Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
H ei s a udad es d e m i m, d outr o q ue f — m e i no !
ui n
( A M i h A lm )
n a a
C r i ad o e m alt os s í t i os d e g r a n i t o ,
Na v i zi n h a n ça agr e s t e d o I n fi n i t o
( A M i h a H i t ór i
« n s a .,
i T Pn i bi d )
err a ro a
9
T E I X E I R A D F. P A S C O A E S
u m a luz pura ( L A m e R om a n t i q ue e t l e R ê ve
'
'
»
,
ed .1 95 6 p J á n o fin al d a e xi st ên ci a nos
, .
,
d ez d istân cia
, E tér e a graça ,
A m in h a i n f â n ,
( p oem a X X X V ) N ão a p e n as um passad o .
q u e s e r e corda m as u m pr e s e n t e q ue r e ssurg e d il a
, ,
História i n T er r a P r oi bí d a ) F oi e m A m arant e
»
,
.
,
3 2 d e N o v e m br o d e 1 8 7 7 di a d e Fin ad os quan d o , ,
«
l h e n o s ol ar d e Pasc o a e s e m ,
G at ao a três q u i l ô me t r os d e A m aran t e e m pl en a
, ,
t e i r o q ue l h e d e ra s e t e fil h os : A ntón i o ( 1 8 7 6
,
-
.
,
p «Quand o a M ãe 0 pr ec ed eu h á algun s m es e s ,
— t e s t e mu
.
,
el e gritou : É u m m u n d o q u e s e a c a ba ! »
Març o d e
A C asa um d os c en ários d a sua infân ci a m ítica
, ,
c om um a j arra q u e e m outro t e m p o t ev e fl or e s ; o
, ,
tadas c on v ersand o
, C ri aturas q u e a M ort e f oi
,
I I
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
( Ver bo E s cu r o p ,
.
« E v ej o m eu A vô q ue e r a a can dura d e m in h a A vó
m udad a e m fortal eza H om em sim pl e s e fort e q ue
.
n ha d e m istéri o — um a a p a r i ção
, ,
12
O B R A S C O M P L E T A S
t a l ou s e l h e n a al m a Se G arr e tt t e v e um a B rígida
q .
, ,
m im s e f ez n octurn a
, E v ej o o antigo
cri ad o o p a d r e A n t ón i o Q ue fal ava d as b r ux a s
, ,
, e M in ho e i n cen - -
13
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
q ue v ê m a í os F r a n c es es ! ( i bi d em p Numa »
, .
ca r ta ín ti m a in éd ita a L D d e 2 5 d e J un h o d e
, ,
. .
,
s õ es .
n o L i v r o d e M e m ór i a s : a C ou t a m endiga c en t en á ,
I 4
r_ i B R A S C U M P L E T A S
a o frio : Ma t ei ! Q u e i m p or t a ? N i n g u é m v i u ! ; a
»
et c et c S er e s q ue ficaram i n tactos i mó
.
, .
,
v ers o i nt eiro .
as r a ça s d o m ato as s eg a s as es fol ha d a s o S ão
« »
, , ,
«
pr e p , e o E ntrudo
. e a S e m an a d a Pai x ã o , ,
( p . e o Natal e os R e i s c om a m úsi ca d as f es
, ,
nh a de (p A ssim pôd e c on h ec er n a .
I 5
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
n as d e M e i os a Vi sc on d e ssa d e T a r d i n h a d e a
, ,
r i as p ,
D ançavam danças d e roda n a sal a d e
. «
,
( i bi d em ) A s v ez es Joaquim i a c om o a vô a cam i
.
,
« .
16
O B R A S C O M P L E T A S
à m issa d om ingo e l a c om um v é u d e s ed a pr e ta
de , ,
el e de e n o rm e gravata
« m ultic ol or n um grand e
bab e ir o en g omad o ( p Na Q uar e sm a n o
» .
,
Já 0 po e ta m e n in o qu e ri
-
a d e sv e ndar O m i stéri o d as
coisas ; fazi a p erguntas a o Viscond e d e T a r di n h a de
« s obr e a e xi stênci a d e D e us e a criaç ão d o Mundo »
( L i v r o d e M em ór i a s pp 7 0 A ch ari a a r e s, .
c esa d a n oit e c on st el ad a d e ,
E a im a
g em d e C ri sto a apar e c e r n os h oriz on t e s d e R om a ,
1 7
T E I X E I R A D E I '
A S C O A E S
( i n T e r r a P r o i b i d a ) : Fu i criança q ue ci sm a e «
D as s om bras d o Ou n a pr os a d o ,
L i v ro d e M e mó r i a s : Vivi a abstraíd o n as m in h as «
as p ern as es tacand o ! ( L i v r o d e M em ó r i a s p
,
»
,
.
o r e l h as l ongas a Ol h os q ue tin h am d en
t r o a d or pasmada a
, ( S em p r e p , , .
A pre n d eu a am á l o c om um a t e rnura q u e s e e st e n
-
,
Vi a
A lgum as v e z e s f oi c om a famíl ia a R i o B om ,
1 8
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
m e sm o .
l i vr o d e l e itura ( p »V ej o a casa d a e sc ol a
. «
,
[ 0 c ão d e q ue tant o g ostava ] e o m eu j um e n to : 0
j um e nto e as suas m an has d e filósofo ; o N il o e 0
s eu f ocin ho d e i n spi r ad o L á ficaram a s m an h ãs d e .
- -
q u e m e d e u n ão s e i q ue id e i a m i st e ri osa d a vastid ã o
d o m ar S e n ti a m e abstract o e long e N ão ti rava
-
.
20
O B R A S C O M P L E T A S
m et e ra s e e m m im com o um i ntrus o ( p
-
»
A capa fog e —
, .
p
( 8 7 ) A s s et e h oras d a m an h ã n o I n v e rn o j á e u
. «
, ,
própri a alm a .
«
Q ue alvor oço d e r e ssurr eiçã o ! Q u e l ib erdad e ! »
( p . L ib e rt ava m e d o es t u d a n t i n h o acan h ad o
« -
21
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
s obr e um a e str of e d os L u s í a d a s ( p 9 1 ) » .
e m pl e n a d e s o lação e s ol id ã o ( i bi d e m ) L e vanta s e » .
-
22
O B R A S C O M P L E T A S
-
l h e lugar d e apariçõ e s
« » .
Na v e rdad e s e Pa s c oa e s d e sc en d e do s A vós e d a
,
n al o d ol or os o d r a m a t r an sm ontano e 0 bucólic o
«
p . Min h a m an e i ra íntim a d e s er E u s ei q ue
«
C OI M B R A E O ME I O C UL T UR A L
r
S of i , ao v er C o i m b ra , um d ol or i d o
Agra v ou s e , em m e u
-
s er , a a l m a q ue e d oen ça '
( A M i h a H i tó i a
« n s r »,
in T P i bí d )
er r a ro a
a i nda q ue 0 pr i m ei r o ,
e q u e só t e rm i n ar i a c om a f or
23
T E I X E I R A D l P A S C O A E S
m atura e m D ir e it o em 1 9 0 1 S em pr e n os tálgic o da ,
.
e t a c i t ur n o
ª
Outr a v ez a s e n saçã o d e e sp e ssura
ª
fr ia a c a b r un h a n t e q u e l he d e i xara 0 l i c eu ; ou pior
, ,
fon t e s e n a n uca ( L i v r o d e M em ó r i a s p
» P or , .
s e i os r e cita n d o v er s os fr g me n t à i a m e n t e q ua s e alh e i o à
, a r ,
m i n ha pr e s e n ça ( A M i n h a Ve l h a Pa s ta p
. » , .
24
O B R A S C O M P L E T A S
t or da t e rra p ortugu e sa .
hu m an a ,
Mai s fl or e scida d e íntim as
( A Min h a H i stória in T er r a P r oi bi d a ) E ofe r e
« »
, .
c e l h e os b e n efícios d a am izad e
-
n o c o n vívio c om ,
G u ed e s T e i x e i r a A u gu s t o G il A fon s o L o p e s Vi eira
, , ,
pl en o Ol im p o ? L á d e ntr o 0 Faust o e 0 G i l c or oa , ,
n ida n um ah ! d e , ( L i v r o d e M em ór i a s ,
p
A cabad o
curs o os d e st err os n a o t erm i n aram
0 , .
26
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
e ntã o apar e c e n os m e u s s on h os
, , aqu el a figura m is ,
t er i os a S int o m e n um p a s s a do p r es en t e junto
-
,
« L eonor d A l é m '
a l m i n ha tri st e d e vi ol eta a
»
,
« »
d enun ciar s e n os ol h os
-
un s ol h os ond e a t ernura «
28
O B R A S C O M P L E T A S
passad o ! V ej o t e ai nd a vi r ao m eu e n c on tr o
-
,
n as m an h ã s d a m in h a i nfânci a ( p E m S em .
F ez s e B e l eza e
-
(p .
o vago 0 abstracto
, o principal i m pul sor d a su a
,
«
( A Mi n h a Ve l ha P a s t a p O própri o p oe ta ,
.
,
t er i a l i z a v a ! E stou a v ê l a b e la e l e gan t e d e l in h as
-
, , ,
c on t en t e s ó de vê- l a
F a g i u n um voo, como por en ca n t o,
'
Cá d es t e m un d o pa r a os ol hos
29
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
al im e n t o p er e n e da sua ( pp 7 8 .
m in h a um d ia s e eu m orr er ou s e el a n ão quis er
F oi e l a q ue m e d eu algum tal ent o Se os m e us ver .
ç ã o « A d e us E m íl i,
a ! d a e diç ã o d e T e r»r a P r o i
bi d a C antava trist e s cançõ e s f e itas por e l e ; d eu l h e
.
-
o t eu p e rfil c e l e st e A ssim f oi p e l o m en os n a
. »
, ,
ficçã o p oética .
30
O B R A S C O M P L E T A S
artig o d e C r i s pi n i an o d a F on s e ca i n E s t r a d a
L a r g a — I ) D eclara o s e u am or e m carta in éd ita d e
.
L D e m pr ee n d e u m a vi ag e m a L on d r e s d on d e
. .
,
e las q
,
u e a sua v oc aç ã o er a outra ?
C riança e v e l ho s e m m ocidad e A s m ul h e r e s r ej ei
, .
( O H om em Un i v e r s a l p Um c om pl e x o d e ,
.
amam S ó am am os q ue n ão p od e m s er am ados ; e
.
d ad e escond en d o a n um s on h o d e b el ez a ou obra
,
-
ed p .
, O futuro apó st ol o f eio amoroso
.
,
«
,
alguém ou al gu m a coisa ( p N o s eu e x em p l ar » .
d e A A l eg r i a a D or e a G r a ça d e L e on ard o C oim
,
31
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
(p
A c e it ou porém 0 d estin o d e sol itári o porqu e
, ,
r e c on h ec e u s er e st e 0 pr eç o d a sua grand e z a d e p oe ta ,
m e m Un i ve r s a l pp 8 9 e , E v e rifica n a acalm i a
.
,
r es er a pl at o n ica m en t e um arquétipo a B e l ez a
, , ,
( Ve r bo E s cu r o p O q ue e l e buscava e stava
,
.
a co m un h ã o das alm as ; só n a
ausência s e e fectua a v erdad e ira un i ão por obra e ,
o nd e v e n s a o m un d o ; tu e out r os fantasmas q u e e u
32
O B R A S C O M P L E T A S
'
am or q ue afin al só tu m e c om pr ee nd e s ! ( p
,
» .
só tu apr en d e st e a s ab e r m e b e ij ar (p A s no -
.
há de-
( pp 9 N a E l egi a do A m or . « »
fim S ó p orqu e um d i a tu
, M u l h er m i st e
, , ,
P OE S I A E M E TA F I S I CA
« S ou o em pe c i d o ,
es se h ome m d e o l h os
( M rd
o vi n s , V III )
« O poe t a é um e n v i a d o E l e v e m a o J l i i n d
. r ma
a s s u pe ri o re s P ot e s tad es q ue m i s t e r i os a m en t e pr e
s i d e m a o dra ma da Vi da e l h e d ã o u m s o b r e n a
tu ra l sen t i do »
( O s P oe t as L u s í a da s , p . 14 )
g e m in ar cantar E m A N os s a F o m e e scr e v eu c om
, .
,
m a c a mb úz i a e s ol i tári a d e bach ar e l m a n q u é e pr e
t e ns o cam ponês q u e m al agu enta o p e so d uma
e n xad a ( ridícul a atitud e ! ) com pr een d e rá a m inha
q ue tamb ém e l e pe rt e n ci a ao n úm e r o d os
d os r eb eld e s a q ue a voz corr e nt e cha m a
,
C edo s e anun ci ou n el e a c on s c i ên c i
h om e m incumbid o dum a m i ssã o tran sc end ente .
34
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Lus ía da s p ,
.
fl or n o q ue m edi to e p en s o
,
H á o qu e r q ue é ,
C V I I I ) E m O H om em Un i v er s a l 0 aut or d escr e v e
.
O m eu p en sam en t o s ou eu próprio ( p 2 4 ) O s en » . «
t i m e n t o faz s e p e n sam e n to
-
a e m oção é a m esm a ,
d a intuição ( p » .
— l e m os n os E m br i õ es ( P ort o l ivr o ,
.
, ,
p l a t i vo d e fal
,
a só e a i nqui e taç ão m e tafísica
-
,
.
p .
Na prim e i ra ediçã o d e S em p r e d e 1 8 9 8 a c e n , ,
c oa i s i a n a c om o d e s e n v o lvim e n to d algun s t e m a s
,
e n ão s ei porqu e a e st e mun d o vi m ! Ó V ós “
Q ual é o
_
q e a m in h a Noit e im e n sa povoai s
u
_
,
r eal d a aparên ci a _ « 0 S on h o
aQ ui m r a:
g »
_ _ , _
e ss e n ada (p I d e i a fulcral n o .
37
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
" "- ! Sx
'
º
Í i l à.
"
" “
. 1 -
a . «
on d e e x pr e s s a m en t e s e pr e c on iza a al i anç a
d o Pagan ism o e d o C r i s t i a n i s m0 — o q u e s e rá um a
— _
_
em fl or ! ( p » .
N ão me ac ta a o b s e rvaçã o d e I l í di o
par ec e p o i s , , ex
S ard oe ira aliá s u m d os m e l h or es i n térpr e t es d e Pa s c oa es
, ,
e n q ua n t à s c i s a s s i m pl e s da n at ur eza e à s s u a s m u da n
o, o
m e tr e s d
s liri mo p o rt ug uê s c me ça c o m o q ualq ue r vat e
o s o
i n ex p e ri e n t e p e l o s e n ca n t s da Maria d e E n tr e D our o—
, ,
, oe -
N I i nho M a r i a s da m i n h a t e rra
: T oda s v ós s a b e i s u rd i r
D u m c e r t o l i n h o u ma t e i a O n d e t od os vã o ca i r ( Pa s coa es
—Um poe t a d e s e m pr e pp 1 2
»
D e c e rt o ta mb é m s e
, .
,
q ue i m pr e s s i o n a é j á n os pri m e ir os li vr o s a r e v e la ç ã o d um
, ,
38
C O M P L E T A S
am e n tal é a d o par vi d a e ex i s t ên
a q ue p od e m r e d uz ir s e o s par e s
a D eu s S a t ã ( ou p eca d o) , a p a ri ,
a co r p o es p on t a n ei d a d e a r t i f í ci o , ,
ve l h i c e s er i e d a d e r i s o ( a s e ri e dad e é d a
,
-
al m a o ri so d o c or p o d o e squ e l et o q ue torn a o
, , ,
H om e m gr ot e sc o ) l i be r d a d e n eces s i d a d e d ú vi d a ,
-
,
-
cer t ez a t ol er â n ci a i n t ol e r â n c i a ;
, ou aind a ( e stas
-
coa es ) i n t ui ção r a z ã o c r i a ç ã o c r í t i c a t r a d i ç ã o pr o
, ,
_
r es s o c a m p o ci da d e T ud o o q ue é ingénu o si m
g
-
,
.
,
da vida . V iv e r é um
t rn o r e ssurgir p e s o
« e e ,
bruto q u e s e e v oa radiant e
i m pon d er a l i z a ,
g er o t e m p o ( S ão P aul o 2 »e d p A a u s ên ,
.
ª
.
, .
_
ci al ,
o ef êm
o _
e r o o s en s or i al , _ .
N esta c on c e pç ã o d a d in âm i ca d o Un iv erso c on ,
ausên ci a p er m it e a qu el a un i ão t ot a l só d e al ma s
, , ,
r é pa n di i P or sua v ez a m o r t e n a ac e ç ão pas
.
p , ,
39
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
m as p or qu e v i d a e m o r t e qu e r d ize r um prin , ,
c h o d e O s P oe t a s L u s í a d a s q u e por s e u turn o as ,
e t e rn am e n t e E st e qu e r e r i nfin it o e xaltad o n um a
.
(a
E mb ora p er f e ita c oerênci a e sta vi são a n t i t é
s em ,
q ue i r a p , E a id e ia d e D e us e voca n e c e ssária
.
40
O B R A S C O M P L E T A )
m e n ino ain da ! E s e E l e en v el h ec er pe rd erá o St
, , .
d arão flor i n L i vr o d e M em ó r i a s pp 44
»
, Em , .
com o a v el h ic e é um a p e d ra i bi d p D um » , .
, .
m ai s povoad o d e figuras O m un d o é s e m pr e a ,
s ão,
M on stru osa pr e s en ça d e N inguém i n E l e » ,
g i as p 1 74 ;
, . S ó d e scubr o m e nt iras d a V e rdad e »
«
,
( O P o br e T ol o p H ouv e um i n stant e , . «
a s er es s e i n s t a n t e ( O H om em Un i ver s a l p »
, .
me m um c on h ec im e n t o q ue v á at é às raíz e s d o s er
, .
41
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
« T ud o é fantasm a — a s s e v e ra Pasc oa e s H á 5 6 .
nuv en s n uv e n s d e v oz e s n uv e n s d e alm as d e a f l i
, , ,
q u e a s tr e spassa a i n stant
,
ân e a A pariç ã o q u e surg e
e n os l ança por t e rra d e slu m brad os ! ( O B a i l a do
,
» ,
pp 6 5
. Mas c om o obs e rva Unamun o s e nd o a
, ,
m os c om 0 n ad a d e q ue s om o s f e it os d ebald e n os ,
q u e viv e u (
» Ve r bo E s c u r o p , .
-
se,
cultiva em si a i nfânci a a pl en a origin alidad e , ,
q ue n ão c on s egu e a pr ee nd e r Ol h o m eu próprio s er . «
,
g ia s p, . Qu em és tu
« Meu vult o h um an i ,
z ad o e m q ue me sint o E stran h o a m im vi v e r ?
, ,
»
( O P o b r e T ol o p ,
.E q ue v e m o s nós d e nós ?
«
42
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
rên ci a P r o P a z p , .
d e h oj e n ão t em e j á passou ! E l e q ue f oi ,
ci a ! E um di a q ue nunca ( O B a i l a do ,
e sfum ada ,
d a m emóri a ; d a e xistênci a à n ão ex i s t ên -
ci a a q u e el e ch am a vi d a .
r ec e Fran ç oi s M ey e r a o faz er a e x eg es e do p en sa
,
44
O B R A S C O M P L E T A S
pl anos d o s er m as a d e duas d im e n sõ e s c on t r a di t ó
,
trad eS pa n h ol a Madrid 1 96 2 pp 5 5 e
.
,
Ora
, ,
.
,
m ent o do q ue Un a m un o ch am a a h arm on i a s em pr e «
i n f i e r i d o e t e rn o o s e n ti m e n t o d e q ue o e t ern o
»
,
E t er n id ad e agita s e e é o t em p o O t e m po r e p ousa e
-
.
éa A E t ern idad e é 0 t e m p o a d or me
cido O t em po é a E t e rn idad e vi va c om in úm eras
.
,
( O B a i l a do p , O m ar é a E t ern idad e a on d a
. «
,
A E t e rn idad e é a s ombra d o t em p o — o t em p o
.
e corpór e a ( i bi d p
» .
, .
d ent es : D i os y e l h ombr e
« d iz Un am un o se
hac en D ios s e hac e 0 s e r ev el a e n
el hombr e y el h ombr e s e h ac e e n D i os D eus
,
. »
t em um a e xistên ci a i m an e n t e n o H om e m é um a ,
d ad e é q ue D e us é D eus ( S ão P a u l o
,
ed
» ,
.
,
i lu s ã o ,
E n e l a e n c on tra r e i s a r e al idad e A cr e .
vr a s e m c onfl it o : s i m e n ão ( S ã o P a u lo p » ,
.
n ov o q ue é a S audad e ( A r t e d e S er P or t ug u ês »
,
ed pp 9 8
.
, P e l a força d i n a m i z a d or a d a e sp e
.
De f act o, m u it o c d e o e m Pa s c a e s
o (e paral e la m e n t e
, , e m
C rr i a
o e de O l iv e ira )
pri m e u m a
se ex q ue viv ê n cia s a ud o s a
um p e n s a m e n t o p oé tic o vai e la b ora n d o E s s e u m d os m ti . o
v os d e i n t e r e s s e d o p oe ma B e l o ( Co i m bra 1 8 96 ) a í s e l ê por , ,
e x e m pl o : A sa udad e al e grava e
« o É q ue el a
faz a d or e o praze r C om o a mes m a l uz faz a n oit e e 0
,
(p .
46
O B R A S C O M P L E T A S
m im o an tig o t em p o é n o va i dad e
, i n »
S em p r e p , E e ntr e as e r m a s L embranças a
. «
,
l embran ça d o Futu r o ( M a r â n u s X V I I R e v e la »
,
«
E s cu r o pp 1 2 2
,
O p en sam en to d e Pasc oa e s
.
q u e s e i m pon d er a l i z a e v oa radi an t e ( S ão P a u lo ,
» ,
em Pa s c o a es p e la m e la n co lia e l eg í a c a e p e l o pti m i s m o
, o
para o s e u r e i n o d e fa n ta s m a s a n t eg o a n d o a v o l u pt uo s idade ,
z
d o n ão s e r ; e o s e u p e n s a m e n t o c om b i n a e l em e n t o s h e t e r o
-
g ê n eo s S o br e a s dif e r en ç a s e n tr e Un a m un o e Pa s c oa e s c f
. .
Os car Lo p e s i n E s t ra da L a rg a I pp 5 8 5 9
, , , .
-
.
47
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
0 R eg r es s o a o P a r a í s o o nd e o D e us i nfan t e i n ici a
,
« »
d o Un iv e r s o d o m e s m o m od o q ue a I r on i a e a T ra
,
n i s m o o D e s e j o e a L e m b r ança — e l e m e nt os c on sti
,
t ut i v os d o T od o e m p e rm an e nt e e f e cund a t e n sã o
,
.
E s ta atitud e q u e j á claram e nt e s e r e v e l a e m R e
,
e n a L ua n o Pr e s e nt e e n o Passad o
, ( dum a c on f e »
de
D os t e xt o s a d uz i d os r essalta ainda o c aráct e r pr o
b l e m á t i co , antid og m ático , d e st e p ensam ento Pas .
D ef i n i t i v o qu e r d iz e r e squ el e to ( Ver bo »
E s cu r o p ,
. Um a d efin iç ão t e rm inan t e é s em
«
p r e fal sa ( O H »o m e m U n i v e r s a l p 0 andar , . «
48
O B R A S C O M P L E T A S
r e sp ond e r E o d in am i sm o d o p e n sam e nt o d r a má
.
F ev e r eir o de
C omo n ão s ou filós ofo n ão vou pronun ciar me ,
-
49
T H 7
.
E I R A D E P A S C O A E S
O SE N TI D O N A C I O N A L : O S A UD O S I S M O
A V i rg e m da S a u dad e ; a G l ó r i a a G ra ça , ,
0 m í s t i c o E s pl e n d o r da n os s a t e rra ,
S ua F l or eva n g é l i c a e d i v i na .
(M â X V III ) ar n us,
S a u dos i s mo O G é n i o P o r t ug uês A E r a L us í a da )
, ,
e d e l ivr os ( A r l e d e S e r P o r t ug uês O s P oe t a s ,
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
u m pin t or p oe ta -
A n tón i o C arn e ir o Mas c omo j á
, .
,
n o Jun qu e ir o da P á t r i a d e O s S i m p l es e das O r a ,
çõ es , e r ej e ita d um m od o g eral os fe rm e n t os
, ,
P e ssan ha .
q ue d á à p oe si a um s e ntid o cósm ic o : e nt e nd e s e a
-
52
O B R A S C O M P L E T A S
vi d u a i s i n E s t r a da L a rg a — I p
»
, , .
q u e p or
,
saudosa s e ri a a o m e sm o t e m
,
po pagã e
ed p .
,
A fam í li a urban a r e pr es en ta j á um a
. «
53
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
O SE N TI D O H UMA N O
Q ui s e ra a rd e r e m l ouco s e nt i men t o
P ara a q ue ce r os n u s e os d es gra ça d os .
S er u m l ua r d e v a g a e n ca n t a me n t o
E a l u m i a r os tra n s v i ad os .
(V r P b X X X III )
e s os o r es ,
p .
m ai s um s ol itário q ue um h om e m c onvive nt e P r e .
q u e f oi S e n h or q ue a o m un d o v i m
, , Se e u n asci ,
o s eu c oraçã o só am a o q ue h á d e vi r e o q ue pas
« -
54
O B R A S C O M P L E T A S
-
hum an o Mas ai de nós q ue viv e m os n a sol id ã o
.
, , ,
Un i ver s a l p 1 37 ) T e m d e ob e d ec e r à l e i do h om e m
, .
fantasm a c om po st o d e i n úm e r os d efunt os Um .
n a t ebaid a d e G a t ão e só d e t em p os a t e m pos d es
,
ce u às gran d e s urb e s .
gan h a r e l e vo e m J es u s e P ã S in to a c ó l era «
so zi n h a por m i m passa ! ( pp 30
,
E sta fac eta » .
L uz o q u e pr ováv e lm e nt e s e d e v e a o fact o
55
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
f r a n g e dor a O t om faz n os
.
-
l embrar A A l m a N ova
d e G ui lh erm e d e A z e v ed o :
A m i n ha M us a a g o ra é s o m b r i a m u l h e r ,
Q ue, fa m i n t a e d es c a l ça , e u vej o em q u a l q u er p a r te .
Q ue ro en con t r a r n a n o i t e a l uz do a l v o r e'ce r
E n u n s fa r r a p os d e m e n d i g o u m a o b r a d a r t e .
eu v ej o a d e sfaz e r s e e m luz ! (p
-
A v ocaçã o » .
d istân cia .
r ed e n t or q ue l at ej a e m P a r a a L uz E n contra s e
» .
-
,
p obr e s e os t r i s t e s d o m e sm o m od o q ue as árv or es ,
56
O B R A S C O M P L E T A S
d or à fom e e à chuva
,
S obr e a t erra m orta ,
»
(p . A Pr e c e d a Vi d a E t é r e a é um r e pe tid o
« »
ap el o a o am or : A lm a s gém eas d a m in h a am a i as «
,
e di ss e : G od a n d l i be r t y E squ e c eu s e d o pão E f oi .
-
.
( G u er r a J u n q u ei r o p Mai s um a v ez agora n o,
.
,
» .
,
tas ( p
» . O pe n sador m an tém s e fi el a o po eta -
57
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
c om o irm ãs ( G u e r r a J un q ue i r o p
» ,
.
4 E S TE TI CA D : ! P OE SI A
O s ol n ão v ê a l uz ,
E ã ab
n o s q ue t e m pe f u me o v i o e
e r l ta .
E a im
, ss co mo o S e n h o n ã o con h ec eu r a c r uz
I g ra t no r
n e d e v e s os e o poe a t
( C on t os I n d ec i s os , I I )
58
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
( Ve r bo E s c u r o p Se a p oe si a d o aut or d A s
'
.
,
P or 1 9 1 2 quand o j á pub l i c a r á um a d e z e n a d e
,
v en s e e m m i m c om tal rapid e z q u e
-
para n ão l h e ,
60
O B R A S C O M P L E T A S
a o e ncontro d o po e ta d iz e m fi el m e n t e o q u e pa l pita
é D eus ( G u er r a J u n q u ei r o p
» S erá o n om e , .
p .
CR I TÉ R I O D A P R E S E N TE E DI ! Ã O (E , A P R OP Ó
s zr o : os
E sta
diç ão corre spon d e ao propó sito d e torn a r
e
61
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
ç ã o e m P r of e c i P oe t a s pan
fl e t o em v e rs o c ontra a I nglat e rra saíd o anón im o ,
d e 1 89 5 .
A n o I X , d e 2 1 d e A bri l d e 1 8 9 5 ) q ue o po e ta v i u
e m l etra r edonda os s eu s prim e i r os v ers os L ê —
s e aí .
,
A m aran t e E i l o :
.
-
F U UR OT S PES
( Ao A RTI S T A
J os é C O EL H O n os S A NT O S )
E x i s t e a i n d a u ma L uz c á n es t e m u n d o,
N es t e p â n t a n o es cu r o, es v er d ea da ,
N es t e oc ea n o d e d o r q u e n ão t em f un do .
N es t a r a i v a f e r oz d u m con d en a d o,
N es t a l á g r i m a i n fe l i z q u e o bom J es u s
D e r r a m ou l á n o c é u , ,
D e i x a n d o o a s s i m c a i r , como u ma l a n ça
-
D u m s ol d a d o q u e ex p i r a m or i bu n d o
N o es p a ço i n f i n i t o d a es per a n ça .
62
O B R A S C O M P L E T A S
N es t e m on t u r o t e t r i co e m e d on ho
'
N es t e en or m e cov i l d hi poc r i s w
'
O n d e a v e r d a d e ex i s t e com o u m
N es t e t úm u l o t r i s t e e s a n g u i n á r i o ,
O n d e r e be n t a a f l o r d a p od r i d ão ,
O n d e c a mi n h a o « ví c i o
E s s a L uz q u e i l u m i n a a s ol i d ã o ,
E s s e fa c ho r ep l e t o d es pl en d or ,
'
E s s a fog u e i r a en or m e d u m vu l cão
E q ue ,
h o r a e m es m o n um m om en t o,
num a
A Ve r d a d e e 0 B e l o e a A l eg r i a ,
E x p i r a m s em um ú n i co l m t o
a e n !
T EI X EIR A DE P A SCO A E S
tin n e q ue t em o s a h on ra d e os r e c eb er de l uva e
,
n os E m br i õ es O n om e l it erári o — T e i xe ira d e
.
e No n 4 5 8 d e 1 5 d e Se t e mbro d e 1 8 9 5 o
.
º
, ,
63
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
«
q u e h á c e rca d u m a n o s e t e m apl icad o a o e stud o d a
p ouc o n a e s c ol a r e al ista A p oe si a A F M » . « . . n
,
p e l a noit e L on g e d o m urmúri o
d um a fon t e pura A m atar cá d e ntr o um ch orar
, , ,
um po e ma e m pr osa — F r a s es B í bl i c a s ( a o meu «
t i ci s t a—
.
o n 4 7 3 d A F l or d o T â m eg a d e 2 9 d e D ez e mbro
.
º '
, ,
«
,
E m b r i õ es : N ão c ar e c e o l e it or d o pr egã o d a crítica
«
04
O B R A S C O M P L E T A S
t r ui r todos os e x e m pl ar e s d e E m br i õ es n ão d e s e ,
m ento a um a fi c ha bi bl i og r á fi ca G a z et a M u s i ca l e »
d e t od a s a s A r t es a n o I X 2 s eri e n 99 Jun h o
, , .
ª
,
.
º
,
n ão v e i o ci tad a n a r e f e r ida f i c h a bi b l i o r á f i c a C or
g . «
65
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
e,
acto c ontínu o n a s ua im pr essã o m a s uma vez
, , ,
cia »
, A I rland a
« A Í n dia e E pitáfi o q ue s e lê
»
,
« » «
o 2 e o 4 — s e d e v e m atribuir a Pasc oa e s E is um
.
º
.
º
.
tr ech o do últi mo :
Há p
u m s e u l c r o a g o ra en t r e a s on d a s d o ma r ,
O n d e o n a u t a q u e p a s s a es ca r r a
E s t e ep i t á fi o n eg r o a l i for a m g r a va r ,
N um a p ed r a m a l d i t a , os p ovos e a s n a çõ es :
E d e n t r o d es t a i n fa m e s ep u l t u r a ,
j
su a e
Q u e é u m a i l h a a ba n d o na d a s e m n i ng u é m , ,
O n d e r ep o us a o pó d a r a ça m a i s i m p u r a
Q u e , s en d o m e r e t r i z d i z i a q u e e r a
,
Q u e es pa l l za ra n o m u n d o a c i v i l i z a ção,
Q u a n d o e l a s ó r ou bo u, m a t ou i n c e nd i ou ! ,
A q u i fa z a I ng l a t e r r a , e m es t e r co, e m p od r i d ã o, .
Q ue u m r a i o d e v i ng a n ça u m d i a fu l mi no u l
, ,
óó
T E I X E I R A D E P A
.
S C O A E
ç ão .
va l ha l e a o s obrin h o
,
S r J oã o P er e i ra T e i x e ira
, .
Li s bo a Ja ne ir o
,
de 1 96 5 .
DO PRAD O C O EL HO
TÁ B U A C R ONO L Ó G IC A
P a s c oa e s ( e m G a t ã a tr ê s q u i l ô met r os d e A m ara n t e )
o, .
m eira c ol ct â n e a d e v e r s os E m b ri õ es ( a n un ciada m A F l or
e , e
d o Tâ m eg a a 1 5 d e S e t e mb r o e criticada e m artig o d o
m es m o j or n al a 2 9 d e D e ze m br o ) V a i para C o i mb ra fr e .
D Mi g ue li n a A m ália
. .
pa n h e i r os e m C o i m bra Fa us t o G ue d e s T e i x e ira A ug us t o ,
B t t a s an e faci i l t daa na p ar t e l
b i b i og r áf i c a , p e l o l— — l v
t r ab a h o d e A ar o
Bor d a o : l F i cha s o B i bli g ,
r á f i ca s da « G az et a do B i b l i o/i t o» I T eí x eí r a
de P a s c oa es , P o o, 1 9 5 0 rt .
69
T E I X E I R A D E . P A S C O A
xgoo — É tal v e z d es t e a no a Profec i a — P or d ots P oet a s pa n ,
fl e t o q ue s ai u a n ó n i m o , da a ut oria d e Pa s c oa es e d e A fon s o
Lo p es V i e ira .
1 90 2 — P ub lica a 2 .
ª
e diçã o d e S e mp re , m uit o r e fun dida e
a ume n tada .
p ert e n c e u a o po ta l ê s e a s e g ui n t e n o ta m a n us crita a
e ,
-
,
lápi s Be m s e i q u e os m eu s v e r s s p uca i m pr e s s ã o t ê m
: « o o
d ad c on ti n uar e i e m b ra e s q u e cid o e s ó i n h
e, c uidar
, o z o,
d ela c m t d o a m o r ( i n édit o ) E m 2 8 d e J un h o O ir m ã o
, o o o » .
,
d e D ir e it o O q ue atrib u i a u m a p er s eg uiçã
, p o lítica d o o
pr ofes s or s u icida s e ,
-
.
A t ó i V i a S ala m a ca n d e trava r la çõ e c m Un
n n o . a n , o e s o a
mu q u l h e é apr
n o, tad po E ugé i d C a s tr
e e s en o r n o e o .
e l e fa n t e s e s ó r e gr e s s ará e m
, 9 25 1 .
da b ca d o p e ta a l e it ura d o origi n al
o o , .
. s e po r o utra i n gl e s a ( L eo n o r D a g g e )
x
q u e e n c on tra n o P o rt o n u m a m rica n o e q u e s e rá a ,
« e » ,
E l o n r d M a râ n us E m fi n s d e 1 909 l e vad o p e l o n o vo
e o e .
,
a m or q ue o d o m i n a o p oe ta d e s l oca s e a L on dr es ,
-
.
70
O B R A S C O M P L E T A S
xoxo —I icia s a p ub lica çã da r vi ta A Á g ui a
n -
e dir c e o e s , so b
ç ão d e Á l var Pi t Pa c a e c la b ra
n s s o n n ú m er o (de
. o o o o o
r d e D e z mb r )
e m c artig O lavrad r s oes c as e ir os ;
o o o « o »
r e vi s ta C o n trai n e s ta é p oca um a d o e n ça d e i n t e s ti n os q ue
.
os n o v o s qu v ê e m n e l e u m pr o fe ta E n c o n tra s e n o
,
e « » .
-
P ort o c o m P h il ea s L eb es g ue A 2 7 d e A g s t r e aliza s e . o o, -
n o C h o u pa l d e C o i m b ra u m a r e u n iã o e m q ue participa m
Pa s c o a e s Jai m e C rt e s ã L e on ard o C o i mbra Á l var o Pi n t
,
o o, , o
e A ug u s t o C a s i m ir o ; n e la s e la n ça m a s ba s e s d um a s oci e
dad e c ult ural a R e n a s c e n ç a P ort ug ue s a q ue t e m por
,
« » ,
19 r 2 —A 1 d e Ja n e iro s a i o n ú m e r o da s e g un da s éri e da
,
r e vi s ta A Á g ui a t r n ada ó rgã da R en a s c e n ça Po rt u , o o «
rá i a )
r A n t ó n i o C ar n e iro ( n a part e artí s tica ) e J os é d e
,
Magal hã e s ( n o s e ct r ci en tífi c o ) O n o v m o vi m en t o é al vo o . o
b l i ca O p oe m a al e g ó ric o R e gr es s o a o P ara í s o e O v o l um e
E l eg i a s i n s pirad o p e la m o rt e d um s obri n h
, ai n da cria n ç a o, ,
filh o da ir m ã M i q u el i n a ; o pr od u t o da v en da d e s t e v ol ume
d es ti n a s e à s ub s criçã o n aci on al a favo r d e G o m es Le al
-
.
n a s c e n ça P o rt u g u es a » .
G a t ão n o s o lar d e q ue t i r ou o s e u n om e d e p oe ta C h e ga
, .
d e u e n ão s a b e n ada d e l e i s
» «
( carta a Á l var o Pi n t o d e »
s a ud os i s ta O G en i o P or t u g u ês na s ua ex pr es
'
f er ê n ci a «
S en ti n d o—
»
,
s ã o f i l os óf i c a poé t i c a e r e l i g i os a
, s e ag ora s e n h o r .
71
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
co m A t ó i Sé rgi
n n o o, q ue afa s tará da R e n a s c en ça
se « P or
t ug ue s a » . M rr e o um c un h ad d P e ta o m arid o o o , o de
D . M i q uel i n a .
19 15 — P ub lica a P or t ug u ês e M i s s C a ve ll ( s epa
A te d e r ser
e diçã d e o ra C pl e ta s dá a l um e a 3 e diçã d e
« Ob s om » ,
.
ª
o
1 9 8 —É
1 ap urad o para o ficial m ilicia no ( carta a Un a mun o
d e 5 d e F e v e r e ir o ) E m J un h o por c on vi t e d e E ugé n i o
.
,
d Or s e m n o m e d o I n s tit u t d e E s t ud i s C atala n s pr o f er e
'
,
p rt ug ue s a C on vi v e c om F e r n a n d o M a r i s t a n y ( trad ut r d a s
o . o
A n dré R h od es Pa ul Tur ul l e t c , ,
.
1 9 9 — P ublica
1 s b tít ul O s P oe t a s L us í ada s a s c on fe
, o o o ,
r ê n c i a s pr o f e rida s n o a n o a n t e ri o r e m B arc e l o n a .
1 9 20 — S e g un da s e diçõ e s
ra s M a â n u s e A rt e d e d e A s S om b ,
r
o o «
dad e y q u ij o ti s m o n d e a f ir m a A s a udade é p rt ug ue s a
», o : « o
S o l i dã o .
192 1 — P ub lica
B a i l d ( m mó ria r fl õ ) O C a t os a o e s e e ex es e n
I d in Jai m C rt ã d i id t da R a c ç a
e c s os . e o es o, ss en e « en s en »,
f u da m R a u l Pr ça C â m ara R i a S ara N va
n , co oe n e e s, e o .
A N a T rr ( C r u h a ) i r um caricat u a d P a c a
os e a o n ns e e a r e s o es
p Á l var C b r ir
or m a l g da
o po ta c ui n m é
e e o, co e en : « e o o e
m o i t o fa m iliar n a s t e rra s gal l e ga s , o n d e se lle co n s id e ra
c o mo m es tr e e i r m ao m ao r d e t o do s » .
a n t e vê a r ezar j un t o d t ú m u l o d e R s alia d e C a s tr P a s o o o .
c a e s p ub lica C nf e r ê n c i a e A C ar i da d e ( c n f e r ê n cia s f e i
o o o .
72
O B R A S C O M P L E T A S
1 92 3 —P a s c oa es ( e l e it o em 12 de A b ri l ) e O s eu í ti m a mig
n o o
R a u l B ra dã i gr a m n a A cad e m ia d s
n o n n es ss e s a C i ê cia d L i
b oa N . r e s p e ctiv o par e c er s ub s crit por
o o n s ,
o J ú l i D a ta ,
a f ir m a se q u Pa s c a s é d e raça e c e l s a d e p oe ta s q u
-
e o e « x e
t e m c o mo r e m t s a n t e pa s s ad os H e s í od e
o o L ucré ci o e o ,
c u j a s upr e m a r e pr e s en taçã n s a u r ra s d R o m a n ti s m o o, a o o ,
d S e m pr e a d e T e rra Pr o i b i d a a d R e gr es s o ª
ç ã o e 3 , 2 e .
ª
, .
a o Pa ra í s o D á a l um e ta m b é m A N os s a F om e 1 fa s ci
.
, .
º
c ul o d um a p ub lica ç ã o m e n s a l q ue n ão ch e ga a pr s s eg uir o .
1 9 24 —S a E l e i a d o A mo
e m a g r O P ob r e T ol o J es us C i s t o
,
e r
p
e m L i s b oa ( e ç a es cri ta
de c olab ora çã o com R a ul B ra n dã o ,
e ma l e eb r c ida p l p ú l ic
e o b o) .
t os e Câ n t i c os . A
p ub lica s e A Un i v e rs i dad e
30 de Ag t os o , -
,
n ú m e r o ú n ic d e h m en ag em a Pa s c o a es o n d e c o labo ra m
o o , ,
1 928 —S ai L i r o d e M e mó ri a s
o v .
1 2
9 9 — E m carta R a u l B ra dã i cit a Pa s c a a ac e itar
,
n o n o es o
c vit e q ue l h e dirigir m para vi itar a G aliza E m S et m
on a s . e
bro R a ul B ra dã e A t ó i C ar ir pa m alg um n o n n o ne o s sa
, ,
Pa s c oa es ) e t c , .
1 g 3o —A 1 de S t br o
ã o d e h om en ag em a o po e ta n o
e em , s es s
I n s ti t ut o H i s t ó ri c o d o Mi n h o É o rado r L eon ard o C o i m bra . .
E n tr e a a s s i s t ê n cia R a ul B ra n dã o T e l egra ma s d o Mi n i s tr o
, .
G al ega d o S em i n ári d e E s t ud os G al eg os t c
, o , e .
c ur s o a p ublicaçã o d a s s ua s Obra s C om pl e ta s d e q ue é « » ,
m ei ro s v o l um e s .
73
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
d u i d a e m h la n d ê s ( 4 e diçõ e s )
z al e m ã o ( 2 e diçõe s ) e
o ,
h ú n gar o .
1 9 35 Sa i P a i n el .
1 937 — S ai O H o me m Un i v e rs a l , e m q ue Pa s c oa es c on d ens a
e es clar e ce o s eu p e n s a men t o m e t a fí s i co .
194 2 — P a s c oa e s da a l um e O P e n i t e nt e ( s obr e C a m il o ) e
D upl Pa o s s ei o ( r e la t os d e viag e m en tr e m e ad s d e r e fl e , o
x õe s ) .
1 94 5 —N va b i gra f ia0 o ,
Sa n t o A g os t i n h o .
1 949 — P ublica Ve r s os P ob r es .
ta m e n t e c om a d e Maria L a m a s e m D ua s con fe r ê n c i a s em ,
d ef es a da pa z ) .
1 95 1 —A Març o o p o vo d e A m ara n t e pr es ta h om en a
31 d e ,
g e m a — h om en ag em a q ue s e a s s o cia m m u i t os
P a s c oa es
e s cri t o r es p o rt ug u e s es I n a ug u ra s e um a e p os içã o b ibli o.
-
x
di s s erta s br e Pa s c oa e s um p oe ta d e s e mpr e A 1 2 d e
o « ,
» .
Mai o h m en ag e m da A cad e m ia d e C o i m b ra c o m d e s c e r
, o ,
ra m e n t e m C i mb ra d u m a lápida N e s a h m en ag em
o, o ,
. s o
S a n t A n a D i n i s i o Jai m e C rt e s ã o J d o Prad o C oe lh o
'
o , o ,
.
,
Joã o d e B arr os e t c Pa s c a es dá a l um e D oi s j or n a l i s ta s
, . o ,
A os E s t u da n t es d e C o i mb ra e C a l vá r i o ( s on e t o i n édit o ) .
74
E L O
[ I .
“
e d i çã o : 18 96 ]
A os M E U S i m s m oo s r o s s
M ÁRI O N E G R Ã M NTERR S O O O O
A L BER T B A RR S C AS TR
O O O
E ra e st e r egat o fr e scura de
D o tosco mon t e a ún i ca h arm on i a ,
Me r g ul h a em luz a brusca p e n ed i a
- .
T r i st e s susp i r o s d o s eu p e i t o am an t e ,
Q ue i a m d e l on g e a B e l o i nda ac e nand o
, ,
.
S or r i a e e n t r i st e ci a n um i n stan t e ,
C om o s e l h e t ocass e a o m e sm o t e m p o
, ,
O c r e pú s c
'
lo da tard e e do l evant e .
79
T E I X E I R A D E P A S C O E
E quand o ol h o outr o m ar
T e n h o n a m in ha vida trilhar de
Sendas d es pi n h os q ue n inguém calcava :
'
F og o vi ol en t o O p ei t o l he e scaldava !
T in h a por c om pan h e i r o um v e lh o c ão
Q ue j am ai s qui s s eu d on o aban d on a r ,
B e l o od iava o mund o c om
E n o s eu l ábi o um ri s o d al egri a
, ,
'
Seu c onfid en t e et e rn o , O c ão g em ia
Se V i ss e o a m o acabrun h ad o e tr i st e ,
C omo pál i da fl or ,
ao ca i r do
C om o s o r r i s o q ue a um a d or
B e l o ol h ava a abóbada i nfin ita ,
Co
'
o d e s esp er o a ân sia a agon ia
, , ,
De tr i st e n á ufrag o q u e a t e r r a fita !
Julgava s e -
E dia a d ia , ,
O b r i l h o q ue s eu s o lh o s es m altava ,
80
O
'
B R A S C O M P L E T A S
D e sd e o t em po d a vida q ue é ri son h o ,
Q ue adorn am d os s e us l áb i os a fr e scura
C om pér ol as d os lír i o s orval h ados .
E m n i á g a r a s c ai d e s ol d oirado ,
C om a fac e e os olhos m ar ej ad os
D e doc e s l ágr i m as q ue a o s ol d o amor
Par ec em astr os d e br i l h ar can sados ,
B el o p ercorri a guiad o p el a
, D or ,
O n egr o mun do q ue a os pés calcava ,
E i s o q ue e l e no m un do
A saudad e o al egrava e
81
T E I X E I R A D E P A S C O A E
D o l ind o s on h o al u m i ava a i m ag em
C om a luz baça dum susp i r o a
C om auxíl io da lu z d a lua ch e ia
0 ,
S ub i u d e pr e ssa a en c os ta a o s e u clarã o ,
D e st e m od o alcançou a sol id ã o
Ond e nós o e nc ontram os a cantar ,
B e l o c on sum i a h oras a
T alv ez d al i s eu cant o m ag oad o
A traíss e 0 ét er q u e n os faz
El e qu eri a adorm ec er can sad o ;
T alv e z p ra n ão t orn ar a d e sp ertar
'
,
Ouv i u n a ar ei a um lír i o
E a o v er d o l íri o a fac e d e scarnada
, ,
S ua l i nda m ãe q ue l he aqu e c i a o n i n ho !
T E I X E I R A D E P A S C O A S
B elo torcia s e n um an si ar s em fi m
-
,
P ra q ue
'
tud o n os t e n h a amor con stan t e !
B elo doirava os l ados do
E n e l e vi a um trono de fulg or ,
A ur eol ad o d es t r el a s a
'
Ébri o d a mor d e g oz o e d e d el ír i o
'
, ,
E n a g on i a dum e t erno b ei j o
,
'
,
D e ssa agon i a c an ta o s eu
A sombra fal sa e i rón ica do p ejo
D e sfe z —
s e logo n e ss e m ar de gozo
, ,
B el o e as N i nfas l ançaram —
,
s e n a s águas ,
O s on h ad or b eb i a as claras águas
D ess e l ago d a mor a s e d es s ên c i a s
' '
,
D e su i cíd i os ód i os e V i nganças
, ,
Q ue n el e s v ão as n ossas
B el o s en ti a praz er e s m artíri o s e
Uma d a S N i n f a s c om ol h ar ri s on ho
'
, ,
85
T E I X E I R A D E P A S C O A E
B e lo ch eirava a rosa do
Ol hou p ra 5 1 e V i u s e todo orn ado
'
,
-
No se u p e it o d oent e am ar elad o
, ,
E ra do d i a a i m p ert i n ent e
E V i u O c ão
q u e a s e us pés d orm ia
Um son o sol to l ev e e ,
T i n h a d orm ido
N isto B el o pe n sava d esp eitad o ,
E a i d ei a do son ho o
B el o doid o ol ha o m on t e e s c a v ei r a d o
, ,
. .
C oi m br a 2 - ó - oó .
E L O
M edi ta çoes
( 11 P A R T E)
[ l .
ª
e d i çã o : 18 97 ]
A os ME U S A MI O S G
A L BERT E D U A RD P L Á ID
O O C O
C A MI L D A S I L VEIR A
O
J SE COELH
O SA N T S O D os O
B l e o,d ep oi s d e d e s c e r a m on ta n ha e n co n tra — s e n um f or
.
mo n ta n ha c om o n ac o s mo v e di ços d e p ura n e v e q ue o s ol
,
g a o O s il ê n ci o al on ga l h e a al m a n uma m e di ta ç ã o i n d e ci sa
- -
.
,
d um n o v o 5 0 1 q ue o i n fi n it o acabe d e fe c un dar B e l o m e di ta : .
89
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
D e i xa —
n os p e ito om n i p ot ent e
v er , no ,
O azul d o c éu a lua e s ma ec i d a ,
C om o p éro l a em lag o
E , d e st e m und o a alm a d e spr e ndida ,
E n ão s e p od e às v e z es esqu ec er
, ,
L e mbrança al egr e f ei ta d e s ol po st o
,
-
,
Se d es ej os s ão l indas m anadas
os
D e ov e l h i n has q ue v ão n a s ol ed ad e , ,
B uscar e m v ão as e rva s or va l h a d a s ?
, ,
P ra q u e n os d est e D e us a
'
, ,
L oucas a s piraçõ e s q ue s e rv e m só
,
P ra n os d ei xa r n o p ei t o um a saudad e !
'
QO
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
C om b e ij o um l íri o em pal id ec e
um ,
C om o s e n o s eu cál i c e d e n ata
Um l i ndíss i m o d i a am an h e c e s s e !
E m r e d om as d e m e l e d e fr e scor ,
Ond e um a pa s t or i n h a d orm e a
E ol hand o as ab el has n um a fl or
, ,
R eb entar n o s e u p ei t o um n ovo
, ,
A nda e m busca d o s eu d oc e al i m e nt o ,
Q ue em c á l i x d o i ro va i a aurora
'
, ,
92
O B R A S C O M P L E T A S
T é quand o o s ol c om e c e d e rai ar . .
P orqu e assi m só fa z e m l a ma ça i s
No pó dum a al m a à n ossa d e sigua l !
«
C omo e u v os mo ab el has
a id eais !
,
Vou m andar -
v os m eu ch oro
em al i m e nto ,
E e m l i c or d e dor m eus fr i os a i s
O qu er q ue é u
q e faz morr er o t em po !
A m ar com o am ais tamb ém e u pud e .
C omo um a ab el h a a d e sma i ar e m l ír i o
93
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A stro c eg o d e l uz e d e l oucura
Q ue p el o céu a s o r t e v a i c orr e nd o
, , ,
N a uf r a g a n do n e ss e Ét er c ristal in o
Q ue e mbal sam a o ar d o n oss o son ho ,
Q ue nos escond e o id e al
E as ab el h as ,
squ eci m ent o
n o s eu e ,
Vê em s e
-
p obre s porqu e al gum m alvado
L h es f or roubar d e no rt e o al i m ento !
, ,
N em a fom e re sp eita o q ue é
O q ue d e sp e d e um rai o d e tri st eza
Na fac e d e J esus
T é n as c elas chora a p obr eza
d e mel
Um choro — q ue é um can t o d e
D or i d a v oz d e qu em à tard e , ,
Ond e m ilh ar s d a b el h a s s e r e ú n em
' '
,
94
O B R A S C O M P L E T A S
H om en s q ue t od o o f e l e m si r e sum e m
, ,
Q ue d ód i o at é o p e d r egul h o fun d e m !
'
Hav e nd o al m as brancas c om o os l in h os ,
Nasc e u n a l m a d e B el o um a a l egri a
'
Q ue n em urz e a n asc er d e
Quan to at é al i s eus ol hos tin h am vis t o
E ra ban al e S ó c om amor
Podia ol h ar a pal id ez d um C rist o .
D escobr i u um a fr e sca pa s t or i n h a ,
Q ue hum ed e c em d a mor os
'
B el o d h or r or tr e m i a e d e d e sg ost o
'
C om o qu em s ob e as roch as escarpadas !
E l he fug i ra a r i r pr õ céu d Oi r a d o !
, ,
E u s e i q ue tu n ão és um a ilus ã o ;
Q ue és v e rdad e ira c om o o s ol q ue ,
N ão costum a m en tir o
C om o as t en r i n h a s fol h as dum a
Q ue o l uar n ão d ei xa s er e scura
rosto eu vi em noit e
T eu ,
Um s orr i so d a c or d a m urch a
Não s ei n ão
um coraçã o r esist e
s ei se
A o ch oqu e d e p oét i c o s o rr i so ,
A d esm a i ar d e d or e m l áb i o tr i st e !
Na m in h a alm a c h ov e j á
E sin t o m e do ent e a o v er fin ar
-
97
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Do s e acas o n os achamos
E m pa i sag e m d es e rta à b ei ra ,
C om o d oi s pob r ez m h os s em cal or
Por cam i n h os q ue nós n unca tr i lh amos .
E q ue mb eb i m in h al m a lacrim osa
e
'
Q u e o utro sabor l h e d eu : f é la
D e dura q ue in c on sci e nt e
e l a er a e
D eu l h e e sta
-
luz e suav i dad e san ta
Q ue a os p en h asc os d á o
E v er e m i m out r a l m a é o q ue
m
'
me
J ulgo t er duas alma s r eun i das ,
E e ss e p eso d o i r o m e
'
Se o m eu p e it o ch am a n ão pr oduz :
D á só cal or d e brasas
C om o qu e m só a l i en con tra
98
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
D o tri st e s on h ad or
ol ha r profundo o
Q ue n o s eu p e it o m agr o j á n asciam
A lgas d a mor d as l ágrim as
'
C om o v e l h os q ue ce m anos vivi am
Há de V i v e r a d or d entro e m s eu p ei to
-
C ontan do —
,
l h e os praz e r e s q ue
E B el o al m a d oir o r e luz e nt e
,
'
D ei xand o as fl or e stas or v a l h a da s ,
E m l ágr i m as pe rd ess e a
B e l o and ava num son h ar con stan t e
, ,
D aqui l o q ue n ão v i u o s eu
E q ue e l e tan to e cu j o am or
Por m u i tíss i m a ve z o f ez
C horar ? N ão s e i q u e s e rv e e st e fr e sc or ,
Se a s flor e s d e m ágoa q u e e m nós cr e sc em
Nas l ágr i m as s e t oucam d e v erdor ?
I OO
O B R A S C O M P L E T A S
Ou s e ca ou m ol h a e nt ão a n ossa
S eca a pr i m ei ro pr ã faz er n asce r !
-
E q ue el a nos l ev e a o Firm am e n t o ,
C om q ue son ha o n oss o
C oi m br a — Ou t u br o de 96 .
A EL A ,
O M E NT M A I S SA NT O
MO O
D A MIN H A AL M A .
A luz q u e m e n asc e u n o t em p o em q ue eu
Qui s p en etra r n a n oit e a v er s e i nd a e n contrava
A e ssência subti l d ond e n os n asc e O d ia
C om outr o q u e eu c on h eç o e q ue eu só s ei am ar ,
He i saudad e s d e m i m d outr o q u e fu i — m e n in o
, ,
Q ue um d ia m e d i ss e ad eus p ra n un ca m ai s voltar !
'
[ doirado ,
L embro me -
fui s e p en s o em ti n a
d o q ue
O q u e é viç oso e l oir o o v e lh o l embra
A t i c om par o e u e s ta alm a j á p e rdida :
F oi l oira como tu f oi assi m loira e l in da !
,
Se t e a mo é
tu és d est a alm a a fi el
q ue
V ej o q ue v olta o meu passad o a o v er t e -
Se ol h ass e o q ue fui j á n ão me
eu
A p e n as tu 0 q ue e u fu i m e vi est e
E c om o s e acaso a n oi t e viss e o d ia
, ,
Se e m m istério m e vi ss e eu pun h a ,
-
me a chorar !
E tu és para m i m o q ue é para a avózin h a
A s c on tas por ond e e l a a pr end eu a
L e mbras me a tard e tri st e e m q ue m in h a m adrin ha
-
,
P e l a pr i m ei ra vez , me ens m ou a
Se outras m ul h er e s a mo E str e la da Manh ã , ,
D ed ic o t e o amor q ue t en h o a m in h a irm ã
-
.
[ 06
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Vou guard ar a m in h a l m a e a m i nh a f l i c i da d e
' '
, , !
E u s em pr e p e n s o e m t i R ain h a P oema
, d o m eu ,
De ti v ej o s õmen t e ap en as o
P ra t e a lcançar a f orm a é p equ en o e st e
'
1 08
O B R A S C O M P L E T A S
D e i xa q ue só por ti e u sofra
D e ix a m eu p e it o em ais m eu cér e bro d e m e n t e
, ,
E tu és para m im as lágrim as q ue eu
Quand o t e v ej o eu r ez o ou c om eço a
E s in t o m e can sad o e str e l a q u e eu ador o
-
, ,
Um d esgraçad o um p obr e d e p ed ir q ue e xi st e
,
1 09
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E p equ e n it o i a v er o s ol rom p er ;
uand o e u r e zava s em pre a o t oqu e d as T rindad e s
q u e sabia j á q u e havias d e n asc e r !
O t eu n om e eu pr egu e i b em an t es d e o ouvi r .
A ss im m in h alm a f oi à l uz d e ssa
'
« O bras C o m p l e ta s » s d
,
/ ]
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E em n e gra V i sã o tu me s orr i st e
, ,
E ve r , m
e m im , o utra alm a é o q ue m e
O cl arão dum
A l é m d a s d u a s c i t a d a s é c l og a s , p u bl i q ue i , s ei s ou
s e t e m es es a n t es d o S e m pr e , u m a p oes i a i n t i t u
l a d a A m in h a A lm a , d a q u a l t r a n s c r ev er e i t a m bé m
a l g u n s v er s os r eve l a d or es :
1 16
O B R A S C O M P L E T A S
Quand o acaso me v ej o , e m
'
spirito só zin ho
, ,
Se , em m i stér i o m e V i ss e eu pun h a me a
, ,
-
E tu és um a e str el a aon d e ch e ga a i m ag e m
D e tudo o q ue a o luar eu m edit e i outrora
, , .
Q ue fiz e st e d e
m i m o m eu pior am ig o .
E a m in h a s ol id ã o d e s e jas m a r oubar -
,
De ti eu v ej o ap e n a s o
,
E tu és para m i m as l ágrim as q ue eu
11 7
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
]á r
n es t es v e s os , a n te r i o r es
à p u bl i ca ção d o Sem
pr e s e en c on t r a d es en h a d o o v u l t o d a m i n ha
i n s p i r a ção, i s t o é , a s en s i bi l i d a d e a o en i g m a d a s C ou
s a s , a a t i t u d e i n q u i e t a , i n t er r og a d o r a d a a l m a , o
i n s t i n t o da Sa u da d e .
O S e m pr e e os l i v r os q u e s e l h e s eg u i r a m fo r a m
es c r i t os d u r a n t e a f e br e d e c r i a r A on d a l evou m e
.
-
n o s eu í m pe t o A g o r a p e n s o d om i n ó l a e a d a p t á l a à s
.
- -
fo r m a s d o m eu es p í r i t o .
Ei s a o r i g em d a n ova ed i ç ão d a s m i n ha s ob a s r .
A s m od i f i ca çõ es q u e s of r e r a m a s p oes i a s d o pr e
s e n t e vol u m e em n a d a l h es a l t e r a r a m a es s ê n c i a es p i
r i t u a l pr i i n i t i v a O s t r ês ou q u a t r o c a n t os p r i n c i
.
p a i s q u e d ef i n em o m eu t emp e r a m e n t o ( Numa
cav ern a e scura L á A s m in h as sombras ! ltim o
, , ,
can to ,
ed i ç ão) c on s e r v a m i n t a c t os o s eu s en t i d o
o r i g i n á r i o d e q u e d i m a n a t od a a m i n ha o b r a p os t e
r i or .
N o p r i m ei r o ca n t o c i t e n o q u a r t o h á o p r es s en
.
t i m en t o d u m n ovo R e i n o E s p i r i t u a l r ev e l a d o n a s ,
S ombra s ( « Som br a d a Vi d a » ) e, s o br e t u do n o ,
Ma r â n u s .
N o s eg u n do, h á o d r a m a d o s e r q u e s e a u s en t a
d e s i p r óp r i o e s e d i l u i n a s Cou s a s — o ve r d a d ei r o
d r a m a d o A m or d es en vol v i d o n o J e sus e Pã
,
fa l a ) e n a s S ombras ( « A S om br a d o
N o t e r cei r o, a p a r ece j á a m i n ha v i s ão es p ec t r a l
d os s er es e d a s cous a s r efúg i o c a ót i c o d o es p íri t o,
,
on d e el e s on ha u m a n ov a R ea l i d a d e .
can t o , s en t e s e o a m or s a u dos o d a N a t u r ez a a n i ma da
-
em D eu s e n o h om em , a
q u e m a i s t a r d e c ha m e i pan
t eísm o saud osista , e a q ue ou t r os con hecen d o o ,
1 18
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Q u a n t o à fo r m a d ei a q u a s e t od a s
,
as p oes i a s o
m et r o l i v r e em q u e for a m c omp os t a s a l gu ma s da
e da ed i ção , c om o or ex e m
p pl o
C omo s oi s f e l iz e s !
Ó av e s q ue el a va i ouvi r cantar ,
C omo s ois f el iz e s ,
C omo eu sou fe l iz !
F el icidad e ! F el icidad e
Q ue eu alcan c e i
A o tran sform ar e m cr e nça e fé toda a saudad e
D um i lusóri o m und o q u e e u sonh ei .
F e l icidad e F el icidad e !
Es n o meu coração .
C om es t a s l i g ei r a s n ot a s , o l ei t or a q u em , p orv en
t u r a , i n t er es s a r o m eu p en s a m en t o p oé t i co faci l
m en t e o p od er á c om p r een d er e a com p a n ha r d es d e a
s ua es pon t â n ea g é n es e a té à s E l egias e V erbo
E scuro .
O B R A S C O M P L E T A S
T amb ém n o m eu e S pí r i t o profund o ,
Q ue n unca
E v en do as d e ntro em m im s urpreend ido
-
, , ,
Q ue s e p ercut e A l ém ,
S ou e u n a m in h a d or pr e s ent e e vi vo
, , .
A zu l profundo ,
E tér eo rosto ,
A l ágrim a d o Mun d o ,
S urpr es o d e r e p en t e
, ,
PO ETA
D or ac e sa n a vossa
S ou e m futur o o t em p o q ue pass ou ;
, ,
1 . C
P oe ta E m epí g af e : E n a m i n ha j a n e la a me
: O r
—4 5 CD : A f l or a p e dra a n év a al u m i ou D um a r em ota
. .
-
o
e z
—104 2 CD : Sou a br um a d T â m e ga apa
. .
. o
ga n do A s fig uras e a s al m a s r e v e la n d o E rg ue n d o v u lt os
—14 C : Mi s téri o — 1 5 CD : A Sa u
,
d e a n j o s s obr e a . .
124
O B R A S C O M P L E T A S
UM A VOZ
Na n oit e q ue m e b e ij a o c oraçã o ,
1 . A BC Mi s t e ri os a V oz —2 A B Mi s t eri os a vo o uço c a n
: . : z
5 A B : Tão s u av e pa s s a p e l o az u l d o ar
. C omo um rai ,
o
çã o, Q ua s e n é v o a t ur b a n d o o az ul d o Q ue s obr en a
t ural r e c ordaçã o — 10 A BD : Mi s t eri os a voz d es c on h e cida
,
o uvid os m u r m ur os a —1 2 A B : i n c om pr ee n di da —1 3 1 5 A B
, .
-
, .
, ,
n h al ma d e s c ui d o s a P or e s ta n o it e f oi d ei x ar
'
16 0 A : Cºi mb r a , 18 9 8 .
1 25
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
TARD E DE OU T ONO
A A NT ÓNI O C A R N EIR O ,
P IN T O R D A AL M A E D A P A I SA G EM
O s ol j á m oribund o ch ora
, , e ard e
G ot ej am sangu e as árvor es d o val
P e rd e m s e n o céu rox o e
-
vap or os o .
E c ausa m e profun d os c a l ef r i os
-
O v e nt o n um ataqu e d e n erv os o
, .
A s form as m ai s s e cr e tas d a
2-8 . C : Em pígra fe : 0
eNat ur eza q ualq ue r c ous a ex i s t e
,
D e i n ti m o pe it o e a t ua E s s ê n cia
e n tr e o m e u Se m e .
di t o s e ca n t o s e es t ou tri s t e E u s i n t o d en tr o e m m i m
e diçã o ) —
, , , , ,
tu a ex i s t ê n cia ! ( D a 1 3 C D : bra ço s n a .
126
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
M E DITA N D O
A D M I G U E L DE
. Un a muno
A m editar n as cousas .
P or i ss o eu a mo tan t o
,
E m chor o s e cond e n sa ;
,
1 28
O B R A S C O M P L E T A S
S e m pr e q ue ch or o ,
o brancº n ev oe iro
A s árvor e s apaga .
O me u ri s o fl or e sc e um e rm o out e i r o
E o m eu cant o, d e m ont e e m m on t e , se pr ºpa g a .
P ºr tudo quanto e xi st e .
E m m im s e e xt in gu e o di a dº Un iv erso
,
T ex t o da 2 .
ª
e d i ção
No alt o d um m on t e
S em s ab e r p o rq u e f u i ali parar ,
M uito a n t e s q u e os b e ij o s d o h oriz on t e
Fize s s e m o c é u pálid o c orar ,
I a s ºzi n h o e tri s t e ,
A b a n d º n ad o a m eu tri s t e
o
V ia m m e os o lh os o q u e n ão e x i s t e
-
,
M a s n ada via m : er a d e
E eu e e u ch o r e i .
Q ua n ta s al m a s d e L á vê m V i s itar
A n os s a l
'
ma ; eu b em s ei
Q ue a s tro s e m s egr ed o v ê m ao
os , ,
S e m e n t e n d e r o q ue e l e m e
Q ua n ta s lágri m a s vê m a o meu ol h ar
C a í da s n ã s e i d on d e !
o
O m eu pálid o r o s t o V ê m mo lhar
D or es alh eia s lágri m a s ,
C h ora m p e l os m e us o lh os o l uar ,
O s ri os e a s
E u s e i v os s o d es ti n o ,
B ra n ca s n u v e n s d o c é u o n da s d mar , o .
M e u tra n s par e n t e
Q ua n ta s l i n da s q ui m era s
A par ec em n o azul a ,
E u s e i o u vir o ca n t º d a s es f e ra s ;
É o m ur m úr i o d un s olh o s a
O d o c e o lhar d o s cé u s ,
Q ue s ó t e m p e s tad e faz t ur b a r l
Co mo e u d es c ub ro t ua al ma 6 D e us , ,
A tr avé s d es s e
1 30
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
T ud o o q ue e xist e ,
B ailava n o m eu ch or o .
Q ue é chorar ?
E v e r o s oll ágrim a d e our o
, ,
E ver o m und o
A c on c entrar
O s eu nocturn o e S pí r i t o pr ofund o
E m g ota d e águ a e d or q ue v a i t ombar ;
S ubir talv ez n o azul d os céus ,
E eu c hor e i . .
O l ágrim as d e l ºn ge a m urmurar ,
Os riºs e a s m ontan h as .
A t rn a
e e D or
F e z , em m im , o s eu n in ho : ouç o -
a cantar
D e ramo e m ram o , e f l or em
A n da a criar .
Sº zin ho p el os
, e rmos d ivagava
, ,
E squ ecid o a ,
E t in h am n e gro ol har .
L ong e d e m im a errar , .
1 32
B R A S C O M P L E T A S
E n tã o pus me a cham ar
,
-
P or m im q ue e stava a s ó s
, .
Vinda n o h ál it o d º ar .
Mas er a um A i p erdid o ,
E t e rn o d a Natura s em s en tid o
, , .
E n o m eu s er b e m fund o p en etrou ;
, ,
E al i ficºu ,
S em pr e a c antar ,
A s ol id ão a l uz cr e puscular
, ,
E é m in h a pr ec e ocu l ta o meu s e gr e do ,
.
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
M I NH A ALD E I A
A0 V I S NDE DE
CO V I LA M OUR A
A m in h a ald e ia !
E rm o lugar q u e e xi st e
Pe rd id o n e st e
,
Q ue o fºgº d os r el âm pag os
Em e pígrafe n a
,
e diçã o :
« A g ora a m o t e m ai s 6 m i
-
,
n h a li n da ald e ia
, Na ag on ia d oirada e tri s t e d o arvor e d o ,
1 34
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A n tig os p obr e z in h os ,
Fin cad os a o
E q ue tri st e za — ol h ai —a d ºs c eguin hos
Q ue andam à l uz d o d ia em pl en a e scu r id ão !
, ,
S uj a d e pó rug osa
, ,
E os q u e a s ort e e nj eit ou !
O al e ij ado a V iúva a cri ança abandon ada
, , ,
Q ue j á s e c ou .
D urant e o s n egr os m e s e s !
C houpan as a cair d e sc onj un tadas t e lhas
, ,
E m noit e s v elh as .
E mug e m os b oi s c om fom e .
A urz e a i n v ej a o ódio
, ,
poucº
R e ss equidos e l ívidos m an in hos ,
Ó m on t e s
M e ndig os d esgraçad os ,
1 36
O B R A S C O M P L E T A S
Ó casas se n inguém
m ,
A b e rta s ao v en t o n ºrt e
A l ar e ira a pagada a cin z a ,
a mort e !
Outras a bran qu ej ar n o m e i o d e col in as
, , ,
E ntr e pin h ai s a ,
N el e s vagam à n oi t e apariçõ e s d e
, ,
C as ebr e s t e nd o l og o ,
ao pé da porta ,
A p equ e n in a h orta ,
O e irad o o al p en dr e a m e d a a sombra d a fi gu ei ra ;
, , ,
Q ue b em q ue ch e i ra !
É um p e rfum e V iç os o d e al egri a ;
Vê —s e n el e o r e trat o a cor e s d a Ma r i a
, , ,
Com o el e e n c e rra o a m a n h e c en t e
I dili o cam p e sin o :
O am or carn al b rutal m as i noc en t e
, , ,
G e n t e d a m i n h a ald e i a n o ,
A lm as pr e sas à t erra p el o am or !
I 37
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A s e ntran h as d o s ol o .
E tu ,
D el f i n a ,
A o t e u M a n el q u e al egr e d e satin a ;
, , ,
E d e v er t e n ão s ent e º arad o q u e l h e
'
-
, ,
, ,
E t end e s d e e m igrar ,
T r onc os d es a r r a i g a d os p el o v e n to ,
Q ue sofrim ento ,
Ó Pátr i a ,
v er cr esc er a tua s ol i d ã o !
O mês d e A g ost o ! O céu vibrant e d e zumbid os !
S uf ocant e cal or v e nt os ,
D oc e s m an h ãs fr e scura d e água , .
R e l âm pagos T e m p estad e .
Na luz cr e puscular .
I m en sa e vaga fl or a s ol idã o ,
C r e sc e n o m eu j ardi m
, .
R asgad o p el o s ol .
A çud e s b or b ot õ es d e e S pu m a a cair ;
,
Sob copados
A o d ecl in ar o d ia és pálida corr e n t e, ,
Na n oit e
R iº d a m in h a
P e lo chuv os o i nv e rno m aré ch e ia ,
1 40
O B R A S C O M P L E T A S
A s s im a d ºr e stran ha ,
E n c ontra o s e u al ívi o e m pl e n o m ar .
A d or d a t erra m ãe ,
L og o s e av en turaram n um saud os o
, ,
E e ss e t eu ar g eladº e s em pit e rn o !
P obr ezin has choupan a s ,
Nos va l es a o s ol
,
D ançam e m gritaria
, .
F i g ur a çõ es m acabras de an im ai s !
R i sos d e tin ta n ova em fe i as caras v elh as .
14 1
T E I X E I R A D E P A S C O A S
Um v é u d e dor
O r ost o a o s ol
A v e s cantand o m ai s bai xin h o a m ed o
, , ,
A ta r d e ,
luar
ve m o E q ue t o c o u
D e l ívid o palor o corp o d e J e sus
E a somb r a d e Mari a d e s e n h ou ,
A C ei a , o Ho r t o ,
O ] u l g a m en t o,
P e dr o ch oran d o arr e p e nd id o ,
Mari a e º s eu tr e m e nd o s ofrim e n tº ,
J á d el i d a s n o t em p o d ec orrido
, ,
E m al ta cruz
Oh q ue e xpr e ssã o fantástica d e dor
T ran sfigurada
E n os l ábios d e C ri sto o luar murmura
, ,
Pa l avras d e pi e dad e .
E a c or oa d e e spi nh os e mbrand ec e
E ci l a um a auréola ap e na s d e t ern ur a :
-
D ivin a cl aridad e
Q ue as r e ss equidas m ágoas h um ed ec e
O grand e im ag e m s obre o and or n a pont e !
, ,
42
T E I X E I R A D E P A S C O A
P or qu e m s ofr e u J e sus ,
E sp e ra m o
E aj oel h and o c om S éria d e vºçãº
, ,
B e ij am os pés d a C ruz .
D e C rist o Q u e m i st ério !
O sol q ue n asc e o d e sp ertar do v entº
, ,
G ritand o : eu v i a D eu s .
C ºm o
R apaz e s e donz e las ,
E m ranchos d e lirant e s ,
C an tand o à l uz e t ern a d as
,
O v e l ho o órfã o a
, ,
1 44
O B R A S C O M P L E T A S
A lém n o pr e sbitéri o
, ,
N eg ro d e g en t e hum i ld e q ue
Pi edosas flor es ,
D e m ac e radas cor e s ,
E pºusam sobr e as
Um as v el h in h as com a cruz tombada
, , ,
E a noit e d e Natal ?
O l ua s obr e um torv o pi n l i ei r a l ,
C avalga a fe ia
E os r och e dos d os mont e s
D iz em q ue v ão b eb e r n os ri os e n as fon t es .
A s ombra dum
N egros m ochos c r oc i t a m
E as e rm as cousas brutas r e ssuscitam ,
O R ei s da m in h a i nfân ci a ! Q ue saudad e !
E m torn o do me u l ar ,
E l ú cido
E o v el ho tronco a ard er e a cr epitar
, ,
Par ec e r estituir e m ch am as d e al e gr ia
, ,
Todo o ca l or e l uz q ue r ec ebe u d o
1 45
T E I X E I R A D l P A S C O A E S
C antam a o D eus
E um can t o r e p entin o
Ouviu s e ag ora m e sm o à n os s a p orta :
-
, ,
S 㺠ch egad os ºs trê R e i s s
A l apin h a de
E l á part em d e p oi s por e ssa n oi t e
, ,
E º s e u cantar é tri st e j á ,
A ld e i a d a m in ha
C ousas b el as d el i d a s n a d ist ân cia !
O prim e iras m an h ãs ! C r epúsculos d e outr ora !
A v e s d o m eu passad o ! O lírios j á d isp ers os !
V el h os d ia s d e s ol ! Q ue s er e is vós ag ora ? ,
Q u e s e e sfum a n os l ong e s d o m eu
E é a m e sm a q ue e u avisto à lu z do d ia
D e sd obran do —
, ,
s e e m n év o a e t ern a s em p e r d e r,
Se us c on t orn os e c or e s d e h arm on ia .
Ve r s ão d ef i n i t i va
T omband o a l uz s e p e rd e e m n egra c ºr
, .
S ºu a i nj úri a d o pó q u e º v e n to l e va ,
u ch or —1 2
: -
s :
l a fl r —1 0 CD
.
, ,
a t rra
e , o so , o , CD . : e o .
t ud o oq ue D us f i n fi n it
e ez o .
1 48
O B R A S C O M P L E T A S
AO SO L P OR
E u can t o n o A T ri s t e za
R ecord a me l o ngínqua aspi raçã o
-
,
Seu vultº é
fan tástica vis ã o
de .
E can tº a m in h a m ágoa ; V ºu
E vou saud os o e pál id o f i c an do
, ,
Ma i s d i stant e d e mi m , m a i s para
N esta m el an c ol ia q ue é ch orar ,
Se m l ágr i m as e u V i v o a m ed i tar
,
No q ue me a t erra o céu al gu ém ? , ,
1 A :S br um r cha a
o e l pô a o o so -
r B : Sobr e u ma r ocha ao
—Q A S i n t m m ui t tri t
.
,
so l pô r
-
: o- ta tri s t eza B : Si n
e o s e e es
t o—
.
B : O n d e pr e s s i n t o a i m ag em da B e l eza —5 A : Na s cida d o
.
, ,
es t a l m a r eza
'
.
, , ,
8 : C o m o a o n a s c e r d o a m o r u m c oraçã o —1 0 A B : E e l a
.
. .
D : E u r ez o a m i n ha m ág o a v ou ca n ta n d o
1 1 A B : E s e m pr e m ai s e s cra va v a i fica n d o — 14 A B C e u
.
,
fi co —16 B : C o i mbra 1 89 8
. , . :
. .
,
149
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E tr n m oç a s , um a e x i s
e as
D a s o utra s b em dif e r e n t e .
S e e la s ri e m , a n da tri s t e
E
s e m pr e l on g e da g en t e .
Q ue para s er am ad a é q ue n asc eu ;
A F l or q ue d ei t ou ra i z n a m i n h a V i d a ,
Um d ia ( e stran ho d i a ! ) acont e c eu
Passar por m im t ão frági l e formosa
, ,
F ez s e B el eza e
-
d el icad a
R osa q ue , ao v ento e à chuva d esbotou ! ,
Q ue ap en as pºd e s er i m agin ad a !
15 0
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
AL EM DE M I M
E b eij o ac e s o a lágrim a
E quand o a n oit e e sp e ctr o d e ºutr o m undo
, ,
P erd em s e n º m eu corpº em
-
M eu ign oto m ar ;
E nlouqu e cida e státua d e saud ad e ,
A sºn h ar e ntr e n uv en s e a
, ,
Q ue e xi st e al ém d e m im ?
S ilên ci o fri a tr e va s ol idã o ;
, ,
A sombra d a futura
O I! I? A S hl P L IE
'
T A S
A L MA
Ao L E O N A RD O C OI M BRA
E m tud o ch ora
Um e spírito tri st e an oit ecid a ,
A ur ora ,
S uavi z an d o em b eb e n d o em s on h o
, e vida
A p edra a água a fl or a n oit e
, , ,
A lm a divi n a do en ça e spiritual
, ,
O V erbo cri ad or . .
153
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A lm a s ombra
, de am or e n év oa de tri s t ez a ,
T urbando o s
Prolongam en t o id e al da Natur eza ,
A braçado a o cr e púscul o
Fl ech a d e s ol b eb e nd o a l ágrim a pri m e ira ,
A lm a can t o
,
M och o en e v oand o
do ,
R e ssuscitam e m m im os Mºrt os
, ,
E as i m ag e n s d as cousas j á passadas
R od e i am m eu e spírit o saudos o ,
A l m a ! R essurr e iç ão !
D ram ática d esci da sobr e a
A l m a d a m ort e s ol da n oit e apariç ã o
, ,
D a l ua al ém d a
,
A lm a r e mota Vi rg e m e sp ectral
, ,
I 54
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
QU E M S O I S V OS ?
Ao P I N A DE M O R A I S
V ej o as n a luz d o s ol a m a n h ecen t e
-
,
V ej o as passar al ém d os h orizon t e s
-
,
V ej o as po usar n a fr on t e q ue m edita
-
,
Ouço as r ez ar n a t em p estad e
-
R e p en ti n as i m ag e n s fabul osas,
A S C OU S A S
Frouxas em pal id ec e m ;
,
Sºz in h a fºnt e ,
ao Em q ue d el íri o
De ch or o tu murmuras ,
A t ard in h a ,
Ó n uve n s d e struind o
A m entira das f ormas e das c or e s !
O torr e nt e s d e l ágrim as d el ind o .
D i S S l pa a n év oa a fria s ombra
, ,
o s on o .
15 8
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
V AG O
AO C A R LO S R A M O S
D ir s e á q ue d el as n asc e a e scurid ão
- -
Q u e o n osso cºraç ã o
A mortal hou
E astr os n uv e ns aurora tudo ensombra
, , , .
n h a l ma
'
S a udad e q ue m e t or n a il um i n ad o e tri s t e
E q ue m e faz ch orar s em e u s ab er ( D a 2 ed i .
ª
160
O B R A S C O M P L E T A S
E a sua s ombra b e ij a o m e u e sp e ct r o .
Q ue me apar e c e e fal a
.
,
R e tratad a n os e rm os h ori z o n t e s
E d entro em m im b e m l ong e a con c eb e r
, , ,
L ágrim as d e oi r o a ard e r ,
.
D or s em n om e a ch orar n a s ol id ã o d os
,
E m q ue todo m e e n l e v o e m e difun d o ,
P el o c éu e p elo mund o
,
_
E m mort e e vida .
A M I NH A V I DA
AO A F O N S O D U A RTE
E q ue m eu fr i o r ost o e m pal i d ec e .
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
QU I N TA D A PAZ !
A G U E R R A JU N QUE IR O
Na e n costa d e um out e ir o ,
D o q ue fora ,
A n t es d e t er vi vi do a vida p ecadora
E
A n tiga c asa j a tril hada
D o andar do O sal as q ue o luar ,
A través d a j an e l a , Q ue tri st e za
R emota e cºng elada .
P o em a º
m u it o m odificad d e e diçã o para e dição N a
.
1 64
() B R A S C O M P L E T A E
D e pa l id ez — sorri so q ue f i c ou
,
G el ad o n um a b oc a de cav e ira
D á novo cºl orido e quas e V ida e fal a
A v el h in h os r etratos d e fam íl i a ,
Ond e pousou
A asa d o t e m po ab erta e m sombra e
A lgun s traduz em ain da v el has dor e s
D esp ertas e m ,
Or g ul h os ri sos d e al m a
, V ed e ,
N o e scur o e n a
E é c om º nód oa vaga ,
No fun do dum a
E n a vidraça ,
C inti l ando ,
1 65
T E I X E I R A D E P A S C O A E
Se e svai a m in h a
E rmo vagºe ,
E sp ectros nublosos ,
R emotºs A sc end e n t es ,
E r od e i am m e tri st es m i st eriosos
-
, , .
N el es me p erc o
d ifund o e me
Sou eu s ou e u e rran do e m outr o mundo
, , , ,
L ong e d a m i n h a idad e
O d i a n asc e e D a j an ela ,
1 66
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E n a l ar e ira ,
,
E u pon h º m e a
-
F a úl a s m orta s ,
R é s t ea d e lua as t e l h as
Q u e e
,
m m im s e
,
f e z n octurn a
E v ej o o an tigº cri ad o o p a d r e A n t ón i o
,
A n e v e d os s eus
E v ej o as v e l h as V ejº a I nês
C ºn t a r —
m e a sua h i stóri a .
D izia e r e p etia : er a u m a
Puxava tant o j á p el a m em ória !
E a E u s é bi o a m ais r em ota criatura
,
D e q ue m e I mag e m d iluíd a
Na d istân cia l á ond e a m in h a vida
,
E c om o n o it e e scura
E v ej o a ti a E m i l i a n o t e rr ei ro
, ,
Vinda d e long e n as a n d i l h a s e o
, ,
J á quas e c en t e n ári a ,
C urvad a s ob os an o s e a sacola ,
1 68
O B R A S C O M P L E T A S
E B a r oa , de lut o .
Er a a tri st ez a ,
A inda h ºj e e scut o
S eus g e m i d os d e ag our o e d e
D e pºrta e m p orta and ava e l a q ue f ora, ,
R ica e fe l i z d e b oa ed ucaçã o
, .
Os fil hºs q u e
E em nós fitandº um n egr o ol h ar pr ofundo ,
Meu s m en i n os ! M i n ha s f l or es
E o Ci p r i a n o o d oid o q ue fal ava
, ,
A l ém dº
A s v ez es com furor g e sticulava
, , ,
C ab el o d e sg r en h ad o e so l t o a o
E fal an d o l á i a a s ó s p e los cam in h os
, , , , ,
C h eios d e s ol e d e oraçõ e s d e
Q ue m ed o m e fazi a !
t err or s e cr e t o i gn oto e n canto , ,
J á s ob l a m ei a n oit e
M ei a hora tin h a
1 69
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E o N oz es p e lo in v e rn o à chuva e a º friº
, , ,
Pr e s o a um v el ho r em ors o d ivagava , ,
P e l os mon t es pr egandº o s eu
,
A o luar e m e rm º
,
E n tr e as m oças d a m in h a fr egu e si a ,
A s fºn t e s d avam ai s ;
T in h am g e stos d e sombra e m ed o os pi n h ei r a i s .
O v e n to e m fúri a
E spal hava n o e spaço a trágica lamúria
, ,
D a sua
S e m pr e nºva ,
A qu ec e nd o l he a e t ern a
-
e fria c ama .
Se n o mundo s e n ºs se,
E tud o et ern o .
1 70
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E , d esd e e ntão ,
E vag o e s pe ctro rran t e à luz d a
e ,
Um a V º z n a pr ofunda s ol id ão ,
A lm a d e spid a e nua
Q ue a os d efun t os e a os viv os
A m inh a infância !
C laridad es m i st er i os as ,
na
Qu e m m e e spr e ita m ºstrando e tér e a graça
, ,
C on c ebid a n as brum as d a
S on h os q u e a t erra e xal a n o i nfin it o ;
Os m eu s s on hºs d e outrora
Q ue s ão n a tard e pál ida q ue ch ora
, ,
É s tu pr es en ça vi va
,
D e ígn eas c or e s .
C om o a C ruz n a m an h ã d a al el uia !
,
A ur ora ! i nfân ci a ! ri sº !
Visã o d o
Prim eira idad e !
Min h a saudad e !
M eu c oração em l ágri mas d i sp erso
, , ,
O p ecad o de am ar e pad ec er ;
1 72
O B R A S C O M P L E T A S
E t e m n os ol h os um a l uz ac e sa
, ,
A i d o m eu c or ação ,
I nqui e to e d ébil s ob ,
o p es o
De tr em en da e xpiaç ã o !
E n a n oit e profun da grit o e
, ,
N 㺠ap e n as qu e m sºfr e m as a dºr , ,
A d or d e D eus ,
D ivin a aspiraç ã o i n a t i n g i d a ,
I r r ea l i z a d o amor ,
O túmul o b atid o d o n or d es t e ,
Ó m in h a i nfân cia ,
Um a al egri a al ém t em po d e sm aiada
, , ,
Por um estran ho m ed o ,
1 73
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A pariç ã o d ivin a ,
A m urm urar ,
E m m im para e u ,
Porqu e e m m eu c oraçãº
T ud o é r e ssurr e içã o ,
A m an h e c e r .
A0 passarin h o fl or e tér e a, q ue
E viva cl aridad e
Q ue d e altº as cousas tri st e s alum ia
, , ,
A h a r m on i os a e l ím pid a fr escura
Q ue n os d e S per t a a s ed e ,
P ousava e m al egrias de
1 74
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
V e d e o M a n el
E nfe itand o o ch apéu com ram os d e pap el ,
Fi ncad o n o
Ve d e a M a r i a a ard e r e m V i va s c or es ;
L enço am ar e l o saia a z ul e n o c orp et e
, , ,
R i e m v e rm e l has flor es .
E n o m e i o d o adr o
, ,
A ba n d a toca a os quatr o
E n o cobr e d os brutos i n strum en t os
A luz dº s ol faísca en ra iv ecida ! ,
E d e pºi s ,
no L a d á r i o c om o é l ind o ,
O fog o e m l ágrimas nº ar ! ,
P el a fac e d a n oit e a
A gora m e sm o agora , ,
E m n e gra cruz
D e d or ,
O fogo antigo d eus m orr e num grit o
, , ,
S angrando c or !
V ej o a carval h a n ova d a A v el ed a ,
O c a r r ei r i n h o q ue pºr el a passa ,
1 76
B R A S C O M P L E T A S
E ,
bai x o o al p e ndr e o e irado a m eda
e m , , , ,
Um a am pl i d ão ab erta s obr e o v a l
V ejº os gran d es s obr e ir os com ram ag e m ,
E e ntr e e l es n um s e cr e t o i s olam e n t o
, ,
A ca s a d a s a l m i n h a s a ,
L abar edas d e Q ue b r a s ei r º !
Q ue afl itas m ãos e rguidas
A r ezar !
S ilhu etas abraçadas e lambidas
P el as ch am as dº f og o e xpiad or .
J á n ão sofriam .
1 77
T E I X E I R A D E P A S C O A E E
Ali ,
apar ec e à luz d o luar
n ºs , ,
Q ue o fri o m ed o
C ond e n sa e e scul p e e m form as d e
G r and e s vul t os d e sºmbra m i st e riºs os ,
_
T oda e ssa vida ign ota q u e s e alumbra
Na noit e q ue D eus f ez e D eus
E l ogo s e e vapora ,
V ej o a ca s a d e Mei os ,
Murmurando
Fluidas cor es :
O cl ar o v erd e t en r º m argin al ,
O v erd e d os c e n t e io s ,
E ao vê l a n a d istância
-
, ,
1 78
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E m po e i ra j á p erd id os ,
E nquan t o n as ram ag e n s d o ci pr e st e
, ,
B atidas d o n or d es t e ,
E xi st e al i o D e sc e nd e n t e ,
A pobr e m ãe ,
Q ue n os p erm it e ver
A própri a d or al egr e d e s er d or
, ,
E is 0 v e st id o e t ern o q u e e l a usa ;
E t em n a fac e l ívida e c onfusa
, ,
R ecord o E st ou a V ê- la ,
Num di a d e
Olh os azuis — t ão branca os lábios a sorrir . .
E r a a graça o V iç oso en c a n t
,
S an ta I sab el d os p obr e s d e p ed ir .
1 80
O B R A S C O M P L E T A S
F eita de n e v e pura !
Q ue m om ento ,
A s epultura !
Ó dram ática ald e ia aban d onº ! de
Fam íl ias q ue s e e xtingu em ! V el h a s casas ,
P el o
E ao l ad o o an tigo
, , folh as d e erva ,
E aqui e al ém abrindº
, , ,
Mortas l am úrias d e
E um son ho antig o a S on h o en cob ertº ,
Fantasm a d e saudad e .
S ítios q ue eu a mo tantº !
S ois t ão vivos d a m i n h a comoç ão ,
O b erç o do me u s er !
O m on t es s ol itári os ,
L eg end ários .
181
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Ó l embranças ! M em ó rias !
Ó sombras i lusórias !
Vultos d e n ev oe ir o
Q ue t ão s a ud os a me n t e p ovoai s
O val e o erm o out e iro
, ,
vos a fala
E sc ura q u e s e e xala
, ,
el e q ue m e i n S pi r a .
A os v e ntos dº Mi stéri o .
E ouvir qu e im ad o em s ed e murmurar
, ,
A font e q ue
T E I X E I R A D E P A S C O A E h
Murm úri os e s e gr ed os ,
Tr ist e zas a
B r a n c ur a s d e n e bl ina r o xas ti ntas , ,
A pariçõ e s e
C inza d e o iro e l il á s o v e n to ,
Pr e ss en ti m entos vã os da n egra
M on t es d a m in h a a ld e ia ,
P ºr e ss e t e m pº al ém d o ,
A s horas e sp ectrai s !
s ombra e d e rumor n octurnºs
C a r v a l h i d os d e ,
B l oc os d e p e s o e tr e va d e n s os m ont e s , ,
1 84
O B R A S C O M P L E T A S
Ó m on t e s d o ori e n t e ,
R ev er d ec i d os ,
Com ov e l h as pastan do a o s ol q ue , d e c on t ent e ,
Soa n a rud e fran ta d os past or e s !
V erd es fol h as m ord idas d e zumbidos ,
S on s d e água cain do , al an do s e em fr e scura ; -
O sol am igº !
O Sºl d a e ira !
O sol país pin tan do a
d o m eu ,
O s ol b eb en do a s l ágrim as da chuva ,
D oirand o o trig o ,
S ol po en t e pr egado n um a cruz !
-
O s ºl d a cotovia ,
O s ol ,
m áscara e t ern a d a A l egri a !
Mont e s d a m in h a t e rra ;
D egraus q ue v ão fin dar n o gran d e t e m plo a s erra ,
E tão profundº ,
1 85
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A pr egoavam as al m as d o S en h o r ,
P e l a Q ua r es ma e scura
Q ue e stran h a v oz f un ér ea e s obr e hum an a -
,
O sacro h orror ,
T oda abafada e m e rm a e s c ur i d a d e :
A l er t a ! A m o r t e é ce r ta !
E c s d a qu ebrada : A l e r t a ! A l er t a !
os e o
D e súbito acordado , ,
R ezavam oraçõ e s ,
S ilênc i os q ue s e faz e m a i s do v en t o , ,
1 86
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
O G ÉN I O D O M E U LAR
A A L BER T O D E AR A! J O
V ej o um a S ombra escura
Q ue s em p r e q ue e stou só jun to d e m im m urmura
, , , .
E fujº e t en ho
,
Quas e e ncarn ad o
És tu s ombra d ivi na essênci a d o meu dia
, , ,
O s ol r e cordaçã o q ue m e alumi a
-
E apagando
M eu c orpº q ue s e p erd e e m s ol id ãº
E s e torna in vi sív el coraçã o .
E j a mudad o em po e ira ,
1 88
O B R A S C O M P L E T A S
A O S PO ETA S MO RT O S !
Po etas q ue r epousai s ,
S obr e os quais ,
S ep ulcr os on d e P oe ta s r ep ous a i s
, , , ,
D eb ai o d º i n fi n it º es q ueci m en t o
x
E d a s lágri m a s d o
S agrad os m ár mo r es
S obr e os q uai s ,
E m caract er e s d e s o m bra d o l or os a ,
A di vi n a ca n ç ã o m i s t e ri os a
Q ue d en tr o em v ó s fi c ou emud eci da
, , ,
D ura n t e a v os s a
E n um cal vári o e t er n o é s emp i t er n a cr uz !
, ,
1 89
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
I NVO CA ÇÃ O !
Aº E D U A R D O M AL T A
E scur o e pobr e z in ho ,
C om o n ão h ei d e amar a n oi t e d olºrida
-
ª
. D p br l uc
: o e o o ? Env l v —
o e o no teu ma n t o , 5 . D Na:
1 90
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
N uv e m fi lha da L u q ue é um gra n d e m a r s e m
,
z,
E s e d ei x a e s ta T e rra e m tr e va s s e p ultada
, ,
N i t e t u é s a l u d m un d q ue e u ha b it o
o ,
z o o
I n d e fi n id o m un d o a s i m c om o um clarã o , s ,
Q ue n um a m o r p erc º rr e e s e az u l i n f i n it o
, , s
d t ud t e r m i n a é q ue e l e pri n cipia ;
On e o
O es pa ço é um s e u li m it e a l uz o s o m a , , ,
So m bra i o S º l d o m un d o m i s t eri os o
s, vó s so s ,
O n d e m i n h al m a V i v e a s ua e t e r n idad e ;
'
O S m bra s q ue d u ra n t e a n o it e m e apar e ce i s !
o
V ó s s o i s a L uz q u e e i s t e alé m da l uz d os cé us x
E d o n d e t oda s vós e s tr e la s , ,
C oi mb ra , 1 898 .
Ve rs ão d ef i ni t i va
Aº A NT ÓN I O C ORR E I A DE O L I V EI R A
V ou através d a nºit e
— E ss e i nf i n it o e n egr o coraçã o
D e fantástica V i rg e m dol orosa .
2 . C : —6 CD . :
1 92
O B R A S C O M P L E T A S
T em m orta s v oz e s d e al m a a s ol id ã o ;
E xalam n a p e nu m bra os v e rd e s ram os
, ,
B ranc o m árm or e
fluid o a luz d a lua ,
E s º zin hº a bi s m á t i c o pr ocur o
, ,
E a m in h a l ábiºs d e sp ertada
v oz , n os ,
P õ e s e a cantar al ém d o e nt e n d i m e nt o ;
-
,
E qu a n to d i a à n ºi t e é q u e am an h ec e !
8 C Mu
ra m a o l uar os v erd e s ra m o s D : E m an a m
: r mu
o s v e rd e s ra m o s —12
. ,
, ,
a o l uar C : q ue n o E r m o c on t em o
—
.
, , ,
m r m c t m pla m 1 1 CD : D i
'
p l a o s D : o q u e n o e o on e os
em voz h u m a n a — 1 8
. .
, ,
1 93
T E I X E I R A D E P A S C O A !
A qu e l a an tiga idad e e m fl o r ac e sa , ,
31 . C : 34 . C
lágri m a s d o
: As t em
36 . CD Ma hã : n s q ue para em pr e a n oit e c era m
s .
1 94
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Q u e rod e ais m eu s er ?
S er e i s al mas e stran has e pe rdidas , ,
Qu e d e sc e st e s c omo e u à t e rra
,
s e m sab e r ?
, ,
Q u e o silên ci o d e sv en d a à m in h a d or ?
Ou s er ei s p orv e n tura
, ,
P obr e s A nj os q ue º s ol abandºn ou ,
Q u e ,
e m sua m e sm a tr e va a n ºit e m ºd e l o u ?
,
D ivin a cl aridad e
F eita p e numbra m orta à fl or dº meu olhar ? ,
S er ei s fºra m im n a s ol idão
,
de , ,
Vidas d a m in h a vida ?
L e mbran ças d º m eu tri st e cºraçãº
C an tand o al ém d os céus , ,
18 C Fa ta
: n sm as C S mbra — 25 CD
22 il ê ci
: o s . : o s n o
? — 2 1 CD
. .
re v e l a m i n ha d or C rp d A j q u a L u : o os e n os e z
aba n do n ou — 2 9
.
,s a . CD u pr ó pria tr va a
: it m d e ,
no e o e
l ou ? 30 CD : C laridad e
.
1 96
O B R A S C O M P L E T A S
O m un do em fri a tr e va s epultad o
E n um s ilên ci º amortal h ado !
Oh q ue d e s erta e scuri d ão !
N egra e r em ot a abóbad a m arm ó r e a ,
E m c im a o ri so e t ern o d a I l us ão ;
E m ba i xo a e t ern a L ágr i m a i lusór i a .
C ada e str el a
N os r ev e l a
C riaturas paisag en s q ue a l um i a
, ,
A l uz quas e i nvisív e l do s eu di a
, , .
D i stan t es
Fulguraçõ e s astrai s murm úr ios cin ti l ant es ,
D e sc e m d o Vago e t ér eo ;
E gan h am n o m eu s er e spi ritua l s en ti do
, ,
1 . C: Em e í
p gr a f e : V i v e ,
d en tr o d e m i m a al m a da ,
n h a o q ue e u ( D a 2 e di ç ã o ) 2 C : s e p u ltad o ª
—3 C : —4 CD : Oh q u e n egra Sºl i d ão !
. . ,
CD : 0 n oit e e s c ur a ab ó bada 6 C : ri s os ; —1 1 C : Mi s t e
«
. .
5
r i os a m e n t e n o s — 1 6
. . .
,
CD : d e D eu s q u i m éric o e p erdid o
.
, ,
18 CD : E t om a m n o
.
, .
1 97
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Vult os d º meu
E a noit e é gran d e t e m pl o ,
M ordid o d e
Paira em tudº um a v ºz
, ,
A d or d a
E D eus s en tin d o a ouvind o a c om amor
,
-
,
-
, ,
21 CD : —22 C é er m t empl : o o,
—28
. .
C aba d
: nl ú g ub r e à s
on o 25 CD : E m m eu
i n t e rr o ga — 2 8
, .
Um c â n tico apagad E m n é v oa o,
M or ta vi s ã o d o —D : Paira em t ud o um a V oz em u
— 2 9 C : E o s il ê n ci o d a s c o u s as q u e — 8 0 C :
, ,
. C : N os s e us o lh os ,
o m un d o o s ol a n oit e tr i s t e
, , L em b ra m lágri m a s s a n do
L ágri m a s c uj a e s f e ra de pi edad e B r umo s a da ,
gri m a s E s f e ra s d e pi e dad e S us p en s as n a di s
E n e la s s e r e fl ect e a s ua i n fâ n cia E
1 98
T E I X E I R A D E P A S C O A E
O ADA M A ST O R
A R A UL B R A ND Ã O
Vi sõ es dº oc e an o e d a
G e nt e apr e ssada turbam ulta ,
S ire n e s a chorar ,
A braç os b e ij o s
, ,
Mã os pál idas c om l en ç os ,
S audad es tr em ul and o ,
N o a z ul d o
T e rras d a m in h a i nfância ,
s e d e tod o n a d istância
, ,
.
Q ue n egra s ort e !
Ó m i n h a Pátri a ó túni ca d e C risto ,
J ogad a e es farrapada !
Na 3 .
ª
e diçã o ,
e m e pígraf e : « Vi n º v º cé
s us co m n ov
e s p e ra n ça s .
( Da 1 .
ª
2 00
O B R A S C O M P L E T A S
A porta d a l ar e ira ,
A e str e l a d o past or :
L ágri m a d e o irº e d e s ilên cio a ard e r , ,
A d eus m in h a j an el a ol hand o a
,
E m fantasm a d e v e n to n év oa e t e rra , .
N e ss e t eu s er e n orm e e em p e d ern id o .
E ou ço a l usíadas cantar
v oz d os ,
B ai xin ho n os m e us v ersos
,
.
P enumbras de Un iv e rsos .
2 01
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E ouvi nd o a
,
do A tl ân tico e do v en t o
v oz ,
J ulg o ouvi r os L u s í a d a s q ue s ão
Outr o pr ofund o Oc e an o ,
E t e m p estuosa ,
A r ezar a m an h ã d e n ev oe ir o ,
A l uz original
C amõ e s al m a sagrada
, e uni v ersal .
A mºr pr i m ei ro !
P él ag o de saudad e ab i sm o
, de harm on i a .
Sºl -
Nosso , e e t rn o Pa i do nosso d ia !
E m ed itand o
E através d o meu sºnh o n av egando
, ,
D e scubro d e r e p e nt e
, ,
País es m aravil h os os
E outr os m ai s l ong e a inda ,
L á on d e a t erra finda
E pri nci pi a a e str el a m atutin a
E a R egi ão
2 02
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
O m ar s e r en o ê xtas e d e água
, ,
G aivotas pousai s
q ue
Nas rºch as on d e º m ar im pri m e os s eus fur or es
, .
T r e me l uz i n do cor e s .
A nt e m im s obr e as ondas s e
, ,
E o m ar e m v olta d e la al v or oçado
, ,
Mar brav o d a A l eg r i a
F er v eu r ed em oi n h ou
, ,
C om o s e à lu z d o A m or h ouv e ss e dado
E ssa e str e la fan tástica d o dia !
Q ue o ar n ão tran sm i tia m as s º m e nt e ,
Fui a s ombra dº m ed o ;
«
E ss e m e d on h o vul t o q ue o luar
E sboça n o arvor edo
, ,
Há d emô n i os e d oid os
E os hom en s e ntr e l ívid os t e rr or e s
, ,
D ºr m ºrta e r e ssurgida ,
2 04
O B R A S C O M P L E T A S
A m in h a A pariç ã o ,
Os n autas assustava ,
Por t oda a n e pt un i n a s ol id ã o .
E u dan t e s fui a
, ,
M in h a s ombra d ep oi s am an h e c eu ;
, ,
Na luz d o
Eu s ou o A d am ast or em al m a de saudad e . »
E r e p e n tin a arag e m
Murmurava s egr edos d e paisag em ;
D e s e n h ava a o passar a s form as fin as
, ,
On d e el e s e s entiu
V e nt o da i n spiração ,
Q ue m e traz e s d e al ém s on h os d e encan to ;
, ,
20
5
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
T ambém n as e rm as tard e s e m
, q ue r ezo ,
Eu n a m i nh a pr e c e V ou com el a
v ou . .
E m c e rtas h oras ,
D e ntr o d e nós .
S ulqu e i m ar an tig o da
o
D o céu
Q ue s ofri m e n t o nunca vi sto
A d or brutal e norm e d a Natura
, ,
Q ue d ivi n a s e f ez n o c oraç ão d e C ri st o !
E sob e e m n evº e iro e tudo tran sfigura
A sombra dº
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
L o ng e d e
m im d a t e rra e m ai s d o céu pr ofund o
, ,
A s h ºras d o s ol p osto !
-
A própri a C ri aç ão ,
A O C RE P ! SC U L O
Ao F A U S T O G U E DE S TE IX E I R A
D a e xtr em a un çã o da E tud o va i
C om e l a E só n ºs fica o p en sam e n t o !
.
Um a tr i st eza j á d e f i m d o mund o ,
C om o s e n un ca m a i s houv ess e
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A D O R E O M ED O
E a m in h a voz d os m ed os m e d efe nd e ,
G ol p e ad a d e e str el as a ,
E qu e m Qu em sºu ? Na n oit e
s ou eu ?
— O m edo à m ºrt e c erta q ue h á d e V i r -
E a d or d e s er h um an a cr i atura .
T E I X E I R A D E P A S C O A ]
T raz ,
l h os d e f e br e aqu e l e e spantº
n os o ,
E m tud o j ulga vê l a : -
N o v oo dum passari n h o ,
Se à l uz d º d i a os ol hos fe ch o o m und o ,
É todº
O pºbr e criatur a fal ecida ,
A luz das
A lma n o t eu n a ufrági o o
, , q ue tu l evas
C ontig o para o A bi sm o !
,
E a m i n h a d or fantasm a a d or e xtasiada ,
E long e ; aqu e l a d or
Q ue am pl ia a sua n oit e e m pl e n o vagº ,
D o nosso c oraç ão ,
A m ãe d a human a criatura
E da
A d or s em n om e e t ern am ent e , ,
E os tr i st e s v ão cºm el a em sºmbra
, , de a n s red
A d or saudad e
, ,
2 12
B R A S C O M P L E T A S
A MO R SA U D O S O
S i lêncio Um luar
E mb eb e s e n a sºmbra ; e um pássaro
-
a can tar , ,
A paisag em é ap en as um e sboço ,
Um r e ssurgir d e
E místi c o alvoroç º
A gita os arvor ed os c om brandura , ,
D o m eu j ard im
E tºm a vulto hum an o ao pé d e m i m , .
E e l a o ignoto e n cant o ;
,
A virg e m pura ,
A vi rg e m q ue n o mundo me e m peceu ;
, ,
Que para m i m
E sp ectro d e mul h e r ,
1 E t e rn idad e N um a lágr im a e x i s t e a n os s a R e d en ç ã o
,
.
A cr editai a té n o q ue n ão há E e s s e i m po s s í v e l e s s e n ada
, ,
2 13
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E e l a a S ombra
,
e e t rn a de b el eza
R el igiosa !
Mºstran d o a bran ca front e e spl end orosa ,
A l ém d os
Na l uz q ue el a d i man a é q ue apar ec e D eus .
R e pousa o po eta
R e zada é j á fan tasm a ín tim a pr ec e ;
,
A n t e s d e con c eb er a nº i t e e a luz d a
Fa l ando à n ossa d ºr
E a o nosso
E D eus human izado é D eus J e sus , ,
Pr egado n um a cruz !
A dor e mo assim n um grand e altar
-
lo ,
D e t e rra portugu e sa .
2 14
TE R R A P R O I BI D A
e d i çã o : 18 99 ; e d i çã o : 19 17 ; e d i ça o
1923; ed i çã o , in
'
« O bras C o m p l e ta s» s /d ]
,
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Q ue m ágoa d al ém do mundo
'
T ud o e n s ombra !
A paisag em q ue e r a i n ert e
, ,
Se li qu efaz e con v e rt e
Num m ar pr ofund o
D e sombra .
R ez e m os e n t㺠a D eus
A n ossa m elan col ia :
E st e vag o s en t im e ntº
D e abandºn o e s ofrim e n t o
Q ue º n oss o s e r
E tºdo e n e voad o ci sma
, , ,
E n º s eu n ada s e
, ,
Na tri st ez a da paisag em ,
E l e v em os n ossa im ag e m
R e z em os a n ºssa d or :
E sta p enumbra q ue cr e sc e ,
T odo o m undo em ,
P elos m ont es ,
O s eu rosário s em fim
D e c ontas d e água ,
R ez e m os a n ºssa
D e us h á d e vê la
- -
E sofrê l a ;
-
C om D eus s er e mos
O B R A S C O M P L E T A S
AD E U S
Um ad eus m e p ers e gu e d e m e n in o ;
Para diz er ad eu s ao m und o v i m .
S ou s em pit e rn o ad e us ! V ou me
-
e ncarn an d o
Nas form as dº m eu própriº
D esgr en h adas figuras sol uçan do , ,
E v ej o confund ir a m in h a ald ei a
-
se
C ºm as nuv en s al ém d os
,
E v ej o o t eu p e rfi l i maculado ,
221
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E a s av es i n oc en t es q ue a t ern ura
,
Eu v ej o t e
-
, A m in h a d or
L e mbra a i mag e m viv e nt e d o t eu r ost o .
Q ue d e s t e vida e t e rn a a o m eu d e sgºst o .
E e m l ágrim a divin a s e c on d en sa .
P or aqui meu A m or i r e i vi v e n do
, ,
D a sombra q ue t eu vult o e m m im d e i x ou , , ,
L ong e d e t i q u e és a m i n h a vida
, ,
P ert o d e m i m q ue s ou a m in h a m ort e !
,
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E si nt o m e afºgar
-
Na lágrim a q ue s ou ,
T od a ac e sa por d entrº
, ,
can ta e ,
Se às horas da tardin ha
, ,
E sv oaça e m pal id ez ,
C an tiga d e saudad e
E long e q ue um a vez
, ,
M e ficou s epultada
E m orta n a ,
B R A S C O M P L l
I
l
'
CA NÇÃ O TR I STE
M e lan cºl ia .
A pad e c er .
D onz e l a da m in h a
P e rfi l d e flor
Ou d e l ágri m a sºrri n d o
S orri so q ue n ão é d el a ,
Mas d um a e str el a .
A noit e e scura .
S e m pr e me l embro d e t i ;
D essas hºras q u e vivi
A sombra d a tua graça ,
Q ue e svoaça
L á n a t erra em q u e d e scan sa
Meu cadáv er d e cri ança ;
Fri a cam pa d e ab an don o
Q ue e u vi sito m editand o
,
2 25
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E soluçando ,
A O v en t o friº e g em ent e ,
Q ue s opra as cin z as d o po e nt e .
Ó T ri st eza , q ue és pr es e nça
M á r m or d esfe it o e m luar ;
'
N év oa astral q ue s e con d e n sa
E m bran ca e státua c om V ida , ,
N ess e A l ém ,
D ond e n os v em
A I n spiraçã o a can tar , .
E q ue
E , suspirand o, d e l ev e ,
O T ri st e za m ai s q ue tri st e !
Meu s ol
L embran ça d um B e m q ue e xi st e ,
N ão s ei
A qu el a V oz q u e r e sp ond e
A o m eu d e s ej o ;
E ss e i n f i n d o e e tér eº
-
B e ijº
Q ue paira s obr e o t eu
Meu d e s ej o : b orbºl e ta
E rm a e pr e ta ,
A l m a tri st e d e
E m d i as n egr os de chuva ,
226
T E I X E I R A D E P A S C O A E
Me p e rd i !
E pus m e e ntão a cantar
-
,
N e sta e rm a n oit e q ue s ºu ,
Mas n ão a poss o d or m i r .
A n do por m im a ch am ar
E and o a fugir
A n d o p e rd id o n a b rum a
D os t eus N em m e v ejo !
Morro d e im ortal d es ej o !
Sou pr e s e nça q ue s e e sfum a
Ou c orp o q u e a t erra c om e ,
Fri o h ál it o m ortal ,
S e m e i a m ágoas s em n om e ,
S ºu i m ag em r efl ectida
N e st e mundo .
M od elou m eu c oração
E m m atéria d e saudad e
E d e l embrança .
N os m eus s on h os t e pr ocur o , ,
C om o qu e m va i p elo e scur o , ,
A tact ear a tr em e r
,
.
228
) B R A S C O M P L E T A S
Só e m ti e ncºntrari a
A qu e l a antiga al e gri a
Ve rdad eira ;
A luz prim e i ra .
Qu em t e pud e ra pr e nd e r
Num d oido abraçº !
E d orm ir n o t eu
Qu em t e b eijara e ssa fac e ,
D al ém dºs m ont e s ;
'
E f ei to hum i ld e s orri sº
, ,
I lum in a um paraíso ,
O T rist ez a ,quis e ra
b em
V er t eu vul t o d el icad o
A o p é d e m im ;
C om o outrora ,
Nas m an h ãs dº m eu Passado ,
A Prim av era ,
V em , T ri st eza é j á ta rd e
, q ue .
E n tr e pin hais .
S ob e o fum o d os casais ;
E os tºqu e s d e A v e Mari a -
D oiram d e m el an col i a
Os long e s d a m i n h a m ágoa ,
V em a m im ! Qu ero t e ve r -
,
E mbora s ej a m orr e r
P ousar m eus l áb ios n ºs t eus .
V em a m im q ue a m in h a vid a
,
E m t i s erá r en ascida ,
L á n os c éus .
229
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
UM D O S M E U S D IA S
2 A : Q ue a m arg ura — 3 A : A d ta es l uz d o s ol
pálida e b a ç a l —õ A : d es fa ç a l —B : O cl ar o azul BC
. .
A
O m e ig o az u l —1 A :
. .
B : a m ea ç a ; C : E a c or d os
m on t es a m e aça ; 8 —
.
9 A : E s s a d or i d a c or d e d e s v e n t ur a Q ue
— 1 0 A : E s se
.
u m r o o v é u p or
x s o br e o
:
m un d o
P o e ta d e gé n i o o l ouc o v en t o — 12 A : d e es tra n h o s en ti
.
m e n t o ! —1 3 A A S árv o r e s q u e e l e d e s p e e a os e s carpa
.
,
d o s —1 5 A : P e l os m on t e s d e i x º u
.
,
.
, B C : P e l os
m o n t es d e ix ou p e trificad os .
T E I X E I R A D E P A S C O A E
ME U C O RA ÇÃO
Na t erra um a s em en t e p equ en in a
,
A br e aº s ol em sorrisos d e v e rdura
, , .
Ao longo d e e rm a e pálida c ol in a ,
A M I NH A H IST Ó R IA
As DUAS
( 1 8 7 7 - 1 90 1 )
Á rvor e s da m in h a ald ei a ,
Só v ó s e n t en d er e i s aqu e l e ºut on o ;
E scuro s e n ti m en tº
De dor e d e ab and ono ,
Q ue ch ora n º m eu can to ,
A s n uv e n s e os p e n edºs .
, ,
2 33
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
C inzas d e d e n in guém !
A c huva s e d esfol h am
, .
E m m im ,
em im l uz i n vi sív el ard e
m , ,
O s ol ag on i z an t e d essa tard e
E do i ra a i nd a os píncar os d a
2 34
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E t e rn am e n t e enfe r m o
Fiqu e i s ºz in hº e pál idº n e st e e rm o
, ,
E m agr os b ois q u e m ug e m ;
E ol iv e iras com idas d e f errug em
E rgu e m n a tard e os braç os e sp ectrais
, , ,
E xtáticas d e
D a própria sºmbra e m fl or ;
Um anj o ouvind o a n egra T e ntaç ão ,
D ifundir s e n a tr e va q u e o d e slumbra
-
Eu er ao c ond enadº
B em ant e s d o p e cad o :
O an t e r em orso e stran ho d e viv er
-
,
2 36
O B R A S C O M P L E T A S
D as sºmbras d o arvor e d o ,
Q ue er a fora d e m im A lguém q u e m e
, ,
A s l ástim as dº v e n t o ,
Os v e l hos p obr ez in h os ,
Ma n h ãz i n h a s d e n évoa m i st e ri osas , ,
E ramºs
O fri o i nv ern o
B rum os o cor d e cinza s e m pit ern o
, ,
.
A s r e zas jun t o a o l ar ,
Min h a A vó j á v e l h in h a e t r êmul a a fi ar
, , ,
P ºr um a frin ch a d o postigo ,
2 37
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E n e l e me d e ix ou r ev e laçõ es
, , ,
O luar a luz d o d ia
, ,
O t em p o q ue passou ,
C era n as m ã os da D or
, .
C h eg ou fim a i dad e
, por , ,
A l ua ch e i a ,
M en digas a r ez ar n a l uz d a tard e, ,
P r im e ir o ad e us s em fim !
Nasc eu me n e ss e di a a s ombra q ue pr oj ect o ;
-
E n os d e strói assim
O in efáv el e ncant o o m im o a e tér ea graça !
, ,
2 38
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A par e c e n os
Olh a e m V ol ta d e si põ e s e a , e chora -
.
Fri a d e o l h os fe ch ad os c or d e c era !
, ,
A lm a d a m i n h a al m a
Ó Mort e q ue ficast e a s er a m in h a vida !
D oen t e d e saudad e e d e
E n um a p obr e zi n h a s e pul t ura
, ,
A d e sfol h ar s e n um ad e us
-
E m m im j á d e spontava
, , e m rm o sºnh o abso r to
e ,
E m sombra à l uz
, do luar d e p oi s , de m orto .
240
O B R A S C O M P L E T A S
A h qu e m r ez a c om igo à tard e
, e me ab enç oa ?
Qu e m me fal a d e am or e m e p erd oa ?
Qu e m é q ue n ºs m e us s on h os m e r ev e l a
Mist e ri osa e str e l a :
Al egr i a d e luz q ue me tr e spassa
E d e ntr o e m m i m ac end e e tér e a graça
, , ,
n os m e us ol hos põ e un s ol h os d e pi ed ad e ?
,
A m or E sp ectr o D ivindad e !
, ,
O m ai s é med i ev a e té r e a M ág oa,
Q ue têm g e st os v e l h in h os d e ruína s ,
E rm os pin h ai s saud os os .
E l egias d e
E fil h o dum a E str e la 0 R i o l eg end ári o
, , ,
Na sombra d a tardin h a ,
E n évoa q ue f l utu a .
D e noi t e à l uz da l ua
, ,
Nos e rm os o l iv e dos ,
É zé fi r o a ba te n do as asas fa l ecidas
-
24 1
T E I X E I R A D E P A S C O A E
N os s algu e iros d o r i o ,
No s eu h ábito bran co d e
R e za o Passad o e xtático e profundo
, ,
Q ue e l e murmura ºculto , ,
N o m eu
E figura a surgir d a m in h a c omoç㺠,
C omo da n év oa o R e i S ebasti ã o ;
A d ivin a saudad e q ue n asc eu
C ºm igº ; e noit e e d ia
E s e m pr e me ac om pan h a .
E é h oj e a m in h a s ombra d e s olt e i ro ,
C om o fºi m eu sorri s o d e m e n i nº .
E n o e scuro dos
E s obr e as almas trist e s s e
, ,
2 44
O B R A S C O M P L E T A
E m im o d e Paisag e m ,
D e poi s q ue t e
N est e s d ias d e cinza e friº c á d o N o r t e , ,
Á gua v e l ha a cair d as n uv e n s d o
0 C oimbra m e di eval ,
Q ue por vi a d º s ol l h es v em d e D eus
, ,
.
Te m pº q ue os A nj os H or as d e o irº ,
2 45
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
CA NÇ Ã O D A M I NH A S OM B R A
Ó m in ha S in al
D e q ue , ev erdad e e u e xist o
m ,
E m ti , m e p erco e d ifund o
E abraço tudo o q ue e xi st e .
E t orn arás a i nd a a s er ,
E a can d e ia az e it e e m sín c op es d e
de
No tronº da cap el a a i m ag em d e J esus
,
A l h e ad o e m vós
, ,
E s e m od e l a e m form as r epousadas ,
M armór e as l ivr e s d e al m a l ua r i z a d a s
, , ,
E e m m i m susp i ra e chora
, , .
Quand o a m i n h a saudad e
( Virg em n ubl osa e tri st e q ue s e esfu m a
2 48
O B R A S C O M P L E T A S
Nos l on g e s d o meu s er )
T ão branca e d el i cad a as va i co l h e r , ,
A qui vi v o S º zin h o e as n uv e n s q ue
C r e púsculos d e d or mel a n cºl i a s , ,
A pagadas al egrias ,
Mort e s d a m in h a vida q ue me
Quim éricas figuras q ue m e falam !
Outras ol ham a t erra e l ívidas s e
, , ,
A tua a pariç ão ;
A qu el a S ombra et ér e a e sobr e n atura l
Q ue d e i xast e a o pa r t ir n a m in h a sol id ã o
, ,
.
E a l uz d o am an h ec e r t em um d oirado n ov o .
Porqu e és tu n e st e s S ítios a vi ve r
, , ,
249
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
CA NÇÃO OU T ON AL
O v ento p el os cam i n h os
, ,
Um cadáv er a i nda qu e nt e .
E um ar trist e aband on o
de
P elos out ei ros s e e spal ha ,
C h ei ºs d e c i nza e d e sono .
E a n os s a l ma s e agasal ha
'
,
E m nós s e e scond e a tr em er
, , ,
T ão m agrin h a a env el h ec er
, ,
Q ue pe n a t em d e n asce r !
A ndam vºz e s d ol orosas
Nas ram ag en s d o arvore do ,
25 0
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
P AI SAGE M D O M E U D ESTERR O
B oi s q ue voltam à c ort e ,
25 2
O B R A S C O M P L E T A S
E al i q ue v ou r ezar as m in h as pr e c e s ,
S er e i contigº jun t o do S en h or
, .
ID I L I O
C onform e v a i cr e sc e nd o
A n oit e s obr e m im ,
Mai s próxim a e r e al
E a tua
Os t eus olh os de s ombra
E m rostº d e m arfim ,
Ó Virg e m da T ri st ez a ,
Ouço t e os
-
I m pr e ssº n a m in h alm a
,
'
,
C om un s l áb i os q ue a t e rra d esfez .
E l ívid o
E a m in h a vida fi ca ,
E xtática e ab ismada ,
V e i o d e água q ue murmura ,
S on s d e prata e d e fr e scura ,
E m fraga e Oraçõ e s
Q ue fºram e m p ed ern ind o
E s e ficaram carpindo ,
V e rsºs brancos d e
Mãºs d e n e v e a os céus erguidas ,
C ºm e xtático f e rv or ,
E e m blºc os d e e t ern o al v or
E t ern am ent e e scul pidas .
V e rs os duros q ue a tardin ha
A faga am im a suaviza
, , ,
Quan do h um ild e pa s t or i n h a
R ec ol h e o gad o s º zin h a
, ,
E a luz é j á i nd eci sa .
Q ue sin t o vibrar e m m im !
V e rsºs nus d e c or sombria ;
,
C or d e t e rra e p en e dia ,
C A NÇ ÃO MO L H ADA
G otas d e s om m olhad o
C a em l á fo ra
, ,
Num ruíd o
E o silên ci o g e l ad o
D a n oit e q ue ch ora
S obr e tud o o q ue e xi s t e.
E a m in h a m ág oa
Naqu e l as g otas d e água
Par ec e en carn ar .
Vag o n a sombra
S ou mort o s em s e pultura
E s ou n uv e m a
T I X E I R A D E P A S C O A E .
C A NÇÃ O T E MP E S T UO S A
Vai º v en to a c l a mor a r ,
Na n oi t e e scura ,
E n v e l h ecida .
E vai c o r r e n d o à pr ocura
,
D e al m a s q u e o saibam cantar
E l h e dê e m e t ern a vida !
E m ondas d e ch or o e bruma ,
E m tum ult os d e
G rand e s s on s d iluvianos ,
G ri t o im e n so q u e s e e sfum a
E ench e a t erra d e clam or es
E
D e us vai l e vad o n º v en t o !
E s e n t i m e nto
E n louqu ec i d o
N a fri a noit e d e mág oa ,
A e sc orr e r água
T e m n a fr ont e d e svairada
, ,
Un s ol h os q ue
E t e m g est os q ue n eg r ej a m ,
Na pr ofund a es c ur i d a de !
Maré ch ei a
D e saudad e ,
S obr e as e str e l as
D B R A S C O M P L E T A S
D OS MEUS
A tard in h a ,
T od a pr eto um ar h um i ld e vin h a
de , ,
E scavados d a ch uva ,
E dº v entº q ue passa a ,
S ol t eira a qu em o t em po escur o d eu
O l uto d a vi úva ,
E c om d i scre ta m ág oa n os fa l ava ,
C om l ágrim as n os ol h os
E d e sci a a o j ardi m a v er as
E via a n ossa casa e os arr edor e s ,
261
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Nas á l ea s do j ard im ,
D ir s e ia q ue ch am ava p e l o outon º
- -
.
T en d o a l ua n º p ei to um branco lír i º ,
E el a , apr e ssada , e n tã o d i z i a,
-
n os ad eus .
L á i a n º cr e púsculo d e s ert o ,
C om a mºrt e j á próx i m a e c om D eu s .
S em pr e s º zin h a e s éria ,
E n os s eu s ol hos t er crucificada
, ,
T oda a i m ag e m d e d or e d e
Ser um a s om bra hum an a d e J e sus .
E i s a sua m emóri a ,
2 62
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
CA NÇ Ã O DO L U SC O FU SC O
V em d a s erra a m adrugada .
Vê s e l he o cºrp o i n d e ci so
- -
N um
E a h ora cr e puscular ,
F l or d ivina,
Va i m urch ar .
Quand o a m in h al ma d e sp erta
'
D e s en h ando ,
G e st os vag os d e
É a n ossa própria figura ,
A n t e o m i stéri o pr ofu nd o
D o s e u vult o apar e c e nd o ,
S ºbr e o
2 64
O B R A S C U M P L E
Q ue s e l e van tam m ai s c ed o ,
Passam n as e rm as e stradas
, ,
Frior en tas ,
N e v oen tas ,
Um as , n xad a a o ºmbr o ;
v ão de e
E v ão outras s em d es tinº , ,
Q ue é d ivi n o !
P or cuidados q ue l h e s b at e m
E as d eitam fora d a cama ,
Quan dº os cã e s ui vam e l at em
A s n egras ho r as paradas .
Nossa S en h ora d as D or e s
Q ue t e m fi l hos a qu e m am a
E n ada t em q ue l h e s d ar ,
T e nd o fl or e s .
S altan do de p e n h a em p en h a ,
N os cam in h os s ol itári os ,
Fi n cad os a o s eu bºrd ão ,
D e ol hos caíd os n o
2 65
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
C om r a i v or !
R e ss e cas m úm ias dºr de ,
Pardac e nta ,
D o ar
Vagam en t e ,
D oirada luz s e
E v a i cr e sc e r s obr e a t e rra
, ,
A m en ,
E os q u e vê e m pºucº tr op eçam
Na s ombra d os ram os nus ,
Q ue atrav e ssam
Os cam inh os .
E rabujam tr op eçand o, ,
Aº
E a n ºit e do et ern o S ono
Q ue d e ntrº d e l es
, ,
Passa a D oidin ha ,
E r e v oltam l h e º cab el o !
-
E n os s eus l ábios d e g e l o ,
Q ue d es cor a m ,
T em ri sos doidos q ue ch ora m !
2 66
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E árvo r e s d a s ol id ã o
as ,
D e spidas s e m agasalhº
, ,
T êm g e st os n egr os n o ar ;
E n a s l ágrim as d o ºrval h o
, ,
H á ri s o s m ort os q ue V ão
R e ssusci tar .
O B R A S C O M P L E T A S
CA NÇÃ O L UA R E N T A
O l uar d a m in h a t erra .
Ora ve a L ua n ova
m ,
Q ue é um p e rfi l
D e d onz e la
Nas cl aras n oit e s d e A bril ,
E m n é voa d e a l m a surgida
'
A nd a a e rrar
E a suspirar ,
E m v ol ta da sua
Ora v em a L ua
R osto e norm e
E lum inos o ,
P or sobr e a ald e i a
Q ue
V em d o Marão alta s erra , ,
O luar d a m in h a t erra .
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
CA NÇÃ O SA U D O SA
A S audad e bat er
v em ,
V em b at e r à m i n h a porta ,
Mas eu ouço t e -
,
E o si lênciº é t ão pr ofundo !
Ouç o v oz e s c horos d e al ma
, ,
Mi st eriosas I m ag en s
Passam por m im a
, ,
B em e nt e n do o q ue e l as diz em ,
Ma s tragédi a
q ue e mud eço .
C ai o d e m i m s obr e 0 Nada !
, ,
2 70
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A ESTRELA D O P A ST O R
Na r ou x i d ão brum osa d a
T u j á n ão és a e str el a d o past or
D e ss e t em p o v el h in h o q ue er a infânci a .
2 72
O B R A S C O M P L E T A S
Ó di o s , pa i xõe s a
p e st e a fºm e a gu erra !
, , ,
2 73
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E a m in h a ald e ia o m eu j ard i m
va i , ,
E v a i m eu pobr e s e r q ue s e
E outros s e r e s A spiraçõ e s
Q ue s e cruzam n o e spaç o e
A n si e dad e s e sºn h os q u e alv or ec e m
Nas fri as e n octurn as sol idõ es .
A m i n h a im ag em d oida a voar
, , ,
E n l ea d os e m outra S im pati a
E m e l indr os os d e outr o luar tamb é m .
2 74
T E I E I R A D E P A S C O A E
CA NÇÃO M ED R O SA
V e m b at er à m i nh a pºrta ,
C omo um s egr e do
D a E sfing e m orta .
R on da n as longas e strad as ,
On d e a o v ent o ,
Viol ento ,
E d oid o e svoaça
, , ,
Quando c ing e ,
Num d es ej o m ai s ac esº
Q ue um a e str ela ,
S ob o p es o
D os t eus o l hos m ud a E sfing e !
,
E q ue a sua formosura
D e bran cura
T ão i nt e nsa ,
2 76
B R A S C O M P L E T A S
T udo quant o r e c eb er
A i nfl uênci a d es va i r a n t e ,
Fulm in an t e ,
D o s eu vul t o
Quas e oculto ,
P on do torvos n e vo e iros
E arr e pi os
Nos salgu e ir os ,
C ºn g e lados .
E n as águ as s e d ebruça
E n os açud e s soluça
T ão altº q ue a —
,
, n oit e m orta
R e ssuscita !
E t od a afl ita
, ,
A n octurn a s ol id ão ,
P etrificand o e mud ec e ,
.
E a s fol h as tê m um ruíd o
D e s ecura .
V en to d e febr e e d esgraça ,
Q ue p erpassa ,
Voan d o i nc ert o
, ,
Num qu ei xum e ,
E o fantasm a d o D e s erto ,
R e qu eimando
A s fol hag en s vi r i d en t e s
E tr em e n t es ,
Q ue s e torc em cr e pi ta ndo ,
.
2 77
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E, n as águas d º rio
a o v er , ,
A sua i m ag e m ,
O M edo brancº d e m ed o
, ,
E um e sp ectr o e m d e s vari o !
Va i c or r e nd o ,
P e l as s ombras d a paisag em ,
Vivas d e al m a e d e s e gr ed o ,
E str em ec e ndo .
E a lua a o vê l o pa s s ar
,
-
,
T e m m ai s l ívid o pal or ,
S obr e silên ci o das cousas
o .
D ir s e á q u e v ão g el ar
- -
S ó as av es t e n e br osas
S oltam pi os ag our e ir os ,
N os pi nh e iros
M eus i rm ãºs d a
E sofr endo como e u , ,
Q ue s e e spal ha p el o val e
E m p e numbras d e e m oç 㺠,
E é a nºit e q ue v em d o céu .
O M e d o p erc orr e a a l d e ia .
S e us v e stid os s ão luar ;
O s eu r ost o é lua ch e i a
D e m emóri a .
E spr e ita o M e do ,
daq ue la e diçã o p e rt e n c en t e a o a ut o r .
2 78
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
C om oslh os e spantad os
o
C om o a s s ombras d a paisag em .
A parênci a d e pr e s ença ,
I lusã o q ue s e c on d en sa ,
N évoa ap en as
A i a saud ad e da vida
, ,
N ão a vi da é q ue sup orta
,
A n os s a l ma quas e
'
Q ue s em pr e a ard er
, ,
B ru xul eia ,
T ão long e n º n osso s er !
,
T umultu osa d e vi sõ es ,
S obr e a paisag e m q ue
A n oit e o e stran ho c en ári o ,
Ond e o M ed o l eg endáriº
I nc end e ia apariçõ e s ;
P e rs on ag en s m ist eriosas
D e ssa T ragédi a infin ita ,
E m q ue g em e ch ora e grita ,
T ud o o q ue é sombra i lusória
A d e spr e nd e r s e d as cousas
-
,
E i s a T ragéd i a m ai or !
P orqu e e xpr i m e a e t ern a D or
E xc ed i da im ag i n ada
, ,
2 80
B R A S C O M P L E T A S
D º s eu l e it o t r a s b or d a d a ,
A e vaporar s e n o -
— O e sp ectr o d a Vi rg em M ãe -
A nt e sp ectro d e J e sus
o e ,
P r eg a d º s obr e um a cruz
Q ue abran g e ss e n um abraç o , ,
T odº o e S pa ço !
Ó D or emsombra d e dor !
A lm a d o M ed o ! T e rr or !
L uz d o
R am o d e
S ºmbra n egra a d im an ar
D um bran c o m ármºr e .
E tér e a bri sa
S uspirand o .
M ochos pian d o
E scura
E ssa mul h er i nd e ci sa
Q ue s e entr e vê n a tardin ha , ,
Para
O m arul ho l iqu efe ito
D o r i º n as hºras m ortas
, ,
A s on h ar altº e m s eu l e ito ,
.
O v ento b at en dº às pºrta s
D ºs casai s ;
—T ud o é pr e s enç a d o M e do
E a in da m ais
, ,
N a n oit e q ue n os criou
E e m nós
, ,
V el h a sombra
Q ue para d e ntr o proj ecta
, ,
A cri atura .
2 81
T E I X E I R A D E P A S C O A E
D e viv e r a im p e rf e içã o
D a C riação .
O M ed o antigº e soturno !
E rm o Fan tasm a nocturno !
M edº antigo ! O Natur eza !
E sp ectr o i m e n s o
D e tri st eza
E d e m artíriº ,
E m q ue num vºo d es v a i r a n t e
, ,
P e los céus ,
O s er hum an o em d el íri o !
E ss e ri so ab e rto a f og o
C a iu l ogo
Num d esmai o .
Ma s d e r ep en t e ac ord ou
, , ,
E n tr e as tr e va s prim itivas !
E rgu eu as m ãos afliti va s
E gr itou
D e n évoa em n év oa ,
Pri m e ir o s ol a rai ar .
N o can to da cotovia ;
2 82
T E I x E I R A D E P A S C O A E S
C ada alm a t em s eu
A qu e l e ín tim o s egr e d o ,
Ou d e al egria ou d e dor ,
Q ue el a m e sm a , d olorid a ,
Vai
M ed o angél ic o sorrindº
Nun s l áb i os d i z e nd o : a mo r !
,
A pr i m ei ra v ez n a V i da ,
.
M e d o e m l ágri mas
M e do ao t eu c orpo d ivin o ,
Q ue n um clarão r e p ent in º
, ,
M e d e slumbra !
E fugind o m e s ó v ej o
,
-
,
E ss e rastro d e p en umbra ,
O m eu d e s ejº .
M ed o à fl or q ue d e sabrocha ,
Q ue um só m om e nto q ue passa ,
A d e i xa s eq ui n h a e r oxa !
O m edo à s ombra do
I m ag em fri a a dorm ir
Um fri o sono .
Q ue S ão l e mbranças d o m ar .
O m ed o à Mort e a r ezar !
2 84
O B R A S C O M P L E T A S
E t e m al tas di m e n sõe s ,
C ad a al m a t em s eu
O s egr edo
s eu
Q ue D eus l h e d i ss e ,
ao na s c e r ,
Para el a o n ão
Na e scurid ão d a Natura .
E o d errad e iro
T I X E I R A D E P A S C O A E S
A M I NH A A L M A
Ser m in h a aqu el a d or
Q ue os val e s mac e r on ,
Hei saudad e s d e m i m ,
D e outro q ue fu i m en i n º
Q ue um a v ez d i s s e ad eu s
, ,
E nunca m ai s
Se r e c ordo o Passad o ,
A lguém q ue m e faz p e na ,
E m m im soluça e chora , .
E u q ue j á fui f eli z ,
Quas e me n ão c on h eç o
E sin to me outr o ag ora !
-
,
T udo s e gu e n a vida , ,
Um m ist eriºso
O m ai s b el o p erfi l
É ap en as um a form a ,
A 0 v e n tº e à luz dº Sol
A m od e l ar —
,
s e em
N 㺠h á di a meu D eus , ,
2 86
T E I X E I R A D E P A S C O A E
E nc ontr o me contig o !-
A mo t e ,
-
c omo a t erra
A d ora o mê s d e Maiº .
C om º ad or a um roch ed o
O m usg o e m fl or q ue o v e st e ;
C om o a cruz dum s epulcr o
O d oc e e b om d e smai o ,
E m q ue e l a c ai s e ntind o ,
A s ombra d o ci pr e st e
A m o t e quand o a tard e
-
, ,
E m o iro s e inc en d e ia
, ,
A trist e lua ch e i a
D á vaga tran sparência
A n oit e d o Passadº .
A m o t e ainda m ais
-
,
R ainh a dº meu Po e m a ,
E me apare c e a o l ong e , ,
O grand e d iad em a
Q u e c e rca d e e spl e n d or
T eu r osto d e m arfim .
D e s ú bit o m e e span to !,
Q ue r e p en tin a luz
T ºdo o m eu s er t r e S pa s s a !
E pousa e m m eu ouvido
, ,
E o t eu vult o d e flor
E um z éf iro q ue passa . .
És tu és tu és tu !
, ,
E u s ei q ue tu e xist e s ,
2 88
B R A S C O M P L E T
Q ue os t eu s ol h os azui s
B e ij am m e us ol hos tri st e s ,
C e gºs a tact e ar , ,
Na s om b r a d o h ori z on t e .
A sós p el as h e r dad e s
,
O s ol am an h ec er ;
E e n can tado r e zava
, , ,
A o t oqu e d as T ri ndad e s ,
E q ue e u sabi a j á
Q ue ti n h as d e n asc e r !
E u fui o t e u pr ofe ta .
A n unci e i t e a vi da -
,
N e ss e t e mp o em q ue t ud º
E lím pid o s or r i r .
E r a t ão n ºv o ain da ,
E e s t a l m a d ol orida
'
C om o um s en tid o a
Parti part i d e p oi s
, , ,
P or e ss e m undº f ora .
E m l ágrim as por m im
D e i x e i a m in h a
E m m im a luz d esmai a ; ,
E m m im o ri s o chºra ; ,
E é m ística saudad e
A n év oa d a D i st ân cia .
P ers e gu i do n 㺠s ei
P or q u e m a u gén iº obscur o ,
A n d e i d e t e rra em t e rra
, ,
A chuva a o s ol a o v e n t o , ,
.
G oz e i com a m arg or
, ,
E ss e praz e r i mpuro
Q ue pºr d e n tr o m acul a
, ,
O n oss o p en sam e nt o .
2 89
T E I X E I R A D E P A S C O A E
Mas tu vi est e ,
D o Ol im po d e sc e nd e st e ,
T u q ue és alm a s º m e nt e
, ,
E m c orp o m e e m pe c e s t e
, .
F os t e vi va e m ortal
C ri atura c om o e u s ou
,
.
E m s íti o s d e e l e gia ,
A tard e t ão s º zinh o s
, ,
D e scubr o o t e u p e rfi l
D e e tér e a Virg e m M ãe -
.
E n os t eus ol h os v ão
B at er o s passarin h os ,
E a tua s omb r a am o r , ,
E um a t e r nura i m e n sa ,
Q ue s e e S pa l h a atravé s ,
D as p ob r e z inh as c ousas .
E a o d i vin º luar
,
Q u e d á tua pr e s ença ,
L ágrimas n o m eu rost o
, ,
E l ouco d e an si e dad e ,
,
E m f ebr e d e d elíri o ,
T e nt e i tua b e l eza ,
A fi m d e s er am ad o !
M ostr e i t e a m in h a alma
-
,
E ss e e rm o e p obr e l íriº
A o v entº e p e las m ãos
D o Out on o j á
N e st e mund o ºn d e pai r a,
A luz do s ol flutua
Vi st e meu vult o — e sp e ctro
, ,
2 90
T E I X E I R A D E P A S C O A E
CA NÇ Ã O MON Ó T ON A
Monoton ia .
Se m pr e a im ag e m das cºusa s q ue n os
A m e sm a c or v e r m e lh a d a A l egri a ,
O m esm o c l a r º e scur o d a T ri st ez a
-
.
Sem pr e ,
m e sm o c orpº a m e s m a d oença : a vida !
no ,
S em p r e a m e sm a e l e gia e m sílabas d e m ág oa ,
S obr e o m e smo
N os ol h os s em pr e a m e sma ind ef in ida imag e m
,
A v e s em pr e a cantar m an h ã d e s ol s em fi m !
,
Um p erpétuo s orriso à fl or do m e sm o
,
Sob um e t e rn o s ol p osto
-
,
2 92
O B R A S C O M P L E T A S
A m orr er a V i v e r n os ar e ai s
,
d e além . .
C on stant e cal m a r ia e t e rn o m ar
,
E st e íntim o A l en t ej o e m q ue s e p erd e a g e n t e . .
[ m e nt e !
T E I X E I R A D E P A S C O A
CA NÇ ÃO D os TR I STES
A b afad os
E a b orbol e ta viúva ,
Q u e t em asas a g oi r en t a s ,
E as al mas n egras d e p e n as ,
S obr e a t erra q ue s e
Q ue S ilên ci o ! Ouv e s e ap ena s -
C air a fol h a .
R em ota ,
e sp e ctral s ºzin ha
, ,
Na c or l i l ás da n oitin h a
Já
2 94
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A S M I NH A S HO RA S
Q ue s e abraçam a m im g e ladas a , ,
Sou a parênci a v ã d a D or q u e m e c on s om e .
2 96
O B R A S C O M P L E T A S
N e ss e s t em pl os d e p e dra e s ombra à l uz d a L ua , ,
O q ue v i u Madal en a à cl ara l uz d o ,
2 97
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
Um a lágrim a pura à lu z d o s ol tr e me nt e
, , ,
H o r as e m q ue m e e n l eva o m a r ul h ar d a s font e s .
Q ue i n f l or a m a o passar a s b ordas d os
, ,
, ,
C A N ! Ã O HUMI L D E
B ri sa d e A bri l
T od a p erfum e ,
E té r eo Num e
C on tig o vai !
P edri n h a hum i ld e
N o ch ão p erd ida ,
D o s ol f e rida
É s um a e str el a .
N egra ram ag em ,
O céu tocan do ,
Vai s e pi n tan do
-
D e azu l c e l e st e .
G ota d e orvalh o
T r em el uz i n do ,
T e n s o sol rin d o ,
D e n tr o d e t i !
30 1
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
T en d es ncant o
o e
Mai s q ue d ivin o
Q ue D e us m e n in o
A ch ou n a
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A h d ec erto e xi st e e m
, , n ós
A v e zin h a m atutin a
Q ue s olta cantand o a , ,
v oz ,
Ao al ém
v er
E sa canç ã o r evoa n d o
es , ,
E stran h a cousa
E t ern am e n t e ,
A al egr i a m ist e ri os a
Q ue e m nós s e faz
, , , de r e p en t e !
E s oln asc e
q ue
E e scond e a fac e
E quim érico fulgura
, , ,
A l egri a tu és a pr e c e ;
,
A l ém d os
A urora d e al ém aur ora
Q ue d oira a front e d e D eus ,
Quand o el e ch ora ,
On d e a sua L uz e tér e a ,
D ecaind o s e c ond e n sa
,
Mal n ascid os
30 4
O B R A S C O M P L E T A S
E u t e ab en ç oo al egri a ! ,
A l m a e c orp o d a e sp e rança !
B em q ui s era b e ij ar o t eu p erfil ,
C om d e d o s d on d e e sc orr e a luz d o di a .
ex e m plar daq ue la e di ç ã o .
305
T E I X E I R A D E P A S C O A E
EM OR A ! Ã O
As á r v or n s in aram m e a r ezar
'
s e -
,
E s e vê n a s ra m ag e n s p erpassar
, ,
N ão s e i q u e r e p e ntin a e t r êm ul a
Ó á r v or e s ecul ar ,
C h e i a d e an os e p e r dõ e s ,
O s t e us ra m o s e s palham oraçõ e s
E fa z e m cru z e s n o ar , .
R e z am Prim av eras
A ve -
O s l íri o s a d e sm aiar
, .
Ó n octurn a am pl id ão q u e me s e duz e s
E on d e m e p e r c o a ci sm ar ,
.
P e lo I nfin it o a v oar ,
.
A Virg e m M ãe q ue t e m n os braços o M e n in o .
30 6
T E I X E I R A D E P A S C O A E
D O R ET É R E A
A dor e spiritual ,
A e tér e a d or
Virg em q u e e n xuga os pés
S an g r e nt os do S e nhor
Noit e santa q ue v em ,
C ur ar c om m ãos d e s ombra
, ,
A s ch agas d o s ol pôr -
.
A nós ac e nd e
d or q u e e m
Um íntim o luar .
D or s ofrida q ue l e mbra
A s ombra i rr e al da C ruz .
A m ágoa q ue s e vê
N o orval h o cinti lar ;
Fri os suor e s da n oit e ,
A d or q ue n os embala ,
E e m n osso coraçã o
, ,
A d or pi e dosa a d or ,
Q ue n os m ag oa a m ed o .
à s lágri mas d iz
D or q ue
T ombai d e vagarin ho .
30 8
O B R A S C O M P L E T A S
A dor q ue v e st e e an ima
Os e rm o s pi n h e i r a i s ,
T ão l ívid os d a L ua
E d o cantar do m och o .
A d or q ue traz c on sig o
Os d ias outon ai s ,
E sobr e m i m d e sfol ha ,
A tard e um l íri o r o xo
, .
A d or q ue éa própria e ssência
Ocult a d a A l egria ;
D el icad eza d e al m a
E r e spl end or e tér eo ,
Q ue e n torna n o s ilên ci o
, ,
A dor pr e ss e n tim e n to
,
Obscur o d e outra
R ecôn dito pal pit e
A d e sp ert ar em nós ; ,
C onfidênci as d e D eus
E m l ín gua n un ca ouvida
E q ue par e c e s er
A n ossa própri a v oz .
A dor q ue n os e l e va
A o m i st erios o
A d ivin a m atéri a
A stral dum a oraç ã o .
A dor q ue t em pr e s ença
E a d or —
al guém ;
S ombra d e D eus t al v e z , ,
Em n oss o c oraç ã o .
30 9
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A d or e m q ue se vê ,
De súbi to raiar ,
Quand o fa z s ed e ouvi r
A s font e s murmura r ,
E o e rm o en s om b r a ainda
O bran c o d os cam in h os .
D or m at ernal r ezando
E m long e s d e an si edad e ,
Um a pr ec e d ivin a
A alum iar os céus .
D or ac e sa e m an an d o ,
E t e rn a claridad e
E q ue é o mun do a subir ,
A Virg e m M ãe d a D or
Q ue b eij a as outras d or e s
E as e mb ala n o s e i o ,
A d or p enumbra azul
,
C rivada d e e spl e n d or e s
D or silên cio caind o
-
,
D or m igrada em m im
e ,
Fal an do à s e rm as cousas
Q u e e str em ec e m viv e nd o , ,
-
.
E s ão al mas d a L uz
Sorrind o m i lagrosas , ,
Nas l ágrim as q ue v êm
M ol har meu fri o r ost o .
31 0
E I X E I R A D R P A S C O A E S
CA N ! Ã O F ! N EB R E
Q ue m i st e rios o r ecort e
E ss e d a n ossa figu ra ,
N a al egria ou n a am argu ra ,
São c om o e s b oç os i nfant is d a D or .
31 2
O B R A S C O M P L E T A S
T rémulo ,
A dolori da graça ,
É m ácul a d e t erra .
Ó m áscara d e g e lo e pal id e z !
T rágico busto e m l uar e
Olh os p ostos n a n oit e do I nfin ito ,
I gn ota c h ama ,
C in til ando
V e l h as r e cord açõ es ,
31 3
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
E , e m n ó s , d e s ej a e
qu er ,
E d e t ão l ong e e t ão
m udado vem ,
E ss e
da n ossa figura ,
Na al egri a ou n a am argura ,
O m edo o outon o o l ua r
, , ,
D anç am com ig o às v ez es , ,
Nas n oi t e s d os frios m e s e s
Q ue d ão ai s d e a r r i pi a r !
Vi nd e a os m e us braços donz el as ! ,
A i d e m im ! A i d e m im ! A fac e q ue eu b ei j ar
E l og o nódoa d e fumo ,
A v oar !
Vi nd e a m im ! Vin d e a m im ! Oh q ue l oucura ! ,
D onz el as qu ero am ar !
,
E ss e d oi do pra z e r ac e so a cr epitar
, , ,
A té n os c on v e rt e r e m cinza fria !
Ó r os a s, q uem ês d e Maio
O
E spal ha ,
c om r e l âm pag os n o ar ! ,
E as p er pé t u a s s c q ui n h a s de n asc e nça ,
B em m e q u er es e str ela s q u e d ão l uz
- -
, ,
A n d a a voar a ,
Eu o outon o 6 flor e s !
s ou ,
I r ei s a s epu l tar .
A s nuv en s corr em a ,
E j á cr e sc e n o e spaço a d el irar
, , ,
A i n ão tard a a
,
31 7
T E I X E I R A D E P A S C O A E S
A l m in has q ue a b el a A ur o r a
T an t o g osta d e alum i ar ,
Fugi fugi
, m i m ! T ud o d e m i m t em m edo !
de
Sou a v e d e rapi na a croc itar !
,
Fugi fugi d e m im !
,
O p oetas n um a afliçã o
, ,
I ntérpr et es de D e us Po e tas
mund o a errar
, ,
no ,
. o .
E as P e ss oas santíss i m as d a D or !
V ó s t od os q ue h abitais com igo intim am en t e ,
31 8
E I X E I R A D E P A S C O A E S
HO RA F I N A L
A í vem a Se n t e -
se
Qu em é qu em é meu D eus q ue em pa l id ec e
, , ,
P ág i na
I ntrodução
As ri g e ns a i nfâ n ci a e a m on ta n h a
o :
C o i m br a e o mei o cu l t u ra l
O pr i n c í pi o fe mi n i n o
P oe s i a e m e ta fí s i ca
O s e n t id o n a ci on al: o s a ud os i s m o
O s e ntid o h uma n o
A e s t é t i ca da po e s i a
C i t é r i o da pr es e n t e e d i ção ( e a pr opó s i t o
r , :
j uve n i l i a )
« »
T ábua C r onológica
B e l o — M ed i t a çõ es
A Min h a A lm a
S e m pr e
T e rra Proib ida
ç ão ,
P a c oa
s es e mu i to ma i s um so l :
tário q ue um ho m e m co n v i ve n te .
In d i i d ual i ta
v t r e m e i ge t e d e
s es e ,
x n
r p u d i a a p e rso age m e n
s o c i al q u e os o u tro no l va m a e p e s s e r r
l os m o ;
a s e a co t e m p l aç ã o
-
s n ,
c o b r e d tro d e s ? A lé m d e i m ag s
en u en
v á c ua algo d i m p al p áv e l q u e ão
s, e ,
n
c o s eg u e a p re e d r
n n e .
To da i a
« o lad v c r i s t ã o e a té
, o ,
f ra c i ca n d a s u d e l i cada s e n i b i l i
n s o, a s
e i n j u s t i ça d m u d o Se v i r m o s b m
s o n . e ,
h á u m a c o n s ta t e o c a ! a u a n s : n s
um a i m p a t i a u i e r al u m a mor q u e
S n v s ,
s e es te d fra t e r o a t oda s a s cr i a
n e, n ,
t e d o m e s m o m o d o q u e s árvo r s a s
s a e ,
p ro f u d o r e s p e i t o pe l o m i s tér i o d e
n
t oda s s l m s a a a .
L o ga m e t e o b s i d i a n t e m e t e a té
« n n ,
n ,
a o ú lt i m o al e t o P a s c oa e s há —
n d e ee ,
r
la borar os s e u s t e m a s,
a s u a f i l os of i a o u c o c e p çã o i t u i
« » n n
t i va d o U i v e rs o Toda s a s v e rda
n «
de s» q u e P a c oa es p ro cla m a e m p ro s a
s ,
e v e rs o co m a s e g u ra ça d u m i l u m i
,
n
n ad o ão pa s a m a fi al d e m o m e
,
n s ,
n ,
n
t os d u m p ro c e s s o d i aléct i c o s e m f m i .
Se a s s u a s v i õ es s ão q u i m ér i ca s
« s ,
P a s c oa e s pro f e s o u t od a a v i da a Q u i s
m e ra c o m u ma f i d e l i d ad e a s s o m b ros a ,
m arca d u m a e c e p c o a l q u al i da d e x i n
N ão v i o tra e r o s s ol u e z -
n «
çõ e s ma s i q u i e taçã o
» ,
« n » .
O 2 .
º
l me d e s t a e d i ção
vo u
ma g i s t r a l c o nc e b i d a pe l o P ro f
, .
D r J ac i nt o d o P R A D O C O E
.
L HO c o mpr e e nd e r á c o nfo r me
, ,
o c r i t é r i o c ro no l ó g i c o ad o p
t a d o pa r a e s t a s é r i e :
A V E N T UR A
J ES U S E P Ã
PA R A A L UZ
V I D A ETÉR EA
A pub l i c a r b r e ve me n t e
I m pr e s c i n d í ve i s
na b i b l i o t e ca d o
ho me m c ul t o , as
O b r a s C o m pl e
t as d o me s t re do
« s a u d o s i s mo »
T EI X EI R A
D E PA SC O A ES
uma das ma i s
l
a t as f i g ur a s da
no ssa l i t e r a t ur a.