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As raízes da civilização grega situam-se nas ilhas do mar Egeu, mais concretamente
nas Cíclades e em Creta entre c. 3000 e 1100 a.C. onde se estabeleceram os povos de
descendência indo-europeia provenientes das estepes da Ásia Central.
Entre 1600 e 1100 a.C. os Aqueus apoderam-se dos palácios e das riquezas de Creta
e fundam uma nova cultura em Micenas; incorporando características das culturas
antecessoras, que acabou por se afirmar por toda a Grécia Continental, estando na
origem da civilização Grega através da cultura Micena.
Com o declínio de Micenas, outros povos ocuparam a Hélade, a pátria dos Helenos;
Jónicos que ocuparam as ilhas do mar Egeu e parte da região central, fundando a
cidade de Atenas; Eólios, que se fixaram na região continental a norte, estando na
origem da Macedónia; e Dórios que viriam a estabelecer-se no Peloponeso e a fundar
a cidade de Esparta.
A estes povos, unidos pela língua, pelos costumes e pela religião, devemos a criação
da civilização grega, que entre c. 800 e 146 a.C. se desenvolveu em três períodos
distintos:
No início do século, Atenas foi confrontada com as Guerras Médicas (490-479 a.C.),
um prolongado conflito entre as cidades Gregas e a Pérsia, neste conflito, os Gregos
saem vitoriosos graças aos esforços de Atenas em unir as diversas cidades contra os
exércitos persas, foi também impulsionada a Liga de Delos, uma coligação político-
militar de cerca de duzentas cidades que contribuíam com dinheiro, embarcações e
exércitos de forma a defender o território.
Este período de estabilidade política, progresso económico e bem estado social, foi um
tempo de afirmação da liberdade, da consolidação da democracia e de reforço da
participação dos cidadãos na discussão e decisão na política na Pólis.
É neste contexto que surge Péricles, que governou cerca de trinta anos, é a esta figura
que se atribui os seguintes feitos, que caracterizou a denominada Idade do Ouro da
Grécia Antiga:
⤷ reforço das defesas de Atenas e das cidades gregas contra ameaças externas;
• Área sagrada:
⤷ lugar constituído pelos principais templos, santuários e altares, integrando na
acrópole um recinto sagrado, muralhado e situado num local elevado da
cidade
• Área pública:
⤷ zona dominada pela Ágora, local onde se realizavam diversas atividades
políticas, económicas e culturais; onde se situam os mercados, teatros e
stoas
• Área privada:
⤷ bairros residenciais
A ligação ao mar através do porto é essencial para a sua vida económica – para o
transporte de pessoas, mercadorias e escravos – e também cultural, impulsionando o
contacto com as colónias e com outras cidades e a troca de ideias e costumes.
Circundada por edifícios públicos, lojas, templos, altares e estátuas, a Ágora constituía
o centro da vida política, social, económica, religiosa e cultural da cidade de Atenas.
A Ágora era frequentada principalmente por homens, que preferiam a vida pública à
privada (esta última sendo atribuída às mulheres), era aqui que os homens se reuniam
para discutir sobre política, assuntos de justiça ou obras públicas, para conversar sobre
jogos e competições, para estabelecer negócios, comprar e vender escravos ou, para
disfrutar momentos de lazer.
⤷ cívica: sendo o lugar privilegiado para o debate livre e aberto à participação dos
cidadãos, valorizando-se a retórica, a eloquência e a racionalidade dos argumentos.
A mitologia era transmitida por via oral de geração em geração ao longo dos tempos,
as célebres lendas acerca da vida de deuses e heróis refletem o espírito grego através
das histórias fantásticas cujos temas percorrem toda a cultura grega.
• Sócrates
⤷ concentra-se na verdadeira natureza do Homem, apelando que só o
conhecimento próprio podia conduzir o Homem à virtude, à verdade, ao bem
e ao belo
• Platão
⤷ defendeu a diferenciação do mundo entre as coisas visíveis (a matéria e os seres
vivos), considerando-o um mundo de aparências, e as coisas sensíveis (o
mundo das ideias, das essências ideais e imutáveis), correspondendo ao que é
permanente e universal
• Aristóteles
⤷ privilegiou a perceção e análise empírica, em detrimento das ideias e das
sensações
Ainda reminiscente de Micenas, o espaço mais característico dos palácios dos reis
aqueus, o Mégaron (destinado às cerimónias religiosas) estaria na origem da
estrutura dos templos gregos.
A estrutura do templo tem como base um sistema trilítico (três pedras): dois elementos
verticais (as colunas) suportando um elemento horizontal (a arquitrave). Derivado do
Mégaron micénico o edifício apresenta uma planta retangular em três espaços:
As Ordens Arquitetónicas
• Ordem Dórica
⤷ possui formas geométricas e a sua decoração é quase inexistente
⤷ não tem qualquer tipo de base, assenta diretamente no estilóbato
⤷ apresenta um aspeto sóbrio, pesado e maciço, traduzindo na forma masculina
⤷ o fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e capitel formado pelo ábaco, e
equino extremamente simples e geométrico
⤷ simboliza imponência e solidez
• Ordem Jónica
⤷ difere da anterior em proporções de todos os elementos e na decoração mais
abundante da coluna
⤷ pelas suas dimensões e formas mais esbeltas traduz-se na forma feminina
⤷ possui um fuste mais longo e delgado, com caneluras semicilíndricas
⤷ o capitel possui um ábaco mais simples
• Ordem Coríntia
⤷ é uma derivação da jónica, resultando no seu enriquecimento decorativo
⤷ possuía um capitel em forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto,
coroadas por volutas jónicas
⤷ a sua base era a mais trabalhada e o fuste mais adelgado; simboliza a ambição, o
poder, a riqueza, o luxo e a ostentação
O Pártenon
• A Escultura
⤷ trata-se de um templo períptero (com colunas em todo o seu perímetro),
octástilo (na proporção de 8 colunas nas fachadas frontais por 17
colunas nas fachadas laterais), anfiprostilo (com vestígios de porticados
nas fachadas frontais) e com um duplo naos
⤷ as 46 colunas do peristilo são de ordem dórica com um fuste de 10,43m de
altura, formado por 11 tambores estriados e unidos em aresta viva. As colunas
sem base assentam diretamente no estilóbata e o capitel suporta uma arquitrave
com um único nível
• Características
⤷ a ordem das colunas do peristilo é dórica, mas é um templo octástilo, tal
como os templos jónicos
⤷ a planta integra uma naos dividida por uma colunata dórica em forma de U,
formada por colunas dóricas duplas sobrepostas
⤷ os frontões apresentam motivos escultóricos nos tímpanos: “ Nascimento de
Atena” no frontão este e “Disputa de Ática” no frontão oeste
⤷ nos frisos, as métopas apresentam os seguintes motivos: no friso este, cenas da
“Gigantomaquia”; no friso oeste cenas da “Amazonomaquia”, no friso
norte cenas da “Guerra de Tróia” e no friso sul cenas da
“Centauromaquia”
⤷ as paredes exteriores da cella estão revestidas por um friso jónico com 160m
representando “A procissão das Panateneias” também da autoria de
Fídias
⤷ procurando atingir os ideais de beleza e perfeição, todos os arquitetos aplicaram
uma regra de proporção de 4:9 a todo o sistema estrutural
⤷ o Pártenon constitui o paradigma da ordem, da proporção e da harmonia
⤷ para criar uma imagem de perfeição ótica, os arquitetos aplicaram ligeiras
correções no traçado do edifício, de modo a compensar os “defeitos
óticos” gerados pelos efeitos de perspetiva das linhas retas, horizontais e
verticais
A escultura Arcaica
Neste período arcaico produziram-se dois tipos de estátuas com significados distintos:
No início do século V a.C. surgiram obras que evidenciaram novos interesses estéticos:
o escorço, o desenho com efeito de perspetiva, utilizado para representar objetos ou
figuras com dimensões mais pequenas do que o natural; e o movimento,
experimentando a ação dinâmica dos membros e do corpo.
A escultura grega alcança o seu expoente máximo no período clássico, que numa
primeira fase, atinge o apogeu do naturalismo nas obras e escultores como Fídias,
Míron e Policleto e introduz as bases do cânone clássico na representação do corpo
humano: a partir daí é estabelecida uma inovação estética, o contraposto que confere
um maior realismo às estátuas.
• Míron
⤷ pesquisas sobre a forma, a proporção e o movimento do corpo
• Fídias
⤷ pelas obras que realizou no Pártenon pode-se apontar o movimento, a
proporção e os valores plástico e expressivo das figuras de forma a atingir a
harmonia, a serenidade e o naturalismo
• Policleto
⤷ harmonia das partes anatómicas, aplicação do contraposto, a altura do corpo
igual a sete vezes a altura da cabeça
Após a queda de Atenas (Guerra do Peloponeso, 404 a.C.) seguiu-se uma época de
desencanto e frustração que resultou numa mudança de mentalidade e na consequente
substituição do projeto coletivo pelo individual:
Assim, na primeira metade do século IV a.C. deu lugar a uma segunda fase do
Classicismo, caracterizada pela utilização dos recursos técnicos da época anterior, mas
num sentido mais descontraído, ligeiro e hedonista.
• Escopas
⤷ confere às suas figuras uma expressão patética num estilo dinâmico, agitado e
por vezes de uma violência emocional
• Lisipo
⤷ estabeleceu um cânone com novas proporções, com um corpo mais esbelto e
uma cabeça mais pequena, deixando nas suas obras um pathos mais
pronunciado
O Estilo Geométrico
A cerâmica pintada é uma das atividades artísticas mais praticadas na Grécia Antiga;
que constituiu um dos principais produtos de exportação para todo o mundo antigo.
• Temas
⤷ cenas mitológicas
⤷ apontamentos do quotidiano
⤷ representação de reis e atletas
⤷ cenas funerárias
Entre os séculos IX e VIII a.C. evidenciou-se um tipo de cerâmica designado por Estilo
Geométrico:
⤷ apresenta influências da tradição artística creto-micénica
A partir do século VIII a.C. a pintura geométrica evolui para a inclusão de elementos
figurativos misturados com motivos geométricos, sendo as figuras humanas silhuetas
esquematizadas estilizadas a negro.
⤷ preferência pela figuração à cerâmica pintada, sobretudo com o recurso a cenas de carácter
mitológico
No final do século VII e até c. 480 a.C. na designada “fase arcaica recente” surge o
estilo de Figuras Negras:
Entre 480 e 323 a.C. desenvolve-se o período clássico num inovador processo de
aperfeiçoamento técnico, formal e estético no qual é criado o estilo de Figuras
Vermelhas:
⤷ maior expressividade e valor plástico acentuado pelo naturalismo das figuras e dos cenários
de enquadramento
A Pintura a Fresco
A pintura não foi menos importante na Grécia Antiga, no entanto poucos foram os
testemunhos que chegaram aos nossos dias. A pintura foi utilizada em diversos
suportes e teve várias funções:
⤷ decoração interior
⤷ enriquecimento do espaço com uma componente cenográfica como também para valorizar
plasticamente a escultura e a arquitetura
A pintura mural a fresco era a técnica mais utilizada, grande parte desse trabalho
desapareceu pelas mais diversas razões, no entanto através de fontes literárias ou de
cópias romanas posteriores podemos aferir a qualidade técnica e plástica da pintura.
⤷ domínio do movimento
Quanto à pintura clássica, que se desenvolveu no século IV a.C. foi dominada por
trabalhos que se distinguem: