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subsistência e mineração
AULA
auxiliam o povoamento
do interior
Meta da aula
Descrever a ocupação do interior do Brasil, dos séculos
XVI a XVIII, mostrando que houve transformações na
economia colonial que não se identificam apenas com
a empresa colonial agrícola.
objetivos
INTRODUÇÃO Você vai aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre a dinâmica da
economia colonial brasileira, com ênfase em aspectos diferentes dos que já
vimos na Aula 1. Se, na aula passada, o objetivo foi apresentar o sentido da
colonização para a coroa portuguesa, situando-a no contexto da expansão
mercantil proporcionada pelas grandes navegações, nesta segunda aula, você
verá que, a partir do século XVII, o interior da colônia foi ocupado pelos colonos
que não exploraram a monocultura para exportação, mas atividades destinadas
à própria subsistência ou ao mercado interno.
Sugerimos, para complemento de sua leitura, a introdução do trabalho A Lei de
Terras de 1850, de Carlos Ignacio Pinto, estudante de História da Universidade
de São Paulo (USP), no site http://www.klepsidra.net/klepsidra5/lei1850.html.
Carlos Ignacio faz um histórico da ocupação portuguesa no Brasil, dos séculos XVI
a XVIII. Vale a pena dar uma olhada, para relembrar o conteúdo da Aula 1.
Introdução
O primeiro critério de distribuição do solo da colônia portuguesa na
América foi o regime de concessão de sesmarias. Este ordenamento
jurídico do território foi, antes de mais nada, uma transposição da
norma reguladora do processo de distribuição de terras em Portugal
para os solos coloniais. Sob este ponto, é preciso ressaltar que o
interesse primordial do processo de colonização portuguesa estava
aliado à extensiva exploração do território, com o intuito de campear
recursos minerais, principalmente o ouro. Em um primeiro momento,
esse propósito da coroa foi completamente frustrado, pois durante todo
o século XVI não houve a ocorrência de descoberta de metais preciosos
nos solos coloniais americanos de possessão portuguesa.
Desde o princípio, a empresa colonial percebeu que a colônia poderia
produzir outros tipos de riquezas que não a exploração mineral. Data
do ano de 1557 a instalação do primeiro engenho de produção de
açúcar no Brasil; os portugueses, que dominavam plenamente a técnica
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ilhas do Atlântico, introduziram e incentivaram a produção da cana, que
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possuía grande valor comercial.
Na colônia portuguesa, os séculos XVI e XVII marcaram o que a
professora Vera Lúcia Amaral Ferlini denomina de “a civilização do
açúcar”, uma economia baseada plenamente no cultivo da cana-de-
açúcar e no trabalho artesanal de produção do próprio açúcar por
meio dos engenhos. Nesse período, o incentivo agrícola foi dado à
produção em larga escala para abastecer o mercado europeu. Não havia
o interesse de construir na colônia uma produção agrícola de pequeno
porte e caráter diversificado, pois o elemento norteador das políticas
européias era o mercado europeu. Assim, a colonização do século XVI
foi fiel ao seu sentido original de “colonização de caráter absolutamente
mercantilista”, sem incentivo à pequena propriedade.
A partir do século XVIII, ocorre uma mudança nessa política econômica,
com um enorme crescimento da colônia: junto a um grande ciclo
migratório, verificou-se uma ampliação da economia devido,
principalmente, à descoberta das Minas Gerais. O ciclo do ouro foi
capaz de dinamizar novos setores da economia, como o de produção
de alimentos e do tráfico interno de mão-de-obra. A reivindicação pela
terra tornou-se mais difusa, e a política de doação por meio de sesmarias
fazia-se insuficiente às novas necessidades sociais. A confusa situação
de ocupação de território ditada pela debilidade da Lei de Sesmarias
aumentou ainda mais no final do século XVIII, quando ocorreu a
decadência da mineração e houve o que alguns autores denominaram
como um renascimento da atividade agrícola.
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2
Para
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o apresamento de
índios, os alvos principais dos
bandeirantes foram os aldeamentos
jesuíticos. Estima-se que 300 mil
índios foram escravizados entre
1614 e 1639.
Você se lembra da minissérie A muralha, veiculada pela Rede Globo em 2000? Era justamente
sobre o período da história econômica brasileira que você está estudando nesta aula. A
minissérie teve como base o livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. Ambos valem a
pena ser vistos. Lembre-se, ler o romance ou ver o filme pode ser uma excelente maneira
de estudar. Que tal aproveitar para aprender e se divertir ao mesmo tempo?
Atividade 1
Recuperando as origens do bandeirantismo
Resposta Comentada
Antiga Capitania de São Vicente, São Paulo não teve, nos primeiros tempos da
colonização, a importância que tem na economia brasileira atual. No entanto,
por sua localização mais próxima ao sertão, de lá partiram os bandeirantes,
como você já viu. Você já se deu conta de como esse movimento foi importante
para o que nós conhecemos hoje como Brasil? Entre as conseqüências mais
relevantes do bandeirantismo, está a expansão da fronteira da América
portuguesa em direção à América espanhola, rompendo o acordo assinado
em Tordesilhas em 1494.
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OCUPAÇÃO DO SUDESTE
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estabelecer no norte do continente, a partir de 1596. Naquela região,
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desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da floresta – como
as madeiras e o o urucum utilizado para tingir tecidos – e o pescado.
Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos
tradicionais inimigos do império espanhol. Os portugueses conseguiram
expulsar franceses, ingleses e holandeses das margens do rio Amazonas
e fundaram, com objetivos de defesa, a cidade portuária de Belém, em
1616, a partir da construção do forte do Presépio, atualmente forte do
Castelo. Localizado na confluência do rio Guamá com a baía de Guarajá,
o forte estava situado em local estratégico, dificultando a entrada dos
invasores. O “fechamento” dessa porta de entrada da região conseguiu
mantê-la protegida.
Figura 2.2: Construído pelos portugueses no século XVII para defender a região
de invasões estrangeiras, o forte do Presépio foi um dos primeiros edifícios de
Belém (PA). A fortificação, atualmente chamada forte do Castelo, foi tombada
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1962 e é
um dos pontos turísticos da cidade.
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Jesuítas:
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instrumentos de ocupação e
?
empreendimentos comerciais
Diferentemente dos holandeses e ingleses, os
portugueses justificavam a colonização não somente
como instrumento de expansão comercial, mas também de
disseminação da fé cristã. Esse foi o propósito que moveu a
Companhia de Jesus, ordem religiosa responsável pela implantação
de missões na colônia.
Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Ao longo do tempo,
a ordem foi responsável por missões no interior, catequizando indígenas,
e pela criação de colégios, entre outras realizações.
Em meados do século XVIII, o sucesso da empresa comercial organizada
pelos jesuítas feriu interesses de colonos espanhóis e portugueses em
uma região situada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Interessados
em apropriarem-se daquele empreendimento, os colonos de
ambos os países conseguiram o apoio não só dos governos
espanhol e português, mas também da Igreja Católica,
chamada para arbitrar a disputa, o que resultou na
decisão do governo português de expulsar os
jesuítas da colônia em 1759.
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acabou por empurrar a criação de gado cada vez mais para o
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interior do Nordeste, e as fazendas fixaram-se na zona semi-árida
e no sertão, impróprios para o cultivo (p. 99).
Atividade 2
1
Modos de produção na colônia
Compare os tipos de atividades econômicas realizadas no Brasil do século XVII,
considerando o tamanho do terreno (latifúndio ou minifúndio), a mão-de-obra (escrava
ou livre) e o destino da produção (mercado interno ou externo).
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Resposta
Na produção canavieira, voltada para o mercado externo, o sentido da atividade
econômica era produzir lucros mercantis, o que envolvia a necessidade de rebaixar
o máximo possível o custo de produção, daí a opção pelo trabalho escravo. Na
pecuária, voltada para o mercado interno, ao contrário, o sentido da atividade
era mais complementar ou alternativa à agroexportação, sendo muitas vezes
uma atividade de subsistência, em que não se justificava o “investimento” em
manutenção de escravos.
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das chamadas cidades históricas, destino de grandes fluxos de visitação
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turística, e ícone do Estado de Minas Gerais.
Atividade 3
2 3
500 anos de ocupação do Brasil
Observe o quadro a seguir. Ele contém informações do mais recente censo demográfico,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000:
Em sua opinião, por que as regiões Norte e Centro-Oeste são as menos povoadas, apesar
de constituírem quase 65% do território brasileiro? Você identifica alguma razão histórica
para este fato? Qual a diferença entre estas regiões e o Estado de Minas Gerais, também
localizado no interior?
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Resposta Comentada
Distantes do litoral, as duas regiões, historicamente, tiveram um acesso difícil. Em
uma época em que o transporte interno era baseado no uso da tração animal, foi
difícil povoar essas regiões, especialmente porque era a atividade agroexportadora
que dava o sentido da colonização e esta, como se sabe, localizava-se na costa.
No caso amazônico, outro fator importante foi a construção de fortificações como
o forte do Presépio para proteger a região de invasões estrangeiras, como você já
viu nesta aula. No caso específico de Minas Gerais, apesar de situada no interior,
a região foi ocupada depois da descoberta de ouro, em 1680.
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do metal, mas coincidiu com o declínio da mineração. Após atingir o
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auge na década de 1750, houve um rápido declínio na produção do
ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da economia
colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de
aluvião e não de mina, o que dificultava a estimativa de suas reservas.
Você vai conhecer as medidas econômicas tomadas por Portugal para
tentar sanar este problema na próxima aula.
Se você quiser mais informações sobre esse tema, pode consultar
sites como www.pesquisaescolar.com.br. Outra fonte importante é o
Dicionário do Brasil Colonial, organizado pelo historiador Ronaldo
Vainfas.
CONCLUSÃO
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Atividade Final
Observe estes mapas. No primeiro, você pode ver as atividades econômicas realizadas no
Brasil durante a primeira fase da colonização. Veja, agora, o segundo mapa, referente
ao século XVIII. Que diferenças você pode notar entre eles, e a que você as atribui?
Lembre-se de considerar o tamanho do território brasileiro, a quantidade e o tipo de
atividades econômicas, bem como o local onde ocorrem. Registre a sua resposta e, se
puder, compare com as de seus colegas.
Natal
BRASIL
MERIDIANO DE TORDESILHAS
São Cristóvão
O
TI C
LÂN
T
A
ANO
OCE
São Paulo
•
Cananéia Pau-brasil
Pecuária
Cana-de-açúcar
Entradas
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MERIDIANO DE TORDESILHAS
Borba
Natal
João Pessoa
Olinda O
TI C
ÂN
Recife
T L
A
NO
Vila Boa Salvador
A
Vila Bela
OCE
Cuiabá
Diamantina Porto Seguro
Cáceres
Ribeirão
do Carmo Sabará
Vitória
Vila Rica S. J.Del Rei
São Paulo
Sorocaba Rio de Janeiro
Santos
Curitiba Cana-de-açúcar
Pecuária
Laguna
Mineração
Drogas do Sertão
Resposta Comentada
Como bom observador que é, você deve ter notado, logo de início, que o território brasileiro
cresceu, indo além do Tratado de Tordesilhas. Por que isso aconteceu? Lembra-se dos
bandeirantes e dos jesuítas? A participação deles foi fundamental para o aumento de
população no interior e para a expansão das fronteiras do país (bandeiras e missões
jesuíticas, respectivamente). Veja como aumentou o número de cidades!
As atividades econômicas se diversificaram. Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a
cultura de cana-de-açúcar. A pecuária expandiu-se em direção ao interior, principalmente
no Nordeste, devido aos engenhos. Outra diferença importante é o surgimento da
mineração. Você vai ver como o descobrimento de ouro no Brasil afetou até a vida
política do país. Mas isto é uma outra história... Não perca a Aula 3.
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RESUMO
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