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Relatório de Aula Prática

Conteúdo Relativo de Água

Discente: Eduardo de Souza Gomes;


Izabela Souza Bezerra de Lima; José
Nazareno de Sousa Coelho; Victor
Gabriel Alencar Alves;

Docente: Prof. Caio Marcio Guimaraes Santos

Petrolina 2024
Sumário
Introdução ..................................................................................................................03
Objetivo .....................................................................................................................04
Materiais e métodos ...................................................................................................04
Resultado e discursão ................................................................................................05
Conclusão ..................................................................................................................07
1. Introdução

Em condições naturais e agrícolas, as plantas frequentemente enfrentam diversos


estresses ambientais. Alguns desses fatores, como a temperatura do ar, podem se tornar
estressantes em questão de minutos, enquanto outros, como o conteúdo de água no solo, podem
levar dias ou até semanas para afetar significativamente o estado hídrico das plantas (Taiz &
Zeiger, 2004). Além disso, é importante reconhecer que o estresse desempenha um papel
fundamental na determinação da distribuição e da adaptação das espécies vegetais em
diferentes ambientes.

O conteúdo relativo de água (CRA), expresso em porcentagem (%), é uma medida


universalmente utilizada para estimar a quantidade de água presente nas folhas das plantas
(Datt, 1999; Sun et al., 2014; Ranjan et al., 2015). Esse parâmetro é essencial para determinar
a tolerância das plantas à seca e sua adaptação a ambientes favoráveis, uma vez que está
intimamente relacionado com o volume celular (Jones, 1992).

Embora o cálculo do CRA seja amplamente empregado, existem desafios


metodológicos associados à sua determinação. Métodos tradicionais de laboratório envolvem
a pesagem da folha seguida de sua submersão em água e secagem. No entanto, problemas como
interferência da respiração e fotossíntese na determinação da massa úmida, bem como ganho
ou perda de massa dos tecidos na determinação da massa túrgida, dificultam a sensibilidade e
a aplicabilidade do CRA nas folhas (Dutra et al., 2011).

O teor de água pode ser expresso não apenas como conteúdo relativo, mas também
como déficit de saturação. O déficit de água ocorre sempre que a taxa de transpiração das
plantas excede sua capacidade de absorção. Durante períodos com alta demanda atmosférica,
mesmo plantas devidamente irrigadas podem experimentar um déficit temporário de água, que
é compensado durante a noite quando a absorção excede a transpiração. No entanto, com o
aumento do déficit de água no solo, a absorção é reduzida e o déficit de água nas plantas durante
o dia se torna mais prolongado, eventualmente levando à murcha permanente. O déficit de água
nas plantas se reflete em diversos aspectos, como a redução do crescimento, potencial
osmótico, potencial de água total e perda de turgescência, além do fechamento dos estômatos.
O termo déficit de saturação de água (DSA) é definido como a quantidade de água necessária
para que a planta ou parte dela atinja a saturação (100%).
2. Objetivo

O objetivo deste estudo é determinar o conteúdo relativo de água (CRA) e o déficit de saturação
de água (DSA) em discos de folhas de videiras.

3. Materiais e métodos

O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Produção Vegetal do Instituto


Federal do Sertão Pernambucano, Campus Petrolina Zona Rural, com o objetivo de determinar
o conteúdo relativo de água e o déficit de saturação de água em folhas de videiras. Para alcançar
este propósito, foram empregados os seguintes materiais:

● Placas de Petri
● Furador de rolhas
● Estufa de ventilação forçada de ar
● Balança
● Folhas de videiras

Procedimento

Inicialmente, folhas maduras de videiras, todas aproximadamente com a mesma idade


fisiológica, foram selecionadas para o experimento. Para dar início ao procedimento, três discos
de folhas foram precisamente cortados das amostras de videiras utilizando um furador de
rolhas, garantindo, assim, um tamanho padronizado para as amostras. Os discos foram então
pesados em uma balança analítica para a obtenção do peso fresco (PMF1) e submetidos à
saturação em béqueres de 100 mL contendo água destilada. Após um período de 24 horas, os
discos foram retirados, enxugados e pesados novamente para a obtenção do peso túrgido das
células (PMF2).

Posteriormente, os materiais vegetais foram colocados em uma estufa com circulação


de ar forçada a uma temperatura de 65°C por 48h para posteriormente obter o peso da massa
seca. Com os dados de peso fresco, peso túrgido e peso seco dos discos de folhas em mãos, foi
possível calcular o teor relativo de água (CRA) e o déficit de saturação (DSA) utilizando as
fórmulas matemáticas apropriadas. (Figura 1)

O CRA é um parâmetro dado pela razão entre o teor de água no momento da coleta e o
teor máximo de água (estado de turgor) para uma dada folha (Hunt Junior et al., 1987). Foi
necessário determinar o peso fresco, o peso túrgido e peso seco da folha inteira, através da
Equação 1 sugerida por Turner (1981) que utilizou originalmente discos foliares.
𝑃𝑀𝐹1 − 𝑃𝑀𝑆
𝑪𝑹𝑨 = ∗ 100
𝑃𝑀𝐹2 − 𝑃𝑀𝑆

𝑫𝑹𝑨 = 100% − 𝐶𝑅𝐴

Figura 1: Passo a Passo da realização da prática.

A B C

D E

Fonte: Arquivo pessoal:

Legenda: A: Corte dos discos; B: Discos cortados; C: Peso frescos dos discos; D:
Embebição dos discos; E: Pesos dos discos turgidos

4. Resultado e discussões

Com base nos valores apresentados na Tabela 1, o teor relativo de água (CRA) para as
amostras 1, 2 e 3 foi calculado como 88,64%, 87,65% e 85,40%, respectivamente (Tabela 1).
Esses números representam a proporção de água presente nas amostras em relação ao peso
máximo (peso túrgido) das células vegetais. Durante o dia da coleta das folhas, observamos
condições meteorológicas nubladas. Os resultados obtidos apresentaram semelhanças com os
encontrados por Dutra et al. em 2008, onde eles obtiveram um teor relativo de água (CRA) de
folhas de mamoeiro semelhante ao nosso. No estudo de Dutra et al., o CRA das folhas de
mamoeiro foi registrado como 94,5%, o que demonstra uma concordância notável com os
resultados que obtivemos em nosso experimento.

Com base nessa concordância, podemos inferir que em condições climáticas de chuva ou
nublado, o teor relativo de água (CRA) tende a ser mais elevado. Isso pode ser atribuído ao fato
de que nessas condições, o solo tende a estar bem hidratado devido à precipitação de água, o
que proporciona uma maior disponibilidade de água para as plantas. Consequentemente, as
plantas absorvem essa umidade do solo, refletindo-se em valores mais altos de CRA em suas
folhas. Essa correlação sugere uma influência significativa das condições climáticas na

Tabela 1: Peso da massa foliar fresca (PMF1), Peso da massa foliar turgida, Peso da
massa seca, Conteúdo relativo de água (CRA), Déficit de saturação de água (DAS).
Amostra PMF1 (g) PMF2 (g) PMS (g) CRA (%) DAS (%)
1 0,0220 0,0240 0,0064 88,64 11,36
2 0,0200 0,0220 0,0058 87,65 12,35
3 0,0170 0,0190 0,0053 85,40 14,60
Fonte: Arquivo pessoal:

hidratação das plantas e destaca a importância da água no equilíbrio hídrico foliar.


O Gráfico 1 apresentado a seguir demonstra o movimento da água desde o momento inicial em
que as folhas foram colhidas até alcançarem seu ponto máximo de turgidez, seguido pela
subsequente desidratação até restar apenas a matéria existente. Este gráfico representa
visualmente as mudanças no teor de água das folhas ao longo do tempo, proporcionando uma

Gráfico 1: Movimento da água

Fonte: Arquivo pessoal:


compreensão clara do processo de absorção e perda de água pelas folhas durante o período
analisado.

Qual a importância do conhecimento do conteúdo de água para agricultura?

Com o conhecimento sobre a água, a agricultura utilizará a água de forma controlada para não
levar a planta ao estresse hídrico ou saturação, portanto à água é essencial para o crescimento
das plantas, pois é necessária para a fotossíntese, absorção de nutrientes e transporte de
substâncias dentro da planta. Desse modo a água é o principal constituinte das células vegetais

Determine o C.R.A. de uma determinada folha sabendo-se que o peso da folha


após a sua retirada da planta era de 1,05g; o peso após ressaturação era de 1,15g e o peso
após 48 horas em estufa de ventilação forçada era de 0,05g. Indicar o C.R.A. em
porcentagem.

C.R.A=(PMF1-PMS)÷(PMF2-PMS)X 100

C.R.A=(1,05-0,05)÷(1,15-0,05)X100

C.R.A= 90,91%

Com base no valor do C.R.A. calculado de aproximadamente 90,91%, provavelmente


pertence a alguma hortaliça ou planta com alto teor de água em suas folhas. Hortaliças como
alface, espinafre, couve e outras apresentam teores elevados de água em suas estruturas foliares.

5. Conclusão

Os valores obtidos para o CRA, conforme demonstrado na Tabela 1, foram de 88,64%,


87,65% e 85,40% para as amostras 1, 2 e 3, respectivamente. Esses resultados foram
corroborados por achados semelhantes descritos por Dutra et al. (2008), que obtiveram um
CRA de 94,5% para folhas de mamoeiro em condições climáticas comparáveis. A
concordância entre esses estudos sugere que condições climáticas de chuva ou nublado tendem
a resultar em valores mais altos de CRA, indicando uma maior disponibilidade de água para as
plantas devido à hidratação do solo.

Além disso, a aplicação prática desse conhecimento na agricultura é crucial para o


manejo adequado da irrigação, maximizando a produtividade das culturas.

6. Referências
TAIZ, L.; ZEIGER, E. 2004. Fisiologia Vegetal, Editor ARTMED, 3ªed, Porto Alegre/RS.

Hunt Junior, E. R., Rock, B. N., & Nobel, P. S. (1987). Measurement of leaf relative water
content by infrared reflectance. Remote Sensing of Environment, 22, 429-435.
http://dx.doi.org/10.1016/0034-4257(87)90094-0

DUTRA, Alexandre Dias et al. Relação entre conteúdo relativo de água e potencial de turgor
obtido com Wiltmeter em folhas de mamoeiro. SIMPÓSIO DO PAPAYA BRASILEIRO, v.
5, 2011.

Ranjan, R., Sahoo, R. N., Chopra, U. K., Pramanik, M., Singh, A. K., & Pradhan, S. (2015).
Assessment of water status in wheat (Triticum aestivum L.) using ground based hyperspectral
reflectance. Biological Sciences, 5, 1-12

Datt, B. (1999). Remote sensing of water content in Eucalyptus leaves. Australian Journal of
Botany, 47, 909-923. http://dx.doi.org/10.1071/BT98042

Jones, H. G. (1992). Plants and microclimate: a quantitative approach to environmental plant


physiology (86 p.). Cambridge: Cambridge University Press.

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