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quem defendesse que não deviam ser eles a assumir esse peso. Attal vem clarificar
agora a situação, antes do início do novo ano letivo de 2023.”
Ainda segundo o DN “os ataques à laicidade aumentaram desde que, em 2020, o
professor Samuel Paty foi assassinado à porta de uma escola após ter mostrado os
cartoons do profeta Maomé na sala de aula. O aumento dos ataques foi de 120% entre o
ano escolar de 2021/2022 e 2022/2023. O uso de símbolos religiosos, que representam a
maioria dos casos, aumentou mais de 150% ao longo do último ano escolar.”
Por outro lado, o Ministro, no seu anúncio da clarificação da lei de 2004,
esquece-se de referir o princípio da liberdade religiosa e liberdade de expressão presente
no princípio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, segundo o
qual cada indivíduo é livre para crer e praticar a sua religião dentro do respeito da
ordem pública. Inclusivamente, o Ministro parece querer impor aos alunos uma religião
proveniente do Estado quando diz que a escola deverá ser um “santuário secular”. Esta
afirmação em si é contraditória pelo facto de “santuário” ser um lugar consagrado por
uma religião, enquanto que “secular” refere a imparcialidade a uma religião. Assim o
Ministro com esta afirmação no seu discurso promove o secularismo nas escolas como
uma doutrina do Estado.
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Também no Reino dos Países Baixos é proibido o uso de qualquer roupa que
cubra o rosto, assim como na Dinamarca, Áustria, Bulgária e Bélgica. Noutros países da
Europa persistem discussões sobre esta polémica (Alemanha, Suíça, Estónia, Letónia,
Lituânia e Noruega).
Em Portugal este tema não está a ser debatido, mas sobre esta nova clarificação
do governo francês sobre o uso da abaya nas escolas públicas o Vice-presidente da
Comissão da Liberdade Religiosa em Portugal (Fernando Soares Loja), diz que
“devemos ser compreensivos para com uma cultura, com a cultura do país de
acolhimento, que se sente, de alguma forma, posta em causa, pelo facto de as pessoas
que são de uma cultura estrangeira, como é o caso dos árabes, não respeitarem a
cultura do país de acolhimento”.
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para ser aceite e quem tem o poder de definir e decidir estes critérios? Como bem se
percebe é demasiado subjetivo e fonte de ambiguidades e injustiças.
Após muita ponderação diante de uma questão tão difícil, complexa e delicada,
considero a decisão do governo francês necessária face aos incidentes graves que terão
de ser rapidamente banidos nas escolas.
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Fontes:
Notícia da DW
https://www.dw.com/pt-br/onde-%C3%A9-proibido-ocultar-o-rosto-na-europa/a-
49849482