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ANATOMIA
SISTEMA ESQUELÉTICO
1 – Características gerais

O sistema esquelético juntamente com o muscular são os responsáveis pela


movimentação do corpo, tanto para locomoção, quanto para o bom funcionamento dos
sistemas fisiológicos internos, tais como digestão, circulação e respiração.
Suas principais funções são: SUSTENTAÇÃO, PROTEÇÃO (de órgãos vitais e frágeis),
MOVIMENTO (sistema de alavanca, junto com músculos) e PRODUÇÃO DE CÉLULAS
SANGUÍNEAS (medula de ossos longos).
O esqueleto humano é constituído por aproximadamente 206 osso, variáveis quanto
aos ossos das mãos e pés (extranumerários frequentes) e quanto ao esqueleto de recém-
nascidos, que por possuírem ossos ainda não fundidos, podem alterar esse número (ossos
do crânio, chamados popularmente de “moleira”).
A divisão do estudo anatômico do esqueleto humano ocorre da seguinte maneira:

Os ossos que compõe cada região são:


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2 – Articulações

As articulações são locais de junção entre dois ossos distintos. Podem ser classificadas
de três formas, dependendo do tipo de movimento que apresenta, ou até mesmo pela
falta de movimento. São elas:

 Sinartroses: são as articulações imóveis, como os ossos do crânio.


 Anfiartroses: são as articulações semimóveis, com movimentos limitados, como as
articulações da coluna vertebral, joelhos e cotovelos.
 Diartroses: são as articulações com movimentos amplos, como a articulação dos
antebraços, ombros ou tornozelos.

As articulações móveis possuem um sistema de lubrificação e proteção contra


choques, que envolvem cartilagem e um líquido chamado SINOVIAL, que evita o atrito
entre os ossos durante o movimento. O esquema mostra o local onde o líquido se
encontra, e as estruturas que mantém a articulação unida e protegida contra choques
entre os ossos.
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SISTEMA MUSCULAR
1 – Características Gerais

São feixes ou fibras musculares especializadas na CONTRAÇÃO.

2 – Contração Muscular

O músculo estriado esquelético fixa-se nos ossos por estruturas denominadas


TENDÕES, que promovem, juntamente com o respectivo osso, o SISTEMA DE ALAVANCA,
que funciona como um sistema de cordas que tracionam o esqueleto.
O músculo possui sua ORIGEM no osso que suportará a tração, e sua INSERÇÃO no
osso que será tracionado.

A contração muscular acontece por ordem do sistema nervoso. O impulso nervoso


viaja até o músculo através de nervos, e quando atinge o músculo, transmite a informação
pela PLACA MOTORA, e a informação é passada do neurônio para o músculo por meio do
neurotransmissor chamado ACETILCOLINA.
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Quando o músculo recebe o estímulo elétrico (impulso), ocorre um período muito


curto, necessário para a interpretação do estímulo por parte da placa motora, onde nada
acontece, chamado de PERÍODO LATENTE. Após esse período a contração acontece, como
podemos ver no gráfico.

Se, antes de terminar o primeiro, aplicarmos um novo estímulo, este irá se sobrepor
ao anterior, e se continuarmos aplicando estímulos próximos teremos uma CONTRAÇÃO
SUSTENTADA (manutenção do músculo contraído por um longo período), denominada
TÉTANO ou TETANIA, representada no gráfico por um traço contínuo.

3 – Contratura

Também chamada de câimbra, é uma contração reversível e duradoura, não originada


por impulso nervoso.
Podem ocorrer por vários motivos: aumento de K extracelular, ação de ácidos, calor ou
frio, aumento de Ca intracelular, cafeína e fadiga muscular (queda na glicose ou oxigênio,
com acúmulo de ácido láctico no caso o oxigênio).
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SISTEMA RESPIRATÓRIO
1 – Características Gerais

O sistema respiratório é formado pelos seguintes órgãos: fossas nasais, faringe,


laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos, formando os pulmões. O ar segue a
ordem descrita acima, e cada estrutura possui uma função:

 Fossas nasais: filtra, aquece e umidifica o ar.


 Faringe: confluência tubuliforme entre a via respiratória e digestória.
 Laringe: abertura da traqueia que abriga as CORDAS VOCAIS e a EPIGLOTE (controle
de passagem do ar para a traqueia e de alimento para o esôfago).
 Traqueia: tubo de anéis cartilaginosos (manutenção do tubo sempre aberto).
 Brônquios: tubulação bifurcada que invade os dois pulmões.
 Bronquíolos e alvéolos: região que dispersa o ar para que ocorra as trocas gasosas
nos capilares que passam pelos alvéolos.

2 – Pulmões

Os PULMÕES são dois órgãos esponjosos e elásticos situados no tórax, envolvidos por
uma membrana serosa denominada PLEURA, que fica aderida externamente à parede
torácica e internamente aos pulmões, e quando a caixa torácica se expande, essa
membrana ajuda a estender os pulmões para que se encham de ar.
O PULMÃO DIREITO é dividido em 3 LOBOS, e o ESQUERDO em 2 LOBOS (pela
presença do coração dividindo o espaço torácico).
No pulmão, os brônquios se ramificam em bronquíolos que terminam na estrutura
chamada de alvéolo.
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3 – Fisiologia

O processo respiratório é dividido em dois tipos de acontecimentos:

 Processos mecânicos: relaciona-se à ventilação pulmonar, auxiliados pelos


MÚSCULOS DIAFRAGMA e INTERCOSTAIS.
 Processos químicos: é a troca gasosa propriamente dita, que ocorre nos alvéolos.

A) Processos Mecânicos

A respiração mecânica está associada ao fator pressão. Para que possa ocorrer a
respiração, a PRESSÃO INTERNA DA CAIXA TORÁCICA precisa estar MENOR que a pressão
externa (ambiente).
Com a diferença de pressão, no momento em que o diafragma desloca-se para baixo,
e os músculos intercostais expandem a caixa torácica, a pressão externa, sendo maior que
a interna, empurra o ar para dentro dos pulmões, o que recebe o nome de INSPIRAÇÃO.
Quando ocorre o inverso, a força muscular, contando com o auxílio dos MÚSCULOS
ABDOMINAIS, pressiona os pulmões e empurra o ar para fora, a chamada EXPIRAÇÃO.
Obs.: Mergulhadores não contam com esse sistema, pois a pressão externa da água é
muito alta, impedindo o trabalho muscular. Quem empurra o ar para dentro dos pulmões
é a pressão do cilindro de gás, e a expiração ocorre pelo simples relaxamento dos
músculos, quando a própria pressão externa comprime o tórax, expulsando o ar.

A.1) Volume Respiratório

O volume respiratório faz referência a toda quantidade de ar, em ml, utilizado durante
um ciclo respiratório. Observe a tabela a seguir.
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4 – Processos Químicos

O fenômeno químico da respiração é chamado de HEMATOSE, e compreende a troca


gasosa que ocorre no alvéolo, seguindo o processo de DIFUSÃO, onde o oxigênio e o
dióxido de carbono passam do meio mais concentrado para o meio menos concentrado.

 Oxigênio: liga-se à HEMOGLOBINA formando o complexo chamado de OXIGÊNIO-


HEMOGLOBINA ou simplesmente OXIEMOGLOBINA: HbO2 (60 vezes mais que no plasma).
Pouco oxigênio permanece em solução no plasma (3ml/L).
 Dióxido de carbono: produzido pelo metabolismo celular, pode ser enviado aos
pulmões de três formas diferentes:

 Em solução no plasma, que corresponde apenas a 7% do total transportado


(aproximadamente 25ml/L).
 Sob a forma de íon de bicarbonato (HCO3-) transportado pelas hemácias e pelo
plasma, que corresponde a 70% do total transportado.
 Combinado com a hemoglobina na hemácia, que corresponde a 23% do total
transportado. Essa forma recebe o nome de CARBOXIEMOGLOBINA.

5 – Controle Respiratório

Quem controla a FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA é o CENTRO RESPIRATÓRIO, localizado


no BULBO, região do SNC que interpreta as variações de CO2. Porém, outros fatores
podem influenciar a atividade respiratória: pressão parcial de O2 no sangue: PO2, pressão
parcial de CO2 no sangue: PCO2, concentração de íons de H no sangue: pH e controle dos
músculos respiratórios por impulsos nervosos do SNC.
O esquema a seguir demonstra a regulação do sistema respiratório pelo SNC:
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O aumento da respiração celular gera, por consequência, um aumento da


concentração de CO2 no sangue. Esse aumento é captado pelas células do bulbo, o centro
respiratório de nosso SNC (Sistema Nervoso Central). Dentro das células, a enzima anidrase
carbônica une as moléculas de dióxido de carbono com moléculas de água, originando o
ácido carbônico H2CO3. A célula libera o ácido que, ao atingir o plasma, sofre o processo de
dissociação iônica, gerando íons livres de hidrogênio (H+) e íons de bicarbonato (HCO3_). Os
íons de bicarbonato, nos alvéolos, liberam o CO2 na troca gasosa, enquanto que os íons de
hidrogênio aumentam o pH sanguíneo, indicando para o centro respiratório a necessidade
de aumento da frequência respiratória.
A frequência volta a diminuir quando os níveis de CO2 começam a cair e esse sistema
começa a funcionar em menor intensidade, fazendo com que o pH sanguíneo volte a
diminuir. De maneira geral, o que controla a frequência respiratória é o pH sanguíneo.

SISTEMA DIGESTÓRIO
1 – Características Gerais

Quando falamos em sistema digestório, temos que analisar dois mecanismos que,
juntos, formam esse sistema:

 Tubo digestório: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno,


jejuno e íleo), intestino grosso (ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon
descendente, cólon sigmoide e reto) e ânus.
 Glândulas anexas: glândulas salivares (parótida, sublingual e submaxilar), fígado e
pâncreas.

O processo de digestão é dividido em duas etapas, que se complementam e trabalham


de forma conjunta: a digestão mecânica, que envolve a mastigação e a deglutição, e a
digestão química, que envolve os processos químicos da quebra dos nutrientes ingeridos.

2 – Processo Mecânico

O processo mecânico da digestão inicia-se com a mastigação, feita pelos 32 dentes,


divididos em: incisivos, caninos, pré-molares e molares.
O alimento mastigado misturado com a saliva é denominado BOLO ALIMENTAR, que
será DEGLUTIDO, empurrado pela língua até a faringe, passando pelo esôfago, onde, por
meio dos MOVIMENTOS PERISTALTICOS, será levado até o estômago.
No estômago, o bolo alimentar irá se juntar ao suco gástrico, e receberá o nome de
QUIMO.
O quimo é enviado ao intestino, por movimentos peristálticos, onde, no duodeno, se
junta ao suco entérico, recebendo o nome de QUILO.
Após percorrer todo o intestino, pelos mesmos movimentos, os nutrientes presentes
no quilo são absorvidos, e o material não aproveitado pelo organismo origina as fezes.
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3 – Processo Químico

A digestão química inicia-se também na boca, no contato entre o alimento e a SALIVA


(água, ptialina e mucina), produzida pelas glândulas salivares, que produzem a saliva pelo
processo denominado INSALIVAÇÃO. O pH na boca é de NEUTRO a LEVEMENTE ALCALINO
(7).
Quando o alimento chega ao estômago, ele passa a sofrer ação do SUCO GÁSTRICO (2
a 3 litros diariamente), uma mistura de ácido clorídrico, enzimas digestórias, íons diversos,
muco e o fator intrínseco. O pH no estômago é ÁCIDO (2).
Do estômago o alimento parte para o duodeno, onde se junta ao suco entérico, que
além de continuar a digestão química, leva a mistura para o pH neutro novamente.
Para entendermos melhor, dividiremos o processo químico da digestão em três etapas:

A) Na Boca

Na boca, devido à ptialina, uma enzima presente na saliva, também chamada de α-


amilase, 5 a 10% do amido ingerido sofre digestão, sendo convertido para maltose.

B) No Estômago

Com a mastigação ocorrendo, ocorre a liberação de um hormônio chamado GASTRINA,


que estimula a liberação do suco gástrico. Esse suco possui, entre outras substâncias, o
pepsinogênio que, na presença do ácido clorídrico (HCl), é ativado em pepsina, substância
que digere proteínas.
Além da pepsina, o suco gástrico também possui a lipase gástrica, que digere lipídios,
e a renina, que digere a caseína, uma proteína presente no leite.
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C) No Duodeno

Enquanto ainda está no estômago, o alimento serve de estímulo para a liberação da


SECRETINA, hormônio que faz com que a parede do duodeno produza bicarbonato de
sódio, para neutralizar a acidez vinda do estômago junto com o alimento.
Ao chegar no duodeno, o mesmo, por meio da ação do hormônio COLECISTOQUININA,
libera as enzimas proteolíticas: tripsinogênio, quimotripsinogênio e procarboxipeptidase.
Após a liberação dessas enzimas, tem início a cascata enzimática, que começa com a
liberação da ENTEROQUINASE, que converte o tripsinogênio em tripsina. Essa última
converte o quimotripsinogênio em quimotripsina e a procarboxipeptidase em
carboxipeptidase, que juntas irão promover a digestão de proteínas, lipídios e
carboidratos.

Além das enzimas proteolíticas, o pâncreas e o fígado liberam outras substâncias que
irão terminar o processo de digestão:

 Enzimas pancreáticas: lipase pancreática, amilase pancreática, DNAse e RNAse.


 Suco entérico: Amilase pancreática, sacarase, maltase, lactase, peptidases e lipases.
 Bile: liberada pelo fígado, é o emulsificante natural de gordura, chamados de sais
biliares.

Conforme o alimento vai progredindo no tubo digestório, alguns mecanismos devem


ser bloqueados, já que não serão mais utilizados naquele momento.
A liberação do ácido clorídrico sinaliza para as células da mucosa estomacal
bloquearem a liberação do hormônio gastrina e, ao chegar no duodeno, a liberação da
colecistoquinina e a diminuição do pH também bloqueiam a liberação da gastrina,
interrompendo a ação do estômago na digestão, já que o alimento já está no duodeno.
Isso evita a ação do ácido na própria parede estomacal, evitando lesões.
Veja no esquema:
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4 – Absorção

São vários os produtos finais provenientes do processo de digestão, porém, eles são
absorvidos em locais diferentes e de formas diferentes no tubo digestório:

 No estômago: água, sais minerais e álcool.


 No intestino delgado: água, sais minerais, glicose, aminoácidos, álcool.
 Vias linfáticas: complexo difusível (sais biliares + gordura), que nos vasos quilíferos
se dissociam, e os sais biliares são recompostos, deixando apenas gotículas de gordura.

Veja nos esquemas, os produtos finais absorvidos pelo processo de digestão:


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SISTEMA EXCRETOR
1 – Características Gerais

O sistema excretor humano é o responsável pela produção e eliminação das excretas


nitrogenadas, chamadas de URINA, e por esse motivo, também pode ser chamado de
SISTEMA URINÁRIO.
É composto por DOIS RINS, DOIS URETERES, UMA BEXIGA URINÁRIA e UMA URETRA.
Além da função descrita acima, o sistema excretor também participa da reabsorção de
aminoácidos, glicose, água e potássio, além do controle da quantidade de água no
organismo. É muito importante para A REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL.

2 – Rins

Os rins são os órgãos responsáveis pela filtração do sangue, retirando dele os resíduos
e uma porção de água, que darão origem à urina. Em uma pessoa adulta, pesa em torno
de 150g cada um, com um comprimento de 12cm e largura de 6cm.
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Esse órgão é dividido em duas regiões: CÓRTEX (região externa) e MEDULA (região
interna).
Na zona medular, o rim possui 8 a 16 lóbulos piramidiformes, chamados de PIRÂMIDES
DE MALPIGHI, que abrigam os NÉFRONS (néfro ou nefrônio), que são as unidades
funcionais do rim.
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3 – Néfron

O néfron é a unidade filtradora da pirâmide de Malpighi, formado pelas seguintes


estruturas: GLOMÉRULO + CÁPSULA DE BOWMAN, TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL,
ALÇA DE HENLE, TÚBULO CONTORCIDO DISTAL e DUCTO OU TÚBULO COLETOR.
Cada estrutura do néfron possui uma função diferente na filtração, que serão
explicadas no tópico sobre a fisiologia renal.

4 – Fisiologia

A fisiologia do sistema excretor resume-se no processo de formação da urina, que


acontece no glomérulo.
O volume filtrado por todos os glomérulos em relação ao tempo é a TAXA DE
FILTRAÇÃO GLOMERULAR. Em pessoas sadias e normais, o valor indica 125ml/min, ou 180
litros a cada 24 horas, o que significa que todo o volume plasmático circulou pelos rins
entre 30 e 60 vezes.
Dentro da cápsula, a pressão sanguínea hidrostática é de 50mmHg, fazendo com que
as substâncias líquidas atravessem os capilares. Porém, as proteínas e células sanguíneas
promovem diferença osmótica, fazendo com que a parte líquida retorne para dentro
(25mmHg) mais a pressão da cápsula (17mmHg). Por isso, a pressão de filtragem ideal gira
em torno de 8mmHg.
Dos 180 litros de filtrado produzidos, 179 litros são reabsorvidos, e apenas 1 litro ira
compor a urina. De todo o líquido filtrado, 99% é reabsorvido, junto com íons de Na +, K+,
Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO3- , entre outros, que são reabsorvidos nos túbulos contornados. A água
é reabsorvida no tubo coletor e na Alça de Henle.
Substâncias como a GLICOSE, AMINOÁCIDOS, e outras poucas PROTEÍNAS são
TOTALMENTE REABSORVIDAS, não podendo constar suas amostras em urinas de pessoas
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sadias, além da UREIA, principal produto nitrogenado da urina, amônia, ácido úrico,
creatinina, etc....
A regulação da função renal é determinada pela quantidade de água no organismo, ou
seja, quanto mais água no organismo, mais diluída será a urina, e quanto menos água, mais
concentrada ela será. Daí a importância da ingestão diária de aproximadamente 2 litros de
água.

5 – ADH (Hormônio Antidiurético)

O ADH, sigla para hormônio antidiurético, é quem regula o trabalho de reabsorção de


água dos rins e trabalha da seguinte maneira: a pouca ingestão de água faz com que a
concentração sanguínea aumente, aumentando também a pressão osmótica. Esse
aumento de concentração é percebido pelos receptores do hipotálamo, que produz ADH
e libera na corrente sanguínea. O ADH irá agir nos ductos coletores dos néfrons,
aumentando a reabsorção de água e, consequentemente, diminuindo a concentração e a
pressão osmótica sanguínea. A diminuição da concentração gera um feedback negativo,
inibindo a produção de ADH no hipotálamo.
O excesso de ingestão de água diminui a concentração sanguínea, o que inibe a
produção de ADH e faz com que a urina fique mais diluída (mais água na urina). O álcool
também inibe a produção de ADH, por isso a ingestão de bebidas alcoólicas aumenta a
quantidade de urina, além de torna-la mais diluída.
Veja o esquema da ação do ADH:

No esquema a seguir podemos ver a ação do ADH no caso de pouca ingestão de água.
Cabe lembrar que o recomendado pelos médicos é a ingestão diária de aproximadamente
2 litros de água, para o melhor funcionamento dos rins.
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O consumo diário exagerado de sal pode fazer com que os níveis de sódio no sangue
fiquem elevados, aumentando a ação do ADH. A alta reabsorção de água eleva o volume
sanguíneo e, consequentemente, eleva a pressão arterial. O recomendado pela OMS
(Organização Mundial da Saúde), desde 2013, é o consumo de 5g de sal por dia
(aproximadamente uma colher rasa de chá).

6 – Sistema Renina-Angiotensina e Aldosterona

Além do ADH, outro hormônio chamado Aldosterona também age no controle de água
e concentração de íons de sódio no sangue.
A baixa ingestão de água e a baixa concentração de sódio no sangue estimulam os rins
a produzir e liberar RENINA, uma enzima que, ao cair na corrente sanguínea, reage com o
ANGIOTENSINOGÊNIO, produzido pelo fígado e, que em contato com a renina, é
convertido em ANGIOTENSINA. A angiotensina estimula as suprarrenais a produzir e
liberar ALDOSTERONA, que age no túbulo contorcido distal e aumenta a reabsorção de
sódio. O aumento do sódio na corrente sanguínea aumenta a ocorrência da osmose,
fazendo com que o nível de água no sangue aumente, até que a concentração seja
regulada.
Veja o esquema:
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SISTEMA CIRCULATÓRIO
1 – Características Gerais

É o sistema de circulação do corpo, também chamado de CARDIOVASCULAR, dividido


em CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA e CIRCULAÇÃO LINFÁTICA, cujos órgãos responsáveis são:
CORAÇÃO, VEIAS, ARTÉRIAS e VASOS LINFÁTICOS.

2 – Ciclo Cardíaco

O ciclo cardíaco, nada mais é, do que os movimentos realizados pelo coração para o
bombeamento do sangue, e são divididos em dois momentos:

 DIASTOLE: relaxamento do coração para a entrada do sangue.


 SÍSTOLE: contração do coração para bombeamento do sangue para os pulmões e
organismo (duas sístoles).

Observe no esquema:
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3 – Circulação Sanguínea

O sangue venoso chega no coração, vindo da grande circulação, pelas veias cavas
inferior e superior. No átrio direito (AD) passa pela válvula tricúspe (tricúspide) e vai para
o ventrículo direito (VD), onde passa pela válvula semilunar direita e cai na artéria
pulmonar, de onde vai para os pulmões para ser oxigenado. Depois de ser oxigenado, o
sangue arterial volta ao coração pelas veias pulmonares, onde cai no átrio esquerde (AE).
No AE, ele passa pela válvula mitral ou bicúspide chegando no ventrículo esquerdo (VE),
onde passa pela válvula semilunar esquerda, chegando na artéria aorta, que irá distribuir
o sangue arterial para o organismo.
Os esquemas a seguir, mostram, de forma simplificada, o caminho do sangue na
circulação humana e os vasos envolvidos no processo:
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4 – Vasos Sanguíneos

Os vasos sanguíneos que condizem o sangue por todo o corpo são divididos em três
tipos:

A) Artérias

São os vasos que levam sangue arterial do coração para o corpo, e sangue venoso do
coração para os pulmões (sangue que sai do coração).
Possuem parede espessa com camada de tecido conjuntivo e densa camada muscular
(controle da pressão arterial), além de grande quantidade de fibras colágenas e elásticas
(maleabilidade do vaso), por isso conseguem absorver maiores níveis de pressão cardíaca.

B) Veias

São os vasos que trazem o sangue venoso do corpo para o coração e o sangue arterial
dos pulmões para o coração (sangue que chega ao coração).
Possuem a parede delgada com camada de tecido conjuntivo e fina camada de tecido
muscular.
Possuem também as VÁLVULAS VENOSAS, que impedem o refluxo sanguíneo e
dependem do auxílio da musculatura para a sua circulação.
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No esquema a seguir podemos observar o funcionamento das válvulas venosas com o


auxílio da musculatura:

C) Capilares

São os vasos mais finos, ou, menos calibrosos do organismo e, recebem esse nome, por
serem comparados a um fio de cabelo.
Sua parede delgada é constituída apenas por endotélio e sua grande quantidade forma
redes dentro dos órgãos.
São eles que conectam veias e artérias para fechar a circulação.

5 – Pressão Arterial

Pressão arterial, como o próprio nome diz, é a pressão exercida pelo sangue, ao ser
bombeado pelo coração, dentro das artérias. Ela sempre será maior que a pressão exercida
pelo sangue nas veias, e seu aumento ou diminuição podem provocar alterações no
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funcionamento do organismo. Como visto no capítulo anterior, os rins, por meio do


sistema Renina – Angiotensina – Aldosterona provocam forte influência na pressão
arterial, porém, não é o único agente controlador. Fatores como a temperatura ambiental,
estresse, e má alimentação também podem alterar a pressão. Cabe lembrar que pressão
elevada e pressão baixa podem apresentar os mesmos sintomas, por isso, o único
profissional que pode diagnosticar problemas com sua pressão arterial e receitar
medicamentos para seu controle é o médico.
A pressão arterial, na verdade, é um conjunto de pressões diferentes que, juntas,
determinam uma boa circulação do sangue pelo organismo. São elas:

 Pressão hidrostática: pressão sanguínea no interior de veias e artérias.


 Pressão osmótica: pressão de saída de nutrientes para fora dos vasos.
 Pressão sistólica: pressão que o sangue é bombeado pelo coração para o corpo.
 Pressão diastólica: pressão que o sangue impõe ao vaso quando o coração se
encontra relaxado.

O método de aferir a pressão consiste no seguinte: coloca-se o aparelho de pressão no


braço e o enche de ar. A bolsa cheia de ar bloqueia a passagem de sangue pela artéria.
Quando está bem cheio, o profissional da saúde responsável pelo aferimento começa a
soltar o ar, e com o estetoscópio ele acompanha até ouvir o primeiro som do sangue
circulando na artéria. Nesse momento ele marca a primeira pressão, vista no manômetro
do aparelho, que indica a pressão sistólica. O ar continua sendo liberado, e no momento
que ele não ouve mais som nenhum, ele novamente marca o valor da pressão no
manômetro, que indica a pressão diastólica.
Os valores do manômetro fazem referência a pressão em mmHg (milímetros de
mercúrio) e no esquema a seguir, veremos a marcação da pressão 12/8, ou seja, 120mmHg
de pressão sistólica para 80mmHg de pressão diastólica.
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6 – Sangue

Tecido interno aos vasos, composto basicamente por três tipos de célula (as demais
estão explicadas no tópico de histologia):

 Hemácias (eritrócitos): função de transporte de oxigênio e dióxido de carbono.


 Leucócitos: células de defesa do organismo.
 Plaquetas: proteínas relacionadas com a COAGULAÇÃO SANGUÍNEA.

A parte líquida do sangue possui dois componentes: o plasma e o soro (presença dos
anticorpos), que juntos possuem as seguintes funções:

 Transporte: transporte de proteínas, lipídeos, íons e vitaminas de baixo peso


molecular.
 Nutrição: reserva proteica (aproximadamente 200g em um indivíduo adulto).
 Pressão osmótica: Controle de distribuição de água entre os tecidos.
 Coagulação sanguínea: presença do fibrinogênio.
 Defesa: transporte de anticorpos (soro).

7 – Cascata de Coagulação

Quando ocorre uma lesão no organismo, seja interna ou externa, e essa lesão gera um
sangramento (hemorragia), alguns sistemas são ativados para que esse sangramento seja
interrompido. A primeira atitude tomada pelo organismo é provocar a vasoconstrição, o
estreitamento dos vasos sanguíneos rompidos para que diminua a saída do sangue. A
segunda atitude é agregar plaquetas (trombóticos) no local lesionado, funcionando como
uma espécie de tampão de células, porém, apenas as plaquetas não são suficientes para
segurar a pressão do sangue, e para isso, precisam da ajuda de uma proteína chamada
fibrina, que forma um emaranhado na lesão, como se fosse uma rede, que prende as
estruturas celulares, impedindo seu extravasamento. A cascata de coagulação é a ação de
algumas proteínas, em sequência, até a formação da trombina.
Assim que ocorre a lesão, as plaquetas aderidas, mais as células lesionadas, liberam no
local uma proteína chamada tromboplastina. Essa proteína, junto com íons de cálcio livres
no sangue e vitamina K, irão promover uma reação e converter uma proteína chamada
protrombina em trombina. A trombina, por sua vez, irá converter uma proteína chamada
fibrinogênio em fibrina, que irá se aderir ao ferimento para, junto com as plaquetas,
interromper o sangramento. Essa sequência de ativação é chamada de cascata.
As proteínas protrombina e fibrinogênio são produzidas no fígado também por ação da
vitamina K, daí sua importância na alimentação, e circulam no sangue o tempo todo,
porém, na forma inativa, para que não promovam coágulos dentro dos vasos sanguíneos
sadios.
Aos poucos, a rede de fibrina, as plaquetas, e as demais células sanguíneas formam um
complexo tão denso, que nem a parte líquida do sangue (plasma) consegue sair, e assim,
a hemorragia é completamente estancada.
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Veja o esquema:

8 – Sistema Linfático

A linfa é o líquido intercelular, composto pelo plasma sanguíneo que sai dos capilares
para os tecidos levando nutrientes.
Os vasos linfáticos drenam esse líquido, contendo resíduos celulares, e lançam
novamente na circulação sanguínea, através da veia cava.
Antes de lança-la, os gânglios linfáticos filtram e purificam a linfa, evitando infecções
ou disseminação de células tumorais.

SISTEMA NERVOSO
1 – Características Gerais

O sistema nervoso tem como principais funções, perceber, transmitir e efetuar


respostas a estímulos internos e externos. Suas respostas são classificadas de duas formas:

 Resposta rápida: ocorre por meio dos nervos, onde a ordem ocorre por meio de
impulsos nervosos.
 Resposta lenta: ocorre por meio de ação hormonal, onde o hormônio só terá efeito
ao atingir o órgão alvo, sendo enviado pela corrente sanguínea.

Cabe lembrar que estamos lidando com ações muito rápidas para a percepção normal
humana. Quando dizemos mais rápida ou mais lenta, estamos comparando as duas formas
entre elas.
O sistema nervoso é classificado em três subtipos no organismo:

 SNS: é o Sistema Nervoso Central, composto pelo encéfalo e medula espinhal.


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 SNP: é o Sistema Nervoso Periférico, composto pelos nervos cranianos, espinhais e


os nervos menores da periferia do organismo, ligados aos nervos citados.
 SNA: é o Sistema Nervoso Autônomo, composto pelos nervos simpáticos e
parassimpáticos.

2 – Sistema Nervoso Central

Como dito anteriormente, o SNC é composto pelo encéfalo e medula espinhal, mas
esses dois componentes também possuem suas divisões, feitas principalmente pelas
funções exercidas por cada parte. Vamos ver de maneira separada cada um deles:

A) Encéfalo

É a estrutura intracraniana, composta pelo cérebro, cerebelo e bulbo, envolvido pela


meninge, que exercem as seguintes funções:

A meninge é uma membrana conjuntiva que envolve e protege o encéfalo e a medula.


Constitui-se, de fora para dentro, de três camadas de tecido chamadas: Dura-máter,
Aracnoide e Pia-máter.
No espaço subaracnóideo está o LÍQUOR, líquido pobre em proteínas que protege os
dois órgãos de choques mecânicos

B) Medula Espinhal

É um cordão de tecido nervoso, de aproximadamente 45cm de comprimento, por


1,5cm (1 dedo) de espessura, desde a base do crânio até a 1ª ou 2ª vértebra lombar,
protegido pela meninge.
25

3 – Sistema Nervoso Periférico

A) Nervos Cranianos

São 12 pares saindo da base do encéfalo e podem ser sensitivos, que captam estímulos
externos e transportam até o encéfalo, ou motores, que transportam a resposta do
encéfalo até as estruturas presentes na cabeça e pescoço. Veja o esquema:

B) Nervos Espinhais

São 31 pares que saem da medula espinhal e possuem uma raiz ventral e uma dorsal.
A raiz ventral possui as fibras motoras, chamadas de nervos eferentes, e a raiz dorsal possui
as fibras sensitivas, chamadas de nervoso aferentes. O conjunto das duas fibras é que
forma o nervo espinhal.
O nome dorsal e ventral vem da posição do nervo, já que analisamos as posições
anatômicas. Tecnicamente, os ramos dorsais, olhando uma pessoa em pé, e de frente,
ficam na parte de traz da medula, já os ramos ventrais, na parte da frente.
26

4 – Sistema Nervoso Autônomo

É o sistema que controla as funções involuntárias dos órgãos internos, por isso o nome
autônomo. São constituídos por dois neurônios cada um e são classificados em:

 Parassimpático: neurônios vindos do cérebro e da região sacral da medula. O gânglio


secundário localiza-se no entorno ou dentro dos órgãos efetuadores.
 Simpático: formado por uma cadeia ganglionar que fica ao lado da coluna vertebral
(Cadeia Ganglionar Simpática), situa-se na região torácica e lombar da medula.

Os nervos simpáticos e parassimpáticos controlam funções nos mesmos órgãos, mas


nem sempre são funções antagônicas. Na tabela a seguir, veremos as principais funções
controladas por esses nervos:
27

5 – Ato e Arco Reflexo

São respostas dadas pelo sistema nervoso a algum tipo de estímulo, seja interno ou
externo.

A) Ato Reflexo

É o tipo mais simples de resposta nervosa a um estímulo. Um exemplo é o reflexo


rotuliano, que é o movimento da perna quanto o tendão patelar sofre um choque
mecânico. Envolve apenas o neurônio sensitivo e o motor que se comunicam diretamente
um com o outro, na região da substância cinzenta da medula espinhal.

B) Arco Reflexo

Um estímulo excita um receptor que induz um impulso nervoso a um neurônio


sensitivo. Chegando na substância cinzenta da medula espinhal, o impulso passa por um
neurônio intercalar, no centro de correlação, que codifica o sinal e reenvia o impulso para
o neurônio motor, para que ocorra a contração muscular. É uma resposta mais trabalhada,
já que necessita do trabalho de decodificação do estimulo por parte do SNC.
Dependendo o tipo do estímulo e o local onde foi gerado, tanto o ato quanto o arco
reflexo podem trabalhar juntos, inicialmente o ato, com uma resposta imediata, e
posteriormente o arco, com uma resposta pensada. O fato de ter mais um neurônio
trabalhando no arco reflexo, não torna a resposta mais lenta que a resposta do ato reflexo.
28

6 – Reflexo Condicionado

Técnica criada pelo fisiólogo russo Pavlov, consiste no condicionamento de ações


através de estímulos externos.
Em seu experimento, cada vez que mostrava alimento para um cão, o cão salivava, e
ao mesmo tempo que mostrava o alimento, ele tocava uma campainha. Depois de um
tempo, apenas o toque da campainha fazia o cão salivar, pois seu cérebro associava o som
à visão do alimento.
O reflexo condicionado está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Preste
atenção se o sinal da escola não te provoca algum comportamento ou resposta fisiológica
específica, ou se a buzina de um carro não te faz pensar em batidas ou acidentes,
provocando um susto ou uma rápida reação. Estes são apenas alguns exemplos de reflexos
condicionados que desenvolvemos durante nossa vida.

SISTEMA IMUNOLÓGICO
1 – Características Gerais

É o sistema de defesa do organismo, que é dividido em dois mecanismos:

 Mecanismo inespecífico: é o mecanismo que não distingue o tipo de invasor, e


segue uma sequência, onde a PRIMEIRA LINHA de defesa, a mais externa, consiste na pele
e nas mucosas, e a SEGUNDA LINHA, a mais interna, consiste nas substâncias químicas
produzidas pelo organismo, que matam qualquer ser estranho, sem identificar qual é esse
organismo.
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 Mecanismo específico: é o organismo formado pela TERCEIRA LINHA, que antes de


atacar e eliminar, ela identifica e produz respostas específicas para cada tipo de invasor.
Essa terceira linha é chamada de SISTEMA IMUNOLÓGICO ou SISTEMA IMUNITÁRIO.
Para entendermos melhor o funcionamento do sistema imunológico, precisamos
entender o que é o como age um invasor, ou agente estranho ao organismo.
O agente invasor e as moléculas que protegem nosso organismo recebem nomes
específicos:

 Antígeno: qualquer substância ou ser vivo (incluindo vírus), estranho ao organismo,


que em contato com o mesmo, pode desencadear a produção de anticorpos.
 Anticorpos: proteínas do tipo IMUNOGLOBULINAS, produzidas a partir do estímulo
dos antígenos, com a função de neutraliza-los.

2 - Antígenos

Como visto anteriormente, o antígeno é qualquer corpo ou molécula estranha ao


organismo, que provoca uma reação imunológica. Esse antígeno pode ser classificado da
seguinte forma:

Propriedades dos antígenos:


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3 – Anticorpos

São proteínas específicas, que por possuírem a capacidade de agir como anticorpos,
são denominadas imunoglobulinas. Os principais, e suas funções, estão identificados na
tabela a seguir:

4 – Órgãos Linfoides

São responsáveis por armazenar e concentrar as células produtoras da resposta


imunológica, que são produzidas por eles mesmo, ou pela medula óssea.
São classificados em órgãos primários e secundários, dependendo da época de
funcionamento no organismo do ser vivo, ou até mesmo, pela quantidade de células
produzidas.
31

5 – Resposta Imunológica

Nosso mecanismo de defesa específico segue duas propostas básicas de


funcionamento:

 Especificidade: capacidade de reconhecer e combater moléculas estranhas ao


organismo.
 Memória: capacidade de reconhecer, por mais de uma vez, uma molécula estranha
que em outra ocasião, já havia sensibilizado o sistema imunológico. Desse sistema de
memória, participam os LINFÓCITOS B, que produzem anticorpos, e os LINFÓCITOS T, que
podem ser de dois tipos:
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Graças a essa capacidade de armazenar uma memória imunológica, a nossa resposta à


qualquer antígeno funciona de duas maneiras:

 Resposta Primária: quando um antígeno entra em contato pela primeira vez com o
organismo. É uma resposta MAIS LENTA (1 a 30 dias), com um DECRÉSCIMO DE
ANTICORPOS acentuado em pouco tempo, chegando quase ao zero, porém, gerando a
MEMÓRIA.
 Resposta Secundária: quando o mesmo antígeno, que já gerou uma resposta
primária anteriormente, entra em contato pela segunda vez com o organismo. É uma
resposta que necessita de uma DOSE MENOR DE ANTÍGENOS, e acontece com MAIOR
VELOCIDADE E PERSISTENCIA DOS ANTICORPOS. Geralmente, esse segundo contato com
o antígeno, gera uma resposta tão eficiente, que o indivíduo nem percebe o contato, pela
ausência de sintomas.

O gráfico a seguir demonstra a reação imunológica, a partir da injeção de antígenos no


dia zero, e as curvas demonstram as respostas primária e secundária. Observe o tempo de
duração relativo das duas respostas, e a quantidade de anticorpos gerada. Na resposta
primária temos uma menor quantidade de anticorpos, com uma persistência maior no
organismo, já que a ativação da resposta precisou de uma maior quantidade, também, de
antígenos no corpo. Já na resposta secundária, a quantidade de anticorpos aumentou
rapidamente, com uma menor quantidade de antígenos, e seu tempo de duração foi
menor, pois os anticorpos produzidos superaram a quantidade de antígenos,
proporcionando um combate rápido.
Para efeito ilustrativo o gráfico varia do dia zero ao dia sessenta aproximadamente, o
que não quer dizer que no organismo seja assim. A resposta secundária pode vir anos
depois da resposta primária, e a memória se manter ativa por todo esse tempo.

6 – Imunização

A memória gerada pela resposta primária, que irá desencadear a resposta secundária
é chamada de imunização, e pode seguir dois padrões:
33

7 – Soro e Vacina

Você já deve ter ouvido falar em acidentes com animais peçonhentos, onde a pessoa
relatou a necessidade do soro, e por outro lado, muitas das doenças que poderiam te levar
a morte foram prevenidas com o uso da vacina, na idade correta. Mas qual a diferença
entre os dois métodos? A resposta é simples:

 Soro: aplicação de uma carga de anticorpos prontos produzidos por outro indivíduo,
com o objetivo de ação imediata, sem geração de memória. Ex.: antiofídico.
 Vacina: aplicação de agentes patogênicos atenuados ou mortos, que muitas vezes
geram sintomas, mas nunca desenvolvem a doença, com objetivo de fabricação própria de
anticorpos e geração de memória. Ex.: BCG, varíola, tétano, etc...

SISTEMA ENDÓCRINO
1 – Características Gerais

Todas as células do nosso organismo agem conforme ordens específicas. Na maior


parte das vezes, as ordens vêm do SNC (sistema nervoso central), e ai surge a pergunta:
como uma ordem vinda do SNC pode chegar até o órgão específico, como rins, fígado,
estômago, etc...? O SNC pode ordenar por meio de impulsos nervosos, porém, ações mais
refinadas exigem ordens mais refinadas, e é ai que entram os HORMÔNIOS, substâncias
proteicas, capazes de regular ações por meio de feedbacks positivos ou negativos, fazendo
com que o órgão alvo realize ações com início e término, conforme a glândula produtora
do hormônio desejar.
Basicamente, o controle hormonal funciona como uma empresa, onde funcionários
seguem à risca suas funções. Alguns são responsáveis pela detecção dos problemas e
34

monitoramento do ambiente, e são chamados de RECEPTORES. Quando detectam a


variação, enviam a informação para o CONTROLE CENTRAL, que analisa as informações e
determina a melhor forma de agir, ou a melhor resposta à essa variação. Com a resposta
correta determinada, o controle central faz com que o EFETOR realize a ação para devolver
a estabilidade àquele ambiente.

Observe o exemplo do funcionamento do ADH, hormônio já discutido anteriormente:

Os hormônios podem controlar órgãos não glandulares, mas também podem ter a
função de controle de outras glândulas, e quando exercem essa função, passam a ser
chamados de HORMÔNIOS TRÓPICOS, e são produzidos pela ADENOIPÓFISE. Os principais
são:

 Tireoideotrópico (TSH): estimula a tireoide.


 Adenocorticotrópico (ACTH): estimula as suprarrenais ou adrenais (córtex).
 Gonadotrópicos: atuam sobre ovários e testículos, o FSH (folículo estimulante) e o
LH (luteinizante).

2 – Principais Glândulas e Hormônios Produzidos

As unidades produtoras de hormônios no nosso organismo são as glândulas e as


tabelas a seguir mostram os hormônios por elas produzidos e suas principais funções:
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A) Hipófise

B) Hipotálamo

C) Tireoide

D) Paratireoide

E) Timo
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F) Adrenais (Suprarrenais)

G) Pâncreas

H) Gônadas

3 – Regulação Hormonal

A) No Homem

A partir do início da puberdade, que pode variar, mas geralmente ocorre entre 10 e 14
anos, os hormônios gonadotróficos ordenam que a hipófise inicie a produção de dois
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hormônios: o FSH, que inicia o processo de espermatogênese (produção de


espermatozoides) nos testículos, e o LH que, além de contribuir para a espermatogênese,
também estimula a produção de testosterona (hormônio sexual masculino) pelas células
de Leydig, gera as características sexuais secundárias masculinas (mudança de voz,
crescimento de pelos pubianos e barba, aumento da tonicidade muscular, etc...) e começa
a gerar o impulso sexual no menino.
Observe o esquema:

B) Na Mulher

Assim como no homem, na mulher, o início do processo de ovulogênese (maturação e


liberação dos óvulos) também ocorre entre os 10 e os 14 anos, quando os hormônios
gonadotróficos ordenam o início da produção do FSH e LH pela hipófise. Porém, na mulher,
o processo envolve mais etapas.
No ovário existem células chamadas ovócitos primários (ovócito I) que são produzidos
ainda durante o período de feto. Os ovócitos primários acompanham a mulher até o início
da puberdade, quando, mês a mês, vão maturando e sendo eliminados (ovulação). Esses
ovócitos primários ficam protegidos dentro de células especiais chamadas células
foliculares que, após um período de desenvolvimento, liberam o ovócito secundário
(ovócito II) maduro, pronto para ser fecundado, que passa a ser chamado de óvulo. As
células foliculares passam a ser chamadas de corpo lúteo, e terão grande importância no
período de gestação.
Todo esse processo, chamado de ovulogênese, é controlado pela ação dos hormônios
FSH e LH, da seguinte maneira: os folículos jovens (células foliculares) possuem receptores
apenas para o hormônio FSH que, em contato com essas células, promove sua proliferação
e crescimento. Após um período de desenvolvimento, essas células começam a produzir
um conjunto de hormônios sexuais chamado estrógeno, composto basicamente por
estriol, estradiol e estrona, e por volta do 14º dia após a liberação do FSH, a quantidade de
estrógenos produzida provoca um feedback positivo na hipófise, que começa a aumentar
38

a liberação de um segundo hormônio chamado LH, que já era produzido anteriormente,


porém, em pequenas quantidades. Os folículos que, quando jovens, só conseguiam
interagir com o FSH, agora podem interagir com o LH, que continua promovendo sua
proliferação, mas também promove a liberação do ovócito secundário (óvulo), processo
chamado de ovulação e a transformação das células foliculares em corpo lúteo. O corpo
lúteo irá aumentar a produção de estrógenos, mas também passa a produzir um segundo
hormônio sexual chamado progesterona.
A grande quantidade de estrógeno e progesterona provoca um feedback negativo na
hipófise, que diminui a níveis mínimos a produção de FSH e LH. Se não houver fecundação,
o corpo lúteo irá se degenerar, e com a queda dos hormônios estrógeno e progesterona,
aproximadamente no 28º dia, a parede do útero, chamada de endométrio, que durante
todo o ciclo vinha se espessando para receber o embrião, se descama e inicia um novo
espessamento. Esse fato é a menstruação, ou seja, a troca do endométrio.
Se ocorrer a fecundação será originada a placenta, que irá produzir um hormônio
chamado gonadotrofina coriônica (HCG), que impede a degeneração do corpo lúteo pelos
9 meses de gestação, pois os altos níveis de estrógeno e progesterona impedem a
menstruação, mantendo o embrião, e posteriormente o feto, fixados ao endométrio,
evitando um possível aborto espontâneo. Nos exames para detecção de gravidez é esse
hormônio que é procurado, pois apenas em caso de gravidez (geração da placenta) ele se
encontra presente no organismo feminino.

As pílulas anticoncepcionais, por meio de hormônios sintéticos similares ao estrógeno


e progesterona, garantem a manutenção dos altos níveis hormonais durante todo o
período de 28 dias. Com isso, a hipófise não identifica o feedback positivo gerado pelo
estrógeno produzido pelas células foliculares, impedindo o pico de LH. Sem o pico de LH
não ocorre a ovulação, por isso a função anticoncepcional. Existem três tipos de pílulas: as
de 21 comprimidos, que seu uso deve ser iniciado no primeiro dia da menstruação, e após
o término da cartela, deve ser feita uma pausa de 7 dias, com o reinício no 8º dia. As pílulas
de 24 comprimidos, com início no primeiro dia de menstruação e, após o término da
cartela, deve ser feita uma pausa de 4 dias, com reinício no 5º dia. E as pílulas de 28
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comprimidos, que são de uso ininterrupto e não permitem a menstruação. Essas são
polêmicas pois seu uso por muito tempo vem sendo associado ao surgimento de doenças
vasculares como a trombose e algumas cardiopatias.
É extremamente importante uma consulta com um ginecologista, pois existem
inúmeras marcas no mercado, com diversas dosagens hormonais, e SOMENTE O MÉDICO
é capaz de identificar e receitar a melhor pílula para cada pessoa. Nunca tome nenhum
medicamento, inclusive pílulas anticoncepcionais, por indicação de pessoas leigas, como
mãe, irmãs, primas ou amigas, pois o risco de uma gravidez indesejada pode ser alto.
O gráfico a seguir mostra, de maneira resumida, o ciclo menstrual. Observe que o
gráfico possui três pontos a serem analisados simultaneamente: desenvolvimento folicular
e lúteo, quantidade dos hormônios hipofisários (FSH e LH) e sexuais (estrógeno e
progesterona) e o espessamento do endométrio. Todos acompanham um ciclo de 28 dias,
expresso no eixo inferior do gráfico. Os 28 dias do ciclo não são regra, podendo variar para
mais ou para menos, dependendo do organismo.

SISTEMA REPRODUTOR
1 – Anatomia

A) Masculino

 Testículos: produção de espermatozoides e testosterona (andrógeno).


 Epidídimo: situado no testículo, é um emaranhado de túbulos que promovem a
maturação dos espermatozoides.
 Canais deferentes: transporte dos espermatozoides até a vesícula seminal.
 Vesícula seminal: armazenamento de espermatozoides antes da ejaculação e
produção do líquido seminal, que junto com o espermatozoide da origem ao esperma.
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 Próstata: tecido glandular que produz o líquido prostático, importante na relação


sexual, e manutenção dos espermatozoides.
 Pênis: órgão sexual masculino (externo) formado pelo corpo cavernoso e corpo
esponjoso.

B) Feminino

 Ovários: produção e liberação dos óvulos durante o período fértil.


 Tubas uterinas: também chamadas de ovidutos fazem o transporte dos óvulos até o
útero.
 Útero: órgão muscular onde o feto se aloja e se densenvolve durante a gestação.
 Vagina: canal muscular e tubular que dá acesso ao útero.
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SISTEMA SENSORIAL
1 – Características Gerais

O sistema sensorial é o responsável pela captação de estímulos externos, ou


ambientais, e transformação em impulsos nervosos.
São 5 os sistemas de sentido: VISÃO, OLFATO, AUDIÇÃO, TATO e PALADAR.

A) Visão

A.1) Anatomia

Na imagem a seguir podemos analisar as estruturas que compõe o olho humano:


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A retina capta a imagem e transforma em impulsos nervosos, que por meio do nervo
óptico chega até o cérebro, que converte o impulso em imagem novamente. As células
responsáveis por captar a luz que se choca com a retina, são os cones e bastonetes. Após
a recepção por essas células, a informação é transferida para células bipolares e nervosas,
que transformam a informação em impulso nervoso e enviam ao cérebro pelo nervo
óptico.
De maneira geral, os cones são as células com a capacidade de reconhecer e captar as
cores, principalmente as primárias. A mistura das cores primárias, gerando as variações
cromáticas que faz é o cérebro. Já os bastonetes têm a função de captar a variação na
luminosidade, controlando por exemplo, a abertura e fechamento da íris.
Mamíferos no geral, exceto gatos, esquilos e primatas, não enxergam cores. Peixes
ósseos diurnos, rãs, serpentes, lagartos e aves também enxergam cores muito bem.

A.2) Acomodação Visual

Quando falamos em acomodação visual, devemos pensar no olho como se fosse a lente
de uma câmera fotográfica, com pouca capacidade de zoom de longa distância, mas com
boa capacidade de ajuste de foco (aves de rapina possuem grande capacidade de
aproximação visual). Quando estamos lendo um livro, e de repente aproximamos o livro
do olho, por um breve momento a visão fica turva, mas aos poucos vai se acomodando e
então o foco é regulado. Isso ocorre pela ação de músculos presentes no entorno do globo
ocular, que mudam sua configuração, mudando também a configuração da lente natural
do olho, o cristalino, alterando o trajeto do raio luminoso. Porém, algumas pessoas
possuem alterações naturais na configuração do globo ocular, o que gera disfunções na
formação da imagem de longa e/ou curta distância. Observe a imagem que demonstra as
principais alterações visuais e suas correções com lentes externas (óculos ou lentes de
contato).
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Note que na miopia a imagem se forma antes da retina, na hipermetropia, se forma


depois da retina, e no astigmatismo parte da imagem se forma antes da retina e parte na
retina. Todas as disfunções tiram o foco da imagem, e o uso de lentes externas fazem com
que a imagem volte a se formar de maneira correta sobre a retina.

B) Olfato

Células quimiorreceptoras, presentes no epitélio de revestimento da mucosa nasal,


captam as moléculas de odor e passam a informação por meio de impulsos nervosos
transportados pelo nervo olfativo até o cérebro. Animais como cães, por exemplo, podem
ter até 60 vezes mais células olfativas na mucosa nasal que os seres humanos.
O muco produzido pela mucosa nasal recobre os cílios das células olfativas e protege
contra a entrada de microrganismos e impurezas.
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C) Paladar

O paladar também funciona com a recepção de moléculas, porém, por células


presentes em nossa língua, chamadas de botões gustativos ou, papilas gustativas, que
captam o sentido, convertem em impulso nervoso e transmite ao cérebro por meio do
nervo do nervo gustativo. Algumas regiões da língua são especializadas em sabores
distintos, mas acredita-se que toda a língua consegue captar todos os sabores, e o olfato
tem grande porcentagem na sua capacidade de sentir diferentes gostos.

D) Audição

O nosso sistema auditivo é dividido em três regiões, conectadas em sequência: orelha


externa, onde localiza-se o pavilhão auditivo, que popularmente chamamos de orelha, a
orelha média, com o tímpano e os três ossículos auditivos (martelo, bigorna e estribo) e a
orelha interna, com os canais semicirculares e seu nervo vestibular e a cóclea e seu nervo
coclear, formando o que chamamos de labirinto, também responsável pelo equilíbrio do
corpo.
A onda sonora entra pelo pavilhão auditivo e é captada pelo tímpano, uma membrana
muito fina que, por meio de vibrações, transmite a informação sonora pelos ossículos da
orelha média até os canais semicirculares e a cóclea. Nesse ponto, o sinal é convertido em
impulso nervoso e transmitido ao cérebro pelos nervos vestibular e coclear.
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E) Tato

O tato nada mais é do que a captação de estímulos externos por meio do contato com
a pele. Os estímulos podem ser os mais variados possíveis, e para cada um deles, nossa
derme possui uma célula especial para a captação. Como exemplo podemos citar:

 Corpúsculo de Paccini: pressão intensa.


 Bulbos de Krause: frio.
 Corpúsculo de Ruffini: calor.
 Terminações livres: dor.
 Corpúsculo de Meissner: Pressão.
 Discos de Merkel: tato suave.
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