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Artigo Olavo v4
Artigo Olavo v4
ITAJAÍ
2018
INDÚSTRIA 4.0: Desafios e tendências na perspectiva organizacional
RESUMO
1
Pós-graduando do curso de especialização em Logística e Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. E-mail:
olavojuniorrj@gmail.com
2 Orientador do artigo: Romeu Zarske de Mello
1. INTRODUÇÃO
Para uma compreensão histórica dos fatos que desencadearam cada etapa
marcante das revoluções, neste primeiro momento apresenta-se de forma sucinta as
principais características do período e os aspectos que originaram as Revoluções
Industriais.
Em meio a um período de crises e transformações no decorrer dos séculos
XVII e XVIII, devido a razões econômicas, políticas e sociais, o capitalismo passa
por um período de estímulos, ocasionados pela Revolução Inglesa e mais tarde pela
Revolução Francesa. Através de importantes transições como o fim do absolutismo,
que possibilitou o surgimento do liberalismo na área política e o surgimento do
iluminismo em substituição aos ideais renascentistas, teve fim o então conhecido
como Antigo Regime onde predominava o princípio monárquico (HUBERMAN,
1984).
De acordo com Vilar (1988), ao consideramos a estrutura econômica e as
mudanças na área, surgiu em primeiro momento a necessidade de novos mercados
para comercialização dos produtos e mercadorias, valorizando assim, a questão do
aumento e acúmulo de riquezas, sendo esta uma característica predominante do
capitalismo. Outro fator de destaque, está ligado ao crescimento das cidades; com a
saída do produtor rural em direção as áreas urbanas, surgiram as chamadas
“massas humanas”, que não eram considerados escravos e nem camponeses,
porém estando nas cidades, este grupo de pessoas precisavam trabalhar, este
grupo mais tarde ficou conhecido como sendo os proletários, o período em questão,
ficou conhecido como pré-Revolução Industrial.
Diante das diversas alterações sociais durante este período histórico, a
classe burguesa deu início às mudanças do estilo de produção e contribuiu para o
surgimento de um novo mercado consumidor, o de produtos que mais tarde tiveram
sua produção em massa (HOBSBAWN, 1988).
Considerando o relato de Miranda (2012), o processo de industrialização no
continente europeu era limitado devido a questões tecnológicas, pois a linha de
produção tinha como base a força motriz humana e animal. A partir do momento que
o conhecimento do homem deu origem ao surgimento das máquinas, em especial a
máquina a vapor, explodiu a chamada primeira Revolução Industrial.
É certo que a Revolução Industrial se desenvolveu primeiramente na Grã-
Bretanha, onde foram desenvolvidas as primeiras máquinas a vapor e,
consequentemente, as primeiras fábricas que iniciaram a produção em
massa de bens de consumo. Desta forma, o capitalismo e a produção
industrial em massa foram implementados e desenvolvidos na Grã-Bretanha
e, logo depois, em alguns outros países europeus e nos Estados Unidos da
América, de uma forma avassaladora. (MIRANDA, 2012, p.12)
De acordo com Tadeu e Santos (2016) a primeira revolução industrial surgiu
no século XVIII, mais especificamente entre os anos 1760 e 1840, sendo os
destaques tecnológicos da época o motor a vapor e as linhas de transporte
ferroviário.
As evoluções e descobertas durante o período inicial da Revolução Industrial
foram responsáveis por gerar o aumento da produção e o acúmulo da renda per
capita. Está evidenciado que as características principais desta primeira Revolução
ocorrida na Inglaterra devem-se principalmente ao espírito empreendedor, às
inovações e invenções, ao avanço da ciência e as novas formas e métodos de
comércio (CONCEIÇÃO, 2012).
A mudança institucional e o capitalismo prevalecendo na economia, permitiu
a indústria se tornar a responsável pelo desenvolvimento e crescimento econômico
dentro da sociedade, isto devido a mudança de mentalidade na sociedade inglesa,
que ao desenvolverem técnicas e processos de industrialização permitiram a
transformação do método ARTESANAL de produção, para um processo
industrializado (VEBLEN, 1966).
No entanto, deve-se observar que esse desenvolvimento industrial se
caracterizou como um processo de crescimento desequilibrado entre as
indústrias. Ou seja, a dinâmica do crescimento se deu com o rápido e
excepcional crescimento de poucas indústrias e setores, as quais passaram
a liderar o processo de crescimento econômico do período. As indústrias
líderes da primeira revolução tecnológica e que deram origem a Revolução
Industrial na Inglaterra estiveram centradas nos avanços da indústria têxtil e
da indústria do ferro (CONCEIÇÃO, 2012, p.93)
Considerando a evolução ocorrida no período, desenvolve-se a segunda
onda da Revolução Industrial, que basicamente foi responsável por fazer a ligação e
ou transição entre a Primeira e a Segunda Revolução Industrial. De acordo com
Freeman e Louçã (2001), este período de transição para uma nova revolução se
caracterizou pelo rápido crescimento das indústrias, serviços e tecnologias, sendo
ponto de destaque também a agitação social e o desemprego que assolava a
sociedade no período.
A primeira Revolução Industrial, tem como característica principal as duas
ondas, sendo a primeira com base em tecnologias mecânicas e energia hidráulica e
a segunda caracterizou-se pela mecânica da energia a vapor (CONCEIÇÃO, 2012).
De acordo com Miranda (2012):
A principal característica das novas constelações de crescimento rápido do
período foi o surgimento da nova infraestrutura (ferrovias), de uma nova
fonte de energia (energia a vapor) e de novas máquinas (máquinas-
ferramenta e outras máquinas) que tiveram o efeito de propagar a
Revolução Industrial para novas regiões, países e indústrias que até então
haviam sido menos afetadas pela primeira onda longa e, dessa forma, foram
impedidas de alcançar o nível de desenvolvimento da Inglaterra.
Já a segunda Revolução Industrial surge no século XIX, com destaque para a
utilização da energia elétrica como principal recurso. Alguns pontos de destaque
para a fase considerada como a segunda Revolução Industrial, está na questão da
fase da industrialização em MASSA, tendo como exemplo típico o ferro, que já era
utilizado como insumo durante a Primeira Revolução, porém neste segundo período
destacou pelo uso deste material na construção das ferrovias e na criação de novas
máquinas (CONCEIÇÃO, 2012). De acordo com Freeman e Louçã (2001) as
características principais do período foi a expansão da malha ferroviária no território
inglês, o que ocasionou maior fluxo de passageiros e aumento de volume de cargas
e a possibilidade do uso de carvão para impulsionar os novos motores
desenvolvidos e considerados de alta pressão.
[...] o carvão e o vapor, portanto, não foram os agentes da Revolução
Industrial; mas permitiram seu extraordinário desenvolvimento e difusão.
Seu uso, comparado ao das fontes de energia substitutas, foi uma
consideração de custos e de conveniência. A vantagem da força hidráulica e
do vento consistia em que a energia empregada era gratuita; sua grande
desvantagem resumia-se que, muitas vezes, não era suficientemente
abundante e estava sujeita a variações que fugiam o controle humano.
(LANDES, 2005, p.94)
Com a constante evolução dos países europeus e dos Estados Unidos, a
Inglaterra deixou de ser considerada a propulsora de novas tecnologias, perdendo
inclusive no comparativo de produção e crescimento econômico, o que acabou
tornando os Estados Unidos a liderança da economia mundial. (CONCEIÇÃO,
2012).
Freeman e Louçã (2001) relatam que o desenvolvimento das ferroviárias foram
responsáveis pelo surgimento de novos padrões financeiros, trabalhistas,
administrativos e governamentais.
Devido às várias aplicações em diversos tipos de indústrias, ocorreu um
impacto profundo no sistema econômico originando uma nova revolução
tecnológica, marcando a idade do aço, da engenharia pesada e da eletricidade
(CONCEIÇÃO, 2012).
O surgimento da terceira Revolução Industrial é reflexo da constante evolução
e desenvolvimento científico, destaque para o surgimento do computador, a máquina
da terceira onda, que possibilitou o surgimento de novas técnicas e equipamentos
na área industrial, em paralelo com a descoberta e utilização do aço nos processos
industriais. Freeman e Soete (1997) definem como sendo a primeira e a segunda
Revolução Industrial a era do ferro e caracterizam a terceira Revolução industrial
como a era do aço. Conceição (2012) relata que as mudanças na organização e nas
filosofias organizacionais tiveram grande importância no processo da terceira fase
da revolução, onde o acompanhamento das inovações tecnológicas, possibilitou a
utilização das produções e operações consideradas de grande escala.
A Terceira Revolução Industrial pôde invocar em nosso imaginário uma
paisagem arrojada e futurista: robôs, máquinas de comando numérico,
manufaturas e desenhos ajudados por computador, programas de controle
de qualidade, ISO 9000 e reengenharia. Ela, no entanto, é mais que o
fetiche tecnológico, é um processo econômico, político e cultural em curso,
de grande dinamismo e alta complexidade e está acontecendo em escala
planetária e em ritmo intenso, exigindo a inserção de todos. (SILVA, SILVA
E GOMES, 2002, p.4)
4. Conclusão
Deve-se encarar a Indústria 4.0 como uma nova Era Industrial, sendo uma
revolução inovadora em vários setores. Podendo proporcionar a sociedade em geral,
um bem-estar e qualidade de vida ainda maiores. Pois considerando que as
máquinas estão se tornando mais inteligentes e assumindo muitas tarefas, surge a
possibilidade de as pessoas investirem seu tempo em outras atividades e projetos
pessoais.
Muitas organizações empresariais ainda não perceberam a importância da
gestão do conhecimento no desenvolvimento das atividades e no aumento da
produtividade. Porém o novo conceito da indústria 4.0 vem provocando mudanças
significativas nos processos de gestão e organizacionais, gerando novos desafios
para as empresas. Com isso destaca-se a importância da Gestão do Conhecimento
nas organizações que pretendem melhorar os resultados (VARGAS, 2017).
De acordo com Stevan (2018) as indústrias inseridas no processo da
Indústria 4.0 ou quarta Revolução Industrial, sua capacidade de inovação será um
importante diferencial no mercado, sendo que as abordagens da gestão tradicional
não irão se aplicar a esse novo cenário. Pois se as organizações precisam trabalhar
de forma inteligente, será necessário encontrar pessoas inteligentes e também a
criação de um clima organizacional com uma estrutura inteligente (máquinas e
equipamentos), sendo que para isso serão necessárias práticas de gerenciamento
adequadas.
Um dos pontos de impactos da Indústria 4.0, está relacionado à mudança do
mercado em geral, estando ligadas a criação de novos estilos e modelos de
negócios. Observa-se a necessidade de adaptação das empresas às exigências dos
mercados e clientes, personalizando seus produtos de acordo com as necessidades
do consumidor e se adaptando cada vez mais às preferências.
A quarta Revolução Industrial tende a gerar abalos e dificuldades no campo
da Tecnologia da Informação e na confiança do cliente com a empresa. Pois será
sempre necessário um constante desenvolvimento e atualização das tecnologias,
possibilitando maior adaptabilidade aos novos padrões organizacionais. Está
questão de adaptação e desenvolvimento profissional, também será necessária por
parte dos profissionais no mercado de trabalho.
REFERÊNCIAS
FREEMAN, C; LOUÇÃ; F. As time goes by: from the Industrial Revolution to the
Information Revolution. New York: Oxford University Press, 2001.
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. 20ª. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984
JAZDI, N. Cyber Physical Systems in the Context of Industry 4.0. New York:
2014.
RODRIGUES, R.A; ARAÚJO, G.F; SIQUEIRA, R.M. INDÚSTRIA 4.0: uma nova era
da manufatura. Ponta Grossa, 2017.
STEVAN, Junior. LEME, Murilo Oliveira. SANTOS, Max Mauro Dias. Industria 4.0:
fundamentos, perspectivas e aplicações. São Paulo: Erica. 2018.