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COGNITIVA: CÍLIOS:

São curtos e se localizam na superfície


vida celular. apical de algumas células.
Eles medem de 5 a 10 μm de
comprimento e 0,2 μm de diâmetro.
Especializações da membrana: O movimento ciliar se assemelha a um
MICROVILOSIDADES: chicote, devido ao seu conjunto de
batimentos.
As microvilosidades estão presentes no No corpo humano, os cílios estão
epitélio intestinal delgado, são presentes na superfície de alguns
colunares, dispostas em camadas epitélios e proporcionam o movimento
únicas e formam uma camada muito de fluidos sobre os mesmos. No sistema
regular. No rim, são encontradas na respiratório, por exemplo, as células
superfície livre da camada única de ciliares encontram-se associadas a
células cúbicas que revestem os outras que secretam muco e têm como
túbulos contorcidos proximais. Cada função o transporte unidirecional de
microvilosidade é uma expansão do uma camada delgada de muco que
citoplasma recoberta por membrana e reveste a superfície interna dessas
contendo numerosos feixes de estruturas tubulares. No sistema
microfilamentos de actina, geralmente reprodutor feminino, o oviduto também
são pequenos e de forma irregular e se é revestido por células ciliadas. O
distribuem irregularmente pela batimento ciliar movimenta o fluxo de
superfície. muco para o útero, o que facilita o
↳ Funções: transporte dos óvulos. Cílios também
1. Microfilamentos de actina: São estão presentes no revestimento dos
responsáveis pela manutenção ventrículos cerebrais.
da forma dos microvilos; Moléculas de dineína ciliar, com seus
2. No intestino a sua função é braços internos e externos, formam
aumentar a área da membrana pontes entre as duplas de microtúbulos
a fim de facilitar o transporte periféricos, e sua atividade motora
dos nutrientes da cavidade; proporciona o movimento de
3. Alguns microvilos apresentam batimento ciliar. Durante o movimento,
membranas que contêm a interação dos braços externos da
moléculas especiais. (Algumas dineína com os microtúbulos
enzimas só existem em adjacentes desliza os pares de
microvilos e são responsáveis microtúbulos entre si e gera a força
pela etapa final da digestão de propulsora. Este movimento também
carboidratos e proteínas). regula a frequência de batimentos.
Porém, este deslizamento é limitado
⇁ O glicocálice é mais desenvolvido; por proteínas que prendem os pares de
⇁A maioria das células tem microtúbulos uns aos outros (complexo
microvilos, embora não tão regulatório dineína-nexina) e a força
numerosos e organizados como os motora é convertida em dobramento
das células absorventes. dos cílios, com a provável participação
dos braços internos da dineína.
Nos seres humanos, defeitos hereditários
na dineína axonemal causam uma condição
chamada de discinesia ciliar primária ou
síndrome de Kartagener. Essa síndrome é
caracterizada pela inversão da assimetria
normal dos órgãos internos (sinus inversus)
devido à disrupção do fluxo de fluidos no
embrião em desenvolvimento, pela
esterilidade masculina devido à imotilidade
de espermatozoides e por uma elevada externo, especializada na conversão da
suscetibilidade a infecções pulmonares, luz em um sinal neural.
considerando a incapacidade dos cílios As ligações entre a função dos cílios e os
paralisados de limpar o trato respiratório sentidos da visão e olfato são salientadas
dos detritos e das bactérias. pela síndrome de Bardet-Biedl, um conjunto
O batimento dos cílios tanto pode de distúrbios associados a defeitos no IFT,
propelir uma célula única através de no cílio, ou no corpo basal. Os pacientes
um fluido (como é o caso da locomoção com a síndrome de Bardet-Biedl não
do protozoário Paramecium) quanto possuem olfato e sofrem de degeneração
movimentar fluidos sobre a superfície da retina. Outras características dessa
doença multifacetada incluem a perda da
de um grupo de células em um tecido.
audição, a doença policística dos rins, o
diabetes, a obesidade e a polidactilia,
sugerindo que os cílios primários
desempenham múltiplas funções em
diversos aspectos da fisiologia humana.
➤ Tanto os cílios móveis quanto
os sem motilidade são gerados
na interfase, em estruturas
associadas à membrana, nos
corpúsculos basais. No núcleo
de cada corpúsculo existe um
centríolo, com 9 grupos de trios
de microtúbulos fusionados com
organização circular. Os
⤹ Dentro de cada cílio, nove pares de centríolos são multifuncionais,
microtúbulos fundidos e um par central eles contribuem para a
não fundido, possuindo cada um pares polimerização do fuso mitótico
de braços de dineinas. em células em divisão, mas
Cílios primários: muitas células migram para a membrana
possuem uma estrutura semelhante plasmática de células em
aos cílios e aos flagelos, porém mais interfase para induzir a
curto e sem motilidade, chamado cílio nucleação do axonema.
primário. A construção do axonema exige
Os cílios primários podem ser vistos transporte intraflagelar (IFT), um
como compartimentos celulares sistema de transporte descoberto na
especializados ou organelas, que alga verde Chlamydomonas, visto que
realizam uma ampla gama de funções não há tradução proteica nos cílios.
celulares, mas compartilham muitas Nesse processo, motores movem
características estruturais com os cílios cargas em ambas as direções
móveis. São encontrados na superfície anterógrada e retrógrada, neste caso
de quase todos os tipos de células, mediado pela cinesina-2 e pela dineína
onde eles percebem e respondem ao citoplasmática 2, respectivamente.
ambiente externo, funções mais bem
compreendidas no contexto do olfato e FLAGELOS:
da visão. No epitélio nasal, os cílios que
protundem a partir dos dendritos de Movimentam-se em ondulações e
neurônios olfatórios são os locais da geralmente são únicos e longos em
recepção e da amplificação do sinal uma célula individual. Estão presentes
olfatório. Da mesma forma, os em espermatozoides e em alguns
bastonetes e cones da retina dos protozoários.
vertebrados possuem um cílio primário O movimento flagelar nos
equipado com uma extremidade espermatozoides ocorre por um abalo
expandida chamada de segmento tipo vaivém, o qual se inicia na base do
flagelo, próximo ao núcleo do
espermatozóide. Esse movimento circunda toda a célula e contribui para
permite que o espermatozóide se mova a aderência entre células adjacentes.
para a frente em um meio líquido. Uma característica importante dessa
Os flagelos bacterianos não contêm junção é a inserção de numerosos
microtúbulos ou dineína e não filamentos de actina em placas de
ondulam ou batem. Eles são filamentos material elétron-denso contidas no
helicoidais rígidos, longos, compostos citoplasma subjacente à membrana da
por subunidades repetitivas da junção. Os filamentos fazem parte da
proteína flagelina. trama terminal, uma rede de filamentos
Os flagelos giram como propulsores, de actina, filamentos intermediários e
guiados por um motor rotatório espectrina existente no citoplasma
especial inserido na parede celular apical de muitas células epiteliais Não
bacteriana. apenas controla a passagem de
➤ Na base de cílios e flagelos, substâncias através da camada
localiza-se o corpúsculo basal e, epitelial, mas também restringe o
em seu centro, está o axonema, movimento das balsas lipídicas que
composto de microtúbulos e contêm proteínas específicas dentro da
proteínas associadas. própria membrana plasmática. As
O axonema é formado por 9 pares de junções de adesão fornecem adesões
microtúbulos em arranjo circular, laterais entre as células epiteliais,
juntamente com um par central de usando proteínas que se ligam dentro
microtúbulos. Os microtúbulos dos do citoesqueleto de células adjacentes.
pares periféricos apresentam-se Dois tipos de junções de adesão
fundidos uns aos outros, enquanto, no intercelulares podem ser identificados
par central, encontram-se separados. na superfície lateral da célula: •A
Esse arranjo é mantido por proteínas zônula de adesão, que interage com a
acessórias, como a nexina, que liga rede de filamentos de actina no interior
microtúbulos de pares periféricos ao da célula •A mácula de adesão ou
par adjacente, e outras proteínas desmossomo, que interage com os
associadas aos filamentos radiais, que filamentos intermediários. Além de
ligam o par central às duplas possuir hemidesmossomos e adesões
periféricas. focais. As proteínas transmembrana
conhecidas como moléculas de adesão
celular (CAMs) formam uma parte
essencial de toda junção de adesão da
célula, tanto na superfície lateral
quanto na basal. Caso a ligação ocorra
entre diferentes tipos de CAMs, é
descrita como ligação heterotípica; a
ligação homotípica ocorre entre as
CAMs do mesmo tipo. As CAMs têm
uma adesividade seletiva de resistência
relativamente baixa, o que possibilita a
fácil união e dissociação das células.
⤿ JUNÇÃO ADERENTE/ ZÔNULA DE As CAMs são capazes de controlar e
ADESÃO: regular diversos processos
Forma um cinturão contínuo ao redor intracelulares associados à adesão
da célula que se une às adjacentes celular, à proliferação celular e à
através de ligações entre moléculas de migração das células, além de
adesão dependentes de cálcio participarem das comunicações
(caderinas). Essas proteínas intercelulares e intracelulares, do
transmembranas estão ancoradas aos reconhecimento celular, da regulação
microfilamentos de actina através de da barreira de difusão intercelular, da
moléculas sinalizadoras. Essa junção geração de respostas imunes e da
apoptose. Elas são classificadas em: 3. Integrinas: são representadas
caderinas, nectinas, integrinas, por duas subunidades de
selectinas e a superfamília das glicoproteínas transmembrana,
imunoglobulinas. que consistem em 15 cadeias
1. Caderinas: são representadas alfa e nove cadeias beta. Essa
pela família das CAMs composição possibilita a
transmembrana dependentes de formação de diferentes
Ca2+ localizadas principalmente combinações de moléculas de
dentro da zônula de adesão. integrina, que são capazes de
Nesses locais, as caderinas interagir com várias proteínas
mantêm interações homotípicas (interações heterotípicas). As
com proteínas semelhantes das integrinas interagem com as
células vizinhas. Estão moléculas da matriz extracelular
associadas a um grupo de (como colágenos, laminina e
proteínas intracelulares (as fibronectina) e com os
cateninas) que ligam as filamentos de actina e
moléculas de caderina aos filamentos intermediários do
filamentos de actina do citoesqueleto celular. Por meio
citoesqueleto celular. Por meio dessas interações, as integrinas
dessa interação, as caderinas regulam a adesão celular,
transmitem sinais que regulam controlam o movimento e o
os mecanismos de crescimento e formato da célula e participam
de diferenciação celulares. As do crescimento e diferenciação
caderinas controlam as celulares.
interações intercelulares e 4. Selectinas: são expressas nos
participam do reconhecimento leucócitos e nas células
celular e da migração das endoteliais e medeiam o
células embrionárias. A epitelial, reconhecimento entre
ou E-caderina, o membro mais neutrófilos e célula endotelial.
estudado dessa família, mantém Essa ligação heterotípica inicia
a junção da zônula de adesão a migração de neutrófilos
entre as células epiteliais; além através do endotélio dos vasos
disso, atua como importante sanguíneos para dentro da
supressor de células tumorais matriz extracelular. As selectinas
epiteliais. também estão envolvidas no
2. Nectinas: são representadas por direcionamento (homing) de
uma família de CAMs linfócitos para dentro dos
imunoglobulina-símiles acúmulos de tecido linfático (um
Ca2+-independentes. Ao processo denominado
contrário das caderinas, as direcionamento de linfócito). 5.
nectinas conseguem estabelecer Superfamília das
interações homofílicas com imunoglobulinas (SFIg): possui
membros da mesma família e proteínas que desempenham
heterofílicas com membros de papéis essenciais na adesão e
famílias correlatas de nectina. diferenciação celulares, no
As nectinas não conseguem câncer e nas metástases
estabelecer junções de adesão tumorais, na angiogênese
fortes. Essas junções mais (formação de novos vasos), na
fracas poderiam ser valiosas inflamação, nas respostas
durante o desenvolvimento imunes e na fixação microbiana,
embrionário, a remodelagem bem como em muitas outras
tecidual rápida e a regeneração funções. Tem como função a
tecidual. coesão entre as células,
formando a camada epitelial
mais resistente ao atrito, trações iônica ou bioquímica, mas não
e pressões. Além disso, participa possibilitam a passagem de proteínas
do estabelecimento e ou ácidos nucleicos. Em células
manutenção da polaridade excitáveis como neurônios e
celular em associação com a cardiomiócitos, a transferência iônica
Zônula de Oclusão. mediada pelas junções gap agiliza e
⤿ JUNÇÕES COMUNICANTES OU GAP: sincroniza as respostas celulares.
Elas podem existir praticamente em Particularmente nos neurônios, as
qualquer local das membranas laterais junções gap são centrais para as
das células epiteliais e se caracterizam sinapses elétricas. Em cardiomiócitos, o
pela grande proximidade (2 nm) das acoplamento elétrico é essencial para
membranas de células adjacentes. As a sincronização da contração
junções comunicantes, por exemplo, cardíaca. Em células não excitáveis
participam da coordenação das como epitélios, as junções gap
contrações do músculo cardíaco. propagam de modo coordenado
Possui como finalidade a conexão das segundos mensageiros ativados por
células adjacentes por meio de canais. variações ambientais e, portanto,
Essa conexão permite a transmissão de contribuem também para a
informações elétricas ou metabólicas. homeostase tecidual. O
As conexinas (proteínas de membrana compartilhamento de sinalizadores
de múltipla passagem que contêm também torna a resposta tecidual mais
quatro domínios transmembranares, homogênea, reduzindo a
dois domínios extracelulares e três suscetibilidade de flutuações
domínios intracelulares) são individuais estocásticas.
componentes básicos dessas junções. De certa maneira, ao acoplar múltiplas
Na membrana, associam-se em células, age como um sincício funcional
hexâmeros para formar um conéxon. (sin = juntos; cio = células). Ou seja, seu
Cada conéxon é a metade de um canal funcionamento reduz as barreiras
(hemicanal). O acoplamento entre intercelulares presentes em um tecido
conéxons de células adjacentes multicelular e se assemelha a uma
estabelece um poro que conecta o grande célula formada pela união das
citoplasma de duas células adjacentes. células individuais. O canal das
A formação de uma junção gap junções comunicantes não permanece
constitui uma comunicação celular e aberto o tempo todo. Sua cinética de
uma aderência adicional. As junções abertura e fechamento é modulada por
gap se aglomeram em regiões da variados fatores, como o potencial
membrana, formando placas de elétrico da membrana, o pH
comunicação. intracelular ou níveis de cálcio.
➤ As conexinas são codificadas por
cerca de 20 genes em mamíferos, ⤿ ZÔNULA DE OCLUSÃO:
possibilitando variações nas Região estreita na qual as membranas
associações entre elas. Cada célula plasmáticas de duas células adjacentes
apresenta pelo menos dois tipos entram em contato estreito para vedar
diferentes de conexinas. o espaço intercelular devido a uma
Os conéxons podem ser formados por série de fusões focais entre as células,
conexinas do mesmo tipo ou diferentes, tais fusões são criadas por proteínas
e as junções gap podem ser transmembrana de células adjacentes
estabelecidas por interações que se unem no espaço intercelular.
homotípicas ou heterotípicas. Essas Classicamente a zônula de oclusão é
variações estabelecem características descrita como uma estrutura de
distintas ao canal. contato bicelular porque só veda o
As junções gap transferem íons e espaço entre duas células adjacentes.
componentes de vias sinalizadoras, Todavia, como a maioria dos domínios
contribuindo com a sincronização apicais das células epiteliais têm
formato poligonal, apenas as laterais o movimento de lipídios e
dessas células formam uma zônula de proteínas entre os domínios
oclusão com esse contato bicelular apical e lateral. É encontrada na
clássico de células vizinhas. maioria das junções de oclusão.
Os vértices dessas células formam uma No entanto, vários tipos de
zônula de oclusão tricelular na qual os células epiteliais não têm
ângulos de três células epiteliais se ocludina em seus filamentos,
encontram. À medida que a zônula de mas ainda assim contêm
oclusão se aproxima de uma região de zônulas de oclusão bem
contato tricelular, extensões apicais desenvolvidas e totalmente
dos filamentos de partículas funcionantes.
intramembrana horizontais se tornam 3. A molécula de adesão juncional
verticais e correm ao longo do domínio (JAM) pertence à superfamília
lateral no ângulo de cada célula das imunoglobulinas. Não forma
epitelial, formando um par de só um filamento da zônula de
filamentos verticais. Esses dois oclusão, mas está associada às
filamentos verticais são denominados claudinas, e é responsável pelo
elementos de vedação central e contêm aumento da resistência elétrica
proteínas diferentes daquelas da membrana celular, reduzindo
encontradas nos contatos bilaterais. a permeabilidade paracelular. A
Os ângulos que contêm os elementos JAM está envolvida na formação
de vedação central delimitam um das junções de oclusão nas
espaço longo e estreito denominado células endoteliais, bem como
tubo central, que é uma parte crucial entre as células endoteliais e os
do espaço extracelular. monócitos que migram do
Como o tubo central representa um espaço vascular para o tecido
ponto fraco na barreira epitelial, conjuntivo.
proteínas singulares (ou seja, 4. A tricelulina está localizada em
tricelulina) são necessárias para vedar áreas específicas da zônula de
essa área e manter a barreira de oclusão nos contatos
permeabilidade epitelial. Os filamentos tricelulares. É um componente
da zônula de oclusão correspondem à da junção e é recrutada para
localização das fileiras de proteínas essa junção pela família
transmembrana. Quatro grupos angulina de proteínas
principais de proteínas (angulina-1, angulina-2 e
transmembrana são encontrados na angulina-3) cujos membros
zônula de oclusão: também são expressos nos
1. As claudinas constituem uma ângulos de contato das três
família de proteínas (20 a 27 kDa) células epiteliais. Possui
que formam o arcabouço das participação importante na
zônulas de oclusão e são manutenção da barreira
componentes integrais dos epitelial e na organização dos
filamentos das zônulas de filamentos de actina nos
oclusão. Conseguem formar contatos tricelulares, formando
canais aquosos extracelulares pontos cruciais que apoiam as
para a passagem paracelular de forças de resistência à tensão
íons e de outras moléculas geradas pelo citoesqueleto de
pequenas. As claudinas são actina. A capacidade dos
responsáveis pela formação de epitélios de criar uma barreira
canais aquosos extracelulares. de difusão é controlada por
2. A ocludina, uma proteína de 60 duas vias distintas para
kDa, participa da formação e transporte de substâncias
manutenção da barreira entre através dos epitélios:
células adjacentes, restringindo
- A via transcelular ocorre No processo de produção da cadeia
por meio da membrana polipeptídica, participam o ribossomo
plasmática da célula e as moléculas de DNA e RNA. Outra
epitelial. Na maioria atividade essencial é a respiração
dessas vias, o transporte celular que produz a energia que será
é ativo e requer proteínas utilizada pelas células do corpo, parte
de transporte de desse processo ocorre no citoplasma e
membrana e canais outra parte dentro das mitocôndrias,
especializados como no Ciclo de Krebs.
dependentes de energia.
- A via paracelular ocorre Os filamentos do citoesqueleto são
por meio da zônula de uma espécie de armação ou esqueleto
oclusão entre duas que tem como funções dar forma à
células epiteliais. A célula e permitir movimentos tanto de
quantidade de água, organelas como da célula como um
eletrólitos e outras todo.
moléculas pequenas
transportadas por essa Composição Química:
via depende da tensão O citoplasma é composto em grande
da zônula de oclusão e parte por água, mas também por
da zônula de oclusão moléculas orgânicas, em especial
tricelular. macromoléculas como proteínas e
enzimas. Além disso, também estão
presentes lipídios e polissacarídios. As
↪ CAM: enzimas têm papel essencial
As glicoproteínas da membrana catalisando diversas reações que
responsáveis pela aderência entre as acontecem no citosol.
células são denominadas CAM,
proteínas integrais transmembrana,
com uma extremidade da molécula
exposta na superfície celular e a outra
extremidade da molécula provocando
saliência no lado citoplasmático da
membrana.
↳As CMA são receptores da
superfície especializados em
reconhecer outras células e a elas
aderir, para construir os tecidos e
órgãos. As caderinas constituem outro
grupo de CAM, porém são
dependentes dos íons Ca2+ .
↳Mantêm a adesão celular nas
concentrações normais de cálcio no
meio extracelular.

CITOPLASMA
No citosol acontece a maior parte das
atividades celulares, sempre associado RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO:
às organelas. A síntese de proteínas,
por exemplo, é uma das reações mais Todas as células eucarióticas possuem
importantes. retículo endoplasmático (RE). Sua
membrana em geral constitui mais do
que a metade da membrana total de
uma célula animal, o RE e as regiões chamadas retículo
membranas nucleares formam uma endoplasmático rugoso, ou RE rugoso;
folha contínua envolvendo um espaço regiões do RE sem ribossomos ligados
interno único, chamado de lúmen do são chamadas de retículo
RE ou espaço cisternal do RE, que endoplasmático liso, ou RE liso.
costuma ocupar mais de 10% do volume
celular total.
O RE tem um papel central na
biossíntese de lipídeos e proteínas,
servindo também como um local de
armazenamento intracelular de Ca2+,
que é usado em muitas respostas de
sinalização celular. Além disso,a
membrana do RE é também o local
onde é feita a maioria dos lipídeos
A grande maioria das células possui
para as membranas mitocondriais e
regiões limitadas de RE liso, e o RE é,
peroxissômicas e quase todas as
com frequência, parcialmente liso e
proteínas que serão secretadas para o
parcialmente rugoso
exterior celular – acompanhadas
↳ RE transicional: São áreas do
daquelas destinadas ao lúmen do RE,
RE liso que possui vesículas com
ao aparelho de Golgi ou aos lisossomos
proteínas recém-sintetizadas e
– são enviadas inicialmente ao lúmen
lipídios que se desprendem para
do RE.
serem transportados para o
complexo de golgi.
Em certas células especializadas, o RE
liso é abundante e tem funções
adicionais, que expandido acomoda
enzimas as quais fazem o colesterol e o
modificam para formar os hormônios.
Principal tipo celular no fígado, o
hepatócito também possui uma
quantidade significativa de RE liso. Ele
é o principal sítio de produção de
partículas de lipoproteína, que
carregam lipídeos a outras partes do
corpo via corrente sanguínea. As
➤ O retículo endoplasmático é
enzimas que sintetizam os lipídeos
estrutural e possui funcionamento
estão localizadas na membrana do RE
diverso:
liso, a qual também contém enzimas
↳ Uma das especializações mais
que catalisam uma série de reações
notáveis é RE rugoso!
para destoxificar substâncias
As células de mamíferos começam a
lipossolúveis e vários compostos
importação de proteínas para o RE
danosos produzidos pelo metabolismo.
antes da síntese completa da cadeia
↳ Citocromo P450: Realizam as
polipeptídica. No transporte
reações de destoxificação.
contraducional, o ribossomo que está
sintetizando a proteína está
Outra função crucial do RE na maioria
diretamente aderido à membrana do
das células eucarióticas é sequestrar
RE, permitindo que uma ponta da
Ca2+ do RE para o citosol e sua
proteína seja translocada para o RE
subsequente recaptação estão do
enquanto o restante da cadeia
citosol. A liberação de Ca2+ envolvidas
polipeptídica está sendo sintetizado.
em muitas respostas rápidas a sinais
Esses ribossomos ligados à membrana
extracelulares. Uma bomba de Ca2+
cobrem a superfície do RE, criando
zenamento de Ca2+ que se ligam a para a membrana do RE por uma
Ca2+ transporta Ca2+ do citosol para o sequência-sinal do RE, a qual inicia a
lúmen do RE. O arma-no lúmen do RE é sua translocação por um mecanismo
facilitado pelas altas concentrações de comum. De acordo com a hipótese do
proteínas lá existentes. sinal, a diferença no tamanho reflete a
As células musculares presença inicial de uma
possuem um abundante RE liso sequência-sinal que direciona a
modificado, denominado retículo proteína secretada à membrana do RE
sarcoplasmático. A liberação e a e é, então, clivada por uma
recaptação de Ca2+ pelo retículo peptidase-sinal na membrana do RE
sarcoplasmático disparam, antes que a cadeia polipeptídica tenha
respectivamente, a contração e o sido completada. Os sistemas livres de
relaxamento das miofibrilas, durante células, nos quais as proteínas são
cada ciclo de contração muscular. importadas para os microssomos,
↳ Microssomos: O RE quebra-se em oferecem procedimentos de análise
fragmentos e recompõe-se na forma de eficazes para identificação, purificação
pequenas vesículas. Microssomos são e estudo de vários componentes da
facilmente purificados e representam maquinaria molecular responsável
versões autênticas do Retículo pelos processos de importação do RE.
Endoplasmático (RE), capazes de várias
funções, como translocação de
proteínas, glicosilação proteica,
captação e liberação de Ca2+ e síntese
de lipídeos. Existem microssomos
rugosos (com ribossomos) e lisos (sem
ribossomos), originados de diferentes
partes do RE e outras organelas, sendo
mais fáceis de separar em células
hepáticas e musculares devido à
grande quantidade de RE liso ou
retículo sarcoplasmático. A presença de
ribossomos torna os microssomos
rugosos mais densos, permitindo a
separação por centrifugação de
➤ Uma partícula de reconhecimento de
equilíbrio. Microssomos desempenham
sinal (SRP) direciona a sequência-sinal
um papel crucial na compreensão
do RE para um receptor específico na
molecular da função do RE.
membrana do RE rugoso!
A sequência-sinal do RE é guiada à
➤ As sequências-sinal foram
membrana do RE por, pelo menos, dois
descobertas primeiro em proteínas
componentes: uma partícula de
importadas para o RE rugoso.
reconhecimento de sinal (SRP,
O RE captura proteínas selecionadas
signal-recognition particle), que circula
do citosol assim que elas são
entre a membrana do RE e o citosol e
sintetizadas. Essas
liga-se à sequência-sinal, e um
proteínas são de dois tipos: proteínas
receptor SRP na membrana do RE.
transmembrana, que são apenas
As sequências-sinal do RE variam na
parcialmente translocadas através da
sequência de aminoácidos, mas cada
membrana do RE e tornam-se
uma possui oito ou mais aminoácidos
“embutidas” na membrana, e proteínas
apolares no seu centro.
solúveis em água, que são totalmente
A SRP é uma estrutura do tipo haste,
translocadas através da membrana do
que envolve a subunidade ribossômica
RE e liberadas no lúmen do RE. Todas
maior com uma ponta ligando a
essas proteínas, apesar do seu
sequência-sinal do RE à medida que
subsequente destino, são dirigidas
emerge do ribossomo como parte da
cadeia polipeptídica recém-produzida; receptor traz o complexo
a outra ponta bloqueia o sítio de ribossomo-SRP a um translocador
ligação do fator de elongamento na proteico não ocupado na mesma
interface entre as subunidades grande membrana. A SRP e o receptor SRP são
e pequena do ribossomo. Esse evento então liberados, e o translocador
provoca uma pausa na síntese proteica transfere a cadeia polipeptídica
tão logo o peptídeo-sinal tenha crescente através da membrana.
emergido do ribossomo. A pausa
transitória provavelmente dá tempo
suficiente ao ribossomo para ligar-se à
membrana do RE antes de completar a
síntese da cadeia polipeptídica,
garantindo, desse modo, que a
proteína não seja liberada no citosol.

Os ribossomos ligados à membrana,


ligados ao lado citosólico da
membrana do RE, estão empenhados
na síntese de proteínas que estão
sendo simultaneamente translocadas
para o RE. Os ribossomos livres, não
ligados a membranas, sintetizam todas
as outras proteínas codificadas pelo
genoma nuclear.
➤ A cadeia polipeptídica atravessa um
canal aquoso no translocador
a identificação da proteína
transportadora, que se mostrou capaz
de formar um canal preenchido por
água na membrana, pelo qual a cadeia
polipeptídica cruza a membrana. O
centro do translocador, denominado
complexo Sec61, consiste em três
subunidades que são altamente
conservadas desde bactérias até
células eucarióticas. A estrutura do
complexo Sec61 sugere que a-hélices
da subunidade maior cercam um canal
central através do qual uma cadeia
polipeptídica atravessa a membrana.
Em células eucarióticas, quatro
complexos Sec61 formam um grande
A pausa também assegura que
conjunto de translocadores que podem
grandes porções de proteína, que
ser visualizados nos ribossomos
poderiam enovelar-se em uma
ligados ao RE após a solubilização da
estrutura compacta, não sejam
membrana do RE com detergente. É
originadas antes de chegarem ao
provável que esse conjunto inclua
translocador na membrana do RE.
outros complexos de membrana que se
Quando uma sequência-sinal se liga, a
associam com o translocador, como
SRP expõe um sítio de ligação para o
enzimas que modificam a cadeia
receptor SRP, que é um complexo
polipeptídica crescente, incluindo a
proteico transmembrana na membrana
transferase de oligossacarídeos e a
do RE rugoso. A ligação de SRP ao seu
peptidase-sinal. O conjunto de um
translocador com esses componentes
acessórios é chamado de translócon. ➤ Em proteínas transmembrana de
passagem única, somente uma
sequência-sinal interna do RE
permanece na bicamada lipídica como
uma a-hélice que atravessa a
membrana!
A sequência-sinal RE da cadeia
polipeptídica crescente parece
disparar a abertura do poro na
proteína translocadora Sec61: depois
que a sequência-sinal é liberada da
SRP e a cadeia crescente tenha
alcançado um tamanho suficiente, a
sequência-sinal liga-se
a um sítio específico dentro do poro,
abrindo dessa maneira o poro. Uma
sequência--sinal do RE é portanto
➤ Translocação através da membrana reconhecida duas vezes: primeiro por
do RE nem sempre necessita do uma SRP no citosol então por um sítio
alongamento da cadeia polipeptídica de ligação no poro da proteína
em andamento! translocadora, onde serve como um
Algumas proteínas são importadas sinal de início de transferência (ou
para o RE depois de completada sua peptídeo de início de transferência)
síntese, demonstrando que o que abre o poro. Quando a cadeia
transporte nem sempre requer polipeptídica nascente tiver crescido o
tradução em andamento. suficiente, a peptidase-sinal do RE cliva
Para atuar na translocação a sequência--sinal e a libera do poro
pós-traducional, o translocador do RE na membrana, onde é rapidamente
necessita de proteínas acessórias que degradada a aminoácidos por outras
coloquem a cadeia polipeptídica no proteases na membrana do RE.
poro e sustentem o transporte.
As células eucarióticas utilizam um
conjunto diferente de proteínas
acessórias
que se associam ao complexo Sec61.
Essas proteínas atravessam a
membrana do RE e usam um pequeno
domínio localizado no lado do lúmen
da membrana do RE para depositar
uma proteína chaperona do tipo hsp70
(denominada BiP, de binding protein)
na cadeia polipeptídica, à medida que O translocador pode então tomar duas
esta emerge do poro para o lúmen do direções: abrir-se para formar um poro
RE. através da membrana a fim de deixar
As proteínas que são transportadas porções hidrofílicas de proteínas na
para o RE por um mecanismo bicamada lipídica, e abrir-se
pós-traducional são primeiramente lateralmente dentro da membrana para
liberadas no citosol, onde se ligam a deixar porções hidrofóbicas de
proteínas chaperonas, evitando o seu proteínas na bicamada lipídica.
enovelamento por ligação, como A integração de proteínas de
discutido antes para as proteínas cujo membrana exige que algumas partes
destino são as mitocôndrias e os da cadeia polipeptídica sejam
cloroplastos.
transportadas através da bicamada brotamento e de fusão que
lipídica, enquanto outras não. transportam as proteínas sintetizadas
As sequências internas de início da no RE a outras membranas celulares.
transferência podem ligar-se ao Assim, a maneira que uma proteína
aparato de transporte em uma de duas recém-sintetizada é inserida na
orientações; por sua vez, essa membrana do RE determina a
orientação da sequência de início de orientação da proteína em todas as
transferência determina qual segmento outras membranas.
da proteína (aquele que precede ou o
que segue a sequência de início da ➤ Proteínas ancoradas pela cauda são
transferência) é movido através da integradas na membrana do RE por um
membrana para o lúmen do RE. Em um mecanismo especial
caso, a proteína de membrana Muitas proteínas de membrana
resultante tem sua região C-terminal importantes são ancoradas na
no lado do lúmen, enquanto, no outro, membrana por uma a-hélice
a região N-terminal está situada no hidrofóbica transmembrana C-terminal.
lado do lúmen. Essas proteínas ancoradas pela cauda
no RE incluem um grande número de
➤As combinações de sinais de início e subunidades proteicas SNARE que
de parada da transferência dirigem o tráfego vesicular.
determinam a topologia das proteínas Apenas poucos aminoácidos que
transmembrana de passagem múltipla! seguem a a-hélice transmembrana na
Nas proteínas transmembrana de extremidade C-terminal são
passagem múltipla, a cadeia translocados para o lúmen do RE,
polipeptídica passa enquanto a maior parte da proteína
para frente e para trás repetidamente permanece no citosol. Devido à
ao longo da bicamada lipídica como posição única da a-hélice
uma a-hélice hidrofóbica. transmembrana na sequência proteica,
Até o translocador encontrar uma a tradução termina enquanto os
sequência de parada da transferência; aminoácidos da porção C-terminal que
em proteínas transmembrana de duas irão formar a a-hélice transmembrana
passagens, por exemplo, o polipeptídeo ainda não emergiram do túnel de saída
pode, em seguida, ser liberado na do ribossomo.
bicamada, uma segunda sequência de Está claro agora que uma maquinaria
início da transferência reinicia a de direcionamento especializada está
translocação mais adiante na cadeia envolvida e que é abastecida pela
polipeptídica, até a próxima sequência hidrólise de ATP.
de parada do transporte induzir a ➤ As cadeias polipeptídicas
liberação do polipeptídeo, e assim por transportadas enovelam-se e são
diante, para posteriores sequências de montadas no lúmen do RE rugoso:
início e de parada da transferência. Muitas das proteínas no lúmen do RE
Uma vez que as proteínas de estão em trânsito, en route a outros
membrana sempre estão inseridas no destinos; outras, contudo, residem lá
lado citosólico normalmente e estão presentes em
do RE dessa maneira programada, altas concentrações. Essas proteínas
todas as cópias da mesma cadeia residentes no RE contêm um sinal de
polipeptídica terão a mesma retenção no RE de quatro aminoácidos
orientação na bicamada lipídica. Esse na sua região C-terminal que são
mecanismo gera uma assimetria na responsáveis pela retenção da proteína
membrana do RE, na qual os domínios no RE.
proteicos expostos em um dos lados Uma importante proteína residente no
são diferentes dos domínios expostos RE é a proteína dissulfeto isomerase
do outro. Essa assimetria é mantida (PDI), que catalisa a oxidação de
durante os muitos eventos de grupos sulfidrila (SH) livres nas
cisteínas para formar ligações O oligossacarídeo precursor é
dissulfeto (S-S). construído açúcar por açúcar no
lipídeo dolicol ligado à membrana e
então transferido para uma proteína.
Os açúcares são primeiro ativados no
citosol pela formação de um
intermediário açúcar-nucleotídeo (UDP
ou GDP), que, então, doa seu açúcar
(direta ou indiretamente) ao lipídeo em
uma sequência ordenada. Com isso, o
lipídeo é movido ao lado citosólico
para o lado do lúmen da membrana do
RE rugoso.
Outra proteína residente no RE é a ↳ Os oligossacarídeos ligados
proteína chaperona BiP. Como outras ao N são de longe os mais
chaperonas, a BiP reconhece proteínas comuns encontrados em 90%
enoveladas incorretamente, bem como das glicoproteínas.
subunidades protéicas que ainda não ➤ Os oligossacarídeos são utilizados
se agregaram aos seus complexos como “rótulos” para marcar o estado de
oligoméricos finais. Para isso, ela enovelamento da proteína !
liga-se à sequência de aminoácidos A glicosilação de proteínas no retículo
exposta, que estaria, de modo normal, endoplasmático (RE) é uma
oculta no interior das cadeias modificação comum, e algumas
polipeptídicas corretamente proteínas requerem glicosilação para o
enoveladas ou agregadas. enovelamento adequado no RE. As
➤ A maioria das proteínas sintetizadas proteínas chaperonas, calnexina e
no RE rugoso é glicosilada pela adição calreticulina, desempenham um papel
de um oligossacarídeo comum ligado crucial nesse processo, ligando-se a
ao N! proteínas incompletamente enoveladas
Os oligossacarídeos às proteínas é que possuem oligossacarídeos ligados
uma das principais funções ao N com uma única glicose terminal.
biossintéticas do RE. Cerca de metade Elas impedem a agregação irreversível
das proteínas solúveis e ligadas à dessas proteínas e promovem sua
membrana que são processadas no RE associação com outras chaperonas do
são glicoproteínas que sofrem RE, que se ligam a cisteínas ainda não
modificações nesse caminho. Muitas formadas em ligações dissulfeto.
proteínas no citosol e núcleo são A distinção entre proteínas enoveladas
também glicosiladas, mas não com e incompletamente enoveladas é
oligossacarídeos, onde um único grupo realizada pela glicosil transferase, uma
N-acetilglicosamina é adicionado a enzima do RE. Esta enzima continua
uma serina ou treonina da proteína. adicionando glicose apenas aos
Assim, a glicolisação da proteína no RE oligossacarídeos associados a
rugoso forma uma canídeo precursor é proteínas não enoveladas. Isso faz com
pré-formado e é transferido em bloco que as proteínas incompletamente
para proteínas. Esse oligossacarídeo é enoveladas mantenham afinidade com
transferido ao grupo NH2 calnexina e calreticulina até que
da cadeia lateral de um aminoácido alcancem seu estado de completo
asparagina na proteína, sendo, por enovelamento.
isso, considerado ligado ao N ou ligado ➤ As proteínas enoveladas
à asparagina. inadequadamente são exportadas do
Essa transferência é catalisada pela RE e degradadas no citosol!
oligossacaril transferase, uma enzima Por mais que haja o auxílio das
ligada à membrana como seu sítio chaperonas, muitas moléculas
exposto ao lúmen. proteicas transportadas para o RE
falham na tentativa de alcançar seu de genes que codificam proteínas
enovelamento adequado ou seu estado envolvidas na retrotranslocação e
oligomérico e elas são exportadas de degradação de proteínas no citosol,
volta do RE para o citosol, onde são chaperonas do RE e muitas outras
degradadas em proteassomos. proteínas que ajudam a aumentar a
capacidade de dobramento de
proteínas no RE.

A seleção de proteínas do RE para


degradação é um processo desafiador: Uma proteína-cinase transmembrana
proteínas no RE, chamada de IRE1, é ativada por
mal enoveladas ou subunidades proteínas mal enoveladas, que induzem
proteicas não montadas devem ser a sua oligomerização e
degradadas, mas intermediários de autofosforilação.
dobramento de proteínas A oligomerização e autofosforilação
recém-formadas não. Os de IRE1 ativa um domínio da
oligossacarídeos ligados ao N ajudam endorribonuclease na porção
a fazer essa distinção, o que serve citosólica da mesma molécula, que
como cronômetro da medida de cliva uma molécula de mRNA citosólica
quanto tempo uma proteína deve específica em duas posições:
permanecer no RE. 1. Íntrons;
Além das lectinas no RE que 2. Éxons.
reconhecem os oligossacarídeos, Proteínas mal enoveladas também
chaperonas e proteínas dissulfeto ativam uma segunda cinase
isomerase se associam a proteínas que transmembrana no RE, PERK, que inibe
devem ser degradadas. As chaperonas um fator de início da tradução pela sua
impedem a agregação de proteínas fosforilação e redução da síntese de
mal enoveladas, e as dissulfeto novas proteínas na célula.
isomerases quebram ligações Por fim, o terceiro regulador
dissulfeto que podem ter sido transcricional, ATF6, é inicialmente
formadas incorretamente, e assim uma sintetizado como
cadeia polipeptídica linear pode ser uma proteína transmembrana do RE.
translocada de volta para o citosol. Uma vez que está incorporada na
➤ As proteínas mal enoveladas no RE membrana do RE, ela não pode ativar a
ativam uma resposta à proteína transcrição de genes no núcleo.
desenvovelada! Quando proteínas mal enoveladas
Um acúmulo dessas proteínas no acumulam-se no RE, contudo, a
citosol, por exemplo, desencadeia uma proteína ATF6 é transportada para o
resposta ao choque térmico que aparelho de Golgi, onde encontra
estimula a transcrição de genes que proteases que clivam seus domínios
codificam chaperonas citosólicas que citosólicos, que podem agora migrar
auxiliam no reenovelamento das para o núcleo e ajudar a ativar a
proteínas. transcrição de genes que codificam
De modo que o RE dispara uma proteínas envolvidas na resposta à
resposta à proteína desenovelada, o proteína desenovelada.
que inclui um aumento na transcrição
➤ A maioria das bicamadas lipídicas é um grande complexo de Golgi
montada no RER: (plasmócitos, osteoblastos e células do
A membrana do RE é o local de síntese epidídimo) exibem uma área clara
de quase todas as principais classes circundada por ergastoplasma.
de lipídios da célula, incluindo
fosfolipídeos e colesterol necessários à
produção de novas membranas
celulares.
Cada etapa é catalisada por enzimas
na membrana do RE que têm seus
sítios ativos voltados para o citosol,
onde são encontrados todos os
metabólitos necessários.
Como a síntese de fosfolipídio ocorre
no folheto citosólico da bicamada
lipídica do RE, é necessário que exista
um mecanismo que transfira algumas
das moléculas de fosfolipídeos ➘ Fotografia de plasmócitos. Essas
recém-formados para o folheto do lado regiões coradas negativamente (setas)
do lúmen da bicamada. Em bicamadas representam o acúmulo de cisternas
lipídicas sintéticas, lipídeos não se membranosas que pertencem ao
movem da forma flip-flop. No RE, complexo de Golgi.
todavia, os fosfolipídeos equilibram-se As cisternas planas localizadas mais
através da membrana em minutos, o próximas do RER representam a face
que é quase cem mil vezes mais rápido em formação ou rede cis do complexo
do que o flip-flop (retorno) espontâneo. de Golgi (CGN : C = cis), as cisternas
Denominado embaralhador afastadas do RER representam a face
(scramblase) que, de maneira não de amadurecimento ou rede trans do
seletiva, equilibra fosfolipídeos entre os complexo de Golgi (TGN: T = trans). As
dois folhetos da bicamada lipídica. cisternas localizadas entre a TGN e a
Assim, os diferentes tipos de CGN são comumente designadas rede
fosfolipídeos parecem ser igualmente de Golgi medial.
distribuídos entre os dois folhetos da
membrana do RE.

COMPLEXO DE GOLGI
No microscópio eletrônico, aparece
como várias estruturas saculares/
cisternas delimitadas por membrana,
planas e empilhadas e extensões
tubulares inseridas em uma rede de
➘ A rede cis do complexo Golgi (CGN) é
microtúbulos, próximo ao centro
representada pelas vesículas
organizador de microtúbulos.
achatadas na superfície convexa
Pequenas vesículas envolvidas no
externa, enquanto as vesículas planas
transporte vesicular são observadas
na região convexa interna constituem a
em associação com as cisternas.
rede trans do complexo Golgi (TGN). A
O complexo de Golgi é ativo tanto em
partir da TGN, ocorre brotamento de
células que secretam proteínas por
várias vesículas (1). Essas vesículas são
exocitose quanto em células que
liberadas (2) e, por fim, transformam-se
sintetizam grandes quantidades de
em vesículas secretoras (3).
membrana e proteínas associadas à
As vesículas de transporte revestidas
membrana, como as células nervosas.
por COP-II transportam as proteínas
As células secretoras que apresentam
recém-sintetizadas do RER para a CGN. provavelmente utiliza vesículas
Então, seguem o seu trajeto dentro das não revestidas por clatrina e na
vesículas de transporte de uma maioria das células, possui
cisterna para a seguinte. sinais de seleção específicos,
À medida que passam através das que orientam os processos de
pilhas de Golgi, as proteínas e os seleção na TGN.
lipídios sofrem uma série de - Membrana plasmática
modificações pós-tradução, que basolateral: as proteínas
envolvem a remodelagem dos direcionadas para o domínio
oligossacarídios de ligação N basolateral também têm um
previamente adicionados no RER. sinal de seleção específico
Proteínas e lipídios sofrem glicosilação ligado a elas pela TGN. Todas as
por enzimas de processamento de proteínas integrais de
carboidratos que adicionam, removem membrana plasmática
e modificam os componentes de destinadas aos domínios tanto
açúcares das cadeias de apical quanto basolateral são
oligossacarídios. A M-6-P é adicionada inicialmente transportadas da
às proteínas destinadas a seguir o seu TGN para a membrana
trajeto para endossomos maduros e plasmática basolateral.
lisossomos. Assim, ambas as proteínas sofrem
A clivagem proteolítica - mecanismo endocitose e são selecionadas em
comum de ativação ou inativação de compartimentos endossômicos jovens.
enzimas envolvidas principalmente na As proteínas basolaterais são
digestão e na coagulação sanguínea - recicladas de volta à membrana
de certas proteínas também é iniciada basolateral, enquanto as proteínas
nas cisternas. apicais são transportadas através do
citoplasma para a membrana celular
apical por transcitose.
- Endossomos ou lisossomos
- Citoplasma apical
A seleção e o acondicionamento de
proteínas em vesículas de transporte
ocorrem na rede trans do complexo de
Golgi.
As proteínas que chegam à TGN são
distribuídas para diferentes
localizações dentro de vesículas de
transporte. O destino intercelular de
cada proteína depende dos sinais de
seleção incorporados à cadeia
polipeptídica da proteína. A seleção e a
adequação efetiva das proteínas na
TGN baseiam-se principalmente nos
sinais de seleção e nas propriedades
físicas.
As proteínas saem do complexo de
- Sinais de seleção: representados
Golgi a partir da TGN.
pelo arranjo linear das
Essa rede e o arranjo tubulovesicular
moléculas de aminoácidos ou de
associado atuam na seleção para o
carboidratos associados, possui
transporte de vesículas que liberam
a finalidade de direcionar a
proteínas nos seguintes locais:
proteína para dentro da vesícula
- Membrana plasmática apical:
de transporte revestida.
muitas proteínas extracelulares
- Propriedades físicas: são
e de membrana são liberadas
importantes para o
nesse local. Muito
acondicionamento de digestão pelas enzimas hidrolíticas. Os
complexos proteicos lisossomos e os endossomos maduros
funcionalmente associados, contêm bombas de prótons (H+), que
esses grupos de proteínas são transportam íons H+ para o lúmen
inicialmente distribuídos em lisossômico, mantendo um pH baixo.
balsas lipídicas separadas, que A membrana lisossômica também
mais tarde são incorporadas contém proteínas de transporte, que
nas vesículas de transporte transportam os produtos finais da
destinadas a uma organela-alvo. digestão (aminoácidos, açúcares,
nucleotídeos) para o citoplasma, nos
quais são usados nos processos de
LISOSSOMOS síntese da célula ou sofrem exocitose.
São organelas digestivas, ricas em O tráfego intracelular que leva à
enzimas hidrolíticas, como proteases, entrega de muitas enzimas
nucleases, glicosidases, lipases e lisossômicas solúveis nos endossomos
fosfolipases. maduros e lisossomos envolve o sinal
Representa um compartimento da M-6-P e seu receptor. Entretanto, as
digestivo que degrada macromoléculas que não possuem sinais da M-6-P,
vindas das vias endocíticas, bem como devem ser direcionadas para os
da própria célula, em um processo lisossomos por um mecanismo
conhecido como autofagia. Os diferente.
lisossomos são formados em uma série O sinal de direcionamento para as
de vias que convergem para os proteínas integrais de membrana é
endossomos maduros, representado por um domínio
transformando-os em lisossomos. C-terminal citoplasmático curto,
Essas vias são responsáveis pela reconhecido por complexos da
liberação direcionada de enzimas proteína adaptina, e acondicionado
lisossômicas (são sintetizadas no RER e dentro de vesículas revestidas por
selecionadas no complexo de Golgi, clatrina.
com base na sua capacidade de Essas proteínas alcançam o seu
ligação aos receptores de M-6-P) destino por uma de duas vias:
recém-sintetizadas e proteínas - Via secretora constitutiva: as
lisossômicas estruturais de membrana LIMPs saem do complexo de
em endossomos maduros. Golgi em vesículas revestidas e
Contêm uma coleção de enzimas são liberadas na superfície
hidrolíticas e são circundados por uma celular. A partir daí, sofrem
membrana singular, que resiste à endocitose e, por meio dos
hidrólise pelas suas próprias enzimas. compartimentos endossômicos
A membrana lisossômica é uma jovem e maduro, alcançam
estrutura fosfolipídica que contém finalmente os lisossomos.
colesterol e ácido lisofosfatídico, um - Via secretora das vesículas
lipídio peculiar que atua na restrição revestidas derivadas do
das enzimas hidrolíticas dirigidas complexo de Golgi: as LIMPs,
contra a membrana. após seleção e
As proteínas estruturais da membrana acondicionamento, saem do
lisossômica são classificadas, em sua complexo de Golgi em vesículas
maioria, em proteínas de membrana revestidas por clatrina.
associadas a lisossomos (LAMPs), Essas vesículas de transporte seguem o
glicoproteínas da membrana seu trajeto e sofrem fusão com
lisossômica (LGPs) e proteínas integrais endossomos maduros em decorrência
da membrana lisossômica (LIMPs). da interação de componentes
As moléculas de açúcar cobrem quase endossômicos específicos das
toda a superfície luminal dessas proteínas de ancoragem v-SNARE e
proteínas, protegendo-as, assim, da t-SNARE.
A maior parte do material digerido A degradação hidrolítica do conteúdo
provém de processos de endocitose. dos lisossomos produz um vacúolo
No entanto, a célula também utiliza os repleto de resíduos, corpo residual. Nos
lisossomos para digerir suas próprias neurônios, os corpos residuais são
partes obsoletas, organelas não denominados pigmentos da idade ou
funcionais e moléculas desnecessárias. grânulos de lipofucsina. Os corpos
Existem três vias para a digestão: residuais caracterizam o
- As partículas extracelulares envelhecimento celular. A ausência de
grandes (bactérias, restos certas enzimas lisossômicas pode
celulares e outros materiais causar acúmulo patológico de
estranhos) sofrem fagocitose. substrato não digerido nos corpos
Um fagossomo, formado residuais. Isso pode levar a vários
quando o material é distúrbios chamados de doenças de
internalizado no citoplasma, armazenamento lisossômico.
recebe subsequentemente
enzimas hidrolíticas,
transformando-se em PEROXISSOMOS
endossomo maduro, que será São organelas pequenas e esféricas(0,5
amadurecido no lisossomo. μm de diâmetro), limitadas por
- As partículas extracelulares membrana que possui enzimas
grandes, tais como bactérias, oxidativas (catalase e peroxidases).
restos celulares e outros Quase todas as enzimas oxidativas
materiais estranhos, são produzem peróxido de hidrogênio
engolfadas no processo de (H2O2) como produto da reação de
fagocitose. Um fagossomo, oxidação.
formado quando o material é A catalase regula o conteúdo de H2O2
internalizado no citoplasma, da célula ao degradá-lo, protegendo,
recebe subsequentemente assim, a célula. Além disso, os
enzimas hidrolíticas, peroxissomos contêm D-aminoácido
transformando-se em oxidases, enzimas de betaoxidação e
endossomo maduro, que será numerosas outras enzimas.
amadurecido no lisossomo As enzimas oxidativas são importantes
- As partículas extracelulares nas células hepáticas, hepatócitos,
pequenas (proteínas pois realizam processos relacionados a
extracelulares, proteínas da desintoxicação, como do álcool
membrana plasmática e ingerido, convertendo-o em
complexo ligante-receptor) são acetaldeído. E também promove a
internalizadas por pinocitose e betaoxidação dos ácidos graxos.
por endocitose mediada por As proteínas contidas no lúmen e na
receptor. membrana do peroxissomo são
Essas partículas seguem a via sintetizadas nos ribossomos
endocítica por meio dos citoplasmáticos e importadas no
compartimentos endossomais jovem e peroxissomo. É necessário que uma
maduro e, por fim, são degradadas nos proteína destinada aos peroxissomos
lisossomos. tenha um sinal de direcionamento
- As partículas intracelulares peroxissômico ligado à sua
(organelas inteiras, proteínas extremidade carboxiterminal. O número
citoplasmáticas) são isoladas da de peroxissomos contidos em uma
matriz citoplasmática por célula aumenta em resposta à dieta, ao
membranas do retículo uso de fármacos e ao estímulo
endoplasmático, transportadas hormonal. Na maioria dos animais, mas
para os lisossomos e não nos seres humanos, os
degradadas (autofagia). peroxissomos também contêm urato
oxidase (uricase), que frequentemente
aparece como inclusão cristaloide entram na corrente sanguínea. Além
(nucleoide) característica. disso, quando um excesso de H2O2
Vários distúrbios metabólicos humanos acumula-se na célula, a catalase o
são causados pela incapacidade de converte em
importação de proteínas 2 H2O2 → 2 H2O + O2
peroxissômicas para dentro da A principal função das reações
organela, por causa de um sinal de oxidativas realizadas nos peroxissomos
direcionamento peroxissômico é a quebra de moléculas de ácido
defeituoso ou um defeito do receptor. graxo. O processo denominado
Na doença hereditária mais b-oxidação encurta as cadeias alquil
comumente relacionada com dos ácidos graxos em blocos de dois
peroxissomos disfuncionais, a síndrome átomos de carbono por vez,
de Zellweger, que resulta em morte convertendo assim os ácidos graxos
precoce, os peroxissomos perdem a sua em acetil-CoA (acetil-coenzima A).
capacidade de funcionar, em virtude da Os peroxissomos exportam acetil-CoA
ausência das enzimas necessárias. Ela ao citosol para utilizá-la em reações
é causada por uma mutação no gene biossintéticas.
que codifica o receptor para o sinal de Nas células de mamíferos, a b-oxidação
direcionamento peroxissômico, que não ocorre nas mitocôndrias e nos
reconhece o sinal Ser-Lys-Leu na peroxissomos. Possui, também, a
extremidade carboxiterminal das finalidade de catalisar as primeiras
enzimas que atuam em peroxissomos. reações na formação de
Até o momento, os tratamentos para os plasmalogênios, que são a classe mais
distúrbios peroxissômicos têm sido abundante de fosfolipídeos na mielina.
insatisfatórios. A deficiência de plasmalogênios causa
➤ EXPLICAÇÃO ALBERTS: anomalias profundas na mielinização
São envolvidos por uma única camada dos axônios das células nervosas,
de membrana e não possuem DNA ou sendo essa uma das razões por que
ribossomos, logo todas as suas muitos distúrbios peroxissômicos levam
proteínas são codificadas no núcleo. a doenças neurológicas. Eles podem
Eles obtêm suas proteínas por conter diferentes conjuntos de enzimas
importação seletiva do citosol, embora e também podem adaptar-se de forma
algumas entrem pelo RE. Possuem um notável a mudanças de condições.
núcleo cristalóide devido a alta Uma sequência específica de três
presença de catalase e urato oxidase aminoácidos (Ser-Lys-Leu) localizados
(enzimas oxidativas). Assim como as na região C-terminal de muitas
mitocôndrias, os peroxissomos são os proteínas dos peroxissomos atua como
principais sítios de ligação de oxigênio. um sinal de importação.
Possuem uma ou mais enzimas que Outras proteínas peroxissômicas
utilizam o oxigênio molecular para contêm uma sequência-sinal próxima à
remover os átomos de hidrogênio de região N-terminal. Se uma dessas
substratos orgânicos específicos (‘’R’’) sequências está ligada a uma proteína
em uma reação oxidativa que produz citosólica, a proteína é importada para
H2O2. RH2 + O2 → R + H2O2 peroxissomos.
A catalase utiliza o H2O2 gerado por Os sinais de importação são primeiro
outras enzimas na organela para reconhecidos pelos receptores solúveis
oxidar uma variedade de outros de proteínas no citosol.
substratos (ácido fórmico, formaldeído Várias proteínas distintas, chamadas
e álcool) pela reação “peroxidativa”: de peroxinas, participam no processo
H2O2 + R’ H2 → R’ +2 H2O de importação, que é movido por
Esse tipo de reação oxidativa é hidrólise de ATP. Um complexo de pelo
importante nas células do fígado e do menos seis diferentes peroxinas forma
rim, nas quais os peroxissomos uma proteína translocadora na
destoxificam moléculas tóxicas que membrana do peroxissomo. Mesmo
proteínas oligoméricas não precisam Muitas proteínas das membranas dos
ser desdobradas para que sejam peroxissomos são feitas no citosol e
importadas. Acredita-se que o poro inseridas na membrana de
formado pelo transportador seja peroxissomos preexistentes, enquanto
dinâmico em suas dimensões, outras são primeiro integradas na
adaptando seu tamanho às membrana do RE, onde são
moléculas-carga a serem empacotadas em vesículas precursoras
transportadas. Um receptor de peroxissômicas especializadas.
importação solúvel, a peroxina Pex5, Novas vesículas precursoras podem
reconhece o sinal de importação então se fundir umas com as outras e
C-terminal peroxissômico. Ela começar a importação de proteínas
acompanha sua carga até o interior peroxissômicas adicionais, usando sua
dos peroxissomos e, após a liberação própria maquinaria de importação de
da carga, retorna ao citosol. Após a proteínas para tornarem-se
entrega de sua carga para o lúmen do peroxissomos maduros, os quais
peroxissomo, Pex5 sofre ubiquitinação. podem sofrer ciclos de crescimento e
Essa modificação é necessária para fissão.
liberar Pex5 no citosol novamente, onde
a ubiquitina é removida.
Uma ATPase composta de Pex1 e Pex6
aproveita a energia da hidrólise do ATP Mitocôndria :
para ajudar na liberação de Pex5 dos
peroxissomos. Há muito se discute se
Para manter seu alto grau de
novos peroxissomos originam-se de
organização em um universo que está
outros preexistentes por crescimento e
constantemente se dirigindo rumo ao
fissão da organela ou derivam-se como
caos, as células apresentam uma
um compartimento especializado do
necessidade contínua de um
RE.
suprimento abundante de ATP. Nas
células eucarióticas, a maior parte do
ATP que fornece energia para os
processos vitais é produzida por
organelas conversoras de energia,
estruturas especializadas e delimitadas
por membrana. Existem dois tipos
distintos. As mitocôndrias, que ocorrem
em quase todas as células de animais,
➘ Um modelo explica como os plantas e fungos, “queimam” moléculas
peroxissomos proliferam e como um do alimento para produzir ATP pela
novo peroxissomo se forma. Vesículas fosforilação oxidativa.
precursoras peroxissômicas brotam do Etapa 1: os elétrons de alta
RE. Ao menos duas proteínas de energia (derivados da oxidação de
membrana peroxissômicas, Pex3 e moléculas do alimento, de pigmentos
Pex15, seguem essa via. A maquinaria excitados pela luz solar ou de outras
que dirige a reação de brotamento e fontes descritas adiante) são
que seleciona apenas proteínas transferidos ao longo de uma série de
peroxissômicas para o empacotamento complexos proteicos transportadores
nessas vesículas depende de Pex19 e de elétrons que formam uma cadeia
outras proteínas citosólicas ainda transportadora de elétrons embebida
desconhecidas. em uma membrana. Cada elétron
Vesículas precursoras de transferido libera uma pequena
peroxissômicas podem então quantidade de energia que é usada
fusionar-se com outras ou com para bombear prótons (H+) e desse
peroxissômicas preexistentes. modo gerar um grande gradiente
eletroquímico através da membrana. de um complexo proteico de membrana
Esse gradiente eletroquímico fornece para o seguinte, sendo transferido, em
uma forma de armazenar energia e cada passo, para um composto com
pode ser aproveitado para realizar um nível energético mais baixo, até
trabalho útil quando íons fluem de alcançar um complexo final no qual ele
volta através da membrana. se combina com oxigênio molecular
Etapa 2: os prótons fluem de (O2) para produzir água.
volta a favor do seu gradiente Em conjunto, esses complexos geram a
eletroquímico por meio de uma força próton-motriz aproveitada pela
elaborada máquina proteína de ATP-sintase para produzir ATP que
membrana denominada ATP-sintase, serve como moeda de energia universal
que catalisa a produção de ATP a na célula.
partir de ADP e fosfato inorgânico (Pi).
Essa enzima
ubíqua funciona como uma turbina na
membrana que, impulsionada por
prótons, sintetiza ATP . Desse modo, a
energia derivada do alimento ou da
energia solar na etapa 1 é convertida
em energia química de uma ligação de
um fosfato no ATP.
Os elétrons se movem através de
complexos
proteicos em
sistemas
biológicos por As mitocôndrias ocupam até 20% do
meio de íons volume citoplasmático de uma célula
metálicos eucariótica. Ainda que sejam muitas
firmemente vezes representadas como corpos
ligados ou por pequenos semelhantes a bactérias,
meio de outros com um diâmetro de 0,5 a 1 m, de fato
carreadores elas são extremamente dinâmicas e
que capturam e plásticas, movendo-se pela célula,
liberam mudando constantemente de forma,
elétrons dividindo-se e fusionando-se. Porém, as
facilmente, ou mitocôndrias também podem
ainda por permanecer fixas em locais de alta
intermédio de demanda energética.
pequenas As mitocôndrias também interagem
moléculas com outros sistemas de membranas na
especiais que célula, sobretudo com o retículo
recolhem endoplasmático.
elétrons em um Sem elas, as células dos animais
local e os entregam em outro. Para as modernos teriam de produzir todo o
mitocôndrias, o primeiro desses seu ATP por meio da glicólise
carreadores de elétrons é o NAD+. anaeróbica. Quando a glicose é
O NADH, para o NAD+ tornar-se NADH convertida em piruvato pela glicólise,
precisa de uma molécula hidrossolúvel apenas uma pequena fração de toda a
que captura dois elétrons e um H+, energia livre potencialmente disponível
transfere esses elétrons de locais onde é liberada. Nas mitocôndrias, o
as moléculas do alimento são metabolismo de açúcares é completo: o
degradadas para a membrana piruvato é importado para dentro da
mitocondrial interna. Lá, os elétrons do mitocôndria e em última instância
NADH rico em energia são transferidos oxidado pelo O2
em CO2 e H2O, o que possibilita a poros aquáticos através da membrana.
produção de 15 vezes mais ATP do que
o produzido apenas pela glicólise.

Como consequência, o espaço


➥ A mitocôndria tem uma membrana
intermembranas entre a membrana
externa e uma membrana interna:
interna e externa tem o mesmo pH e
composição iônica do citoplasma, e
Assim como as bactérias a partir das não existe um gradiente eletroquímico
quais elas se originaram, as através da membrana externa.
mitocôndrias possuem uma membrana Se mitocôndrias purificadas são
externa e outra interna. As duas suavemente rompidas e então
membranas possuem funções e fracionadas, a composição bioquímica
propriedades distintas, e delineiam das membranas e compartimentos
compartimentos separados dentro da mitocondriais pode ser determinada.
organela. A membrana interna, que ➥ As cristas da membrana interna
delimita o compartimento da matriz contém a maquinaria para o
mitocondrial interna, é altamente transporte de elétrons e a síntese de
enovelada para formar invaginações ATP:
conhecidas como cristas, que contêm
nas suas membranas as proteínas da
Diferentemente da membrana
cadeia transportadora de elétrons.
mitocondrial externa, a membrana
Onde a membrana interna dispõe-se
mitocondrial interna é uma barreira
em paralelo com a membrana externa,
para a difusão de íons e moléculas
entre as cristas, ela é denominada
pequenas, de modo similar à
membrana de limite interno. O espaço
membrana interna bacteriana.
estreito (20 a 30 nm) entre a membrana
Entretanto, íons selecionados, em
de limite interno e a membrana externa
particular prótons e íons fosfato, assim
é conhecido como espaço
como metabólitos essenciais como ATP
intermembranas. As cristas são discos
e ADP, podem passar através dela por
ou túbulos de membrana de 20 nm de
intermédio de proteínas
largura que se projetam
transportadoras especiais.
profundamente na matriz e delimitam o
A membrana mitocondrial interna é
espaço da crista. A membrana da
altamente diferenciada em regiões
crista é contínua com a membrana de
funcionais distintas com diferentes
limite interno, e onde suas membranas
composições proteicas.Nela, supõe-se
se unem, formam-se tubos ou fendas,
que a região de limite de membrana
conhecidos como junções da crista.
interna contenha a maquinaria para
Assim como a membrana externa
importar proteínas, novas inserções de
bacteriana, a membrana mitocondrial
membrana e a montagem dos
externa é livremente permeável a íons e
complexos da cadeia respiratória. As
a moléculas pequenas de até 5 mil
membranas das cristas, que são
daltons. Isso ocorre porque ela contém
contínuas com a membrana de limite
muitas moléculas de porinas, uma
interna, contêm a enzima ATP-sintase
classe especial de proteínas de
que produz a maior parte do ATP
membrana do tipo barril b que cria
celular; elas também contêm os
grandes complexos proteicos da
cadeia respiratória.
Nas junções das cristas,complexos
proteicos especiais fornecem uma
barreira de difusão que se-grega as
proteínas de membrana nas duas
regiões da membrana interna; esses
complexos supostamente ancoram as
cristas à membrana externa,
mantendo, desse modo, a topologia
altamente enovelada da membrana
interna.
➥ O ciclo do ácido cítrico na matriz
produz NADH:

A matriz é a principal parte operante


da mitocôndria. As mitocôndrias
podem utilizar tanto o piruvato quanto
os ácidos graxos como combustível. O
piruvato é derivado da glicose e de A matriz contém o sistema genético da
outros açúcares, enquanto os ácidos mitocôndria, incluindo o DNA
graxos são derivados das gorduras. mitocondrial e os ribossomos. O DNA
Ambas as moléculas de combustível mitocondrial está organizado em
são transportadas através da corpos compactos – os nucleotídeos –
membrana mitocondrial interna por por proteínas de armação especiais
proteínas transportadoras que também funcionam como
especializadas, e elas podem ser reguladores transcricionais.
convertidas no intermediário ➥ As mitocôndrias têm muitos papéis
metabólico crucial acetil-CoA por essenciais no metabolismo celular:
enzimas localizadas na matriz
mitocondrial.
As mitocôndrias são críticas para o
A oxidação desses átomos de carbono
tamponamento do potencial redox no
da acetil-CoA produz CO2, que se
citosol. As células necessitam de
difunde para fora da mitocôndria para
suprimentos constantes do aceptor de
ser liberado no ambiente como resíduo.
elétrons NAD+ para as reações centrais
E, mais importante, o ciclo do ácido
da glicólise que convertem
cítrico captura uma grande parte da
gliceraldeído-3-fosfato em
energia de ligação liberada por essa
1,3-bifosfoglice-rato. Esse NAD+
oxidação na forma de elétrons
é convertido em NADH no processo, e o
carreados pelo NADH. Esse NADH
NAD+ precisa ser regenerado pela
transfere seus elétrons da matriz para
transferência dos elétrons de alta
a cadeia transportadora de elétrons na
energia do NADH em outro local. Os
membrana mitocondrial interna.
elétrons do NADH por fim serão
utilizados para dirigir a fosforilação
oxidativa dentro da mitocôndria.
As mitocôndrias são importantes como
tampões de cálcio, capturando cálcio
do RE e retículo sarcoplasmático em
junções de membrana especiais. Os
níveis de cálcio celulares controlam a
contração muscular, e alterações nesse
processo estão implicadas na
neurodegeneração e apoptose.
Claramente, as células e organismos
dependem das mitocôndrias de muitas de elétrons na membrana mitocondrial
maneiras diferentes. interna.
➥ Um processo quimiosmótico acopla Ao final da cadeia transportadora de
energia de oxidação à produção de elétrons, os elétrons e prótons
ATP : recombinam-se com oxigênio molecular
para formar água.
Somente a etapa final do metabolismo ➥ A energia derivada da oxidação é
oxidativo consome oxigênio molecular armazenada como um gradiente
(O2) diretamente.Quase toda a energia eletroquímico:
disponível a partir de carboidratos,
gorduras e outros alimentos Nas mitocôndrias, o processo de
metabolizados nas etapas iniciais é transporte de elétrons inicia-se quando
armazenada na forma de compostos dois elétrons e um próton são
ricos em energia que fornecem elétrons removidos do NADH. Os elétrons
para a cadeia respiratória na iniciam em um potencial redox
membrana mitocondrial interna. Esses altamente negativo– ou seja, em um
elétrons, a maioria dos quais alto nível de energia – que decai de
carregados pelo NADH, por fim modo gradual à medida que eles
combinam-se como O2 passam ao longo da cadeia. As
no final da cadeia respiratória para proteínas envolvidas são agrupadas
formar água. A energia liberada em três grandes complexos de enzimas
durante a série complexa de respiratórias, cada um composto por
transferências de elétrons do NADH subunidades protéicas que se
para o O2 é aproveitada na membrana acomodam na membrana mitocondrial
interna para gerar um gradiente interna.
eletroquímico que impulsiona a O resultado líquido é o bombeamento
conversão de ADP + Pi a ATP. de H+ para fora da matriz através da
membrana interna, impulsionado pelo
fluxo de elétrons energeticamente
favorável. Esse movimento
transmembrana de H+ tem duas
consequências principais:
1. Gera um gradiente de pH
através da membrana
mitocondrial interna, com um
pH maior na matriz (próximo a 8)
e um pH mais baixo no espaço
intermembranas. Uma vez que
íons e pequenas moléculas
Por essa razão, o termo fosforilação equilibram-se livremente através
oxidativa é usado para descrever esta da membrana mitocondrial
série final de reações. Na cadeia externa, o pH no espaço
respiratória, a mesma reação intermembranas é o mesmo do
energeticamente favorável H2 n H2O é citosol (em geral em torno de
dividida em pequenos passos. Esse 7,4).
processo passo a passo possibilita à 2. Gera um gradiente de
célula armazenar quase metade da voltagem através da membrana
energia total que é liberada em uma mitocondrial interna, criando
forma útil. A cada passo, os elétrons, um potencial de membrana com
que podemos considerar como tendo o lado da matriz negativo e o
sido removidos de uma molécula de lado do espaço das cristas
hidrogênio para produzir dois prótons, positivo.
passam por uma série de carreadores
como as hemácias em nossos
organismos, as quais não tem
mitocôndrias, portanto não podem
realizar a respiração celular.

➢ Glicólise:
A glicólise é a primeira fase,
fundamental para os processos de
respiração celular e fermentação.
Tipos de respirações celulares: Através dela, a molécula de glicose (que
possui 6 carbonos) é oxidada, gerando
2 moléculas de ATP e duas moléculas
➢ Fermentação: de piruvato (cada uma com 3
A fermentação é outra via anaeróbica carbonos). Se estivermos falando de
para a quebra da glicose, uma via que respiração celular, esse piruvato é
é realizada por muitos tipos de convertido em Acetil-CoA e entra no
organismos e células. Na fermentação, Ciclo de Krebs. Se estivermos falando
a única via de extração de energia é a em fermentação, esse piruvato será
glicólise, com uma ou duas reações convertido em algum subproduto inútil
extras acrescentadas ao final; à célula, mas útil para regenerar as
A fermentação e a respiração celular coenzimas responsáveis pelo
começam da mesma maneira, com a transporte de elétrons nesses
glicólise. No entanto, na fermentação, o processos de geração de energia (NAD
piruvato produzido na glicólise não e FAD).
contínua através da oxidação e ciclo
do ácido cítrico, e a cadeia É o primeiro passo da “regulação da
transportadora de elétrons não glicose”. Catalisada pela enzima
acontece. Já que a cadeia Hexocinase (se lê quinase), tem
transportadora de elétrons não está característica de reação irreversível. É
funcional, o NADH produzido na gasta uma molécula de ATP,
glicólise não pode entregar seus adicionando um grupo fosfato ao
elétrons para voltar a formar NAD+; carbono 6 da Glicose, transformando-a
O propósito das reações extras na em Glicose 6-fosfato. Pode parecer
fermentação é, portanto, regenerar o contraproducente, para um processo
carreador de elétrons NAD+ a partir da que visa gerar energia, começar
NADH produzido na glicólise. As gastando um ATP, mas esta ligação de
reações extras conseguem isso um fosfato ao carbono 6' da glicose
permitindo que NADH entregue seus tem intuito de impedir que a glicose
elétrons a uma molécula orgânica (tal volte ao meio extracelular, pois o
como o piruvato, o produto final da grupamento fosfato tem é altamente
glicólise). Isso permite que a glicólise carregado negativamente, logo, não
permaneça funcionando pela garantia tem afinidade pela parte apolar da
de um suprimento constante de NAD+; bicamada lipídica que compõe a
- FERMENTAÇÃO DE ÁCIDO membrana citoplasmática. Vale
LÁTICO: observar que toda vez que uma enzima
Na fermentação do ácido lático, o tiver a terminação "cinase" ou "kinase",
NADH transfere seus elétrons se trata de uma transportadora de
diretamente ao piruvato, gerando o fosfatos.
lactato como subproduto. O lactato,
que é apenas a forma A Frutose é um monossacarídeo
desprotonada do ácido lático, dá o isômero da glicose (C6H12O6), isto é,
nome ao processo. As bactérias que possui a mesma fórmula molecular
produzem o iogurte realizam (mesmo conjunto de átomos) e
fermentação do ácido lático, assim
diferentes fórmulas estruturais 6ª REAÇÃO - Gliceraldeído 3-fosfato>
(organização desses átomos na 1,3-bifosfoglicerato
estrutura tridimensional). A ação da
enzima Fosfoglicose Isomerase se Quando o fosfato provém de um ATP,
transformará uma em outra, pois a ele é extraído de uma molécula
Frutose é uma molécula mais simétrica extremamente energética; energia essa
que a Glicose. A Glicose (6C) é repartida que é utilizada para realizar a ligação.
em duas moléculas de piruvato (3C, No caso do fosfato inorgânico (Pi), que
cada), então, como a frutose é mais é como um fósforo solto, não ligado à
simétrica, é mais facilmente repartida nenhuma estrutura, não há essa
ao meio posteriormente (gerando dois disponibilidade de energia, por isso a
compostos com três carbonos cada). enzima Gliceraldeído 3-fosfato
desidrogenase realiza a adição do
Como o nome do produto já adianta, é fosfato inorgânico ao gliceraldeído
adicionado um segundo grupo fosfato 3-fosfato em dois passos: no primeiro o
à estrutura, gastando uma segunda hidrogênio da função aldeído (lá em
molécula de ATP de “investimento”. cima, na estrutura) é transferido para
Dessa vez, o fosfato é adicionado ao um NAD+, transformando-o em NADH.
carbono 1', gerando uma Frutose No lugar do Hidrogênio entra uma
1,6-fosfato. Este processo é mediado hidroxila (OH-) extraída de uma
pela enzima Fosfofrutocinase e tem o molécula de água. O Hidrogênio que
intuito de tornar a molécula ainda mais sobra da água termina de compor o
simétrica, pois agora contém fosfatos produto NADH + H+. Observação: Como
nos dois lados (nos carbonos seis e está tudo duplicado, são produzidas
um). Agora ela está pronta para ser duas moléculas de NADH + H+! Na
partida ao meio, o que acontecerá na segunda etapa ocorre a fosforilação
próxima reação. do gliceraldeído. A adição da hidroxila
no lugar do hidrogênio é uma reação
4ª REAÇÃO - Frutose-1,6-bifosfato > de oxidação favorável, pois partiu de
Di-hidroxiacetona fosfato + um ponto energético maior para um
Gliceraldeído 3-fosfato menor. A adição do fosfato inorgânico
é uma reação de fosforilação
A molécula de Frutose 1,6-bifosfato desfavorável, pois sai de um nível
seria partida ao meio (o que justificou energético menor para um maior.
os esforços para torná-la mais Sozinha, a adição de fosfato
simétrica). As duas moléculas inorgânico seria impossível. Ela só é
resultantes serão Di-hidroxiacetona passível de acontecer quando
fosfato e Gliceraldeído 3-fosfato, ambas combinada com a oxidação favorável
com três carbonos. A enzima que do gliceralderído 3P, pois a energia
catalisa esta reação é a Aldolase. É para a ligação do Pi é obtida através
uma questão apenas conformacional da oxidação. Isso justifica o gasto de
que as diferencia, já que são isômeras uma molécula de água nesse
(ambas têm fórmula química C3H5O3P). intercurso. No final, obtemos duas
Quem seguirá o caminho na glicólise moléculas de 1,3 bifosfoglicerato a
será o Gliceraldeído 3-fosfato, então a partir de duas moléculas de
enzima Triose Fosfato Isomerase acaba gliceraldeído 3-fosfato.
por transformar a
5ª Di-hidroxiacetona fosfato em 7ª REAÇÃO - 1,3 Bifosfoglicerato >
Gliceraldeído 3-fosfato (5ª reação); 3-fosfoglicerato
por isso, a partir desta etapa, os
produtos serão em dobro, não em “um” Nesta etapa, há reposição dos dois ATP
como vinha sendo antes. gastos na fase de investimento (já que
a partir da 4ª reação, todos os
produtos estão duplicados). O
grupamento fosfato que acabou de ser objetivo da glicólise é fornecer os
agregado à molécula de precursores para o Ciclo de Krebs
1,3-bifosfoglicerato será desprendido (piruvato), onde será gerado a maior
para compor (junto com dois ADP) duas parte dos NADH, NADPH e FADH2.
novas moléculas de ATP. A enzima que Esses sim, são a chave para geração de
media esta reação é a fosfoglicerato energia, nos processos aeróbicos que
cinase. A 6ª e a 7ª reação são vêm depois da glicólise: Ciclo de Krebs
dedicadas a repor os ATPs. Como o e Cadeia Respiratória. Em resumo,
Fosfato inorgânico (Pi) é pobre em podemos dividir a glicólise em três
energia, se utiliza da energia da momentos:
oxidação para formar uma molécula - As reações 1, 2 e 3 são chamadas
onde depois será removido para de FASE DE INVESTIMENTO, pois
integrar o ADP, resultando em duas são gastas duas moléculas de
moléculas de ATP, devolvendo o que foi ATP para regular e modelar a
gasto na preparação da frutose para molécula de glicose.
dividir-se corretamente e da glicose - As reações 4 e 5 compõem a
para que não evadisse do espaço FASE DE CLIVAGEM, pois, a
citosol. partir da bipartição da Frutose
8ª REAÇÃO - 3-fosfoglicerato > 1,6-Bifosfato são geradas duas
2-fosfoglicerato moléculas de três carbonos
cada.
Utiliza-se o grupamento fosfato - As reações a partir da 6
restante nos dois 3-fosfogliceratos compõem a FASE DE GERAÇÃO
para produzir mais 2 ATP. A enzima DE ENERGIA, pois são geradas 4
Fosfoglicerato mutase vai trocar o moléculas de ATP, resultando em
grupamento de carbono, passando do um saldo positivo de 2 ATP
Carbono 3 para o Carbono 2. Isso
ajuda pois deixa o grupo mais próximo
dos oxigênios lá de cima, que assim ➢ Ciclo de krebs:
como o fosfato, são altamente ➔ FORMAÇÃO DE ACETIL-COA:
eletronegativos. Isso cria uma repulsão,
colocando a situação do fosfato mais
Antes da glicose e outros açúcares, ác.
favorável para a saída da estrutura.
graxos e a maioria de aminoácidos,
9ª REAÇÃO - 2-fosfoglicerato >
entrarem no ciclo do ácido cítrico, os
Fosfoenolpiruvato
esqueletos de carbono dos açúcares e
Visa desidratar a molécula de
dos ácidos graxos são convertidos no
2-fosfoglicerato, provocando uma
grupo acetila da acetil-CoA, a forma na
redistribuição dos elétrons na
qual a maioria dos combustíveis entra
molécula, tornando a presença do
no ciclo. Também há o piruvato gerado
fosfato na molécula muito desfavorável.
no citosol pela glicólise é um ponto
O Carbono 2 que antes possuía dois
central no metabolismo dos
hidrogênios, agora não possui nenhum,
carboidratos, das gorduras e das
tornando-a molécula instável.
proteínas. O piruvato que entra na
10ª REAÇÃO - Fosfoenolpiruvato >
mitocôndria, após conversão em
Piruvato
acetil-CoA, pode ser oxidado pelo ciclo
Com a saída do grupo fosfato, há
do ácido cítrico para gerar energia, ou
formação de mais duas moléculas de
pode ser utilizado como precursor
ATP e o produto final da Glicólise
para a síntese de ácidos graxos e
aparece: DUAS MOLÉCULAS DE
esteróis. Há um terceiro destino
PIRUVATO. No final, o saldo total da
possível para o piruvato: como
oxidação total de uma molécula de
precursor para a síntese de
glicose foi de 2 Piruvatos, 2 ATP e 2
aminoácidos, assim, mesmo que haja
NADH. Pode parecer pouco o saldo de
oxigênio disponível para essa via; em
energia, mas é que na verdade, o
vez disso, o piruvato é simplesmente
reduzido a lactato no citosol, nase, do ciclo do ácido cítrico, e
regenerando o NAD1 para possibilitar a desidrogenase dos α-cetoácidos de
continuada produção de ATP pela cadeia ramificada, das vias de
glicólise. Em células normais (não oxidação de alguns aminoácidos.
tumorais), o piruvato é oxidado na ➔ O piruvato é oxidado a
matriz mitocondrial a acetil-CoA e CO2 acetil-CoA e CO2:
pelo complexo da
piruvato-desidrogenase (PDH). Esse A reação geral catalisada pelo
complexo de enzimas altamente complexo da piruvato-desidrogenase é
organizado – várias cópias de cada uma descarboxilação oxidativa, que é
uma das três enzimas – está localizado basicamente grupo carboxila é
na mitocôndria de todas as células removido do piruvato na forma de uma
eucarióticas. molécula de CO2
e os dois carbonos remanescentes são
convertidos no grupo acetila da
acetil-CoA.
O NADH formado nessa reação doa um
íon hidreto para a cadeia respiratória,
que transferirá os dois elétrons ao
oxigênio a um aceptor de elétrons
alternativo. A transferência de elétrons
do NADH ao oxigênio gera, ao final, 2,5
moléculas de ATP por par de elétrons.
➔ O complexo da
piruvato-desidrogenase requer
cinco coenzimas:

A desidrogenação e descarboxilação
do piruvato levando ao grupo acetila
da acetil-CoA requer a ação sequencial
de três enzimas diferentes e cinco
coenzimas ou grupos prostéticos
diferentes – pirofosfato de tiamina (TPP),
Catabolismo de proteínas, gorduras e dinucleotídeo de flavina-adenina (FAD),
carboidratos durante os três estágios coenzima A (CoA, CoA-SH,¬SH),
da respiração celular. Estágio 1: a dinucleotídeo de nicotinamida-adenina
oxidação de ácidos graxos, glicose e (NAD) e lipoato.
alguns aminoácidos gera acetil-CoA. Quatro vitaminas diferentes essenciais
Estágio 2: a oxidação dos grupos à nutrição humana são componentes
acetila no ciclo do ácido cítrico inclui vitais desse sistema: tiamina (no TPP),
quatro etapas, nas quais os elétrons riboflavina (no FAD), niacina (no NAD1) e
são removidos. Estágio 3: os elétrons pantotenato (na CoA).
carregados por NADH e FADH2 Reação geral catalisada pelo complexo
convergem para uma cadeia de
transporte H2O. Estes transportadores
de elétrons mitocondrial – a cadeia
respiratória –, reduzindo, no final, O2
fluxo de elétrons impele a produção de
ATP.
Por fim, o complexo da PDH é o
protótipo para dois outros importantes
complexos
enzimáticos:α-cetoglutarato-desidroge da piruvato-desidrogenase. As cinco
coenzimas participantes dessa reação cerca de 50 nm – mais de cinco vezes o
e as três enzimas que formam o tamanho de um ribossomo inteiro e
complexo são discutidas no texto. grande o suficiente para ser visto por
microscopia eletrônica. O complexo
As funções de FAD e NAD como tem dois e, em E. coli, três . Os domínios
transportadores de elétrons e de E2 são separados por conectores,
verificou-se que o TPP era a coenzima sequências de 20 a 30 resíduos de
da piruvato-descarboxilase. aminoácidos, ricos em Ala e Pro e
A coenzima A tem um grupo tiol reativo intercalados com α-cetoglutarato no
(¬SH) que é crucial para a função da ciclo do ácido cítrico e a oxidação dos
CoA como transportador de acilas em α-cetoácidos derivados da
diferentes reações metabólicas. O degradação dos aminoácidos de
grupo acila unido à coenzima A pode, cadeia ramificada
portanto, ser considerado “ativado” valina, isoleucina e leucina.
para transferência.
O lipoato, tem dois grupos tiol que Ácido
podem ser reversivelmente oxidados, lipóico
produzindo uma ligação dissulfeto (lipoato)
(¬S¬S¬). O lipoato atua como em ligação
transportador de elétrons (hidrogênio) amida com
e como transportador de acilas, como um resíduo
será visto. de Lys. A
porção
lipoil-lisina
é o grupo
prostético
da
di-hidrolipo Transacetilase. O grupo
lipoila ocorre na
Coenzima A (CoA). Um grupo hidroxila forma oxidada (dissulfeto) e reduzida
do ácido pantotênico está unido a uma (ditiol) e atua como transportador de
molécula de ADP modificada por uma hidrogênio e grupo acetila (ou outro
ligação fosfo-éster, e seu grupo grupo acila).
carboxila está ligado à
β-mercaptoetilamina por uma ligação O complexo da piruvato-desidrogenase
amida. O grupo hidroxila na posição 3′ é responsável por conduzir uma série
da molécula de ADP tem um grupo de cinco reações consecutivas para
fosfato que não está presente no ADP descarboxilar (remover o grupo CO2) e
livre. O grupo ¬SH da molécula de desidrogenar (remover elétrons) o
mercaptoetilamina forma um tioéster piruvato, uma molécula importante no
com o acetato para formar a metabolismo. Vamos detalhar essas
acetil-coenzima A (acetil-CoA) (à etapas:
esquerda, embaixo).
1. Primeira Etapa: Nesta etapa, o
➔ O complexo da complexo realiza uma reação
piruvato-desidrogenase consiste que é muito semelhante àquela
em três enzimas distintas: catalisada pela enzima
piruvato-descarboxilase. O C-1
do piruvato é liberado na forma
O complexo da PDH contém três
de CO2. O C-2, que estava
enzimas – piruvato-desidrogenase (E1) e
originalmente no estado de
di-hidrolipoil-desidrogenase (E2),
oxidação de um aldeído, se liga
di-hidrolipoil-transacetilase(E3).
ao grupo chamado TPP (tiamina
O complexo da PDH isolado de
pirofosfato) e forma um grupo
mamíferos apresenta um diâmetro de
hidroxietila. Esta primeira etapa novo ciclo de oxidação. Os
é a mais lenta de todas e, elétrons removidos do grupo
portanto, limita a velocidade da hidroxietila derivado do piruvato
reação global. Também é o são transferidos ao NAD+
ponto em que o complexo da através do FAD.
PDH confirma sua especificidade Todas essas etapas são essenciais
em relação ao piruvato. para o mecanismo do complexo da
piruvato-desidrogenase, e a
2. Segunda Etapa: Os resíduos flexibilidade dos braços de lipoil-lisina
carregados devido à primeira de E2 é crucial para receber e
etapa, chamados de conectores, transferir os elétrons e o grupo acetila
tendem a se estender e manter entre as várias partes do complexo.
os três domínios separados. No Todas as enzimas e coenzimas
sítio ativo de E1 (uma das partes envolvidas estão organizadas de
do complexo), a TPP ainda está maneira que os intermediários possam
ligada, enquanto no sítio ativo reagir rapidamente sem se afastarem
de E3-E2-E3, existe uma da superfície do complexo enzimático.
molécula de FADH (flavina O resultado é uma sequência de cinco
adenina dinucleotídeo) ligada. reações altamente coordenadas e
Duas proteínas reguladoras, eficientes, representando um exemplo
uma proteína-cinase e uma de canalização do substrato.
fosfoproteína-fosfatase, também
estão envolvidas no processo.

3. Terceira Etapa: O grupo


hidroxietila, que surgiu na
primeira etapa, é oxidado a um
ácido carboxílico, que é o
acetato. Durante essa oxidação,
os dois elétrons removidos são
usados para reduzir a ligação
¬S¬S¬ de um grupo lipoila
Descarboxilação oxidativa do piruvato
presente em E2 a dois grupos
a acetil-CoA pelo complexo da PDH. O
tiol (¬SH). A acetila produzida
destino da molécula de piruvato está
nessa etapa é primeiro
ressaltado em vermelho. Na etapa 1, o
esterificada a um dos grupos
piruvato reage com o pirofosfato de
¬SH do lipoila e depois
tiamina (TPP) ligado à
transesterificada à CoA
piruvato-desidrogenase (E1), sendo
(Coenzima A) para formar o
descarboxilado ao derivado
acetil-CoA. Essa etapa é crucial,
hidroxietila. A piruvato-desidrogenase
pois a energia liberada pela
também processa a etapa 2, a
oxidação é usada para criar um
transferência de dois elétrons e do
tioéster de acetato altamente
grupo acetila a partir do TPP para a
energético.
forma oxidada do grupo lipoil-lisina do
centro do complexo,
4. Etapa Quatro e Cinco: As
di-hidrolipoil-transacetilase (E2 A etapa
reações restantes, catalisadas
3 é uma transesterificação na qual o
por E3, ocorrem nas etapas
grupo ¬SH da CoA substitui o grupo
quatro e cinco. Elas envolvem a
¬SH de E2 duzida (ditiol) do grupo
transferência de elétrons
lipoil. Na etapa 4, a
necessária para regenerar a
di-hidrolipoil-desidrogenase (E3)
forma oxidada (dissulfeto) do
reduzidos de E2 ao grupo prostético
grupo lipoila em E2, preparando
FAD de E3, restaurando a forma
o complexo enzimático para um
oxidada do grupo lipoil-lisina de E2. Na
etapa 5, o FADH2 um íon hidreto ao Nas típicas sequências de oxidação,
NAD1 estão envolvidos dois grupos metileno
formando o acetil-tioéster do grupo adjacentes (¬CH2
lipoil reduzido. , produzindo acetil-CoA ¬CH2 ¬), sendo pelo menos um deles
e a forma completamente promove a adjacente a um grupo carbonila, esses
transferência de dois átomos de grupos são particularmente
hidrogênio dos grupos lipoil reduzido importantes nas transformações
de E3 transfere, formando NADH.O químicas das rotas metabólicas. O
complexo enzimático está agora pronto carbono do grupo carbonila tem uma
para outro ciclo catalítico. carga parcial positiva devido à
capacidade de atrair elétrons do
oxigênio da carbonila, e este grupo é,
Reações do ciclo do ácido cítrico: portanto, um centro eletrofílico.
Para a acetil-CoA ser oxidada de
Para iniciar, a acetil-CoA doa seu grupo
maneira eficiente, o seu grupo metila
acetila ao composto de quatro
deve estar ligado a alguma coisa.
carbonos oxaloacetato, formando o
composto de seis carbonos citrato. O
citrato é, em seguida, transformado em
isocitrato, também uma molécula com
seis carbonos, o qual é desidrogenado
com a perda de CO2 para produzir o
composto de cinco carbonos
α-cetoglutarato (perde uma segunda
molécula de CO2, que ao final irá
originar quatro carbonos succinato).O
succinato é convertido por quatro
etapas enzimáticas ao quatro
carbonos oxalacetato.
Em cada rodada do ciclo entra um
grupo acetila (dois carbonos) na forma
de acetil-CoA, e são removidas duas
moléculas de CO2
Uma molécula de oxaloacetato é
utilizada para a formação do citrato e A primeira etapa do ciclo do ácido
uma molécula de oxaloacetato é cítrico resolve elegantemente o
regenerada. problema do grupo metila pouco
Quatro das oito etapas deste processo reativo por meio da condensação da
são oxidações, nas quais a energia da acetil-CoA com o oxalacetato.
oxidação é conservada de maneira Como em todas as rotas metabólicas,
muito eficiente na forma das existe uma lógica química na
coenzimas reduzidas NADH e FADH2. sequência das etapas do ciclo do
➔ A sequência das reações do ácido cítrico: cada etapa envolve ou
ciclo do ácido cítrico é uma oxidação que conserve energia ou
quimicamente lógica: ela é um prelúdio necessário para a
oxidação, colocando grupos funcionais
A acetil-CoA deve ser completamente em posições que facilitem a oxidação
oxidada a CO2 para que o máximo da ou a descarboxilação oxidativa.
energia potencial possa ser extraído ➔ O ciclo do ácido cítrico tem oito
desses combustíveis. No entanto, a etapas:
oxidação direta do acetato (ou da 1. Formação do citrato: A primeira
acetil-CoA) a CO2 não reação do ciclo é a
bioquimicamente possível. condensação de acetil-CoA e
oxaloacetato para a formação
do citrato, catalisada pela
citrato-sintase:

O carbono da metila do grupo acetila é Embora a mistura em equilíbrio a pH


unido ao grupo carbonila (C-2) do 7,4 e 25°C contenha menos de 10% de
oxalacetato. Citroil-CoA é o isocitrato, na célula a reação é
intermediário transitoriamente deslocada para a direita porque o
formado no sítio ativo da enzima. Esse isocitrato é rapidamente consumido na
intermediário é rapidamente próxima etapa do ciclo, o que diminui
hidrolisado em CoA livre e citrato, que sua concentração no estado
são liberados do sítio ativo. A hidrólise estacionário. A aconitase contém um
desse intermediário tioéster de alta centro de ferro-enxofre, que atua tanto
energia torna a reação direta na ligação do substrato ao sítio ativo
altamente exergônica. quanto na adição ou na remoção
A CoA liberada nessa reação é catalítica de H2O.
reciclada para participar da 3. Oxidação do isocitrato a
descarboxilação oxidativa de outra α-cetoglutarato e CO2: Na
molécula de piruvato pelo complexo próxima etapa, a
PDH. isocitrato-desidrogenase
Oxalacetato, o primeiro substrato a se catalisa a descarboxilação
ligar à enzima, induz uma grande oxidativa do citrato para formar
alteração conformacional no domínio α-cetoglutarato. O Mn2+
flexível, criando um sítio de ligação presente no sítio ativo interage
para o segundo substrato, acetil-CoA. com o grupo carbonila do
Quando o citroil-CoA é formado no oxalosuccinato intermediário,
sítio ativo da enzima, outra alteração que é formado transitoriamente,
conformacional causa a hidrólise do mas só deixa o sítio ativo
tioéster, liberando o CoA-SH. Esse quando a descarboxilação o
encaixe induzido da enzima, primeiro converte em α-cetoglutarato. Ele
ao substrato e posteriormente ao também estabiliza o enol
intermediário da reação, diminui a formado transitoriamente por
probabilidade de que a clivagem da descarboxilação.
ligação tioéster da acetil-CoA seja
prematura e improdutiva.
2. Formação de isocitrato via
cis-aconitato: A enzima
aconi-tase catalisa a
transformação reversível do A enzima dependente de NAD+
citrato em isocitrato, pela encontra-se na matriz mitocondrial e
formação intermediária do participa do ciclo do ácido cítrico. A
ácido tricarboxílico principal função da enzima
cis-aconitato, o qual dependente de NADP+
normalmente não se dissocia do , encontrada na matriz
sítio. mitocondrial e no citosol,
possivelmente seja a produção de
NADPH, essencial para as vias
redutoras anabólicas, como as vias de a acetil-CoA, tem uma ligação
síntese de ácidos graxos e de esteróis. tioéster com uma energia livre
4. Oxidação do α-cetoglutarato a padrão de hidrólise grande e
succinil-CoA e CO2: A etapa negativa (∆G′° de cerca de − 36
seguinte é outra kJ/mol). Na próxima etapa do
descarboxilação oxidativa, na ciclo do ácido cítrico, a energia
qual o α-cetoglutarato é liberada pelo rompimento dessa
convertido a succinil-CoA e CO2 ligação é utilizada para impelir
da a síntese de uma ligação
α-cetoglutarato-desidrogenase; fosfoanidrido no GTP ou no ATP,
NAD+ pela ação do complexo é o com um ∆G′° de apenas 22,9
aceptor de kJ/mol. O succinato é formado
elétrons e CoA é o transportador neste processo:
do grupo succinila. A energia da
oxidação do α-cetoglutarato é
conservada pela formação da
ligação tioéster da succinil-CoA:

A enzima que catalisa essa reação


reversível é chamada de
succinil-CoA-sintetase, que indica a
participação de um nucleosídeo
trifosfato na reação.
Ela irá poupar energia que envolve
Reação é essencialmente idêntica à
uma etapa intermediária, a qual a
reação da piruvato-desidrogenase, e
própria molécula da enzima é
ambos os complexos são certamente
fosforilada em um resíduo de His no
derivados de um ancestral evolutivo
sítio ativo. E esse fosfato é transferido
comum.
ao ADP (ou GDP) para a formação de
Os componentes de E1 são estruturas
ATP (ou GTP).
similares, suas sequências de
(a) Na
aminoácidos diferem e eles apresentam
etapa 1, a
especificidades diferentes, o
CoA da
componente da E2 são extremamente
parecido, sendo ambos lipoil ligados
coavalentemente e por fim, o complexo
E3 é igual. O complexo que degrada
α-cetoácidos com cadeias ramificadas
catalisa a mesma sequência de
reações utilizando os mesmos cinco
cofatores:

succinil-CoA ligada à enzima é


substituída por um grupo fosfato,
formando um acil-fosfato de alta
energia. Na etapa 2, o succinil--fosfato
5. Conversão de succinil-CoA em doa o grupo fosfato para um resíduo
succinato: A succinil-Coa, como de His da enzima, originando uma
fosfo-histidil-enzima de alta energia. estado de transição dessa
Na etapa 3, o grupo fosfato é reação é um carbânion:
transferido do resíduo de His ao
fosfato terminal do GDP (ou ADP),
formando GTP (ou ATP). Sítio ativo da
succinil-CoA-sintetase de E. coli. O sítio
ativo inclui parte de ambas as
subunidades, α (em azul) e β (em
marrom). As hélices carregadas (azul,
marrom) posicionam as cargas parciais
positivas do dipolo da hélice próximas
ao grupo fosfato da -His246 na cadeia
α, estabilizando a enzima com a
fosfo-histidina. As enzimas de
mamíferos e bactérias apresentam
sequências de aminoácidos e
estruturas tridimensionais
semelhantes.
Essa enzima é altamente
6. Oxidação de succinato a estereoespecífica; ela catalisa a
fumarato: O succinato formado hidratação da ligação dupla trans do
a partir da succinil-CoA é fumarato, mas não a da ligação dupla
oxidado a fumarato pela cis do maleato.
flavoproteína 8. Oxidação de malato a
succinato-desidrogenase: oxaloacetato: Na última reação
do ciclo do ácido cítrico, a
l-malato desidrogenase catalisa
a oxidação do l-malato a
oxaloacetato, acoplada à
redução do NAD+ a NADH:

A succinato-desidrogenase está
firmemente ligada à membrana
mitocondrial interna. Os elétrons do
succinato passam pelo FAD e pelos
centros de ferro-enxofre antes de
entrarem na cadeia de transporte de O equilíbrio dessa reação é muito
elétrons da membrana mitocondrial deslocado para a esquerda sob as
interna. O fluxo dos elétrons do condições termodinâmicas padrão,
succinato ao longo desses porém, nas células intactas, o
transportadores até o aceptor de oxalacetato é continuamente removido
elétrons final, O2, é acoplado à síntese pela reação altamente exergônica da
de aproximadamente 1,5 molécula de citrato-sintase. Isso mantém a
ATP por par de elétrons (fosforilação concentração celular de oxalacetato
acoplada à respiração). O malonato, extremamente baixa, deslocando a
um análogo do succinato normalmente reação da malato-desidrogenase no
ausente nas células, é um forte inibidor sentido da formação de oxaloacetato.
competitivo da
succinato-desidrogenase.
➢ Cadeia respiratória:
7. Hidratação de fumarato a
malato: A hidratação reversível A cadeia respiratória é um processo
do fumarato a l-malato é fundamental no metabolismo celular
catalisada pela fumarase. O que ocorre nas mitocôndrias das
células eucarióticas. Ela desempenha transfere-os para o complexo IV.
um papel crucial na produção de Durante esse processo, mais prótons
energia na forma de trifosfato de são bombeados para o espaço
adenosina (ATP) a partir de substratos intermembranar.
energéticos, como glicose e ácidos
graxos. Vou explicar os principais - Complexo IV: O complexo IV recebe
passos da cadeia respiratória de elétrons do complexo III e, ao final do
maneira detalhada: processo, os combina com oxigênio
(O2) para formar água (H2O). Além
1. Glicólise: O processo começa na disso, prótons são bombeados para o
glicólise, que ocorre no citoplasma da espaço intermembranar.
célula. Na glicólise, uma molécula de
glicose é quebrada em duas moléculas 5. Acoplamento quimiosmótico: À
de piruvato, gerando um pequeno medida que os elétrons fluem através
montante de ATP e NADH. dos complexos da cadeia respiratória,
prótons são bombeados para o espaço
2. Transporte para as mitocôndrias: O intermembranar, criando um gradiente
piruvato produzido na glicólise é de prótons. Isso gera um potencial de
transportado para as mitocôndrias, membrana (força próton-motriz)
onde ocorre a maior parte da cadeia através da membrana interna
respiratória. Lá, o piruvato é convertido mitocondrial.
em acetil-CoA em uma reação
chamada descarboxilação oxidativa. 6. ATP sintase: A enzima ATP sintase,
também conhecida como complexo V,
3. Ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico): está localizada na membrana interna
O acetil-CoA entra no ciclo de Krebs, das mitocôndrias. Ela utiliza o
que ocorre na matriz das mitocôndrias. gradiente de prótons gerado para
Nesse ciclo, o acetil-CoA é oxidado, sintetizar ATP a partir de adenosina
gerando dióxido de carbono, NADH e difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi).
FADH2, bem como uma pequena Quando os prótons fluem de volta para
quantidade de ATP. a matriz mitocondrial através da ATP
sintase, a energia liberada é usada
4. Transporte de elétrons: A parte para a síntese de ATP.
central da cadeia respiratória ocorre
na membrana interna das Resumindo, a cadeia respiratória é um
mitocôndrias, onde se encontra uma processo altamente complexo que
série de complexos proteicos envolve a oxidação de compostos
conhecidos como complexos I, II, III e IV, orgânicos, como NADH e FADH2, a
bem como a coenzima ubiquinona (Q) e transferência de elétrons ao longo dos
a citocromo c. complexos proteicos e a geração de um
gradiente de prótons. Esse gradiente é,
- Complexo I: NADH é oxidado a NAD+ e, então, usado para produzir ATP na ATP
ao fazê-lo, transfere elétrons para o sintase. A água é formada na etapa
complexo I. Nesse processo, prótons final da cadeia respiratória quando o
(H+) são bombeados para o espaço oxigênio é reduzido. Esse processo é
intermembranar. essencial para a produção de energia
nas células e é conhecido como
- Complexo II: FADH2 é oxidado a FAD e fosforilação oxidativa.
também transfere elétrons para a
cadeia respiratória. Não bombeia
prótons.
Envoltório nuclear:

- Complexo III: Este complexo recebe O envoltório nuclear fornece uma


elétrons dos complexos I e II e barreira membranosa, seletivamente
permeável entre o compartimento
nuclear e a cromatina, é montado a
partir de duas membranas nucleares
(interna e externa) com um espaço de
cisterna perinuclear entre elas. O
espaço claro de cisterna perinuclear é
contínuo com o espaço de cisterna do
RER. As duas membranas do envoltório
são perfuradas, em intervalos, por
poros nucleares que medeiam o
transporte ativo de proteínas,
ribonucleoproteínas e RNA, entre o
núcleo e o citoplasma. As membranas
do envoltório nuclear diferem quanto à
sua estrutura e funções:
● A membrana nuclear externa é
muito semelhante à membrana Eletromicrografia do envoltório nuclear. Observe os
complexos do poro nuclear (setas) e as duas
do retículo endoplasmático e, de
membranas que constituem o envoltório nuclear.
fato, é contínua com a Na periferia de cada poro, as membranas externa e
membrana do RER . Os interna do envoltório nuclear parecem ser
contínuas
polirribossomos são
frequentemente fixados às
Oito subunidades proteicas
proteínas de ancoragem
multidomínio dispostas em uma
ribossômicas no lado
estrutura central octogonal, na
citoplasmático da membrana
periferia de cada poro, formam uma
nuclear externa.
estrutura semelhante a um cilindro,
conhecida como complexo do poro
● A membrana nuclear interna é nuclear (CPN). O CPN, é composto de
sustentada por uma rede rígida aproximadamente 50 proteínas
de filamentos proteicos diferentes do complexo do poro
intermediários fixados na sua nuclear, coletivamente denominadas
superfície interna, denominada nucleoporinas (proteínas Nup). A
lâmina nuclear (fibrosa) . Além estrutura encontra-se aderida entre o
disso, a membrana nuclear anel citoplasmático e o anel nuclear. O
interna contém receptores de complexo de anéis nucleoplasmático
lamina específicos e diversas ancora uma cesta nuclear montada a
proteínas associadas à lâmina partir de oito filamentos finos, unidas
que se ligam aos cromossomos por um anel terminal. A estrutura
e assegura a fixação da lâmina central em formato de cilindro
nuclear. circunda o poro central do CPN, que
Em numerosos locais, as duas atua como um diafragma de ajuste
membranas do envoltório nuclear são firme ou um canal controlado.
perfuradas por “orifícios”. Esses poros o CPN regula a passagem de
nucleares são formados pela fusão das proteínas entre o núcleo e o
membranas interna e externa do citoplasma. As proteínas ribossômicas
envoltório nuclear. Com uma MET são parcialmente montadas em
comum, uma estrutura semelhante a subunidades ribossômicas no núcleo e
um diafragma parece cruzar a transportadas através dos poros
abertura do poro. nucleares para o citoplasma. Por outro
lado, as proteínas nucleares, como as
histonas e as laminas, são produzidas
no citoplasma e transportadas através
dos poros nucleares para o núcleo. O
transporte através do CPN depende,
em grande parte, do tamanho das porque a velocidade de
moléculas: transporte é maior que a com
● As moléculas grandes (como difusão simples;
proteínas grandes) dependem
da existência de uma sequência
sinalizadora, denominada sinal
de localização nuclear (SLN)
para a passagem através dos
poros. As proteínas marcadas
com SLN, destinadas ao núcleo,
ligam-se, em seguida, a um
receptor citosólico solúvel Cada poro contém oito subunidades proteicas
denominado receptor de dispostas em uma estrutura central octogonal
importação nuclear (importina), na periferia do poro. Essas subunidades formam
um complexo do poro nuclear que é inserido
que as direciona do citoplasma
entre dois anéis – o citoplasmático e o nuclear.
até um CPN apropriado. Em Oito fibrilas curtas de proteína projetam-se dos
seguida, elas são transportadas anéis citoplasmáticos para o citoplasma. O anel
ativamente através do poro por nuclear ancora uma estrutura em formato de
cesta montada com oito filamentos finos, unidos
um mecanismo dependente da
distalmente dentro do anel terminal. O diâmetro
energia do GTP. A exportação de do anel pode ser ajustado para atender às
proteínas e RNA para fora do exigências de transporte do poro nuclear. A
núcleo é semelhante ao estrutura cilíndrica central circunda o poro
central, que atua como um diafragma de ajuste
mecanismo de importação para
fino.
dentro do núcleo. As proteínas
que contêm a sequência de
exportação nuclear (SEN) Lâmina nuclear:
ligam-se, no núcleo, à exportina
(proteína que move as moléculas A lâmina nuclear, uma camada de
do núcleo para o citoplasma) e a filamentos intermediários
uma molécula de GTP. Os elétron-densos e finos, semelhante a
complexos uma rede, localiza-se sob a membrana
proteína-exportina-GTP passam nuclear. Além de sua função de suporte
através do CPN para o ou “nucleoesquelética”, a lâmina
citoplasma, onde o GTP é nuclear é essencial para muitas
hidrolisado e a proteína atividades nucleares, como a
marcada com SEN é liberada. O replicação e a transcrição do DNA, e a
CPN transporta proteínas e regulação dos genes. Se o componente
todas as formas de RNA, bem membranoso do envoltório nuclear for
como subunidades rompido pela exposição a detergente, a
ribossômicas em suas lâmina nuclear permanece, e o núcleo
configurações completamente mantém o seu formato.
dobradas;

● Os íons e as moléculas
hidrossolúveis menores podem
cruzar os canais repletos de
água do CPN por difusão
simples. Esse processo é
inespecífico e não requer
proteínas de sinal nuclear. No
entanto, até mesmo proteínas
nucleares menores, capazes de
difusão, são seletivamente
transportadas, presumivelmente
Neoplasma:

Embora inclusões cristalinas, virais e


outras inclusões sejam algumas vezes
encontradas no nucleoplasma, até
recentemente, as técnicas morfológicas
mostravam que ele é amorfo. No
entanto, é preciso presumir que muitas
proteínas e outros metabólitos se
localizam no núcleo ou o atravessam
de acordo com a atividade de síntese e
o metabolismo da cromatina e do
nucléolo. As estruturas que foram
identificadas no nucleoplasma incluem
arranjos de lamina intranuclear, os
filamentos proteicos que emanam para
Estrutura da lâmina nuclear. A. Este desenho o interior do núcleo a partir dos
esquemático mostra a estrutura de lâmina complexos do poro nuclear, e a
nuclear adjacente à membrana nuclear interna. A transcrição ativa de genes associados
janela de corte na lâmina nuclear mostra o DNA
ao RNA e enzimas envolvidas nesse
dentro do núcleo. Observe que o envoltório
nuclear é perfurado por complexos do poro processo.
nuclear, que possibilitam o transporte
bidirecional seletivo de moléculas entre o núcleo
e o citoplasma. Nucléolo:
as laminas nucleares, um tipo
especializado de filamento O nucléolo é uma região não
intermediário nuclear, e as proteínas membranosa do núcleo que circunda
associadas à lamina. A lâmina nuclear os genes do rRNA de transcrição ativa,
é essencialmente composta das o principal local de produção e
proteínas lamina A e lamina C, que montagem dos ribossomos. O nucléolo
formam os filamentos intermediários. varia de tamanho, mas é especialmente
Esses filamentos exibem ligações bem desenvolvido nas células ativas na
cruzadas em uma rede ortogonal, que síntese proteica. O nucléolo apresenta
é fixada principalmente por meio da três regiões morfologicamente
proteína lamina B à membrana nuclear distintas:
interna por intermédio de suas • Os centros fibrilares contêm alças
interações com os receptores de de DNA de cinco cromossomos
lamina. A família dos receptores de diferentes (13, 14, 15, 21 e 22) com
lamina inclui a emerina, que se liga às genes de rRNA, RNA polimerase I e
laminas A e B; a nurima, que se liga à fatores de transcrição;
lamina A, e um receptor de lamina B •O material fibrilar (parte fibrosa)
contém genes ribossômicos que
(LBR), que, como o próprio nome
sofrem transcrição ativa, e grandes
sugere, liga-se à lamina B. quantidades de rRNA;
As laminas se separam durante a •O material granular (parte
mitose e se reúnem quando a mitose granular) representa o local da
termina. A lâmina nuclear parece atuar montagem ribossômica inicial e
como um esqueleto para a cromatina, contém partículas
as proteínas associadas à cromatina, pré-ribossômicas densamente
os poros nucleares e as membranas do acondicionadas.
envoltório nuclear. Além disso, ela está A rede formada pelos materiais fibrilar
envolvida na organização nuclear, na e granular é denominada
regulação do ciclo celular e na nucleolonema. O rRNA está tanto no
diferenciação e expressão dos genes. material granular quanto no fibrilar e
está organizado, tanto como grânulos O dobramento adicional da cromatina,
quanto como filamentos extremamente como aquele que ocorre durante a
finos e densamente acondicionados. mitose, produz estruturas
Os genes para as subunidades denominadas cromossomos. Cada
ribossômicas estão localizados nos célula humana contém 46
interstícios dessa rede e são cromossomos. As proteínas da
transcritos pela RNA polimerase I. Após cromatina incluem cinco proteínas
processamento adicional e básicas, denominadas histonas,
modificação do rRNA por pequenos juntamente com outras proteínas não
RNAs nucleolares (snoRNAs), as histonas. Uma característica peculiar
subunidades de rRNA são montadas do acondicionamento da cromatina é
usando proteínas ribossômicas que ele possibilita que os mecanismos
importadas do citoplasma. As de transcrição tenham acesso às
subunidades ribossômicas regiões dos cromossomos necessárias
parcialmente montadas para a expressão dos genes.
(pré-ribossomos) são exportadas do O genoma humano engloba todo o
núcleo, através de poros nucleolares, comprimento do DNA humano que
para montagem completa em contém as informações genéticas
ribossomos maduros no citoplasma. acondicionadas nos 46 cromossomos
➔ O nucléolo também está O genoma humano contém 2,85 bilhões
envolvido na regulação do ciclo de sequências de consenso de pares
celular. de bases de nucleotídios, dispostos em
A relação entre a basofilia e a cerca de 23.000 genes codificadores de
metacromasia do nucléolo com os proteínas.
grupos fosfato do RNA nucleolar é A cromatina não tem aparência
confirmada pela pré-digestão de homogênea; em vez disso,
amostras com ribonuclease (RNAse), o agrupamentos de cromatina
que elimina a coloração. Conforme densamente corada estão inseridos em
mencionado anteriormente, o DNA está um fundo de coloração mais suave. O
contido no nucléolo; no entanto, a sua material de coloração densa é a
concentração está abaixo da cromatina altamente condensada,
capacidade de detecção da reação de denominada heterocromatina;
Feulgen. Por conseguinte, à enquanto o material de coloração
microscopia óptica, os nucléolos são suave (em que muitos genes transcritos
Feulgen-negativos, com a cromatina estão localizados) é uma forma
associada ao nucléolo Feulgen-positivo dispersa denominada eucromatina.
margeando frequentemente o nucléolo. São os grupos fosfato do DNA da
cromatina os responsáveis pela
basofilia característica da cromatina.
Dois tipos de heterocromatina:
Cromatina: constitutiva e facultativa. A
heterocromatina constitutiva
contém as mesmas regiões de
O complexo da cromatina consiste em
sequência de DNA altamente
DNA e proteínas estruturais. Cada
repetidas e geneticamente
célula eucarionte contém em torno de
inativas, condensadas e
6 bilhões de informações codificadas
consistentemente
dentro de uma estrutura do DNA; E
acondicionadas nas mesmas
precisa estar muito bem dobrado e
regiões do cromossomo, em
firmemente acondicionado no núcleo
comparação com outras células.
da célula. Isso é obtido pela formação
A heterocromatina facultativa
de um complexo de nucleoproteína
também está condensada e não
singular, denominado cromatina.
está envolvida no processo de
transcrição. Não é repetitiva, e
sua localização no núcleo e nos Na etapa seguinte (dobramento da
cromossomos varia quando cromatina), um longo filamento de
comparada com a de outras nucleossomos é espiralado até
células. A heterocromatina produzir uma fibrila de cromatina de 30
facultativa pode sofrer nm. Seis nucleossomos formam uma
transcrição ativa em volta na espiral da fibrila de cromatina,
determinadas células. E por fim, que é aproximadamente 40 vezes mais
a heterocromatina é a curta que o DNA não dobrado. Longos
responsável pela coloração estiramentos das fibrilas de cromatina
conspícua do núcleo nas de 30 nm estão ainda organizados em
preparações com hematoxilina e domínios de alça (contendo 15.000 a
eosina (H-E). 100.000 pares de base), que estão
ancorados em um esqueleto do
A eucromatina está localizada cromossomo, ou matriz nuclear,
no nucleoplasma nas áreas composto de proteínas não histona. Na
“claras” entre e ao redor da heterocromatina, as fibras de
heterocromatina e indica cromatina estão firmemente
cromatina ativa, isto é, acondicionadas e dobradas umas
cromatina alongada de modo sobre as outras; na eucromatina, as
que a informação genética no fibrilas de cromatina exibem um
DNA possa ser lida e transcrita. arranjo mais frouxo.

➔ Ambas têm aspecto granular e Durante a divisão mitótica, as fibras de


filamentoso, mas a eucromatina cromatina formadas a partir dos
é menos densamente domínios em alça da cromatina fixada
acondicionada. a uma estrutura proteica flexível sofrem
Os nucleossomos são encontrados condensação para formar
tanto na eucromatina quanto na cromossomos. Cada cromossomo é
heterocromatina e nos cromossomos. formado por duas cromátides, unidas
Essas partículas de 10 nm de diâmetro em um ponto denominado centrômero .
representam o primeiro nível de A natureza dupla do cromossomo é
dobramento da cromatina e são produzida na fase precedente de
formadas pela espiralização da síntese (S) do ciclo celular, durante a
molécula de DNA em torno de um qual o DNA é replicado em preparação
núcleo proteico. Essa etapa encurta a para a divisão mitótica seguinte.
molécula do DNA em aproximadamente A área localizada em cada extremidade
sete vezes em relação à molécula do do cromossomo é denominada
DNA não dobrada. O centro do telômero, que se encurta a cada
nucleossomo consiste em oito divisão celular. Estudos recentes
moléculas de histona (denominadas indicam que o comprimento do
octâmero). Duas alças de DNA telômero constitui um importante
(aproximadamente 146 pares de indicador do tempo de vida da célula.
nucleotídios) são enroladas ao redor Para sobreviverem indefinidamente (i. e.,
do octâmero central. O DNA estende-se para se tornarem “imortalizadas”), as
entre cada partícula como um células precisam ativar um mecanismo
filamento de 2 nm que une os que mantenha o comprimento do
nucleossomos adjacentes. Quando a telômero.
cromatina é extraída do núcleo, a Com exceção dos gametas maduros, o
subestrutura nucleossômica da óvulo e o espermatozóide, as células
cromatina é visível à microscopia humanas contêm 46 cromossomos
eletrônica de transmissão (MET) e é organizados em 23 pares homólogos
frequentemente descrita como contas (cada cromossomo no par tem o
em um colar . mesmo formato e tamanho). Vinte e
dois pares têm cromossomos idênticos
(i. e., cada cromossomo do par contém Cada uma das fitas originais atua
a mesma porção do genoma) e são como um molde para a formação de
denominados autossomos. O 23o par uma fita nova (replicação) --> isso
de cromossomos é constituído pelos significa que a replicação do DNA é
cromossomos sexuais, designados semiconservativa, pois a forquilha de
como X e Y. As mulheres têm dois replicação é assimétrica. Nela, há um
cromossomos X (46, XX), enquanto os complexo enzimático que contém
homens têm um cromossomo X e um DNA-polimerase.
cromossomo Y (46, XY). - Direção de polimerização da
O número de cromossomos, 46, é DNA-polimerase: 5 3'. Como uma
encontrado na maioria das células das linhas é antiparalela (3'5'), ou
somáticas do corpo e é denominado seja, há a fita-líder (forma
número diploide (2n). Para simplificar a contínua) no sentido 5 '3' e a
descrição do número de cromossomos fita-retardada (descontínua), a
e as alterações do DNA que ocorrem qual é contrária ao crescimento
durante a mitose e a meiose, usamos a da cadeia de DNA,formando os
letra minúscula (n) para o número do Fragmentos de Okazaki, que
cromossomo e a letra (d) para o estarão unidos após a síntese
conteúdo de DNA. Os cromossomos de DNA.
diploides têm uma quantidade (2d) de ● Correção exonucleotídica pela
DNA imediatamente após a divisão DNA-polimerase durante a
celular. Eles apresentam duas vezes replicação:
essa quantidade (4d) após a fase S. Pode ocorrer o pareamento incorreto
de bases a partir da corporação da
Acondicionamento forma tautomérica da base C,
da cromatina dentro
formando par com A (é temporário).
da estrutura
cromossômica. A. As Essa alternância rápida de C* para
etapas sequenciais citosina normal destrói o pareamento
no com A. Assim, a extremidade 3'OH não
acondicionamento
pareado do iniciador bloqueia o
da cromatina nuclear
são mostradas neste alongamento da fita iniciadora pela
diagrama, DNA-polimerase. A atividade
começando com a exonucleotídica 3 '5' volta e remove a C,
dupla-hélice do DNA
criando uma extremidade 3'-OH
e terminando com a
forma altamente pareada a fita iniciadora. Continua o
condensada processo da DNA-polimerase na adição
encontrada nos de nucleotídeos. Portanto, a
cromossomos.
DNA-polimerase atua como uma
enzima de "autocorreção", removendo
os próprios erros de polimerização
estrutura e função do DNA: enquanto realiza o processo.
● DNA-helicase:
Utilizam o princípio de, na hidrólise de
● Replicação do DNA
ATP, mudar a conformação de uma
Pareamento de bases: DNA-molde -->
molécula protéica de maneira cíclica,
reconhecimento de cada nucleotídeo
permitindo o trabalho mecânico
da fita-molde de DNA por um
executado pela proteína, de modo que
nucleotídeo complementar livre (não
elas são impulsionadas rapidamente
polimerizado) e a separação das duas
sobre a fita de DNA, separando os
fitas da hélice de DNA.
pares de nucleotídeos.
- Enzima que polimeriza o DNA:
- SSB (proteínas ligadoras da fita
DNA-polimerase. os nucleotídeos livres
simples de DNA): De maneira
servem como substratos para essa
concomitante a ação da
enzima (trifosfatos de
DNAhelicase, auxilia ela
desoxirribonucleicos).
estabilizando a conformação par de bases mal pareadas,
enquanto a helicase “corta” enquanto a MultL verifica o DNA
(impede que a fita una das extremidades, procurando
novamente, já que é a quebras.
conformação mais
energeticamente favorável) ● DNA-topoisomerase:
- Grampo Deslizante: proteína Nuclease reversível que se liga
acessória que atua como uma covalentemente a um fosfato, clivando uma
fita reguladora, que mantém a
ligação fosfodiéster na cadeia de DNA.
polimerase firmemente
associada ao DNA. A estrutura - Topoisomerase I: produz a
forma um anel ao redor da fita clivagem temporária na fita
de DNA. A montagem da cinta simples → permite que as duas
requer hidrólise de ATP, em que porções da hélice girem
o montador da cinta hidrolisa livremente uma em relação à
ATP enquanto monta a cinta em outra, usando a ligação
uma junção molde-iniciador. Na fosfodiéster na fita oposta como
fita anti paralela, também há a ponto de suporte para a
cinta reguladora, mas ela se rotação. → alivia a tensão
solta a cada fragmento de - Topoisomerase II: Forma uma
Okazaki criado. ligação covalente com ambas as
fitas da hélice de DNA ao mesmo
tempo, formando uma quebra
● DNA-primase: de fita dupla temporária da
hélice. São ativadas por sítios de
cromossomos em que as duas
hélices se entrelaçam. Uma vez
que se liga aos sítios, a proteína
utiliza de Hidrólise de ATP para
executar a o conjunto de
reações:
- 1- clivagem reversível de uma
dupla-hélice, criando uma
“abertura” no DNA.
- 2- passagem da segunda
dupla-hélice, que está próxima,
● DNA-ligase: pela abertura.
Quando há a remoção dos primers, a ligase - 3- religação da quebra e
dissociação do DNA.
une os fragmentos. - → topoisomerase II separa dois
Sistema de Reparo de pareamento círculos de DNA entrelaçados.
incorreto:
- Detecta o potencial de distorção
na hélice de DNA que resulta na
interação incorreta entre bases
não-complementares. Isso deve
ocorrer apenas na fita recém
sintetizada, desse modo, esse
sistema tem que reconhecer
essa fita, para que não ocorra o
reparo incorreto e aleatório.
(esse sistema ocorre nas
bactérias, mas é semelhante nos - acontece uma vez durante o ciclo
humanos). Proteínas MultS celular, durante a fase S da interfase
ligam-se especificamente em um
- replicado todo o DNA, a cópia deve quimicamente do DNA em dois
ser fiel, exata aspectos. Os nucleotídeos do RNA são
- semiconservativo ribonucleotídeos, isto é, eles contêm o
- não pode surgir do nada, deve tem açúcar ribose em vez de desoxirribose
uma fita pré existente presente no DNA. Outra diferença é a
- conserva metade da informação existência da base uracila (U) em vez da
original timina (T) encontrada no DNA. A apesar
- proteínas conhecem qual é a fita de disso, a U, assim como a T, pode formar
origem e a recém sintetizada, sabendo pares pelo estabelecimento de ligações
qual foi danificada e conseguindo de hidrogênio com a adenina (A). Em
arrumá-la outras palavras, as propriedades de
- centro de origem de replicação complementaridade por pareamento
- pontos de origem que se originara a de bases que se aplicam para o DNA
replicação. há vários, eles começam também são aplicáveis para o RNA. A
simultaneamente única peculiaridade do RNA, nesse
- forquilha de replicação sentido, é a presença da U no lugar da
- “metade da bolha” T. A maioria dos genes carreados no
- cada vez que a molécula faz mitose, DNA das células especifica a sequência
uma parte do telômero é perdida, e de aminoácidos de proteínas. As
quando ele “acaba”, começa o moléculas que são copiadas a partir
envelhecimento celular desses genes são chamadas de
- A origem de replicação normalmente moléculas de RNA mensageiro (mRNA).
é onde tem ligações de A e T, pois No entanto, as moléculas de mRNA
essas possuem apenas 2 pontes de representam somente 3 a 5% do peso
hidrogênio, sendo mais fácil de separar. seco de uma célula. Existem outras
variadas moléculas RNA, sendo que a
1-Complexo de reconhecimento de maioria do RNA nas células é
origem (ORC) constituída pelo RNA ribossômico
2- Helicase CDC6 +CDT 1 → adicionadas (rRNA). Veja na tabela abaixo os tipos
ao ORC= complexo pré-replicativo (em de RNA produzidos nas células.
G1) - CDC6 e CDT1 são inibidoras de
helicase.
3- CDK vai fosforilar o complexo para
- a dissociação das proteínas
inibidoras
- ativação da helicase
- impedir a formação de um novo
complexo préreplicativo
Transcrição:
O primeiro passo executado pela célula para
ler a informação necessária a partir de suas
instruções genéticas é a cópia de uma parcela Os núcleos eucarióticos têm três:
RNA-polimerase I, RNA-polimerase II e
específica da sequência de nucleotídeos do
RNA-polimerase III. As três polimerases
DNA, ou seja, de um gene. O gene é copiado são estruturalmente similares entre si e,
sob a forma de uma sequência de inclusive, à enzima bacteriana, mas
nucleotídeos de RNA. A esse processo transcrevem diferentes tipos de genes.
denomina-se transcrição. As RNA-polimerases I e III transcrevem
os genes que codificam o tRNA, o rRNA
Assim como o DNA, o RNA é um
e vários pequenos RNAs. A
polímero linear composto de quatro
RNA-polimerase II transcreve a grande
tipos diferentes de subunidades
maioria dos genes, inclusive todos
nucleotídicas unidas entre si por
aqueles que codificam proteínas. Por
ligações fofodiéster. O RNA difere
isso, essa última enzima se torna o essa sequência é conhecida como
cerne da descrição dos processos TATA, ou TATA box, e a subunidade de
envolvidos na transcrição em TDFIID que reconhece é denominada
eucariotos. Vale ressaltar que a proteína de ligação a TATA. A
transcrição em eucariotos ocorre no sequência TATA box, geralmente, está
núcleo da célula. localizada 25 nucleotídeos antes do
sítio de início da transcrição. Outros
fatores são então reunidos, junto à
RNA-polimerase II, para formar um
complexo de iniciação de transcrição
Apesar de a RNA-polimerase II completo.
eucariótica apresentar muitas Após a formação de um complexo de
similaridades estruturais em relação à iniciação de transcrição sobre o DNA, a
RNA-polimerase bacteriana, existem RNA-polimerase II deverá ter acesso à
várias diferenças importantes na fita molde no ponto inicial da
maneira como as enzimas bacterianas transcrição. O TFIIH, o qual contém
e eucarióticas atuam. Por exemplo: uma enzima denominada DNA-helicase
• Enquanto a RNA-polimerase como uma de suas subunidades, torna
bacteriana requer uma única proteína possível esse passo por hidrólise de
adicional (o fator σ) para que ocorra a ATP, promovendo a desespiralização do
transcrição, as RNA-polimerases DNA e consequentemente expondo a
eucarióticas necessitam de diversas fita-molde. A seguir, a RNA-polimerase II,
proteínas adicionais, coletivamente da mesma forma que a polimerase
chamadas de fatores gerais de bacteriana, se mantém no promotor,
transcrição. sintetizando pequenos fragmentos de
• A iniciação da transcrição eucariótica RNA até sofrer uma série de alterações
precisa lidar com o DNA empacotado estruturais que permitem sua saída do
em nucleossomos e sob outras formas promotor e a entrada na fase de
de estruturação de cromatina, extensão da transcrição. Um evento
características ausentes nos importante para essa transição é a
cromossomos bacterianos. adição de grupos fosfato à “cauda” da
Os fatores gerais de transcrição RNApolimerase II, conhecida como CTD,
ajudam a posicionar a RNA-polimerase ou domínio C-terminal. Nesse sentido,
eucariótica corretamente sobre o resíduos de serina da “cauda” são
promotor, auxiliam na separação das fosforilados pelo TFIID, o qual contém
duas fitas de DNA para permitir que a uma proteína-cinase como uma de
transcrição inicie e liberam a suas subunidades. A polimerase pode
RNA-polimerase do promotor no modo então se separar do agrupamento de
de extensão, uma vez que a transcrição fatores gerais de transcrição. Durante
tenha iniciado. Esses fatores consistem esse processo, ela sofre uma série de
em um grupo de proteínas interativas modificações conformacionais que
designadas como TFII (fator de fortalecem a sua interação com o DNA
transcrição para a polimerase II) e e adquire novas proteínas que lhe
recebem nomes arbitrários, como TFIIB, permite transcrever por longas
TFIID e assim por diante. Em um distâncias, e em muitos casos por
sentido amplo, os fatores gerais de várias horas, sem se dissociar do DNA.
transcrição eucarióticos Uma vez que a polimerase II tenha
desempenham funções equivalentes iniciado a extensão do transcrito de
àquelas do fator σ em bactérias. O RNA, a maioria dos fatores gerais de
processo de transcrição tem início com transcrição é liberada do DNA de
a ligação do fator geral de transcrição forma que eles estarão disponíveis
TFIID a uma pequena sequência de para iniciar outro ciclo de transcrição,
DNA de dupla-hélice composta por com outra nova molécula de
nucleotídeos T e A. Por esse motivo, RNA-polimerase. Um fato que ganha
relevância em relação a transcrição em denominado mRNA. Cada evento de
eucariotos é a forma como o DNA se splicing remove um íntron, por meio de
encontra nas células. O DNA das duas reações sequenciais de
células eucarióticas está empacotado transferências de fosforil, conhecidas
em nucleossomos, os quais são como transesterificações, as quais
posteriormente organizados em unem dois éxons, enquanto removem o
estruturas de cromatina de alta íntron sob a forma de um “laço”. Uma
magnitude. Como resultado, a iniciação vez que o número de ligações de
da transcrição nas células eucarióticas fosfato de alta energia permanece o
requer uma maquinaria molecular mesmo, tais reações podem ocorrer, em
complexa. Nesse sentido, a presença de princípio, sem hidrólise de trifosfatos
um complexo proteico conhecido como de nucleosídeo. Entretanto, a
Mediador se torna relevante. O maquinaria que catalisa o splicing do
complexo Mediador permite que as préRNA é complexa, consistindo em
proteínas ativadoras se comuniquem cinco moléculas adicionais de RNA e
adequadamente com a polimerase II e até 200 proteínas, e hidrolisa muitas
com os fatores gerais de transcrição. moléculas de ATP por evento de
Finalmente, a iniciação da transcrição splicing. Essa complexidade é
nas células eucarióticas tipicamente presumivelmente necessária para
requer o recrutamento da cromatina e assegurar que o splicing seja exato,
enzimas modificadoras de histonas. sendo ao mesmo tempo
Ambos tipos de enzimas possibilitam suficientemente flexível para lidar com
maior acesso ao DNA presente sob a a enorme diversidade de íntrons
forma de cromatina e, assim, facilitam a encontrada em uma célula eucariótica
montagem da maquinaria de iniciação típica. No contexto de uma escala de
da transcrição sobre o DNA. tempo evolutiva, a presença de
numerosos íntrons no DNA permite que
Splicing do RNA: a recombinação genética facilmente
As sequências codificantes de genes combine éxons de diferentes genes,
eucarióticos são caracteristicamente possibilitando que genes para novas
interrompidas por sequências proteínas evoluam mais facilmente por
intervenientes não codificantes, os intermédio da combinação de partes
íntrons. Em outras palavras, os genes de genes preexistentes.
eucarióticos são encontrados sob a Outra vantagem que é, atualmente,
forma de pequenos pedaços de observada é o splicing de diferentes
sequências expressas ou éxons maneiras ou splicing alternativo.
intercaladas por sequências muito Estima-se que 75% dos genes em
longas, as sequências intervenientes humanos sofram splicing alternativo,
ou íntrons. Assim, a porção codificantes permitindo que um mesmo gene
de um gene eucariótico é, em geral, produza um grupo correspondente de
apenas uma pequena fração do diferentes proteínas. Dessa forma, esse
comprimento do gene. Tanto as processo concede aos eucariotos
sequências de íntrons quanto de éxons incrementar o já enorme potencial
são transcritas em RNA. As sequências codificante de seus genomas. O
dos íntrons são removidas do RNA splicing do RNA é realizado pelo
recentemente sintetizado (pré-RNA) por spliceossomo. Cinco moléculas de RNA
meio de um processo denominado (U1, U2, U4 e U5 e U6) relativamente
splicing de RNA. Grande parte do pequenas, com menos de 200
splicing de RNA que ocorre nas células nucleotídeos cada, constituem o
atua na produção de mRNA. Portanto, o maquinário molecular envolvido na
splicing do precursor de mRNA ganha principal forma de splicing do
grande relevância. Somente após ter pré-mRNA. Conhecidas como snRNAs
ocorrido o splicing e o processamento ou pequenos RNAs nucleares, cada
das extremidades 5’ e 3’ esse RNA será uma é complexada com pelo menos
sete subunidades proteicas para A divisão celular normalmente começa
formar um snRNP (pequena com a duplicação do conteúdo da
ribonucleoproteína nuclear). As snRNPs célula, seguida da distribuição desse
formam o cerne do spliceossomo, o conteúdo para duas células-filhas. A
grande complexo de moléculas de RNA duplicação dos cromossomos ocorre
e de proteínas que realiza o splicing do durante a fase S do ciclo celular,
pré-mRNA na célula. enquanto a maioria dos outros
componentes celulares é duplicada de
Poliadenilação na extremidade 3’: À forma contínua ao longo do ciclo.
medida que a RNA-polimerase II se Durante a fase M, os cromossomos
aproxima do final de um gene, um replicados são segregados em núcleos
mecanismo similar ao capeamento da individuais (mitose), e a célula então se
extremidade 5’ assegura que a divide em duas (citocinese). A fase S e a
extremidade 3’ do pré-mRNA seja fase M geralmente são separadas por
corretamente processada. Duas fases de intervalo chamadas de G1
proteínas de subunidades múltiplas, e G2, quando vários sinais
denominadas fator de estimulação à intracelulares e extracelulares regulam
clivagem (CstF) e fator de a progressão do ciclo celular. A
especificidade de clivagem e organização e o controle do ciclo
poliadenilação (CPSF) são de especial celular têm sido altamente
importância. Ambas movimentam-se conservados durante a evolução, e
com a cauda da RNA-polimerase e são estudos em um grande número de
transferidas à extremidade 3’ da sistemas têm levado a uma visão
sequência em processamento sobre unificada do controle do ciclo celular
uma molécula de RNA, logo que ela eucariótico.
emerge da RNA-polimerase. Uma vez
que CstF e CPSF se ligam a sequências
nucleotídicas específicas sobre a
molécula de RNA que está em
formação, proteínas adicionais
associam-se a elas para criar a
extremidade 3’ do mRNA. Inicialmente, o
RNA é clivado. Logo após, uma enzima Os eventos da divisão celular eucariótica vistos sob o
microscópio. Os processos facilmente visíveis de divisão
denominada poli-A-polimerase (PAP) nuclear (mitose) e divisão celular (citocinese),
adiciona, um a um, aproximadamente coletivamente chamados de fase M, normalmente
ocupam somente uma pequena fração do ciclo celular. A
200 nucleotídeos A (adenina) à outra parte do ciclo, muito mais longa, é conhecida
extremidade 3’ produzida pela como interfase, que inclui a fase S e as fases de
clivagem. O nucleotídeo precursor intervalo. Os cinco estágios da mitose são apresentados:
uma mudança brusca no estado bioquímico da célula
dessas adições é o ATP, e o mesmo tipo ocorre na transição da metáfase a anáfase. A célula
de ligações 5’ a 3’ utilizado na síntese pode fazer uma pausa antes desse ponto de transição,
mas, uma vez ultrapassado esse ponto, a célula
convencional de RNA é formado nessa continua até o fim da mitose e atravessa a citocinese,
situação. chegando à interfase.

O sistema de controle do ciclo celular


opera de forma muito semelhante a um
cronômetro que aciona os eventos do
ciclo celular em uma sequência
determinada. Em sua forma mais
simples, o sistema de controle é
rigidamente programado para fornecer
uma quantidade fixa de tempo para a
Mecanismos de controle da divisão realização de cada evento do ciclo
celular.
celular:
O sistema de controle do ciclo celular alinhamento de cromossomos no eixo
tem como base em uma série mitótico na metáfase
conectada de interruptores 3. Transição entre metáfase e
bioquímicos, cada um dos quais inicia anáfase, onde o sistema de controle
um evento específico: estimula a separação das
1. Os interruptores geralmente são cromátides-irmãs, levando à conclusão
binários (ativo/inativo) e desencadeiam da mitose e da citocinese.
eventos de maneira completa e Se o sistema de controle identifica
irreversível; problemas na realização da replicação
2. O sistema de controle do ciclo de DNA, por exemplo, isso manterá a
celular é notavelmente intenso e célula na transição G2/M até que esses
confiável; problemas sejam resolvidos.
3. É altamente adaptável e pode Similarmente, se as condições
ser modificado para se adequar a tipos extracelulares não são apropriadas à
celulares específicos e para responder proliferação celular, o sistema de
a sinais intracelulares ou extracelulares controle bloqueia a progressão ao
específicos. Início, impedindo dessa forma a divisão
celular até que as condições se tornem
favoráveis.

Regulação do ciclo celular:


Os componentes centrais do sistema
de controle são membros de uma
família de cinases conhecidas como
cinases dependentes de ciclinas (Cdks).
As atividades dessas cinases
aumentam e diminuem à medida que a
célula avança no ciclo, levando a
mudanças cíclicas na fosforilação de
proteínas intracelulares que iniciam ou
regulam os principais eventos do ciclo
celular.
O controle do ciclo celular. Um sistema de controle do
As mudanças cíclicas na atividade das
ciclo celular desencadeia os processos essenciais do Cdks são controladas por um complexo
ciclo – como a replicação do DNA, a mitose e a
arranjo de enzimas e outras proteínas.
citocinese. O sistema de controle é representado aqui
como um braço central – o controlador – que gira no O mais importante desses reguladores
sentido horário, disparando processos essenciais das Cdks são proteínas conhecidas
quando alcança transições específicas no mostrador
exterior (caixas amarelas). A informação sobre a como ciclinas. As Cdks, são
realização dos eventos do ciclo celular, assim como os dependentes de ciclinas para sua
sinais oriundos do ambiente, pode levar o sistema de
controle a interromper o ciclo nessas transições.
atividade: a menos que estejam
fortemente ligadas a uma ciclina elas
O sistema de controle do ciclo celular não têm atividade de cinase.
controla a progressão do ciclo celular
em três principais pontos de transição Quando uma ciclina
forma um complexo
reguladora: com uma Cdk,a
1. Início (ou ponto de restrição) no proteína-cinase é
final de G1, onde a célula se ativada e
desencadeia eventos
compromete à entrada no ciclo celular específicos do ciclo
e à duplicação dos cromossomos; celular. Sem a ciclina,
a Cdk é inativa.
2. Transição de G2/M, onde o
sistema de controle dispara um evento
mitótico precoce que leva ao
Os níveis de proteínas Cdk, ao
contrário. As modificações cíclicas nos Estudos estruturais em três dimensões
níveis das proteínas ciclinas resultam de proteínas Cdk e ciclinas têm
no agrupamento e ativação cíclicos revelado que, na ausência de ciclinas, o
dos complexos ciclina-Cdk nos estágios sítio ativo na proteína Cdk é
específicos do ciclo celular. parcialmente obstruído por uma alça
Existem quatro classes de ciclinas, proteica, como uma pedra bloqueia a
cada uma definida pelo estágio do entrada de uma caverna, a ciclina
ciclo celular no qual se ligam às Cdks e ligada faz a alça se mover do sítio
em que atuam: ativo, resultando em uma ativação
1. As G1/S-ciclinas ativam Cdks no parcial da enzima Cdk. A ativação total
final de G1 e, com isso, ajudam a do complexo de ciclina-Cdk ocorre,
desencadear a progressão ao Início, então, quando uma outra cinase, a
resultando no comprometimento à cinase ativadora de Cdk (CAK) e
entrada no ciclo celular. Seus níveis aumenta ainda mais a atividade da
diminuem na fase S.; Cdk, permitindo que a cinase fosforila
2. As S-ciclinas se ligam a Cdks de maneira eficiente suas
logo após a progressão ao Início e proteínas-alvo e, desse modo, induza
ajudam a estimular a duplicação dos eventos específicos do ciclo celular.
cromossomos. Os níveis das S-ciclinas
permanecem elevados até a mitose, e
essas ciclinas também contribuem ao
controle de alguns eventos mitóticos
iniciais;
3. As M-ciclinas ativam Cdks que
estimulam a entrada na mitose na
transição G2. Os níveis de M-ciclinas
diminuem na metade da mitose; A fosforilação de um par de
4. As G1/M. -ciclinas, ajuda a aminoácidos na cavidade do sítio ativo
regular as atividades das G1/S-ciclinas, da cinase inibe
as quais controlam, no final de G1, a a atividade de um complexo de
progressão ao Início. ciclina-Cdk.
● A fosforilação desses sítios por
uma cinase conhecida como Wee1 inibe
a atividade das Cdks;
● A desfosforilação desses sítios
por uma fosfatase conhecida como
Cdc25 aumenta a atividade das Cdks.
A ligação de proteínas inibidoras Cdk
Como diferentes complexos de ciclina-Cdk
(CKL’s) inativam complexos de
desencadeiam diferentes eventos do ciclo ciclina-Cdk. A estrutura tridimensional
celular? A resposta, ao menos em parte, parece de um complexo de ciclina-Cdk-CKI
ser que a proteína ciclina não somente ativa sua revela que a ligação de CKI estimula um
Cdk parceira, mas também a direciona para
grande rearranjo na estrutura do sítio
proteínas-alvo específicas.
ativo da Cdk1, tornando-o inativo.
A maioria dos genes era identificada
pelas anormalidades produzidas
quando o gene era mutado.

- E2F
- Fatores de crescimento:
- EPO;
- pdgf;
O rastreamento genético, e, quanto
- egf.
maior o genoma, menor é a
Controlam a taxa celular,
probabilidade de que qualquer gene
pois liberam inibidores;
seja mutado. Os fenótipos simples são
- Complexo de quitina:
mais fáceis de detectar: pode-se
desfosforila CDKS e quitinas.
rastrear vários organismos de forma
- O aumento da nyc (proteína
rápida, por exemplo, para mutações
reguladora de transcrição) leva
que tornam impossível ao organismo
ao aumento de gene.
sobreviver na ausência de um
determinado aminoácido ou nutriente.
Mutações genéticas: Os indivíduos mutantes normalmente
funcionam enquanto as condições
“permissivas” prevalecem, mas
demonstram uma função gênica
anormal quando submetidos a
condições “não permissivas”
(restritivas). O gene sensível a
temperatura em um destes mutantes
normalmente contém uma mutação
pontual que causa uma alteração sutil
no seu produto proteico; por exemplo,
a proteína mutante pode funcionar
normalmente a temperaturas baixas,
porém desnatura a temperaturas mais
altas.
De forma semelhante, rastreamentos
por mutações sensíveis à temperatura
levaram à identificação de várias
proteínas envolvidas na regulação do
ciclo celular, assim como a várias
proteínas envolvidas no movimento de
proteínas através da via secretora em
levedura.

As mutações gênicas geralmente são


classificadas como “com perda de
função” ou “com ganho de função”.
Uma mutação com perda de função
resulta em um produto gênico que não
funciona com baixa atividade; assim, etapa B. Então uma mutação nula (uma
ela pode revelar a função normal do mutação que abole a função) no gene
gene. A mutação com ganho de função A irá interromper o processo na etapa
resulta em um produto gênico que é A, independentemente de o gene B ser
muito ativo, é ativo no momento ou funcional ou não, enquanto uma
local errado, ou possui uma nova mutação nula no gene B causa uma
atividade. interrupção na etapa B apenas se o
1. determinar se a mutação causa gene A ainda for ativo. Em tal caso,
uma perda ou um ganho de função; diz-se que o gene A é epistático ao
2. é determinar se a mutação é gene B. Comparando-se os fenótipos
dominante ou recessiva. das diferentes combinações de
A diferença mais comum entre alelos é mutações, podemos descobrir a ordem
a substituição de um único par de na qual os genes atuam.
nucleotídeo, mas alelos diferentes Se o fenótipo foi produzido por
também podem carregar deleções, mutagênese de inserção, a localização
substituições e duplicações. Então, do gene interrompido é bastante
como podemos dizer se duas mutações simples. Os fragmentos de DNA
que produzem o mesmo fenótipo contendo a inserção (p. ex., um
ocorrem no mesmo gene ou em genes transposon ou um retrovírus) são
diferentes? Se as mutações são amplificados por PCR, e a sequência de
recessivas, um teste de nucleotídeos do DNA nas regiões
complementação pode ser utilizado adjacentes é determinada. O gene
para verificar se as mutações estão no afetado pela inserção pode, então, ser
mesmo gene ou em genes diferentes. identificado por uma varredura, com o
Se as duas mutações estão no mesmo auxílio de um computador, da
gene, a descendência mostra o sequência genômica completa do
fenótipo mutante, pois elas continuam organismo.
não tendo cópias normais do gene em Rastreamentos genéticos em
questão. Caso, ao contrário, as organismos-modelo experimentais tem
mutações ocorrerem em genes tido espetacular sucesso na
diferentes, a descendência resultante identificação de genes e seu
mostra um fenótipo normal, pois elas relacionamento com vários fenótipos,
retêm uma cópia normal (e uma cópia incluindo vários que são conservados
mutante) de cada gene; as mutações, entre estes organismos e humanos.
desse modo, complementam-se e Como a população humana é muito
reconstituem um fenótipo normal. grande, mutações espontâneas, não
A ordem dos genes é mais fácil de ser letais, surgiram em todos os genes
explicada para vias metabólicas, nas humanos, diversas vezes. Uma
quais, por exemplo, a enzima A é proporção substancial permanece no
necessária para produzir o substrato genoma dos humanos nos dias atuais.
para a enzima B. Nesse caso, diríamos As mais prejudiciais destas mutações
que o gene que codifica a enzima A são descobertas quando os indivíduos
atua antes (a montante) do gene que mutantes chamam a atenção por
codifica a enzima B na via ( se uma necessitarem de cuidados médicos.
proteína regula a atividade de outra Por meio da comparação de milhares
proteína, diríamos que o primeiro gene de genomas humanos de todo mundo,
atua antes do segundo). podemos começar a identificar
Um processo biossintético que consiste diretamente as diferenças de DNA que
em uma sequência de etapas, de modo distinguem um indivíduo de outro.
que a realização da etapa B seja
condicional ao término da etapa A Quando comparamos as sequências
precedente; suponha também que o de múltiplos genomas humanos,
gene A seja necessário para a etapa A, observamos que quaisquer dois
e o gene B seja necessário para a indivíduos se diferenciarão em
aproximadamente 1 par de comuns, as raízes genéticas são mais
nucleotídeos em 1.000. . Quando duas complexas. Em vez de um único alelo de
variantes de sequências coexistem na um único gene, tais distúrbios provêm
população e ambas são comuns, as de uma combinação de contribuições
variantes são chamadas de a partir de múltiplos genes. E, com
polimorfismos. A maioria dos frequência, os fatores ambientais têm
polimorfismos são devidos à influências fortes sobre a gravidade do
substituição de um único nucleotídeo, distúrbio. Para essas condições
denominados polimorfismos de um multigênicas, como diabetes ou artrite,
único nucleotídeo ou SNPs, o restante é os estudos da população muitas vezes
devido em grande parte a inserções. são úteis no rastreamento dos genes
quando a alteração é grande. Embora que aumentam o risco de desenvolver
estas variantes comuns possam ser a doença.
encontradas pelo genoma, elas não São coletadas amostras de DNA de um
estão espalhadas aleatoriamente – ou grande número de pessoas que tem a
mesmo de forma independente. Em vez doença e as comparam com amostras
disso, elas tendem a se encontrar em de um grupo de pessoas que não tem a
grupos chamados blocos haplótipos – doença. Como as sequências de DNA
combinações de polimorfismos que são que estão próximas em um
herdados como uma unidade, certos cromossomo tendem a ser herdadas
conjuntos de sequências de DNA – e juntas, a presença de tais SNPs poderia
seus polimorfismos associados – foram indicar que um alelo que aumenta o
herdados em grupos ligados, com risco da doença poderia estar
poucos rearranjos genéticos ao longo localizado nas proximidades. Embora,
das gerações. Esses são os blocos em princípio, a doença pudesse ser
haplótipos. Como genes que existem causada pela própria SNP, é muito mais
em formas alélicas diferentes, os blocos provável que o culpado seja uma
haplótipos também se apresentam em alteração que apenas está ligada à
um número limitado de variantes que SNP como parte de um bloco haplótipo.
são comuns na população humana, Tais estudos de associação genômica
cada um representando uma ampla têm sido utilizados para
combinação de polimorfismos de DNA identificar genes que predispõem
passada adiante a partir de um indivíduos a doenças comuns,
determinado ancestral há muito tempo. incluindo diabetes, doença da artéria
coronária, artrite reumatoide e mesmo
depressão. Para muitas dessas
condições, os polimorfismos de DNA
identificaram apenas um aumento leve
no risco das doenças. Além disso, os
fatores ambientais (p. ex., dieta,
exercícios) têm um papel importante no
Polimorfismos de um único nucleotídeo (SNPs)
início e gravidade da doença. No
são sítios no genoma onde duas ou mais entanto, a identificação dos genes
variantes de um nucleotídeo são comuns na afetados por estes polimorfismos está
população. A maioria destas variações no levando ao entendimento do
genoma humano ocorre em locais onde elas não
afetam de forma significativa a função do gene.
mecanismo de algumas de nossas
doenças mais comuns.
As mutações que dão origem, de forma As variantes genéticas que até agora
reproduzível, a anormalidades raras, nos ajudaram a identificar alguns
mas claramente definidas, como genes que aumentam nosso risco por
albinismo, hemofilia ou surdez doenças são comuns.
congênita, podem, muitas vezes, ser
identificadas por estudos das famílias
afetadas. Mas para muitas doenças
esquizofrenia. Muitas destas são
mutações de novo, que surgiram
espontaneamente nas células da
linhagem germinativa de um dos pais.
O fato de que essas mutações surgem
espontaneamente com alguma
frequência poderia ajudar a explicar
por que estes distúrbios comuns – cada
um observado em cerca de 1% da
população – permanecem conosco,
mesmo que os indivíduos afetados
Genes que afetam o risco de desenvolver uma doença deixem poucos ou nenhum
comum muitas vezes podem ser rastreados por meio da
sua ligação às SNPs. Aqui os padrões de SNPs são
descendente. Essas mutações raras
comparados entre os dois conjuntos de indivíduos – um podem surgir em qualquer um de
conjunto de controles saudáveis e um conjunto de centenas de genes diferentes, o que
afetados por uma determinada doença comum. Um
segmento de um cromossomo típico é mostrado. Para a poderia explicar muito sobre a
maioria dos sítios polimórficos nesse segmento, é uma variabilidade clínica do autismo e da
questão aleatória para um indivíduo ter uma variante
SNP (barras verticais vermelhas) ou outra (barras
esquizofrenia. Como eles são mantidos
verticais azuis); essa mesma aleatoriedade é observada raros por seleção natural, a maioria
tanto para o grupo-controle como para os indivíduos
afetados. Entretanto, na parte do cromossomo
dessas variantes com muito efeito
sombreada em cinza-escuro, observa-se uma tendência: sobre o risco seriam perdidas nos
a maioria dos indivíduos normais possuem variantes estudos de associação genômica
SNP azuis enquanto os indivíduos afetados possuem
variantes SNP vermelhas. Isso sugere que esta região ampla. Agora que o sequenciamento de
contém, ou é próxima a, um gene que está DNA se tornou rápido e barato, a
geneticamente ligado a essas variantes SNP vermelhas e
que predispõe os indivíduos à doença. O uso de
maneira mais
controles cuidadosamente selecionados e milhares de eficiente e econômica para identificar
indivíduos afetados, essa abordagem pode ajudar a
rastrear genes relacionados a doenças, mesmo que
essas mutações raras de grande efeito
estes confiram apenas um leve aumento no risco de é sequenciar os genomas dos
dedesenvolver a doença. indivíduos afetados, junto ao dos pais
e irmãos como controle.
Acredita-se que tais polimorfismos
representem 90% das diferenças entre
o genoma de uma pessoa e o de outra.
Mas quando tentamos conectar estas
variantes comuns com as diferenças na
susceptibilidade pelas doenças ou
Fatores de predisposição do câncer:
outras características hereditárias, (Genéticos, ambientais e Hábitos de
como a altura, observamos que elas vida):
não tem todo este poder de previsão
Vamos explorar os fatores de
como esperávamos: dessa forma, por
predisposição ao câncer em termos
exemplo, a maioria confere aumentos
médicos, considerando os aspectos
relativamente pequenos – menos de
genéticos, ambientais e hábitos de
duas vezes – no risco de desenvolver
vida:
uma doença comum. Em contraste com
o polimorfismo, as variantes raras de
1. Fatores Genéticos
DNA – aquelas muito menos
- Mutação Genética: As mutações
frequentes em humanos do que as
genéticas hereditárias podem
SNPs – podem ter grandes efeitos sobre
aumentar a suscetibilidade ao câncer.
o risco de desenvolver algumas
Exemplos incluem mutações nos genes
doenças comuns. Por exemplo, tem sido
BRCA1 e BRCA2 associadas a câncer de
observado que algumas mutações com
mama e ovário, ou as mutações no
perda de função, cada uma rara
gene p53 relacionadas a diversos tipos
individualmente, aumentam bastante a
de câncer.
predisposição ao autismo e à
- Instabilidade Genômica influenciar o risco de câncer de mama
Condições que causam instabilidade e outros tipos.
no genoma, como a Síndrome de - Fatores Reprodutivos: Fatores
Lynch, aumentam o risco de câncer relacionados à reprodução, como
colorretal e outros. idade da primeira menstruação, idade
- Oncogenes: Gene negativo, está da menopausa e número de gestações,
relacionado ao câncer, a célula cresce podem impactar o risco de câncer de
fora de controle. mama e ovário.

2. Fatores Ambientais:
- Exposição a Agentes
Carcinogênicos: Substâncias químicas
presentes no ambiente, como Tradução e a sua relação com a
poluentes industriais, compostos
expressão gênica:
presentes no tabaco e produtos
químicos agrícolas, podem danificar o Uma vez que o mRNA tenha sido
DNA e aumentar o risco de câncer. produzido por meio da transcrição e
- Radiação Ionizante: A exposição do processamento, a informação
a radiações ionizantes, como raios-X e presente em sua sequência de
radiação nuclear, pode causar danos nucleotídeos é usada para sintetizar
ao DNA e predispor ao uma proteína. Ocorre, portanto, uma
desenvolvimento de câncer. tradução da informação contida no
- Infecções: Certas infecções RNA para uma linguagem que envolve
virais, bacterianas e parasitárias estão uma sequência de aminoácidos que
associadas a um maior risco de câncer. dará origem a uma proteína. Isso
Exemplos incluem o vírus do papiloma ocorre por meio da aplicação de regras
humano (HPV) e o vírus da hepatite B e que são conhecidas como código
C. genético. A sequência de nucleotídeos
em uma molécula de mRNA é lida em
3. Hábitos de Vida: grupos consecutivos de três. O RNA é
- Tabagismo: O tabagismo é um um polímero linear de quatro diferentes
importante fator de risco para vários nucleotídeos, de tal forma que existem
tipos de câncer, incluindo pulmão, 64 combinações (4x4x4) possíveis de
boca, garganta, esôfago e outros. três nucleotídeos: os tripletes AAA, AUA,
- Dieta e Nutrição: Uma dieta rica AUG, e assim por diante. Entretanto,
em gorduras saturadas, alimentos somente 20 aminoácidos diferentes
processados e pobre em frutas, normalmente são encontrados nas
vegetais e fibras está associada a um proteínas. Ou alguns tripletes de
aumento no risco de câncer. nucleotídeos nunca são usados, ou o
- Inatividade Física: A falta de código é redundante e alguns
atividade física regular pode contribuir aminoácidos são determinados por
para a obesidade e aumentar o risco mais de um triplete. Essa segunda
de câncer. possibilidade é, de fato, a possibilidade
- Consumo de Álcool: O consumo correta, conforme demonstrado pelo
excessivo de álcool está associado a código genético completamente
diversos tipos de câncer, incluindo o de decifrado. Cada grupo de três
fígado, esôfago e mama. nucleotídeos consecutivos no RNA é
denominado códon, e cada códon
4. Fatores Hormonais: especifica ou um aminoácido, ou a
- Terapia Hormonal: Alguns finalização do processo de tradução. É
tratamentos hormonais, como a importante ressaltar que o código
terapia de reposição hormonal em genético é utilizado universalmente em
mulheres na menopausa, podem todos os organismos conhecidos.
➤ RIBOSSOMOS: A síntese de proteínas Quando 61 um códon de terminação é
é guiada pela informação presente nas encontrado, o ribossomo libera a
moléculas de mRNA. Para manter a fase proteína finalizada, e suas duas
de leitura correta e para assegurar a subunidades separam-se novamente.
exatidão, a síntese é realizada no Essas subunidades podem então ser
ribossomo, uma maquinaria catalítica utilizadas para iniciar a síntese de
complexa feita a partir de mais de 50 outra proteína sobre outra molécula de
proteínas ribossomais e diversas mRNA. Um ribossomo contém quatro
moléculas de RNA, os RNAs sítios de ligação para moléculas de
ribossômicos (rRNAs). Uma célula RNA: uma para o mRNA e três
eucariótica típica contém milhões de denominados sítio A, sítio P e sítio E,
ribossomos em seu citoplasma. As que são para tRNA. Uma molécula de
subunidades ribossomais eucarióticas tRNA adere fortemente aos sítios A e P
são montadas nos nucléolos pela apenas se seus anticódons formam
associação de rRNAs recém-transcritos pares de bases com o códon
e modificados com proteínas complementar na molécula de mRNA
ribossomais, as quais foram que está ligada ao ribossomo. Os sítios
transportadas para o interior do A e P estão suficientemente próximos
núcleo após sua síntese enocitoplasma. para que suas duas moléculas de tRNA
As duas subunidades ribossomais são são forçadas a formar pares de base
então transportadas para o com códons adjacentes na molécula de
citoplasma, onde serão unidas para mRNA. Essa característica do
realizar a síntese de proteínas. Os ribossomo mantém a fase de leitura
ribossomos eucarióticos e correta no mRNA.
procarióticos são muito similares tanto ➤ RNA transportador (tRNAs): A
em forma quanto em função. Ambos tradução do mRNA em proteína
são compostos de uma subunidade depende de moléculas adaptadoras
grande e de uma subunidade pequena que podem reconhecer e se ligar ao
que se encaixam para formar um códon e, em outra região de sua
ribossomo completo. A subunidade superfície, ao aminoácido. Esses
pequena fornece uma região sobre a adaptadores consistem em um
qual os tRNAs podem ser conjunto de pequenas moléculas de
eficientemente pareados sobre os RNA conhecido como RNAs
códons do mRNA, enquanto que a transportadores (tR-NAs), cada um com
subunidade grande catalisa a tamanho aproximadamente de 80
formação das ligações peptídicas que nucleotídeos. Quatro pequenos
unem os aminoácidos, formando uma segmentos do tRNA dobrado formam
cadeia polipeptídica. Quando a síntese dupla-hélices, produzindo uma
de proteínas não está ativa, as duas molécula que se assemelha a uma folha
subunidades do ribossomo estão de trevo quando desenhada
separadas. Elas se unem sobre uma esquematicamente. Essa é a estrutura
molécula de mRNA, normalmente do tRNA. Duas regiões de nucleotídeos
próxima à sua extremidade 5’, para não- pareados situadas em cada uma
iniciar a síntese de uma proteína. O das extremidades da molécula são
mRNA é então puxado através do cruciais para a função do tRNA na
ribossomo. Conforme seus códons síntese de proteínas. Uma dessas
encontram os sítios ativos dos regiões formam o anticódon, um
ribossomos, a sequência nucleotídica conjunto de três nucleotídeos
do mRNA é traduzida em uma consecutivos que pareiam com o
sequência de aminoácidos, usando os códon complementar em uma molécula
tRNAs como adaptadores para de mRNA. A outra é uma pequena
adicionar cada aminoácido na região de fita simples na extremidade 3’
sequência correta à extremidade da da molécula: este é o sítio onde o
cadeia polipeptídica em formação.
aminoácido que corresponde ao códon momento, ligado ao sítio P, deixando o
é ligado ao tRNA. sítio A livre. A síntese de proteína está,
portanto, pronta para iniciar. Nas
➱ Etapas da Tradução: A tradução bactérias, o mecanismo para
ocorre por três etapas subsequentes: selecionar o códon de iniciação é
iniciação, alongamento e terminação. diferente. Os mRNAs das bactérias não
possuem quepe 5’ para iniciar a
➱Iniciação: A tradução de um mRNA procura pelo início da tradução. Em vez
inicia com um códon AUG, e um tRNA disso, cada mRNA bacteriano contém
especial é necessário para iniciar a um sítio de ligação ao ribossomo
tradução. Esse tRNA iniciador sempre específico denominado sequência
carrega o aminoácido metionina, Shine-Dalgarno, o qual está localizado
portanto todas as proteínas uns poucos nucleotídeos acima do AUG
recém-formadas possuem metionina em que a tradução deve iniciar. Essa
como seu primeiro aminoácido em sequência nucleotídica forma pares de
suas extremidades N-terminal, a bases com o rRNA 16S da subunidade
extremidade de uma proteína que é ribossomal pequena para posicionar o
sintetizada primeiro. O tRNA iniciador códon de iniciação AUG no ribossomo.
pode ser especificamente reconhecido Um grupo de fatores de iniciação da
pelos fatores de iniciação, pois tem tradução orquestra essa interação e a
uma sequência nucleotídica distinta do subsequente montagem da
tRNA que normalmente carrega a subunidade ribossomal grande para
metionina. Nos eucariotos, o complexo completar o ribossomo. Diferentemente
iniciador metionina (Met-tRNAi) é de um ribossomo eucariótico, um
inicialmente depositado sobre a ribossomo bacteriano pode facilmente
subunidade ribossomal pequena, ligar-se de modo direto a um códon de
juntamente com proteínas adicionais iniciação que esteja no interior de uma
denominadas fatores de iniciação molécula de mRNA, desde que um sítio
eucarióticos ou eIFs. Apenas o tRNA de ligação ribossomal o preceda por
carregado com metionina é capaz de diversos nucleotídeos. Como resultado,
se ligar firmemente à subunidade os mRNAs bacterianos com frequência
ribossomal pequena, sem a presença são policistrônicos, ou seja, codificam
do ribossomo completo, sendo capaz várias proteínas diferentes, todas
de ligar diretamente ao sítio P. A seguir traduzidas a partir da mesma molécula
a subunidade ribossomal pequena se de mRNA. Em contraste, um mRNA
liga à extremidade 5’ de uma molécula eucariótico geralmente codifica uma
de mRNA, a qual 62 é reconhecida em única proteína (monocistrônico).
virtude de seu quepe 5’ e de seus dois
fatores de iniciação ligados, o eIF4E e o ➱Alongamento: Uma vez que a síntese
eIF4G. A subunidade ribossomal de proteína tenha sido iniciada, cada
pequena então se move para frente (5’ novo aminoácido é adicionado à
para 3’) sobre o mRNA, fazendo uma cadeia em extensão em um ciclo de
varredura e procurando pelo primeiro reações contendo quatro passos
AUG. Esse movimento é facilitado pelos iniciais: ligação do tRNA, formação da
fatores de iniciação adicionais, que ligação peptídica, translocação das
agem como helicases, impulsionados subunidades grande e pequena. Como
por ATP. A tradução então se inicia no resultado dos dois passos de
primeiro AUG encontrado pela translocação, o ribossomo completo
subunidade pequena. Nesse ponto, os move-se três nucleotídeos sobre o
fatores de iniciação dissociam-se, mRNA e é posicionado para dar início
permitindo que a subunidade ao próximo ciclo. Partindo do princípio
ribossomal grande se associe ao que alguns aminoácidos já foram
complexo e complete o ribossomo. O ligados entre si e que já existe uma
tRNA iniciador encontra-se, neste molécula de tRNA no sítio P no
ribossomo ligada covalentemente à processo. Os ciclos de associação dos
extremidade da cadeia polipeptídica fatores de extensão, hidrólise de GTP e
em crescimento, no passo 1 do dissociação asseguram que as
alongamento, um tRNA carregando o mudanças conformacionais ocorram
próximo aminoácido da cadeia liga-se em um sentido “para a frente” e, dessa
ao sítio A ribossomal, formando pares maneira, a tradução pode proceder
com o códon do mRNA lá posicionado. com maior eficiência.
Dessa forma, o sítio P e o sítio A contêm
tRNAs adjacentes ligados. No passo 2, a ➱ Terminação: O final da mensagem
extremidade carboxila da cadeia codificadora de uma proteína é
polipeptídica é liberada do tRNA no sinalizado pela presença de um de três
sítio P pelo rompimento da ligação códons de terminação: UAA, UAG ou
altamente energética entre o tRNA e UGA. Eles são reconhecidos por um
seu aminoácido. A carboxila é, então, tRNA e não determinam um
ligada ao grupo amino livre do aminoácido. Em vez disso, sinalizam
aminoácido ligado ao tRNA no sítio A, para o ribossomo o final da tradução.
formando uma nova ligação peptídica. As proteínas conhecidas como fatores
Essa reação central da síntese de de terminação ligam-se a qualquer
proteínas é catalisada por uma ribossomo que possua um códon de
peptidiltransferase contida na terminação posicionado no sítio A, e
subunidade ribossomal grande. No esta ligação força a
passo 3, a subunidade grande se move peptidil-transferase no ribossomo a
em relação ao mRNA que está preso à catalisar a adição de uma molécula de
subunidade pequena, o que interfere água em vez de um aminoácido no
nas hastes aceptoras dos dois tRNAs peptidil-tRNA. Essa reação libera a
que se encontram nos sítios E e P da extremidade carboxila da cadeia
subunidade grande. No passo 4, outra polipeptídica em crescimento de sua
série de modificações conformacionais conexão a uma molécula de tRNA.
move a subunidade pequena e o mRNA Tendo em vista que apenas essa
a ela conectado exatamente três conexão normalmente mantém unido o
nucleotídeos, reposicionando o polipeptídio em crescimento ao
ribossomo de tal forma que ele está ribossomo, a cadeia de proteína
pronto para receber o próximo finalizada é imediatamente liberada no
aminoacil-tRNA. O passo 1 é então citoplasma. O ribossomo, então, libera
repetido com a chegada de um novo o mRNA e separa-se nas duas
aminoacil-tRNA, e 63 assim por diante. subunidades grande e pequena, as
Dois fatores de extensão entram e quais podem associar-se sobre essa
saem do ribossomo a cada ciclo, cada mesma ou outra molécula de mRNA
um hidrolisando GTP em GDP e levando para iniciar um novo ciclo de síntese de
a modificação de conformações no proteínas.
processo. Esses fatores são
denominados EF-Tu e EF-G em
bactérias, e EF1 e EF2 em eucariotos.
Sob determinadas condições in vitro,
os ribossomos podem ser induzidos a
realizar a síntese proteica sem a ajuda ➤ POLIRRIBOSSOMOS: A síntese da
desses fatores de extensão e da maioria das moléculas de proteína leva
hidrólise de GTP, mas essa síntese é entre 20 segundos e alguns minutos.
muito lenta, ineficiente e inexata. O Porém, mesmo durante esse período
acoplamento de alterações mediadas bastante curto, é comum ocorrerem
pela hidrólise de GTP nos fatores de iniciações múltiplas sobre cada
extensão às transições entre os molécula de mRNA que está sendo
diferentes estados do ribossomo traduzida. Assim que o ribossomo
aumenta bastante a velocidade do precedente tenha traduzido o
suficiente da sequência nucleotídica sinais intracelulares e extracelulares,
para mover-se, a extremidade 5’ da sendo os danos no DNA um fator
molécula de mRNA é capturada por um crucial. Esses danos, resultantes de
novo ribossomo. As moléculas de mRNA reações químicas espontâneas, erros
que estão sendo traduzidas são, na replicação do DNA ou exposição a
consequentemente, de modo geral fatores ambientais, desencadeiam uma
encontradas sob a forma de via de sinalização envolvendo
polirribossomos, também conhecidos proteínas-cinase como ATM, ATR, Chk1 e
como polissomos. Estas estruturas Chk2.
consistem em grandes arranjos A ativação dessas proteínas-cinase
citoplasmáticos 64 compostos de leva à fosforilação de proteínas-alvo,
vários ribossomos separados por cerca incluindo p53, uma proteína reguladora
de 80 nucleotídeos sobre uma única central. P53 estimula a transcrição de
molécula de mRNA. Essas iniciações p21, uma proteína CKI, que inibe as
múltiplas permitem que a célula atividades de complexos G1/S-Cdk e
produza muito mais moléculas de S-Cdk, impedindo a entrada no ciclo
proteína em um espaço de tempo celular. Além disso, a resposta ao dano
determinado do que seria possível se do DNA envolve a inibição da atividade
cada ribossomo tivesse que completar da fosfatase proteica Cdc25, crucial
o processo antes que o próximo para a ativação da M-Cdk no início da
ribossomo o iniciasse. Tanto as mitose.
bactérias quanto os eucariotos Problemas durante a replicação do
utilizam polissomos, e ambos DNA, como a depleção de nucleotídeos,
empregam estratégias adicionais para levam à interrupção do ciclo celular,
acelerar ainda mais a taxa de síntese sendo esses eventos monitorados pelos
proteica. Tendo em vista que o mRNA mecanismos de reparo do DNA. O
bacteriano não necessita de acúmulo de danos no DNA ao longo do
processamento e que ele está acessível tempo, se não reparado
aos ribossomos ao mesmo tempo em adequadamente, pode resultar em
que está sendo produzido, os mutações genéticas, aumentando o
ribossomos podem ligar se à risco de câncer. A ataxia telangiectasia,
extremidade livre de uma molécula de uma doença genética, ilustra a
mRNA bacteriano e iniciar sua importância da resposta ao dano do
tradução, mesmo antes que a DNA na prevenção do câncer.
transcrição deste RNA esteja finalizada, Em casos graves de lesões no DNA, a
seguindo bastante próximos da resposta varia entre organismos
RNA-polimerase, à medida que ela se unicelulares e multicelulares. Enquanto
move sobre o DNA. Em eucariotos as os unicelulares podem interromper o
extremidades 5’ e 3’ do mRNA ciclo celular para tentar reparar os
interagem. Portanto, assim que um danos, às células multicelulares
ribossomo se dissocia, suas duas priorizam a saúde do organismo e
subunidades estão em uma posição podem induzir a apoptose em células
ótima para reiniciar a tradução sobre a com danos graves. A p53 desempenha
mesma molécula de mRNA. um papel crucial nesse processo,
sendo ativada para induzir a morte
celular programada.
Além disso, células humanas têm um
Regulação do ciclo celular e sua número limitado de divisões antes de
relação com a p53: entrar em senescência celular
Os danos no DNA desencadeiam uma replicativa, associada à diminuição
resposta complexa no ciclo celular, progressiva dos telômeros. A
influenciando diretamente a taxa de telomerase, enzima responsável pela
proliferação celular. A progressão do síntese dos telômeros, é ausente em
ciclo celular é controlada por diversos muitas células humanas, contribuindo
para a senescência. Em células Mutações nos genes que expressam
cancerosas, a capacidade de produzir
as proteínas reguladoras:
telomerase permite a manutenção da
função dos telômeros, evitando a As mutações nos genes que expressam
senescência. as proteínas reguladoras podem
Anormalidades na sinalização ocorrer de várias maneiras e em
mitogênica, muitas vezes causadas por diferentes níveis do processo genético.
mutações em genes como Ras e Myc, Vamos explorar esse processo
podem levar à interrupção do ciclo detalhadamente:
celular ou apoptose em células
normais. No entanto, em células 1. Origem das Mutações:
cancerosas, esses mecanismos de - Erro de Replicação do DNA:
proteção podem ser inativados por Durante a replicação do DNA, as
mutações em genes essenciais, enzimas responsáveis pela
permitindo a sobrevivência e duplicação podem cometer
proliferação de células mutantes com erros, como a inserção de bases
sinais de proliferação hiperativa. O incorretas.
sistema protetivo é frequentemente - Radiação e Agentes
inativado em células cancerosas por Mutagênicos: Exposição à
mutações em genes que codificam radiação ionizante, produtos
componentes essenciais dos químicos mutagênicos e
mecanismos de bloqueio, como Arf, p53 agentes ambientais podem
e proteínas associadas. causar danos diretos no DNA,
levando a mutações.
- Mecanismos Celulares Internos:
Processos normais dentro da
célula, como reações
metabólicas, podem gerar
radicais livres e substâncias
químicas capazes de danificar o
DNA.

2. Tipos de Mutações:
- Substituição de Bases: Uma
base nitrogenada é substituída
por outra. Pode ser:
- Silenciosa Não afeta a
sequência de aminoácidos.
- Missense:Altera um aminoácido
na proteína resultante.
Quando o DNA é lesionado, várias proteínas-cinase são - Nonsense:Cria um códon de
recrutadas ao local do dano e dão início a uma via de parada prematuro, levando a
sinalização que provoca a interrupção do ciclo celular. A
primeira cinase no local do dano é a ATM ou a ATR,
uma proteína truncada.
dependendo do tipo de dano. Outras proteínas-cinase, - Inserção ou Deleção de Bases
denominadas Chk1 e Chk2, são, em seguida, recrutadas
e ativadas, resultando na fosforilação da proteína
(Indels): Adição ou remoção de
reguladora de transcrição p53. A Mdm2 normalmente se uma ou mais bases no DNA,
liga à p53 e promove sua ubiquitinação e degradação afetando a leitura do códon.
nos proteassomos. A fosforilação da p53 bloqueia sua
ligação à Mdm2; o resultado é o acúmulo de altos níveis
de p53, estimulando a transcrição de vários genes, 3. Mecanismos de Reparo do DNA:
incluindo o gene que codifica a proteína CKI p21. A p21
se liga e inativa os complexos de G1 Cdk e S-Cdk,
- Sistemas de Reparo por
parando a célula em G1 /S-. Em alguns casos, os danos Correspondência: Corrigem
no DNA também induzem a fosforilação da Mdm2 ou um
decréscimo na produção da Mdm2, o que ocasiona um
erros de replicação,
aumento ainda maior da p53 substituindo a base errada.
- Excisão de Nucleotídeos: Remove que normalmente impediriam o
segmentos danificados de DNA crescimento descontrolado.
e os substitui por novos.
7. Câncer e Genes Oncogênicos:
4. Consequências das Mutações - Oncogenes: Algumas mutações
nos Genes Reguladores: podem converter
- Proteínas Reguladoras: proto-oncogenes em oncogenes,
Mutações podem afetar a promovendo o crescimento
estrutura ou função das celular descontrolado.
proteínas reguladoras, - Inativação de Supressores
comprometendo sua Tumorais: Mutações em genes
capacidade de controlar a supressores tumorais, como p53
expressão gênica; e BRCA1, podem ocorrer,
Mutação no TSG, que inibe a removendo os freios normais
PRB; sobre a divisão celular.
Deleção da p16;
Alterações no eixo da pRB;
Superexpressão da Aurora Predisposição genética ao erro na
quinase, pode levar a neuploida divisão celular:
que pode demarcar uma
proliferação especifica. A predisposição genética ao erro na
divisão celular pode ser influenciada
por diversos fatores genéticos que
- Vias de Sinalização: Mutações afetam os processos envolvidos na
em genes que participam de replicação e divisão celular. Aqui estão
vias de sinalização celular alguns aspectos relacionados a essa
podem levar a uma ativação ou predisposição genética:
inibição inadequada,
influenciando o ciclo celular e
● Integridade do DNA:
outros processos celulares.

5. Ciclo Celular e Proliferação Reparo do DNA: Genes envolvidos nos


Celular: mecanismos de reparo do DNA são
- p53: Mutações no gene TP53 cruciais para corrigir danos. Mutações
(que codifica a proteína p53) são nesses genes podem levar a uma maior
frequentemente encontradas em propensão a erros não corrigidos.
cânceres. A p53 atua como um
supressor tumoral, regulando o Estabilidade do Genoma: Proteínas
ciclo celular e promovendo a envolvidas na manutenção da
reparação do DNA. Mutações estabilidade genômica, como aquelas
neste gene podem resultar na associadas aos telômeros e
perda da função de supressão centrossomos, podem ser influenciadas
tumoral. geneticamente.

6. Seleção Natural e Câncer: ● Regulação do Ciclo Celular:


- Proliferação Descontrolada: As
células com mutações que Genes do Ciclo Celular: Mutações em
conferem vantagens genes reguladores do ciclo celular,
proliferativas podem ser como os que controlam a transição
selecionadas, contribuindo para entre fases (G1, S, G2, M), podem levar a
o desenvolvimento do câncer. uma divisão celular desregulada.
- Inibição de Mecanismos
Antitumorais: Mutações podem
Supressores Tumorais: Alterações
desativar mecanismos celulares
genéticas nos supressores tumorais,
como p53 e p16, podem afetar a Diferenciação celular:
capacidade de controlar o ciclo celular
e prevenir a replicação defeituosa. Conjunto de processos que fazem uma
célula indiferenciada se tornar
especializada!
● Checkpoint de Dano ao DNA:

Genes de Checkpoint: Componentes do A diferenciação celular irá começar nas


checkpoint de dano ao DNA, que primeiras fases do desenvolvimento
pausam a divisão celular para permitir embrionário. De início, o citoplasma é
reparos, podem ser geneticamente segmentado, ou seja, sofre clivagens
influenciados. sucessivas fazendo com que as células
filhas se tornem cada vez menores e o
volume da massa de células total não
ATM e ATR: As proteínas cinases ATM e
aumente. Deste modo, ao final de algumas
ATR, que respondem a danos no DNA, divisões o embrião adquire o nome de
têm predisposição genética associada. mórula. Uma mórula humana, por exemplo,
é formada por uma massa de 16 células ou
● Sinalização Celular: blastômeros. Após o estágio de mórula, as
células continuam a se dividir, passando a
produzir um líquido que se acumula no
Cascata de Sinalização: Mutações em interior do embrião formando aí uma
genes que participam das vias de cavidade chamada blastocele. O que
sinalização celular podem influenciar a converte o embrião em uma esfera oca e o
resposta a sinais que regulam a divisão torna a blástula.
celular.

Proteínas Quinases: Mutações em


proteínas quinases envolvidas na
sinalização intracelular podem afetar a A partir da blástula, o embrião passa
transdução de sinais críticos. por complexas transformações que
culminam no aparecimento de três
● Expressão Gênica Anômala: linhagens de células distintas: o
endoderma, o mesoderma e o
Regulação da Expressão Gênica: ectoderma, o que caracteriza o estágio
Variantes genéticas que afetam a de gástrula.
regulação da expressão gênica podem
levar a níveis inadequados de
proteínas envolvidas na divisão celular.

Susceptibilidade a Mutagênicos
Ambientais:

Metabolismo de Xenobióticos:
Variações genéticas no metabolismo ↳ Todas as células que
de substâncias químicas ambientais compõem o embrião são
podem influenciar a resposta a potencialmente capazes de se
mutagênicos, aumentando a desenvolver em qualquer tipo
predisposição a danos no DNA. celular.
Isto quer dizer que os blastômeros
● Histórico Familiar de Câncer: ainda não estão diferenciados. A
fixação do destino funcional das
Hereditariedade: Algumas mutações células tem início na gastrulação,
que aumentam a predisposição a erros quando acontecem modificações nas
na divisão celular podem ser células embrionárias que determinam
seu futuro. Por exemplo, se tomarmos indicando a preservação da
um blastômero de Drosophila e o informação genética.
implantarmos na porção anterior de
um embrião de Drosophila em fase
mais adiantada de desenvolvimento,
este blastômero irá se dividir e se
transformará em uma célula do sistema
nervoso assim como as que já se
encontravam neste ambiente. Porém, se
esta operação for feita depois da
gastrulação, as células irão se
desenvolver com características
próprias do seu local destinado.
Logo, ainda nas fases iniciais do
desenvolvimento embrionário, antes
que a diferenciação aconteça, ocorre a
chamada determinação celular, que
decide o destino da célula.
Todas as informações necessárias para
a formação de uma célula
encontram-se “impressas” em seus
genes e que as células adquirem sua
identidade à medida que o
desenvolvimento embrionário avança. Então a possibilidade que restou seria
No princípio havia duas possibilidades: a dois, e a correta, assim o caminho
1. a perda progressiva de genes que conduz uma célula desde o estado
desnecessários ao metabolismo embrionário mais inicial até sua total
da célula diferenciada, à medida especialização consiste em uma série
que a diferenciação fosse de expressões e expressões gênicas
ocorrendo; controladas.
2. a ativação dos genes Sabe-se que a determinação celular
necessários acompanhada da pode acontecer de várias maneiras:
inativação daqueles 1. segregação citoplasmática de
desnecessários durante o moléculas determinantes no
processo de diferenciação momento da clivagem do ovo:
celular. Esta segregação ocorre de forma
Se a primeira possibilidade fosse assimétrica, separando diferentes
correta, a diferenciação celular seria componentes citoplasmáticos que
consequência da perda de informação tornarão o citoplasma das células
genética e a diferenciação celular não formadas qualitativamente diferentes.
resulta na perda de informação E isso, faz com que as características à
genética, como inicialmente sugerido. medida que as clivagens iniciais
Isso é evidenciado pelo fato de que ocorrem, os novos blastômeros
todas as células de um organismo, recebam diferentes conjuntos destes
independentemente do tipo, possuem componentes citoplasmáticos.
os mesmos genes. Experimentos de Os componentes determinantes
transplante nuclear em anfíbios na citoplasmáticos são moléculas capazes
década de 50 mostraram que ao inserir de influenciar diretamente a atividade
o núcleo de uma célula do epitélio dos genes, definindo deste modo, quais
intestinal de um girino em um ovócito as proteínas que serão produzidas na
anucleado de rã, o ovócito célula. Como cada blastômero recebe
transplantado começou a se dividir e um conjunto diferente destes
se desenvolveu em um girino normal, determinantes citoplasmáticos, em
cada uma destas células um conjunto
diferente de proteínas será produzido.
Assim, s. Uma vez que são as proteínas
que controlam todo o metabolismo
celular, podemos concluir que, a
linhagem celular que derivou daquele
blastômero e que recebeu fatores que
controlam os genes de proteínas
relacionadas.

3. À indução embrionária, que


envolve a interação entre
células ou tecidos,
condicionando células próximas
a se especializarem em uma
determinada direção:
Nestes estágios mais adiantados, já é
evidente que as células embrionárias
se distribuem em três diferentes
camadas superpostas. Esta
organização dá lugar a relações de
vizinhança entre os grupos celulares o
que torna 10 possível a influência de
algumas células sobre outras. Este
mecanismo de diferenciação resulta da
ação de células que agem enviando,
por meio de moléculas por elas
produzidas, sinais que estimulam
células vizinhas a se diferenciarem em
2. As células também podem sofrer determinada direção. Neste caso o
diferencialmente a influência de estímulo pode levar a diferenciação de
substâncias presentes no meio, novas células semelhantes àquelas que
os morfógenos: produziram o estímulo.
Nos embriões de mamíferos, por Com base no que foi visto, antes de se
exemplo, durante seu translado pela diferenciarem, as células adquirem um
tuba uterina, suas células podem ser “compromisso” de se modificarem em
alcançadas por diferentes uma dada direção. Portanto, a
concentrações de substâncias diferenciação só se efetiva em um
presentes no meio, a depender de sua período após a célula ter sofrido sua
localização na mórula. Esta determinação.
diferenciação se deve ao fato de que Uma outra característica relacionada
altas concentrações do morfógeno ao grau de especialização celular: a
ativariam grupos de genes diferentes potencialidade, que é a capacidade
daqueles ativados por baixas que a célula tem de originar outros
concentrações. tipos celulares. Assim, pode-se concluir
que, em qualquer célula, quanto maior
sua potencialidade, menor seu grau de
diferenciação e vice-versa. Nesse caso, Células Tronco:
a célula-ovo, assim como os primeiros
blastômeros da maioria das espécies O termo célula-tronco, do inglês stem
de animais, possuem 100% de cell, diz respeito a células precursoras
potencialidade e apresentam grau zero que possuem a capacidade de
de diferenciação. Por isso, podem diferenciação e auto-renovação
originar qualquer tipo celular e são ilimitadas, podendo dar origem a uma
consideradas células totipotentes. variedade de tipos teciduais.
Estas são as chamadas células tronco Normalmente, entre uma célula-tronco
embrionárias. e sua progênie totalmente diferenciada
No outro extremo encontram-se, por existe uma população intermediária
exemplo, as células nervosas, as do conhecida como células amplificadoras
cristalino e as do músculo cardíaco, transitórias, que possuem uma
que são 100% diferenciadas e têm capacidade proliferativa mais limitada
potencialidade igual a zero. O grau de e um potencial de diferenciação
especialização destas células é tão restrito, isso explica como um tecido
grande que elas perderam até a pode manter uma produção elevada de
capacidade de divisão mitótica. células diferenciadas a partir de um
pequeno número de células-tronco.
Geralmente, as células-tronco possuem
um ciclo celular lento, muitas das
células em divisão em um determinado
tecido são células amplificadoras
transitórias, que estão destinadas a se
diferenciar após um determinado
número de divisões.
As células-tronco estão presentes no
embrião, quando são designadas
células-tronco embrionárias, mas
Estes exemplos correspondem a casos
podem também ser encontradas em
extremos visto que a maioria das
tecidos adultos, originando as
células exibe graus intermediários de
células-tronco adultas.
diferenciação e potencialidade Esta
variação no grau de diferenciação é
evidenciada em vários tecidos como na
pele, no epitélio intestinal e na medula
óssea, sendo crucial para a
manutenção destes e de boa parte dos
tecidos. O que fornece esta
propriedade a estes tecidos é a
presença de um conjunto de células
tronco, que por serem distintas das
células tronco embrionárias também
são denominadas células fonte ou stem
cells. Este grupo de células, específicas
para cada tipo de tecido, se divide
Levando-se em consideração algumas
continuamente durante a vida do
distinções:
animal, produzindo novas células fonte,
1. nível de plasticidade;
para manter seu estoque, assim como
2. diferentes vias podem seguir;
outras células diferenciadas, que irão
3. para qual porção de um
repor aquelas que foram perdidas ou
organismo funcional elas podem
eliminadas do tecido a que pertencem.
contribuir;
Por esses fatores as células-tronco
podem ser classificadas em três:
1. Totipotentes; Multipotentes:
2. Pluripotentes; São um pouco mais diferenciadas,
3. Multipotentes. presentes no indivíduo adulto, com
capacidade de originar apenas um
limitado número de tipos teciduais.
Estas células são designadas de
acordo com o órgão de que derivam e
podem originar apenas células
daquele órgão, possibilitando a
regeneração tecidual.
Sua origem pode ser dividida em
células tronco embrionárias e células
germinativas embrionárias.
● Avanços nas pesquisas têm
questionado a existência desta
categoria de células-tronco, pois
células anteriormente vistas
Totipotentes: como multipotentes, como as
Podem originar tanto um organismo células-tronco neurais, agora se
totalmente funcional, como qualquer revelam pluripotentes.
tipo celular do corpo, inclusive todo o
sistema nervoso central e periférico. Unipotentes:
Entretanto, estas células são efêmeras Essas células-tronco, diferentemente
e desaparecem poucos dias após a das demais, não apresentam grande
fertilização. capacidade de diferenciação, sendo
● embrião recém-formado; capazes apenas de formar células do
● têm potencial para originar até tecido ao qual pertencem.
mesmo as células do folheto
extra embrionário.

Pluripotentes:
São células capazes de originar Bioética em relação às células
qualquer tipo de tecido sem, no tronco:
entanto, originar um organismo
LEI 11,105/2005:
completo, visto que não podem gerar a
Com a aprovação da Lei de
placenta e outros tecidos de apoio ao
Biossegurança, a realização de
feto. Formam a massa celular interna
pesquisas com células-tronco
do blastocisto depois dos quatro dias
embrionárias passa a ser permitida no
de vida e participam da formação de
Brasil, todavia, a lei estabelece algumas
todos os tecidos do organismo.
restrições para pesquisas com
● utilizadas na criação de animais
células-tronco embrionárias, como:
transgênicos;
● variedade de aplicações clínicas
… os embriões precisam estar
e comerciais;
congelados há pelo menos três anos;
● Presentes em indivíduos adultos;
são oriundas da medula óssea, e só podem ser usadas por meio de
podem gerar células do sangue, consentimento dos genitores; não será
ossos, cartilagem, músculo, pele permitido o comércio de embriões, nem
e tecido conjuntivo. sua produção e manipulação genética,
● Pluripotente induzida e ainda, são proibidas as clonagens
terapêuticas, para aplicação em
pesquisas e a reprodutiva. As terapias
com o uso de células-tronco ainda
estão em fase de pesquisa, podendo
ser aplicadas somente de forma
experimental por pesquisadores cujo
projeto de pesquisa tenha sido
aprovado previamente nos Comitês de
Ética em Pesquisa (CEPs)
● Existem duas linhas de
pensamento:
1. Pesquisadores;
2. Conservadores.

Reparo acoplado à transcrição:


Reparo do DNA: Há o acoplamento do reparo de uma
lesão de DNA a RNApolimerase.
Reparo por excisão de bases:
Ela vai parar nas lesões no DNA e, por
DNA- glicosilases: capaz de reconhecer
meio de proteínas acopladoras,
um tipo específico de bases alteradas
direciona o reparo nesses sítios.
no DNA e de catalisar sua remoção
(específico para a fita-molde do DNA
hidrolítica. 6 tipos de enzimas que
que está sendo transcrito). Importante
removem: Cs desaminados, As
para os humanos por, sem ela, pode
desaminados, diferentes tipos de bases
gerar a síndrome de Cockayne, em que
alquiladas ou oxidadas, bases com
o indivíduo afetado possui retardo no
anéis rompidos e bases nas quais a
crescimento, retardo mental
ligação dupla C-C foi acidentalmente
progressivo, anormalidades
convertida em ligações simples.
esqueléticas e severa sensibilidade à
DNA-glicosilase vai procurar a lesão em
luz.
todas as faces da base, de modo que,
Desaminação:
uma vez reconhecida a lesão, a enzima
perda de amina e formação de uma
removerá a base. Na ausência de base,
outra base, causando dano.
a AP endonuclease irá clivar a ligação
Polimerase Translesão:
fosfodiéster, removendo e corrigindo a
Quando o DNA está muito danificado e
lesão. Para tal, a DNA-polimerase vai
os reparos anteriores não são
adicionar um novo nucleotídeo, e a
suficientes para corrigí- lo, em
ligase os unirá.
emergências, as células empregam
Reparo por excisão de nucleotídeos:
polimerases de reserva, versáteis,
Qualquer alteração volumosa no DNA,
porém menos precisas para replicar
incluindo aquelas produzidas pela
durante a lesão do DNA.
ligação covalente de bases do DNA
Não são tão precisa quanto as
com grandes hidrocarbonetos, assim
normais, portanto: não possuem
como vários dímeros de pirimidinas
atividade de correção de
causados pela ação solar.
leitura
Complexo multienzimático verifica o
- são menos criteriosas do que as
DNA à procura de distorções na
normais na escolha do nucleotídeo a
dupla-hélice , em vez de alterações em
ser inicialmente
uma única base. Uma vez encontrada
incorporado
uma lesão volumosa, a ligação
Desse modo, são capazes de adicionar
fosfodiéster é clivada nos dois lados da
apenas um ou poucos nucleotídeos
distorção, a DNA-helicase remove o
antes da polimerase replicativa de alta
oligonucleotídeo de fita simples
precisão continuar a síntese de DNA.
contendo a lesão. O intervalo
produzido pela helicase é
corrigido pela DNA-polimerase e pela
DNA-ligase.
Dímeros de pirimidina= T-T, T-C e C-C.
(não precisa estar perfeito, mas o mais
próximo possível)
- sem perda ou alteração de
nucleotídeos no local de
reparação.
Ocorre normalmente logo após a
replicação, uma vez que as duas
moléculas-filhas estão bem próximas e
uma pode atuar como molde da outra.
Quando as duas fitas da dupla-hélice 1- as extremidades do DNA danificado
são quebradas, não havendo fita molde são removidas (recortadas) por
para reparo, são causada por radiação nucleases especializadas produzindo
ionizante, erros de replicação, agentes uma extremidade de fita simples 3'.
oxidantes, há duas formas de reparo: 2- troca de fitas (invasão de fitas), em
que uma das extremidades 3' da
Ligação de extremidades não molécula de DNA quebrada abre
homólogas: caminho até o duplex-molde e busca a
As extremidades da quebra são sequência homóloga pelo pareamento
simplesmente justapostas e religadas, de bases.
geralmente com a perda de um ou mais ● Rad51- proteínas que realizam a
nucleotídeos no sítio da junção. troca de fitas (RecA em
→ As lesões do DNA causam o retardo procariotos) 1a. -liga-se de
do ciclo celular até que seja reparado o forma cooperativa `fita simples
dano. invasora, formando um
Recombinação Homóloga: filamento proteína
Além de garantir um reparo preciso das DNA que força o DNA em uma
quebras na fita dupla, ela pode conformação não comum:
rearranjar as sequências de DNA, grupo de 3 nucleotídeos consecutivos
alterando a versões específicas de são mantidos unidos de forma como
genes presentes no genoma de um na dupla hélice convencional, porém
indivíduo, assim como o momento e o entre triplos adjacentes, à cadeia
nível de sua expressão. principal de DNA é distorcida e
Troca de fitas do DNA entre um par de estendida.
sequências de DNA de duplex 2a.- esse ligamento incomum entre
homólogos, ou seja, segmentos de proteína
dupla hélice com sequência -DNA liga-se ao duplex de DNA e
nucleotídica semelhantes ou idênticas. estende a
Isso permite que um segmento do dupla-hélice, que se desestabiliza,
duplex de DNA atue como um molde facilitando a separação das fitas.
para recuperar uma informação 3a.-fita invasora avalia a sequência do
perdida ou danificada em outro duplex do pareamento de bases
segmento de um duplex de DNA. convencional mantendo-a na forma
- Mecanismo mais versátil e estendida de três bases são separados
preciso. entre si por uma cadeia principal
- Durante a meiose, catalisa o distendida e torcida. Na próxima etapa,
crossing over. a fita simples ligada à RecA, liga-se ao
Ocorrem apenas entre dois duplex de duplex de DNA e o desestabiliza,
DNA com extensas regiões de permitindo que a fita simples teste a
sequências similares. O pareamento de sequência pelo pareamento dos
bases é responsável por esse grupos de três bases por vez. Se não
requerimento, e os dois duplex de DNA há pareamento, a fita simples de DNA
testam suas sequências com a do ligada à RecA dissocia-se rapidamente
outro para ver o quão próximo estão e começa uma nova busca. Caso um
suas sequências de bases pareamento extenso seja encontrado, a
estrutura é desmontada pela hidrólise disciplina mostrando que a morte de
do ATP, resultando na algumas células em um dado
dissociação da proteína RecA e na organismo constitui um processo
troca de uma fita simples de DNA por essencial para que o conjunto
outra, formando um heteroduplex. sobreviva.
Um fato é que nem sempre a morte das
→ A hidrólise de ATP é necessária para células é um processo fisiológico
desmontar a RecA do complexo com as normal, totalmente regulado. As células
moléculas de DNA. (antes não precisa, também morrem de modo
já que a procura por dano acontece não-fisiológico, o que causa a maioria
meramente pela colisão) 3-após o das doenças.
pareamento das bases, uma A morte é considerada patológica ou
DNA-polimerase com alta precisão “acidental” quando a célula é impedida
alonga a fita invasora usando a de manter seus processos vitais por
informação fornecida pela lesões físicas ou químicas causadas
molécula-molde não danificada, por fatores externos, como
corrigindo o DNA danificado. temperaturas extremas, radiação,
4-Deslocamento da fita, síntese traumas, produtos tóxicos e falta de
adicional do reparo e ligação: oxigênio (como no infarto do miocárdio
regeneram as duas hélices duplas de e na gangrena). As lesões podem ter
DNA originais e completam o processo ainda origem biológica, como nas
de reparo. infecções por bactérias ou vírus. Esse
Outras funções: tipo de morte celular é chamado de
- resgate de forquilhas de necrose e tem como características:
replicação de DNA estacionárias aumento do volume celular, agregação
ou quebradas. da cromatina, desorganização do
citoplasma, perda da integridade da
membrana plasmática e consequente
Morte celular: ruptura celular. A ruptura libera no
A morte celular programada, também tecido vizinho o conteúdo celular, rico
conhecida como apoptose, por mais em proteases (enzimas que “cortam”
estranho que possa parecer para você, outras proteínas) e outras substâncias
também constitui um destino celular, e tóxicas. Além da toxicidade direta para
por sinal, um destino essencial para o as células vizinhas, o derrame gera
organismo. Se não fosse pela apoptose, substâncias que atraem células do
talvez a cauda dos girinos ainda sistema imune, causando intensa
persistisse na rã adulta. Com certeza reação inflamatória. A inflamação,
os dedos de nossas mãos seriam típica da necrose, é importante para
ligados por membranas interdigitais, limitar infecções e remover restos de
como nos patos e nossos cérebros células, mas a atividade e as secreções
estariam cheios de conexões elétricas dos glóbulos brancos podem também
desnecessárias. De fato, a maioria das danificar tecidos normais vizinhos, às
células geradas durante o vezes de maneira devastadora.
desenvolvimento do cérebro e de
alguns outros órgãos e tecidos, morre
ainda durante a fase embrionária. Mas
o papel da morte celular vai além desta
fase. No indivíduo adulto, se a
multiplicação das células não é
compensada de modo preciso por
perdas, os tecidos e órgãos crescem
sem controle, o que pode levar
inclusive ao desenvolvimento do
câncer. Portanto encerraremos esta
fragmentado por uma endonuclease
que gera cortes entre os nucleossomos,
produzindo fragmentos de tamanhos
diferentes, mas sempre múltiplos de 200
pares de bases. Com a dissociação da
lâmina nuclear o núcleo se fragmenta e
suas partes são englobadas nas
bolhas que surgem e se desprendem
da superfície celular. Estas frações
celulares são denominadas corpos
apoptóticos. Além das diferenças
morfológicas, outra característica
marcante é que a apoptose é
“silenciosa”. Não há, como na necrose,
o “alvoroço” da inflamação. Em geral, as
células apoptóticas são reconhecidas
por macrófagos (um tipo de glóbulo
branco presente em todos os tecidos) e
ingeridas antes que se desintegram.
Isso evita o derrame do conteúdo
celular e, assim, não há inflamação e
lesão do tecido, garantindo o seu
funcionamento normal. Mas nem todas
as células apoptóticas são logo
removidas, podendo continuar no local
às vezes por toda a vida sem, contudo,
causar dano ao tecido. É o caso dos
queratinócitos, células da camada
externa da pele. Ao migrar de camadas
mais profundas para a superfície, eles
morrem por apoptose, mas no
processo, substituem seu conteúdo
pela proteína queratina e ganham uma
“capa” impermeável. Assim, a camada
protetora mais externa da pele é feita
● APOPTOSE: de células mortas, descamadas e
A morte celular fisiológica é totalmente trocadas por outras a cada 21 dias, em
distinta da necrose. Em primeiro lugar média. O cristalino (a lente) dos olhos
a célula não incha. Ao contrário, também é formado por células mortas,
encolhe-se devido à condensação do que substituíram a maior parte de seu
citoplasma e das organelas sem, citoplasma por proteínas denominadas
contudo, haver alterações em suas cristalinas.
estruturas. Devido à ruptura dos
filamentos do citoesqueleto, a célula
apoptótica torna-se esférica e
destaca-se das células vizinhas e
muitas vezes começa a apresentar
bolhas em sua superfície (processo
chamado de zeiose). As mudanças mais
dramáticas são vistas no núcleo onde a
cromatina, normalmente dispersa,
forma um ou mais aglomerados nas
bordas internas da membrana nuclear.
A apoptose é um programa de morte
O DNA nuclear também pode ser
celular extremamente regulado e de
grande eficiência, que requer a célula recebe um sinal de morte celular
interação de inúmeros fatores. Este estes precursores são clivados e
programa pode ser ativado por causas tornam-se ativos. Geralmente as
distintas que desencadeiam diferentes caspases atuam em cascata, de modo
cascatas de eventos moleculares e que uma caspase pode clivar outras e
bioquímicos específicos e esse “corte” parece ser essencial à
geneticamente regulados. A apoptose ativação dessas enzimas. Conforme a
pode ser acionada por vários motivos. posição e o papel que a caspase
A ausência dos sinais químicos que desempenha nesta cascata ela pode
mantêm a célula em atividade e ser considerada uma iniciadora ou
multiplicação (os chamados fatores de uma executora. Assim, ao ser ativada,
crescimento) pode ser um dos uma caspase iniciadora cliva outras,
principais deles. Outra situação pode em sequência, até gerar uma caspase
ser a indução da morte celular executora. Esta destrói proteínas
programada pela ligação de essenciais à célula, ativa proteínas
substâncias apoptóticas a receptores tóxicas ou destrói proteínas que
presentes na membrana das células. protegem a célula da apoptose. Isto
Podemos considerar também como um nos permite localizar a ação das
mecanismo que pode levar a este tipo caspases nas etapas finais das
de morte celular, a ocorrência de danos cascatas de eventos intracelulares que
irreversíveis ao DNA nuclear que produzem as alterações estruturais
possam colocar em risco a viabilidade que levam à morte celular.
de todo o organismo. É importante
frisar que estas situações
desencadeiam cascatas de eventos
intracelulares diferentes entre si, mas
que resultam nas alterações
morfológicas características de uma
célula apoptótica e que foram
descritas no tópico anterior. Antes de
falarmos um pouco mais sobre cada
uma destas situações, é importante
apresentar uma classe de moléculas
que está sempre envolvida na cascata
de eventos que levam à morte celular
por apoptose, seja qual for a via de
indução. As caspases, uma classe de
enzimas proteolíticas que têm a
capacidade de reconhecer e clivar
substratos que possuam resíduos do
aminoácido aspartato, o que inclui
outras caspases. A atividade das
caspases sinaliza para a apoptose,
uma vez que a clivagem de seus
substratos leva à condensação e
fragmentação nuclear além da
sinalização para que estas células
sejam fagocitadas por macrófagos. São
Agora, vejamos como as caspases são
conhecidas 14 caspases humanas,
ativadas por cada uma das três
sendo que destas, seis participam da
principais situações que levam a morte
apoptose (caspases -3, -6, -7, -8, -9, -10).
celular e que foram anteriormente
As caspases são sintetizadas como
mencionadas. Ativação da apoptose
precursores inativos denominados
pela ausência de fatores tróficos Para
zimogênios ou pró-caspases. Quando a
que as células se mantenham vivas e se
proliferando, substâncias mantenha viva, a ligação deste fator
denominadas fatores de crescimento trófico ao seu receptor na membrana
ou fatores tróficos, produzidos por da célula faz com que a Bad
células vizinhas, devem se ligar a permaneça inativa e a Bcl-2 ativa. O
receptores específicos expostos em papel da Bcl-2 ativa é manter fechado
suas membranas. Esta ligação é o sinal um canal chamado PTPC, presente na
que desencadeia uma série de eventos membrana da mitocôndria, o que
que informa para as células que elas previne a morte celular. Quando o fator
devem continuar vivas, crescendo e se trófico está ausente, a proteína Bad se
dividindo. As principais moléculas que torna ativa e vai se ligar a Bcl-2,
atuam como fatores tróficos são inativando-a. Na forma inativa, a Bcl-2
glicoproteínas da família dos fatores é incapaz de manter o canal PTPC
estimuladores de colônias – CSF e um fechado. Este canal por sua vez se abre
grupo de substâncias chamadas e deixa escapar para o citosol o fator
neurotrofinas. As CFSs estimulam o indutor de apoptose AIF (do inglês
crescimento e a diferenciação das apoptosis inducing factor) e o
células sanguíneas. Um tipo especial citocromo c, que antes estavam presos
de CFS, o fator estimulador de colônias no espaço intermembrar da
granulocitárias G-CSF), descrito há mitocôndria. Uma vez livre no citosol, o
mais de vinte anos, é largamente AIF irá produzir alterações na
utilizado para o tratamento de estados membrana plasmática que irão atrair
de neutropenia e no transplante de os macrófagos. Além disso, AIF entra no
medula óssea.O G-CSF estimula núcleo e induz a condensação da
células-fonte hematopoéticas e regula cromatina e ativa nucleases que irão
crucialmente a sobrevivência de degradar o DNA. Mas, e as caspases,
neutrófilos maduros, pós-mitóticos, onde entram nesta longa história?
através da inibição da apoptose. Já as Neste caso, as caspases são alvos do
neurotrofinas são substâncias cotocromo c. A cascata começa
secretadas pelos tecidos inervados as quando o citocromo c se liga a
quais têm por função manter vivos os pró-caspase-9 quebrando-a. Esta
neurônios e estimular o crescimento de modificação a converte em caspase-9
seus axônios. As neurotrofinas são que por sua vez atua da mesma forma
moléculas protéicas da família do fator sobre a pró-caspase 3 convertendo-a
de crescimento de nervo - NGF (do em caspase-3. Esta última, por ser uma
inglês nerve growth factor) e são caspase executora, irá ativar as
importantes na formação do sistema enzimas que produzem as mudanças
nervoso central e periférico, descritas anteriormente as quais,
proporcionando a forma anatômica e juntamente com as modificações
controlando a população e atividade causadas pelo AIF, irão culminar na
celular durante o desenvolvimento morte celular.
embrionário do sistema nervoso.
Portanto, uma vez que os fatores
tróficos constituem um estímulo crucial
para a sobrevivência e proliferação de
grupos celulares extremamente
importantes para o organismo, quando
estas substâncias sinalizadoras estão
ausentes ou são suprimidas tais
células entram em apoptose. A
presença de um fator trófico no meio
influencia a atividade de duas
Ativação da apoptose pela ligação de
proteínas diretamente envolvidas na
substâncias apoptóticas, Ativação da
sobrevivência celular: uma denominada
apoptose pela ligação de substâncias
Bad e outra Bcl-2. Para que a célula se
apoptóticas Embora a morte celular
possa ocorrer na ausência de fatores células do sistema imunológico e que
de sobrevivência como os fatores trófi pode iniciar a morte de células
cos, a apoptose pode também ser infectadas por vírus, de algumas
induzida pela presença de células tumorais, assim como células
determinados sinais que causam a enxertadas (transplantadas) no
morte. Por exemplo, o fator de necrose organismo. Tanto TNF quanto o ligante
tumoral - TNF (do inglês tumor necrosis FAS interagem com receptores
factor), que é liberado pelos específicos na superfície celular. Estes
macrófagos em algumas doenças infl receptores são proteínas
amatórias crônicas e que dispara a transmembranas que apresentam, em
morte celular e a destruição do tecido. suas porções citosólicas, uma
Outro importante sinal que induz a sequência de aminoácidos conhecida
apoptose é a proteína denominada como domínio de morte. Quando os
Fas, que é produzida por algumas receptores são ativados pela ligação
células do sistema imunológico e que dos sinais (TNF ou Fas), este domínio
pode iniciar a morte de células atrai uma série de fatores
infectadas por vírus, de algumas citoplasmáticos que inclui o Domínio
células tumorais, assim como células de Destruição Associado a Fas – FADD
enxertadas (transplantadas) no (do inglês Fas receptor-associated
organismo. Tanto TNF quanto o ligante death domain) que age recrutando a
Fas interagem com receptores específi pro-caspase-8 e convertendo-a em
cos na superfície celular. Estes caspase-8 ativa. Logo esta caspase
receptores são proteínas iniciadora ativa uma cascata de
transmembranas que apresentam, em caspases que envolve a caspase-9 e a
suas porções citosólicas, uma caspase 3, que, como visto no tópico
sequência de aminoácidos conhecida anterior, é a caspase executora
como domínio de morte. Quando os responsável pela ativação das enzimas
receptores são ativados pela ligação que agem produzindo as alterações
dos sinais (TNF ou Fas), este domínio celulares específicas que culminam na
atrai uma série de fatores morte celular.
citoplasmáticos que inclui o Domínio
de Destruição Associado a Fas – FADD
(do inglês Fas receptor-associated
death domain) que age recrutando a
pro-caspase-8 e convertendo-a em
caspase-8 ativa. Logo esta caspase
iniciadora ativa uma cascata de
caspases que envolve a caspase-9 e a
caspase 3, que, como visto no tópico
anterior, é a caspase executora
responsável pela embora a morte
celular possa ocorrer na ausência de
fatores de sobrevivência como os
fatores tróficos, a apoptose pode
também ser induzida pela presença de
determinados sinais que causam a Apoptose ativada por mutações no
morte. Por exemplo, o fator de necrose DNA Outra condição biológica que
tumoral - TNF), que é liberado pelos pode levar a apoptose ocorre quando
macrófagos em algumas doenças o DNA sofre alterações irreversíveis em
inflamatórias crônicas e que dispara a sua estrutura e que podem
morte celular e a destruição do tecido. comprometer a viabilidade celular e
Outro importante sinal que induz a acarretar doenças diversas, inclusive o
apoptose é a proteína denominada câncer. Tais condições incluem: (1) o
Fas, que é produzida por algumas envelhecimento celular; (2) defeitos no
processo de replicação do DNA; (3) a
ação de agentes ambientais, químicos
e biológicos (raios X, radiação solar UV,
substâncias químicas, vírus, etc) e (4) o
acúmulo na célula de agentes
oxidantes como o peróxido de
hidrogênio (H2O2) e a espécie reativa
do oxigênio (os ânions superóxidos
O2-). Diante da presença destas
alterações, pode intervir a proteína p53
que participa na resposta intracelular
ao dano no DNA, atrasando a
progressão da fase G1 do ciclo celular.
Este atraso pode prover tempo para o
reparo no dano ao DNA. Quando este
reparo não tem êxito, estes danos
podem ser perpetuados como
mutações caso as células entrem na
fase S. Nesta situação, a própria
proteína p53 parece iniciar o processo
apoptótico celular, a fim de evitar a
transferência do DNA danificado às
células filhas. Para isso, a p53 inativa a
Bcl-2, o que desencadeia o mesmo
processo de ativação das caspases
que leva à morte celular, descrito
anteriormente para a situação em que
faltam os fatores tróficos

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