑥, … } é um conjunto ortogonal em [−1,1]

Os polinômios de Legendre são um conjunto ortogonal, esse nome é homenagem a Adrien-Marie Legendre,
formam as soluções polinomiais da equação diferencial de Legendre:

(1 − 𝑥 2 )𝑃′′ − 2𝑥𝑃′ + 𝑛2 𝑃 = 0
1 𝑑𝑛
Cada polinômio de Legendre 𝑃𝑛 (𝑥) é um polinômio de n-ésimo grau: 𝑃𝑛 (𝑥) = 2𝑛 .𝑛! 𝑑𝑥 𝑛 [(𝑥 2 − 1)𝑛 ]
62

Conjunto ortonormal: Se o módulo ou norma2 da função denotado por ‖𝜙𝑚 (𝑥)‖ = 1, para qualquer 𝑚,
então o conjunto {𝜙0 , 𝜙1 , 𝜙2 , … , } é um conjunto ortonormal, onde:

‖𝜙𝑚 (𝑥)‖ = (𝜙𝑚 , 𝜙𝑚 )2 = √∫ 𝜙𝑚 (𝑥). 𝜙𝑚 (𝑥)𝑑𝑥


𝑎

Exemplo 4: Conjunto ortonormal em [−𝑝, 𝑝]:

1 1 𝜋𝑥 1 𝜋𝑥 1 2𝜋𝑥 1 2𝜋𝑥 1 𝑛𝜋𝑥 1 𝑛𝜋𝑥


{ , 𝑐𝑜𝑠 ( ), 𝑠𝑒𝑛 ( ) , 𝑐𝑜𝑠 ( ), 𝑠𝑒𝑛 ( ),…, 𝑐𝑜𝑠 ( ), 𝑠𝑒𝑛 ( ),…}
√2𝑝 √𝑝 𝑝 √𝑝 𝑝 √𝑝 𝑝 √𝑝 𝑝 √𝑝 𝑝 √𝑝 𝑝

Como obter conjuntos ortogonais?

Analisando o processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt

Considerando os vetores 𝑣⃗1 , 𝑣⃗2 𝑒 𝑣⃗3 , vetores não nulos, mutuamente ortogonais no espaço ℝ³. Um vetor 𝑢
⃗⃗
pode ser escrito como combinação linear desses vetores:

𝑢
⃗⃗ = 𝑐1 𝑣⃗1 + 𝑐2 𝑣⃗2 + 𝑐3 𝑣⃗3
Onde 𝑐1 , 𝑐2 e 𝑐3 são escalares chamados de componentes do vetor.

Cada componente pode ser expresso em termos de 𝑢


⃗⃗ e do correspondente 𝑣⃗𝑖 , aplicando o produto interno
com 𝑣⃗1 , tem-se:

(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗1 ) = 𝑐1 (𝑣⃗1 , 𝑣⃗1 ) + 𝑐2 (𝑣⃗2 , 𝑣⃗1 ) + 𝑐3 (𝑣⃗3 , 𝑣⃗1 )
Assim,
(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗1 )
𝑐1 =
‖𝑣⃗1 ‖2

Além disso:
(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗2 )
𝑐2 =
‖𝑣⃗2 ‖2
(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗3 )
𝑐3 =
‖𝑣⃗3 ‖2

Assim, reescrevendo a combinação linear

𝑢
⃗⃗ = 𝑐1 𝑣⃗1 + 𝑐2 𝑣⃗2 + 𝑐3 𝑣⃗3
Tem-se:
(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗1 ) (𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗2 ) (𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗3 )
𝑢
⃗⃗ = 𝑣⃗1 + 𝑣⃗2 + 𝑣⃗
‖𝑣⃗1 ‖ 2 ‖𝑣⃗2 ‖ 2 ‖𝑣⃗3 ‖2 3

Pode-se escrever em forma de somatório:


3
(𝑢
⃗⃗, 𝑣⃗𝑖 )
𝑢
⃗⃗ = ∑ 𝑣⃗
‖𝑣⃗𝑖 ‖2 𝑖
𝑖=1
63

Série de Fourier Generalizada

Considerando {𝜙0 , 𝜙1 , 𝜙2 , … , } um conjunto ortogonal infinito de funções em um intervalo [𝑎, 𝑏], pode-se
escrever uma função 𝑓(𝑥) como uma combinação linear das funções:

𝑓(𝑥) = 𝑐0 𝜙0 + 𝑐1 𝜙1 + ⋯ + 𝑐𝑛 𝜙𝑛 + ⋯
Utilizamos o mesmo procedimento para obter os coeficientes

(𝜙𝑘 , 𝑓(𝑥)) = 𝑐0 (𝜙𝑘 , 𝜙0 ) + 𝑐1 (𝜙𝑘 , 𝜙1 ) + ⋯ + 𝑐𝑘 (𝜙𝑘 , 𝜙𝑘 ) + ⋯

Assim,

(𝜙𝑘 , 𝑓(𝑥)) = 0 + 0 + ⋯ + 0 + 𝑐𝑘 (𝜙𝑘 , 𝜙𝑘 ) + 0 + ⋯

Logo,
𝑏 𝑏

∫ 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑐𝑘 ∫ 𝜙𝑘 (𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥)𝑑𝑥


𝑎 𝑎

Os coeficientes podem ser calculados por:


𝑏 𝑏
∫𝑎 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ∫ 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑐𝑘 = 𝑏 = 𝑎
∫𝑎 𝜙𝑘 (𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥)𝑑𝑥 ‖𝜙𝑘 (𝑥)‖2

Portanto, a função pode ser escrita como uma série de Fourier generalizada:

𝑓(𝑥) = 𝑐0 𝜙0 + 𝑐1 𝜙1 + ⋯ + 𝑐𝑛 𝜙𝑛 + ⋯
Assim:
∞ 𝑏
∫𝑎 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑓(𝑥) = ∑ 𝑏
. 𝜙𝑘 (𝑥)
𝑘=1 ∫𝑎 𝜙𝑘 (𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥)𝑑𝑥

Esta é a série de Fourier generalizada.

Funções ortogonais com pesos

Diz-se que um conjunto de funções com valores reais {𝜙0 , 𝜙1 , 𝜙2 , … , } é ortogonal em relação a uma função
peso 𝑤(𝑥) em um intervalo [𝑎, 𝑏] se para 𝑚 ≠ 𝑛:
𝑏

(𝜙𝑚 , 𝜙𝑛 ) = ∫ 𝑤(𝑥). 𝜙𝑚 (𝑥). 𝜙𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = 0


𝑎
64

1 2
Exemplo 5: {1, −𝑥 + 1, 2
𝑥 − 2𝑥 + 1, … } com 𝑤(𝑥) = 𝑒 −𝑥 em [0, ∞[

Os polinômios de Laguerre são uma família de polinômios ortogonais em homenagem a Edmond Laguerre, e
aparecem na análise de soluções para a equação diferencial
𝑥𝑦 ′′ + (1 − 𝑥)𝑦 ′ + 𝑛𝑦 = 0
Desenvolvendo em série de potências 𝑦(𝑥) = ∑∞ 𝑘
𝑘=0 𝑎𝑘 𝑥 , obtemos uma relação de recorrência entre
coeficientes consecutivos,
𝑘−𝑛
𝑎𝑘+1 = 𝑎 , 𝑘 = 0,1,2,3 ….
(𝑘 + 1)2 𝑘
Pode-se ver que quando 𝑛 é natural o coeficiente da potência de grau maior e diferente de n se anula. Ou
seja, uma solução linearmente independente é um polinômio de grau 𝑛 (polinômio de Laguerre de ordem 𝑛,
denotados por 𝐿𝑛 (𝑥)).

Exemplo 6: {1, 2𝑥, 4𝑥 2 − 2, … } com 𝑤(𝑥) = 𝑒 −𝑥² em (−∞, ∞)

A equação diferencial de segunda ordem com coeficientes específicos como 𝑦 ′′ − 2𝑥𝑦 ′ + 2𝑛𝑦 = 0 é
conhecida como equação de Hermite, ao resolver esta equação diferencial obteremos o polinômio que
é Polinômio de Hermite.

2 𝑑𝑛 2
Os polinômios de Hermite são dados por: 𝐻𝑛 (𝑥) = (−1)𝑛 𝑒 𝑥 𝑑𝑥 𝑛
(𝑒 −𝑥 )

Série de Fourier Generalizada com função peso

Os coeficientes podem ser calculados por:


𝑏
∫𝑎 𝑤(𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑐𝑘 = 𝑏
∫𝑎 𝑤(𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥)𝑑𝑥

Portanto, a função pode ser escrita como uma série de Fourier generalizada com função peso:

𝑓(𝑥) = 𝑐0 𝜙0 + 𝑐1 𝜙1 + ⋯ + 𝑐𝑛 𝜙𝑛 + ⋯
∞ 𝑏
∫𝑎 𝑤(𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥). 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑓(𝑥) = ∑ 𝑏
. 𝜙𝑘 (𝑥)
𝑘=1 ∫𝑎 𝑤(𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥). 𝜙𝑘 (𝑥)𝑑𝑥
65

Série de Fourier

Considerando o conjunto ortogonal em [−𝑝, 𝑝] dado por:


𝜋𝑥 𝜋𝑥 2𝜋𝑥 2𝜋𝑥 𝑛𝜋𝑥 𝑛𝜋𝑥
{1, 𝑐𝑜𝑠 ( ) , 𝑠𝑒𝑛 ( ) , 𝑐𝑜𝑠 ( ) , 𝑠𝑒𝑛 ( ) , … , 𝑐𝑜𝑠 ( ) , 𝑠𝑒𝑛 ( ),…}
𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝
Supondo que a função 𝑓 está definida no intervalo (−𝑝, 𝑝), então, é possível escrever a função como uma
série trigonométrica, denominada de série de Fourier em homenagem a Jean-Baptiste Joseph Fourier, é dada
por:
∞ ∞
𝑎0 𝑛𝜋𝑥 𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = + ∑ 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠 ( ) + ∑ 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛 ( )
2 𝑝 𝑝
𝑛=1 𝑛=1

Utilizando a condição de ortogonalidade é possível obter os coeficientes de Fourier:


𝑝
1
𝑎0 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑝
−𝑝
𝑝
1 𝑛𝜋𝑥
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑥). 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑑𝑥
𝑝 𝑝
−𝑝
𝑝
1 𝑛𝜋𝑥
𝑏𝑛 = ∫ 𝑓(𝑥). 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑑𝑥
𝑝 𝑝
−𝑝

Teorema da convergência

Sejam 𝑓 e 𝑓′ parcialmente contínuas no intervalo (−𝑝, 𝑝), isto é, sejam 𝑓 e 𝑓′ contínuas exceto em um
número finito de pontos do intervalo e tendo apenas descontinuidades finitas nesses pontos. Então, a série
de Fourier no intervalo (−𝑝, 𝑝) converge para 𝑓(𝑥) em um ponto de continuidade.

Em pontos de descontinuidade, a série converge para a média


𝑓(𝑥+ ) + 𝑓(𝑥− )
2
Onde 𝑓(𝑥+ ) e 𝑓(𝑥− ) denotam os limites de 𝑓 em 𝑥 à direita e à esquerda, respectivamente.
66

Exemplo 7: Considere a função definida em [−𝜋, 𝜋]:


−𝑥, − 𝜋 < 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {
𝑥, 0 ≤ 𝑥 < 𝜋
Graficamente, tem-se as 4 primeiras aproximações, ou seja, 𝑛 = 0,1,2,3:

Exemplo 8: Considere a função definida em [−𝜋, 𝜋]:


−1, − 𝜋 < 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {
1, 0 ≤ 𝑥 < 𝜋
Graficamente, tem-se as 4 primeiras aproximações, ou seja, 𝑛 = 1,2,3,4:
67

y
Exemplo 9: Encontre a série de Fourier para

−1, −𝜋 < 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {
2, 0 ≤ 𝑥 < 𝜋

− − −   

−

−

−

−
68

Exemplo 10: Encontre a série de Fourier para y

0, −1 < 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {
𝑥, 0 ≤ 𝑥 < 1 

− − − − − 

−

−

−

−
69

Gráficos no Winplot

A função: 𝑓(𝑥) = 𝑥, − 2 < 𝑥 < 2.

A série de Fourier relacionada:



4 𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = ∑(−1)𝑛+1 𝑠𝑒𝑛 ( )
𝜋 2
𝑛=1

Comando no Winplot:

Função explícita, periódica, 𝑓(𝑥) = 𝑥, no intervalo (−2, 2)

Função explícita 𝑓(𝑥) = (4/𝑝𝑖) ∗ 𝑠𝑢𝑚((−1)^(𝑛 + 1) ∗ 𝑠𝑖𝑛((𝑛 ∗ 𝑝𝑖 ∗ 𝑥)/2), 𝑛, 1,4)

Paridade de funções:

Se uma função é par: 𝑓(−𝑥) = 𝑓(𝑥), a função é simétrica em relação ao eixo 𝑦. E a integral pode ser
expressa:
𝑝 𝑝

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 2 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
−𝑝 0

Se uma função é ímpar: 𝑓(−𝑥) = −𝑓(𝑥), a função é simétrica em relação a origem. E a integral pode ser
expressa:
𝑝

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 0
−𝑝

Propriedades de paridade

▪ O produto (divisão) de duas funções pares é uma função par;

▪ O produto (divisão) de duas funções ímpares é uma função par;

▪ O produto (divisão) de uma função par e uma função ímpar é uma função ímpar;

▪ A soma (diferença) de duas funções pares é uma função par;

▪ A soma (diferença) de duas funções ímpares é uma função ímpar;

▪ Se f é par, então:
𝑝 𝑝

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 2 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
−𝑝 0

▪ Se f é ímpar, então:
𝑝

∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 0
−𝑝
70

Série de Fourier de cossenos

A série de Fourier de uma função f par definida no intervalo (−𝑝, 𝑝) é dada por:

𝑎0 𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = + ∑ 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠 ( )
2 𝑝
𝑛=1

Onde:

𝑝
2
𝑎0 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑝
0
𝑝
2 𝑛𝜋𝑥
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑥). 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑑𝑥
𝑝 𝑝
0

𝑏𝑛 = 0
y

Exemplo 11: Encontre a série de Fourier de 𝑓(𝑥) = |𝑥|, − 𝜋 < 𝑥 < 𝜋


− − − − − 

−

−

−

−
71

Série de Fourier de senos

A série de Fourier de uma função f ímpar definida no intervalo (−𝑝, 𝑝) é dada por:

𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = ∑ 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛 ( )
𝑝
𝑛=1

Onde:
𝑝
2 𝑛𝜋𝑥
𝑏𝑛 = ∫ 𝑓(𝑥). 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑑𝑥
𝑝 𝑝
0

𝑎0 = 0
𝑎𝑛 = 0
y

𝑥 + 1, −1 < 𝑥 < 0
Exemplo 12: Encontre a série de Fourier de 𝑓(𝑥) = {
𝑥 − 1, 0 < 𝑥 < 1 

− − − − − 

−

−

−

−
72

Desenvolvimento em meio intervalo:

Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) é definida no intervalo 0 < 𝑥 < 𝐿, podemos representar o intervalo (−𝑝, 𝑝) com as seguintes
opções:

▪ Refletir o gráfico da função em relação ao eixo y sobre −𝐿 < 𝑥 < 0, fazendo a função se tornar par;

▪ Refletir o gráfico da função em relação à origem sobre −𝐿 < 𝑥 < 0, fazendo a função se tornar ímpar;

▪ Definir a função −𝐿 < 𝑥 < 0 repetindo o gráfico, assim: 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥 + 𝐿)

Exemplo 13: Descreva as possibilidades de desenvolver a série de Fourier para: y


𝑓(𝑥) = 2 − 𝑥, 0 < 𝑥 < 2

− − − − −   

−

−

y y
−
 


−

  −

x x

− − − − −   −  − − − −   

− −

− −

− y −


− −

−

−

− − − − −   

−

−

−

−

−
73

Exercícios:

1. Desenvolva a série de Fourier para as funções esboçadas a seguir:

a) b)

2. Obtenha a série de Fourier para as funções definidas a seguir:

a) 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 2𝑥 + 1, no intervalo [−𝜋, 𝜋]


0, −𝜋 < 𝑥 < 0
b) 𝑓(𝑥) = { 2
𝑥 , 0<𝑥<𝜋

3. Identifique se a função apresenta paridade e obtenha a série de Fourier para as funções definidas a seguir:

a) 𝑓(𝑥) = 𝑥. sen 𝑥 no intervalo [−𝜋, 𝜋]


1, −2 < 𝑥 < 0
b) 𝑓(𝑥) = {
−1, 0 < 𝑥 < 2

4. Desenvolva a expansão em série de Fourier, como função par, ímpar e periódica.


1, 𝑠𝑒 0 < 𝑥 < 1
𝑓(𝑥) = {
2 − 𝑥, 𝑠𝑒 1 < 𝑥 < 2
74

Respostas:
4
1. a) 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=1 sen(2𝑛𝑥)
𝜋𝑛

16 𝑛𝜋 𝑛𝑥
b) 𝑓(𝑥) = −1 + ∑∞ 𝑛
𝑛=1 𝜋2 𝑛2 ((−1) − cos ( 2 )) cos ( 2 )

𝜋2 4(−1)𝑛 4(−1)𝑛
2. a) 𝑓(𝑥) = 1 + 3
+ ∑∞
𝑛=1 ( 𝑛 2 cos(𝑛𝑥) + 𝑛
sen(𝑛𝑥))

𝜋2 2(−1)𝑛 𝜋(−1)𝑛+1 2((−1)𝑛 −1)


b) 𝑓(𝑥) = + ∑∞
𝑛=1 ( cos(𝑛𝑥) + ( + ) sen(𝑛𝑥))
6 𝑛2 𝑛 𝜋𝑛3

1 2(−1)𝑛
3. a) Função par, 𝑓(𝑥) = 1 − 2 cos(𝑥) + ∑∞
𝑛=2 1−𝑛2
cos(𝑛𝑥)

2((−1)𝑛 −1) 𝑛𝜋𝑥


b) Função ímpar, 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=1 𝑛𝜋
sen ( 2 )

3 4 𝑛𝜋 𝑛𝜋𝑥
4. Desenvolvimento par: 𝑓(𝑥) = 4 + ∑∞ 𝑛
𝑛=1 𝜋2 𝑛2 (cos ( 2 ) − (−1) ) cos ( 2
)

2 4 𝑛𝜋 𝑛𝜋𝑥
Desenvolvimento ímpar: 𝑓(𝑥) = ∑∞
𝑛=1 (𝑛𝜋 + 𝜋2 𝑛2 sen ( 2 )) sen ( 2
)

3 4((−1)𝑛 −1) 𝑛𝜋𝑥 1 𝑛𝜋𝑥


Desenvolvimento periódico: 𝑓(𝑥) = 4 + ∑∞
𝑛=1 ( 𝜋2 𝑛 2
cos ( 2 ) + 𝑛𝜋 sen ( 2 ))
75

Problemas de Sturm-Liouville
Revisão de algumas EDO utilizando um parâmetro 𝜆

Exemplo 1: Resolva a equação 𝑦 ′ + 𝑘𝑦 = 0, com 𝑘 constante.

Exemplo 2: Resolva a equação 𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ − 𝜆2 𝑦 = 0


76

As funções ortogonais surgem na resolução de problemas de valores de contorno de dois pontos que envolva
uma equação diferencial linear de segunda ordem contendo um parâmetro 𝜆.

Exemplo 3: Resolva o problema de valor de contorno 𝑦 ′′ + 𝑘𝑦 = 0, com 𝑘 constante, onde 𝑦(0) = 0 e


𝑦(𝜋) = 0, considere as seguintes possibilidades:

▪ 𝑘=0

▪ 𝑘 = −𝜆2 < 0

▪ 𝑘 = 𝜆2 > 0
77

Autofunção e autovetores

Uma autofunção de um operador linear D definida em algum espaço de função é qualquer função diferente
de zero f naquele espaço que, quando acionada por D, é apenas multiplicada por algum escalar
denominado autovalor.

No caso em que D é definido em um espaço de funções, os autovetores são referidos como autofunções. Ou
seja, uma função f é uma autofunção de D se ela satisfizer a equação:

𝐷𝑓 = 𝜆𝑓
para algum autovalor escalar λ.

As soluções para esta equação também podem estar sujeitas a condições de contorno que limitam os
autovalores e autofunções permitidos.

Por causa das condições de contorno, os valores possíveis de λ são geralmente limitados, por exemplo, a um
conjunto discreto 𝜆1 , 𝜆2 , 𝜆3 , … ou a um conjunto contínuo ao longo de algum intervalo. O conjunto de todos
os autovalores possíveis de 𝐷 é chamado de espectro, que pode ser discreto, contínuo ou uma combinação
de ambos.

Cada valor de λ corresponde a uma ou mais autofunções. Se várias autofunções linearmente independentes
têm o mesmo autovalor, o autovalor é dito degenerado e o número máximo de autofunções linearmente
independentes associadas ao mesmo autovalor é o grau de degeneração ou multiplicidade geométrica do
autovalor.

Exemplo 4: Determine os autovalores e autofunção do problema de valor de contorno 𝑦 ′′ + 𝜆2 𝑦 = 0, onde


𝑦(−1) = 0 e 𝑦(1) = 0:
78

Problema regular de Sturm-Liouville

Sejam 𝑝, 𝑞, 𝑟 e 𝑟′ funções contínuas com valores reais no intervalo [𝑎, 𝑏], 𝑟(𝑥) > 0 e 𝑝(𝑥) > 0 para todo 𝑥
no intervalo. O problema de contorno de dois pontos:
𝑑
[𝑟(𝑥)𝑦′] + (𝑞(𝑥) + 𝜆𝑝(𝑥))𝑦 = 0
𝑑𝑥
Sujeito às condições de contorno homogêneas:

𝛼1 𝑦(𝑎) + β1 𝑦 ′ (𝑎) = 0
𝛼2 𝑦(𝑏) + β2 𝑦 ′ (𝑏) = 0
É chamado de problema regular de Sturm-Liouville. Ressalta-se que os coeficientes 𝛼1 , 𝛼2 , 𝛽1 e 𝛽2
independem de 𝜆, e 𝛼1 e 𝛽1 não são simultaneamente nulos, assim como 𝛼2 e 𝛽2 .

Note que o problema de Sturm-Liouville sempre admite a solução trivial 𝑦(𝑥) = 0, mas, buscar-se as soluções
não triviais 𝑦 que dependam de valores de 𝜆, ou seja, autofunções.

Propriedades do problema regular de Sturm-Liouville

i. Existe um número infinito de autovalores reais que podem ser dispostos em ordem crescente
𝜆1 < 𝜆2 < 𝜆3 < ⋯ tais que 𝜆𝑛 → ∞ quando 𝑛 → ∞.
ii. Para cada autovalor há apenas uma autofunção (exceto para múltiplos não-zeros)
iii. As autofunções correspondentes a diferentes autovalores são linearmente independentes.
iv. O conjunto de autofunções correspondente ao conjunto de autovalores é ortogonal em relação
à função peso 𝑤(𝑥) no intervalo [𝑎, 𝑏].

Problema singular de Sturm-Liouville

Sejam 𝑝, 𝑞, 𝑟 e 𝑟′ funções contínuas com valores reais no intervalo [𝑎, 𝑏], 𝑟(𝑥) ≥ 0 e 𝑝(𝑥) > 0 para todo 𝑥
no intervalo, o problema:
𝑑
[𝑟(𝑥)𝑦′] + (𝑞(𝑥) + 𝜆𝑝(𝑥))𝑦 = 0
𝑑𝑥
Supondo que as soluções desse problema sejam limitadas no intervalo fechado [𝑎, 𝑏], pode-se afirmar que:

i. Se 𝑟(𝑎) = 0, então a relação de ortogonalidade é válida sem qualquer condição de contorno em


𝑥 = 𝑎.
ii. Se 𝑟(𝑏) = 0, então a relação de ortogonalidade é válida sem qualquer condição de contorno em
𝑥 = 𝑏.
iii. Se 𝑟(𝑎) = 𝑟(𝑏) = 0, então a relação de ortogonalidade é válida sem qualquer condição de
contorno, seja em 𝑥 = 𝑎 ou 𝑥 = 𝑏.

Note que o problema de Sturm-Liouville é singular quando o intervalo considerado é infinito.


79

Exemplo 5: Resolva o problema de valor de contorno:

𝑦 ′′ + 𝑘𝑦 = 0
Sujeito às condições de contorno:

𝑦(0) = 0
𝑦(1) + 𝑦 ′ (1) = 0
80

Exercícios

1. Determine os autovalores e as autofunções do problema de contorno dado:

a. 𝑦 ′′ + 𝜆𝑦 = 0, 𝑦′(0) = 0, 𝑦(𝐿) = 0

b. 𝑦 ′′ + 𝜆𝑦 = 0, 𝑦′(0) = 0, 𝑦′(𝜋) = 0

c. 𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ + (𝜆 + 1)𝑦 = 0, 𝑦(0) = 0, 𝑦(5) = 0


81

Equações diferenciais parciais


A forma geral de uma equação de derivadas parciais de segunda ordem linear (EDP) em duas variáveis
independentes 𝑥 e 𝑦 é:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢


𝐴 +𝐵 +𝐶 +𝐷 +𝐸 + 𝐹𝑢 = 𝐺
𝜕𝑥² 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦² 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Onde:

▪ A função 𝑢(𝑥, 𝑦) depende das variáveis 𝑥 e 𝑦


▪ 𝐴, 𝐵, 𝐶, 𝐷, 𝐸, 𝐹 e 𝐺 são funções de 𝑥 e 𝑦.
Quando 𝐺(𝑥, 𝑦) = 0, a equação se diz homogênea, caso contrário, a equação é não-homogênea.

Classificação das equações diferenciais parciais:

A equação de derivadas parciais linear de segunda ordem homogênea:


𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
𝐴 +𝐵 +𝐶 +𝐷 +𝐸 + 𝐹𝑢 = 0
𝜕𝑥² 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦² 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Onde: A, B, C, D, E, F e G são constantes reais, é:

Hiperbólica Parabólica Elíptica


2 2 2
𝐵 − 4𝐴𝐶 > 0 𝐵 − 4𝐴𝐶 = 0 𝐵 − 4𝐴𝐶 < 0
Apresenta duas curvas Apresenta apenas uma curva Não têm curvas características
características reais. característica reais.
O domínio das soluções é um Uma perturbação se propaga
espaço aberto. instantaneamente em todas as
direções.
Equação da onda (1D) Equação do calor (1D) Equação de Laplace
2
𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢 𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
𝑎 = 𝛼 2= + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 2 𝜕𝑥 𝜕𝑡 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2

Essa classificação caracteriza o tipo de condições laterais são necessárias (CC)


82

Exemplo 1: Classificar a EDP do potencial de velocidade em 2D:

𝜕2𝜙 𝜕2𝜙
(1 − 𝑀2 ) + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2
Analisando:

𝜕2𝜙 𝜕2𝜙 𝜕2𝜙 𝜕𝜙 𝜕𝜙


𝐴 2 +𝐵 +𝐶 2 +𝐷 +𝐸 + 𝐹𝜙 + 𝐺 = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Tem-se 𝐴 = (1 − 𝑀2 ), 𝐵 = 0 e 𝐶 = 1, assim, 𝐵2 − 4𝐴𝐶 = −4(1 − 𝑀2 )

A interpretação física é um corpo movendo-se em um fluido, tem-se 3 situações:

Exemplo 2: Classifique as equações diferenciais a seguir:

𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢
𝑎) 3 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑦

𝜕 2 𝑢 𝜕²𝑢
𝑏) =
𝜕𝑥² 𝜕𝑦²

𝜕 2 𝑢 𝜕²𝑢
𝑐) + =0
𝜕𝑥² 𝜕𝑦²
83

A solução de uma equação de derivadas parciais em duas variáveis independentes 𝑥 e 𝑦 é uma função 𝑢(𝑥, 𝑦)
que satisfaz a equação em alguma região do plano 𝑥𝑦.

Infelizmente, a maioria das EDP’s lineares de segunda ordem, mesmo com coeficientes constantes, não são
fáceis de obter prontamente uma solução geral. No entanto, geralmente, é fácil encontrar soluções
particulares das EDP lineares que surgem de aplicações importantes.

Os métodos que serão abordados para a resolução de EDP’s: método de separação de variáveis,
Transformada de Laplace e Transformada de Fourier.

Método de separação de variáveis para EDP’s homogêneas:

Em EDPs, é possível propor uma solução particular na forma de produto de duas funções, uma de 𝑥 e uma
de 𝑦:

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐹(𝑥). 𝐺(𝑦)


Assim, pode-se reduzir a EDP em duas EDO’s. Onde:
𝜕𝑢
▪ 𝜕𝑥
= 𝐹′𝐺
𝜕𝑢
▪ 𝜕𝑦
= 𝐹𝐺′

𝜕2 𝑢
▪ 𝜕𝑥²
= 𝐹 ′′ 𝐺

𝜕2 𝑢
▪ = 𝐹𝐺′′
𝜕𝑦²

𝜕2 𝑢
▪ 𝜕𝑥 𝜕𝑦
= 𝐹 ′ 𝐺′

Exemplo 3: Encontre solução na forma de produto para a EDP:


𝜕𝑢 𝜕𝑢
+3 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦
84

Exemplo 4: Encontre solução na forma de produto para a EDP:

𝜕𝑢 𝜕²𝑢
+4 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦²
85

Exemplo 5: Encontre solução na forma de produto para a EDP:

𝜕²𝑢
𝑦 +𝑢 =0
𝜕𝑥𝜕𝑦
86

Princípio da Superposição

Se 𝑢1 , 𝑢2 , … , 𝑢𝑘 são soluções de uma equação de derivadas parciais linear homogênea, então a combinação
linear:

𝑢 = 𝑐1 𝑢1 + 𝑐2 𝑢2 + … + 𝑐𝑘 𝑢𝑘
Onde 𝑐1 , 𝑐2 , ... , 𝑐𝑘 são constantes. Então, 𝑢 também é solução da EDP.

Problema de valor de contorno:

Um problema de valor de contorno contém condições iniciais e condições de contorno, que permitem que
as soluções da EDP sejam descritas como uma solução única, não sendo apenas solução genérica.

O processo para resolver um problema de valor de contorno pode ser realizado com os seguintes passos:

i. Separar as variáveis 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐹(𝑥). 𝐺(𝑦)

ii. Resolver as EDO separadas e achar os autovalores e autofunções do problema, aplicando as


condições de contorno (CC)

iii. Formar o produto 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐹(𝑥). 𝐺(𝑦)

iv. Aplicar o princípio da superposição para formar uma série infinita da função 𝑢(𝑥, 𝑦)

v. Aplicar as condições iniciais (CI) para obter os coeficientes da série mediante identificação adequada
com os desenvolvimentos de meio intervalor do seno ou do cosseno, com série de Fourier ou série
de Fourier generalizada.

Condições iniciais:

Se as condições apresentadas a um problema estão prefixando o que acontece no tempo 𝑡 = 0, tem-se


condições iniciais (CI).

Exemplo 6: Algumas situações que envolvem condições iniciais:

▪ Se 𝑓(𝑥) denota a distribuição inicial de temperatura através de uma haste, então uma solução para
a temperatura 𝑢(𝑥, 𝑡), deve satisfazer a condição inicial:
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
▪ Considerando uma corda vibrante pode ser especificado o deslocamento inicial 𝑓(𝑥 ) e a velocidade
inicial 𝑔(𝑥). Consideram-se duas condições iniciais:
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 𝑔(𝑥)
▪ Considerando uma corda vibrante pode ser especificado o deslocamento inicial 𝑓(𝑥 ), puxada e
liberada a partir do repouso. Considera-se duas condições iniciais:
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 0
87

Condições de contorno:

Se as condições apresentadas a um problema estão prefixando o que acontece em uma coordenada, que não
seja coordenada temporal, tem-se condições de contorno (CC).

Exemplo 6: A corda é fixa permanentemente ao eixo x em 𝑥 = 0 e 𝑥 = 𝐿, assim, tem-se duas condições de


contorno:

𝑢(0, 𝑡) = 0
𝑢(𝐿, 𝑡) = 0

As condições podem ser classificadas como:

▪ Condição de Dirichlet
Condição de contorno de Dirichlet é nomeada em homenagem ao matemático
alemão Peter Gustav Lejeune Dirichlet (1805 – 1859). Essa condição especifica os
valores que uma solução precisa assumir ao longo dos limites do domínio.

Em problemas de transferência de calor, essa condição corresponde a uma


determinada temperatura superficial fixa. A condição de contorno de Dirichlet é
aproximada, por exemplo, quando a superfície está em contato com um sólido
fundido ou um líquido fervente. Nos dois casos, há transferência de calor na
superfície, enquanto a superfície permanece na temperatura do processo de
mudança de fase.

▪ Condição de Newman
A condição de contorno de Neumann é nomeada em homenagem ao
matemático alemão Carl Neumann (1832 – 1925). Essa condição especifica
valores nos quais a derivada de uma solução é aplicada dentro dos limites do
domínio.

Em problemas de transferência de calor, a condição de


Neumann corresponde a uma determinada taxa de mudança de
temperatura. Em outras palavras, essa condição pressupõe que o fluxo de
calor na superfície do material seja conhecido.

Na figura considere 𝑞𝑠 a densidade de fluxo de calor local na superfície (em


𝑑𝑇
W/m²), 𝑘 a condutividade do material (em W/m K) e 𝑑𝑥
o gradiente da
temperatura (em K/m)
𝜕𝑇
Outro exemplo de condição de Newman é uma superfície isolada termicamente, tem-se 𝜕𝑥| = 0.
𝑥=0
88

▪ Condição de Robin
A condição de Robin é nomeada em homenagem ao matemático francês
Victor Gustave Robin (1855 – 1897), que trabalhou no campo da
termodinâmica. Também é conhecida como condição de contorno de
Fourier.

Essa condição é uma relação linear entre os valores da função e os


valores da derivada da função na fronteira do domínio. Ou seja, é uma
combinação ponderada de uma condição de contorno de Dirichlet e
uma condição de contorno de Neumann.

Exemplo 7: Classifique as condições apresentadas a seguir para a função 𝑢(𝑥, 𝑡), onde 𝑥 é a variável espacial
para 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏 e 𝑡 é a variável temporal e 𝑡 ≥ 0:

𝑢(𝑎, 𝑡) = 0
a) {
𝑢(𝑏, 𝑡) = 0

𝜕𝑢
𝜕𝑥
| =0
b) {𝜕𝑢 𝑥=𝑎
|
𝜕𝑥 𝑥=𝑏
=0

𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
c) { 𝜕𝑢
𝜕𝑡
| = 𝑔(𝑥)
𝑡=0

𝜕𝑢
𝜕𝑥
| = 𝑢(𝑎, 𝑡)
d) {𝜕𝑢 𝑥=𝑎
| = −𝑢(𝑏, 𝑡)
𝜕𝑥 𝑥=𝑏
89

Exercícios:

1. Utilize a separação de variáveis para achar, se possível, soluções em forma de produto para a equação de
derivadas parciais dada:

a. 𝑢𝑥 + 𝑢𝑦 = 𝑢

b. 𝑥 𝑢𝑥 = 𝑦 𝑢𝑦

c. 𝑢𝑥𝑥 − 𝑢 = 𝑢𝑡

d. 𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑥𝑦 + 𝑢𝑦𝑦 = 0

2. Utilize o método de separação de variáveis para obter a solução em forma de produto para a equação de
derivadas parciais:

𝑥 2 𝑢𝑥𝑥 − 𝑢𝑦𝑦 = 0

Para esse problema, utilize a constante 𝜆² positiva, negativa e nula.


90

Respostas:

1. a) 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑐1 𝑒 𝑘𝑥+(1−𝑘)𝑦

b) 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑐1 𝑥 𝑘 𝑦 𝑘
2 −1)𝑡
c) 𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑒 (𝜆 (𝑐1 senh(𝜆𝑥) + 𝑐2 cosh(𝜆𝑥))

d) Não é separável

2. Constante nula

𝑢(𝑥, 𝑦) = (𝑐1 + 𝑐2 𝑥)(𝑐3 + 𝑐4 𝑦)


Constante positiva
1 √1+4𝜆2 −√1+4𝜆2
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 (𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 𝑥 2 ) (𝑐3 senh(𝜆𝑦) + 𝑐4 cosh(𝜆𝑦))

Constante negativa
1 √1−4𝜆2 −√1−4𝜆2
1
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 (𝑐1 𝑥 2 + 𝑐2 𝑥 2 ) (𝑐3 sen(𝜆𝑦) + 𝑐4 cos(𝜆𝑦)), se − 2 < 𝜆 < 0

1
√1−4𝜆2 √1−4𝜆2 1
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 (𝑐1 cos ( ln 𝑥) + 𝑐2 sen ( ln 𝑥)) (𝑐3 sen(𝜆𝑦) + 𝑐4 cos(𝜆𝑦)), se 𝜆 < −
2 2 2

1
1
𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 (𝑐1 + 𝑐2 ln 𝑥)(𝑐3 sen(𝜆𝑦) + 𝑐4 cos(𝜆𝑦)), se 𝜆 = − 2
91

Equações diferenciais parciais clássicas:


No estudo de EDP, tem-se três problemas considerados clássicos: a equação do calor, a equação da onda e a
equação de Laplace, que são base para outras equações.

Nesse capítulo, as EDP’s serão resolvidas pelo método analítico de separação de variáveis.

Equação do calor:

Uma das EDP´s clássica da Física-Matemática é a equação diferencial parcial que descreve o fluxo de calor
𝜕2 𝑢 𝜕𝑢
em um corpo sólido. A equação unidimensional do calor é dada por: 𝑘 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡

Essa equação aparece na teoria do fluxo de calor, ou seja, o calor transferido por condução em uma haste ou
fio delgado. A função 𝑢(𝑥, 𝑡) é a temperatura na posição 𝑥 e no tempo 𝑡.

Condições necessárias para essa EDP:

Considere uma haste circular delgada, de comprimento 𝐿, tenha área 𝐴 de seção transversal e coincida com
o eixo 𝑥 no intervalo [0, 𝐿].

Supondo que:

▪ O fluxo de calor dentro da haste se verifique apenas na direção x.

▪ A superfície lateral, ou curva, da haste é isolada, isto é, nenhum calor escapa dessa superfície.

▪ Nenhum calor é gerado dentro da haste.

▪ A haste é homogênea, isto é, sua massa por unidade de volume 𝜌 é constante.

▪ O calor específico 𝛾 e a condutividade térmica 𝐾 do material da haste são constantes.


92

Leis empíricas da condução de calor:

i. A quantidade de calor 𝑄 em um elemento de massa 𝑚 é dada por 𝑄 = 𝛾𝑚𝑢, onde 𝑢 é a temperatura


do elemento.

ii. A taxa 𝑄𝑡 de fluxo de calor através da seção transversal é proporcional à área 𝐴 da seção transversal
e à derivada parcial da temperatura em relação a 𝑥:

𝑄𝑡 = −𝐾𝐴𝑢𝑥

Como o calor flui na direção da temperatura decrescente, usa-se o sinal negativo para garantir que:

▪ 𝑄𝑡 > 0 para 𝑢𝑥 < 0 (fluxo de calor para a direita)

▪ 𝑄𝑡 < 0 para 𝑢𝑥 > 0 (fluxo de calor para a esquerda)

Dedução da equação diferencial parcial

Se a fatia circular da haste entre 𝑥 e 𝑥 + ∆𝑥 é muito delgada, então 𝑢(𝑥, 𝑡) pode ser considerada como a
temperatura aproximada em cada ponto do intervalo.

A massa da fatia é dada por: 𝑚 = 𝜌(𝐴∆𝑥), substituindo na equação 𝑄 = 𝛾𝑚𝑢, tem-se:

𝑄 = 𝛾𝜌𝐴∆𝑥𝑢
Derivando em relação ao tempo, tem-se: 𝑄𝑡 = 𝛾𝜌𝐴∆𝑥𝑢𝑡 .

A variação da temperatura nessa fatia pode ser escrita como:

𝑄𝑡 = −𝐾𝐴𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡) − (−𝐾𝐴𝑢𝑥 (𝑥 + ∆𝑥, 𝑡)) = 𝐾𝐴[𝑢𝑥 (𝑥 + ∆𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)]

Igualando com a lei de fluxo de calor, tem-se:

𝐾𝐴[𝑢𝑥 (𝑥 + ∆𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)] = 𝛾𝜌𝐴∆𝑥𝑢𝑡


Simplificando a expressão, tem-se:
𝐾 [𝑢𝑥 (𝑥 + ∆𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)]
= 𝑢𝑡
𝛾𝜌 ∆𝑥
Aplicando o limite quando ∆𝑥 → 0, tem-se:
𝐾
𝑢 = 𝑢𝑡
𝛾𝜌 𝑥𝑥
𝐾
Substituindo 𝑘 = 𝛾𝜌, a constante positiva definida como difusividade térmica, tem-se a equação do calor
dada por:

𝑘 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡
93

Exemplo 1: Supondo que uma haste circular delgada, de comprimento L e temperatura inicial 𝑓(𝑥) em toda
ela com as extremidades mantidas à temperatura zero pata todo o tempo 𝑡 > 0.

Se a haste satisfaz as hipóteses simplificadores apresentadas anteriormente, a temperatura 𝑢(𝑥, 𝑡) é


determinada com base no problema de valor de contorno:

𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢
𝑘 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Com condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝐿, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
94

Exemplo 2: Supondo que uma haste circular delgada, de comprimento 50 cm e temperatura inicial de 20 ℃
em toda ela com as extremidades mantidas à temperatura zero pata todo o tempo 𝑡 > 0.

Se a haste satisfaz as hipóteses simplificadores apresentadas anteriormente, a temperatura 𝑢(𝑥, 𝑡) é


determinada com base no problema de valor de contorno:

𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢
𝛼2 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Com condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0 = 𝑢(50, 𝑡)
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 20

A solução desse problema é:


2
(2𝑛−1)
∞ −[ 𝜋𝛼] 𝑡
80 𝑒 50 (2𝑛 − 1)
𝑢(𝑥, 𝑡) = ∑ 𝑠𝑒𝑛 ( 𝜋𝑥)
𝜋 (2𝑛 − 1) 50
𝑛=1

Considerando 𝑡 em segundos e 𝛼 2 em 𝑐𝑚2 /𝑠, além disso, 𝛼 2 = 1 que corresponde a uma barra feita de
material cujas propriedades térmicas estão entre o cobre e o alumínio.

O gráfico à esquerda, mostra a distribuição de temperatura em diversos intentes de tempo, percebe-se que a
temperatura vai diminuindo sempre, à medida que a barra perde calor nas extremidades.

O gráfico à direita, apresenta a temperatura decaindo para 3 pontos da barra, nota-se que a temperatura no
centro da barra levará mais tempo para decair do que nos outros pontos.

O gráfico tridimensional de 𝑢 versus 𝑥 e 𝑡 não é tão claro o comportamento da temperatura.

Ao determinar a função 𝑢(𝑥, 𝑡) é possível determinar, por exemplo, em qual tempo 𝑡 a temperatura será de
2500 80
1 ℃ no centro da barra, ou seja, em 𝑥 = 25 𝑐𝑚, nesse caso, 𝑡 = 𝜋2
ln ( 𝜋 ) ≅ 820 𝑠.
95

Equação da onda:

A equação da onda é uma equação diferencial parcial linear de segunda ordem importante que descreve a
propagação das ondas – tais como ocorrem na física – tais como ondas sonoras, luminosas ou aquáticas. É
aplicada em áreas como a acústica, eletromagnetismo, e dinâmica dos fluidos.

Historicamente, o problema de uma corda vibrante como as de um instrumento musical foi estudado
por Jean le Rond d'Alembert, Leonhard Euler, Daniel Bernoulli, e Joseph-Louis Lagrange

Cordas vibrantes:
As frequências com que as ondas estacionárias são produzidas são as frequências naturais ou frequências ressonantes
da corda, e as diferentes ondas estacionárias que poderão se estabelecer nessa corda correspondem aos modos
ressonantes de vibração. s

Em um instrumento musical de corda, por exemplo, a vibração da corda provoca o surgimento de uma onda sonora que
se propaga pelo ar até atingir nossos ouvidos. A frequência do som ouvido será igual à frequência de vibração dos pontos
da corda. A vibração da corda, e consequentemente a emissão de um som pode ser obtida de várias maneiras,
dependendo do instrumento. A corda do instrumento pode ser tangida (como no violão), friccionada (como no violino)
ou percutida (como no piano). As cordas do piano são percutidas por pequenos martelos, que são acionados pelas teclas.

Considerando uma corda esticada entre dois suportes, como a corda de um violão ou de um violino. As ondas que se
propagam ao longo dessa corda, e que podem ter uma grande variedade de frequências, sofrem reflexão nas
extremidades — e muitas delas interferem de modo aleatório com cada uma das outras e rapidamente se extinguem.
Entretanto, as ondas correspondentes às frequências ressonantes da corda persistem e ondas estacionárias se
estabelecem nessa corda.

A onda estacionária de frequência mais baixa é chamada frequência fundamental. Ela corresponde a uma onda
estacionaria com um único ventre, o harmônico fundamental ou primeiro harmônico.

As demais frequências naturais são chamadas sobretons ou harmônicos superiores, visto que as frequências
correspondentes são múltiplos inteiros da frequência fundamental.

Considere as extremidades da corda estão fixas, nesses pontos tem-se nós da onda estacionária e os possíveis modos
ressonantes de vibração da corda. Considere a corda de comprimento 𝐿 e o comprimento da onda 𝜆𝑖 :

▪ Primeiro harmônico ou harmônico fundamental:

▪ Segundo harmônico ou primeiro sobretom:


96

▪ Terceiro harmônico ou primeiro sobretom:

𝜆𝑛
Generalizando, para o enésimo harmônico será dado por: 𝐿 = 𝑛. em que 𝑛 = 1,2,3, … define o número do harmônico.
2
2𝐿
Dessa expressão tem-se: 𝜆𝑛 = .
𝑛

Para determinar as frequências correspondentes aplica-se a relação 𝑣 = 𝜆. 𝑓, onde 𝑣 é a velocidade de propagação das
𝑣 𝑣
ondas transversais na corda, assim 𝑓𝑛 = . 𝑛 . Portanto, o harmônico fundamental é 𝑓1 = e os demais podem ser
2𝐿 2𝐿
𝑣
escritos em função dele, ou seja, 𝑓𝑛 = . 𝑓1 .
2𝐿

𝑇
As ondas transversais, que se propagam ao longo da corda, podem ser descritas pela equação de Taylor: 𝑣 = √ , onde
𝜇

𝑇 é a tensão aplicada sobre a corda, 𝜇 é a densidade linear da corda, medida em kg/m e v é a velocidade de propagação
das ondas transversais na corda, medida em m/s.

Pode-se calcular as frequências ressonantes de uma corda, para 𝑛 = 1,2,3, … , por meio pela expressão:

𝑛 𝑇
𝑓𝑛 = √
2𝐿 𝜇

Ao afinar um instrumento musical de corda (um violão, por exemplo), pode-se alterar a força tensora 𝑇 através de uma
cravelha: aumentando-se 𝑇, a frequência fundamental aumenta — e o som provocado pela vibração da corda soará
mais agudo; diminuindo-se a tensão, a frequência fundamental diminui — e o som torna-se mais grave.

Observe que para uma determinada corda, sob certa tensão, a diminuição do comprimento 𝐿 provoca um aumento na
frequência fundamental — e o som torna-se mais agudo. Esse fato permite a um músico obter diferentes notas musicais
em uma mesma corda à medida que altera a posição dos dedos e aperta a corda em pontos diferentes ao longo do braço
do instrumento.

Além disso, as cordas que emitem os sons mais graves são as de maior densidade linear 𝜇, ou seja, as mais "grossas".1

Curiosidades:

▪ Um violão tipo clássico 4/4 tem entre 96,5 e 101,5 cm de comprimento.


▪ Um violino tipo clássico 4/4 tem 58 cm de comprimento.

1 Referência: http://www.if.ufrgs.br/~dschulz/cordas_vibrantes.pdf
97

Condições necessárias para essa EDP:

Considere uma corda de comprimento 𝐿, mantida tensa e fixada em dois pontos do eixo 𝑥, ou seja, em 𝑥 = 0
e 𝑥 = 𝐿.

Quando a corda começa a vibrar, supõe-se que o movimento se verifique apenas no plano 𝑥𝑦 de tal maneira
que cada ponto se move em uma direção perpendicular ao eixo 𝑥, ou seja, vibrações transversais.

Denota-se 𝑢(𝑥, 𝑡) o deslocamento vertical de um ponto arbitrário da corda medido a partir do eixo 𝑥 para
𝑡 > 0.

Supondo que:

▪ A corda é perfeitamente flexível.


▪ A corda é homogênea, ou seja, sua massa 𝜌 por unidade de comprimento é constante.
▪ Os deslocamentos 𝑢 são pequenos comparados com o comprimento da corda.
▪ A inclinação da curva é pequena em todos os pontos 𝑥.
▪ A tensão 𝑇 atua tangencialmente à corda e seu módulo |𝑇| é o mesmo em todos os pontos 𝑥.
▪ A tensão é grande comparada com a força da gravidade.
▪ Nenhuma outra força externa atua sobre a corda.
98

Dedução da equação diferencial parcial

Analisando a figura, percebe-se que as tensões são tangentes às extremidades da curva no intervalo
[𝑥, 𝑥 + Δ𝑥].

Para pequenos valores de 𝜃1 e 𝜃2 , a força vertical resultante que atua no elemento correspondente Δ𝑠 da
corda é dado por:

𝐹 = 𝑇 𝑠𝑒𝑛(𝜃2 ) − 𝑇 𝑠𝑒𝑛(𝜃1 ) ≈ 𝑇 𝑡𝑔(𝜃2 ) − 𝑇 𝑡𝑔(𝜃1 ) = 𝑇[𝑢𝑥 (𝑥 + Δ𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)]


Como 𝜌 Δ𝑠 ≈ 𝜌 Δ𝑥 é a massa da corda em [𝑥, 𝑥 + Δ𝑥], da segunda lei de Newton tem-se que:

𝐹 = 𝑚. 𝑎 = 𝜌 Δ𝑥 𝑢𝑡𝑡
Igualando as expressões, tem-se:

𝑇[𝑢𝑥 (𝑥 + Δ𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)] = 𝜌 Δ𝑥 𝑢𝑡𝑡


Ou seja,
𝑢𝑥 (𝑥 + Δ𝑥, 𝑡) − 𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡) 𝜌
= 𝑢𝑡𝑡
Δ𝑥 𝑇
Aplicando o limite para Δ𝑥 → 0, tem-se:
𝜌
𝑢𝑥𝑥 = 𝑢
𝑇 𝑡𝑡
𝑇
Substituindo 𝑎2 = , a constante positiva, tem-se a equação da onda:
𝜌

𝑎2 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡𝑡
99

Exemplo 3: Considere uma corda de comprimento 𝐿, mantida tensa e fixada em dois pontos do eixo 𝑥, ou
seja, em 𝑥 = 0 e 𝑥 = 𝐿.

Se a corda satisfaz as hipóteses simplificadores apresentadas anteriormente, o deslocamento vertical 𝑢(𝑥, 𝑡)


é determinado com base no problema de valor de contorno:

𝜕 2 𝑢 𝜕²𝑢
𝑎² =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡 2
Sujeito as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝐿, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
▪ 𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 𝑔(𝑥)
100

Equação de Laplace:

A equação de Laplace surge em problemas independentes de tempo, que envolvem potencial como o
potencial eletrostático, gravitacional e a velocidade em mecânica dos fluidos.

Pode-se interpretar a equação de Laplace como a distribuição de temperatura em uma chapa, na qual 𝑢(𝑥, 𝑦)
representa a temperatura em cada ponto da chapa.

A equação de Laplace pode ser escrita de forma abreviada pelo operador laplaciano:

∇2 𝑢 = 0
A equação de Laplace bidimensional é dada por:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
∇2 𝑢 = + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2
A equação de Laplace tridimensional é dada por:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕2𝑢


∇2 𝑢 = + + =0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

Exemplo 4: Considere o problema de temperatura de estado estacionário 𝑢(𝑥, 𝑦) em uma placa de bordas
isoladas, quando não há escapamento de calor pelas bordas laterais, resolve-se:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
+ =0
𝜕𝑥² 𝜕𝑦²
Sujeito as condições:

▪ 𝑢𝑥 (0, 𝑦) = 0
▪ 𝑢𝑥 (𝑎, 𝑦) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 𝑏) = 𝑓(𝑥)
101
102

Exemplo 5: Considere o problema de temperatura de estado estacionário 𝑢(𝑥, 𝑦) em uma placa definida a
seguir. Encontre a função temperatura 𝑢(𝑥, 𝑦)
103
104

Exercícios:

1. Resolva a equação do calor 𝑘 2 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡 , para uma haste de comprimento 𝐿 = 2, sujeita as condições:
1, 0 < 𝑥 < 1
𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑢(2, 𝑡) = 0, 𝑢(𝑥, 0) = {
0,1 < 𝑥 < 2

2. Resolva a equação da onda 𝑎² 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡𝑡 , para uma corda de comprimento 𝐿 = 1, sujeita as condições:
1
𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑢(1, 𝑡) = 0, 𝑢(𝑥, 0) = 𝑥(1 − 𝑥), 𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 0
4

3. Resolva a equação da onda 𝑎² 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡𝑡 , para uma corda de comprimento 𝜋, sujeita as condições:

𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑢(𝜋, 𝑡) = 0, 𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 𝑠𝑒𝑛 𝑥

Respostas:
𝑛2 𝜋2 𝑘2 𝑡
2 𝑛𝜋 − 𝑛𝜋𝑥
1. 𝑢(𝑥, 𝑡) = ∑∞
𝑛=1 𝑛𝜋 (1 − cos ( 2 )) 𝑒 4 sen (2
)
2
2. 𝑢(𝑥, 𝑡) = ∑∞
𝑛=1 (1 − (−1)𝑛 ) sen(𝑛𝜋𝑥) cos(𝑛𝜋𝑎𝑡)
𝑛 3 𝜋3
1
3. 𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑎 sen(𝑥) sen(𝑎𝑡) – somente 𝑛 = 1
105

Casos particulares de EDP’s:


EDP’s homogêneas

Equações clássicas Equação do calor Equação da onda Equação da Laplace


𝑘𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡 𝑎2 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡𝑡 𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑦𝑦 = 0
EDP Homogênea 0<𝑥<𝐿 0<𝑥<𝐿 0<𝑥<𝑎
𝑡>0 𝑡>0 0<𝑦<𝑏
𝑢(0, 𝑦) = 0 𝑢(𝑥, 0) = 0
𝑢(𝑎, 𝑦) = 0 𝑢(𝑥, 𝑏) = 0
𝑒 ou 𝑒
𝑢(0, 𝑡) = 0 𝑢(0, 𝑡) = 0 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥) 𝑢(0, 𝑦) = 𝑓(𝑦)
Condições de contorno
𝑢(𝐿, 𝑡) = 0 𝑢(𝐿, 𝑡) = 0 𝑢(𝑥, 𝑏) = 𝑔(𝑥) 𝑢(𝑎, 𝑦) = 𝑔(𝑦)

Obs.: apresenta variações


𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
Condições iniciais 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥) -
𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 𝑔(𝑥)

Importante: É possível resolver um PVC usando separação de variáveis somente quando apresenta a equação
homogênea e devido o formato das condições de contorno ressaltadas.

EDP’s não homogêneas:

O método de separação de variáveis pode não ser aplicável a um problema de contorno quando a equação
de derivadas parciais ou as condições de contorno não são homogêneas.

Por exemplo, considerando a equação clássica do calor quando se tem calor sendo gerado a uma taxa
constante r no interior da haste, a equação do calor passa a ser descrita como:

𝜕2𝑢 𝜕𝑢
𝑘 +𝑟 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡

Uma maneira de resolver problemas não homogêneos ou condições de contorno não homogêneas é fazendo
a mudança de variáveis dependente:

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑣(𝑥, 𝑦) + 𝜓(𝑥)


ou

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑣(𝑥, 𝑦) + 𝜓(𝑦)


A ideia consiste em determinar a função 𝜓, função de uma variável, de tal forma que 𝑣, uma função de duas
variáveis, levada a satisfazer uma equação de derivadas parciais homogênea e condições de contorno
homogêneas também.
106

Exemplo 1: Reescreva esse problema para obter uma EDP homogênea para o problema:

𝜕2𝑢 𝜕𝑢
𝑘 +𝑟 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Sujeito as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0
▪ 𝑢(1, 𝑡) = 𝑢0 , 𝑡 > 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 0 < 𝑥 < 1
Observe que esse problema apresenta não homogeneidade na condição de contorno 𝑢(1, 𝑡) = 𝑢0 , então,
usa-se a mudança: 𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑣(𝑥, 𝑡) + 𝜓(𝑥)

Equações clássicas Equação do calor


𝑘𝑣𝑥𝑥 = 𝑣𝑡
EDP Homogênea 0<𝑥<1
𝑡>0
𝑣(0, 𝑡) = 0
Condições de contorno
𝑣(1, 𝑡) = 0
Condições iniciais 𝑣(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥)
107

Exemplo 2: Reescreva esse problema para obter uma EDP homogênea que determina a temperatura de
estado estacionário 𝑢(𝑥, 𝑦) em uma chapa semi-infinita.

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
+ =0
𝜕𝑥² 𝜕𝑦²
Sujeito as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑦) = 0, 0 < 𝑦 < 1


▪ 𝑢(𝑥, 0) = 𝑢0 , 𝑥 > 0
▪ 𝑢(𝑥, 1) = 𝑢1 , 𝑥 > 0
▪ A temperatura é limitada quando 𝑥 → ∞

Observe que esse problema apresenta a não homogeneidade na condição de contorno dada no contorno 𝑦 =
0 e 𝑦 = 1, então, usa-se a mudança: 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑣(𝑥, 𝑦) + 𝜓(𝑦)

Equações clássicas Equação da Laplace


𝑣𝑥𝑥 + 𝑣𝑦𝑦 = 0
EDP Homogênea 𝑥>0
0<𝑦<1
𝑣(𝑥, 0) = 0
𝑣(𝑥, 1) = 0
Condições de contorno E
𝑣(0, 𝑦) = 𝑓(𝑦)
𝑣(𝑎, 𝑦) = 𝑔(𝑦)
108

Série de Fourier generalizada:

Às vezes, a série obtida após o uso das CC e CI é uma série trigonométrica que não é uma série de Fourier.
Para isso é necessário utilizar a série de Fourier Generalizada:

Exemplo 3: A temperatura de uma haste de comprimento unitário em que há transferência de calor da


extremidade direita para um meio ambiente mantido à temperatura constante zero é determinada por:

𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢
𝑘 = , 0<𝑥 <1𝑒𝑡 > 0
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Sujeito as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0
▪ 𝑢𝑥 (1, 𝑡) = −ℎ𝑢(1, 𝑡), ℎ > 0 𝑒 𝑡 > 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 1, 0 < 𝑥 < 1
109

Método de separação de variáveis para EDP’s de mais de duas variáveis

Quando a EDP depende de mais de duas variáveis, aplica-se a separação de variáveis mais de uma vez. Por
exemplo:

𝑢(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝐹(𝑥) ∙ 𝐺(𝑦) ∙ 𝐻(𝑧)


Nesse caso, a solução do problema de valor de contorno vai recair na série de Fourier de duas variáveis.

Série de Fourier de duas variáveis:

A série dupla de seno da função 𝑓(𝑥, 𝑦) definida em 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝛼 e 0 ≤ 𝑦 ≤ 𝛽 é dada por:


∞ ∞
𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝑓(𝑥, 𝑦) = ∑ ∑ 𝐵𝑚𝑛 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑥) . 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑦)
𝛼 𝛽
𝑚=1 𝑛=1

Onde:
𝛽 𝛼
4 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐵𝑚𝑛 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦) . 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑥) . 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑦) 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝛼𝛽 𝛼 𝛽
0 0

A série dupla de cosseno da função 𝑓(𝑥, 𝑦) definida em 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝛼 e 0 ≤ 𝑦 ≤ 𝛽 é dada por:


∞ ∞ ∞ ∞
𝑚𝜋 𝑛𝜋 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝐴00 + ∑ 𝐴𝑚0 cos ( 𝑥) + ∑ 𝐴0𝑛 cos ( 𝑥) + ∑ ∑ 𝐴𝑚𝑛 cos ( 𝑥) . cos ( 𝑦)
𝛼 𝛽 𝛼 𝛽
𝑚=1 𝑚=1 𝑚=1 𝑛=1

Onde:
𝛽 𝛼
1
𝐴00 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝛼𝛽
0 0

𝛽 𝛼
2 𝑚𝜋
𝐴𝑚0 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦) . cos ( 𝑥) 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝛼𝛽 𝛼
0 0

𝛽 𝛼
2 𝑛𝜋
𝐴0𝑛 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦) . cos ( 𝑦) 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝛼𝛽 𝛽
0 0

𝛽 𝛼
4 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐴𝑚𝑛 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦) . cos ( 𝑥) . cos ( 𝑦) 𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝛼𝛽 𝛼 𝛽
0 0
110

Exemplo 4: Suponha que a região retangular no plano 𝑥𝑦 seja uma placa delgada em que a temperatura 𝑢 é
função do tempo 𝑡 e da posição (𝑥, 𝑦), satisfazendo a equação do calor bidimensional:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 𝜕𝑢
𝑘( + )=
𝜕𝑥² 𝜕𝑦² 𝜕𝑡

Sujeito as condições para 0 < 𝑥 < 𝑏 e 0 < 𝑦 < 𝑐:

▪ 𝑢(0, 𝑦, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑏, 𝑦, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 0, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 𝑐, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 𝑦, 0) = 𝑓(𝑥)
111
112

Exercício

1. Resolva a EDP do calor dada por:

𝜕 2 𝑢 𝜕𝑢
𝑘 =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Sujeito as condições: 𝑢(0, 𝑡) = 𝑢0 , 𝑢(1, 𝑡) = 𝑢1 , 𝑡 > 0 e 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥), 0 < 𝑥 < 1

Resposta:
2 𝜋2 𝑡
1. 𝑢(𝑥, 𝑡) = (𝑢1 − 𝑢0 )𝑥 + 𝑢0 + ∑∞
𝑛=1(𝐵𝑛 𝑒
−𝑘𝑛
sen(𝑛𝜋𝑥))
1
onde 𝐵𝑛 = 2 ∫0 (𝑓(𝑥) + (𝑢1 − 𝑢0 )𝑥 − 𝑢0 ) sen(𝑛𝜋𝑥)𝑑𝑥
113

Transformadas integrais para resolver EDP’s


As transformadas integrais ocorrem em pares de transformadas:
▪ A própria transformada
▪ A transformada inversa

Para resolver um problema de contorno por uma transformada integral:


▪ Transformar a equação de derivadas parciais em uma equação diferencial ordinária.
▪ Transformar todas as condições de contorno ou iniciais que dependem da variável transformada.
▪ Resolver a equação diferencial ordinária sujeita às condições obtidas (CC ou CI).
▪ Determinar a transformada inversa da função encontrada, que será a solução do problema de
contorno original.

Pares de transformadas

Utiliza-se a representação simbólica para a inversa de uma transformada de Laplace:

ℒ −1 {𝐹(𝑠)} = 𝑓(𝑡)
Na realidade, a transformada é uma integral, assim:

ℒ{𝑓(𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = 𝐹(𝑠)


0

E a sua inversa:
𝛾+𝑖∞
−1 {𝐹(𝑠)}
1
ℒ = ∫ 𝑒 𝑠𝑡 𝐹(𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓(𝑡)
2𝜋𝑖
𝛾−𝑖∞

Obs.: Não se utiliza essa integral, denominada de integral de contorno.

As transformadas integrais ocorrem em pares de transformadas, ou seja, tem uma integral que transforma
𝑓(𝑥) em 𝐹(𝛼):
𝑏

𝐹(𝛼) = ∫ 𝑓(𝑥) 𝐾(𝛼, 𝑥) 𝑑𝑥


𝑎

E tem uma integral que recupera 𝑓(𝑥) a partir de 𝐹(𝛼):


𝑑

𝑓(𝑥) = ∫ 𝐹(𝛼)𝐻(𝛼, 𝑥) 𝑑𝑥
𝑐
114

As funções 𝐾 e 𝐻 são chamadas de núcleos das transformadas.

Para a transformada de Laplace, os núcleos são:

▪ 𝐾(𝑠, 𝑡) = 𝑒 −𝑠𝑡

ℒ{𝑓(𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = 𝐹(𝑠)


0

𝑒 𝑠𝑡
▪ 𝐻(𝑠, 𝑡) = 2𝜋𝑖
𝛾+𝑖∞
−1 {𝐹(𝑠)}
1
ℒ = ∫ 𝑒 𝑠𝑡 𝐹(𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓(𝑡)
2𝜋𝑖
𝛾−𝑖∞
115

Transformadas de Laplace
A transformada de Laplace é associada a variável temporal 𝑡.

Transformada de Laplace para uma variável temporal:

Quando associada a uma função que depende apenas de 𝑡, a transformada de Laplace é definida como:

ℒ{𝑓(𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 = 𝐹(𝑠)


0

Relembrando algumas transformadas de Laplace:


1
▪ ℒ{1} =
𝑠
𝑛!
▪ ℒ{𝑡 𝑛 } = 𝑠𝑛+1
𝑘
▪ ℒ{𝑠𝑒𝑛 (𝑘𝑡)} = 𝑠2 +𝑘²
𝑠
▪ ℒ{𝑐𝑜𝑠 (𝑘𝑡)} = 𝑠2 +𝑘²
1
▪ ℒ{𝑒 𝑎𝑡 } = 𝑠−𝑎

▪ ℒ{𝑓(𝑡 − 𝑎)𝒰(𝑡 − 𝑎)} = 𝑒 −𝑎𝑠 𝐹(𝑠)


𝑑𝑛
▪ ℒ{𝑡 𝑛 𝑓(𝑡)} = (−1)𝑛 𝑑𝑠𝑛 𝐹(𝑠)

▪ ℒ{𝑓 (𝑛) (𝑡)} = 𝑠 𝑛 𝐹(𝑠)−𝑠 𝑛−1 𝑓(0)−𝑠 𝑛−2 𝑓 ′ (0) − ⋯ −𝑓 (𝑛−1) (0)

▪ ℒ{𝑓′ (𝑡)} = 𝑠 𝐹(𝑠) − 𝑓(0)

▪ ℒ{𝑓′′ (𝑡)} = 𝑠 2 𝐹(𝑠) − 𝑠𝑓(0) − 𝑓′(0)

Exemplo 1: Encontre a solução da equação diferencial 𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 0, que satisfaz as condições iniciais


𝑦(0) = 1 e 𝑦 ′ (0) = 0, usando transformada de Laplace:
116

Definição: A função erro, denotada por erf(𝑥) é:


𝑥
2
erf(𝑥) = ∫ 𝑒 −𝑡² 𝑑𝑡
√𝜋
0

E a função erro complementar se define em termos da função erro:



2
erfc(𝑥) = 1 − erf(𝑥) = ∫ 𝑒 −𝑡² 𝑑𝑡
√𝜋
𝑥

Seguem algumas transformadas de Laplace relacionadas a função erro:

𝒇(𝒕) 𝓛{𝒇(𝒕)} = 𝑭(𝒔)

1 𝑎2
𝑒 −𝑎√𝑠
𝑒 − 4𝑡
√𝜋𝑡 √𝑠

𝑎 𝑎2
𝑒 −𝑎√𝑠
𝑒 − 4𝑡
2√𝜋𝑡 3
𝑎
erfc ( ) 𝑒 −𝑎√𝑠
2√𝑡 𝑠

𝑡 𝑎2 𝑎 𝑒 −𝑎√𝑠
2√ 𝑒 − 4𝑡 − 𝑎 erfc ( ) 𝑠√𝑠
𝜋 2√𝑡

𝑎
2
𝑒 𝑎𝑏 𝑒 𝑏 𝑡 erfc (𝑏√𝑡 + ) 𝑒 −𝑎√𝑠
2√𝑡
√𝑠(√𝑠 + 𝑏)

𝑎 𝑎
2
𝑒 𝑎𝑏 𝑒 𝑏 𝑡 erfc (𝑏√𝑡 + ) + erfc ( ) 𝑏𝑒 −𝑎√𝑠
2√𝑡 2√𝑡
𝑠(√𝑠 + 𝑏)
117

Transformada de Laplace para uma variável temporal e uma variável espacial:

Quando associada a uma função 𝑢(𝑥, 𝑡) é definida como:


ℒ{𝑢(𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑈(𝑥, 𝑠)


0

Onde 𝑥 é um parâmetro.

Associando as transformadas de Laplace de uma variável, tem-se as regras das derivadas parciais para
funções de duas variáveis. Usando ℒ{𝑓′(𝑡)} = 𝑠 𝐹(𝑠) − 𝑓(0), tem-se:
𝜕𝑢
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = 𝑠 𝑈(𝑥, 𝑠) − 𝑢(𝑥, 0)
𝜕𝑡
Usando ℒ{𝑓′′(𝑡)} = 𝑠 2 𝐹(𝑠) − 𝑠𝑓(0) − 𝑓′(0), tem-se:

𝜕²𝑢
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = 𝑠 2 𝑈(𝑥, 𝑠) − 𝑠 𝑢(𝑥, 0) − 𝑢𝑡 (𝑥, 0)
𝜕𝑡²

Quando se deriva em relação a 𝑥, a expressão é uma derivada total:


∞ ∞
𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕 𝜕𝑈
ℒ { (𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 (𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = (𝑥, 𝑠)
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥
0 0
∞ ∞
𝜕²𝑢 𝜕²𝑢 𝜕² 𝜕²𝑈
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 (𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = (𝑥, 𝑠)
𝜕𝑥² 𝜕𝑥² 𝜕𝑥² 𝜕𝑥²
0 0

Seguem algumas transformadas de Laplace para auxiliar na resolução de EDP’s:

Transformadas de Laplace para 𝒖(𝒙, 𝒕)


ℒ{𝑢(𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑈(𝑥, 𝑠)


0

𝜕𝑢
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = 𝑠 𝑈(𝑥, 𝑠) − 𝑢(𝑥, 0)
𝜕𝑡

𝜕²𝑢
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = 𝑠 2 𝑈(𝑥, 𝑠) − 𝑠 𝑢(𝑥, 0) − 𝑢𝑡 (𝑥, 0)
𝜕𝑡²

𝜕𝑢 𝜕𝑈
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = (𝑥, 𝑠)
𝜕𝑥 𝜕𝑥

𝜕²𝑢 𝜕²𝑈
ℒ{ (𝑥, 𝑡)} = (𝑥, 𝑠)
𝜕𝑥² 𝜕𝑥²
118

Exemplo 2: Resolva a equação:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
=
𝜕𝑥² 𝜕𝑡²
Sujeita as condições para 𝑡 > 0 e 0 < 𝑥 < 1

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0

▪ 𝑢(1, 𝑡) = 0

▪ 𝑢(𝑥, 0) = 0
𝜕𝑢
▪ 𝜕𝑡
(𝑥, 0) = 𝑠𝑒𝑛 (𝜋𝑥)
119

Exemplo 3: Uma corda muito longa está inicialmente em repouso sobre a parte não-negativa do eixo 𝑥. A
corda está fixa em 𝑥 = 0 e sua distante extremidade direita desliza sem atrito ao longo do suporte vertical.
A corda é posta em movimento quando a deixamos cair sob seu próprio peso. Determine o deslocamento
𝑢(𝑥, 𝑡).

Nesse caso, precisa-se acrescentar a gravidade na equação clássica:

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢
𝑎2 − 𝑔 =
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡²
Sujeita as condições para 𝑡 > 0 e 𝑥 > 0

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0
𝜕𝑢
▪ lim =0
𝑥→∞ 𝜕𝑥

▪ 𝑢(𝑥, 0) = 0
𝜕𝑢
▪ (𝑥, 0) = 0
𝜕𝑡
120

Exemplo 4: Determine o deslocamento 𝑢(𝑥, 𝑡) de uma corda de comprimento 𝐿 = 1, sobre o qual atua uma
força externa, é determinado por:

𝜕²𝑢 𝜕²𝑢
+ 𝑠𝑒𝑛 (𝜋𝑥) 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡) =
𝜕𝑥² 𝜕𝑡²
Considere as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(1, 𝑡) = 0
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 0
𝜕𝑢
▪ | =0
𝜕𝑡 𝑡=0
121
122

Exercícios

1. A temperatura em um sólido semi-infinito é definida por: 𝑘 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡

𝑢(0, 𝑡) = 𝑢0 , lim 𝑢(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑢(𝑥, 0) = 0


𝑥→∞

Determine 𝑢(𝑥, 𝑡).

Respostas
𝑥
1. 𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝑢0 . erfc ( )
2√𝑘𝑡
123

Integral de Fourier
As séries de Fourier:
▪ Representam funções 𝑓 definidas em um intervalo finito (−𝑝, 𝑝) ou (0, 𝐿).
▪ Quando 𝑓 e 𝑓′ são parcialmente contínuas no intervalo, a série de Fourier representa a função no
intervalo e converge para um prolongamento periódico de 𝑓 fora do intervalo.

As integrais de Fourier:
▪ Representam funções não periódicas 𝑓 definidas em um intervalo infinito (−∞, ∞) ou (0, ∞).

A série de Fourier de uma função f definida no intervalo (−𝑝, 𝑝) é dada por:


∞ ∞
𝑎0 𝑛𝜋𝑥 𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = + ∑ 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠 ( ) + ∑ 𝑏𝑛 𝑠𝑒𝑛 ( )
2 𝑝 𝑝
𝑛=1 𝑛=1

Onde:
𝑝 ∞ 𝑝 ∞ 𝑝
1 1 𝑛𝜋𝑡 𝑛𝜋𝑥 1 𝑛𝜋𝑡 𝑛𝜋𝑥
𝑓(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + ∑ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠 ( ) 𝑑𝑡) 𝑐𝑜𝑠 ( ) + ∑ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑑𝑡 ) 𝑠𝑒𝑛 ( )
2𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝
−𝑝 𝑛=1 −𝑝 𝑛=1 −𝑝

𝑛𝜋 𝜋
Fazendo 𝛼𝑛 = 𝑝
e 𝛼𝑛+1 − 𝛼𝑛 = ∆𝛼 = 𝑝 , tem-se:
𝑝 ∞ 𝑝 ∞ 𝑝
1 1 1
𝑓(𝑥) = ( ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡) ∆𝛼 + ∑ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) ∆𝛼 + ∑ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)∆𝛼
2𝜋 𝜋 𝜋
−𝑝 𝑛=1 −𝑝 𝑛=1 −𝑝

𝜋
Fazendo 𝑝 → ∞, implica que ∆𝛼 = 𝑝 → 0 e usando a integral de Riemann, tem-se:
∞ ∞ ∞ ∞
1 1
𝑓(𝑥) = ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) 𝑑𝛼 + ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼
𝜋 𝜋
0 −∞ 0 −∞

A integral de Fourier de uma função f definida no intervalo (−∞, ∞) é dada por:


∞ ∞
1 1
𝑓(𝑥) = ∫ 𝐴(𝛼) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) 𝑑𝛼 + ∫ 𝐵(𝛼) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼
𝜋 𝜋
0 0

Onde:

𝐴(𝛼) = ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡


−∞

𝐵(𝛼) = ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡


−∞
124

Teorema: Condição de convergência

Sejam 𝑓 e 𝑓’ parcialmente contínuas em qualquer intervalo infinito e seja 𝑓 absolutamente integrável em


(−∞, ∞) . Então, a integral de Fourier no intervalo converge para 𝑓(𝑥) em um ponto de continuidade. Em
pontos de descontinuidade, a integral de Fourier converge para a média:
𝑓(𝑥+ ) + 𝑓(𝑥− )
2
Onde 𝑓(𝑥+ ) e 𝑓(𝑥− ) denotam os limites de 𝑓 em 𝑥 à direita e à esquerda, respectivamente.

Exemplo 1: Determine a representação, por uma integral de Fourier, da função:


0, 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {1, 0 < 𝑥 < 2
0, 𝑥 > 2
125

Integral cosseno de Fourier

A integral de Fourier de uma função par no intervalo (−∞, ∞) é dada por:



2
𝑓(𝑥) = ∫ 𝐴(𝛼) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) 𝑑𝛼
𝜋
0

Onde:

𝐴(𝛼) = ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡


0

Exemplo 2: Determine a representação, por uma integral de Fourier, da função par:


0, 𝑥 < −𝜋
𝑓(𝑥) = {1, − 𝜋 < 𝑥 < 𝜋
0, 𝑥 > 𝜋
126

Integral seno de Fourier

A integral de Fourier de uma função ímpar no intervalo (−∞, ∞) é dada por:



2
𝑓(𝑥) = ∫ 𝐵(𝛼) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥) 𝑑𝛼
𝜋
0

Onde:

𝐵(𝛼) = ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡


0

Exemplo 3: Determine a representação, por uma integral de Fourier, da função ímpar:


0, 𝑥 < −1
−1, −1 < 𝑥 < 0
𝑓(𝑥) = {
1, 0 < 𝑥 < 1
0, 𝑥>1
127

Exemplo 3: Determine a representação, por uma integral de Fourier, supondo que o prolongamento é par:

𝑓(𝑥) = {𝑒 −𝑥 , 𝑥 > 0
128

Exercícios

1. Determine a representação da função por uma integral de Fourier:


0, 𝑥 < −1
−1, −1 < 𝑥 < 0
a) 𝑓(𝑥) = {
2, 0 < 𝑥 < 1
0, 𝑥>1
0, 𝑥 < 0
b) 𝑓(𝑥) = {𝑥, 0 < 𝑥 < 3
0, 𝑥 > 3

Respostas
1 ∞ sen(𝛼) 3
1. a) 𝑓(𝑥) = 𝜋 ∫0 ( 𝛼
cos(𝛼𝑥) + 𝛼 (1 − cos(𝛼)) sen(𝛼𝑥))

1 ∞ 3 sen(3𝛼) 1 sen(3𝛼) 3 cos(3𝛼)


b) 𝑓(𝑥) = 𝜋 ∫0 (( 𝛼
+ 𝛼2 (cos(3𝛼) − 1)) cos(𝛼𝑥) + ( 𝛼2
− 𝛼
) sen(𝛼𝑥))
129

Transformadas de Fourier
Forma complexa da integral de Fourier

A integral de Fourier possui uma forma complexa ou forma exponencial:


∞ ∞ ∞ ∞
1 1
𝑓(𝑥) = ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) 𝑑𝛼 + ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼
𝜋 𝜋
0 −∞ 0 −∞
Pode ser reescrita como:
∞ ∞ ∞
1
𝑓(𝑥) = ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)𝑑𝛼 + ( ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑑𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼
𝜋
0 −∞ −∞

Assim:
∞ ∞
1
𝑓(𝑥) = ∫ ∫ 𝑓(𝑡). [𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑡)𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)] 𝑑𝑡 𝑑𝛼
𝜋
0 −∞

Usando a soma de arcos, tem-se que:


∞ ∞
1
𝑓(𝑥) = ∫ ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠[(𝑡 − 𝑥)𝛼] 𝑑𝑡 𝑑𝛼
𝜋
0 −∞

Ampliando o intervalo:
∞ ∞
1
𝑓(𝑥) = ∫ ∫ 𝑓(𝑡). 𝑐𝑜𝑠[(𝑡 − 𝑥)𝛼] 𝑑𝑡 𝑑𝛼
2𝜋
−∞ −∞

Sabendo que a função 𝑠𝑒𝑛[(𝑡 − 𝑥)𝛼] é ímpar, então:


∞ ∞

𝑓(𝑥) = 𝑖 ∫ ∫ 𝑓(𝑡). 𝑠𝑒𝑛[(𝑡 − 𝑥)𝛼] 𝑑𝑡 𝑑𝛼 = 0


−∞ −∞

Pode-se expressar:
∞ ∞
1
𝑓(𝑥) = ∫ ∫ 𝑓(𝑡). {𝑐𝑜𝑠[(𝑡 − 𝑥)𝛼] + 𝑖𝑠𝑒𝑛[(𝑡 − 𝑥)𝛼]} 𝑑𝑡 𝑑𝛼
2𝜋
−∞ −∞

Usando a fórmula de Euler, tem-se que:


∞ ∞ ∞ ∞
1 1
𝑓(𝑥) = ∫ ∫ 𝑓(𝑡) 𝑒 𝑖𝛼(𝑡−𝑥) 𝑑𝑡 𝑑𝛼 = ∫ ( ∫ 𝑓(𝑡) 𝑒 𝑖𝛼𝑡 𝑑𝑡) 𝑒 −𝑖𝛼𝑥 𝑑𝛼
2𝜋 2𝜋
−∞ −∞ −∞ −∞

Assim, expressa-se a integral de Fourier na forma complexa:



1
𝑓(𝑥) = ∫ 𝐶(𝛼)𝑒 −𝑖𝛼𝑥 𝑑𝛼
2𝜋
−∞
Onde:

𝐶(𝛼) ∫ 𝑓(𝑡) 𝑒 𝑖𝛼𝑡 𝑑𝑡


−∞
130

A transformada de Fourier está baseada nas integrais de Fourier, e se apresentam em pares:


𝔉{𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹(𝛼)


−∞

E a sua inversa:

−1 {𝐹(𝛼)}
1
𝔉 = ∫ 𝐹(𝛼) 𝑒 −𝑖𝛼𝑥 𝑑𝛼 = 𝑓(𝑥)
2𝜋
−∞

A transformada de Fourier de seno:


𝔉𝑠 {𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝛼)


0

−1 2
𝔉𝑠 {𝐹(𝛼)} = ∫ 𝐹(𝛼) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼 = 𝑓(𝑥)
𝜋
0

A transformada de Fourier de cosseno:


𝔉𝑐 {𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝛼)


0

−1 2
𝔉𝑐 {𝐹(𝛼)} = ∫ 𝐹(𝛼) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)𝑑𝛼 = 𝑓(𝑥)
𝜋
0

As condições suficientes para a existência são que 𝑓 seja absolutamente integrável no intervalo apropriado
e que 𝑓 e 𝑓’ sejam parcialmente contínuas em qualquer intervalo finito.

As condições para a existência para as transformadas de Fourier são mais restritivas, comparando com as
transformadas de Laplace, vale ressaltar que não existe:

▪ 𝔉{1}
▪ 𝔉𝑠 {1}
▪ 𝔉𝑐 {1}

Sejam 𝑓 contínua e absolutamente integrável em (−∞, ∞) e 𝑓’ parcialmente contínua em qualquer intervalo


finito. Se 𝑓(𝑥) → 0 quando 𝑥 → ±∞, então, usando a integração por partes tem-se:
∞ ∞

𝔉{𝑓′(𝑥)} = ∫ 𝑓′(𝑥) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 |−∞ − 𝑖𝛼 ∫ 𝑓(𝑥) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 𝑑𝑥
−∞ −∞
131

𝔉{𝑓′(𝑥)} = −𝑖𝛼 ∫ 𝑓(𝑥) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 𝑑𝑥 = −𝑖 𝛼𝐹(𝛼)


−∞

De forma análoga,

𝔉{𝑓′′(𝑥)} = −𝛼²𝐹(𝛼)

As derivadas de primeira ordem das transformadas seno e cosseno ficam alternando:

𝔉𝑠 {𝑓′(𝑥)} = −𝛼 𝔉𝑐 {𝑓(𝑥)}
𝔉𝑐 {𝑓′(𝑥)} = 𝛼 𝔉𝑠 {𝑓(𝑥)} − 𝑓(0)
Sejam 𝑓 e 𝑓’ contínuas e f absolutamente integrável em [0, ∞) e 𝑓’’ parcialmente contínua em qualquer
intervalo finito. Se 𝑓(𝑥) → 0 quando 𝑥 → +∞, então, usando a integração por partes tem-se:
∞ ∞

𝔉𝑠 {𝑓′′(𝑥)} = ∫ 𝑓′′(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝑥 = 𝑓′(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)|∞


0 − 𝛼 ∫ 𝑓 ′(𝑥) cos(𝛼𝑥) 𝑑𝑥
0 0

= −𝛼 𝑓 (𝑥)𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)|∞
0 − 𝛼 ∫ 𝑓(𝑥) s𝑒𝑛(𝛼𝑥) 𝑑𝑥 = 𝛼𝑓(0) − 𝛼 2 𝔉𝑠 {𝑓(𝑥)}
0

Assim,

𝔉𝑠 {𝑓′′(𝑥)} = −𝛼 2 𝐹(𝛼) + 𝛼𝑓(0)


Para o cosseno:

𝔉𝑐 {𝑓′′(𝑥)} = −𝛼 2 𝐹(𝛼) − 𝑓′(0)

Qual transformada utilizar para um problema de contorno?

▪ Para utilizar a transformada de Fourier, o domínio da variável a ser eliminada deve ser (−∞, ∞).

▪ Para utilizar a transformada seno ou cosseno de Fourier, o domínio da variável a ser eliminada deve
ser [0, ∞) e a condição de contorno deve ser especificada em zero.
132

Transformadas de Fourier para 𝒖(𝒙, 𝒕)


𝔉{𝑢(𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑒 𝑖𝛼𝑥 𝑑𝑥 = 𝑈(𝛼, 𝑡)


−∞


1
𝔉−1 {𝑈(𝛼, 𝑡)} = ∫ 𝑈(𝛼, 𝑡) 𝑒 −𝑖𝛼𝑥 𝑑𝛼 = 𝑢(𝑥, 𝑡)
2𝜋
−∞

𝔉{𝑢𝑥 (𝑥, 𝑡)} = −𝑖𝛼𝑈(𝛼, 𝑡)

𝔉{𝑢𝑥𝑥 (𝑥, 𝑡)} = −𝛼²𝑈(𝛼, 𝑡)


𝔉𝑠 {𝑢(𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝑥 = 𝑈(𝛼, 𝑡)


0


2
𝔉𝑠 −1 {𝑈(𝛼, 𝑡)} = ∫ 𝑈(𝛼, 𝑡) 𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑥)𝑑𝛼 = 𝑢(𝑥, 𝑡)
𝜋
0

𝔉𝑠 {𝑢𝑥𝑥 (𝑥, 𝑡)} = −𝛼 2 𝑈(𝛼, 𝑡) + 𝛼𝑢(0, 𝑡)


𝔉𝑐 {𝑢(𝑥, 𝑡)} = ∫ 𝑢(𝑥, 𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)𝑑𝑥 = 𝑈(𝛼, 𝑡)


0


2
𝔉𝑐 −1 {𝑈(𝛼, 𝑡)} = ∫ 𝑈(𝛼, 𝑡) 𝑐𝑜𝑠(𝛼𝑥)𝑑𝛼 = 𝑢(𝑥, 𝑡)
𝜋
0

𝔉𝑐 {𝑢𝑥𝑥 (𝑥, 𝑡)} = −𝛼 2 𝑈(𝛼, 𝑡) − 𝑢𝑥 (0, 𝑡)


133

Exemplo 1: Resolva a equação do calor:

𝑘 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡
−∞ < 𝑥 < ∞
𝑡>0
Sujeita a condição:
0, 𝑥 < −1
▪ 𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥) = {1, − 1 < 𝑥 < 1
0, 𝑥 > 1
134

Exemplo 2: Determine a temperatura de estado estacionário em uma chapa semi-infinita dada por:

𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑦𝑦 = 0

0<𝑥<𝜋
𝑦>0
Sujeita as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑦) = 0
▪ 𝑢(𝜋, 𝑦) = 𝑒 −𝑦
▪ 𝑢𝑦 (𝑥, 0) = 0
135

Exemplo 3: Determine a temperatura 𝑢(𝑥, 𝑡) de uma haste semi-infinita

𝜕²𝑢 𝜕𝑢
=
𝜕𝑥² 𝜕𝑡
Sujeita as condições:

▪ 𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0
1, 0 < 𝑥 < 1
▪ 𝑢(𝑥, 0) = {
0 , 𝑥>1
136

Exercícios

1. O deslocamento de uma corda elástica semi-infinita é determinado por: 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡𝑡

𝑢(0, 𝑡) = 0, lim 𝑢(𝑥, 𝑡) = 0, 𝑢(𝑥, 0) = 𝑥𝑒 −𝑥 , 𝑢𝑡 (𝑥, 0) = 0


𝑥→∞

Determine 𝑢(𝑥, 𝑡).

2. Determine a temperatura 𝑢(𝑥, 𝑡) em uma haste semi-infinita é definida por: 𝑘 𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑡

𝑢(0, 𝑡) = 𝑢0 , 𝑡 > 0
𝑢(𝑥, 0) = 0, 𝑥 > 0

Respostas
4 ∞ 𝛼
1. 𝑢(𝑥, 𝑡) = 𝜋 ∫0 (1+𝛼2 )
cos(𝛼𝑡) sen(𝛼𝑥) 𝑑𝛼

2 ∞ 𝑢0 2
2. 𝑢(𝑥, 𝑡) = ∫0
𝜋 𝛼
(1 − 𝑒 −𝑘𝛼 𝑡 ) sen(𝛼𝑥) 𝑑𝛼

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