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Livro Agua Capacitação Recursos Hidricos
Livro Agua Capacitação Recursos Hidricos
EM RECURSOS HÍDRICOS
VOLUME 5
PLANOS DE
RECURSOS HÍDRICOS E
ENQUADRAMENTO DOS
CORPOS DE ÁGUA
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO
EM RECURSOS HÍDRICOS
VOLUME 5
República Federativa do Brasil
Dilma Vana Rousseff
Presidenta
Diretoria Colegiada
Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente)
João Gilberto Lotufo Conejo
Paulo Lopes Varella Neto
Dalvino Troccoli Franca (até setembro de 2013)
Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafura
Procuradoria-Geral (PGE)
Emiliano Ribeiro de Souza
Corregedoria (COR)
Elmar Luis Kichel
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO
EM RECURSOS HÍDRICOS
VOLUME 5
Brasília – DF
2013
© 2013, Agência Nacional de Águas (ANA)
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP 70.610-200, Brasília, DF PABX: 61 2109 5400
www.ana.gov.br
Fotos:
Banco de Imagens da ANA
CDU 347.247(81)(075.2)
APRESENTAÇÃO
A Política Nacional de Recursos Hídricos foi O quarto volume se concentra em outro ente
instituída pela Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de do Singreh: a Agência de Água ou Agência de
1997. O conhecimento e a divulgação de seus Bacia. São apresentadas as competências, os
conceitos, muitos deles inovadores, são for- pré-requisitos para a criação, os possíveis ar-
mas de fortalecê-la e consolidá-la. ranjos institucionais para a constituição, o con-
trato de gestão na política de recursos hídricos
A Agência Nacional de Águas (ANA), cria- e demais temas afins.
da através da Lei nº 9.984 de 17 de julho de
2000 e instalada a partir da edição do Decreto O quinto volume se concentra nos instrumen-
nº 3.692 de 19 de dezembro do mesmo ano, tos de planejamento da Política: os planos de
completou em 2010 uma década de existência recursos hídricos e o enquadramento dos cor-
e funcionamento. pos de água em classes segundo os usos pre-
ponderantes. Tópicos como: o que são, qual a
Dando prosseguimento a sua desafiadora importância e como construir esses instrumen-
missão de implementar a Política Nacional tos são aprofundados nesse volume.
de Recursos Hídricos, a ANA apresenta, em
comemoração aos seus 10 anos, essa série O sexto volume aborda a outorga de direito
de Cadernos com o objetivo de discorrer, de de uso de recursos hídricos. Apresenta um
forma sucinta, sobre os instrumentos previstos breve histórico do instrumento, seus aspectos
na Lei das Águas, bem como sobre o Sistema legais, a outorga para as diversas finalidades
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hí- de uso, dentre outros. Além da outorga, o Vo-
dricos (Singreh). lume apresenta também alguns aspectos da
fiscalização e do cadastro de usuários de re-
O primeiro volume discorre sobre um dos en- cursos hídricos.
tes do Singreh: o Comitê de Bacia Hidrográfi-
ca. São apresentados o contexto histórico da O sétimo volume discorre sobre a cobrança
criação dos comitês, as atribuições, como e pelo uso de recursos hídricos – a importância
por que criá-los e as diferenças quando com- do instrumento, passos para sua implementa-
parados a outros colegiados. ção, mecanismos e valores, além de algumas
experiências brasileiras na implementação da
O segundo volume tem objetivo mais práti- cobrança.
co: orientar o funcionamento dos comitês de
bacia. São apresentados a estrutura organi- O oitavo volume tem o objetivo de apresentar
zacional, o papel de cada um dos elementos a importância dos sistemas de informações
constituintes (Plenário, Diretoria, Secretario, sobre recursos hídricos para o avanço da ges-
Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho etc.), tão da água, com destaque para o Sistema
exemplos de documentos e informações úteis Nacional de Informações sobre Recursos Hí-
para o funcionamento do Comitê. dricos (Snirh).
O terceiro volume aborda alternativas organiza- Esperamos com essas publicações estimular a
cionais para a gestão de recursos hídricos. São pesquisa e a capacitação dos interessados na
apresentados exemplos exitosos de gestão de gestão de recursos hídricos, sobretudo aque-
águas em escalas locais, passando por instâncias les integrantes do Singreh, fortalecendo assim
de gestão de águas subterrâneas e de águas em todo o Sistema.
unidades de conservação ambiental, chegando
até os complexos arranjos institucionais de geren- Boa leitura!
ciamento de águas de bacias transfronteiriças.
a
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Gestão integrada de recursos hídricos e possíveis interações. 14
Figura 2 Regiões Hidrográficas do Brasil. 18
Figura 3 Situação dos Planos Estaduais de Recursos Hídricos em 2010. 19
Figura 4 Integração do Plano de Bacia com os demais instrumentos. 21
Figura 5 Etapas para elaboração de Planos de Bacia. 22
Figura 6 Arranjo institucional de acompanhamento da elaboração do
Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio São Francisco. 24
Figura 7 Escolha de arranjo para acompanhamento da elaboração do
Plano de Recursos Hídricos da Bacia. 25
Figura 8 Exploração do futuro em cenários múltiplos 28
Figura 9 Situação da elaboração de Planos de Recursos Hídricos de Bacias Interestaduais. 32
Figura 10 Bacia Interestadual do Rio Doce que abrange os estados
de Minas Gerais e do Espírito Santo. 33
Figura 11 Bacia Interestadual da Margem Direita do Rio Amazonas. 35
Figura 12 Fluxograma da metodologia da 2ª Etapa de elaboração do PERH-MDA:
a construção de cenários. 37
Figura 13 Classes de qualidade da água e relação com os usos,
segundo Resolução CONAMA nº357/2005. 40
Figura 14 Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as
categorias de usos, em águas doces (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005). 41
Figura 15 Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias de usos,
em águas salobras (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005). 42
Figura 16 Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias de usos,
em águas salinas (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005). 43
Figura 17 Exemplos de enquadramentos conforme os usos previstos e atuais. 46
Figura 18 Fluxograma das etapas para se implantar o enquadramento
de corpos de água superficiais. 49
Figura 19 Metas intermediárias e progressivas utilizadas na proposta de enquadramento. 51
Figura 20 Redução da carga de poluentes no Lago Paranoá ao longo dos anos. 52
Figura 21 Cargas poluidoras de origem industrial na bacia do Alto Tietê de 1991 a 2008. 53
Figura 22 Área de abrangência do PERH-MDA
Figura 23 Proposta de enquadramento dos corpos de água da bacia dos rios Guandu,
da Guarda e Guandu Mirim. 55
Figura 24 Situação atual e proposta de enquadramento dos corpos
de água da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 58
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Resumo dos conteúdos dos planos, atribuições e responsáveis
pelos Planos de Recursos Hídricos. 16
Quadro 2 Parâmetros de qualidade da água de acordo com as classes,
segundo Resolução CONAMA nº357/2005. 45
Quadro 3 Investimentos do Projeto de Despoluição do rio Tietê. 52
Quadro 4 Diagnóstico e prognóstico do PERH Guandu. 54
Quadro 5 Parte da descrição do enquadramento dos corpos de água da bacia
dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim. 54
Quadro 6 Ações Gerais propostas no enquadramento do PERH Guandu. 56
LISTA DE SIGLAS
ANA Agência Nacional de Águas
CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
CEIVAP Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul
CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
GTA Grupo Técnico de Acompanhamento
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
MMA Ministério do Meio Ambiente
OD Oxigênio Dissolvido
PBHSF Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
PCJ Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
PERH Guandu Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias dos Rios Guandu,
da Guarda e Guandu Mirim
PIRH Plano Integrado de Recursos Hídricos
PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos
PPA Plano Plurianual Governamental
PRH Plano de Recursos Hídricos
Singreh Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SIRH Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos
SRHU/MMA Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente
TR Termo de Referência
UPGRHs Unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61
LEGISLAÇÃO CORRELATA 65
GLOSSÁRIO 67
Cachoeira do Caracol, Canela (RS)
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
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CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
1
11
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Assim, os PRHs e o enquadramento são impor- Finalmente, a quarta parte traz considerações
tantes na busca de solução dos problemas já finais sobre os dois instrumentos e as principais
existentes em uma bacia hidrográfica e, mais perspectivas e os desafios a eles inerentes.
que isso, na prevenção de futuros problemas
permitindo ações proativas do poder público,
dos usuários e da sociedade em geral.
12
2
13
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
(econômico, social e ambiental); Para de fato efetivar uma gestão integrada das
• equilíbrio entre oferta e demanda de águas é preciso estabelecer uma interdepen-
água, de modo a assegurar as disponi- dência entre os PRHs e demais políticas seto-
bilidades hídricas em quantidade, qua- riais. Ademais, a gestão integrada de recursos
lidade e confiabilidade adequadas aos hídricos pressupõe a articulação e integração
diferentes usuários; com outras áreas como: planejamento, uso e
• orientação do uso dos recursos hídricos ocupação do solo; gestão ambiental; sistemas
por meio de processo interativo, consi- estuarinos e zonas costeiras; e políticas liga-
derando variações do ciclo hidrológico e das aos setores usuários (energia, transporte,
dos cenários de desenvolvimento. saneamento, agricultura, indústria, desenvol-
vimento, etc). Por fim, a gestão integrada das
águas deve ser adequada às diversidades físi-
2.2
cas, bióticas, demográficas, sociais e culturais
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DOS PLANOS
das diversas regiões, e em nenhuma hipótese
Os planos são elaborados tendo em vista a
deve dissociar os aspectos de quantidade e
construção de cenários que levam em conta
qualidade das águas (Figura 1).
as perspectivas de desenvolvimento da re-
gião. Dessa forma, acabam por envolver as-
suntos que ultrapassam os limites da política Adicionalmente, é preciso considerar as inter-
de recursos hídricos. Além disso, pressupõem ferências entre diferentes escalas de gestão.
a existência de um conjunto de ações não di- Embora cada esfera ocupe um papel específico
retamente de responsabilidade do sistema de na gestão de recursos hídricos, há uma inter-
recursos hídricos, mas que tem implicações -relação entre os planos nacional, estaduais e
sobre quantidade e qualidade das águas, tais de bacias. A articulação e a integração entre os
como: tratamento de esgotos, reflorestamento, PRHs e suas diferentes escalas deverão ser
proteção de nascentes, controle de erosão e efetuadas pelo diálogo entre as entidades do
poluição, preservação de áreas de recarga de Singreh: conselhos, comitês de bacia, órgãos
aquíferos, obras de infraestrutura hídrica, etc. gestores e agências.
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Gestão Integrada
Gestão do uso do solo Articulação Integração Gestão ambiental
de Recursos Hídricos
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14
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Para se obter planos que reflitam os diferentes • os planos devem ser vistos como um pro-
interesses, muitas vezes conflitantes, é funda- cesso dinâmico, em que as negociações
mental que o processo de elaboração envolva político-institucionais e a participação
usuários da água, os poderes públicos, respon- pública contribuem para sua estratégia
sáveis por diferentes políticas públicas, e a so- de implementação, acompanhamento,
ciedade civil organizada. monitoramento e revisão;
• os planos são uma oportunidade de mo-
A forma de elaboração dos PRHs tem evoluído bilização das forças sociais existentes
nos últimos anos. Inicialmente o planejamento na bacia, de exercício da capacidade de
era realizado pelos setores usuários ou pelo se associarem para debater seus proble-
poder público. O processo de planejamento mas e criar caminhos;
de recursos hídricos, refletindo as tendências • os planos representam uma oportunida-
mundiais do planejamento em geral, vem avan- de de reconhecimento do papel delibera-
çando para um modelo mais participativo e sis- tivo dos comitês de bacia.
têmico, explícito nos fundamentos, objetivos e
diretrizes presentes na legislação de recursos 2.3
hídricos vigente.
ESCALAS E COMPETÊNCIAS
Os Planos de Recursos Hídricos deverão ser
O processo de elaboração dos PRHs deve le- elaborados em três níveis:
var em conta, portanto, aspectos técnicos e
políticos. Pode-se destacar entre as diretrizes
I. Plano Nacional de Recursos Hídricos
técnicas:
Abrange todo o território nacional e deve
• desenvolver programas com foco em re-
ter cunho eminentemente estratégico. Deve
sultados;
conter metas, diretrizes e programas gerais.
• promover medidas preventivas;
• considerar princípios de sustentabilidade
das obras hídricas; II. Plano Estadual
• aprimorar os mecanismos de articulação (Distrital) de Recursos Hídricos
com outros planos; Plano estratégico de abrangência estadu-
• fomentar o uso múltiplo e integrado dos al, ou do Distrito Federal, com ênfase nos
recursos hídricos; sistemas estaduais de gerenciamento de
• implementar os instrumentos técnicos e recursos hídricos.
institucionais;
• desenvolver tecnologia e capacitação de III. Plano de Bacia Hidrográfica
pessoal; Também denominado de plano diretor de
• persistir na descentralização, participa- recursos hídricos, é o documento progra-
ção e integração da gestão; mático para a bacia, contendo as diretrizes
• considerar diversidades regionais e so- de usos dos recursos hídricos e as medidas
cioeconômicas. correlatas. Em outras palavras é a agenda
de recursos hídricos da bacia.
No que tange as diretrizes políticas, fundamen-
tais aos planos, cabe ressaltar: O Plano Nacional e os Planos Estaduais de
• os planos devem ser entendidos como Recursos Hídricos devem apresentar, principal-
um pacto, um instrumento de construção mente, diretrizes ou propostas de ações estra-
da visão de futuro dos diferentes atores tégicas, gerais e nacionais (no caso do Plano
envolvidos, e deve se concretizar como Nacional) ou estaduais (no caso dos Planos Es-
resposta a preocupações, anseios e ex- taduais), enquanto que os Planos de Recursos
pectativas da sociedade; Hídricos de Bacia Hidrográfica se caracterizam
15
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
por incluir ações de natureza executiva e ope- Na escala de bacia hidrográfica, de modo geral,
racional, em vista de sua perspectiva regional as competências são:
(ou local). • Compete às Agências de Água ou
Agências de Bacia a elaboração dos
Os Planos de Bacia embora tenham caracterís- planos de recursos hídricos de bacias
ticas mais operacionais que o Plano Nacional e hidrográficas.
que os Planos Estaduais de Recursos Hídricos, • Na ausência da Agência de Água ou de
não devem se restringir a propostas de ações Bacia, os Planos de Bacia poderão ser
estruturais (obras), cabendo incluir ações não elaborados pelas entidades gestoras.
estruturais próprias do processo de gestão dos No caso de bacias de rios de domínio
recursos hídricos. estadual, são os órgãos gestores es-
taduais os responsáveis pela elabora-
ção, sob supervisão e aprovação dos
A elaboração e aprovação dos PRHs envol-
respectivos comitês, caso existam. No
vem diferentes instâncias do Singreh. A seguir,
caso de bacias de rios de domínio in-
apresentam-se as atribuições e responsáveis
terestaduais, o ideal é que seja feito
pelos Planos de Recursos Hídricos Nacional e
de modo integrado, independente do
Estaduais:
domínio das águas do rio, devendo-se
• compete à Agência Nacional de Águas
envolver os órgãos gestores estaduais
(ANA) apoiar a elaboração do Plano Na-
e a ANA, também sob a supervisão dos
cional de Recursos Hídricos (PNRH);
comitês estaduais e interestaduais.
• compete à Secretaria de Recursos Hídri-
• Compete aos respectivos comitês a
cos e Ambiente Urbano do Ministério do
aprovação do Plano da Bacia.
Meio Ambiente (SRHU/MMA) coordenar
a elaboração do PNRH;
• compete ao Conselho Nacional de Re- Para ilustrar a complexidade do assunto na es-
cursos Hídricos (CNRH) o acompanha- fera das bacias hidrográficas, apresenta-se um
mento da execução e a responsabilidade exemplo hipotético. Imagine uma bacia inte-
pela aprovação do PNRH; restadual que ocupa parte do território de dois
• guardadas as mesmas correspondên- estados: A e B. No Estado A, essa bacia está
cias, em geral as leis estaduais e distri- subdividida em cinco bacias estaduais, todas
tais de recursos hídricos atribuem aos elas com comitê de bacia instalado. O Estado
órgãos gestores de recursos hídricos o B tem três bacias estaduais, das quais apenas
encargo da elaboração dos Planos Esta- uma instalou o comitê. Há, ainda, um comitê
duais de Recursos Hídricos e aos Con- da bacia interestadual com representantes da
selhos Estaduais de Recursos Hídricos União, dos Estados, além dos usuários e or-
cabe a aprovação. ganizações civis. Portanto, têm-se oito bacias
estaduais, uma bacia interestadual e sete
Quadro 1 – Resumo dos conteúdos dos planos, atribuições e responsáveis pelos Planos de Recursos Hídricos.
SRHU/MMA (coordena)
Nacional Plano Nacional CNRH
ANA (apoia)
Órgãos Gestores de
Estadual Plano Estadual CERH
Recursos Hídricos
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PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
comitês. Nesse contexto, quantos planos de de governo que interagem na busca da gestão
recursos hídricos seriam possíveis de serem integrada dos recursos hídricos.
construídos nessa bacia?
O Plano Nacional de Recursos Hídricos, apro-
A visão tradicional poderia indicar oito planos vado em janeiro de 2006 pelo CNRH, tem o
de bacia estaduais e um plano de bacia interes- objetivo geral de: “Estabelecer um pacto na-
tadual. Mas esse é o desenho mais inteligente cional para a definição de diretrizes e políticas
de se estabelecer o planejamento desse territó- públicas, voltadas para a melhoria da oferta de
rio? Nesse caso, qual o limite para um Plano de água, em qualidade e quantidade, gerenciando
Bacia Interestadual ou Estadual? as demandas e considerando ser a água um
elemento estruturante para a implementação
A resposta não é simples, mas uma experiência das políticas setoriais, sob a ótica do desenvol-
inovadora demonstrou como é possível articu- vimento sustentável e da inclusão social”.
lar as diferentes escalas no processo de ela-
boração dos Planos de Bacia, independente do Já os objetivos estratégicos (ou finalísticos), re-
domínio do curso de água. É o caso da Bacia fletindo o objetivo geral, consideram três dimen-
do Rio Doce, descrito no item 2.7.1. sões, a saber:
• a melhoria das disponibilidades hídricas,
Por fim, é importante reconhecer que a imple- superficiais e subterrâneas, em qualida-
mentação de um PRH pressupõe o envolvimen- de e em quantidade;
to com outras políticas setoriais e instituições • a redução dos conflitos reais e potenciais
privadas. Portanto, cabe aos órgãos gestores de uso da água, bem como dos eventos
de recursos hídricos o papel de supervisionar, hidrológicos críticos;
além de ser mais um dos inúmeros atores res- • a percepção da conservação da água
ponsáveis pela implementação do Plano. Cabe como valor socioambiental relevante.
também aos conselhos de recursos hídricos e
os comitês de bacias acompanharem e apoia- A base físico-territorial adotada para a elaboração
rem a implementação dos planos. e implementação do Plano Nacional é represen-
tada pela Divisão Hidrográfica Nacional em Re-
2.4 giões Hidrográficas, aprovada pelo CNRH por
O PLANO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS meio da Resolução nº 32, de 2003 (Figura 2).
O Plano Nacional de Recursos Hídricos deve ter
uma abrangência nacional e o cunho eminente- 2.5
mente estratégico. É o instrumento da Política O PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Nacional de Recursos Hídricos que orienta as O Plano Estadual de Recursos Hídricos está
ações do Singreh, além de estabelecer linhas previsto como instrumento em todas as políti-
temáticas e diretivas que devem ser articuladas cas de recursos hídricos dos estados brasilei-
ao Plano Plurianual (PPA), buscando a coorde- ros, constituindo-se, simultaneamente, como
nação e a convergência de ações de governo um instrumento de apoio e de orientação políti-
em temas de interesse para a gestão dos recur- co-institucional capaz de responder às deman-
sos hídricos. das decorrentes das atribuições dos órgãos
gestores estaduais e dos conselhos estaduais
Dessa forma, o Plano Nacional de Recursos Hí- de recursos hídricos. Funciona como peça de
dricos deve ir além do foco voltado para a área compatibilização, articulação e, mesmo, de es-
de recursos hídricos e sua concepção deve le- truturação dos demais instrumentos de gestão,
var em conta a articulação com as demais polí- previstos no Sistema Estadual de Gerencia-
ticas públicas e programas de diferentes áreas mento de Recursos Hídricos.
17
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
REGIÃO HIDROGRÁFICA
É “o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidro-
gráficas contíguas, com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares,
com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos”.
18
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
O plano estadual deve ser elaborado pelo órgão à definição das estratégias de planejamento.
gestor estadual de recursos hídricos e aprova- Essa organização pode passar pela criação
do pelo respectivo conselho estadual. O con- de grupos de trabalho temporários com re-
selho deverá participar efetivamente de todo o presentantes dos usuários, da sociedade e de
processo, a saber: elaboração, implantação e várias instituições do próprio governo onde as
acompanhamento da sua execução. discussões são mais específicas e permitem
maior compreensão e debates sobre o traba-
Para participar de todo o processo, o conse- lho técnico desenvolvido. A Figura 3 apresenta
lho estadual deverá organizar-se para realizar os Estados que já desenvolveram Planos de
a articulação política e institucional necessária Recursos Hídricos.
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2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
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PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
COBRANÇA OUTORGA
21
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Após a fase preparatória, a elaboração do Pla- produtos que se espera obter com o plano.
no abrange as seguintes etapas (Figura 5), Esse documento é especialmente utilizado
adaptadas para considerar as particularidades quando se espera contratar uma equipe ou em-
de cada bacia: presa para elaboração do plano. O termo deve
• Diagnóstico: situação atual dos recursos ser debatido e aprovado pelo comitê de bacia e
hídricos; deve ser fruto de uma construção coletiva dos
• Prognóstico: formulação de cenários fu- atores envolvidos. Mas é fundamental que se
turos; tenha uma equipe responsável para levantar
• Plano: programas, ações e metas; e informações técnicas e construir cenários que
• Monitoramento: acompanhamento da irão subsidiar as decisões do comitê.
implementação do Plano.
ETAPA PREPARATÓRIA
• Definição do Termo de Referência (TR) e COMITÊ DE BACIA
• Arranjo institucional para acompanhar a execução dos trabalhos E SOCIEDADE
EM GERAL
1ª ETAPA: DIAGNÓSTICO
• Coleta e tratamento de dados
• Compreensão da realidade presente (”o rio ou a bacia que temos”) MOBILIZAÇÃO
SOCIAL
2 ª ETAPA: PROGNÓSTICO
• Projeções, cenários, alternativas de aumento da oferta de água e de redução da demanda
22
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
A essa listagem geral podem ser acrescidos outros tópicos devido à especificidade de cada bacia
hidrográfica.
instituições que devem aportar informa- preparação dos Planos de Bacia, a legis-
ções e conhecimentos para o bom anda- lação indica a realização, em todas as fa-
mento dos trabalhos, sejam elas públicas ses de elaboração, de consultas públicas,
ou privadas; oficinas de trabalho e encontros técnicos.
• coleta desses dados pela equipe técnica • É fortemente desejável que sejam desen-
responsável pela elaboração do Plano de volvidas estratégias de divulgação pela
Bacia para análise inicial; internet, rádio, mídia impressa, de modo
• elaboração de um Relatório de Plano que as atividades possam ser acompa-
de Trabalho contendo o detalhamen- nhadas pela população durante o proces-
to e o cronograma das atividades a se- so de elaboração do Plano de Bacia.
rem desenvolvidas nas etapas do Plano
de Bacia. Nesse relatório também deve
ser identificado quando deverão ocorrer
as reuniões de acompanhamento, bem
como a forma de divulgação à sociedade.
• O grupo de acompanhamento dos tra-
balhos poderá decidir, juntamente com o
comitê de bacia, sobre o nível de abran-
gência do processo de participação da
sociedade na elaboração do Plano de
Bacia, selecionando diversas estratégias
de consulta à sociedade. Como forma de
inserir e ampliar a participação social na
23
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
24
Acompanhamento ANA ESTADOS/DISTRITO FEDERAL
CBHSF Articulação Articulação
e aprovação (Diretoria)
ÓRGÃO FEDERAIS
PBHSF
Figura 6 – Arranjo institucional de acompanhamento da elaboração do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio São Francisco (PBHSF)
Fonte: (Agência Nacional de Águas, 2004).
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
ARRANJO PARA
ACOMPANHAMENTO DA
ELABORAÇÃO DO PLANO
Figura 7 – Escolha de arranjo para acompanhamento da elaboração do Plano de Recursos Hídricos da Bacia.
Fonte: SAG/ANA
O processo de planejamento de recursos hídricos deve ser desenvolvido de forma participativa, com
diagnósticos multidisciplinares, sintéticos e objetivos. Deve utilizar recursos de comunicação ao públi-
co, com suporte em banco de dados georreferenciados, sistema de informação ágil, flexível, amigável,
aberto e acessível ao público pela internet, de forma a favorecer a participação e a transparência.
25
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Essas informações devem ser obtidas princi- Faz-se necessária a mobilização dos usuários
palmente com base em dados secundários já da água, poder público (municipal, estadual/dis-
existentes. A ausência dos dados secundários trital e federal), assim como das organizações
pode ser substituída por metodologias cientí- hídricas e ambientais que atuam na bacia. A
ficas que permitam a realização de inferên- ausência desses atores pode causar problemas
cias. Esse diagnóstico permite a identificação na identificação dos cenários futuros a serem
de lacunas sobre o conhecimento da bacia, analisados e até mesmo na implantação das
favorecendo a indicação de estudos que de- ações a serem identificadas no Plano de Bacia.
vem ser realizados posteriormente para dotar Encerrado o processo de divulgação, elabora-
a bacia de dados mais confiáveis sobre os re-
-se, então, o relatório com o diagnóstico da ba-
cursos hídricos.
cia consolidado.
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PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
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2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Cenário
alternativo crítico
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PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
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2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
30
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
membros precisam estar diretamente envolvi- O comitê pode avaliar a possibilidade de cria-
dos na implantação do Plano de Bacia, tendo ção de um grupo, envolvendo diversas institui-
em vista as necessidades de articulação para ções, públicas e privadas, para acompanhar a
realizar as ações definidas nos programas. evolução dos trabalhos. Independentemente da
estrutura gerencial definida, os resultados de-
Tanto as instituições das três esferas gover- vem ser aferidos por meio de indicadores es-
pecíficos, conforme comentado anteriormente.
namentais que atuam na bacia hidrográfica,
quanto os setores econômicos necessitam que
o Plano de Bacia apresente as ações e progra- Outra medida eficaz é a divulgação das infor-
mas em um nível de detalhamento e especifici- mações sobre a implementação dos programas
dade que dê uma orientação concreta sobre o do Plano de Bacia, podendo ser utilizados os
recursos técnicos disponíveis na rede mundial
que deve ser feito, como e quando.
de computadores. Por exemplo, nas páginas da
internet do CEIVAP (Comitê de Integração da
Várias das ações frequentemente necessitam
Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) e dos
muito mais do que a reprogramação interna das Comitês PCJ (Comitê das Bacias Hidrográficas
instituições, mas a busca de parcerias e a reali- dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) podem
zação conjunta de trabalhos e estudos. ser observadas as ações contratadas pelas res-
pectivas Agências de Bacia e o percentual exe-
A busca de recursos financeiros, considerando cutado de cada ação. Isso permite que, tanto
a prioridade e a inter-relação das ações progra- os membros dos comitês, quanto a sociedade
máticas, é elemento essencial para o suces- em geral, saibam como estão os avanços das
so do Plano de Bacia, conforme já abordado. ações e como o recurso financeiro está sendo
Ações estruturais, por exemplo, as obras do empregado.
setor de saneamento, exigem maior volume
de recursos financeiros, daí a necessidade 2.7
de articulação política e institucional para que EXPERIÊNCIAS DE PLANOS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
tais recursos sejam priorizados para a bacia. A Na Figura 9 são apresentadas as bacias inte-
utilização eficaz dos instrumentos previstos le- restaduais que já tem Planos de Bacia elabo-
galmente para a gestão de recursos hídricos, rados. Nos estados, o número de experiências
sobretudo a cobrança pelo uso da água, pode em Planos de Bacia também vem crescendo
contribuir, assim como a identificação de novos nos últimos anos. Muitos destes planos foram
instrumentos econômicos de gestão. elaborados antes da Lei das Águas, de modo
que se caracterizam por diagnósticos detalha-
Sob a ótica da gestão, o estímulo a mudan- dos, mas sem focar no principal conteúdo que
ças de comportamentos de produção e con- são as propostas de soluções para os proble-
sumo, segundo práticas mais sustentáveis de mas da bacia.
uso da água, é central para o alcance dos
objetivos pretendidos com a implementação Para exemplificar as experiências acumuladas,
do Plano de Bacia. na sequência são destacados alguns aspectos
de Planos de Recursos Hídricos.
31
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Figura 9 – Planos de Recursos Hídricos de Bacias Interestaduais elaborados ou em elaboração até 2011.
Fonte: SAG/ANA
32
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Figura 10 – Bacia Interestadual do rio Doce que abrange os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Fonte: SAG/ANA
33
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Deste modo, mediante um único processo licita- trabalho foram promovidas pelos órgãos gesto-
tório, financiado com recursos alocados por meio res em articulação com a equipe técnica contra-
de convênios que envolveram os órgãos gestores tada com vistas a complementar informações e
de recursos hídricos dos dois estados e a Agên- superar eventuais dificuldades.
cia Nacional de Águas, foram elaborados o PIRH
(Plano Integrado de Recursos Hídricos) e os nove Em 14 de julho de 2010 o Comitê da Bacia Hi-
PARHs (Planos de Ações de Recursos Hídricos). drográfica do Rio Doce aprovou o PIRH Doce.
Embora aparentemente simples, uma saída VEJA MAIS: sobre o Plano Integrado de Recursos
criativa sempre encontra obstáculos e desafios Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, veja
decorrentes justamente de sua natureza inova- http://www.cbhdoce.org.br/Plano_Bacia.asp.
dora. O novo modo de fazer obviamente carece
de uma experiência prévia similar da qual seja
2.7.2 PLANO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HÍDRICOS DOS AFLU-
possível extrair lições.
ENTES DA MARGEM DIREITA DO RIO AMAZONAS
O Plano Estratégico de Recursos Hídricos dos
A licitação para contratação da equipe técnica
Afluentes da Margem Direita do Rio Amazonas
responsável para elaboração dos estudos foi
(PERH-MDA) foi concebido para fornecer à so-
conduzida pelo IGAM/MG, em articulação com o
ciedade, especialmente da região amazônica,
IEMA/ES e com a ANA.
um instrumento de gestão dos recursos hídricos
efetivo e sustentável, que garanta seus usos
Para acompanhar o processo de elaboração múltiplos e disponibilidade hídrica, quantitativa e
dos estudos foi instituído um Grupo Técnico de qualitativamente. O fortalecimento institucional e
Acompanhamento (GAT) composto por repre- social, além do aprimoramento do conhecimento
sentantes de todos os comitês, dos órgãos ges- científico sobre os recursos hídricos da região
tores estaduais e da ANA, com a prerrogativa de complementam as iniciativas que compõem o
aprovar todos os produtos elaborados. Plano (ANA, 2012).
34
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
35
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
estaduais de recursos hídricos, de instituições futuro da região, três cenários possíveis foram
federais com presença na região e do CNRH, considerados no plano – um normativo, um ten-
para assegurar que todos os elementos perti- dencial e um crítico. Estes, conforme os con-
nentes fossem considerados e que as visões
dicionantes considerados, possibilitam prever
dos estados relativamente às bacias afluentes
diferentes situações quanto à disponibilidade e
pela margem direita do rio Amazonas fossem
incorporadas ao Plano. gestão dos recursos hídricos na região.
A elaboração do PERH-MDA foi composta por programas que envolvem estudos, pro-
três etapas principais: jetos e obras necessárias para o apro-
veitamento dos recursos hídricos; e
I.Diagnóstico: traz uma descrição integrada • Componente C – constituído por seis
do quadro institucional, social e econômico, programas voltados para atividades de
além do natural existente nas bacias, especial- pesquisa aplicada.
mente relativos a recursos hídricos, bem como
a identificação de restrições e potencialidades
Na Figura 12 é apresentado o fluxograma da
desse recurso, associadas às demandas atu-
ais para os diversos usos. metodologia de elaboração da 2ª Etapa (cons-
trução de cenários).
II. Cenários: com base em sete forças motrizes
identificadas como propícias para condicionar o
36
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Formulação dos
ELEMENTOS DO propósitos da
DIAGNÓSTICO DA BACIA cenarização, dos
(1ª Etapa do Plano) problemas a considerar e
exame do sistema
envolvido
CONSTRUÇÃO
DOS CENÁRIOS
Tendencial, Normativo, e Crítico
Enredos • Potencialidades
• Vulnerabilidades
• Oportunidades
• Ameaças
• Riscos
PROJEÇÕES SOCIAIS
E POLÍTICAS Verificação da consistência e PROJEÇÕES
ECONÔMICAS PARA PROJEÇÕES
Dinâmica da bacia plausibilidade
O CENÁRIO DEMOGRÁFICAS
em relação a Ajustes em caso de
recursos hídricos NORMATIVO
inconsistências
Saneamento
Agropecuária
Indústria
Outros Usos
Considerações de
mudanças climáticas
globais e avaliação dos BALANÇO/DEMANDA/
impactos sobre DISPONIBILIDADE E BALANÇO
disponibilidades DE QUALIDADE
Avaliação das
implicações dos cenários
ALTERNATIVAS PARA
para a gestão dos IDENTIFICAÇÃO DE
AUMENTO DE OFERTA E
recursos hídricos e para ÁREAS CRÍTICAS
REDUÇÃO DE DEMANDA
as articulações
intersetoriais
Decisões quanto a
PARA A 3ª ETAPA opções estratégicas e
DO PLANO cursos de ação possíveis
O PERH-MDA foi aprovado pelo CNRH em 29 de junho de 2011 (Resolução CNRH nº 128).
VEJA MAIS: para mais informações sobre o PERH-MDA, acesse os volumes disponíveis na página da
ANA em http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/planejamento/planoderecursos/MargemDireitaRioAma-
zonas.aspx
37
2 PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
Salto Santa Rosa (PR)
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
38
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
3
39
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
discutir e planejar quais são as ações necessá- restritivas do que a qualidade da água para o
rias para manter a qualidade da água desejada uso de navegação.
e que permitam promover a gestão dos usos
múltiplos futuros. Para isso, foram criadas classes da qualidade
de água considerando usos mais ou menos exi-
Estabelecer um objetivo de qualidade para um gentes. Para as águas doces, foram criadas 5
corpo de água é uma tarefa que requer a aná- categorias, a classe especial e as classes de 1
lise de quais serão os usos preponderantes
a 4, em uma ordem decrescente de qualidade,
naquela região. A gestão dos recursos hídricos
ou seja, a classe especial é a que tem melhor
deve proporcionar o uso múltiplo das águas, tais
qualidade da água e a classe 4 é a de pior qua-
como: preservação das comunidades aquáticas,
lidade (Figura 13). Já para as águas salobras ou
abastecimento doméstico, recreação, irrigação,
salinas foram criadas 4 categorias, a classe es-
dessedentação animal, navegação, produção
de energia, etc. pecial e as de números 1 a 3.
Entretanto, cada tipo de uso pressupõe uma A partir das classes de qualidade de água é pos-
maior ou menor exigência de qualidade da sível identificar os usos desejáveis para cada
água. Por exemplo, a qualidade da água exigida nível de qualidade, seja para as águas doces
para a preservação das comunidades aquáticas (Figura 14) ou para as águas salobras (Figura
ou para abastecimento humano são muito mais 15) e salinas (Figura 16).
Classe 2
Classe 3
QUALIDADE DA USOS
Classe 4
ÁGUA RUIM MENOS EXIGENTES
Figura 13 – Classes de qualidade da água e relação com os usos, segundo Resolução CONAMA nº357/2005.
Fonte: (COSTA, 2011).
40
CLASSES DE ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUA
USOS DAS ÁGUAS DOCES
ESPECIAL 1 2 3 4
Mandatório em
PROTEÇÃO DAS COMUNIDADES AQUÁTICAS Terras Indígenas
AQUICULTURA
PESCA
DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS
NAVEGAÇÃO
HARMONIA PAISAGÍSTICA
Figura 14 – Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias de usos, em águas doces (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005).
41
Fonte: adaptado de (Agência Nacional de Águas, 2009) e (COSTA, 2011).
42
CLASSES DE ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUA
USOS DAS ÁGUAS SALOBRAS
ESPECIAL 1 2 3
AQUICULTURA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Após tratamento
ABASTECIMENTO PARA CONSUMO HUMANO convencional ou avançado
Hortaliças, frutas,
IRRIGAÇÃO parques, jardins e
campos de esporte
PESCA
NAVEGAÇÃO
HARMONIA PAISAGÍSTICA
Figura 15 – Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias de usos, em águas salobras (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005).
Fonte: adaptado de (Agência Nacional de Águas, 2009) e (COSTA, 2011).
CLASSES DE ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUA
USOS DAS ÁGUAS SALINAS
ESPECIAL 1 2 3
AQUICULTURA
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
PESCA
NAVEGAÇÃO
HARMONIA PAISAGÍSTICA
Observação: As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente, desde que não prejudique a qualidade da água.
Figura 16 – Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias de usos, em águas salinas (fonte Resolução CONAMA nº 357/2005).
43
Fonte: adaptado de (Agência Nacional de Águas, 2009) e (COSTA, 2011).
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
No caso de abastecimento de água para con- caso de se estabelecer como objetivo a classe
sumo humano, verifica-se que de acordo com 4 para esse uso, não devem existir espumas
a classe de qualidade de água há um tipo de e materiais flutuantes no corpo de água. Por
tratamento necessário. Quanto pior a qualida- exemplo, no rio Tietê, nas proximidades de Pira-
de, mais será dispendioso o tratamento da água pora, uma possível meta de qualidade de água
para garantir a qualidade necessária para o seria reduzir as espumas do rio.
abastecimento humano.
A bacia hidrográfica dispõe de usos múltiplos da
água, assim, é fundamental estabelecer para
cada trecho do rio o correspondente uso pre-
Enquanto não aprovados os respectivos en- ponderante. Por exemplo, as nascentes e ca-
quadramentos, as águas doces serão consi- beceiras dos rios são locais preferenciais para
deradas classe 2, as salinas e salobras classe a preservação, portanto, seria razoável prever
1, exceto se as condições de qualidade atuais como objetivo a classe especial. Já em áreas
forem melhores, o que determinará a aplica- utilizadas para uso agrícola, recreação ou aqui-
ção da classe mais rigorosa correspondente. cultura, poderia se estabelecer como objetivo de
Resolução CONAMA nº 357/2005. qualidade as classes 1 ou 2, e assim por diante.
Para fins de cobrança, outorga e licenciamento As águas subterrâneas também podem ser en-
ambiental deverão ser considerados nos corpos quadradas em diferentes classes de qualidade,
d´água superficiais ainda não enquadrados, os segundo a Resolução CONAMA nº 396/2008,
padrões de qualidade da classe corresponden- a saber:
te aos usos preponderantes mais restritivos • Classe Especial: águas dos aquíferos,
existentes no respectivo corpo de água. Até conjunto de aquíferos ou porção desses
que a autoridade outorgante tenha informações destinadas à preservação de ecossis-
sobre os usos mais restritivos, poderá ser ado- temas em unidades de conservação de
tado, para as águas superficiais, a classe 2. proteção integral e as que contribuam
Resolução CNRH nº91/2008. diretamente para os trechos de corpos
de água superficial enquadrados como
classe especial;
• Classe 1: águas dos aquíferos, conjunto
de aquíferos ou porção desses, sem al-
Há duas categorias de recreação, de acordo
teração de sua qualidade por atividades
com o grau de contato com a água. A recreação
antrópicas, e que não exigem tratamento
de contato primário é quando existe o contato
para quaisquer usos preponderantes de-
direto e prolongado do usuário com a água, por
vido às suas características hidrogeoquí-
exemplo, natação, mergulho e esqui aquático.
micas naturais;
Já a recreação de contato secundário é quando • Classe 2: águas dos aquíferos, conjun-
o contato com a água é esporádico ou inciden- to de aquíferos ou porção desses, sem
tal e a possibilidade de ingerir água é pequena, alteração de sua qualidade por ativida-
como na pesca e na navegação, por isso, aceita des antrópicas, e que podem exigir tra-
padrões menos exigentes de qualidade de água. tamento adequado, dependendo do uso
preponderante, devido às suas caracte-
Os usos menos restritivos são a navegação e a rísticas hidrogeoquímicas naturais;
harmonia paisagística. A harmonia paisagística • Classe 3: águas dos aquíferos, conjun-
está relacionada às propriedades estéticas da to de aquíferos ou porção desses, com
água e que, portanto, seu odor e seu aspecto alteração de sua qualidade por ativi-
não devem causar desconforto. Além disso, no dades antrópicas, para as quais não é
44
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Quadro 2 – Parâmetros de qualidade da água de acordo com as classes, segundo Resolução CONAMA
nº357/2005 (Agência Nacional de Águas, 2009)
CLASSES
PARÂMETROS Unidade
Especial 1 2 3 4
45
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
CLASSE ESPECIAL
TRECHO
PRESERVADO
CLASSE 1
CLASSE 2
TRECHO
AGRÍCOLA
CLASSE 3
CLASSE 4
TRECHO
URBANO
46
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
BREVE HISTÓRICO
O primeiro sistema de classificação de corpos de água do Brasil foi proposto em São Paulo, em 1955,
por meio do Decreto Estadual nº 24.806. Na esfera federal, a primeira iniciativa de classificação
aconteceu em 1976, na qual o Ministério do Interior, por meio da Portaria nº 3, classificou as águas
doces, conforme os usos preponderantes a que as águas se destinavam. Dez anos mais tarde, essa
Portaria foi substituída pela Resolução CONAMA nº 20, que estabeleceu uma nova classificação para
as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional, distribuídas em nove classes, segundo os
usos preponderantes a que as águas se destinavam.
Em 1997, com a promulgação da Lei nº 9.433, o instrumento foi incorporado à Política Nacional de
Recursos Hídricos. Vale ressaltar que o enquadramento, também, é referência para o Sistema Na-
cional de Meio Ambiente, pois representa, entre outros, padrões de qualidade da água para as ações
de licenciamento e de monitoramento ambiental. Em 2005, publica-se a Resolução CONAMA nº 357,
em substituição à Resolução nº 20, que rege o enquadramento dos corpos de água, juntamente com
a Resolução CONAMA nº 396/2008 que trata do enquadramento de águas subterrâneas. Por fim, o
CNRH aprova a Resolução nº 91/2008 que dispõe sobre procedimentos gerais para enquadramento
dos corpos de água superficiais e subterrâneos.
47
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
48
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
DIAGNÓSTICO
CONSULTAS
Diagnóstico Integrado PÚBLICAS
Classes e usos atendidos
PROGNÓSTICO
ELABORAÇÃO DAS
ALTERNATIVAS DE ENQUADRAMENTO
CONSULTAS
REVISÃO Elaboração de alternativas Elaboração de Programa Preliminar PÚBLICAS
de enquadramanto e custos para Efetivação do Enquadramento
ANÁLISE E DELIBERAÇÕES
DO COMITÊ E DO CONSELHO
Seleção da alternativa de
enquadramento pelo Comitê
Enquadramento e Programa
de Efetivação
Aprovação e deliberação
pelo Conselho de Recursos Hídricos
Resolução de
Enquadramento
IMPLEMENTAÇÃO DO
PROGRAMA DE EFETIVAÇÃO
Ações de
Monitoramento
despoluição, termos
e divulgação
de ajustamento, etc.
Acompanhamento do
REVISÃO
Comitê e do Conselho
Figura 18– Fluxograma das etapas para se implantar o enquadramento de corpos de água superficiais.
Fonte: (Agência Nacional de Águas, 2009).
49
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
a condição atual da qualidade da água para di- subsídio às decisões dos respectivos colegia-
ferentes parâmetros e o regime dos corpos de dos. A partir dos cenários construídos, o comi-
água, que podem ter maior ou menor capaci- tê seleciona a alternativa de enquadramento e
dade de assimilação de cargas poluentes ao o respectivo programa para a efetivação. Na
longo do ano. sequência, o comitê submete a proposta de
enquadramento ao conselho de recursos hídri-
Conhecer a bacia envolve, entre outras coisas, cos, que, em aprovando, emite uma resolução.
saber se há territórios que requerem tratamen-
to especial devido a legislações específicas, A última etapa é a mais desafiadora: a im-
como é o caso de terras indígenas ou unidades plementação do programa de efetivação. É
de conservação o momento de colocar em prática as metas
construídas e pactuadas. Essa etapa deve ser
A etapa de prognóstico utiliza diversas infor- acompanhada e monitorada, sobretudo pelos
mações como vazão de referência, parâmetros comitês e conselho de recursos hídricos.
prioritários, cenários de evolução das cargas
poluidoras e das demandas pelo uso da água.
Com esse conjunto de informações faz-se pro-
jeções com modelos matemáticos para prever Programa para efetivação do enquadramento
as condições futuras dos corpos de água. é o conjunto de medidas ou ações progressi-
vas e obrigatórias, necessárias ao atendimento
das metas intermediárias e final de qualidade
A proposta de enquadramento deve ser ela-
de água estabelecidas para o enquadramen-
borada tendo em vista o objetivo desse instru-
to do corpo hídrico. Resolução CONAMA nº
mento: assegurar às águas qualidade compa-
357/2005.
tível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas e diminuir os custos de combate à
poluição das águas, mediante ações preventi-
vas permanentes. É fundamental nessa etapa,
formular um programa preliminar para efetivar
o enquadramento, contendo as previsões dos Entre as ações previstas em programa de efe-
custos necessários para o alcance das metas. tivação do enquadramento estão (Agência Na-
cional de Águas, 2005):
• mecanismos de comando e controle,
Para todas essas etapas é fundamental a re-
tais como: fiscalização das fontes polui-
alização de consultas públicas com os dife-
doras, aplicação de multas, outorga e
rentes atores envolvidos na bacia, tais como:
termos de ajustamento de conduta;
órgãos públicos, lideranças da região, empre-
• mecanismo de disciplinamento: zone-
sários, agricultores, pescadores, organizações
amento do uso do solo e criação de Uni-
não governamentais e população em geral. As
dades de Conservação, entre outros; e
consultas permitem a identificação de várias
• mecanismos econômicos: cobrança
“visões de futuro” e, com isso, torna o proces-
pelo lançamento de efluente e paga-
so mais legítimo por considerar os diferentes
mento por serviços ambientais.
anseios existentes na bacia.
50
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CONCENTRAÇÃO
meta final
t
2007 2009 2011 2013 20015 2017 2019
3.4.1
Em âmbito de bacias interestaduais podemos
LAGO PARANOÁ
citar algumas experiências de elaboração de
propostas e diretrizes de enquadramento de Em Brasília, houve, em dez anos, uma redução
corpos d’água, tais como: PCJ, Doce, São significativa da carga poluidora no Lago Paranoá
Francisco, afluentes da margem direita do (Figura 20), resultante dos investimentos em
Amazonas, Araguaia- Tocantins, Verde Grande construção de estações de tratamento de
e Paranaíba. esgoto.
51
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
500 80
450 Carga de P Total Conc. de P Total
70
400
60
350
50
300
Kg/dia
цg/l
250 40
200 30
150
20
100
50 10
0 0
89 92 93 94 95 96 97 98 99
Figura 20– Redução da carga de poluentes no Lago Paranoá ao longo dos anos.
Fonte: (Agência Nacional de Águas, 2009).
Período Investimento
52
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
400 6400
369,2 368,7 LEGENDA:
Orgânica Inorgânica
350 5600
311,7
300 4800
CARGA ORGÂNICA - 1000 kg DBO/dia
4746 4741
200 3200
2784 156,3
146,9 144,6
150 138,6 134,8 2400
INÍCIO DEZ/91 DEZ/92 DEZ/93 DEZ/94 DEZ/95 DEZ/96 DEZ/97 DEZ/98 JUN/02 DEZ/02 JUN/03 DEZ/03 JUN/04 DEZ/04 JUN/05 DEZ/05 JUN/06 DEZ/06 JUN/08
Figura 21 – Cargas poluidoras de origem industrial na bacia do Alto Tietê (1991 a 2008).
Fonte: (Agência Nacional de Águas, 2009).
de quinze anos, é possível perceber o resultado Guandu Mirim e adotados alguns critérios bási-
gradativo e expressivo quanto às descargas de cos específicos. A proposta de enquadramento
carga orgânica e inorgânica na bacia (Figura 21). foi apresentada de duas formas, na descrição
de trechos de rios e respectiva classe (Quadro
3.4.3 BACIAS HIDROGRÁFICAS 5) e em mapa (Figura 22).
DOS RIOS GUANDU, DA GUARDA E GUANDU MIRIM
Para cada um dos principais corpos de água da Foi também considerado o estabelecimento de
bacia dos rios Guandu, da Guarda e Guandu metas intermediárias de melhoria da qualidade
Mirim foi avaliada a evolução das condições de da água, nos locais onde essa qualidade esti-
qualidade da água para os horizontes de 2005 vesse em desacordo com os usos pretendidos.
e 2025, em dois cenários: sem e com trata-
mento de esgotos. Essa avaliação foi efetuada Os parâmetros de qualidade da água examina-
a partir dos estudos de diagnóstico do Plano dos foram: oxigênio dissolvido (OD) e Deman-
Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias da Bioquímica de Oxigênio (DBO), fósforo to-
Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e tal e coliformes fecais. Ao comparar a qualidade
Guandu Mirim (PERH Guandu). Foram estabe- atual dos corpos de água aos seus respectivos
lecidas metas finais de recuperação de quali- enquadramentos propostos, evidenciaram-se
dade de água possíveis de serem alcançadas índices de violação de classe (média, máxima
para os principais corpos de água da bacia. e mínima), calculadas em termos percentuais.
Como ilustração, são apresentados, no Quadro No caso do Rio Guandu foi considerada como
4, os resultados do diagnóstico e prognóstico vazão de referência, a vazão mínima defluente
para o Rio Guandu para os trechos da foz do rio de Pereira Passos (120 m³/s) acrescida das va-
Macaco até a travessia da antiga Rio-Santos e zões mínimas dos afluentes (cerca de 1 m³/s).
da travessia da antiga Rio-Santos até a foz do Para os demais cursos d’água foi considerada
rio Guandu. a Q7,10 como vazão de referência.
Com base nesses estudos, foi efetuada a pro- Foi estabelecido um programa de investimen-
posta de enquadramento para os corpos hídri- tos necessário à efetivação do enquadramento
cos das bacias dos rios Guandu, da Guarda e proposto para as bacias. As ações necessárias
53
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Quadro 4 – Diagnóstico e prognóstico do PERH Guandu (Agência Nacional de Águas; Sondotécnica, 2007)
Trecho
Quadro 5 – Parte da descrição do enquadramento dos corpos d’água da bacia dos Rios Guandu, da Guarda e
Guandu Mirim (Agência Nacional de Águas; Sondotécnica, 2007)
54
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Figura 22 –Proposta de enquadramento dos corpos de água da bacia dos rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim.
Fonte: (Agência Nacional de Águas; Sondotécnica, 2007).
55
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Quadro 6 – Ações Gerais propostas no enquadramento do PERH Guandu (Agência Nacional de Águas; Sondo-
técnica, 2007)
Avaliação Efluentes e
67,00
Resíduos Industriais – 2.2.2
Subtotal 31.133,00
Subtotal 35.408,70
Subtotal 15.870,00
Essa reflexão teve início, por um lado, devido de atualização do enquadramento dos corpos
a elevada expansão demográfica e industrial de água e do programa para efetivação do
registradas nas últimas décadas e, associada enquadramento dos corpos de água até o ano
a isso, em consequência de projeções de 2035.
mostrando significativo crescimento para a
região. Além disso, verificou-se a necessidade No âmbito do PRH como um todo, o conjunto
de avançar qualitativamente e com propostas de investimentos necessários para recuperar
exequíveis no processo de planejamento da a bacia foi estimado em aproximadamente
região, com ênfase nas estratégias de gestão
R$ 4,5 bilhões. Ainda em relação ao plano, o
dos recursos hídricos.
mesmo dá ênfase a situação crítica da bacia
em termos da relação demanda/disponibilida-
Como consequência desse processo, após de hídrica que alcança 91%, considerando-
mais de três anos de intensos debates durante -se uma vazão outorgada de 35 m³/s e a Q7,10
a elaboração simultânea do PRH e da Proposta como vazão de referência. Ressalta-se, en-
de Enquadramento, em dezembro de 2010, os tretanto, que esta relação varia consideravel-
Comitês das Bacias PCJ aprovaram o PRH mente de bacia para bacia conforme pode ser
para o período de 2010 a 2020, com propostas observado na Figura 23.
56
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
6,63 6,77
6,11
6 5,79
ц 5,24
4,7 4,65
4,30
4 3,5 3,50 3,50
3,01 3,09
2,78 2,68 2,64
2,38
2,09
2 1,59 1,52
1,18 0,93
0,85
0,36
0
SUB-BACIAS
Figura 23 –Balanço hídrico das sub-bacias.
Fonte: (Agência de Água PCJ; Cobrape, 2010)
57
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Classes do
enquadramento em
vigor (‘legal’)
220 240
7560 7560 MG
MS
Santa Cruz
Analândia da Conceição
200
SP RJ
R io
260 PR
Co
7540 7540
Itirapina Corumbataí km
ru
160
Localização da Bacia do PCJ
Corumbataí
at a í
rios da região -
Bom Jesus
P ir acicab Monte Alegre do Sul
a Jaguariúna Amparo
Gonçalves
Ca ma n ducaia Campos do Jordão
Toledo o
Americana
Ri
Itapeva
organizados
Piracicaba Santa Camanducaia Sapucaí-Mirim
Pedreira Pinhalzinho
7480 Bárbara Paulínia 7480
Anhembi d'Oeste Tuiuti guari
Rio Ja
Nova Odessa Pedra Bela
160 Rio das
Saltinho
an
Pedras Sumaré
segundo as classes
Morungaba Extrema
c
Hortolândia Vargem
an
C
Botucatu 180 Campinas
Bragança Joanópolis
ão
420
Mombuca Paulista
eir
200 Monte Mor Tremembé
Capivari Rio A
Rib
Ri
(Parâmetro: DBO)
7460 7460
R io Capivari o Valinhos
Ca
t ib
Capivari
piva Itatiba
a ia
ri-M
Laranjal
Rafard Elias
Fausto
irim Vinhedo
Atibaia
Paulista Louveira Piracaia
Tietê Atibaia
Indaiatuba
R i o Ju Jarinu Bom Jesus 400
7440 nd dos Perdões 7440 São José
Rib iaí dos Campos
eir Itupeva Igaratá
Salto Nazaré Paulista
ão Jundiaí
Escala 1:750.000
220
Pir
aí
Jundiaí Várzea
Paulista
Campo
Limpo Redenção da Serra
Porto Feliz Itu Paulista
240 Francisco Santa
Morato Isabel
Sistema de Coordenadas UTM 380
7420 Mairiporã
Zona 23S - Datum Córrego Alegre Cabreúva Franco
Cajamar da
260
Rocha
220 240
7560 7560 MG
MS
Santa Cruz
Analândia da Conceição
200 !
!
!
! SP RJ
Reenquadramento 7540
Itirapina
Zona 17
Corumbataí
!
!
260
7540
PR
0 100 200
´ km
400
proposto
160 !
!
Zona 18
Localização da Bacia do PCJ
140
!
!
Brotas
180 Corumbataí !
!
280 300
Araras
Zona 19 !
!
Conchal
Dois Córregos
!
!
Zona 26
Águas de !
São Pedro
! Iracemápolis
Cosmópolis
!
Holambra
!
Camanducaia
! ! ! Munhoz
! !
!
!
!
Córrego do
Zona 24
!
! Bom Jesus !
Zona 06
! !
Americana Toledo
Zona 25 !
!
Zona 05 ! !
! Itapeva
! !
Piracicaba Santa ! !! !
!
Zona 13 Pedreira Camanducaia
!
! ! Pinhalzinho !
! Sapucaí-Mirim
Bárbara
!
7480
! Paulínia !
! 7480
Anhembi
!
d'Oeste Tuiuti !
!
Zona 01
Nova Odessa Pedra Bela
160
!
!
!
!
Rio das ! Zona 12
!
Saltinho Pedras Sumaré Zona 04 !
!
! !
!
Zona 16 ! Hortolândia
! Morungaba
!
Extrema
Vargem
!
!
!
!
Botucatu 180 Campinas
! Bragança Joanópolis 420
!
!
Mombuca
!
200 Paulista !
!
Tremembé
Monte Mor
Capivari
!
!
Zona 02
7460 !
! !
!
7460
Zona 32 !
!
Valinhos Zona 03
Capivari Zona 29
!
! Zona 11 !
!
Itatiba
!
Atibaia
!
! Vinhedo
!
Rafard Elias Zona 10
Laranjal !
! Zona 30 !
!
! Zona 31 Fausto Zona 09
!
Paulista Louveira Piracaia
Tietê !
! Zona 28!
!
!
! Atibaia
! Indaiatuba !
!
Bom Jesus 400
Jarinu
!
7440
Zona 27 !
!
dos Perdões 7440 São José
Zona 37 !
! dos Campos
Itupeva !
! Igaratá !
!
Salto Zona 35 !
!
Nazaré Paulista !
´
Jundiaí
Jundiaí
!
220 ! !
!
Zona 36 Várzea!
!
Campo
!
!
!
Franco
! Cajamar
! da
260
Rocha
Legenda
Paraibuna
Proposta de Enquadramento PLANO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS
!
!
Sedes Municipais Classe 1 PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ 2008-2020
Limite Estadual Classe 2
Figura 24 – Situação atual e proposta de enquadramento dos corpos de água da bacia dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí.
Fonte: (Agência de Água PCJ; Cobrape, 2010).
58
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
59
3 O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA
Serra Branca, Raso da Catarina (BA)
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
4
61
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
diferentes políticas setoriais. Por isso, caracteriza- efetivação. Além disso, é preciso lidar com alguns
se como um instrumento privilegiado para orientar desafios, tais como: altos custos dos investimen-
o desenvolvimento do território. Entretanto, é um tos, pouca governabilidade e bases de dados in-
instrumento não vinculante e, que, portanto, para suficientes. Se por um lado é verdade que a rede
ser implementado depende do apoio político e da de monitoramento da qualidade da água precisa
articulação dos atores envolvidos. ser ampliada e modernizada, por outro lado há
uma falsa idéia sobre a questão dos custos envol-
No âmbito de bacias interestaduais, nas quais a vidos. Muitas vezes os benefícios gerados por ter
complexidade de atores é ainda mais evidente, é uma boa qualidade de água acabam por superar,
fundamental a criação de arranjos institucionais em muito, os custos de investimento em estações
que promovam a integração entre os entes federa- de tratamento de esgoto.
dos, independente do domínio das águas dos rios.
Para que o instrumento do enquadramento seja
Uma das maiores dificuldades é a obtenção de re- implementado é fundamental que as metas esta-
cursos para promover as inúmeras ações previs- belecidas sejam realistas, considerando a relação
tas nos planos e nos programas para efetivação custo-benefício, a definição inicial de um número
do enquadramento. Vale destacar que as ações limitado de parâmetros relacionados aos principais
descritas no plano ultrapassam os limites da po- problemas da bacia, a vocação da bacia, as rea-
lítica de recursos hídricos. Portanto, é evidente lidades regionais e a progressividade das ações.
que os recursos para o financiamento dos planos
não devam se restringir às fontes existentes no Para que ambos os instrumentos sejam implemen-
Singreh, muito embora, elas devam também ser tados é preciso promover a articulação dos vários
utilizadas. Uma forma razoável de utilizar os recur- níveis de planejamento, como os recursos hídricos,
sos da cobrança é permitir que esses recursos se- meio ambiente, saneamento e uso do solo. Além
jam usados de forma a alavancar novos recursos disso, as negociações públicas no comitê devem
para a bacia, contratando, por exemplo, a elabo- buscar a definição clara dos recursos necessários
ração de projetos de investimentos que poderão para atender as metas definidas e gerar termos de
ser usados para pleitear recursos junto a outras compromissos com os setores envolvidos. Essas
fontes. negociações precisam ser amplamente divulgadas
evidenciando os ganhos coletivos.
Os recursos da cobrança também podem ser usa-
dos em negociação com prefeituras e órgãos es- Um desafio que precisa ser superado está ligado
taduais no sentido de somar esforços para ações aos aspectos metodológicos. Constatam-se la-
conjuntas, aumentando progressivamente os re- cunas referentes a enquadramento de corpos de
cursos para determinadas ações. Mas para isso, água em regiões semi-áridas, pois não se dispõe
o comitê junto com os órgãos gestores precisam de metodologia específica para enquadrar corpos
assumir um importante papel político e articulador hídricos intermitentes e temporários.
com diferentes atores, construindo arranjos alter-
nativos que, sem prejuízo da transparência e o Desse modo, além da necessidade de melhorar a
bom uso de dinheiro público, possam ser usados rede de monitoramento da qualidade das águas,
de forma a otimizar a aplicação dos recursos de há que se incentivar pesquisas que envolvam a
modo a implementar os planos de recursos hídri- aplicação do instrumento conforme a diversidade
cos e o enquadramento de modo a obter melhores das regiões brasileiras.
condições de qualidade e quantidade de água.
Por fim, é preciso que sejam realizados investi-
A implementação do enquadramento passa mentos constantes em capacitação técnica sobre
pelas mesmas dificuldades dos planos quanto o enquadramento, o monitoramento da qualidade
aos recursos destinados ao programa para sua e a gestão participativa das águas.
62
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
Foz do rio Taquari (MS)
REFERÊNCIAS
E INDICAÇÕES DE LEITURA
AGÊNCIA DE ÁGUA PCJ. Plano das bacias ______. Plano decenal de recursos hídricos
hidrográficas dos rios Piracicaba, Capiva- da bacia hidrográfica do rio São Francisco
ri e Jundiaí 2010 a 2020 com propostas de (2004-2013): síntese executiva com apreciação
atualização do enquadramento dos corpos das deliberações do CBHSF aprovadas na III
d’água e de programa para efetivação do en- reunião plenária de 28 a 31 de julho de 2004.
quadramento dos corpos d’agua ate o ano Brasília: ANA. 2005.
de 2035. Piracicaba: [s.n.], 2010.
______. GEO Brasil recursos hídricos: com-
ponente da serie de relatórios sobre o estado
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Ca-
e perspectivas do meio ambiente no Brasil: re-
dernos de recursos hídricos: panorama do
sumo executivo. Brasília: ANA: PNUMA, 2007.
enquadramento dos corpos d’água: estudo téc-
(GEO Brasil Serie Temática: GEO Brasil Recur-
nico. Brasília: ANA, 2005.
sos Hídricos).
63
REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES DE LEITURA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
64
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
Nhecolandia, Pantanal (MS)
LEGISLAÇÃO CORRELATA
Lei nº 9.433/1997 – Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal,
e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de
dezembro de 1989.
Lei nº 9.984/2000 – Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal
de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
Resolução nº 15
Estabelece diretrizes gerais para a gestão de águas subterrâneas.
Resolução nº 16
Estabelece critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos.
Resolução nº 17
Estabelece critérios gerais para a elaboração de Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
Resolução nº 22
Estabelece diretrizes para inserção das águas subterrâneas no instrumento Planos de Recursos Hí-
dricos.
65
LEGISLAÇÃO CORRELATA
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
Resolução nº 29
Define diretrizes para a outorga de uso dos recursos hídricos para o aproveitamento dos recursos minerais.
Resolução nº 37
Estabelece diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos
de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da União.
Resolução nº 48
Estabelece critérios gerais para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
Resolução nº 54
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água.
Resolução nº 58
Aprova o Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Resolução nº 65
Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de
recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental.
Resolução nº 76
Estabelece diretrizes gerais para a integração entre a gestão de recursos hídricos e a gestão de águas
minerais, termais, gasosas, potáveis de mesa ou destinadas a fins balneários.
Resolução nº 91
Dispõe sobre procedimentos gerais para o Enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos.
Resolução nº 92
Estabelece critérios e procedimentos gerais para proteção e conservação das águas subterrâneas no
território brasileiro.
Resolução nº 145
Estabelece diretrizes para a elaboração de Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas e dá
outras providencias.
Resoluções do CONAMA
Resolução Nº 357/2005 – Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,
e dá outras providências.
66
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
Serra do Amolar (MS)
GLOSSÁRIO
Afluente (ou tributário) – Curso d’água que Capacidade de suporte – Níveis de utilização
desemboca num curso maior ou num lago1. dos recursos hídricos, garantindo os usos múl-
tiplos e o respeito aos padrões de qualidade da
Águas subterrâneas – São aquelas que ocor- água.
rem natural ou artificialmente no subsolo2.
Comitê de Bacia Hidrográfica – Fórum de
Aquífero – Formação permeável com capaci- decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica
dade de armazenar quantidades apreciáveis de contando com a participação dos usuários, das
água1. prefeituras, da sociedade civil organizada, das
demais esferas de governo (estaduais e fede-
ral), e destinado a agir como o “parlamento
Área de recarga ou zona de recarga – Parte
das águas da bacia”1.
de uma bacia hidrográfica que contribui para re-
carga da água subterrânea3.
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) –
Parâmetro de medição da qualidade da água
Bacias hidrográficas contíguas – São bacias
que representa o consumo de oxigênio na de-
vizinhas ou fronteiriças.
gradação da matéria orgânica1.
67
GLOSSÁRIO
CADERNOS DE CAPACITAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS – VOLUME 5
____________________
5 http://www.ufv.br/dea/lqa/qualidade.htm
6 Site da ANA <http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/Outorga/default2.asp>
7 www.pnqa.ana.gov.br
68
Banco Mundial
Organização
das Nações Unidas
para a Educação,
a Ciência e a Cultura
The World Bank