Você está na página 1de 3

Não fazemos Teologia, ela que nos faz!

“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo O Evangelho e a


pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde
tempos eternos esteve oculto,
Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas,
segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para
obediência da fé;
Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre.
Amém”
(Romanos 16:25-27)
A Sagrada Teologia é uma busca, um encontro. Nela não cabe
questionamento, mas acolhimento. Deus, para nossa Teologia, nunca será
objeto de fé. Sempre salvaguardaremos o Mistério! Não é ciência da fé, é
consciência da fé! A única ciência genuína da teologia é a santidade!
Filhas e filhos do Ocidente, recebendo constantemente o estímulo e o
alimento da razão para buscar o entendimento de todas as coisas (muitas vezes
até de forma violenta), somos chamados à um caminho inverso: Crer para
entender, e algumas vezes, crer para simplesmente acolher e viver.
A fé teologal (que tem na Revelação Divina seu centro, sustento e
movimento) é matéria prima indispensável para receber a teologia em nós. Sem
fé é impossível trilhar esse caminho teológico! Sem fé pode haver ‘ciência da
religião’, ‘sociologia da religião’, ‘fenômeno religioso’, jamais Sagrada Teologia!
A Teologia nasce e se alimenta da fé. Foi assim, é assim e sempre o será!
Amém? A fé é o coração, o epicentro da Teologia. Por isso, a experiência de fé é
imprescindível no ‘receber teológico’.
Sagrada Escritura e Sagrada Tradição são os dois pulmões deste
processo! Assim como no corpo físico, os pulmões recebem o ar para oxigenar o
sangue e eliminar o dióxido de carbono, permitindo que o sangue circulando
traga vida ao nosso corpo; assim também respiramos, somos purificados e
recebemos vida pela Santa Palavra de Deus e pela Sagrada Tradição, dons do
Espírito Santo, para que a vida divina permanece circulando em nós!
Como o corpo precisa também de uma mente, a Sagrada Teologia
também a tem: A Mente dos Santos Padres! Pensamos teologia, a partir, deles
e com eles, como eles. Os Padres da Igreja serão como as balizes, os pilares e
autenticidade deste santo caminho. Eles viveram profundamente a fé
cristológica! Eles beberam profundamente da Fonte da Escritura. Eles iniciaram
a teologia de joelhos, eles começaram esta bendita contemplação e reflexão.
Faz sentido?
E o coração? Ah, o coração é a Oração! Orar é trazer sangue para este
corpo. Orar é conectar a mente ao coração, e vice-versa. Orar é alimentar a
busca e o encontro. Só haverá teologia só houver busca e encontro com Deus
pela oração. Por isso repetiremos sempre a frase de Evágrio Pôntico: “Se és
teólogo, rezarás verdadeiramente. Se rezas, verdadeiramente, és teólogo”.
A Sagrada Teologia possui também uma Alma? Claro que sim! É a mesma
da Igreja: O Santíssimo, Bom e Vivificante Espírito! Pela Graça do Espírito
entramos no Reino de Deus que está também em nosso interior! Sem a Graça
do Espírito Santo não há conhecimento de Deus! O Espírito Santo nos concede a
chave do conhecimento para a vida divina!
Neste trajeto teológico teremos um Mestre? Jesus de Nazaré, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, filho da Theotókos! Ele É O Caminho, A Verdade! Ele
É a Plenitude da Revelação, A Teologia viva do Pai!
Nossa Sagrada Teologia jamais será um discurso ou uma teoria sobre
Deus. Nunca dualista, racionalista e fundamentalista. Nela nunca temeremos a
oração e o coração. Os Santos Mistérios e Divina Liturgia nela encontram abrigo
enquanto ao mesmo tempo a ela alimentam. E não é um paradoxo, é ortodoxo!
E, por falar em Ortodoxia, está aqui a nossa Sagrada Teologia! Nossa
Teologia é Ortodoxa! “Ortodoxo” é um termo grego que significa “aquele que
crê corretamente”, conservando inalterável a fé original, primitiva, genuína, que
está conforme a reta e santa doutrina. A Revelação Divina e a história da
Ortodoxia no mundo e nas Américas nos testificam que é possível sermos fiéis!
A Teologia Ortodoxa é linda, acolhendo e conservando toda riqueza
provinda do Cristianismo primitivo há dois milênios, de forma firme e fiel, sem
desviar-se, nem para direita, nem para esquerda. Como recentemente ensinou
o Patriarca Bartolomeu: “Nem fanatismo, nem intolerância. Quem crê na
verdade da Ortodoxia não tem medo do diálogo”.
Ser Ortodoxo é converter-se continuamente, voltando sempre ao
Oriente. Dom Teofano, em nossa Aula Inaugural, nos disse que “A Ortodoxia
converte a nossa razão, convertendo nossa mente como ortodoxos. O método:
100% fé, 100% coração”.
Criados para a comunhão e deificação, peçamos ao Deus Uno-Trino que o
estudo da Sagrada Teologia nos ajude em nosso caminho até a Eternidade Feliz.
Amém!

Padre Simeão do Espírito Santo


15 de Fevereiro de 2024,
Pelo Patriarcal Ateneu São Marcos-Brasil e países de língua portuguesa

Você também pode gostar