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Cidade-estado
Mitologia
Entre os séculos VII e VI a.C. a civilização grega desenvolveu um processo cultural original que
ultrapassou, em diversos aspetos, as várias civilizações da época e que veio a afetar a sua vida em todos
os domínios.
As origens da civilização grega/Os
princípios do Classicismo
As raízes da cultura e da arte Grega situam-se nas ilhas do Mar Egeu – nas Cíclades e em Creta.
Entre 3000 e 1100 a.C. estabeleceram-se nessas ilhas povos que se dedicaram ao comércio marítimo e
à pesca e expandiram a sua influência por todo o Mar Mediterrâneo.
Entre 1600 e 1100 a.C., os Aqueus (um povo de guerreiros indo-europeus) apoderaram-se dos
palácios e das riquezas de Creta e fundaram uma outra cultura – a cultura micénica – incorporando
características das culturas anteriores.
Com o declínio de Micenas (c. 1100 a.C.), outras tribos vindas do Norte – os Helenos – ocuparam a
península, as ilhas e a costa da Ásia Ocidental, assimilando as culturas antecessoras.
A partir do século VIII a.C. os povos gregos – os Helenos – fundaram gradualmente várias
colónias no Mediterrâneo e estabeleceram relações comerciais com os povos vizinhos.
Estes contactos proporcionaram-lhes uma visão mais ampla e relativa dos fundamentos da
sua cultura e, especialmente, das suas crenças religiosas.
Para este facto contribuiu também o seu sistema político assente na democracia e num forte
sentido de independência da pólis.
As origens da civilização grega/Os
princípios do Classicismo
Todos estes fatores explicam o desenvolvimento de um pensamento autónomo, alheio às
crenças religiosas, pondo em causa permanentemente a visão mítica do mundo e da história.
Neste período, duas cidades afirmam o seu poder disputando a hegemonia do território:
Esparta e Atenas com dois regimes opostos: a oligarquia e a democracia, respetivamente.
Pólis: Designação atribuída às cidades-estado gregas que eram administradas
num regime económico, social e religioso de plena autonomia. Daria origem a
“política”, referindo-se à arte de governar e dirigir os assuntos de uma cidade
ou de um estado.
Oligarquia:
governo de um estado em que o poder é detido por algumas famílias mais poderosas.
Para os gregos antigos, pólis significava a agregação de homens livres, isto é, a comunidade
de cidadãos que habitava em conjunto um território que lhes pertencia (a cidade-estado) e
que geria, e do qual obtinha a sua sobrevivência.
O território da pólis ateniense era a Ática, uma pequena península dos Balcãs projetada sobre
o mar Egeu e as ilhas Cíclades.
A pólis de Atenas: a ágora, o porto e o
mar
Séc. V a.C.
A palavra “ágora” tem origem no grego agorien, significando “discutir, deliberar, decidir”.
A evolução do significado da palavra fez com que, no século IV a.C. esta se referisse a
comprar.
De facto, o comércio foi uma das principais atividades dos povos antigos e que mais
estimulou as relações entre os povos, implicando a comunicação, a discussão de interesses, a
troca de ideais e também a tomada de decisões.
Neste sentido, a ágora torna-se um campo inesgotável de trocas humanas,
dos produtos aos bens, das histórias às ideias, que tanto contribuiu para a
evolução das sociedades.
A pólis de Atenas: a ágora, o porto e o
mar
Para além da acrópole, dos bairros habitacionais e da ágora, a cidade de Atenas possuía ainda um
porto de mar, o porto do Piréu.
A ligação com o mar foi de vital importância para as cidades-estado gregas, incluindo Atenas.
território pobre em recursos naturais, pelas condições morfológicas e pelo clima, o mar
desempenhou desde cedo um papel fundamental na sobrevivência económica das populações
que colmatavam com a pesca e com o comércio a pobreza da agricultura e da criação de gado.
Além disso, foi também uma porta aberta a outros contactos que enriqueceram a vivência grega.
O século de Péricles (século V a.C.)
O século V a.C. ficou ligado a Péricles, essencialmente, por dois motivos:
Com esta reconstrução a Acrópole tornou-se num conjunto artístico monumental: para além
da gigantesca estátua a Atena (desaparecida), ali se construíram alguns dos edifícios mais
significativos da Antiguidade Clássica: o Pártenon, consagrado a Atena, o Templo de Atena
Niké e o santuário de Erectéion.
Pártenon, acrópole de Atenas
Descendente de uma das mais nobres e poderosas famílias atenienses, Péricles foi um célebre e
influente estadista, orador e strategos militar (general) de Atenas entre 443 e 429 a.C., ou seja,
entre as Guerras Médicas (contra os persas) e a Guerra do Peloponeso (contra Esparta).
Durante este período, Péricles reconstruiu a cidade devastada pelas Guerras Médicas, fortaleceu a
democracia, desenvolveu as artes e as letras e protagonizou o período mais próspero da história
da Atenas, como já havia sido referido.
O grego Péricles (c.495/492-429 a.C.)
Homem culto e inteligente privou num círculo de homens eruditos. Dele se dizia ser um
homem de carácter forte, sóbrio, reservado e incorruptível, e que, devido às suas
capacidades políticas e dotes de oratória, já exercia influência sobre as decisões políticas da
cidade desde c.460 a.C.
Uma das medidas políticas mais importantes de Péricles foi a transferência, em 450 a.C., do
“Tesouro dos Deuses” da liga de Delos para Atenas.
Com os fundos do “Tesouro dos Deuses” e numa iniciativa com um forte carácter político,
patrocinou a reconstrução da acrópole, numa ampla intervenção que constituiu o mais
ambicioso empreendimento da arquitetura grega e representou o apogeu do Classicismo.
O grego Péricles (c.495/492-429 a.C.)
Péricles tinha como objetivo fazer da cidade uma democracia ideal, uma sociedade com equilíbrio
de interesses entre os cidadãos e o estado.
Morreu em 429 a.C., vítima de uma epidemia que devastou Atenas, dois anos após a eclosão da
longa Guerra do Peloponeso que deixaria Atenas destruída, desgastada e arruinada.
Sucintamente, a sua atuação durante cerca de trinta anos caracterizou-se por:
Consolidação da democracia, na paz e na prosperidade; limitação dos poderes da aristocracia;
criação da mistoforia (subsídio atribuído a todos os que faziam parte da Assembleia de cidadãos) e
reconstrução artística da cidade de Atenas.
A nível externo, assegurou a defesa de Atenas e das cidades gregas, reforçando o poder da Liga
de Delos e impondo o imperialismo de Atenas.
Péricles marcou de tal modo a vida do seu tempo que ao século V a.C. é comum chamar-se “o
século de Péricles”.
O grego Péricles (c.495/492-429 a.C.)
AS VIRTUDES DE PÉRICLES
“Segundo Tucídides (historiador grego – c.460-400 a.C. -, [Péricles] é o primeiro dos Atenienses.
Reúne na sua pessoa quatro virtudes que, ligadas umas às outras, definem o grande homem de
Estado. Tem a inteligência, isto é, a faculdade de analisar uma situação política, de prever
exatamente o acontecimento e de responder-lhe com um ato. Tem a eloquência que convence, que
faz que o povo inteiro participe na sua ação. [...] Terceira virtude: o patriotismo mais puro – para
ele, nada está a cima do interesse da comunidade dos cidadãos, acima da honra da cidade de
Atenas. Finalmente, é do mais puro desinteresse (no sentido de não se servir de Atenas para o seu
engrandecimento).” André Bonnard, Civilização Grega,
Editorial Estudos de Cor, 1966