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COMBUSTAO

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COMBUSTÃO
PRINCÍPIOS E LEIS FUNDAMENTAIS:
PRINCÍPIOS :
Uma caldeira requer uma fonte de calor á uma certa
temperatura para produzir o vapor. Os combustíveis
utilizados na geração de vapor são geralmente queimados
diretamente na fornalha da caldeira.
A combustão pode ser definida como uma rápida
combinação química do oxigênio com os elementos
combustíveis. Existem três elementos químicos combustíveis
significativos – carbono, hidrogênio e enxofre. O enxofre é
normalmente menos significativo como fonte de calor, mas é
o mais significativo no que diz respeito a corrosão e
poluição.
O carbono e o hidrogênio são queimados com oxigênio de acordo com as
seguintes equações:

C + O2 = CO2 + 7.833 kcal / kg de C

2H2 + O2 = 2H2O + 33.972 kcal / kg de H2

O ar é a fonte natural de oxigênio nas fornalhas das caldeiras.


As reações de combustão são exotérmicas e o calor
fornecido ao sistema é de aproximadamente 7.833 kcal/kg de
carbono queimado e 33.972 kcal/kg de hidrogênio queimado.
O objetivo da boa combustão é o de obter o máximo dessa
energia com o mínimo de perdas pôr combustão imperfeita
ou ar em excesso. A combinação dos elementos
combustíveis e os componentes do combustível com todo
oxigênio necessário necessita temperatura alta e suficiente
para a combustão se completar. Esses fatores são sempre
referidos como os três “T” da combustão.
LEIS FUNDAMENTAIS:

AS LEIS FÍSICAS NOS QUAIS TODOS OS CÁLCULOS DE COMBUSTÃO SÃO


BASEADOS SÃO AS SEGUINTES:

Conservação da matéria
“A matéria não é criada nem destruída” deve haver um
balanço de massa entre a soma das massas entrando e
saindo de um processo. Em outras palavras “A” kg de
combustível combinados com “B” kg de ar, resultam sempre
em “(A + B)” kg dos produtos da combustão.

Conservação da energia
“A energia não é destruída nem criada” A soma das energias
(potência, cinética, térmica, química e elétrica) entrando no
processo deve ser igual á soma das energias deixando o
mesmo. Em combustão, a energia química é transformada na
forma de calor.
A lei do gás ideal
“O volume de um gás ideal é diretamente proporcional à sua
temperatura e inversamente proporcional à sua pressão
absoluta”. A constante de proporção é a mesma para um mol
de um gás ideal, logo essa lei pode ser expressa:

RT
Vm = ---------
P

Onde:
- Vm = volume de gás
- P = pressão absoluta, ata
- T = temperatura absoluta,
- R = constante universal dos gases

Lembrando que 1 mol-grama na C.N.P.T. é = a 22.4 litros,


podemos determinar o valor de R nas unidades pretendidas.
LEI DA COMBINAÇÃO DAS MASSAS

“Todas as substâncias se combinam de acordo com simples


relações de massa”. Essa relações são exatamente
proporcionais aos peso moleculares dos constituintes. Pôr
exemplo: carbono (peso molecular = 12) combina com o oxigênio
(peso molecular = 32) para formar bióxido de carbono (peso
molecular = 44), de modo que 12 kg de C mais 32 kg de O2 formam
44kg de Co2.
FENÔMENO DA COMBUSTÃO
A combustão é um fenômeno de oxidação exotérmica, onde o
carbono se oxida parcialmente em monóxido de carbono, CO, e
totalmente em bióxido de carbono, CO2. O hidrogênio se oxida
formando água.
Temos as seguintes equações químicas:
C + ½ O2 CO
Em peso 12 + 16 28
Em volume 11,2 L 22,4 L

CO + ½ O2 CO2
Em peso 28 + 16 44
Em volume 22,4 L + 11,2 L 22,4 L

C + O2 CO2
Em peso 12 + 32 44
Em volume 22,4 L 22,4 L

H2 + ½ O2 H2O (líquido)
H2O (vapor)
Em peso 2 + 16 18
Em volume 22,4 l + 11,2 l 0 l (líquido)
22,4 l (vapor)
Essas são as equações para cálculos dos produtos da combustão obtidos em
peso e em volume, assim como das quantidades de oxigênio necessário.

Na realidade, para a combustão não usamos oxigênio puro, mas o ar. O ar é uma
mistura de oxigênio e nitrogênio nas seguintes proporções:
™ 1 Kg de ar contém 232g de oxigênio e 768g de nitrogênio.
™ 1 Nm3 de ar contém 210 l de oxigênio e 790 l de nitrogênio.

A partir destes dados, podemos facilmente levantar o quadro


seguinte, que para 1Kg de combustível nos fornece as
quantidades dos produtos da combustão em peso e em
volume do oxigênio necessário e do nitrogênio que o
acompanha.
REAÇÕES DE OXIDAÇÃO

Combustível Produtos da Energia Quantidades produtos Oxigênio Nitrogênio


1kg combustão em Kcal combustão necessário necessário

Kg M3 kg M3 kg M3
C CO 2201 2,333 1,867 1,333 0,933 4,4 3,51
C CO2 7837 3,667 1,867 2,667 1,867 8,8 7,02
CO CO2 2430 1,57 0,8 0,572 0,4 1,9 1,51
H H2O liq. 33900 9 - 8 5,6 26,4 21,1
8
H H2O vap. 28700 9 11,2 8 5,6 26,4 21,1
8

Convém lembrar, que com estas fórmulas não é possível calcular a energia
disponível num combustível qualquer de fórmula complexa. O exemplo abaixo
ilustrará isto:

CH4 + 2 O2 CO2 + 2 H2O


16 + 64 44 + 36
Num kg de CH4 temos 0,750kg de carbono e 0,250 kg de hidrogênio. Do ponto de
vista energético deveríamos ter:

7837 x 0,750 + 33900 x 0,25 = 14352Kcal

Contudo, na realidade, pôr combustão completa de 1kg de CH4 obtemos


13300Kcal. É que, quando os diversos átomos arranjam-se para formar um
determinado composto, não são simples misturas desses átomos, mas
combinações que geralmente provocam uma perda de energia.
CALOR DE COMBUSTÃO (OU PODER CALORÍFICO)

Na fornalha da caldeira (onde nenhum trabalho mecânico é


realizado); a energia calorífica envolvida da união dos
elementos combustíveis com o oxigênio depende dos
produtos finais da combustão e não de qualquer combinação
intermediária que pode ocorrer para alcançar o resultado
final.
Uma demonstração simples desta lei á a união de 1kg de
carbono com o oxigênio produz uma quantidade de calor
específica (aprox). 7.833Kcal). Essa união pode ocorrer de
uma vez só formando CO2, mas sob certas condições a união
pode ocorrer em duas etapas, primeiramente formando CO
produzindo muito menos calor (2.200 kcal) e depois da união
com o O2 é obtido o CO2 (5.633 kcal). Entretanto a soma dos
calores fornecidos em duas etapas é igual a 7.833kcal.
Saber que o carbono pode entrar nestas duas combinações
com o oxigênio é da maior importância no projeto do
equipamento de combustão. Os métodos de queima devem
assegurar a mistura completa do combustível e o oxigênio,
para termos certeza que todo o carbono queima para CO2 e
não CO. A falha em conseguir isso resultará em perdas
apreciáveis do calor desprendido pelo combustível, desde
que somente 28% do calor é disponível no carbono
desprendido pelo CO ao invés do CO2.
OBTENÇÃO DO CALOR DE COMBUSTÃO

A qualidade de calor gerado pela combustão completa é uma


constante para qualquer combinação dada dos elementos do
combustível e composto, e não é afetada pela maneira que a
combustão ocorre, desde que seja completa.
O calor de combustão de um combustível é usualmente
determinado pela medição direta em um calorímetro, do calor
despendido durante a combustão. Os produtos de
combustão dentro do calorímetro são resfriados para a
temperatura inicial e o calor absorvido pelo meio refrigerado
é medido para determinar-se o Poder Calorífico Superior.
Para os combustíveis que na combustão fornecem água, ou seja,
todos aqueles que tem hidrogênio na sua composição, existem dois
poderes caloríficos:

O superior abreviado PCS


O inferior abreviado PCI
O PCS supõe água produzida sob forma líquida a 0°C
O PCI supõe água produzida sob forma de vapor a 0°C.

O PCS somente teria significado prático para os combustíveis citados, se o calor


de vaporização (latente) contido no vapor de água, pudesse ser utilizado. Isto não
é, até hoje o caso das caldeiras, com a água escapando sob forma de vapor na
chaminé.
A passagem do PCS a PCI é direta escrevendo-se:

PCI = PCS – 600 x peso H2O produzido


Vimos na tabela 7.1 que 1kg de hidrogênio fornece 9kg de água. Assim temos:

PCI = PCS x H x 9

Se H for expresso em % teremos:

PCI = PCS – 6 x 9 x H ou
PCI = PCS – 54 x H

Assim para o metano obteremos:

PCS = 13300kcal

Porcentagem de hidrogênio = 4/16 x 100 = 25%

PCI = 13300 – 54 x 25 = 11950kcal


PODER CALORÍFICO DO BAGAÇO DE CANA

Uma vez conceituados o PCS e PCI de um combustível,


consideraremos em particular, o bagaço de cana uma vez que
este é o nosso combustível de maior interesse.
Se, sobre o bagaço que sai das moendas, encontram-se
resultados diferentes conforme os autores, em relação ao
bagaço levado e seco a maioria chegou mais ou menos ao
mesmo resultado: pôr combustão completa de 1kg de fibra
industrial obtém-se 4600kcal.
PCS = 4600kcal

A partir deste dado experimental, calculamos o PCI, admitindo-se um teor médio de hidrogênio da
fibra de 6,5%.

PCI = 4600 – 54 x 6,5 = 4250kcal

Poder calorífico das matérias em solução

Além da fibra, no bagaço industrial, temos açúcar e impurezas orgânicas que serão também
queimadas.
AS CARACTERÍSTICAS DO AÇÚCAR SÃO:

Fórmula química C12- H22- O11 correspondendo á 6,45 de hidrogênio

PCS = 3955kcal

PCI = 3955 – 6,45 = 3607kcal

As impurezas que acompanham o açúcar são na maioria


constituídas de glucose e proteína com análise elementar
similar a do açúcar e um PCS ligeiramente maior.
Para simplificar e não procurar exatidão onde não exista, devido a variabilidade da matéria prima,
admitiremos para o açúcar e as impurezas orgânicas um PCS 4000kcal, levando a um:
PCI = 4000 – 54 x 6,5 = 3650

Poder calorífico do bagaço industrial

Podemos escrever:

PCS bagaço = PCS fibra + PCS matérias em solução.

Ou

PCS = 4600 x F + 400 x matérias em solução

O laboratório não determina as matérias orgânicas em


solução, mas apenas o açúcar % do bagaço úmido, que
chamaremos de S.
A umidade é igualmente fornecida pelo laboratório em % do
bagaço úmido, que designaremos pôr W.
A pureza do caldo residual no bagaço é variável com o
trabalho das moendas, entretanto, consideraremos em média
o valor de 70%.
Assim podemos escrever:
S
Matérias totais em solução = -------- = x 100
70

S
Matérias orgânicas em solução = -------- = x 100 - cinzas
70

Tomando como valor das cinzas 27,5% das impurezas orgânicas, temos:

100 - 70
Cinzas % matérias em solução = (------------------) x 27,5 = 8,25%
100
donde
matérias orgânicas em solução:
100 8,25
S ------ (1 - -----) = S x 1,31
70 100

a fibra é determinada pôr diferença, em %

100
F = 100 – W – S ------ = 100 – W – 1,43s
70

donde:
1
PCS = [4600 x (100 – W – 1,43s) + 400 x S x 1,31] ------
100

Portanto, PCS = 4600 – 46W – 13s


Da mesma forma obteremos o PCI, lembrando que a água da
umidade do bagaço e do hidrogênio de combustão devem
estar sob forma de vapor:
PCI = PCI da fibra + PCI das impurezas – calor de vaporização de W

1
PCI = [4250 x F + 3650 x S x 1,31 – 600W] ------
100

1
PCI = [4250 x (100 – W – 1,43) + 3650 x S x 1,31 – 600W] -------
100

PCI = 4250 – 48.5W – 13s


CÁLCULO DOS PRODUTOS GASOSOS DA COMBUSTÃO

BAGAÇO SECO

A composição da matéria seca do bagaço industrial de 50% de umidade e 4% de


polarização, pode ser considerada:

C H 0 outros
46,4 6,4 44,2 3,0
a) Oxigênio necessário – A partir da tabela 7.1, tiramos o oxigênio
necessário para a combustão.

C = 2,667 x 0,464 = 1,24kg ou 0,866Nm3


H=8 x 0,064 = 0,51kg ou 0,358Nm3
------------------------ ------------------ -------
Total = 1,75kg ou 1,224Nm3

Mas no bagaço já temos:

O = 0,442kg ou 0,309Nm3

De modo que precisamos fornecer somente

1,308kg ou 0,915Nm3
a) Ar necessário – sabendo-se a composição do ar, tiramos diretamente o ar
necessário.

1,308 0,914
------- = 5,64kg ou ------- = 4,35Nm3
0,232 0,21

b) Produtos da combustão – São calculados da mesma maneira:

CO2 = 3,667 x 0,464 = 1,70kg ou 0,866Nm3


H2O = 9 x 0,064 = 0,576kg ou 0,716Nm3
N2 = 5,64 - 1,308 = 4,33 ou 4,35 - 0,914 = 3,43Nm3

Designando-se á umidade do bagaço, em %, 1kg de bagaço tem (100 – w) de


matéria seca em %.

Assim teremos pôr kg de bagaço industrial úmido:


a) Oxigênio necessário.

100 – W 100 - W
1,308 (------------) kg ou 0,914 (--------------) Nm3
100 100

b) Ar necessário

100 – W 100 – W
5,64 (------------) kg ou 4,35 (---------------) Nm3
100 100
a) Produtos de combustão

100 – W 100 – W
CO2 = 1,70 (--------------) kg ou 0,860 (-------------) Nm3
100 100

100 – W 100 – W
H2O = 0,576 (--------------) kg ou 0,716 (----------------) Nm3
Formação 100 100

W W
H2O = ------- kg ou -------- 1,244 Nm3
Umidade 100 100
Ou seja:

W W
H2O total = 0,576 + 0,424 -------- ou 0,716 + 0,528 --------- Nm3
100 100

100 – W 100 - W
Nitrogênio = 4,33 (--------------) kg ou 3,43 (-----------------) Nm3
100 100
EXCESSO DE AR NECESSÁRIO
A quantidade do ar obtido no capítulo anterior, é a quantidade estritamente
(estequiométrica) necessária para a oxidação completa do bagaço. Desta
maneira seria preciso garantir-se o contato entre todas as moléculas de oxigênio
no ar com os átomos de carbono e hidrogênio do bagaço, para que ocorresse
a combustão completa. Isto não é possível na prática, uma vez que a mistura ar
– combustível não é perfeita. Devemos então, admitir uma quantidade de ar
excedente, reduzindo assim as probabilidades de uma oxidação incompleta. Sem
excesso de ar, teremos formação de monóxido de carbono, CO, com liberação de
2200kcal pôr kg de carbono, em vez dos 7837kcal se oxidado a CO2. Além disso
durante o início da combustão do bagaço há formação de hidrocarbonetos que se
não queimados promoveriam uma perda de aproximadamente 1200kcal pôr kg de
CH4.

Pôr outro lado excesso de ar, que entra no sistema á temperatura ambiente, será
lançado pela chaminé á uma temperatura relativamente elevada, traduzindo-se em
perdas de energia, além de reduzir as trocas térmicas nos tubos pela redução da
temperatura dos gases na fornalha.

Assim devemos procurar obter uma combustão completa


com o mínimo excesso de ar, sem que haja a formação de
CO.
CÁLCULO DE PRODUTOS GASOSOS DA COMBUSTÃO DO
BAGAÇO DA CANA COM O EXCESSO DE AR

Designaremos pôr m a relação ar praticamente necessário/ar teoricamente


necessário obtendo-se então:

a) Ar necessário

100 – W 100 – W
Ar = m x 5,64 (----------------) kg ou m x 4,35 (-----------------) Nm3
100 100
O peso dos gases é igual ao peso de ar admitido, mais o peso
do combustível, menos as cinzas, ou aproximadamente:
100 - W
Pg = m x 5,64 (------------) + 1
100
Cuja composição é a seguinte:
Em peso Em volume
100 – W 100 – W
CO 2 1,70 (------------) 0,860 (-----------------)
100 100
W W
H 2O 0,56 + 0,424 ------ 0.716 + 0,528 -------
100 100
100 – W 100 – W
N2 m x 4,33 (----------------) m 3,43 (-------------------)
100 100
100 - W 100 – W
O2 (m – 1) x 1,308 (-------------) (m – 1) x 0,915 (---------------)
100 100
Sendo o volume total dos gases a 0°C e 760mmHg:

W 100 - W
Vg = 0,66 + 0,58 ------- + m 4,35 (-----------------) Nm3
100 100

Para Ter o peso dos gases secos, tiramos o peso da água.

100 – W
Pgs = (0,42 + m 5,64) x (-----------------)
100
e da mesma maneira o volume dos gases secos

100 - W
Vgs = ( m 4,35 – 0,054 ) x (----------------)
100
Podemos agora fazer duas perguntas:

Como se obter o excesso de ar?

Se houver uma falta de ar veremos uma fumaça preta na chaminé pôr outro lado
se houver excesso demais não observaremos nada. O controle do excesso de ar é
feito pôr medidores de CO2 como o Fyrite ou Orsat dos quais falaremos adiante.
Estes aparelhos trabalhando na temperatura ambiente, promovem a condensação
do vapor de água nos gases, registrando portanto um teor de CO2 % volume de
gases secos.
Assim podemos relacionar o excesso de ar com teor de CO2 nos gases
100 – W
0,860 (-------------)
VCO2 100
-------- x 100 = Co2 % = ------------------------------------------------------- x 100
Vgs 100 – W
(m 4,35 – 0,054) (---------------)
100
De onde tiramos o excesso de ar

19,77
m = --------- + 0,0124
CO2%
O teor de oxigênio pode ser obtido pelas relações de volume:

O2 % = 1,06 x CO2 % x ( m – 1)
E o nitrogênio pela diferença

N2 % = 100 – CO2 % - O2 %
EFICIÊNCIA

Introdução:
A eficiência de combustão tem pôr objetivo determinar o
consumo de bagaço de uma caldeira, não devendo ser
confundido com o conceito da performance da caldeira que
envolve não apenas a eficiência de combustão mas também a
produção de vapor, pressão de operação, etc.
Assim poderemos Ter pôr exemplo duas caldeiras com a
mesma eficiência de combustão porém com performance
diferente. De uma maneira geral podemos considerar.
- Eficiência de combustão; como sendo a relação entre a energia
disponível no vapor e a energia disponível no combustível.
- Performance; como sendo a relação entre a energia disponível no
vapor e o total da energia fornecida (térmica, elétrica etc.. ).
Para uma análise mais profunda no sentido de se fazer comparação entre
caldeiras, devemos considerar também as mão–de-obra necessária para
operação, o tempo e as condições operacionais durante a limpeza.
CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA CALDEIRA

Designaremos pôr:

Q = vazão de vapor
Hv = entalpia do vapor
Hw = entalpia da água de alimentação

B<i> = eficiência de combustão ao PCI


N<b> = eficiência de combustão ao PCI
Bg = vazão de combustível

Podemos calcular a eficiência de combustão em relação ao


PCI ou ao PCS. Em alguns países é utilizado no PCS,
entretanto no Brasil vem sendo adotado o PCI. De qualquer
forma os dois métodos levam ao mesmo resultado em
relação ao consumo de combustível.
MÉTODO DIRETO

A forma mais exata de se obter a eficiência é medindo-se:

Vazão de vapor : Q
Vazão de combustível : Bg

Sabendo-se que a energia transferida para o vapor é:


Q (hv – hw)
E a energia fornecida pelo combustível é

Obteremos diretamente a eficiência da combustão.

Q (hv – hw)
N<i> = -------------------
Bg PCI
A medição de vazão de vapor é relativamente fácil, entretanto
não se pode dizer o mesmo com relação ao combustível
principalmente combustíveis sólidos.
Já existem caldeiras que medem a vazão de bagaço através
de balanças contínuas instaladas em esteiras de borracha.
No caso de se Ter apenas uma caldeira, o consumo de
bagaço pode ser obtido pelo balanço de massa da moagem e
a pesagem do bagaço excedente. Todos estes métodos de
medição de vazão de bagaço nem sempre são possíveis ou
de resultados confiáveis.
Assim lançamos mão de um artifício para obtenção da eficiência de combustão,
chamado método indireto ou método das perdas como veremos a seguir.
MÉTODOS DAS PERDAS

Se considerarmos a caldeira como uma caixa preta onde temos:

- Energia entrando

ƒ Bagaço de cana
ƒ Água de alimentação
ƒ Ar ambiente

- Energia saindo

ƒ Vapor
ƒ Gases pela chaminé
ƒ Águas de purgas
ƒ Cinzas
Poderemos pelo balanço térmico obter a eficiência de combustão e consumo
de bagaço.

Para o balanço considera-se a temperatura 0°C como


temperatura de referência. Alguns autores consideram a
temperatura do ar ambiente, o que não irá fornecer
divergência significativa nos resultados. Além disso devemos
considerar uma tolerância de +/- 2% nos resultados obtidos
em função dos erros intrínsecos de medição.
Com relação a energia fornecida pelo ar ambiente, observamos o seguinte.

A energia pôr Kg de bagaço é de aproximadamente 1800Kcal/kg. Enquanto que a


energia fornecida pelo ar para um excesso de ar, digamos 60% e bagaço a 50%
de umidade, será aproximadamente 34kcal pôr kg de bagaço, representando
menos de 1%. Dessa forma podemos desconsiderar a energia térmica fornecida
pelo ar.

Quanto a energia fornecida pela água de alimentação, não


será considerada no cálculo da eficiência, uma vez que será
descontada da energia no vapor no cálculo do consumo de
bagaço.
Como pressupomos desconhecer a vazão de bagaço,
faremos o nosso balanço térmico em termos unitários, ou
seja, para queima de 1kg de bagaço.
a) Energia fornecida

Combustível = PCI = 4250 – 48,5 x W – 13 x S

b) Energia perdida

(qg) – gases pela chaminé

Para os gases consideraremos três parcelas:


- Gases secos
100 – W
(0,42 + m x 5,64) (----------------) x Cp x T (Kcal)
100

onde T = temperatura dos gases na chaminé

Cp = calor específico do gás

(qw) – umidade do bagaço e do hidrogênio.


Aqui deveremos observar que o vapor de água nos gases se apresenta
superaquecido á temperatura da chaminé e a uma pressão parcial de
aproximadamente 1 PSI ou 0,07kgf/cm2. Portanto, numa tabela de vapor, obtemos
a entalpia do vapor a 0,07kgf/cm2 e a temperatura T que chamaremos de h7
obtendo-se para a umidade total.

W
(0,576 + 0,424 ---------) x (h7 – 600) Kcal
100
onde 600 é a entalpia do vapor a 0°C

<qco> - Monóxido de carbono CO

Da tabela 7.1vimos que cada metro cúbico de CO os gases


obtemos o volume total de CO e a perda correspondente.
100 – W CO%
4,35m – 0,054 (--------------) -------- x 3040kcal
100 100
(qr) – Radiação

Considerando-se que o isolamento térmico das paredes não


é perfeito, ou seja, sempre há uma temperatura externa do
isolamento maior que a temperatura ambiente, promovendo
uma perda pôr radiação.
Além disso se temos uma caldeira operando abaixo da
produção de projeto e admitindo-se que a temperatura das
paredes, praticamente não se alterou, ou seja, a mesma
energia está sendo perdida pela radiação, teremos portanto
um percentual maior em relação a energia fornecida pelo
combustível.

<qi> - Incombustos

Podemos observar com freqüência fuligem lançada pela


chaminé. Esta fuligem nada mais é do que bagaço que não se
queimou totalmente traduzindo-se em perdas de energia.
Para calcular-se a perda nesta fuligens, devemos conhecer:

a) A quantidade de fuligem gerada pôr kg de bagaço medindo-se a vazão F1,


F2...Fn nos diversos pontos (grelha, feixe, multi-ciclone, etc.) e através de
análises obtemos o poder calorífico PCF da fuligem seca.

PCF = ( F1 x PCF1 + F2 x PCF2 + ...Fn x PCFn) / ∑ Fi

Como não sabemos a vazão do bagaço, a taxa kcal na


fuligem/kg bagaço; esperada para o teste é suficiente para os
cálculos:
Qi = PCF x ∑ Fi/ vazão de bagaço esperadas em Kcal
Na impossibilidade de se efetuar as medições, uma perda de 3,5% ao PCI pode
ser considerada para a caldeira a bagaço:

Qi=0,035 x PCI Kcal

(qp) – Purgas

Quando operamos as purgas de uma caldeira , estamos


jogando a energia utilizada para aquecer a água de
alimentação até as condições da pressão da operação.
Para avaliarmos a taxa de energia perdida novamente , como
uma casco da fuligem, deveríamos proceder uma interação,
uma vez que desconhecemos a vazão do bagaço.
A vazão de purga varia de caldeira para caldeira. A purga
contínua pode ser obtida pôr um balanço de sólidos na água
de alimentação e na purga:

S1
---------- x Q , onde:
S2-S1

S1, S2 = sólidos na água de alimentação e na purga respectivamente

Q = produção de vapor

Onde obtemos as perdas

S1
Qp = (---------------) x (Q/vazão de bagaço esperada) x (hp – Tal) kcal
S2 – S1

Hp = entalpia do líquido á pressão de operação


Tal = temperatura da água de alimentação

Não sendo possível obter as análises da água, podemos admitir uma purga de 2 a
5% obtendo-se:

Qp (0,03 x Q/vazão de bagaço esperada) (hp – Tal) kcal


Agora podemos calcular a eficiência de combustão:

<n1> = 1 – (qg + qw + qco + qr + qp) / PCI


CONSUMO DE BALANÇO

Voltando ao balanço térmico temos:


Energia obtida no vapor = energia fornecida na combustão

Q (hv – Tal) = Bg x N<i> x PCI

Com a vazão de bagaço podemos também obter a vazão dos gases de


combustão e do ar de combustão.

Gases = Bg x kg/h
Ar = Bg x Ar kg/h

Generalidades

Muitas vezes, temos uma caldeira na qual desejamos saber sua produção de
vapor entretanto não dispomos de registrador de vazão, ou o mesmo não é
confiável.
Para determinarmos a vazão de vapor lançamos mão dos seguintes artifícios:

a) Regular-se a combustão da caldeira de modo a se obter as


características CO2 % e temperaturas próximas aos valores esperados.
b) Calcula-se a eficiência de combustão assumindo-se a produção de
vapor nominal.
c) Mede-se a vazão dos gases de combustão, obtendo-se portanto a
vazão de bagaço e de vapor.

Devemos ter em mente que este procedimento fica


prejudicado se a caldeira apresenta infiltrações (alvenaria,
pré-aquecedor de ar ) uma vez que parte dos gases medido é
devido a infiltração do ar que não participou da combustão.
Para medição da vazão de gases, utilizamos um tubo de pitot.
A medição deve ser feita em um duto (geralmente na
chaminé), em um ponto aproximadamente a 2,5 diâmetros
distantes das interferências (curvas, registros, etc.).

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