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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Ciências Sociais


Instituto de Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

Disciplina: Perspectivas decoloniais e reprodução sexual – Debates contemporâneos sobre


gênero.

Professora: Mary Garcia Castro.

Nome do aluno: Manoel Octavio Silveira da Mota Soares.

Data: 24/03/2022

FICHAMENTO

(4ª semana, de acordo com a ementa da disciplina)

REFERÊNCIA

GONZAGA, Álvaro de Azevedo Decolonialismo Indígena. São Paulo, Ed Matrioska, 2021

- Trabalha a dimensão de mitos – mito como senso comum, como mentiras contadas a
respeito dos povos originários. O autor apresenta 7 mitos que foram construídos pelos
colonizadores e precisam ser desmentidos ou decolonizados

- A sociedade precisa conhecer os direitos identitários. A dimensão ancestral dos povos


originários não é respeitada.

- Inseridos na colonialidade, os indígenas foram invisibilizados não por sua ausência, mas por
sua negativação.

MITO 1: Colocando os pingos nos índios? Por que povos originários?

- Receberam o nome de índios por Cristovão Colombo, no descobrimento da América, que


havia pensado ter chegado à Índia.

- Erro de nomenclatura baseado num erro geográfico. Viva os povos originários indígenas.

- Termo indígena: que pertence à Terra.

- Não existe índio no Brasil.

- Mostra um poema intitulado: “Índio eu não sou” de Márcia Kambeba.


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Índio eu não sou

(Márcia Kambeba)

Não me chame de “índio” porque


Esse nome nunca me pertenceu
Nem como apelido quero levar
Um erro que Colombo cometeu.

Por um erro de rota


Colombo em meu solo desembarcou
E no desejo de às Índias chegar
Com o nome de “índio” me apelidou.

Esse nome me traz muita dor


Uma bala em meu peito transpassou
Meu grito na mata ecoou
Meu sangue na terra jorrou.

Chegou tarde, eu já estava aqui


Caravela aportou bem ali
Eu vi “homem branco” subir
Na minha Uka me escondi.

Ele veio sem permissão


Com a cruz e a espada na mão
Nos seus olhos, uma missão
Dizimar em nome da civilização.

“Índio” eu não sou.


Sou Kambeba, sou Tembé
Sou kokama, sou Sataré
Sou Guarani, sou Arawaté
Sou tikuna, sou Suruí
Sou Tupinambá, sou Pataxó
Sou Terena, sou Tukano
Resisto com raça e fé.
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MITO 2: O arco e flecha

- O índio tem que ser assim: ter um cocar, ter um brincão, pintar o rosto e pronto: assim ele é
índio.

- Só será índio se tiver parafernália. História de um grupo de jovens que foi visitar indígenas
Guarani em Parelheiros, São Paulo. Os jovens se decepcionaram.

MITO 3: Indígenas não gostam de trabalhar, são preguiçosos, canibais, violentos e matam
crianças.

- Dá uma dimensão de rebaixamento civil.

- Indígena não necessita de acumulação, sua relação com a terra é diferente.

- Debate do autor com doutor da OAB sobre o Raposa Terra do Sol

- Doutor esculhambou com os povos originários, dizendo que os índios acabaram com tudo,
exauriram a terra sem dar retorno algum.

- Como resposta, o autor deu um exemplo: se você, doutor, tiver que mudar sua casa
localizada no Morumbi mudar para o bairro de Parelheiros, distante 78 km, o que você
acharia? Mexeu no seu valor.

- O valor da terra para o indígena é diferente....ele precisa dela porque ela dará a ele tudo que
precisa.

- Abstração do dinheiro, acumulação no mercado, venda da terra.

- É necessário decolonizar a ficção montada sobre o indígena. Chega de ficção.

- Crítica ao filme Cidade de Deus, onde os narcotraficantes só se situam na comunidade, num


mundo próprio. E fora do morro?

- Marcos Eugenio lima de oliveira – superioridade x inferioridade.

- Por que a sociedade capitalista se inquieta tanto com o modelo econômico produtivo
indígena? Pelo fato deste modelo não prever a produção de excedente, expansão do
comércio, mais valia, lucro, hora extra. Crítica ao capitalismo e não seu banimento.

- Preguiçoso: ignorância e pré-julgamento sobre seu modo de vida.

- Filosofia indígena é da subsistência X Eurocentrismo (ordem e progresso) Comte, positivismo.

- Eu progrido na minha ancestralidade e não em modais teóricos

- Não é prova de inferioridade os indígenas não terem desenvolvido aparatos tecnológicos,


pois têm sabres avançados na botânica, medicina, composição política, engenharia e
astronomia.
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MITO 4 : indígenas possuem muitas terras.

- Argumentação tola mas que ganha força.

- Demarcação das terras: segunda metade da década de 70.

- Artigo 231 da constituição: tradicionalidade

- Marco temporal: Constituição de 88 propõe somente que as terras na data são dos indígenas.

MITO 5: Indígenas estão desaparecendo do Brasil

- Nos últimos 50 anos há um aumento, além disso nome de inúmeros acidentes geográficos,
rios, montanhas, animais e outros possuem origem indígena.

- Costumes.

- Aumento do número de pessoas se declarando indígenas.

- Não correspondem atualmente ao estereótipo que a população tem deles.

MITO 6: Ah, que saudade dos militares.

- O autor descreve a brutal perseguição sobre os povos originários no período de 1950 até
1968.

- O promotor público Jader de Figueiredo Corrreia, em 1967, apresentou seu relatório com
7000 páginas. Este Relatório não foi liberado até 2013.

- Segundo o Relatório Figueiredo (30 volumes, o segundo sumiu) os indígenas e os evangélicos


eram os mais perseguidos. Política etnocida. Narra situações de alteração cultural forçada.
Ultraje da cultura. Evidente a violação aos direitos étnicos. Guerra bacteriológica e química.
Escravidão. Abuso sexual. Roubo de terras. Tribos inteiras erradicadas. Introdução da varíola
por latifundiários e membros do SPI.

MITO 7: Os indígenas são os primeiros brasileiros.

Na verdade são os últimos.

- Não são porque a dimensão de brasileiro vem com a cidadania. Cidadania de direitos civis,
políticos

- Código Civil de 1916 diz silvícolas. Não é capaz, assim como as mulheres. Indígenas
analfabetos na língua portuguesa. Eles e negros não podiam votar até 1985 e nem serem
votados.
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Capítulo 8 – Por um Decolonialismo indígena.

- Frase autoral: tanto decolonizadores como descolonizadores escreveram a história com a


tinta vermelha, aqueles, os decolonizadores, com a tinta vermelha do urucum, já estes, os
descolonizadores, com a tinta vermelha do sangue indígena.

- Dimensão descolonial: deixou de ser colônia e ponto final. Passa uma borracha, agora é daqui
prá frente.

- Ao declarar sua independência o Brasil não se libertou da sua colonialidade. Indígenas


caracterizados como idílicos e animalescos.

- Pautou o modelo pedagógico. Estereótipos.

- Ação proposital de colocar o indivíduo indígena fora da história, especialmente pela elite
agrária cujo interesse foi a apropriação das terras indígenas.

- O decolonizar indígena é o devir dos povos originários.

- O pensamento decolonial indígena como instrumento pedagógico.

- Educação.

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