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Escola Profª Elizângela Glória Cardoso

Disciplina: Geografia
Professor: Ícaro
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Por que estudar Geografia?
Nos anos 1970, criou-se nos Estados Unidos a expressão "analfabetismo
geográfico" (geographic illiteracy) por causa da enorme carência de conhecimentos
geográficos entre a população em geral e entre os estudantes em particular. Os
educadores daquele país e a mídia, isto é, os meios de comunicação (jornais, revistas,
televisão, rádio), logo fizeram uma campanha para denunciar esse problema. A charge
abaixo, de autoria de Garry Trudeau, publicada no jornal inglês The Guardian, em 1988,
exemplifica muito bem a denúncia sobre esse analfabetismo geográfico. Observe-a:

Esse analfabetismo geográfico tinha - e, em parte, ainda tem - indesejáveis


consequências práticas. Por exemplo: nos anos 1980, ao tentar entrar no mercado
brasileiro, uma empresa de aviação estadunidense teve enormes prejuízos porque
servia comida mexicana nos seus aviões e treinou os seus funcionários para falar em
espanhol, imaginando que esse fosse o nosso idioma!; a maior rede de comércio
varejista do mundo também fracassou nos seus primeiros anos de negócios no Brasil,
pois entulhou suas lojas com artigos impróprios ao nosso clima e aos nossos hábitos
(roupas para esquiar, agasalhos para o frio do Alasca, tacos de beisebol, etc.). Existem
centenas ou talvez milhares de exemplos semelhantes, não só em relação ao Brasil, mas
também a inúmeros países da América Latina, da Ásia, da África e até da Europa.
Assim, as autoridades e os educadores estadunidenses não ficaram apenas na
campanha de denúncias. Logo partiram para a ação, realizando uma Semana de
Conscientização Geográfica (Geography Awareness Week) em junho de 1987 no
Congresso Nacional, em Washington; e nos anos 1990 promoveram uma radical reforma
do seu sistema escolar, na qual, entre outras mudanças, aumentaram o número de aulas
de geografia por semana e modificaram o currículo, acabando com a geografia
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tradicional descritiva e procurando ligar a geografia com a vida, com os problemas do
mundo, do país e do lugar onde a escola está inserida.
Veja trechos dos discursos feitos por algumas autoridades estadunidenses
durante essa semana de conscientização:
Todos nós no Congresso imaginamos que é de vital importância melhorar nosso
sistema educacional, se quisermos manter a nossa posição competitiva na economia
mundial. Como parte desse esforço, devemos nos assegurar de que os jovens americanos
tenham uma clara compreensão sobre como o mundo é e quais são as influências
humanas geograficamente positivas. (Senador Edward Kennedy).
Dependemos de uma população bem informada para manter os ideais
democráticos que fizeram a grandeza deste país. Quando 95% de nossos estudantes
universitários não conseguem localizar o Vietnã num mapa-múndi, devemos nos
alarmar. Quando 63% dos americanos que participaram de uma pesquisa nacional feita
pela CBS e pelo Washington Post não conseguiram dar o nome das duas nações
envolvidas nas conversações SALT1, estamos falhando em educar nossos cidadãos para
competir neste mundo cada vez mais interdependente. (Senador William Bradley).
Ignorar geografia é uma atitude irresponsável. Ela é tão importante para os
negócios e a política doméstica quanto para as decisões militares e de política exterior.
(Gilbert Grasvenor, presidente da Sociedade Nacional de Geografia dos Estados Unidos).

• Afinal, o que é geografia?


A geografia é o estudo do espaço geográfico.
Mas o que é esse espaço?
É o local ou meio onde vivem os seres humanos: a superfície terrestre.
Assim, o campo de estudos da geografia é o espaço da sociedade humana, em que
homens e mulheres vivem e, ao mesmo tempo, produzem modificações que o
(re)constroem permanentemente. Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas,
populações, todos esses elementos - além de outros - constituem o espaço geográfico,
isto é, o meio ou a realidade material em que a humanidade vive e do qual é parte
integrante.
Tudo nesse espaço depende do ser humano e da natureza. Esta última é a fonte
primeira de todo o mundo real. A água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento e todas
as outras coisas que existem nada mais são que aspectos da natureza. Mas o ser humano
reelabora esses elementos naturais ao fabricar plástico a partir do petróleo, ao represar

1
SALT: sigla em inglês das Negociações para Limitação de Armas Estratégicas [Strategic Arms Limitation
Talks], que ocorreram nos anos 1970 entre as duas superpotências da época: Estados Unidos e União
Soviética.
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rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar cidades, ao inventar
velozes aviões para encurtar as distâncias.
Assim, o espaço geográfico não é apenas o local de morada da sociedade humana,
mas principalmente uma realidade que é a cada momento (re)construída pela
atividade do ser humano.
As modificações que a sociedade humana produz em seu espaço são hoje mais
intensas que no passado. Tudo o que nos rodeia se transforma rapidamente. Com a
interligação entre todas as partes do globo e com o desenvolvimento dos transportes e
das comunicações, passa a existir um mundo cada vez mais unitário. Pode-se dizer que,
em nosso planeta, há uma única sociedade humana, embora seja uma sociedade plena
de desigualdades e diversidades.
Os “mundos” ou as sociedades isoladas, que viviam sem manter relações com o
restante da humanidade, cederam lugar ao espaço global da sociedade moderna.
Na atualidade, não existe nenhum país que não dependa dos demais, seja para o
suprimento de parte das suas necessidades materiais, seja pela internacionalização da
tecnologia, da arte, dos valores, da cultura.
Em síntese, estudar geografia é uma forma de compreender o mundo em que
vivemos. Por meio desse estudo, podemos entender melhor o local em que moramos -
seja uma cidade, seja uma área rural - e o nosso país, bem como os demais países. Para
nos posicionarmos de forma inteligente em relação a este mundo, temos de conhecê-
lo bem. Para nele vivermos de modo consciente e crítico, devemos estudar os seus
fundamentos, desvendar os seus mecanismos.
Ser cidadão pleno em nossa época significa, antes de tudo, estar integrado
criticamente na sociedade, participando ativamente de suas transformações. Para isso,
devemos refletir sobre o nosso mundo, compreendendo-o do âmbito local até os
âmbitos nacional e planetário. E a geografia é um instrumento indispensável para
empreendermos essa reflexão, que deve ser a base da nossa atuação no mundo.
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Com base nas figuras e no texto, reflita sobre as questões a seguir e responda-as
no caderno:
a) O que você entendeu por analfabetismo geográfico?
b) Você acha que no Brasil também existe analfabetismo geográfico? Justifique.
c) Por que os intelectuais e as autoridades dos Estados Unidos, a maior potência
econômica e militar do planeta, consideraram importante aprimorar o ensino de
geografia entre os cidadãos do seu país?
d) Dê alguns exemplos da importância da geografia para a política, para a guerra, para a
economia e para sua vida.

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