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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per-
gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que
esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se-
guida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÕES E ETIOLOGIA ASSOCIADOS À DEFICIÊN-
CIA INTELECTUAL
Fonte: criancasespeciais.com.br
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embora lentamente, em ações de ensino. Nesse período, ocorreram os primeiros mo-
vimentos de institucionalização de locais para tratamento desses indivíduos em con-
ventos e hospícios (ARANHA, 1995).
Em pouco tempo, a DI tornou-se objeto de atenção de vários educadores, e a
sociedade defendeu a criação de organizações separadas onde essas pessoas, se-
gregadas e classificadas quanto às suas diferenças, pudessem receber um melhor
atendimento com menos recursos. No entanto, somente no século XIX observou-se
uma atitude de responsabilidade pública em relação às necessidades das pessoas
com DI (SILVA; DESSEN, 2001). Durante o século XIX até meados do século XX, os
estudos sobre a DI tornaram-se de caráter mais científico, e houve uma tentativa de
uniformização do conceito.
No Brasil, as primeiras ações voltadas especificamente para as pessoas com
DI aconteceram durante o século XX. Na década de 1950, as discussões sobre o
objetivo e a qualidade dos serviços educacionais especiais permearam o cenário mun-
dial. Enquanto isso, no Brasil, a escassez de serviços e o descaso do poder público
deram origem a movimentos comunitários que ocasionaram a implantação de escolas
especiais privadas. A partir da década de 1970, o poder público posicionou-se mais
afirmativamente sobre essa questão, ampliando o acesso à escola para a população
em geral e implantando as classes especiais na educação básica (JANNUZZI, 2004).
Na segunda metade do século, houve também a criação de inúmeras institui-
ções (particulares sem fins lucrativos) voltadas ao atendimento de pessoas com DI,
todas marcadas pela política paternalista ou de proteção. Entre essas instituições,
destacou-se a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Sociedade
Pestalozzi (PEREIRA, 2009), ambas importantes na história dessa deficiência, e que
até hoje oferecem assistência a essa população, buscando articular seus projetos à
proposta de inclusão social adotada no Brasil desde a década de 1990.
A história da DI sugere que sua existência e desenvolvimento como uma cate-
goria social é muito complexa, pois a mutabilidade, a variabilidade e a inconsistência
conceitual, além das lutas contra a opressão travadas ao longo do tempo, denotam
que ainda não há base para uma identidade social. Em 2018, a deputada federal Re-
jane Dias entrou com uma proposta de emenda à Constituição — a PEC n.º 427/18.
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e tarefas esperadas para uma pessoa em um ambiente social” (VERDUGO ALONSO;
SCHALOCK, 2010, p. 10).
O próximo conceito tem enfoque multidimensional, e considera o funciona-
mento humano por meio de cinco dimensões: habilidades intelectuais, comportamento
adaptativo, saúde, participação e contexto. As habilidades intelectuais se referem às
capacidades mentais gerais, que incluem raciocínio lógico, pensamento abstrato,
ideias complexas, etc., e devem ser medidas, segundo a AAIDD (2010), por testes
padronizados.
O comportamento adaptativo considera o conjunto de habilidades conceituais,
sociais e práticas que o sujeito utiliza nas atividades de vida diária, e a participação
consiste no desempenho da pessoa em atividades reais nos diversos âmbitos da vida
social, como no trabalho, no lazer, na vida espiritual e nas atividades culturais. A sa-
úde deve ser avaliada pelo histórico clínico do sujeito, considerando o bem-estar fí-
sico, mental e social. Sobre o contexto, no que lhe concerne, devem ser realizadas
avaliações ambientais (física, social, atitudinal) e pessoais (motivação, estilos de
aprendizagem, estilos de vida) (DIAS; OLIVEIRA, 2013).
O último conceito estabelecido pela AAIDD (2010), distingue uma definição
operativa de uma definição constitutiva de DI. A primeira determina os limites do
termo, separando o que está e o que não está incluído neste, enquanto a segunda
define o constructo em relação a outros constructos, mostrando, com mais clareza, os
fundamentos teóricos que o definem (SCHALOCK et al., 2007).
Três critérios devem ser observados em relação à DI: o funcionamento intelec-
tual, o comportamento adaptativo e a idade de início das características. Desta forma,
conforme a AAIDD (2010), define que o funcionamento intelectual e o comportamento
adaptativo precisam apresentar limitações significativas, e a idade de início das mani-
festações deve ser anterior aos 18 anos. Contudo, apesar da evidente presença da
linguagem ao longo do processo de avaliação da DI, na definição, não há uma refe-
rência direta a ela; isso produz um silêncio perturbador.
Atualmente, três referenciais teóricos orientam a definição e a classificação da
DI: o sistema de Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
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Saúde (CID-10) da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2010); o Manual Diagnós-
tico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da American Psychiatric Associa-
tion (APA, 2014) e o manual da AAIDD (2010). O Quadro 1 representa a classificação
conforme a CID-10.
Quadro 1. Classificação da deficiência intelectual adaptada — CID-10 (2010)
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habilidades sociais, uso de recursos comunitários, habilidades acadêmicas, trabalho,
lazer, saúde e segurança (APA, 2014).
Já a AAIDD (2010) apresenta um modelo de classificação da DI, o qual é
baseado em um enfoque multidimensional. Esse sistema de classificação caracteriza-
se por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual como no
comportamento adaptativo expresso em habilidades conceituais (alfabetização,
conceito de número, de dinheiro e de tempo, etc.), habilidades sociais (relacionamento
interpessoal, autoestima, obediência a regras, etc.) e habilidades práticas (atividades
de vida diária, cuidados pessoais, qualificação profissional, etc.), originando-se antes
dos 18 anos.
A deficiência intelectual pode ser classificada a partir de seus diferentes graus.
Winnick (2004) aponta que esse tipo de deficiência pode ser classificado conforme a
dependência, a gravidade ou a capacidade funcional e adaptativa. Veja, a seguir, as
características e as classificações relacionadas a esses indivíduos.
DEPENDÊNCIA
9
CAPACIDADE FUNCIONAL E ADAPTATIVA
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social na família, em hábitos higiênicos, na escola e na comunidade. Esse grupo
consiste em 10% da população das pessoas com deficiência intelectual, que, quando
orientadas na infância, encontram menos dificuldades (NASCIMENTO; SZMANSKI,
2013), podendo, assim, ter atitudes mais elaboradas. O QI dessas pessoas varia entre
40 e 54.
Grave ou severa
As pessoas com deficiência intelectual grave ou severa, geralmente,
apresentam distúrbios ortopédicos e sensoriais. Também possuem grandes
dificuldades na comunicação e na mobilidade. Podem alcançar resultados ao exercer
atividades condicionadas e repetitivas, desde que supervisionadas (GIMENEZ, 2008).
O QI desse grupo varia entre 25 e 39, e esses indivíduos constituem em torno de 3%
a 4% das pessoas com deficiência intelectual. Nascimento e Szmanski afirmam que
esses indivíduos apresentam:
Profunda
Essas pessoas apresentam QI abaixo de 24 e, frequentemente, apresentam
problemas físicos aliados à deficiência intelectual, além de graves problemas senso-
riais, como fala e audição, e ortopédicos (deformação da estrutura corporal). Indiví-
duos com deficiência intelectual profunda apresentam dependência completa e gran-
des limitações referentes à aprendizagem, segundo Gimenez (2008). Nascimento e
Szmanski (2013) destacam a necessidade de que outra pessoa assuma os cuidados
e supervisione essas pessoas para a execução de tarefas simples, como higiene e
comunicação. Esse grupo consiste em torno de 1% a 2% dos indivíduos com defici-
ência intelectual.
A etiologia da DI é diversificada e resulta de muitos processos patológicos que
interferem no funcionamento do sistema nervoso. Alguns fatores de risco têm sido
identificados desde a fecundação até o nascimento. A fase pré-natal, entre a
fecundação e o 2º mês de gestação, concentra a maior probabilidade de ocorrência
de anormalidades graves e defeitos fisiológicos no embrião. Os fatores externos
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vividos pela mãe podem afetar o feto através da placenta, causando reações
negativas como deformidades físicas e disfunções intelectuais e comportamentais
(VASCONCELOS, 2004). Entre as causas mais conhecidas, podemos listar a
síndrome de Down, a desnutrição, a síndrome alcoólica fetal, a síndrome de Rett, a
síndrome do X frágil, malformações cerebrais, síndrome de Prader-Willi, de Angelman
e de Williams. As causas dessas limitações na inteligência são variadas e, em muitas
situações, desconhecidas.
A síndrome do X frágil é causada por um problema genético no cromossomo X
que provoca alterações comportamentais e de aprendizado. Pode acontecer em
homens e mulheres, mas nos homens a manifestação da doença é mais grave. Já
síndrome de Angelman, também conhecida como “síndrome da boneca feliz”, é
causada por uma anomalia em um gene transmitido pela mãe. Enquanto a maioria
dos casos dessa síndrome ocorre quando uma parte do cromossomo 15 materno é
apagada. Sabe-se que síndrome de Prader-Willi é causada por uma alteração do
cromossomo 15 paterno no momento da concepção. O distúrbio caracteriza-se por
hipotonia (músculos “moles”) ao nascimento, retardo mental, ingestão excessiva de
alimentos (hiperfagia), baixa produção de hormônios sexuais, estatura baixa e atraso
no desenvolvimento psicomotor (GUSSO; LOPES; DIAS, 2019).
A DI pode ser considerada multifatorial, composta por quatro categorias de ris-
cos: biomédicos, sociais, comportamentais e educacionais. O Quadro 2 apresenta es-
sas categorias, distribuídas em seus períodos de ocorrência.
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Fonte: Adaptado de Lago (2013)
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Silva (2016) aponta que uma considerável parcela de pessoas com deficiência
intelectual ainda apresenta síndromes. A autora aponta que síndromes são “sinais e
sintomas que, juntos, evidenciam uma condição particular”. Entre as síndromes, a
mais conhecida é a síndrome de Down (Figura 1), que consiste em um problema ge-
nético durante a formação na divisão celular do embrião. Em pessoas sem deficiência,
a célula se constitui em 46 cromossomos divididos em 23 pares. A pessoa com sín-
drome de Down possui 47 cromossomos, sendo que o cromossomo extra é ligado ao
par 21 (MORAES, 2018). Sendo assim, a síndrome de Down se caracteriza por ser
uma:
a) Alteração genética que ocorre na formação do bebê, no início da gravi-
dez.
b) O grau de deficiência intelectual provocado pela síndrome é variável, e
o quociente de inteligência (QI) pode variar e chegar a valores inferiores
a 40.
c) A linguagem fica mais comprometida, mas a visão é relativamente pre-
servada.
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Fonte: Vida Mais Livre (2011)
Causas pré-natais:
■ infecções como rubéola, malária, toxoplasmose, caxumba, herpes e sífilis;
■ álcool, drogas, intoxicação e radiações;
■ hidrocefalia (Figura 2) ou macrocefalia;
■ microcefalia;
■ desnutrição materna;
■ alterações na distribuição cromossômica: X frágil e síndrome de Down;
■ anormalidades genéticas que afetam o metabolismo.
Causas perinatais:
■ anóxia (ausência de oxigênio) ou hipóxia (carência de oxigênio) no parto ou
algum tipo de trauma que resulte em lesão cerebral;
■ prematuridade.
Causas pós-natais:
■ moléstias desmielinizantes: sarampo e caxumba;
■ radiações e medicamentos;
■ privação econômica (influenciando na nutrição);
■ privação familiar e cultural (estimulação motora e pedagógica, influências
emocionais resultantes da estrutura familiar).
Figura 2. Cérebro de criança com hidrocefalia:
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Fonte: Beltrame (2018)
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A partir da publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspec-
tiva da Educação Inclusiva (2008), o paralelismo entre educação especial e ensino
comum sai de cena, abrindo espaço para que a educação especial se institua como
uma modalidade de ensino, cujo serviço oferecido é o AEE.
Nessa ótica, a educação especial assume que as diferenças individuais fazem
parte da diversidade humana e que, por isso, a aprendizagem deve ser pensada a
partir das necessidades de cada indivíduo. Nesse contexto, o termo “necessidades
educacionais especiais” é utilizado para caracterizar aqueles alunos cujas necessida-
des decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades relacionadas ao processo
de aprender. Tais dificuldades podem ser associadas a problemas de ordem cognitiva,
física, emocional, sensorial ou social. Nesse contexto, é necessária a adoção de es-
tratégias e flexibilizações pedagógicas para que o estudante possa aprender e desen-
volver as suas habilidades.
É possível que muitas crianças vivenciem, em algum momento de sua escola-
rização, dificuldades na aquisição do conhecimento, chamando atenção para a neces-
sidade de um olhar mais pontual do professor. Uma necessidade educacional especial
não está necessariamente associada a uma deficiência; ela pode estar relacionada
tanto às características individuais do sujeito, como ao ambiente social e à realidade
educacional nos quais ele está inserido.
Cumpre mencionar que as pessoas com transtornos do espectro do autismo
(TEA) e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também integram o
grupo de alunos com necessidades educacionais especiais; portanto, necessitam de
um olhar educacional diferenciado (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
2014).
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Em termos conceituais, a partir de uma perspectiva clínica, o conceito de defi-
ciência intelectual apresentado pela Organização Mundial da Saúde (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, 1993) envolve dois componentes essenciais: a idade cronoló-
gica e a cultura social, o sujeito deve apresentar um funcionamento intelectual signifi-
cativamente abaixo da média, que se manifesta desde a primeira infância, assim como
incapacidade de se adaptar às demandas culturais da sociedade.
Ao considerar o “olhar clínico” da deficiência, observe que o foco dessa defini-
ção está na incapacidade do sujeito. Em outras palavras, o indivíduo deve demonstrar
incapacidade tanto no funcionamento intelectual como na conduta adaptativa, na co-
municação, nos cuidados pessoais, nas habilidades sociais, no desempenho na famí-
lia e na comunidade, na independência na locomoção, na saúde e segurança, no de-
sempenho escolar, no lazer e no trabalho.
Compreender a deficiência intelectual implica pensar a respeito das suas defi-
nições conceituais e refletir sobre como ocorre o processo de aprendizagem desses
sujeitos no ambiente escolar, considerando que compõem o maior percentual de alu-
nos atendidos pela educação especial.
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elementos pedagógicos. Para tal, é fundamental que haja embasamento teórico,
considerando as questões que envolvem aprendizagem e desenvolvimento.
A compreensão da deficiência intelectual a partir de um olhar pedagógico
possibilita que o aluno seja identificado na escola como um sujeito capaz de aprender
— cabe ao professor identificar nesse aluno um potencial a ser investido. Assim, é
necessário que os docentes estejam atentos a essas diferentes formas de olhar os
seus alunos e conhecer as suas formas de aprender e se relacionar com o meio.
O aluno com deficiência intelectual possivelmente precisará da figura do outro
(professor, colega) para mediar os conteúdos e as novas aprendizagens. Esse suporte
é fundamental para ocorrer uma melhor compreensão e ampliação dos conceitos e
significados durante o processo educacional.
A oferta do AEE para o aluno com deficiência intelectual representa um dos
suportes para efetivação de propostas inclusivas. O AEE, além de atender o aluno,
realizando as flexibilizações necessárias para a promoção da aprendizagem, também
se configura como uma rede de apoio aos professores da turma regular.
Esse atendimento pode ser organizado tanto individualmente como em
pequenos grupos. É função também do AEE realizar acompanhamentos na sala
regular, observações nos diferentes espaços escolares e trocas com os professores,
visando garantir o acesso aos conteúdos curriculares. O AEE deve pensar com os
professores das turmas regulares o tipo de apoio e/ou estratégia pedagógica de que
o aluno necessita, considerando o ritmo e perfil de aprendizagem desse sujeito.
Reflita agora sobre as diferentes representações negativas dos professores em
relação ao processo de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual estão
presentes no contexto escolar:
“Eu não darei conta de propor atividades diferentes para o fulano, pois ele não
aprende.”
“É deficiente, tem problema.”
“Desde a primeira aula percebi que o aluno apresenta comportamento que não
corresponde à sua idade.”
“Eu nem sei se ele é alfabetizado.”
“Como iniciarei um novo conteúdo se o anterior nem foi aprendido pelo aluno.”
“Ele não demonstra estar aprendendo, pois com frequência não compreende
as ordens das atividades.”
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Todas as falas se referem àquilo que o aluno não faz, não aprende, não sabe.
Por isso, é fundamental a interlocução do profissional do AEE com os professores
das turmas regulares, para que a expectativa em relação à aprendizagem do aluno
seja mais otimista. Assim, o professor olha para esse sujeito como alguém capaz de
produzir conhecimento e consegue realizar atividades a partir das suas vivências e
habilidades. Nessa perspectiva, podemos ter como ponto de partida um
planejamento pedagógico que:
1. desenvolva o raciocínio lógico ou o pensamento abstrato (capacidade
de pensar nos objetos ausentes);
2. favoreça a construção de conteúdo mental (habilidade de associar
ideias, relacionar os conhecimentos);
3. promova a autonomia para fazer escolhas, ter iniciativa de conhecer o
mundo e a si mesmo;
4. tenha como objetivo engajar o aluno num processo participativo e ativo
de aprendizagem;
5. jamais generalize a capacidade mental dos alunos;
6. esteja atento às sutilezas que envolvem o processo de apropriação de
conhecimento do aluno com deficiência intelectual.
24
4 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DEFINIÇÕES À LUZ DO
PARADIGMA INCLUSIVO
Fonte: iturama.mg.gov.br
Você verá agora a educação especial como modalidade de ensino, bem como
o serviço oferecido por ela: o AEE.
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O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elabo-
rar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as
barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessi-
dades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum,
não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa
e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e indepen-
dência na escola e fora dela (BRASIL, 2008).Com base nessa definição, a
caracterização desse serviço e do público a que se destina precisa ser com-
preendida. Afinal, quem é o grupo de alunos que poderá frequentar e ser ma-
triculado no atendimento educacional especializado? Somente os alunos com
alguma deficiência? Será que os alunos com dificuldades na leitura e na es-
crita, aqueles que não conseguem se alfabetizar, os alunos agitados ou com
déficit de atenção e os hiperativos também podem frequentar o AEE? O
mesmo questionamento vale para os alunos com dificuldades de conduta, os
agressivos e aqueles que têm dificuldades em acompanhar o currículo esco-
lar.
Vale salientar que, de acordo com DSM-5 (publicado em 2013), o termo sín-
drome de Asperger não existe mais, sendo todos os níveis de autismo enquadrados
na sigla TEA. Atualmente temos disponível o DSM-V, publicado em 2013, que se uti-
liza da nomeação Transtorno Espectro Autista (TEA).
Assim, os textos legais que normatizam o AEE sublinham claramente um grupo
específico de alunos, e não mais todos os alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais. Dessa forma, é importante que você compreenda que sujeitos
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com dificuldades de aprendizagem, distúrbios emocionais e de comportamento, déficit
de atenção, hiperatividade, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, dislexia,
entre outros, não fazem parte do público-alvo da educação especial.
É importante destacar que a partir da Nota Técnica n.º 04/2014 — MEC/
SECADI/DPEE cai a obrigatoriedade da exigência de um laudo médico para incluir os
alunos com deficiência ou dificuldades no Atendimento Educacional Especializado —
AEE. Nesse sentido, muitos alunos com diversas dificuldades de aprendizagem têm
a garantia de ingresso no AEE, mesmo não tendo nenhuma deficiência diagnosticada.
A partir da compreensão do grupo de alunos que poderá frequentar o AEE,
esse serviço é organizado complementarmente e/ou suplementar ao ensino regular
— ou seja, não substitui a escolarização. Portanto, o atendimento educacional
especializado caracteriza-se como um serviço pedagógico que opera na oferta de
recursos de acessibilidade que visam à participação e aprendizagem dos alunos
público-alvo da educação especial no ensino regular.
A orientação desse fragmento sublinha que o AEE deve ser realizado, priorita-
riamente, na sala de recursos multifuncionais da escola onde o aluno com deficiência,
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transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/ superdotação está matri-
culado. Isso se justifica pela interlocução necessária entre o professor do AEE e os
professores do ensino comum, considerando que essa articulação beneficia o pro-
cesso de aprendizagem do aluno, uma vez que possibilita que o professor do AEE
acompanhe ativamente esse processo. Desse modo, ele pode identificar os recursos
pedagógicos e de acessibilidade necessários para a promoção da aprendizagem e
apoiar o professor do ensino comum no gerenciamento das estratégias necessárias
para apoiar a aprendizagem do aluno.
O professor do AEE
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De acordo com Dutra, Santos e Guedes (2010), para apoiar a institucionaliza-
ção da educação inclusiva pelos sistemas educacionais, o Ministério da Educação
(MEC) criou o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, insti-
tuído por meio da Portaria Ministerial n.º 13/2007.
O programa visa fornecer apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino
para a efetivação do AEE e tem como algumas de suas ações fomentar a aquisição
de recursos para a montagem de salas de recursos multifuncionais, promover a for-
mação continuada dos professores para o AEE e apoiar a acessibilidade nas escolas
que possuem as salas implantadas. Para adesão ao programa, as escolas devem
atender alguns critérios e realizar um cadastro, que será avaliado pela Secretaria de
Educação e encaminhado para as providências junto ao MEC.
De acordo com Oliveira (2006), as salas de recursos multifuncionais são espa-
ços voltados para a realização do AEE. Nesses espaços, devem ser desenvolvidas
“[…] estratégias de aprendizagem centradas em um novo fazer pedagógico, que fa-
voreça a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para desenvol-
verem o currículo e participem da vida escolar” (OLIVEIRA, 2006, p. 13).
No que se refere à composição das salas de recursos multifuncionais, o Pro-
grama de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, por meio da Portaria
Ministerial n.º 13/2007, prevê o envio de recursos materiais às escolas cadastradas
os quais serão descritos a seguir:
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com deficiência física (mobilidade reduzida), dominó de frases e dominó de animais e
de frutas em Libras, entre outros (DUTRA; SANTOS; GUEDES, 2010).
[…] com base nos dados coletados na avaliação, o professor consegue pla-
nejar e oferecer respostas educativas específicas adequadas e diversifica-
das, que proporcionam para o aluno, formas de superar ou compensar as
barreiras de aprendizagem existentes nos diferentes âmbitos (POKER et al.,
2013, p. 22).
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1. Identificação do aluno: nome completo do aluno, endereço completo e data
de nascimento.
2. Dados familiares: nome do pai e da mãe, profissão e escolaridade dos pais,
número de irmãos, pessoas com quem mora.
3. Informações sobre a escola: nome e endereço da escola, ano de
escolaridade do aluno, idade em que entrou na escola, histórico de vida escolar na
educação especial e na educação regular, indicação dos antecedentes escolares mais
importantes, motivo de encaminhamento para o AEE.
4. Avaliação geral: informações relevantes à compreensão do contexto
familiar e escolar do aluno. No âmbito familiar, devem ser apontados aspectos
relativos à dinâmica das relações familiares, como se dá o convívio entre os membros
da família, as relações afetivas, as expectativas da família em relação ao aluno, O tipo
de apoio familiar para a aprendizagem do aluno. No âmbito escolar, devem ser
apontados aspectos relativos à organização e estrutura da escola para promover a
inclusão do aluno, como a cultura e a filosofia da escola, se possui acessibilidade
física, o relacionamento da escola com a família e a comunidade, a quantidade de
alunos nas salas de aula, ações de formação e suporte aos professores, recursos
humanos e parcerias com profissionais de saúde, atitudes frente ao aluno, estratégias
metodológicas e avaliativas.
5. Avaliação do aluno: condições apresentadas pelo aluno em três aspectos
principais, as suas condições gerais de saúde; as suas necessidades.
Quanto à avaliação do aluno com deficiência é preciso se atentar:
a) Condições gerais de saúde: verificar se há presença de deficiência ou
problemas de saúde, indicar se há laudos ou avaliações de diagnóstico, verificar as
recomendações de outros profissionais e se o aluno usa medicação controlada, se o
medicamento interfere no aprendizado, se apresenta algum comprometimento
sensorial (visual e auditivo), motor ou comportamental.
b) Necessidades educacionais específicas: identificar e avaliar indicadores
que possivelmente apontam para a presença de alguma deficiência ou suspeita de
deficiência. Devem ser avaliados o tipo de sistema linguístico utilizado pelo aluno para
se comunicar, se faz uso ou depende de algum equipamento ou tecnologia assistiva
para mobilidade e/ou participação nas atividades escolares, bem como as
acessibilidades que precisam ser providenciadas.
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c) Desenvolvimento: para avaliar o desenvolvimento do aluno, devem ser
observados aspectos como afetividade e sociabilidade, cognição, linguagem,
percepção, atenção, memória, raciocínio lógico e função motora, educacionais
específicas; o grau de desenvolvimento de áreas e habilidades importantes ao seu
aprendizado.
Segundo Poker et al. (2013), devem ser avalizadas, no aspecto cognitivo, as
competências e as dificuldades relacionadas à percepção visual e auditiva. Devem
ser avaliadas também as capacidades motoras e tátil-sinestésica; as noções espacial
e temporal; a capacidade de controle da atenção e concentração; a compreensão de
ordens; as memórias auditiva, visual, verbal e numérica; o uso da linguagem para
comunicação e como se dá a compreensão e a expressão da língua oral; a leitura e a
escrita; se há outros sistemas linguísticos utilizados pelo aluno (Libras, comunicação
alternativa, Braile, etc.).
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2. Ações necessárias à organização do atendimento educacional especi-
alizado.
34
De acordo com Poker et al. (2013), é importante que, ao final do período
definido para o desenvolvimento do plano, seja elaborado um relatório em que sejam
descritos os avanços, as conquistas e os aspectos a serem aperfeiçoados no AEE. O
relatório deve servir como base para a melhoria contínua do trabalho realizado.
Fonte: institutoitard.com.br
Ao realizar uma atividade com alunos com DI, deve-se utilizar instruções curtas
e objetivas, para explicar a atividade em pequenos passos. Por exemplo, ao solicitar
que os alunos realizem uma atividade em que tenha de circular a letra A, na sequência
pintar a letra E de amarelo e fazer um x em cima da letra I, sempre realizar a instrução
para o aluno com DI em etapas, facilitando, assim, a sua compreensão. Além disso, o
uso de reforçadores durante a realização da atividade, tais como elogios, pode ser um
mecanismo auxiliador no aumento de comportamentos de interesse na realização das
atividades.
Durante a realização de atividades com esses alunos é importante oferecer
apoio a eles, por meio de estratégias de pequenos grupos ou parceria com alunos
tutores, favorecendo, assim, a interação social desses alunos com seus pares. O
apoio a esse aluno também pode ser de um adulto, porém, salienta-se que esse apoio
poderá ser retirado gradualmente, buscando-se uma maior autonomia do aluno.
35
5.1 Práticas pedagógicas e estratégias de ensino para alunos com deficiência
intelectual
36
➢ Comparação das potencialidades e dificuldades do aluno com seus pró-
prios parâmetros.
6 AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Fonte: educacao.estadao.com.br
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Para cada habilidade a ser avaliada, deve-se determinar: o que será avaliado;
os recursos que serão utilizados para facilitar o que avaliar nessas habilida-
des; os procedimentos ou como fazer para avaliar cada habilidade; por fim,
deve-se avaliar com observações sobre o aluno (BOER, 2012).
Esse roteiro pode ser utilizado pelo professor para levantar dados sobre neces-
sidades e potencialidades específicas dos alunos, possibilitando a construção de um
plano educacional individualizado para o aluno e norteando as ações do professor.
38
professores planejem de maneira colaborativa os procedimentos, estratégias e adap-
tações necessárias para os alunos com deficiência. Nesse modelo, dois professores
de áreas distintas se juntam em prol de um mesmo objetivo, portanto, requer por parte
dos profissionais envolvidos respeito mútuo, flexibilidade e partilha de saberes, vi-
sando sempre o melhor para os alunos. O ensino colaborativo pode favorecer não
somente os alunos com DI, mas a classe toda. Cabe aos professores articularem e
mediarem o aprendizado dos alunos.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMPUDIA, R. O que é deficiência intelectual? In: NOVA Escola. São Paulo, ago.
2011.
41
DIAS, S. S.; OLIVEIRA, M. C. S. L. Deficiência intelectual na perspectiva histórico-
cultural: contribuições ao estudo do desenvolvimento adulto. Revista Brasileira de
Educação Especial, Marília, v. 19, n. 2, p. 169-182, jun. 2013.
DIEHL, R. M. Jogando com as Diferenças: jogos para crianças e jovens com defici-
ência. São Paulo: Phorte, 2006.
42
LAGO, E. R. J. Ensino de futsal para pessoas com deficiência intelectual. 2013.
105 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) — Universidade de São Paulo, São Paulo,
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