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RECURSOS-HUMANOS
RESUMO
Lidar com a diversidade constitui um dos maiores desafios das escolas e das salas de aula.
Embora a inclusão se possa organizar de várias formas e em diferentes níveis, é à equipe de
professores que cabe gerir a crescente diversidade e as necessidades dos alunos nas salas de
aula e no AEE e, adaptar ou organizar o currículo para responder às necessidades de todos os
alunos.
INTRODUÇÃO
O aluno com deficiência intelectual (DI), assim como qualquer criança, deve pertencer ao
ambiente escolar. A escola deve proporcionar a esta uma educação voltada as suas
habilidade e não exaltar as suas dificuldades. Sabe-se que para seu aprendizado se
concretizar devemos dar a ela um "tempo maior" oferecendo atividades ricas e que o levem
a construir seu conhecimento.
Segundo Vygotsky, as leis que regem o desenvolvimento da pessoa com deficiência
intelectual são as mesmas que regem o desenvolvimento das demais pessoas. Aspecto este
também presente nos processos educacionais (VYGOSTKY, 2003). Para ele, a criança cujo
desenvolvimento foi comprometido por alguma deficiência, não é menos desenvolvida do
que as crianças “normais”, porém é uma criança que se desenvolve de outra maneira.
Em consonância com as diretrizes para a efetivação da escola inclusiva previstas nas políticas
educacionais elaboradas no País há mais de uma década, o Ministério da Educação apresenta
em 2008 o Decreto nº 6.5712 que institui o AEE. Através desse documento o Governo
estrutura oficialmente o AEE, apresentando-o como “um conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma
complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. Indica ainda que
esse atendimento deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da
família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas (MENEZES, 2006).
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência intelectual (DI), se caracteriza por
uma redução significativa da habilidade em entender informações novas ou complexas e
desenvolver novas habilidades (comprometimento da inteligência). Como consequência,
resulta em uma capacidade reduzida de viver de forma independente (funcionamento social
comprometido) tendo seu inicio antes da idade adulta (GUILHOTO, 2011).
No Brasil, do ponto de vista legal, o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, Capítulo I,
Artigo 4º, considera deficiência intelectual quando (BRASIL, 1999):
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização dos recursos da comunidade;
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho.
Para confirmar que uma pessoa tem deficiência intelectual, é necessário realizar o
diagnóstico. O atraso cognitivo é diagnosticado observando-se a capacidade cerebral da
pessoa para aprender, pensar, resolver problemas, encontrar sentido e compreender o
mundo em que vive, ou seja, analisando-se o seu funcionamento intelectual.
Abaliza esses pressupostos Evangelista (2011) ao afirmar que a deficiência intelectual é uma
modalidade de deficiência definida pela incapacidade de resolver tarefas de acordo com o
esperado para a idade e condizentes com o meio cultural, torna-se aparente no período
infantil ou juvenil e é detectado por testes apropriados, como resultados podem se modificar
ao longo do desenvolvimento da criança.
2.1.2 Histórico da DI
Nesse longo percurso, pejorativamente para o público leigo, somente a partir do século
passado é que surgiram iniciativas da sociedade em promover atendimento mais adequado a
indivíduos com DI, com a fundação de grupos de apoio, em alguns países, como o da
Association for Retarded Citizens of the United States (The ARC), nos Estados Unidos, em
1953, e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Brasil, em 1954
(GUILHOTO, 2011).
Pessoti (1984) faz uma revisão histórica a respeito da deficiência intelectual, destacando as
concepções adotadas, em cada período, que influenciaram as atitudes da sociedade em
relação à mesma. Aranha (1991) também se reporta à história para descrever como a
integração social do deficiente foi associada a essa concepção. Na sociedade antiga, as
crianças deficientes eram deixadas ao relento para que morressem.
Essa atitude era fruto dos ideais morais da época em que a eugenia e a perfeição do
indivíduo eram consideradas valores preponderantes. Já no final do século XV, com os ideais
burgueses vigentes nesse período, imperou a visão de que a deficiência era um atributo do
indivíduo, tendo, portanto, uma relação direta com o capital, ou seja, o deficiente era
considerado improdutivo, do ponto de vista econômico (GLAT, 1995). Com o passar dos
séculos, as concepções sobre DM foram se ampliando, em parte como consequência das
mudanças ocorridas nas sociedades e no campo científico. Mas, foi somente no século XIX
que se percebeu uma postura de responsabilidade pública com relação às necessidades dos
deficientes. No século XX, as ações se tornaram mais concretas, havendo uma multiplicidade
de modos de encarar a DM, acarretando o surgimento de vários modelos explicativos, como
o metafísico, o médico, o educacional, o da determinação social e o sócio-construtivista ou
sócio-histórico (ARANHA, 1995).
Para esta autora (ARANHA, 1995), a deficiência intelectual deve ser encarada como uma
construção social, não alheia à concepção de homem e de sociedade vigentes e deve ser
tratada como um fenômeno multideterminado. Contudo, segundo Marques (2001), a DM
ainda continua sendo considerada como estando dentro do indivíduo, descontextualizada e
sem nexo social como mostra o discurso da maior parte dos órgãos públicos.
No discurso cotidiano que reproduz o estigma social da deficiência intelectual, novos estudos
buscam dirimir esse equívoco provando que a pessoa com deficiência intelectual não possui
ausência de inteligência, tem, sim, algumas características cognitivas distintas, mas não
impedimento para aprender. “O deficiente intelectual aprende de acordo com suas
características e em ritmo próprio “(RODRIGUES, 2013, p. 54).
Acreditamos que a deficiência intelectual não está dada apenas por fatores biológicos, mas é
uma categoria historicamente construída, englobando tanto os referidos fatores biológicos
como os preconceitos do impacto dos usos e dos abusos de termos e de ideias que são
produzidos socialmente. Daí, a importância da escola na vida desses sujeitos para não
somente propiciar o desenvolvimento de habilidades como também desfazer esses
equívocos que impedem a inserção social.
Podemos entender o sujeito que possui DI como alguém que possui uma organização
qualitativamente diferente e que é capaz de realizar aprendizagens, porém, a construção de
conceitos se dá de forma diferenciada, necessitando para tal, de estratégias e procedimentos
pedagógicos apropriados.
Esse aluno necessita de interferências planejadas que auxiliem na sua capacidade de
autonomia e nos processos de relação com o mundo e este aspecto já apresenta uma
diferença nítida em relação à pessoa com dificuldade de aprendizagem. 2.1.4 Pratica
pedagógica na deficiência intelectual
Quando paramos para pensar a prática pedagógica na inclusão de alunos com deficiência
intelectual na escola regular, nos enfatiza, Rubens Alves (2004), em seu livro, “O Desejo de
Ensinar e a Arte de Aprender”, que conduz-nos na compreensão de que se destina a apoiar
os alunos com deficiência no sistema geral de ensino e, portanto, “martela” uma prática que
acolhe e apoia a diversidade de todos os alunos.
Há muita sabedoria pedagógica nos ditos populares. Como naquele que diz: ‘É fácil levar a
égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer ela a beber a água’. De fato: se a égua não
estiver com sede, ela não beberá água por mais que o seu dono a surre... Mas, se estiver com
sede, ela, por vontade própria, tomará a iniciativa de ir até o ribeirão. Aplicado à educação: É
fácil obrigar o aluno a ir à escola. O difícil é convencê-lo a aprender aquilo que ele não quer
aprender [...] (p. 12).
Montoan (2008) avalia que, diante dos avanços conceituais que a contemporaneidade nos
apresenta no processo educativo, os antigos princípios que orientavam a educação desses
indivíduos deixam de existir, endossados na evidência dos processos interativos que
permeiam as relações entre idade cronológica e objetos de aprendizagem, habilidades
intelectuais alternativas e valorização dos papéis sociais representados pelas pessoas com
deficiência mental, no deixar de aprender por obrigação pelo desejo de querer aprender.
A condição de deficiência intelectual não pode nunca predeterminar qual será o limite de
desenvolvimento do indivíduo. A educação na área da deficiência intelectual deve atender às
suas necessidades educacionais especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação
proposta às demais pessoas (OLIVEIRA, 2008).
Essa constante busca de respostas pedagógicas relativas à inclusão de alunos com deficiência
intelectual na escola regular, ainda segundo Montoan (2008, p. 36) deve considerar:
A competência intelectual: porque eles têm o direito de viver desafios para desenvolver suas
capacidades; a autonomia: porque eles têm o direito de decidir e escolher, de acordo com
suas necessidades e motivações; o papel do meio social no processo interativo de produção
das incapacidades: porque eles têm o direito de se desenvolver como as demais pessoas, em
ambientes que não discriminem, mas valorizem as diferenças.
Na verdade, não existe nenhum livro, método, artigo científico ou outros que mostrem como
se deve trabalhar com pessoa com deficiência intelectual. Em outras palavras, não existem
receitas prontas. Cada aluno tem um problema que deve ser considerado, uma
personalidade e um jeito próprio de ser, de sentir, de agir e de reagir, agravado ou não pelas
complicações provenientes de alguma síndrome.
Focar a atenção, dando prioridade aos objetivos que queremos ensinar, sempre partindo de
contextos reais, resultará em aprendizagens significativas.
Sob esse prisma, buscar realizar intervenções apoiadas no lúdico, como um meio de garantir
a construção de conhecimentos, pois, acreditamos que as mesmas são propicias a expressão
do imaginário, a aquisição de regras e a apropriação do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante lembrar que a deficiência não deve ser encarada com manifestação de pena ou
considerá-la como incapaz deixando-a estagnada a realizar outra atividade diversa das
desenvolvidas pelos outros alunos.
ARANHA, M.S.F. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. In: Temas
em Psicologia. São Paulo: USP, 1991.
GLAT, R. Integração dos portadores de deficiências: uma questão psicossocial. In: Temas em
Psicologia. São Paulo: USP, 1991.
GUILHOTO, Laura Maria de Figueiredo Ferreira. Deficiência Intelectual. In: Revista DI. Ano 1,
nº 1, jul/dez 2011. São Paulo: Instituto APAE.
MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artemed, 2003.
OLIVEIRA, A.A.S. Estratégias para o ensino inclusivo na área da deficiência intelectual: alguns
apontamentos. IV Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Educação Especial. Londrina – PR.,
29 a 31 de outubro de 2007. Londrina: Práxis, 2008.
PESSOTTI, Isaías. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: T.A. Queiroz:
Editora da Universidade de São Paulo, 1984.
UNESCO, Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Plano de Ação para Satisfazer as
Necessidades Básicas de Aprendizagem. Nova Iorque: WCEFA, 2013.
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