A regulação da ventilação depende, dentre outros aspectos, de fatores neurais. Onde se
destaca que a atividade inerente dos neurônios inspiratórios com corpos celulares localizados na porção medial do bulbo governa o ciclo respiratório normal. A intensidade e duração do ciclo inspiratório respondem ao centro neural no hipotálamo que integra o influxo proveniente dos neurônios descendentes nas áreas locomotoras superiores. O centro respiratório do bulbo é composto por três grandes grupos de neurônios: O grupo respiratório dorsal é o principal responsável por inspirações, e seus neurônios localizam-se predominantemente no núcleo do tracto solitário, que também representa a terminação sensitiva dos nervos vago e glossofaríngeo. O ritmo ventilatório básico é gerado por este grupo neuronal, que emite sinais nervosos em rampa para os principais músculos inspiratórios. Estes potenciais de ação se caracterizam por serem inicialmente fracos, intensificando-se progressivamente ao longo de 2 segundos de inspiração, cessando abruptamente durante os 3 segundos subseqüentes, destinados à expiração por retração elástica dos pulmões e da caixa torácica. A vantagem deste tipo de sinal elétrico é a possibilidade de aumento progressivo no volume dos pulmões durante a inspiração. Tanto a velocidade de intensificação do sinal, quanto o ponto de corte do potencial de ação podem ser modificados, alterando o ritmo ventilatório basal. O centro pneumotorácico localiza-se na ponte, no núcleo parabraquial. Sua principal função é controlar o ponto de desligamento do potencial de ação inspiratório, regulando a fase de enchimento pulmonar. Assim, o centro pneumotorácico basicamente limita a inspiração e, portanto, a expiração, de modo que a freqüência ventilatória aumenta automaticamente. O grupo respiratório ventral situa-se junto aos núcleos ambíguo e retroambíguo, no bulbo. Estes neurônios permanecem predominantemente inativos durante o repouso, e não há evidência de que atuem sobre a regulação da oscilação rítmica básica da ventilação. Sua atividade se inicia quando há aumento da pulsão respiratória, que aumenta a ventilação pulmonar. Enquanto alguns neurônios deste grupo causam inspiração, outros geram expiração, sendo especialmente importantes para a emissão de sinais expiratórios para os músculos abdominais. Esta área atua, portanto, como um mecanismo de reforço frente a elevados níveis de ventilação pulmonar. O ciclo respiratório normal, então, resulta da atividade automática inerente dos neurônios inspiratórios, (citados anteriormente) cujos corpos celulares estão localizados no bulbo medial. Os aumentos na acidez e os aumentos subsequentes o CO2 e H+, proporcionam um estímulo ventilatório adicional no exercício extenuante que reduz a PCO2. Isso elimina o CO2. A finalidade básica da ventilação e do transporte sangüíneo de gases é a manutenção das concentrações circulantes e teciduais adequadas de oxigênio, dióxido de carbono e íons hidrogênio. A atividade do centro respiratório, portanto, é altamente sensível às variações de cada um destes parâmetros. Acredita-se que nenhum dos grupos respiratórios seja diretamente afetado pelas oscilações na concentração destas substâncias. Assim, é necessário que haja um intermediário entre a captação do estímulo e a ativação do centro respiratório. Na região ventral do bulbo, existe uma área neuronal quimiossensível, capaz de excitar os demais grupos respiratórios, cujo estímulo primário é a presença de íons hidrogênio, ou seja, os terminais nervosos são altamente estimulados pelo contato com os íons hidrogênio. Estes íons, entretanto, não atravessam as barreiras hematoencefálica e hematoliquórica, de modo que esta área é, na verdade, estimulada indiretamente através do dióxido de carbono. O CO2 em si não exerce efeito sobre a área quimiossensível, mas transpõe com facilidade as barreiras hematoencefálica e hematoliquórica, reagindo com a água e formando ácido carbônico. Este ácido dissocia- se em íons hidrogênio e bicarbonato, e são estes H+ que exercem poderoso efeito estimulador sobre a área quimiossensível. Então, quando a PCO2 do sangue aumenta, a PCO2 dos líquidos intersticial do bulbo e cefalorraquidiano também aumentam, iniciando as reações químicas descritas. O hidrogênio que estimula a área quimiossensível provém da água circulante junto aos tecidos nervosos, e não dos íons presentes no sangue, diretamente provenientes do metabolismo, uma vez que estes não podem atravessar as referidas barreiras. A excitação promovida por meio do líquido cefalorraquidiano é ainda mais rápida, se comparada à velocidade de estimulação através do líquido intersticial cerebral, uma vez que este último dispõe de grande quantidade de tampões ácido- básicos de natureza protéica, o que retarda a detecção dos íons hidrogênio no meio aquoso. A variação na concentração de dióxido de carbono exerce um poderoso efeito agudo sobre o controle do estímulo respiratório, mas um diminuto efeito crônico, já que, decorridas 24 a 48 horas, os rins produzem um aumento na disponibilidade plasmática de bicarbonato, que atua como sistema tampão para o hidrogênio, inclusive para os íons localizados nas proximidades da área quimiossensível, pois o bicarbonato se difunde através das barreiras hematoencefálica e hematoliquórica. Variações na concentração de oxigênio, em contrapartida, não exercem qualquer efeito direto sobre o centro respiratório.
Durante o exercício, os ajustes ventilatórios ocorrem em virtude de alterações mecânicas
ou químicas dentro dos músculos ativos e de sua rede vascular induzidas por sinais neurais ascendentes iniciados para proporcionar um controle periférico de retroalimentação (feedback) do cerebelo para o centro respiratório. Em ritmo estável leve a moderado, a ventilação pulmonar aumenta linearmente com a captação de oxigênio, aumentando o volume corrente. Durante um exercício vigoroso, o calor metabólico aumentado e a acidez nos tecidos ativos acarretam um aumento na liberação de oxigênio. Isso ocorre por meio de um desvio significativo para baixo e para direita na curva de dissociação da hemoglobina. Isso significa que mais oxigênio está sendo descarregado pela Hb para ser utilizado no metabolismo celular. O composto 2,3- difosfoglicerato produzido no metabolismo anaeróbico durante a glicólise, também afeta a afinidade da Hb pelo oxigênio. O 2,3-DPG facilita a dissociação do oxigênio ao combinar-se com as subunidades da Hb a fim de reduzir sua afinidade pelo oxigênio. Em conclusão, a função da ventilação é eliminar CO2. Pequenas variações na PCO2 geram grande efeitos na regulação da ventilação, pois ela trabalha em uma faixa muito mais restrita do que a PO2. O gráfico abaixo apresenta as curvas de concentração de lactato, VCO2, VO2, VE, pH e PCO2 em um teste com carga progressiva.