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Apresentação
Há quem diga que o português é uma armadilha. Mas para o

escritor, ele deve ser o meio pelo qual atinge seu objetivo: contar

uma história para alguém. Dominar esta ferramenta, ou boa

parte dela, fará de você um grande contador de histórias.

Procure aprender os conceitos e aplica-los. Esta é a melhor forma

de nunca mais esquecê-los.

Vilto Reis

2020

4
Índice
ESTE ÍNDICE É INTERATIVO.
Clique na dúvida que você tem para ir à página desejada.

Apresentação .......................................................................................... 4
PRINCIPAIS DÚVIDAS DE ORTOGRAFIA ................................................ 7
O uso de HÁ ou A .................................................................................... 8
O uso de HÁ CERCA DE/A CERCA DE/ ACERCA DE .............................. 9
O caso de MAS, MAIS e MÁS................................................................ 11
O caso do TRÁS e do TRAZ .................................................................. 13
O caso do POR QUE, POR QUÊ, PORQUE ou PORQUÊ .................... 14
O caso de MAL e MAU .......................................................................... 16
ACENTUAÇÃO ........................................................................................ 17
Acento agudo ........................................................................................ 18
5
Acento circunflexo ................................................................................ 19
Til............................................................................................................. 20
PONTUAÇÃO.......................................................................................... 21
Emprego da vírgula .............................................................................. 22
Ponto e vírgula ...................................................................................... 26
Ponto ...................................................................................................... 28
Dois pontos ........................................................................................... 29
Aspas ou travessão - como marcar diálogos? .................................. 30
REGÊNCIA E CRASE ............................................................................... 32
O que é regência? ................................................................................. 33
Regência nominal ................................................................................. 34
Regência verbal ..................................................................................... 36
Casos especiais ..................................................................................... 39
Crase ....................................................................................................... 41
Conclusão .............................................................................................. 43
Quer evoluir mais rápido como escritor? .......................................... 44

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PRINCIPAIS
DÚVIDAS DE
ORTOGRAFIA

7
O uso de HÁ ou A
Um dos erros mais comuns. Muito do problema está no fato que
hoje usamos mais o verbo “ter” e não o “haver” no seu uso
cotidiano.

A maioria confunde “há” do verbo haver (que tem o sentido de


existir) com “a” preposição.

Para nunca mais errar na hora de escrever, substitua o “há/a” por

“ter”, se ainda fizer sentido, o correto é “há”, caso contrário, é a

preposição “a”.

 Há algo de errado com a empresa. (Tem algo de errado

com a empresa.)

 Nós fomos a São Paulo semana passada. (Nós fomos há

São Paulo semana passada.)

8
O uso de HÁ CERCA DE/A CERCA

DE/ ACERCA DE
Parece impossível ver a diferença de primeiro, não é? No entanto,
é mais fácil e lógico do que parece.

Separado, “a cerca de” quer dizer “perto de”, “próximo de”,


“aproximadamente” (esse último apenas em relação a espaço).

 Porto Alegre fica a cerca de 500 km de Florianópolis.

 Estamos a cerca de 100 metros da entrada.

Já quando escrito tudo junto, “acerca de” significa “a respeito de”,


sobre.

 Não tenho nenhum comentário acerca do ocorrido.

 Eles não nada comentaram acerca daquele assunto.

9
“Há cerca de”, com o verbo “haver” no começo (olha ele de novo),
trata de tempo decorrido, sugerindo a ideia de
“aproximadamente”.

 Não vejo João há cerca de 5 anos.

 Conversamos a cerca das provas há cerca de 10 minutos.

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O caso de MAS, MAIS e MÁS
Não adianta fazer cara feia, pois todos já trocamos ao menos uma
vez essas palavras. Elas podem parecer difíceis de serem
separadas, no entanto são, ao continuar a leitura, você deixará de
confundi-las.

“Mas” é uma expressão adversativa que apresenta a ideia de


oposição. Pode ser trocada por “porém”, “contudo”, “todavia”.

 Comemos muito, mas ainda sobrou comida.

 O esforço foi gigantesco, mas não consegui completar a

corrida.

“Mais” acrescenta a ideia de maior quantidade ou intensidade. Ele


também pode servir para comparações e superlativos.

 Ela passou a trabalhar mais durante a semana.

 Sou mais alto que você.


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 Nosso trabalho está mais finalizado.

“Más” é provavelmente o mais difícil de compreender, pois é a


versão no feminino e no plural de “mau”. Significa causar ou fazer
mal (com “L” mesmo como veremos mais abaixo), sem qualidade,
velho, estragado.

 Com certeza, eram más pessoas.

 Elas são más.

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O caso do TRÁS e do TRAZ
Duas palavras que causam muitos problemas para a maioria dos
escritores, contudo, depois dessa dica, você nunca mais cometerá
esse erro.

“Trás” lida com as ideias de posterioridade de tempo (“após”,


“depois de”) ou, na maioria dos casos, espaço (“atrás”, “por trás”,
“detrás”).

Já “traz” vem do verbo “trazer” e tem o sentido de “conduzir”,


“transportar”, “levar”.

Veja a diferença abaixo.

 Eu sempre olho para trás quando caminho sozinho à noite.

 Ele sempre traz algo consigo quando caminha sozinho à

noite.

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O caso do POR QUE, POR QUÊ,

PORQUE ou PORQUÊ
“Por quê?”, você deve estar se perguntando, o porquê e seus usos
são tão difíceis? Porque elas dependem do significado delas
dentro do texto. “Por que ninguém nunca me explica os porquês
de uma forma simples?”, você pragueja. Continue lendo que tudo
se resolverá.

Os separados (“por que” e “por quê”) são perguntas ou remetem a


perguntas. O primeiro (“por que”) vem no começo ou no meio da
frase enquanto o segundo (“por quê”) se localiza no fim da frase,
junto à pontuação ou é uma frase por si só.

 Por que Português é tão difícil?

 Você entende por que eu sou assim.

 Tu sabes por quê?

14
 Por quê?

Já “porque” traz a ideia de “motivo”, “causa”, “explicação”.

 Eu não fui porque estava doente.

 Tive dificuldade porque não estudei este conteúdo.

 Ele chorou porque ela terminou o namoro.

Por fim, “porquê” é um sinônimo de “motivo”, podendo ser


flexionado para o plural.

 O porquê dessa tristeza nunca se saberá.

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O caso de MAL e MAU
Você sabia que essa dúvida é a 9ª dúvida mais pesquisada no
Google? Como somos muitos com a mesma questão,
aprenderemos juntos e unidos nunca mais cometeremos esse
erro.

Há uma dica simples para evitar confusões:

Mal é o contrário de bem. Mau é o contrário de bom.

Entendeu? Para ter certeza, veja os exemplos abaixo.

 Ele estava de mau humor, pois dormira pouco.

 A equipe fez tudo na última hora e mal feito.

Fácil agora, não?

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ACENTUAÇÃO

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Acento agudo
Este é o acento mais comum e usado no nosso idioma. Mesmo
assim, ainda batemos cabeça na hora de saber quando usá-lo ou
não.

Representado por um traço a para a direita ( ´ ), serve para indicar


a silaba tônica de uma palavra, bem como que a vogal que a
recebe deve ser pronunciada de forma mais aberta.

 Baú, sofá, babá, jacaré, dominó

 Álbum, fácil, ágil, ímpar, túnel, sótão

 Plástico, célebre, míope, fósforo, último

No entanto, não esqueça: nem toda sílaba tônica recebe acento.

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Acento circunflexo
O “chapeuzinho” ou “cazinha” ( ^ ) serve também para indicar a
sílaba tônica de uma palavra. Nem todas as vogais podem recebê-
lo, apenas “A”, “E” e “O”. Ao contrário do acento agudo, o
circunflexo fecha o som da vogal que o recebe.

 Você, purê, metrô, camelô, judô

 Câncer, têxtil, bônus, tênis,

 Ângulo, dinâmico, gênero, lâmpada, efêmero

O lembrete do acento agudo também vale para o circunflexo: nem


toda sílaba tônica recebe acento.

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Til
O mais problemático de todos devido ao seu uso simples. Parece
estranho? Continua lendo que já entenderá.

O til ( ~ ), ou “minhoquinha”, sobre as letras “A” e “O” não é um


acento, e sim um sinal gráfico auxiliar. Ele indica nasalização da
vogal que a recebe.

No entanto, nem sempre aponta a sílaba tônica de uma palavra,


uma vez que a mesma palavra pode ter um acento principal.

 Mão, coração, põe, botões

 Órgão, órfão, bênção

20
PONTUAÇÃO

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Emprego da vírgula
O ponto em que muitos escritores morrem é ao tentarem virgular
suas frases. Por ter uma regra ampla, a vírgula causa muita dor de
cabeça. Para facilitar, siga as dicas abaixo.

Vamos do menor ao maior, começando pelas palavras.

A vírgula é uma pausa curta que separa elementos com a mesma


função sintática.

 Ana, João, Clara, José e Luís viajaram ontem.

 Meu pai comprou pão, leite, ovos, arroz e feijão.

 Ana saiu, bebeu, caiu, chorou e sofreu.

Ela também pode separar um aposto ou uma explicação.

 Julia, que trabalhava muito, estava sempre atrasada.

 Eu, o melhor aluno da turma, tirei uma nota baixa.

22
Ainda na parte da frase, a vírgula separa vocativos.

 Mamãe querida, onde estás?

 Diego, venho logo.

 O que você acha, Maria?

Agora chegamos às orações.

A vírgula separa orações todas as que não forem separadas ou


introduzidas por conjunções.

 Eu não quero fazer nada, nem você, nem ninguém.

 Quero aproveitar a vida, viajar muito, conhecer pessoas

legais, ser feliz.

Usamos a vírgula também quando a segunda oração é introduzida


por uma conjunção que não seja “E”.

 Ele não dormiu muito, portanto está cansado.

23
 Tentei, porém falhei.

 Penso, logo desisto.

Antes de pensar, “ah, então não se usa vírgula antes de ‘E’”, veja
que nem sempre é assim.

Em caso de repetição de ênfase, deve-se pôr a vírgula.

 Eu criei o roteiro, e os personagens, e desenhei, e filmei, e

atuei.

Também se usa a vírgula quando o sujeito das orações não é o


mesmo.

 Maria trabalhou muito, e Ana ficou em casa.

 Hemingway viajou o mundo todo, e Salinger conheceu

apenas a França.

Nos outros casos, a vírgula é livre antes do “E”.

24
Se você inverter a ordem das orações, também deve usar vírgula.

 Se beber, não dirija.

 Escrevendo todo dia, você consegue completar a história.

25
Ponto e vírgula
Está entre a pausa longa do ponto e a pausa curta da vírgula.
Indica uma pausa ao mesmo tempo em que lembra que a oração
ainda não terminou.

Pode ser usado para subdividir orações extensas e relacionadas


entre si. Isso ocorre quando já há vírgulas para separar os
elementos das frases.

 Dos autores brasileiros, homenagearem Manuel Bandeira;

dos portugueses, José Saramago; dos moçambicanos, Mia

Couto.

O ponto e vírgula também pode substituir a vírgula ao separar


orações adversativas (mas, porém, contudo, todavia, no entanto).

 Pensei que terminaria o trabalho hoje; porém não foi

possível.
26
 Pretendo chegar no horário; contudo não posso lhe

garantir.

27
Ponto
O ponto, ou ponto final, serve como pausa longa e total de um
período, indicando que este tem um sentido completo.

 Estou com fome.

 Aprendi algo novo hoje.

 Era tudo mais fácil do que eu pensava.

28
Dois pontos
Ao se escrever, este seria o ponto mais crítico a se cuidar. Os dois-
pontos servem para introduzir um discurso direto de um
personagem. Ou seja, uma fala.

 Ele entrou na sala e então disse: “Algo aconteceu.”

 Ela corria pela escuridão enquanto gritava: - Socorro,

socorro.

Também serve para introduzir uma enumeração ou uma citação.

 É preciso de muita coisa: coragem, amor, carinho, paixão e

ousadia.

 Júlio César disse: “Vim, vi e venci.”

29
Aspas ou travessão - como marcar

diálogos?
Não há uma resposta correta, pois ambos podem marcar diálogos.
Tudo dependerá do estilo de quem escreve.

No entanto, ao se escolher um deles, você deve seguir o resto do


texto com ele. Além disso, há pequenas diferenças no uso de cada
um.

O travessão introduz a fala de um personagem apenas no começo.

- Eu não sei o que fazer. Você me ajuda?

- Claro, estou aqui para isso.

Cuidado: devem-se pôr o travessão no fim da fala quando se


introduz a voz do narrador logo na sequência.

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- Eu não sei o que fazer. Você me ajuda? – perguntou a

donzela com ironia.

- Claro, estou aqui para isso – disse o herói.


Já as aspas devem ser introduzidas no início e no fim da fala.

“Eu não sei o que fazer. Você me ajuda?”


“Claro, estou aqui para isso.”

Lembre: o uso de um ou de outro é apenas uma escolha de estilo.


No fim, o resultado será o mesmo.

31
REGÊNCIA E
CRASE

32
O que é regência?
Antes que você saia correndo ou comece a chorar em cima do
teclado, acalme-se. Regência não é um bicho de sete cabeças,
precisa apenas de um pouco de paciência para ser dominada.

Ela é a relação de dependência entre dois termos em uma oração,


sendo que o primeiro termo depende do seu complemento para
ter o sentido completo.

Essa relação se estabelece com uma preposição em ambos os


casos.

Difícil? Siga lendo que vai ficar mais fácil.

33
Regência nominal
É a relação de um nome com o seu complemento. Para isso, ela
faz uso de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo,
um adjetivo ou um advérbio.

O seu complemento, o complemento nominal, deixa o sentido do


nome pleno.

Veja alguns exemplos abaixo.

 Alheio a  Cruel com


 Apto a  Intolerante com
 Oposto a  Exato em
 Visível a  Negligente em
 Amigo de  Versado em
 Dotado de  Apto para
 Inimigo de  Essencial para
 Incapaz de  Apto para
 Sonho de  Ansioso por
 Amoroso com  Responsável por
34
Veja que o mesmo nome pode pedir preposições diferentes
conforme o caso.

Para uma lista mais completa de regência nominal, clique aqui.

35
Regência verbal
A relação é basicamente a mesma, sendo dessa vez entre o verbo
e os seus complementos.

Há dois tipos de verbos importantes de lembrar aqui: os


transitivos diretos e os indiretos.

Os primeiros não tem preposição entre o verbo e o seu


complemento, logo não nos causam problemas.

 João comeu maçã.

 Dei um belo presente.

 Bebi muita água.

Já os transitivos indiretos têm uma preposição e precisam de mais


atenção. Devemos prestar atenção à preposição e,
ocasionalmente, as contrações deles com os artigos que os
seguem (a+o=ao, de+a=da etc.).

36
Veja alguns exemplos abaixo para entender na prática.

Assistir a
 Eu assisti ao filme.

(Se você disser assistir sem a preposição “A” em seguida, o sentido


do verbo será de ajudar, não presenciar.)

Aspirar a
 Ele aspirava ao papel de Hamlet.

Morar em
 Morei em Paris por dois anos.

Tremer de
 Trememos de medo da história.

Morrer de

37
 Ela morreu de susto com o grito.

Encontrar-se com
 Ele se encontrou com Joana no parque.

Sonhar com
 Sempre sonhei com grandes histórias.

Teimar em
 Eu teimei em fazer do meu jeito e me dei mal.

Convidar para
 Ela nos convidou para uma festa à fantasia.

Chorar por
 Chorei pela minha avó a noite inteira.

Interessar-se por
 João se interessou por mim na festa.

38
Para uma lista mais completa de regência verbal, clique aqui.

Casos especiais
Existem alguns verbos que pode gerar confusão, pois funcionam
como transitivos diretos e indiretos. A questão é que há mudança
de sentido em cada caso.

Siga abaixo e veja alguns exemplos de mudança.

 Agradar

Transitivo direto: fazer carinhos. Exemplo: Agrada a esposa

todo aniversário.

Transitivo indireto: ser agradável: Exemplo: Seu discurso

não agrada ao país.

 Aspirar

Transitivo direto: inspirar o ar. Exemplo: Aspirei um aroma


39
muito bom agora.

Transitivo indireto: desejar, ter ambição. Exemplo: Aspiro

ao cargo de prefeito.

Lembre-se do verbo assistir mencionado acima também.

40
Crase
O terror dos terrores, o pior inimigo de oito em cada dez pessoas
que escreve. Há quem ache mesmo impossível domar a regra, no
entanto é só prestar atenção na sequência que ela nunca mais
passará a perna em você.

Primeiro, lembre que a crase é a contração de duas coisas: o “A”


preposição mais o “A” artigo definido feminino. Exatamente nesta
ordem.

Assim, podemos observar que apenas palavras femininas pedem


crase, nunca antes de verbos ou palavras no masculino.

Melhorou? Os exemplos abaixo vão ajudar.

 Estou atento à aula.

 Sua irmã é semelhante à minha.

 Obedeça às regras pelo bem de todos.

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 Assisti à peça ontem e adorei.

Ela também aparece junto a expressões adverbiais, locuções


prepositivas e locuções conjuntivas: à noite à direita, à toa, às
vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à
maneira de, à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança
de, à medida que, à proporção que.

Outras contrações

 a + o = ao
 a + aquele = àquele
 a + onde = aonde
 de + o = do
 de + uma = duma
 de + isto = disto
 em + as = nas
 em + um = num
 em + essa = nessa

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 por + o = pelo
 por + as = pelas

Conclusão
Não vamos fingir que o português é fácil, mas com um guia de

consulta das principais dúvidas, tudo se torna mais simples.

Procure consultar este guia prático sempre que preciso. É melhor

eliminar a dúvida e praticar a escrita. Só assim, você absorverá o

conhecimento.

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