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A paixão pela profissão é um pré-requisito

para o sucesso?
https://forbes.com.br/carreira/2021/05/a-paixao-pela-profissao-e-um-pre-requisito-para-o-
sucesso/

Todos nós já ouvimos em algum momento da vida que deveríamos “seguir a


nossa paixão” ou “fazer o que nos deixa mais felizes”. Mas será que isso é um
bom conselho?
Uma pesquisa publicada na revista acadêmica “Proceedings of the National
Academy of Sciences” sugere que a resposta não é tão clara quanto poderíamos
pensar. Na verdade, há casos em que seguir nossas paixões pode nos levar ao
caminho errado, especialmente quando as coisas que queremos alcançar
entram em conflito com as expectativas familiares e culturais.

“Em dados obtidos com adolescentes de 59 países ao redor do mundo,


encontramos evidências de uma variação cultural na relação entre paixão e
realização”, dizem os autores da pesquisa, liderada por Xingyu Li, professor da
Universidade de Stanford. “Em sociedades individualistas, a paixão se sobrepõe
às realizações. Nas sociedades coletivistas, a paixão ainda interfere
positivamente nas realizações, mas é um fator muito menos poderoso. Lá, o
apoio dos pais é mais importante do que as conquistas e as paixões.”

Em outras palavras, as pessoas criadas em culturas que priorizam a


independência e a autonomia pessoal, como os Estados Unidos e a Europa
Ocidental, são mais propensas a se beneficiar ao perseguir suas paixões do que
as pessoas que vivem em culturas que valorizam a interdependência, a
harmonia e o coletivismo (culturas asiáticas, por exemplo).

“Essas descobertas sugerem que, além da paixão, as realizações podem ser


estimuladas pelo esforço para atender às expectativas da família”, afirmam os
autores.

Esta pesquisa revela um conjunto bem mais amplo de questões que giram em
torno de um tema central: o que torna as pessoas bem-sucedidas? Aqui estão
três generalizações sobre a relação entre a motivação e o sucesso a partir das
pesquisas:

1. Definir metas alinhadas é uma parte importante para alcançar o sucesso

A capacidade de perseguir nossas paixões pode não ser primordial em todos os


lugares, mas certamente é importante. Uma pesquisa recente publicada no
“Journal of Research in Personality” sugere que as pessoas que buscam
objetivos alinhados com seus valores, talentos, interesses e necessidades têm
maior probabilidade de atingi-los.

Como você sabe se uma meta se encaixa nesses critérios? A escala a seguir
pode ajudar. Avalie o quão bem cada uma dessas perguntas explica por que
você deseja atingir esses objetivos:

 Alguém mais deseja que eu atinja esse objetivo?


 Receberei algo de alguém se o fizer?
 Eu me sentiria envergonhado se não atingisse essa meta?
 Eu realmente acredito que essa é uma conquista importante a se ter?
 Esse objetivo me proporcionará diversão e prazer?
 Essa meta representa quem eu sou e reflete o que mais valorizo na vida?

Se você sentiu que as perguntas de 4 a 6 descreviam seus objetivos, é provável


que esteja no caminho certo. Se você sentiu que as perguntas 1, 2 e 3 se
aplicam melhor à sua situação, então talvez você queira mudar de curso.

Além disso, o estudo mostra que as pessoas que exibem um alto grau de
“atenção plena”, ou capacidade de se concentrar no presente, são melhores
em estabelecer objetivos certeiros.

2. Perfeccionismo nem sempre produz sucesso

O perfeccionismo é geralmente visto como uma característica desejável


quando se trata de alcançar o sucesso. Mas uma nova pesquisa publicada no
jornal acadêmico “Frontiers in Psychology” desafia essa suposição, sugerindo
que há casos em que o perfeccionismo pode realmente impedir o êxito
profissional.

De acordo com o estudo, existem dois tipos de perfeccionistas. Um chamado


de perfeccionista “esforçado”, caracterizado por um desejo intrínseco de ser o
melhor, enquanto o outro, chamado de perfeccionista “avaliador”, tem mais a
ver com a importância de não falhar aos olhos das outras pessoas.

Como saber se você é um perfeccionista empenhado ou um perfeccionista


avaliador? Novamente, a escala a seguir pode ajudar. Indique o seu nível de
concordância com as oito afirmações abaixo para ver qual “tipo” o descreve
melhor.

Tipo esforçado:
 Eu defino objetivos mais elevados para mim do que a maioria das pessoas
 Tenho objetivos extremamente altos
 Outras pessoas parecem aceitar padrões mais baixos de si mesmas do que
eu
 Espero um desempenho melhor em minhas tarefas diárias do que a
maioria das pessoas.

Tipo avaliador:

 Se eu reprovar no trabalho/escola sou um fracasso como pessoa


 Se alguém realizar uma tarefa melhor do que eu, sinto que falhei em tudo
que fiz
 Se eu não me der bem o tempo todo, as pessoas não vão me respeitar
 Quanto menos erros eu cometer, mais as pessoas gostarão de mim

Os pesquisadores descobriram que o aspecto avaliativo do perfeccionismo se


correlacionou significativamente com as medidas de depressão e ansiedade,
enquanto o aspecto esforçado obteve uma relação fraca ou ausente com esses
distúrbios.

3. Um pouco de incentivo pode fazer toda a diferença

Parte do sucesso tem a ver com as características que possuímos e as escolhas


que fazemos. Outra parte tem a ver com o ambiente em que trabalhamos e as
pessoas que nos cercam.

Um estudo recente publicado no jornal acadêmico “Psychological Science”


descobriu que, em ambientes de trabalho, é mais fácil obter sucesso quando as
pessoas são recebidas com incentivo – e não com críticas.

“Nossa sociedade celebra o fracasso como um momento de aprendizado”,


dizem os pesquisadores liderados por Lauren Eskreis-Winkler, da Universidade
de Chicago. “Ainda assim, descobrimos que ele faz o oposto: prejudica o
aprendizado. O feedback da falha mina a motivação porque é uma ameaça ao
ego. Isso faz com que os participantes se desliguem e parem de processar
informações.”

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores recrutaram 422 operadores de


telemarketing de uma empresa de call center para participar de um breve
estudo online. Nele, os trabalhadores foram solicitados a responder a dez
perguntas triviais sobre atendimento ao cliente e satisfação. Uma das questões,
por exemplo, dizia: “Quanto dinheiro, anualmente, as empresas dos Estados
Unidos perdem devido ao mau atendimento ao consumidor?” As respostas
foram: (a) aproximadamente US$ 90 bilhões ou (b) aproximadamente US$ 60
bilhões. ”

Durante o teste, os participantes foram designados aleatoriamente para


receber feedbacks orientados para o sucesso ou para o fracasso. Os
participantes do primeiro grupo recebiam a mensagem “Sua resposta estava
correta” após cada acerto, enquanto o segundo recebia a mensagem “Sua
resposta estava incorreta” depois de cada erro.

Os pesquisadores então pediram aos participantes que respondessem às


quatro perguntas sobre as quais haviam recebido feedback, mas com uma
pequena alteração. As perguntas foram formuladas ao contrário (por exemplo,
“Qual dos seguintes valores NÃO é o valor que as empresas dos EUA perdem
anualmente devido ao mau atendimento ao consumidor?”).

Os estudiosos descobriram que os operadores de telemarketing que receberam


feedbacks orientados para o sucesso responderam 62% das perguntas
reformuladas corretamente, enquanto os participantes que receberam
feedbacks orientados para o fracasso acertaram apenas 48% do formulário.

“O resultado mostra que as pessoas consideram o fracasso uma ameaça ao ego,


o que as leva a se desligar da mente e perder as informações que são
oferecidas”, concluem.

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