Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nota da Autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Epilogo
NOTA DA AUTORA
KRISTEN CALLIHAN
“Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem
sorrir, chorariam comigo.”
—Kurt Cobain
CAPÍTULO UM
STELLA
STELLA
JOHN
STELLA
STELLA
STELLA
S . Amplos, profundos
espelhos azuis, refletindo algo como horror, mas não é realmente
isso – algo mais perto de choque e mortificação, como se eu tivesse
lhe dado um tapa com o meu pau ou algo assim. E “pau” é
definitivamente o tema do dia, porque, mesmo que o Pequeno John
esteja bem escondido atrás da guitarra, ela está olhando para minha
virilha, como se a memória dele estivesse queimada em suas
retinas.
— Ah meu pênis... Deus. Meu pênis... DeuspênisDeus... — Ela
bate as mãos. — Deus. Eu quis dizer Deus. Deus-pênis. Argh!
Sua tagarelice confusa termina em um murmúrio e um novo fluxo
de batidas rápidas das mãos.
Mesmo que a sua aparição repentina tenha me assustado pra
caralho – até eu perceber que era Stella e não uma perseguidora
que havia conseguido entrar – uma risada me escapa. — Meu pênis
é divino, então eu entendo a sua confusão.
O rosto dela está vermelho vivo. — Pau4.
— Ele também tem esse nome. — Eu pisco para ela porque é
hilário o jeito que ela está praticamente pulando ao redor, mas seus
olhos estão colados na minha guitarra. — Embora você deva dar
uma boa olhada se realmente quiser ficar impressionada.
Movo-me para levantar minha guitarra, e ela estica as mãos.
— Não se atreva! Você vai deixar a guitarra exatamente onde
está, senhor.
— Tem certeza? — Eu hesito, minha mão segurando o pescoço.
— Você está olhando muito para alguém que não quer ver as minha
mercadorias.
Seus olhos se limitam ao meu rosto, seu brilho é como um raio
da morte. — Que diabos, Jax? Quem sai por aí nu tocando guitarra?
— É John. — Por alguma razão, me incomoda muito quando ela
me chama de Jax. — E eu toco. Quando estou na privacidade do
minha própria casa. — Eu sorrio — Embora tenha existido uma vez
no palco.
— Bem... vista algumas roupas — ela sibila.
— Não.
— Não?
— É a minha casa. Estou tocando pelado. Lide com isso.
Stella bufa, o que faz coisas fantásticas aos seus seios. Eu sou
momentaneamente distraído pela maneira como eles balançam
naquele topzinho que ela está vestindo. Talvez eu mantenha a
guitarra na frente do meu pau depois de tudo. Porque, agora que eu
dei uma boa olhada nela, é difícil virar as costas.
Com o cabelo ruivo e aqueles lábios carnudos, ela é uma Wilma
Flinstone total. Cintura fina, quadris volumosos, pernas curvilíneas.
E os seios dela? Fantasma de Great Gibson5, por que diabos ela
costuma esconder esses doces seios atrás de blusas folgadas? Ela
tem a Cachinhos Dourados dos seios – não muito grandes, não
muito pequenos, mas apenas certos. Eles são perfeitos, um
punhado atrevido. E eu tenho mãos muito grandes.
— Você está olhando para os meus peitos? — Stella estala,
atraindo a minha atenção e me fazendo recuar.
Eu não desvio o olhar, no entanto. Santo inferno, eles são lindos.
— Você olhou para o meu pau — eu digo para os seios dela. —
Estou apenas devolvendo o favor.
Tenho o prazer de assistir seus mamilos se animarem e dizerem
olá. Um sorriso se espalha pela minha boca. Droga, eles parecem
perfeitos também, como pequenas jujubas. Eu quero vê-los. Agora.
— Oi. — Ela estala os dedos. — Você já os viu. Agora olhe para
cima.
Ela está certa; existe olhar e depois existe o babar.
— Falando em dar uma olhada… — Eu limpo a minha garganta.
— Por que você está invadindo?
O rubor chega até os seus seios. Seios adoráveis. Comporte-se,
John.
A voz na minha cabeça soa perturbadoramente parecida com a
da minha mãe. Desconcertante, já que não ouço a voz dela há anos.
Isso mata qualquer excitação que eu tenha mais rápido do que um
tiro.
— Eu tentei chamar — diz Stella. — Você não me ouviu.
— Então, você simplesmente entra direto? É bom saber que já
estamos nesse nível no nosso relacionamento.
— Nós não temos um relacionamento. E sim, eu entrei. Você
está perturbando o meu tempo fazendo ioga com todo o barulho.
Sério, essa garota. Ela é parte entretenimento de qualidade,
parte desmancha prazer. Uma dicotomia completa. — Isso não era
barulho. Era música, Stella Bonita.
— Seja o que for... Argh. Não posso falar com você desse jeito.
Coloque uma maldita calça, pelo menos.
A agitação dela me diverte e fico tentado a recusar o seu pedido.
Mas estou começando a me sentir um pouco ridículo aqui de pé e
nu com apenas minha guitarra como proteção. Além disso, agora
que parei de tocar, estou ficando com frio.
— Bem. — Eu tiro a alça do meu pescoço e coloco minha
guitarra no chão. Muitos gritos se seguem, o que me faz sorrir
largamente quando pego meu jeans e o visto.
Apesar de todos os seus protestos, Stella assiste com interesse
ávido enquanto eu me enfio no jeans e puxo o zíper. Eu não me
incomodo em abotoar. Primeiro de tudo, eu sei que isso vai irritá-la.
Em segundo lugar, isso vai irritá-la.
Seus olhos ficam presos naquele botão aberto, e eu coloco
minhas mãos nos meus quadris, flexionando meu abdômen para me
divertir.
— Tem certeza que quer que eu fique com isso? — Eu pergunto,
lutando contra uma risada.
Sua boca sexy se fecha. — Você não tem vergonha?
Eu tenho muita vergonha. Vergonha sem fim. Mas do meu
corpo? — Não.
Ela balança a cabeça e suspira. Mas ela não pode esconder seu
sorriso de mim.
— Então estamos de acordo — digo a ela. — Você não vai se
esgueirar e eu continuarei tocando pelado.
— O que há com tocar nu, afinal? — Ela pergunta.
Eu dou de ombros. — Eu fiquei com calor. Tirei minhas roupas.
Nada demais.
Não mencionei que estou com tesão, mas não tenho saída para
aliviar as minhas necessidades além da minha mão. E minha mão
não está fazendo isso. Tocar nu alivia a tensão. Chame de estranho,
mas há um certo erotismo no ato, a pressão fria da guitarra contra o
meu pau, a resistência das cordas esticadas na ponta dos meus
dedos e a música. Música e sexo andam de mãos dadas por uma
razão; ambas são formas de expressão, liberação, criação.
Ela olha para mim como se eu fosse maluco. Mas quando ela
fala, seu tom é tranquilo. — Você está certo. Tudo o que você faz na
sua casa é da sua conta.
— Obrigado...
— Mas — ela se intromete, — sua música não permanece na
sua casa. Está invadindo a minha.
— A música não pode ser contida por meras paredes, Stella
Bonita.
— Bom, tente.
Eu levanto minhas mãos largas. — Como eu devo fazer isso?
A boca de Stella se abre. — Você não pode ser tão sem noção.
Eu a encaro aborrecido. — Não estou abaixando o volume. É
besteira.
— Conecte fones de ouvido no seu pequeno amplificador.
— Fones de ouvido? Estou na casa dos meus pais? Sem
chance.
— Ah, cresça. Não é tão ruim.
— Eu cresci. É por isso que tenho o meu próprio apartamento.
Para tocar a minha música como eu quiser.
Ela coloca a língua para fora e faz um barulho parecido com um
peido, o som alto e desagradável. Quero rir. Mas não rio, porque
ainda estou irritado.
— Pare de agir como uma praga, John. Você está acabando com
a paz e sabe disso.
— Ninguém mais reclamou.
— Bem, eu reclamei. Não me faça ligar para o Sr. Scott.
Sinto minhas sobrancelhas se arquearem. — Você vai fazer uma
queixa de mim? Isso é baixo, Stella. Baixo demais.
Ela funga, cruzando os braços sob os peitos. — Ele disse que eu
deveria entrar em contato se tivesse algum problema com você.
— Você sabe, Scottie tem estado atrás de mim há um tempo
para que eu toque. Não importa que, embora ele seja um “idiota
pomposo” eficiente, tecnicamente ele trabalha para mim.
Sua boca abre e fecha. — Eu esqueci disso.
— Compreensível. Nós o deixamos bancar o chefe quando nos
convém. Mas fatos são fatos, e estou pensando que vou ganhar
essa rodada. Tente novamente, Bonita.
Um rubor cresce em suas bochechas. — É sério que você não
vai abaixar o volume?
Eu provavelmente diminuiria se ela não tivesse me ameaçado ao
dizer que ligaria para Scott. Ou sugerido que eu usasse fones de
ouvido. Dou-lhe um encolher de ombros preguiçoso.
Ela rosna, fazendo que todos os seus lugares redondos
balancem – novamente. — Se você não abaixar, eu vou… — Ela
olha em volta loucamente, depois se concentra na minha amada
guitarra. — Eu vou te bater na cabeça com essa guitarra velha e
imunda.
Um suspiro horrorizado me escapa. — Essa, doce Stella, é uma
Fender Stratocaster Sunburst de 1964, que já foi de Jimi Hendrix.
Prefiro que você me dê um chute nas bolas e acabe com isso.
As sobrancelhas dela se erguem. — Você tem uma guitarra do
Hendrix? E você está tocando ela?
— Claro que estou. A velha garota precisa ser tocada ou vai
morrer. — Eu descanso uma mão no corpo áspero e maltratado. —
Não ouça a velha Stella. Eu vou te proteger, bebê.
Stella revira os olhos. — Jesus. Quanto isso custou, afinal?
— Ela não é uma coisa. E ela pode ouvir você.
Outro revirar de olhos.
Eu dou um tapinha no meu bebê novamente. — Cerca de um
milhão, eu acho. Mas ela não tem preço para mim.
Stella empalidece e oscila um pouco.
— O que está errado? — Pergunto a ela, já sabendo mas....
ainda assim pergunto.
— Estou sobrecarregada.
— Você deveria ver a coleção de instrumentos de Rye. Agora
isso é impressionante. — De repente, quero que ela veja, conheça
Rye, alguém que eu sei que ela gostaria. Ele a encantaria em um
segundo. Faço uma carranca inesperada. Talvez eu não queira ela
se aproximando de Rye.
Ela balança a cabeça como se tentasse sair de um nevoeiro. —
Estou tendo pensamentos inapropriados sobre fugir com ela.
— Eu me senti da mesma maneira — digo solenemente.
— E vender.
— Aí está a pequena ladra que eu conheço.
— Eu daria a maior parte do dinheiro para caridade. — Ela não
parece convincente.
— Vamos, não dê uma de Robin Hood — eu provoco. — mexe
com a minha imagem mental sobre os seus modos mercenários.
Stella coloca as mãos nos quadris. — Olha, você pode por favor
usar um fone de ouvido como uma pessoa normal?
— Você quer que eu acabe com o meu som? De jeito nenhum.
— Eu não posso fazer ioga em paz, e você está assustando
Stevens.
— Stevens é um gato do rock 'n' roll. Ele ama. — Quando ela se
encolhe, dou um passo para mais perto, meus olhos em seu rosto.
— Stella Grey, você usou um gato inocente para fazer eu me sentir
culpado! — Eu meio que amo isso.
Seu nariz enruga, e ela dá uma fungada arrogante. — Eu não
usei.
— Você usou sim.
Stella joga as mãos para o ar. — Ok. Tudo bem. É tudo por mim.
Agora, por favor, abaixe?
Ela se move para sair, e eu me pego impedindo-a.
— E se eu tocar algumas melodias enquanto você pratica ioga?
— Que diabos? Eu não acabei de dizer isso.
Seus olhos azuis me espreitam sob seus cílios, todo encoberto
enquanto me estuda. Não perco a maneira como sua atenção
permanece no meu peito. Tudo bem para mim. Também estou
olhando para o peito dela. Justo é justo e tudo isso.
— Como você sabe que eu estava fazendo ioga? Não é como se
você pudesse me ouvir chamando. E não vou entrar nesse pesadelo
novamente.
— Palavras machucam, Bonita.
Ela olha, uma sobrancelha vermelha arqueada.
— Me manda uma mensagem — eu ofereço. — Então eu vou
saber quando diminuir o volume.
— Eu não tenho o seu número.
— Você está tentando ser lenta agora, não está? — Eu rio
quando ela faz uma careta para mim. — Me dê seu número. Ou eu
vou te dar o meu.
Inacreditavelmente, ela balança a cabeça. Uma onda de choque
passa por mim. Eu nunca dou meu número real. Nunca. Apenas a
banda e Scottie têm. O restante recebe o número de um assistente
ou o telefone secundário que eu uso para manter contato com as
minhas fodas. E ela não quer. Ou talvez ela não queira que eu tenha
o dela. De qualquer maneira, é um golpe que eu não esperava.
Eu lambo meus lábios secos. — Não estou tentando fazer algo
que você não queira, peitos de açúcar. Se você preferir que eu
toque...
— Ah, acalme-se, doce de nozes — ela rebate. — Só estou
tentando lembrar o meu número. Não é como se eu ligasse para ele
frequentemente.
Ela me arranca uma risada. — Doce de nozes, hein? — De
repente, não quero que ela vá. Quero que ela me ouça tocar violão.
Quero preparar o jantar dela e mostrar que realmente sei o que
estou fazendo na cozinha. E quero ouvir que coisa nova e ultrajante
sairá da sua boca.
A necessidade da sua companhia é tão estranha para mim que
estou um pouco tonto. Meu estômago revira desconfortavelmente.
Engulo em seco e minha garganta dói, lembrando-me que não tenho
absolutamente nenhuma experiência em flertar com qualquer
mulher. Estou a alguns instantes de um ataque de pânico, o que
significa que ela precisa sair, apesar do que eu quero.
Eu passo a mão pelo meu cabelo. — Eu deveria tomar banho.
Vou pegar o seu número mais tarde.
Stella franze a testa, mas depois levanta as mãos exasperada.
— Tanto faz. Apenas... mantenha isso baixo.
O desapontamento tem um gosto amargo na minha língua. Eu o
engulo e, novamente, sinto dor na garganta. — Sim, claro.
É melhor evitá-la completamente. Minha vida é muito distorcida
para alguém normal como ela de qualquer maneira.
CAPÍTULO SETE
STELLA
STELLA
STELLA
STELLA
— S , ? — O pedido
rouco vem de uma mulher mais velha na base da escada que leva
ao meu prédio. Ela me dá um sorriso, seus lábios com aquele tom
perfeito de vermelho que as estrelas de cinema da velha Hollywood
costumavam usar. Honestamente, a mulher poderia ter sido uma
estrela de cinema clássica. Seus cabelos grisalhos são penteados
com um longo e elegante penteado, seu traje Chanel creme e preto,
perfeitamente adaptado para o seu corpo esbelto.
Percebo que estou encarando a mulher, obviamente lutando
para puxar seu carrinho de compras pelas escadas. Mas a
estranheza de ver uma mulher vestindo alta costura e carregando
uma bolsa original da Birkin que vale mais do que eu ganho em três
meses, cuidando de suas próprias compras, me deixa pasma.
Somente em Nova York.
Ela pode ser elegante, mas parece que um vento forte poderia
soprá-la para longe. Estou de saída, mas coloco minha bolsa no
limiar da porta para mantê-la aberta e depois desço as escadas
correndo e pego seu carrinho. — Me deixe te ajudar.
— Você é muito gentil — diz ela com um pequeno sorriso. — E é
nova aqui.
— Eu sou Stella Grey.
— Madeline Goldman.
— Estou aqui há algumas semanas — digo a ela enquanto
subimos as escadas. — Eu estou cuidando de alguns animais de
estimação.
— Na casa de Killian? — Ela diz com um aceno de cabeça. —
Ouvi dizer que ele estava ausente por alguns meses.
— Você o conhece?
Ela pega o carrinho assim que eu o pouso, e o enorme anel de
diamante canário que ela usa pisca na fraca luz do sol. É parte de
um conjunto, acompanhado por uma fina aliança de ouro. Tudo nela
exala “nova iorquina esbanjando dinheiro”. Exceto pelo fato de ela
estar morando em um prédio sem porteiro e não ter um motorista.
Essa parte é um pouco estranha. Mas parece que esse edifício atrai
pessoas excêntricas.
— Minha querida — ela diz, — faço questão de conhecer meus
vizinhos. É mais seguro e amigável assim.
— Isso é verdade. — Entramos no prédio e pego minha bolsa,
pronta para sair.
A Sra. Goldman pega um conjunto de chaves e abre a caixa de
correio enquanto me olha. — Suponho que você conhece Jax
também.
Meu coração dá um pequeno salto, tentando escapar das
minhas costelas. Patético. Eu tenho que parar de reagir a tudo o que
for relacionado a John, ou Jax, ou como ele quiser se chamar.
Minha vida estava perfeitamente boa antes de conhecê-lo. Um
pouco solitária, com certeza. Não tão emocionante, ok. Mas tudo
bem. Então eu encontro o astro do rock mercurial e ele domina os
meus pensamentos. Totalmente inaceitável. Especialmente desde
que ele fugiu de mim como se tivesse visto um fantasma.
Engulo o nó amargo na garganta. — Nós já nos conhecemos.
Ela deve ouvir algo no meu tom, porque ela dá uma olhada dupla
e depois ri. — Sim eu posso ver isso. Aquele garoto tem uma
maneira de causar uma impressão duradoura.
Eu bufo. — Ele me deixa louca.
— Então você deve gostar bastante dele. — Ela parece
satisfeita.
— Não pretendo estourar sua bolha, Sra. Goldman, mas nem
toda pessoa irritante é secretamente agradável.
— Não, eles certamente não são. — O sorriso dela cresce. —
Mas Jax é. Lembre-se, eu conheço o jovem. Ele não é apenas
encantador como um príncipe, ele também tem um bom coração.
Faço um som evasivo na garganta.
— Ele também tende a cometer erros de vez em quando — diz
Goldman com um olhar conhecedor.
— Pode-se dizer que sim.
— Ele estragou tudo, não é? — Os olhos dela brilham com
diversão agora.
— Bem vamos ver. Ele me acusou de persegui-lo. Embora eu
ache justo, já que eu o acusei do mesmo. Mas ele também achou
que eu era uma acompanhante profissional quando eu não disse o
que fazia da vida.
Isso chama a sua atenção. A Sra. Goldman empalidece, seus
lábios vermelhos se separam. — Ah. Nossa.
— Ele pediu desculpas — me sinto compelida a acrescentar, já
que parece que ela pode pegar John pela orelha e brigar com ele na
próxima vez que o vir. — Então ele me abandonou em uma festa, e
não nos falamos desde então.
Eu dou de ombros, mas meus ombros estão muito apertados, a
memória de John se agarrando como chiclete.
— Ele gosta de você — diz ela, assentindo quase para si
mesma.
Minha pele cora. — Não vejo como a senhora chegou a essa
conclusão.
— Não? — Ela rebate suavemente.
E caramba, quero me arrastar para um buraco e me esconder.
Porque eu pensei que John gostasse de mim. Eu honestamente
comecei a acreditar que havia algo entre nós. Mas ele saiu correndo
e me deixou sem olhar para trás. Não sei mais o que pensar.
Então não. Esqueça ele e siga em frente.
— De qualquer forma, estou apenas de passagem e ele é... bem,
ele. Estrela do rock. Lenda. Tudo isso... — Dou um aceno
impotente. — Eu sou muito mais adequada para caras legais e
normais.
Por que estou balbuciando? Eu não conheço essa mulher. Eu
não quero falar sobre John – Jax. Pior, ela está olhando para mim
como se pudesse ver dentro da minha cabeça. Uma pausa
embaraçosa preenche o espaço antes de ela colocar sua
correspondência na bolsa Birkin e depois se endireitar.
— Vivi muito tempo — ela diz pensativa, — e o que aprendi é
que existem pessoas que nunca cometem erros. Eles nunca pisam
na bola, sempre agem perfeitamente. Minha querida, não confio
nem um pouco nessas pessoas.
Uma risada chocada me escapa. — Porque elas são legais?
— Porque ninguém que vive honestamente é perfeito o tempo
todo. Essas pessoas perfeitas? Elas estão muitas vezes vivendo
uma mentira. Um personagem público organizado para que possam
se esconder atrás. — Os olhos escuros dela brilham. — Se reparar
nas notícias, ao entrevistarem os vizinhos de um assassino em série
desequilibrado eles sempre insistem que ele era um homem tão
legal e normal. Ha. Norman Bates não machucaria uma mosca,
certo?
Seu tom espirituoso me faz rir. — Bem, você me pegou.
— Não existe algo perfeito. Os seres humanos cometem erros.
As melhores pessoas são as que mais erram. É a intenção que
conta. É um erro baseado em ódio, egoísmo ou covardia moral?
Não dê o seu perdão. Mas um erro honesto apoiado por um coração
verdadeiro é totalmente diferente.
Os ossos de seu pulso destacam-se bruscamente contra sua
pele fina quando ela alcança o botão que chama o elevador. — Meu
marido – que Deus tenha sua alma – e eu fomos casados por
quarenta anos. Nós dois tivemos que aprender essa lição da
maneira mais difícil. Perdoe os pequenos erros. Não perca algo
devido ao orgulho.
Ela dá uma pequena fungada, e eu não consigo deixar de pensar
que ela está exagerando um pouco.
— Desculpe-me por perguntar, Sra. Goldman, mas você costuma
bancar a casamenteira com frequência?
Ela congela e me lança um olhar repressivo. Mas então um
sorriso lento se espalha pelo seu rosto. — Sou conhecida por isso.
— Você é muito boa — ofereço, segurando meu próprio sorriso.
— Sim, eu sou. — Sua expressão suaviza. — Ele é solitário,
Srta. Grey. Embora ele nunca admitiria para mim. E é um dos
melhores homens que tive o prazer de conhecer.
Qualquer humor que eu senti desapareceu, deixando meu peito
dolorido. — Acho que nós dois podemos estar um pouco ferrados
demais para nos relacionarmos agora.
O elevador para quando ela bufa suavemente. — Estamos todos
ferrados. É o que tenho tentado te dizer. Você vem?
— Não. — Eu dou um passo para trás. — Eu vou voar.
— Você pilota aviões? — Os olhos dela brilham. — Que
maravilha.
— Os pequenos. — Os aviões grandes são chatos, francamente.
Eu poderia muito bem estar dirigindo um ônibus com asas. Hank me
chama de esnobe por isso, então aprendi a segurar minha língua.
Além disso, eu particularmente não gosto de conversar com as
pessoas sobre o meu hobby; é muita exposição e leva a perguntas
inevitáveis: há quanto tempo estou voando? O que me meteu nisso?
Já estou arrependida de ter aberto a boca e me pego me
aproximando da porta. — Não é fácil ir para Long Island, mas tento
quando posso.
A Sra. Goldman me dá um sorriso gentil. Muito gentil, o que
significa que eu não fiz um bom trabalho em esconder o meu
desconforto. Normalmente, sou especialista em fingir que estou à
vontade.
— Não vou te atrasar, então — diz ela. — Bom voo. Você deve
pegar uma jaqueta, no entanto. O clima da primavera é
temperamental.
Já estou na metade da porta, não querendo ouvir mais nenhum
conselho da Sra. Goldman.
—E .
Scottie olha na minha direção antes de voltar a estudar a fila de
opções na frente dele. — O que te levou a pensar isso? — As
sobrancelhas dele se enrugam. — Embora, se eu for honesto,
também não tenho a menor ideia. Eu busco conforto ou fácil
portabilidade? E como diabos esse carrinho de bebê fecha?
Ele faz um movimento furtivo com a alça quando eu reprimo um
bufo. — Eu não estou falando sobre os malditos carrinhos.
Na verdade, não tenho ideia de por que somos os únicos
comprando um carrinho de bebê. Impossível encontrar dois caras
mais ignorantes sobre o assunto.
Scottie se agacha ao lado de um modelo preto e prata que mais
me parece uma cápsula espacial. — Bem, eu estou. O último que
Sophie comprou tinha um raio de curvatura de merda e as alças
eram muito baixas para mim. Tenho dor nas costas manobrando
aquele pesadelo.
— Você faz parecer um carro.
— É mais importante do que um carro. É responsável por
carregar o meu primogênito.
Eu bufo, mas depois avalio as opções. — Nesse caso, pelo
menos comece com os que estão no alto.
Ele estuda os carrinhos de criança. — Por quê?
— Os modelos tradicionais têm o rosto de uma criança no nível
da sua bunda. Você gostaria de estar constantemente olhando para
bundas?
— Só se for a da Sophie.
— Bem, claro. Ela tem uma ótima bunda.
Ele olha para mim e eu levanto minhas mãos em sinal de
rendição. Scottie dá um grunhido e vira na minha direção. — Por
que você está no limite?
Agora que ele me distraiu, me arrependo por ter dito isso. Mas o
olhar a laser de Scottie está apontado para mim e não há como sair
dessa sem ele me atormentar até a morte.
Eu passo a mão no meu rosto. — Eu não posso fazer isso na
frente dos carrinhos de bebê.
— Você acha que eles vão contar para a imprensa? — Ele
pergunta, inexpressivo.
— Ha. Não, sério, você é hilário. As pessoas não entendem o
seu humor.
Ele concorda. — Sophie diz o mesmo.
— Porra, eu vou precisar de um antiácido depois disso.
Sem vacilar, ele enfia a mão no bolso do paletó e puxa uma fina
caixa de metal. Eu fico boquiaberto quando ele me entrega dois
antiácidos. — Agora, fale.
Eu mastigo antes de confessar. — Aconteceu uma coisa. — Eu
engulo em seco. — Com a Stella. De novo.
Scottie levanta a mão e pega dois antiácidos para ele mesmo.
Reviro os olhos enquanto ele os mastiga. — Você terminou?
— Continue.
Resmungando, eu me afasto dos carrinhos, e ele segue.
— Pedi desculpas por ser um merda. — Eu ignoro o corredor de
produtos de banho. Patinhos amarelos e sapos verdes sorriem para
mim.
— Bom.
Dou uma olhada para Scottie, e procuro por uma saída. Bombas
para extrair leite aparecem à esquerda, fraldas à direita. Um
verdadeiro labirinto com a alegria de um bebê feliz e do tempo em
família ao meu redor. Não consigo ar suficiente aqui. Um monte de
crianças estão cantando uma das minhas músicas no alto-falante, o
que é errado em muitos níveis.
— Mmm... Scottie?
— Sim?
— Quando diabos demos autorização para o Tots That Rock
tocar as nossas músicas?
Ele estremece. — Eu estava um pouco distraído quando Sophie
me disse que estava grávida. Pequenos erros de julgamento podem
ter ocorrido.
— Certo.
Os olhos dele se estreitam em mim. — Você estava na reunião e
assinou os papéis, Blackwood. Você pode tentar prestar atenção se
tiver objeções a certas formas de marketing de divulgação.
— Uh-huh. A propósito, marketing de divulgação é um termo
interessante. Pontos por isso.
Seus olhos se tornam fendas. — Pare de desviar do assunto e
me fale sobre o seu problema.
— Stella me contou sobre seu trabalho.
Eu puxo a gola da minha camiseta. Juro que eles ligaram o
aquecedor. Fotos de bebês sorrindo e babando me encaram. É
como o filme Os Pássaros em fraldas.
Scottie agarra o meu cotovelo. — Por aqui.
Deixo-o me guiar para fora do inferno dos bebês e encho os
meus pulmões com o ar gloriosamente poluído da cidade, assim que
saímos. — Obrigado.
— A mesma coisa aconteceu comigo nas primeiras cinco vezes
que Sophie me arrastou para uma dessas lojas — ele admite. —
Você tem que trabalhar aos poucos até estar pronto para uma visita
completa.
Atravessamos a rua e seguimos em direção ao Central Park.
Scottie continua conversando assim que estamos na relativa
privacidade do parque. — Você tem um problema com ela ser uma
amiga profissional?
— Não. — Quem dera fosse. Eu preferiria isso agora. — Não é
isso...
— Então o que?
Juro que minha garganta está se fechando.
— Desembucha, John, ou eu vou voltar para comprar o carrinho
de bebê.
— Eu achei adorável, está bem? — Eu passo a mão pelo meu
cabelo. — Ela é totalmente adorável. Algo aconteceu comigo que eu
não...
Scottie para e olha para mim. Não posso olhá-lo nos olhos.
— Eu estava parado ali, olhando para ela, e ela se tornou...
mais. Eu não podia... eu não conseguia pensar, cara. Tudo
simplesmente… — aceno uma mão em aborrecimento para mim
mesmo. — Mudou. O mundo mudou, e lá estava ela. Entende?
Um sorriso lento e irritante se espalha pelo seu rosto. Eu quero
chutá-lo. Mas não faço. Eu trouxe isso para mim mesmo.
— Sim — ele diz, — na verdade, eu entendo.
Eu temia isso. Lembro-me de como Scottie ficou quando se
apaixonou por Sophie, seu foco mudando do trabalho para uma loira
tagarela que apareceu para deixá-lo louco. Foi divertido como o
inferno vê-lo se apaixonar. Agora não tanto. Não quando sou eu
quem está desenvolvimento sentimentos.
O primeiro instrumento que toquei foi um violino. Eu gostei
bastante e era muito bom nisso. Mas no segundo em que peguei um
violão em minhas mãos, eu sabia que mudaria minha vida. O
mesmo aconteceu quando me encontrei com Killian, Whip, Rye,
Brenna e Scottie. Eu sabia que eles teriam um papel na minha vida,
que alterariam sua direção e propósito.
Eu tenho o mesmo sentimento em relação a Stella. Ela é nova e
revigorante, confortável e atemporal, como uma das minhas
melhores músicas, tocada de uma maneira totalmente diferente. Só
que, em vez de ir com tudo, eu quero recuar. Ao contrário dos
outros, Stella me assusta pra caralho.
Eu a encarei naquele corredor escuro e percebi o quanto eu a
quero. Eu a quero debaixo de mim, em cima de mim, ao meu lado.
Quero dedicar horas memorizando o padrão de suas sardas, cada
curva e declive de seu corpo. Eu quero o corpo dela contra o meu
até que o seu cheiro esteja na minha pele. Quero prová-la, transar
com ela, rir com ela. Eu quero tudo.
Sexo sempre foi fácil para mim. Posso me desligar, me deixar
sentir prazer, ignorar toda a merda na minha cabeça. Eu amo sexo.
Mas eu nunca quis verdadeiramente uma mulher em particular
antes. Uma era tão boa quanto qualquer outra. E se alguém que eu
estivesse afim não gostasse de mim, havia muitas mulheres
dispostas e disponíveis para satisfazer as minhas necessidades. Eu
costumava amar isso sobre o sexo – a facilidade e a impessoalidade
de tudo. Eu podia experimentar uma intensa conexão humana que
eu precisava desesperadamente sem ter que permanecer
conectado depois que terminasse.
Nada sobre Stella é impessoal.
Talvez se fosse um simples caso de luxúria ou a necessidade de
foder, eu poderia lidar com essa coisa com Stella. Mas não é. É
abundantemente claro. Ela me disse que é uma amiga profissional,
alguém cujo trabalho é fazer com que outras pessoas se sintam um
pouco menos solitárias na vida, e esse era o meu caso. Eu caí
direto no abismo. Meu desejo por ela não é apenas físico; mas em
um nível espiritual.
Se tivesse que escolher entre ter Stella na minha vida mas sem
sexo, ou transar com ela e deixá-la em seguida, escolheria o
celibato com Stella todas as vezes. Mas como exponho a minha
alma, por mais falha que seja, e mantenho a esperança de que ela
também me queira?
Eu sou um eterno fodido. Tenho sido durante toda a minha vida.
É um milagre que eu seja famoso. E sim, sou adorado pelos fãs.
Mas eles não me conhecem. Stella conhece, e não estou
convencido de que ela possa suportar minha presença por muito
tempo. Claro, ela está atraída. Eu posso ver isso muito bem. Mas eu
sei que a atração é uma emoção superficial que pode desaparecer
facilmente, então não me inspira muita esperança. É por isso que
quero correr para o mais longe possível de Stella. Mas quanto mais
eu me afasto, mais a sinto me puxando de volta.
Scottie ainda está me olhando, o brilho de conhecimento em
seus olhos. Ele está gostando disso.
Esfrego uma mão na parte de trás do meu pescoço e aperto os
músculos rígidos. — Eu a deixei ali de pé. Dei uma corrida
completa.
Ele balança a cabeça como se minha reação fosse perfeitamente
normal, o que não é. — “Somos todos tolos no amor”.
Por um segundo, eu olho para ele. — Você acabou de citar Jane
Austen?
Scottie bufa. — Cara, você tinha uma cópia de Orgulho e
Preconceito debaixo do seu colchão na primeira turnê que fizemos.
— Eu estava tentando impressionar as mulheres!
— Certo. É por isso que estava marcado e caindo aos pedaços.
— Era a antiga cópia da Brenna — protesto, mas depois dou de
ombros. — Darcy estava bem. Mas sempre me incomodou que
Elizabeth só começou a mudar de opinião sobre ele quando o viu
em Pemberley.
— Ela estava se apaixonando antes disso; ela simplesmente se
recusou a reconhecer. Você é cínico por pensar o contrário. —
Scottie pega o seu telefone para mandar uma mensagem para o
motorista. O homem nunca anda pela cidade se não precisar. — O
que não funcionará com a Srta. Grey; a mulher é uma romântica.
Eu perguntaria como ele sabe, mas Scottie sabe tudo sobre
todos. Não adianta ficar chateado com isso. E ele está certo.
Franzindo a testa, olho para o parque. O céu cinzento pesado e
cheio paira sobre a grama verde. A chuva está prestes a cair e as
pessoas estão procurando por cobertura. Scottie e eu seguimos
para a Columbus Avenue, onde seu motorista estará esperando.
— O que eu faço? — Deixo escapar.
Scottie me dá um olhar de soslaio. — Invista em um bom
conjunto de joelheiras. Prevejo que você vai rastejar muito no seu
futuro.
— Se eu pudesse passar um tempo com ela sem me preocupar
com mais nada — murmuro.
— Seria o ideal. — Scottie parece achar isso impossível. Por
outro lado, o bastardo sortudo estava trabalhando com Sophie
quando se conheceram. Ela tinha que estar perto da sua bunda
espinhosa.
Uma ideia nebulosa começa a se formar, fazendo cócegas nas
bordas do meu cérebro desesperado.
— Além disso — diz Scottie, interrompendo os meus
pensamentos, — Temos problemas maiores agora.
A sensação de que algo ruim vai acontecer retorna com uma
vingança. — Você falou com as mulheres? — A lista que eu havia
dado a ele era embaraçosamente vaga, mas sua equipe acompanha
todos que vêm ao nosso encontro ou visitam nossas salas VIP, o
que ajudou muito, considerando que minhas fodas habituais são
com mulheres que participam de eventos do Kill John.
— Sim — ele diz lentamente. — Também localizamos a origem.
Uma jovem chamada Karen...
— Karen. Certo, esse era o nome dela.
Scottie me lança um olhar irritado. — Aparentemente, Karen
também tinha sido muito amigável com Dave North.
Dave North, o vocalista do Infinite Sorrow. Esfrego a parte de
trás do meu pescoço. — Dave sabe que ele está em risco?
— Ele sabe agora. — Scottie solta um suspiro ofendido. — Eu
juro, eu deveria te ensinar a fazer as coisas...
— Enfim — interrompo antes que ele pudesse continuar, — por
que tenho problemas maiores?
— Eventualmente, essa história vai ser publicada. Não podemos
contê-la.
— Eu percebi. — A chuva começa a cair em gotas lentas e
suaves, pontilhando as costas dos meus braços. — Não tem outro
jeito, tem?
Scottie tira um guarda-chuva compacto da maleta antes de ligar
para o motorista. — Não. Mas nós precisamos formar um plano para
controlar os danos. Sua imagem é fundamental. Temos que deixá-la
perfeita.
A chuva cai mais forte agora, atingindo minhas bochechas com
respingos frios. — Scottie, cara, eu vivo como um monge agora. E,
francamente, eu não dou a mínima se eles acabarem comigo. —
Não é exatamente verdade. Vai doer, quer eu queira ou não. — Não
se preocupe comigo mais do que o necessário. Eu vou ficar bem.
Olhos gelados se prendem a mim, vendo demais. — Eu
costumava me isolar. Olhar para os outros, mas nunca para mim. É
uma maneira solitária de viver.
Eu sei disso. Sucesso, fracasso – são estados transitórios. O
medo pode te desconcertar. Mas a solidão crava suas garras como
nada mais. Você pode estar cercado por amigos e ainda se afundar
na solidão. É horrível pra caralho.
— Sophie te ensinou isso? — Eu brinco, ignorando o abismo
sombrio dessa emoção.
Os lábios de Scottie se curvam levemente. — Não, cara. Você
ensinou.
CAPÍTULO ONZE
STELLA
JOHN
JOHN
STELLA
STELLA
STELLA
STELLA
JOHN
STELLA
C “ S ”, John
propõe que continuemos a nos apresentar a algo que o outro não
havia feito antes. — Você sabe, nos tirar das nossas zonas de
conforto. Mais ou menos como você fez comigo no parque.
— Não sexualmente falando? — Eu pergunto durante o café da
manhã em que John me leva. O café da manhã sendo sorvete de
cereais com flocos de milho por cima no Milk Bar. Eu tenho que lhe
dar pontos pela criatividade e atrevimento.
Ele morde o lábio inferior antes de sorrir. — Você está obcecada,
Bonita. Não estou falando de sexo.
Estou com tesão; me processe. Nas últimas semanas, John e eu
passamos nossos dias juntos fazendo o que nos apetece. Nossas
noites são passadas no sofá, nos beijando.
Quando digo beijar, quero dizer exatamente isso. Sem toques
abaixo do pescoço, apenas beijos. Beijos suaves, lentos e
molhados. Beijos que me deixam louca. Beijos frenéticos. Pequenos
beijinhos entre risos e conversas. Beijos que sugam a alma. Os
profundos que fazem minhas costas arquearem e meu corpo
estremecer.
Nós nos beijamos até meus lábios ficarem doloridos e meu
queixo doer. Nós nos beijamos até que meu corpo seja um enorme
e quente fluxo de desejo e um único toque no meu clitóris me
explodiria. Mas ele nunca me toca lá. E eu não deslizo minha mão
por seu peito firme para apertar o pau que sei que está duro como
uma rocha. Mesmo quando eu sei que ele está tão preparado
quanto eu. Mesmo quando ele está encostado em mim, seu corpo
grande tremendo, sua pele úmida de suor.
Deus, esses momentos me atingem mais do que qualquer coisa
– ver John a um toque de gozar na sua calça jeans. É quente como
o inferno saber quão excitado eu o deixei. Estamos nos torturando,
levando as coisas devagar desse jeito. Mas é tão bom. E há algo em
seus métodos loucos – estamos conhecendo um ao outro. Ele está
sempre em meus pensamentos, se tornando necessário.
— O que exatamente você não fez antes? — Eu pergunto a ele,
um tom áspero na minha voz.
John arrasta uma colher cheia de sorvete sobre sua língua, um
pedaço dourado de cereal gruda nos lábios antes de ele lambê-lo.
Somente John poderia fazer o sorvete parecer carnal sem sequer
tentar. — Essa é difícil. Eu já fiz muito. — Seus olhos verdes
brilham. — Mas não com você.
— Hmmm... minha lista de experiências emocionantes é
bastante pequena.
Ele pisca para mim, sua expressão alegre. Hoje, ele é uma
estrela do rock, camisa da Patti Smith desbotada em cinza, jeans
preto que abraçam suas coxas firmes e pendem baixo em seus
quadris magros. — Você já andou de moto, Bonita?
Faço uma pausa, minha colher a meio caminho da boca. — Na
morte sobre duas rodas? Não.
John ri. — É divertido.
— Você sabe o que acontece se você bater? — Eu tremo
dramaticamente. — Você se rala todo.
Ele se inclina e pega o sorvete na minha colher. — Mmm,
cremoso.
— Coma o seu! — Eu dou um tapa nele e dou outra mordida.
— Mas eu quero o seu creme — diz ele com uma piscadela.
— Que bom que você é gostoso, ou eu estaria fazendo uma
careta agora.
— Você ama, Stella Bonita. Você sabe disso. — John descansa
o queixo na mão e me observa como se eu fosse um grande
entretenimento. Uma pulseira grossa de couro circunda seu pulso,
chamando minha atenção para seus antebraços. Acho que eu
nunca quis tanto na minha vida acariciar a pele sedosa no interior do
antebraço de um homem. — Quero te levar para passear na minha
moto — diz ele.
— Claro que você tem uma moto.
— Claro que sim — ele concorda alegremente. — Muitas delas.
Vou escolher uma boa para o nosso passeio.
— Não estou andando de moto pela cidade. Vou ficar com os
olhos fechados o tempo todo ou ser aterrorizada pelos táxis.
Ele faz uma careta. — Mulher de pouca fé. Sou um ótimo
motorista, Bonita. Mas, não, vamos sair da cidade, almoçar, andar
pelas estradas como se nossas bundas estivessem pegando fogo.
— Imagem adorável. Não sei por que me preocuparia. — Estou
fingindo protestar, mas a emoção borbulha através do meu sangue
como refrigerante.
John sabe claramente que concordo com o seu plano, porque
ele esfrega as mãos juntas, mordendo o lábio inferior para conter
seu sorriso. — Vai ser divertido. Vamos na quarta-feira. Deve estar
quente e ensolarado.
Posso estar protestando, mas seu plano parece maravilhoso –
principalmente porque envolve estar com ele. Não atendi nenhum
cliente novo e deixei uma mensagem no meu telefone dizendo que
estou de férias. Um conceito estranho para mim, mas estou me
acostumando. Até eu me afastar do trabalho, não tinha percebido o
quanto precisava de tempo para ser apenas eu e aproveitar as
coisas que eu gosto.
— Ok, eu vou deixar você me torturar em uma moto. — Eu
aceno uma colher de sorvete em sua direção. — Mas eu fico com a
segunda metade do dia.
Eu tenho uma ideia. Algo meu que posso compartilhar com ele.
Não contei a ele sobre meu hobby, não contei a ninguém na
verdade. Vou me expor de uma maneira que parece um pouco
desconfortável. Mas eu pedi o mesmo a ele no parque; não posso
fazer menos. E tenho quase certeza de que John não experimentou
nada parecido com o que vou mostrar.
— O que vamos fazer? — Ele pergunta enquanto nos afastamos
de nossos assentos.
Balançando a cabeça, sigo-o para fora da porta e para a fraca
luz do sol. — É uma surpresa.
— Envolve nudez? Porque eu estou afim. — Ele balança as
sobrancelhas, a ponta rosada da língua espreitando entre os dentes.
— Você proibiu nudez e qualquer palhaçada relacionada a ela,
lembra?
— Estou começando a repensar esse plano — diz ele
sombriamente.
Rindo, cutuco sua lateral e estou prestes a responder quando um
estranho tipo de som vibra ao nosso redor. No começo eu não tenho
ideia do que é, só que John ficou tenso ao meu lado. Depois,
registro que há um grupo de caras apontando câmeras na nossa
direção, todos gritando — Jax!
— Essa é a sua nova conquista, Jax?
— Como se sente?
— Ela sabe sobre as suas mulheres, Jax?
Chocada, eu fico lá e olho para eles. Todo esse tempo, ninguém
da imprensa nos incomodou. Eu meio que esperava por isso no
parque. Mas nada. Agora eles estão por todo lado. Eu não tinha
ideia de como seria. O barulho que eles criam é suficiente para
embaralhar o meu cérebro.
John pega o telefone e envia uma mensagem para alguém
enquanto eles continuam gritando em nossa direção.
Um grito atravessa o ar e um novo grupo surge. Fãs. Nunca
tendo estado em uma verdadeira multidão de fãs, não sei o que
esperar. É realmente doce. Seus fãs são respeitosos, alguns
tímidos, outros tremendo e chorando. Ele dá autógrafos e tira um
monte de selfies com eles. Estou recuando e me movendo em
direção ao meio-fio para vê-lo trabalhar.
Meu John se foi, substituído por Jax Blackwood com sorrisos
fáceis que não alcançam seus olhos e risadas que não são tão
profundas, mas mais altas, forçadas. Não que eu ache que algum
de seus fãs perceba. Não, ele tem essa qualidade única de fazer
uma pessoa pensar que toda a sua atenção está neles. O fato de
ele conseguir lidar com isso em uma multidão que aumenta de dez
para vinte e depois para trinta pessoas é impressionante.
— Você trabalha para Jax? — Uma adolescente ao meu lado
pergunta, com os olhos brilhando de curiosidade. Ela está com um
grupo de amigos que já tiraram selfies, mas demoram, tirando mais
fotos dele.
— Não, eu sou amiga dele.
Algumas meninas olham para mim com os olhos arregalados. —
Como você chegou a ser amiga de Jax? — Não perco a ênfase no
“você”, como se fosse um milagre do mais alto calibre. Talvez seja.
Observando agora, tudo o que fizemos antes poderia facilmente ser
pensado como um sonho, alguma invenção estranha da minha
imaginação.
— Eu sou sua vizinha — eu digo distraidamente.
Uma agitação percorre o grupo de meninas.
— Sortuda — diz a garota que me perguntou.
—Onde ele vive? — Outra pergunta.
Balanço a cabeça e reprimo um sorriso. — Desculpa.
Confidencial.
Uma delas murmura “vadia” baixinho. As outras olham, mas a
garota ao meu lado me dá um sorriso muito doce. — Entendi. Eu
tentaria mantê-lo para mim o máximo de tempo que pudesse
também.
— Boa sorte com isso — alguém sussurra, e há algumas
risadinhas.
Não sei o que dizer. Eu sinto o aborrecimento delas; estou
retendo informações que querem desesperadamente. Mas ser o
escape para a sua decepção não me faz querer ficar. Eu quero sair
daqui. Isso não é nada como os felizes espectadores assistindo
John tocando no parque. A multidão é sufocante, e o desejo de me
virar e ir embora é alto. Mas não vou deixar John.
— Gente — uma das meninas interrompe, — não sejam rudes.
— Ela me dá um sorriso fraco. — Desculpe, elas são apenas
ciumentas.
Ela ganha alguns olhares, mas uma delas balança a cabeça e
hesita. — Nós somos. Quero dizer, é Jax Blackwood. Ele é um deus.
— Como ele é? Ele é um amor? Aposto que é.
— Um amor sexy — acrescenta outra. — Aquele corpo... quando
está todo suado e se movendo no palco. Eu não posso nem pensar.
Eu interrompo antes de ter que ouvir mais sobre seu corpo.
Tendo estado tão perto e íntima dele no sofá, a visão de John sem
camisa pode me fazer corar. — Ele é o melhor homem que eu
conheço.
A verdade absoluta dessa afirmação afunda no pequeno grupo
ao meu redor e todas nós ficamos em silêncio, o observando.
No começo, pensei que ele não tinha reparado para onde eu
tinha ido, mas rapidamente percebi o quão errada estou. O tempo
todo em que ele trabalha, ele se aproxima de mim. Sua consciência
é uma lâmina afiada. É claro que ele sabe exatamente onde todos
estão e sua posição na multidão. Em um movimento
impressionante, ele se vira para apertar a mão de alguém e de
repente ele está ao meu lado novamente, fazendo com que pareça
casual. Mas o jeito com que ele coloca um braço em volta da minha
cintura diz que não é.
Tudo o que eu quero fazer é me enterrar em seu calor sólido.
Não faço isso, no entanto. Todo mundo está olhando. Dou adeus ao
grupo de garotas boquiabertas, embora saiba que a atenção delas
não está em mim.
A palma de John pressiona a parte de baixo das minhas costas
enquanto ele nos move em direção a um SUV preto brilhante que
aparece. Um cara asiático que parece vagamente familiar sai e abre
a porta traseira. Deslizo direto para o casulo macio de couro preto, e
John me segue. O barulho sólido da porta se fechando traz um
silêncio abençoado.
O motorista corre para frente e entra no SUV. Antes que eu
perceba, estamos entrando suavemente no tráfego enquanto as
pessoas avançam para um último vislumbre.
John se senta com um suspiro, depois vira o olhar para mim. —
Você está bem?
Ele parece diferente agora, coberto por uma pátina da fama, e eu
não consigo parar de pensar que estou com Jax Blackwood.
Inúmeras pessoas dariam tudo para estar no meu lugar agora. O
desdém das meninas deposita farpas quentes na minha pele, e uma
pequena voz na minha cabeça me pergunta o que estou fazendo
aqui. Por que eu? Não sou nada especial. Eu digo para essa voz
calar a boca.
— Estou bem.
Ele procura meu rosto como se estivesse tentando ler meus
pensamentos. — Você ficou tensa.
— Eu simplesmente não esperava ser bombardeada. Ou você
ser. — Meu sorriso é fraco. — Às vezes esqueço quem você é.
A mão quente de John pousa sobre a minha e aperta. — Você
sabe exatamente quem eu sou, e não é aquele cara lá atrás.
Estamos de frente um para o outro agora, nossos corpos virados
no banco traseiro. — É por isso que você não gosta que eu te
chame de Jax?
Uma ruga se forma entre suas sobrancelhas, e ele abaixa a
cabeça. — Eu tenho sido Jax há muito tempo. Depois que eu caí e
quebrei a cara, Jax parecia mais como... eu não sei, um nome
artístico. John era o homem por baixo de tudo. Jax não conseguia
respirar com toda a fama o pressionando. John era apenas o cara
que gostava de tocar guitarra e fazer música. — Ele bufa, a sombra
de uma risada. — Deus, isso me faz parecer seriamente confuso.
Não estou dizendo que tenho duas personalidades diferentes
lutando pelo domínio no meu cérebro ou qualquer coisa. Só que,
quando você me chama de John, sinto que você está me vendo,
não a estrela do rock.
— Vocês dois. — Meu polegar acaricia seus dedos. — Vocês
dois são maravilhosos.
Seus olhos se fecham em um suspiro. — Contanto que você não
se afaste por causa da fama. Embora eu não possa te culpar.
— Eu não vou me afastar. Mas essa vida não é nada como estou
acostumada. Eu posso ficar abalada às vezes. Ou deslumbrada, por
mais embaraçoso que isso pareça.
Um sorriso treme em seus lábios. Ele me olha através do véu de
seus cílios. — Deslumbrada, hein?
Minhas bochechas ardem. — Cala a boca.
As covinhas de John aparecem, enquanto ele balança a cabeça
levemente. — Você é tão fácil de provocar. — É verdade. Quando
ele fala novamente, sua voz é leve e relaxada. — Eu esqueci de te
apresentar ao meu guarda-costas de algumas vezes. — Ele ainda
está me olhando enquanto fala, mas olho para o motorista que
acena para mim. — Conheça Bruce Lee.
Eu devo ter feito um som de surpresa, porque John e Bruce
estão sorrindo. Não é difícil saber o porquê; Bruce Lee se parece
quase exatamente com a lenda do kung fu. — Seus pais fizeram
isso com você de propósito?
Bruce ri. — Completos fãs sem arrependimentos ou
preocupações com o que seu pobre garoto poderia suportar.
— Eu disse a ele que ele deveria abraçar O Bruce — diz John.
— Usar grandes óculos escuros, vestir camisas com golas enormes,
calças boca de sino vermelha e adotar totalmente o estilo dos anos
70.
— Eu não gostaria de ofuscar as estrelas do rock — brinca
Bruce.
— Por favor faça isso. Assine alguns autógrafos e me deixe
descansar um pouco.
Nós rimos e brincamos todo o caminho de volta para o
apartamento. Mas John e eu estamos claramente abalados e
tentando esconder esse fato. Eu acho que John está envergonhado
por sua fama. Meus pensamentos são um pouco mais obscenos.
Não posso deixar de pensar que isso não é a vida real. É uma
fantasia. Ninguém tem essa sorte. Especialmete eu.
— E , ? — Rye me
cutuca com seu braço grande.
Como ele é construído como um tanque, um empurrão de Rye é
mais como ser atingido por um galho de árvore. Esfrego a dor no
ombro e olho para ele. — Você tem que colocar um rótulo nisso?
— Eu não — ele diz com facilidade, — mas ela vai. As mulheres
querem rotular, delinear os detalhes, traçar o seu progresso e definir
uma data para o casamento. Esteja preparado para a tortura, cara.
Estamos dirigindo de volta do Brooklyn, onde Rye procurou por
um sintetizador Moog de 1969 que ele precisava comprar, o que nos
levou a fazer uma versão de “People Are Strange” enquanto o
testávamos. Me faz sentir falta de Killian, porque ele faz uma ótima
imitação de Jim Morrison. Sua versão de “RoadhouseBlues” agitou a
multidão em Londres na última vez que fizemos uma turnê. Não falo
com ele há tanto tempo, parece errado, como se estivesse perdendo
uma parte de mim.
Saio do torpor e olho Rye. — Sabe, falando assim me faz pensar
que você tem medo de mulheres.
Ele bufa alto. — Por favor. Eu amo as mulheres. Não tenho
medo delas.
Inclino-me no banco e olho para Bruce, que está dirigindo. —
Você ouviu isso? Rye não tem medo de mulheres.
Bruce assente. — Entendi. Sem medo.
— Vocês dois babacas continuem implicando comigo — Rye diz
com uma risada. — Vejam se eu me importo.
— Me diga, Ryland. — Eu viro na sua direção. — Quando você
começou a chamar Brenna de “Berry”?
Ele fica vermelho, como a fruta9 em questão, é uma visão tão
rara que quero pegar o meu telefone, tirar uma foto e enviar para
todos os caras. — Vá se foder, bonitão. Foi um insulto, não um
apelido.
Eu sorrio — Parecia um apelido para mim, filho.
A mandíbula de Rye se aperta. Estou brincando com fogo. Minha
longa experiência me diz o quão longe eu posso empurrar Rye
antes que ele me ataque. Quando éramos jovens punks, muitas
vezes acabávamos nos esmurrando. Tudo muito divertido, mas não
significava que alguém não iria embora com um lábio partido ou olho
roxo. Na adolescência, era uma boa maneira de aliviar o estresse.
Aos trinta anos, acho que vou me arrepender e tomar aspirina por
uma semana.
Quando Rye finalmente fala, seu tom é inesperadamente duro e
doloroso. — Vocês precisam deixar essa coisa entre Brenn e eu de
lado. Ela odeia as minhas entranhas, e por boas razões. Essa
merda não vai acontecer. Nunca.
O silêncio desce, estranho e espesso. Bruce levanta a divisória
de vidro, me deixando sozinho com Rye. Lá fora, buzinas ressoam e
o carro dá solavancos com a estrada irregular. Eu limpo minha
garganta e arrisco um olhar. Rye está olhando pela janela, seu
corpo uma grande protuberância de músculos tensos.
— Por que você acha que ela te odeia? Porque eu não entendo
essa vibração, vocês dois estão constantemente atacando um ao
outro. Eu assumi que era algum tipo de preliminar perversa. —
Mesmo quando éramos garotos, e a magra Brenna, de dezesseis
anos, começou a passear pelas nossas sessões de jam, ela e Rye
brigavam. Mas eles também se entreolhavam como se o outro fosse
doce fora do alcance.
Rye bufa suavemente. — Talvez a princípio estivesse flertando.
Não vou mentir e fingir que não a acho gostosa. Sim, brigamos. Sim,
às vezes é divertido implicar com ela. E talvez ela tenha alguma
satisfação doentia em me incomodar. — Ele balança a cabeça
lentamente, como se pesasse uma tonelada. — Mas a desavença é
real e não quero falar sobre isso.
— Ei, você trouxe isso à tona.
Ele me lança um olhar. — Não. Eu disse que vocês precisam
parar de esperar por algo, porque é uma perda de tempo. Não disse
que queria falar sobre os meus sentimentos ou o quer que seja.
— Cara, eu nunca vi um homem que mais precise expressar
seus sentimentos do que você. — Eu rio brevemente. —Você é o
garoto-propaganda da repressão.
Rye relaxa contra o assento, sua expressão se abrindo mais
uma vez. — Talvez. Mas prefiro conversar sobre seus sentimentos e
essas merdas. Você está feliz, Jaxy?
— Covarde. — Estamos chegando ao meu apartamento. — E
sim, eu estou. Porque eu falo sobre os meus sentimentos e essas
merdas.
O carro para e eu abro a porta antes que Bruce possa alcançá-
la. Eu nunca gostei de que ele, ou de qualquer um de nossos
funcionários, tivessem que abrir as portas para mim. É uma
remanescente da minha infância e do modo como me senti isolado,
preso à minha família certinha e adequada quando eu preferia rir e
brincar como uma criança normal. Há uma certa ironia que, ao
tentar usar minha música para fugir de tudo que minha família foi, eu
me coloquei em uma situação em que muitas vezes preciso de
guarda-costas e segurança excessiva. Estou tão isolado quanto
naquela época, só que agora posso escolher viver de acordo com
minhas próprias regras.
— Vocês querem subir para tomar uma cerveja? — Eu pergunto.
Surpreendentemente, eu estou bem em ficar sozinho agora.
Francamente, estou me sentindo muito bem em geral. Eu tenho um
encontro com Stella amanhã, e o fato de eu poder tocá-la, de poder
passar o dia inteiro com ela, simplesmente porque nós dois
queremos, me deixa ansioso como uma criança esperando o Natal.
Mas Rye parece que ele poderia ter alguma companhia, e eu nunca
deixo meus amigos lidarem com as suas merdas por conta própria
quando posso oferecer uma mão.
Rye se anima. — Sim, claro.
— Eu poderia beber uma cerveja — Bruce diz com um encolher
de ombros.
Estamos a meio caminho da porta quando um cara se aproxima,
seu olhar fixo em mim como se eu fosse um alvo. Instantaneamente,
Rye e eu endurecemos. Sabemos como nos defender, mas se esse
cara tiver uma arma, lutar não vai adiantar nada. Na minha visão
periférica, vejo Bruce se aproximar, colocando-se entre nós e o
desconhecido.
O cara, um homem mais velho e magro, com cabelos grisalhos e
avermelhados para, seus pálidos olhos azuis se arregalam. — Não
estou tentando causar problemas — diz ele, sabiamente lendo a
situação. — Eu só queria falar com Jax.
— Então fale — eu digo, em prontidão. Eu poderia dizer ao cara
para ir se ferrar, mas às vezes é fácil deixar a pessoa falar a sua
parte e dizer “não, obrigado” ao que quer que esteja vendendo.
Infelizmente, isso também pode ser sobre uma das mulheres com
quem dormi. Esse cara pode ser um pai irritado. Inferno.
— Vi uma foto nos tablóides sua com uma garota.
Minhas costas tensionam. — Sou fotografado com mulheres
muitas vezes. Se é nisso no que está interessado, sugiro que
encontre outro hobby.
Eu começo a andar, e Rye se move para a minha esquerda,
Bruce tomando o meu outro lado. Eles estão me flanqueando, o que
é legal, mas desnecessário.
Infelizmente, o cara não se intimida. — Você a estava
carregando através de uma poça.
Meus passos vacilam. Eu só carreguei uma mulher. Desde
sempre. Alguém tirou uma foto? Fodido inferno. Lá se vai o meu
disfarce de Clark Kent. A ideia da privacidade de Stella sendo
invadida me deixa enjoado.
— Notícias antigas, cara. Isso foi há semanas. — Eu aceno para
o homem e começo a andar novamente.
Sua voz rouca me segue. — Tinha outra foto de vocês dois
ontem. Pareciam aconchegantes saindo do Milk Bar. Pensei que
você gostaria de saber com quem está lidando, isso é tudo. Stella
Grey não é o que parece.
Gelo flui em minhas veias e eu paro, virando-me para encará-lo.
— O que disse?
O homem encolhe os ombros ossudos. — Ela é fofa, mas não é
tão inocente quanto parece.
O gelo se transforma em vapor quente, uma névoa vermelha
nublando minha visão. Estou avançando nele antes mesmo de
pensar. Bruce entra na minha frente, bloqueando meu caminho,
enquanto a grande mão de Rye agarra o meu cotovelo.
— Calma, cara — diz Rye baixo e firme.
Minha atenção está no merda que me olha desafiadoramente. —
Fique longe da Stella — eu digo, empurrando as costas de Bruce.
Meu guarda-costas fica imóvel, no entanto. — Você quer me
perseguir como um fã maluco, tudo bem. Mas fique longe dos meus
amigos.
O cara apenas sorri, e a visão é estranhamente familiar. — Ela é
uma amiga? Parecia mais acolhedor do que isso. Stella tem uma
sedução nela. Muito eficaz em se esgueirar sob as defesas de um
homem.
Avanço, tentando passar por Bruce e Rye. Ambos se mantêm
firmes.
O cara levanta as mãos. — Se acalme. Estou tentando ajudá-lo.
As informações que tenho para compra podem poupar algumas
dores de cabeça no futuro.
— O inferno — eu cuspo. — Quem diabos você pensa que é?
Ele olha para mim, totalmente calmo. — Eu sou o pai dela.
Toda a raiva evapora quando eu olho para ele. Estou enjoado.
Doente em nome de Stella. O pai dela está tentando me extorquir
por dinheiro. O filho da puta que a abandonou quando adolescente e
ela não vê desde então.
— Saia da minha frente — digo através dos dentes cerrados. —
Porque esses caras não serão capazes de me segurar para sempre,
e eu realmente não dou a mínima para as repercussões se eu bater
em você.
O aperto de Rye no meu braço diminui. — Podemos até ajudá-lo
— diz ele em uma voz fria.
O chamado pai de Stella encolhe os ombros novamente. — Me
bater não vai mudar a verdade. Eu não estou pedindo muito. Dez mil
devem resolver. Se você mudar de ideia, ligue para esse número. —
Ele joga um cartão maltratada aos meus pés. — Você vai me
agradecer mais tarde.
Olho para o cartão como se fosse uma bomba, a sensação de
mal estar crescendo.
— Maldito inferno — murmura Rye, olhando para o verme indo
embora. — Esse realmente é o pai da Stella?
— Eles têm o mesmo sorriso — digo sem expressão. Embora
Stella nunca tivesse parecido tão... sem alma. Mas a forma e os
movimentos são os mesmos – até a pequena covinha
estranhamente posicionada que aparece logo abaixo do canto
esquerdo da boca. Meu coração bate forte no meu peito. — Aquele
idiota tentou me extorquir.
Bruce balança a cabeça. — Eu vou ficar de olho nele.
Rye solta um suspiro duro. — O que você vai fazer?
Nenhum de nós pegou o cartão. Eu não quero. Mas sinto que
deveria pelo menos guardá-lo. Eu passo a mão pelo meu cabelo. —
Porra. Eu não sei. — Como digo a Stella que o pai que a abandonou
só apareceu porque viu uma chance para um vale-refeição em mim?
— Você acha que ele estava dizendo a verdade? — Rye
pergunta calmamente.
Eu olho para ele. — Ele é um vigarista. Eu acho que ele a
venderia com uma mentira sem perder o passo. — Eu aperto a parte
de trás do meu pescoço. — Ele provavelmente está falando sobre
seu trabalho como amiga profissional e quer transformá-lo em algo
errado.
Uma pequena voz sussurra que ele pode estar falando sobre
outra coisa e eu não deveria pelo menos tentar descobrir o que é?
Cerrando os dentes, pego o cartão. É um pouco de nada, apenas
um pequeno retângulo de papel, mas de alguma forma, parece
veneno contra a minha pele.
Nem é um cartão de negócios legítimo. O nome e as
informações de um advogado foram riscados. Em tinta azul, o nome
Garret Grey e um número de telefone local foram rabiscados. Do
outro lado do cartão, há outro número: US$ 10.000. Foi sublinhado
duas vezes. Idiota desprezível. Meus dedos tremem de raiva
quando enfio o cartão no bolso da calça jeans.
Preciso contar a Stella sobre isso, mas como e quando é outra
questão.
— Vou ver se Scottie pode descobrir algo sobre esse traidor
primeiro.
Um manto caiu ao longo do dia. Eu sofro por Stella; quero
abraçá-la e dizer que vou cuidar dela a partir de agora. Mas eu mal
sei como me cuidar. Não sei o que vou dizer quando a vir amanhã,
mas sei que não será sobre isso. Eu não vou deixar esse palhaço
aproveitador entre nós antes mesmo de termos uma chance de
começar.
CAPÍTULO VINTE
STELLA
JOHN
JOHN
STELLA
— E , . — Corinne
coloca uma caneca de café na mesa para ele.
Ao meu lado, Hank grunhe e lança um olhar para John. Eu
mordo o interior da minha boca. Ontem à noite, adormecemos
embrulhados um no outro, apenas para acordar com Hank em pé
sobre John, dando-lhe o olhar de reprovação. — Não sei por que me
incomodei.
— Sim, senhora, dormi. — John enfia uma enorme mordida de
panqueca amanteigada na boca, mantendo espertamente os olhos
no prato, mas há um pequeno sorriso brincando nas bordas dos
lábios. Sob a mesa, seu joelho salta em um ritmo agitado. Desde
que estamos sentados perto, sua coxa esfrega levemente contra a
minha. O pequeno contato zumbindo ao longo da minha pele.
Memórias do que fizemos flutuam pela minha cabeça,
dificultando a concentração em qualquer coisa. Eu continuo vendo
seu tronco se contraindo, os músculos tensos em seu antebraço
mudando e flexionando enquanto ele trabalhava em seu pau duro.
Deus, ele tem um belo pau. Cabeça arredondada, um eixo grosso
que curva um pouco para a direita.
O calor corre sobre minha pele. Pare de pensar no pau dele
enquanto está na mesa. Isso é tão errado. Doentio, Stells. Doentio.
E tolo. Tudo o que consigo pensar agora é em John se
satisfazendo, suas bolas gordas batendo contra o punho a cada
golpe, seu rosto tenso com a concentração e seus lábios suaves
com a respiração ofegante. Foi a coisa mais gloriosa que eu já vi.
Eu quero ver de novo. Em plena luz do dia. Talvez em câmera lenta.
Repetidas vezes.
Meu Deus, Corinne está com o aquecedor ligado ou algo assim?
Tomo um gole apressado de café e ele queima o fundo da minha
garganta.
Os olhos verdes de John se estreitam ao som do meu pequeno
gorgolejo. — Você está bem, Bonita?
Não. Estou com tanto tesão que minha barriga dói e estou
fantasiando sobre fazer filmes com seu pau.
Fracamente, sorrio e pego um pedaço de bacon perfeitamente
cozido. — Ótima.
Os olhos de John seguram os meus, e seu pequeno sorriso se
torna um pouco desonesto. Duvido que ele esteja tendo fantasias
sobre fazer filmes, mas definitivamente está pensando na noite
passada. A ponta rosada de sua língua se esgueira para pegar um
resquício errante de xarope no lábio inferior. É tudo o que posso
fazer para não lambê-lo também.
Precisamos sair daqui.
Seu joelho continua balançando, um empurrão frenético que está
começando a chacoalhar a mesa. Coloco minha mão em sua coxa,
e ele imediatamente para. Sua mão cobre a minha e aperta.
Corinne ainda está falando, tagarelando. — Juro que tivemos
tanta chuva ontem à noite. Hank, é melhor você verificar o porão.
Você sabe como essa escada de trás tende a inundar.
— Mmm — diz Hank. Tradução: verifiquei. Está tudo bem, mas
eu quero comer sem você me incomodar.
A resposta de Corinne — hmmm — basicamente significa que
ela está de olho nele e vai verificar o porão ela mesma assim que o
café da manhã terminar.
Eu sorrio com a boca cheia de bacon. Um empurrão do ombro
de John contra o meu me faz olhar para cima. Ele arqueia uma
sobrancelha, seus olhos disparando entre Hank e Corinne. Ele
notou a interação deles e, como eu, ele acha agradável. Tenho o
desejo irresistível de rir, não de Corinne e Hank, mas desse
estranho e vertiginoso sentimento de leviandade. De serena
felicidade.
Eu abaixo minha cabeça, deixando meu cabelo deslizar sobre
minhas bochechas quentes para esconder meu rosto.
O polegar de John acaricia minha palma, a ponta bruta
circulando lentamente um certo ponto que faz minhas coxas
apertarem. Só a partir disso. Nós realmente precisamos sair daqui.
— Eu odeio comer e correr… — Um bufo de Hank me
interrompe. Eu franzo meus lábios. — Mas Stevens, o gato que eu
estou cuidando, vai precisar comer.
Eu envio um pedido de desculpas silencioso a Brenna – que eu
sei que John pediu para alimentar os animais de estimação hoje de
manhã – e depois bato no joelho de John quando ele faz um
pequeno gorgolejo no fundo da garganta, tentando engolir uma
risada.
Corinne sorri largamente. — Claro, querida. Estou tão feliz por
termos passado um tempinho juntas.
Eu me sinto um lixo agora. Mas quando ela me puxa para um
abraço na porta, ela murmura no meu ouvido. — Se eu fosse jovem
e livre e tivesse acesso a um lindo e alto rapaz como o seu homem
ali, também estaria me contorcendo no meu lugar.
Uma risada assustada me escapa. — Amo você, Corinne.
— E você é amada, menina. Lembre-se disso.
Apesar de mal-humorado, Hank dá a John um forte aperto de
mão e um convite aberto para mais uma visita. Então estamos
livres. Eu quase corro para a moto. Nem um pouco digna. Mas já
que John está atrás de mim, me guiando com uma mão nas minhas
costas, acho que estamos no mesmo barco cheio de tesão.
Sua expressão é quase sombria quando ele clica no fecho do
meu capacete. — Aviso rápido. — Ele me dá um sorriso de dor. —
Eu posso chorar se houver muito tráfego.
— Só nos leve para casa — digo, segurando seu pulso.
Ele assente, sombrio novamente.
É impressionante a maneira como ele lida com a moto. Eu nunca
me sinto insegura quando ele tece através do tráfego em uma
velocidade eficaz. Mesmo assim, parece levar uma eternidade para
chegar em casa. Se eu achava que uma viagem pelo país era difícil,
isso empalidece quando me agarro a seu corpo magro com essa
energia zumbindo entre nós, quando minhas coxas se apertam ao
seu redor simplesmente chamando a atenção para o que deixamos
inacabado.
Você pensaria que um enorme, alucinante orgasmo tarde da
noite iria aliviar a tensão, mas o sexo não funciona assim. Um pouco
de sexo é um monte de provocação. É como pegar apenas uma
colher de sorvete de menta com chocolate e não conseguir alcançar
o resto na tigela bem na sua frente.
Eu quero tudo. Agora.
Porra, a moto tem que vibrar tanto? Dispositivo de tortura do
inferno.
Quando John finalmente para em frente ao nosso prédio – e
esquece todas as coisas ruins que eu disse sobre a moto porque ela
se encaixa em um espaço minúsculo – nós dois estamos saindo,
descoordenados e instáveis. John arranca suas luvas e capacete
enquanto eu cuido dos meus. Depois agarra minha mão e nos
empurra pela escadas da frente.
— Dentro — ele diz baixinho. — Faça isso dentro. — Não sei se
ele está falando comigo ou com ele mesmo, mas não estou
perdendo tempo perguntando.
Quando entramos, no entanto, mantemos a calma. Exceto por
dar as mãos, não nos tocamos enquanto esperamos pelo elevador.
Ficando perfeitamente imóvel, sem dizer uma palavra, ouço o ranger
lento do elevador descendo o poço. Cada som suave que anuncia
um andar corre pela minha pele. Sua mão aperta a minha, nossos
dedos se apertam com tanta força que posso sentir seu pulso.
Só mais um pouco. Só um pouco…
Mordo o lábio quando as portas finalmente se abrem. Dentro do
elevador, John aperta o botão do nosso andar, então suas mãos
encontram meus quadris e ele me coloca na sua frente. O
movimento é firme, proprietário, mas também carinhoso, como se
me tocar fosse algo que deveria ser feito com cuidado. É essa
combinação de ganancioso e paciente que faz minha respiração
engatar.
Sua bochecha roça minha têmpora enquanto ele se inclina. —
Estou tremendo por dentro — diz ele com uma risada impotente. —
Tremendo como a merda de uma folha na brisa.
Eu sei exatamente como ele se sente. O elevador está subindo,
mas sou eu quem está flutuando, minha cabeça leve. Minhas mãos
enrolam-se debaixo da sua camisa para tocar o cós da sua calça
jeans, puxando os quadris contra os meus. John grunhe baixo. Ele
já está duro. Por um momento, simplesmente moemos um contra o
outro, então a mão dele desce entre nós. Ele encontra o botão do
meu jeans e dá um puxão. Minhas coxas se apertam quando ele
abaixa meu zíper lentamente, o zumbido do som alto no pequeno
elevador.
— Mal posso esperar — ele diz. Explicação ou declaração, eu
não sei. Sua mão desliza sobre a minha barriga, sob a minha
calcinha. Minhas coxas se separam para dar mais espaço. Ele
encontra o meu clitóris com uma precisão infalível. A ponta calejada
de seu talentoso dedo circunda suavemente o inchaço liso, e meus
joelhos enfraquecem. Minha testa descansa em seu ombro
enquanto eu choramingo.
Seu dedo desliza um pouco para acariciar a minha abertura. —
Eu quero tanto entrar aqui, Stells. — Ele não introduz o dedo, mas
simplesmente acaricia, uma leve tortura que me faz balançar os
quadris em desespero.
— John… — Quero que seja uma exigência, mas sai como um
apelo.
O elevador para com um baque. A mão de John me deixa, e eu
estou muito consciente de como estou molhada e agora fria sem o
seu toque. Ele me puxa para o corredor, todos os movimentos
irregulares e passos descoordenados. John soca o código da sua
porta como se estivesse tentando quebrar o painel. Estala e, em
seguida, estamos praticamente caindo no silêncio fresco do seu hall
de entrada.
Não há mais conversa, não há mais espera. Estamos nos
beijando, e não é exigente ou frenético; está nos consumindo, uma
queda direta para o fundo do oceano. John vem atrás da minha
boca como se fosse seu direito, seu prazer. Eu nunca fui beijada
dessa maneira. Eu sou o banquete e ele é a fome.
Eu sei que estamos nos movendo – beijando, absorvendo um ao
outro, roupas silenciosamente saindo e deixadas onde caem – mas
meus sentidos estão apenas sobre ele, a sensação de seus lábios,
o gosto azedo da sua língua. Ele é pele macia e músculo rígido, seu
aperto firme enquanto me guia, reivindicando minha boca, me
puxando para seu quarto.
É uma caverna escura – paredes negras, cortinas pesadas, a
única luz entra pelas janelas de grade maciça na parede oposta. Ele
me puxa direto para essa luz. O calor na minha pele é quase
demais.
Estou queimando agora, por dentro e por fora, incandescente de
desejo pelo homem parado diante de mim. Esse lindo homem. Ele é
construído em proporções perfeitas: ombros largos, braços fortes,
abdômen rígido. Jeans desabotoados pendurados baixo no quadril
esbelto, revelando a borda de sua cueca e uma trilha de cabelos
escuros.
Nunca na minha vida quis alguém assim. Quero fazer coisas
com ele, morder os mamilos castanhos, chupar a pele sensível do
pescoço. Mas sou imobilizada pelo seu olhar, absorto e intenso,
carinhoso e cobiçoso.
Com as costas dos dedos, ele traça um caminho ao longo da
minha espinha. Quando ele atinge o fecho do meu sutiã, ele faz uma
pausa. — Eu quero te ver.
Ele já me vê. Estou completamente exposta, de pé usando meu
sutiã e calcinha, o resto das minhas roupas perdidas em algum lugar
ao longo do caminho. Não estou envergonhada; quero ficar nua com
ele. Nua e suada. Mas sei com o que ele está acostumado, e eu não
sou assim.
— Não é nada de especial — eu sussurro. Sou apenas eu, uma
garota como qualquer outra.
Sob as pálpebras abaixadas, ele olha para mim, sua expressão
solene. — Você é extraordinária.
Nesse momento, eu acredito em qualquer coisa vinda dele. Me
inclino em direção ao seu toque, onde ele está brincando com os
ganchos do meu sutiã. Por favor. Por favor. Apenas o tire de mim.
Eu diria a ele, mas minha voz desapareceu. Ele entende o gesto. O
sutiã fica frouxo, escorregando. Abençoada liberdade.
— Aí está você — ele diz, como se estivesse sentindo minha
falta. Uma mão grande e quente segura o meu peito dolorido. Seus
lábios pressionam a curva sensível do meu pescoço e ele respira
profundamente.
— Eu tinha planos — diz ele, beijando seu caminho até o meu
peito. Beijos delicados, sucções exploradoras. — Eu te levaria para
casa, deixaria molhada e depois transaria com você. — Beijos mais
lentos, mapeando minhas sardas, abaixando-se em seus joelhos. —
Foder todo esse desespero, duro e rápido.
A luxúria me banha, e eu cambaleio em sua direção. Ele agarra
minha cintura, me firmando.
— Tantos planos. — O beijo na ponta do meu mamilo é tão leve
que eu persigo sua boca por mais, gemendo quando ele obedece e
chupa. — Você está destruindo todos os meus planos — ele
murmura contra a minha pele, passando a língua rapidamente.
Minha mão alisa seus cabelos grossos. — Sinto muito.
Mas eu não estou arrependida e ele sabe disso. Sua risada é
quente sobre o meu mamilo úmido. — Mentirosa.
— A pior — eu concordo, minha voz fraca. Eu quero tocá-lo em
todos os lugares, a ampla extensão de seus ombros, a tensão das
suas costas. À luz do sol, sua pele é dourada, bonita e suave. Mas
ele está se movendo para mais baixo, fora do meu alcance.
— Agora, tudo que eu quero fazer é levar o meu tempo,
saborear. — Mãos grandes emolduram meus quadris, seus lábios
deslizando ao longo da inclinação da minha barriga. Com cuidado
deliberado, ele agarra a borda da minha calcinha e desliza-a para
baixo. Ela cai aos meus pés e estou nua para ele. John apenas olha
e depois suspira contentemente. — Ruiva.
Deus, ele está aqui, aconchegando no meu sexo, respirando-me.
Minhas pernas tremem. — John... você não precisa… — Mordo meu
lábio com força. Por que eu disse algo? Não tenho certeza, só que
nunca quero ser uma obrigação.
Ele para, seu aperto aumenta uma fração, e eu engulo em seco,
desejando que o chão me engula. Eu trouxe o seu passado para
isso, quando era a última coisa que queria fazer. Esse momento não
tem espaço para nada além de nós dois.
Ele tem todo o direito de ficar chateado, levantar e desistir. Mas
ele não me solta. Em vez disso, ele abre bem os dedos, as palmas
das mãos pressionando calorosamente na minha pele.
Olhos verdes, escuros de desejo, me encaram. — Quero novas
memórias desse ato. Eu as quero com você. — Seu polegar esfrega
uma linha vermelha deixada pela minha calcinha. — Tudo bem,
Bonita?
Em uma névoa, eu aceno. Os cantos dos seus olhos se
enrugam, um brilho ilícito cintila neles. — Bom. Agora, seja minha
garota e separe essas lindas coxas para mim. — O educado e
paciente John derrete, deixando o com pequenos defeitos e grandes
exigências. — Um pouco mais. Me mostre essa doce boceta. Ela
precisa de um beijo apropriado, pobre e negligenciada amor.
Com uma mão firme, ele agarra minha bunda. Lábios suaves
roçam a parte interna da minha coxa. — Mais, querida. Me deixe dar
uma boa olhada. — Ele facilmente levanta minha perna e a apoia no
ombro. — É isso aí.
— Deus — eu sussurro, sustentada por ele. Estou ofegante
agora, intensamente ciente de como estou escorregadia e inchada.
E ele nem me tocou lá.
— Tão linda. — Ele me dá um beijo, lânguido e aberto, lábios e
língua se movendo com perfeita prescrição. Eu gemo, meu corpo
tensionando, tentando me agarrar a sensação, o deslizar quente e
úmido de sua boca. Meus dedos passam por seus cabelos,
agarrando-os para não cair no chão.
John faz um barulho no fundo da garganta. — Deus, Stells, você
tem um gosto tão... tão fodidamente... — Ele para com uma
respiração trêmula que eu sinto contra a minha pele. Não há
requinte, nem toques praticados. É calor carnal, lábios e língua
moldando, lambendo, chupando.
É tão bom. Eu quero isso todos os dias. Todo dia.
— John... por favor. — Eu nem sei pelo o que estou implorando.
Mais. Menos. Mais forte. Mais suave. Não consigo pensar. Meus
quadris balançam contra sua boca, perseguindo a sensação,
fugindo dela. Eu vou me despedaçar, derreter bem na sua língua.
Deus, o jeito como me ataca, recuando de vez em quando para
olhar sua obra. Então ataca em um novo ângulo. Ele está se
deleitando. A total absorção de sua expressão, a maneira como sua
língua sai para lamber minha abertura me faz tremer.
Uma suave chupada do meu clitóris e eu gozo, uma baixa e
quente onda de prazer que me deixa sem ossos. Mas é apenas um
aperitivo. Meu interior pulsa, precisando de algo para preenchê-lo.
Eu empurro contra ele, implorando silenciosamente.
Eu preciso. Preciso tanto disso.
— Por favor — eu digo. — Por favor.
A ponta bruta do seu dedo me provoca. — Eu sei querida. Mas a
primeira vez que eu estiver dentro de você, será com o meu pau. —
Ele olha para mim, anjo inocente, demônio impenitente. — Se
segure.
— O que… — Eu grito e agarro sua cabeça enquanto ele passa
os braços em volta dos meus quadris e simplesmente se levanta.
Apenas me ergue sobre os ombros, me segurando tão facilmente
quanto uma de suas guitarras.
Ele ri contra o meu sexo, o som abafado e quente, enquanto ele
caminha até a cama.
— Maluco — eu repreendo com uma risada.
Sorrindo, ele me joga em uma nuvem de travesseiros. Eu deito
lá, um esparramado de membros, e assisto com crescente fome
enquanto ele puxa uma tira de preservativos do bolso e os joga na
cama ao meu lado. Eles não emitem som quando pousam, mas
sinto o impacto em meus ossos, um baque mental que envia um
arrepio de antecipação sobre minha pele. Segurando meu olhar, ele
tira a calça jeans e a cueca com um empurrão impaciente.
Jesus, ele é lindo, toda elegância magra e rígida, o pau duro. E
ele é meu. Eu sou uma garota de sorte.
— Isso parece doloroso — digo rouca, olhando para a ereção
espessa que ele está acariciando.
O sorriso de John é predatório. — Dói ferozmente, Bonita. Você
vai me dar algum alívio?
É tão fácil abrir minhas pernas, arquear minhas costas e me
exibir para ele. Dar-lhe um sorriso suave e dizer: — Venha aqui,
então.
Seus olhos se estreitam, e ele rasteja até a cama e sobre mim.
Músculos se amontoam quando ele paira, seus braços abraçando
meu corpo. Vermelho corre ao longo de suas bochechas e na parte
superior de seus ombros largos. — Qualquer coisa que você não
goste, qualquer coisa que queira mais, me diga, Bonita. — Os lábios
dele se arquearam. — Eu quero que seja bom para você.
Minhas mãos deslizam sobre seus ombros para cobrir a parte de
trás de seu pescoço, onde sua pele é quente e úmida. — O mesmo
vale para você.
Surpresa brilha em seu rosto, e ele solta uma risada curta. — Ah,
anjo, tudo o que levou a isso já foi melhor do que qualquer coisa que
eu já experimentei. Você poderia fazer o seu pior e ainda assim
seria o melhor para mim.
Estou sorrindo como uma maluca quando o puxo em minha
direção. Expiramos quando nossos lábios se encontram, nosso beijo
um pouco atrapalhado. Logo fica febril, ganancioso, bagunçado. —
Ah, merda — digo asperamente. — Não espere. Eu preciso. Eu
preciso disso.
Isso o excita. Os toques cuidadosos e os movimentos lentos se
vão. Sua grande mão agarra minha bunda, apertando enquanto ele
mói seu pau duro contra o meu sexo. Nosso beijo é mais profundo,
forçando minha boca a abrir. Eu agarro seus ombros, minhas unhas
cravando enquanto ele tateia em busca do pacote de camisinha.
Assim que ele se apossa dele, senta-se em seus calcanhares e
rasga um pacote de preservativo. A visão dele ajoelhado diante de
mim, o tronco tenso e tremendo, seu pau tão duro que ele tem que
liberá-lo de onde bate em seu abdômen – é tão sexy, eu não penso.
Sento-me, minhas mãos deslizando sobre suas coxas fortes. Antes
que ele possa pronunciar uma palavra, tomo seu pau na minha
boca, sugando-o profundamente.
— Ah, porra. — O corpo de John treme quando ele empurra na
minha boca. — Ah, inferno.
Sua mão vem para a minha cabeça, os dedos emaranhando no
meu cabelo. Ele é grande e quente na minha boca. O suficiente para
eu sentir a minha mandíbula alongando. O suficiente para que ele
tenha que trabalhar para entrar em mim.
Eu amo o seu gosto, seu deslizar grosso ao longo da minha
língua e o jeito como treme, empurrando seus quadris um pouco
como se não pudesse se conter.
— Stells... — Ele parece aflito, fraco. Eu também amo isso.
Não reconheço essa coisa imbecil e carente que eu me tornei
onde cada toque é uma questão de agora e mais e de novo. Não
reconheço essa emoção quente e bagunçada, ou a maneira como
perco toda a noção de mim mesma. Já não sou mais minha; sou
dele.
A mão de John no meu cabelo aperta e depois relaxa. Eu deixo
ele me levantar. Nossos olhos se encontram, os dele arregalados e
atordoados. Pego o preservativo da sua mão e o deslizo por todo
seu comprimento. Em um piscar de olhos, estou de costas, a
respiração me escapando. John agarra meus quadris e o puxa para
cima das suas coxas. Meus seios se levantam, minhas costas
arqueando enquanto pressiono meus ombros na cama para me
preparar.
A grande coroa de seu pênis se encaixa contra a minha abertura
lisa. Chama toda a minha atenção. John se inclina para a frente, e a
cabeça grande desliza para dentro, me esticando. Seus olhos se
fecham, uma expressão de quase dor passando por suas feições.
Seus lábios ficam frouxos, o espaço entre as sobrancelhas se
unindo.
De alguma forma, eu sei – sei que ele está pensando em todas
aquelas vezes que imaginou esse momento. Meu corpo se aperta
com o pensamento, e ele sente. Seus olhos se abrem, verde
brilhante e intenso. Eu abro mais as minhas coxas. Seus olhos
estreitam com determinação, e ele empurra.
Ele me faz sentir cada centímetro, indo devagar e constante. Ele
empurra até parar e se mantém ali, movendo os quadris em um
círculo lento, apenas o suficiente para me fazer gemer.
— Eu sou sua — eu digo, um pouco irracional. — Sua.
John aperta com força meus quadris. — Eu sei. — Então ele
começa.
E eu perco completamente a cabeça.
STELLA
STELLA
JOHN
J , me dá um banho – se enrolando ao
meu redor enquanto lava cuidadosamente os meus cabelos –
depois me leva para a cama. Ficamos lá todo o dia seguinte,
descansando, satisfazendo um ao outro. É uma coisa estranha,
estar nua o tempo todo, movendo-se através do tempo em uma
névoa de luxúria e sexo. Meu corpo está diferente agora,
hipersensível, mas satisfeito, suave e lânguido. Estou ciente de
cada centímetro de mim mesma, dele.
Deus, seu corpo. É delicioso, sólido, firme e quente. Não consigo
parar de tocá-lo. Eu não preciso tentar. A luz do sol se põe sobre a
cama em faixas douradas quando ele me alcança novamente. Com
fácil auto-confiança, ele me puxa para baixo dele, sua boca
encontrando a minha. Ele cantarola em apreciação contra os meus
lábios enquanto se instala entre as minhas coxas.
Ele é o vício que escolhi, me fazendo lentamente perder todo o
senso de tudo o resto. Só existe ele. A pressão de seu corpo duro
contra o meu, a maneira como ele se move contra mim – um
balançar lento de seus quadris magros – é tão bom, tão decadente,
que tremo. Sua ereção parece quase pesada quando desliza quente
e dura sobre o meu sexo. Será preciso tão pouco para ele recuar e
empurrar. Nós dois sabemos disso.
Mas John estuda meu rosto, seus olhos observando todos os
detalhes. Ele está tão perto que vejo a fraca cicatriz embaixo do
olho, outra no canto inferior do lábio. Marcas velhas e desbotadas
que contam uma história de sua vida. Com um toque suave, ele
afasta uma mecha de cabelo da minha bochecha.
— John… — Eu me mexo um pouco, pressiono meus seios
doloridos contra seu peito duro. — Empurre. — Eu preciso disso.
Um pequeno sorriso levanta os cantos da sua boca. — Não.
— Como assim não? — Deus, estou tão quente. Estou tremendo
agora.
— Você me ouviu. — Ele passa os lábios nos meus, uma
provocação. — Não.
A cabeça arredondada de seu pau beija minha abertura antes de
se afastar, e eu arqueio, tensa e tremendo. — Você está me
matando.
— Bom. — Ele é todo presunção e quadris balançando.
— Bom? — Eu o encaro, mas não consigo aguentar, não quando
estou ofegante, não quando estou tão vazia. — Você está feliz me
torturando com sexo?
— Mmm… — Ele abaixa a cabeça e lentamente lambe meu
mamilo. — Orgulhoso, até.
— Doente. Deus, faça isso mais um pouco.
— Shhh… — Seus dentes mordem meu peito. — Aceite sua
tortura como uma boa garota, está bem?
— Não tenho certeza se gosto mais de você. — Meus dedos
deslizam por seus cabelos macios, brincando com as pontas
enquanto ele chupa apenas o suficiente para me deixar sentir o
calor da sua língua.
Eu sinto o seu sorriso maligno. — Claro que você gosta. — Ele
beija o caminho até o outro seio enquanto seu pau mói contra o meu
clitóris. — É claro que, se você realmente se opuser, pode me
afastar e cuidar disso por conta própria.
Seria bom para ele se eu fizesse. Mas ele é muito bom e sabe
disso. Mesmo assim, pego um punhado de seus cabelos e puxo
gentilmente. Olhos verdes encontram os meus. Eles estão
ligeiramente desfocados, sonolentos. E eu sei que ele está tão
afetado quanto eu.
— Prefiro que você acaricie a minha periquita. — Eu balanço
minhas sobrancelhas. — Brinque de DJ comigo.
Uma risada sai de seus lábios, os cantos dos olhos enrugando.
— Eu te amo.
Ele diz isso de maneira tão simples, tão fácil, como se
irrompesse com completa pureza. No entanto, seu corpo estremece,
seus olhos se arregalam. Tudo para, as palavras penduradas entre
nós, essa coisa viva, que respira, que segura o meu coração e o
aperta com força. Ele não fala, mas olha para mim, seu olhar
disparando sobre o meu rosto como se quisesse avaliar minha
reação. Na verdade, ele parece um pouco horrorizado. Estamos tão
apertados que sinto cada baque frenético do seu coração.
— Você não quis dizer isso, não é? — Eu sussurro.
— Não. — A confissão é um fio de som.
Mas estremeço como se ele tivesse gritado e abaixo minha
cabeça para não ter que encará-lo. Mas ele estende a mão e segura
minha bochecha, gentilmente levantando meu queixo. Solenes olhos
verdes seguram os meus. — Mas eu amo.
Calor percorre a minha pele. Eu não consigo respirar. — Você
me ama?
Ele não vacila, não pisca. — Sim. Já faz um tempo.
Eu tento acreditar, mas tenho medo. — Você disse que não iria
se apaixonar.
Os lábios de John se curvam ironicamente enquanto seu polegar
acaricia lentamente o canto da minha boca. — Stella Bonita, no
momento em que você arrancou o sorvete da minha mão, você me
deixou sem equilíbrio. Tudo o que eu pude fazer foi cair aos seus
pés.
A esperança cresce dentro de mim, subindo como uma onda
quente. Eu toco o topo da sua bochecha, a borda da sua mandíbula,
apenas para senti-lo. Minha garganta ameaça se fechar em mim. —
Eu amo você também.
John respira fundo pelo nariz, e expira tão rápido e trêmulo. —
Eu meio que esperava que você amasse. — O sorriso dele é
trêmulo. — Nunca me apaixonei.
Eu vejo a incerteza em seus olhos, o medo. Combina com o
meu. — Eu também.
Seu sorriso fica mais forte. — Eu não pensei que seria tão bom.
— Uma risada sai dele. — Ou aterrorizante.
Meu sorriso de resposta é tão amplo que sinto no meu rosto. —
Pensei que era a única.
John cantarola profundamente em sua garganta e abaixa a
cabeça para beijar seu caminho pelo meu pescoço. — Estou com
você, Bonita. Aconteça o que acontecer, eu sempre vou estar com
você. — Ele coloca um beijo suave na ponta do meu mamilo antes
de olhar para mim. — Agora abra mais essas coxas e me deixe te
foder direito.
— Tão romântico. — Mas eu abro como ele pede, e ele me faz
bem.
CAPÍTULO VINTE E SETE
JOHN
JOHN
STELLA
JOHN
STELLA
JOHN
STELLA
JOHN
STELLA