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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO ESPÍRITO SANTO – APM

TECNÓLOGO EM SEGURANÇA PÚBLICA

AL DS CATERINO
AL SD DANIEL SILVA
AL SD ESTEVAM
AL SD INGRID
AL SD JUAN
AL SD LUIZ RIBEIRO

O QUE É MODELO BIOPSICOSSOCIAL. CENTRALIDADE DE TRABALHO


MODOS DE VIDA. CONCEITO DE SAÚDE

CARIACICA
2024
AL DS CATERINO
AL SD DANIEL SILVA
AL SD ESTEVAM
AL SD INGRID
AL SD JUAN
AL SD LUIZ RIBEIRO

O QUE É MODELO BIOPSICOSSOCIAL. CENTRALIDADE DE TRABALHO E


MODOS DE VIDA. CONCEITO DE SAÚDE

Trabalho saúde mental do trabalhador apresentado ao curso de tecnólogo em


segurança pública.

Docente: Prof. Letícia Garcia de Oliveira

CARIACICA
2024
1 INTRODUÇÃO

O modelo biopsicossocial é uma abordagem que considera os aspectos biológicos,


psicológicos e sociais na compreensão da saúde e da doença. Ele reconhece a
interação complexa entre fatores físicos, mentais e sociais, destacando a importância
de uma abordagem holística na medicina e na saúde. Essa perspectiva busca
compreender como fatores biológicos (genética, saúde física), psicológicos (mente,
emoções) e sociais (cultura, ambiente) influenciam o bem-estar geral de uma pessoa.
Diferente de abordagens voltadas para doenças ou transtornos, o modelo
biopsicossocial visa entender o ser humano em todas as suas nuances com foco em
promover a qualidade de vida. Dessa forma, nessa abordagem terapêutica se faz uma
análise abrangente das características pessoais que compõem cada paciente
(BALDISSERA, Olívia).

Tantos fatores biológicos, psíquicos e sociais são levados em conta para a


compreensão integral das queixas e definição de uma proposta terapêutica
personalizada. De fato, o modelo biopsicossocial trouxe uma nova forma de abordar
a saúde mental. A centralidade do trabalho, entendida como a relevância atribuída
pelo indivíduo à sua atividade laboral em comparação com outras dimensões da vida,
reflete uma trajetória histórica complexa. Desde ser considerado um castigo indigno
até evoluir para um meio de subsistência na era moderna, o trabalho alcançou novos
significados na contemporaneidade, incluindo a busca por relações interpessoais e a
realização de metas. A atualidade também trouxe uma distinção entre trabalho
operacional e intelectual. Em 1942, Albert Camus publica seu ensaio filosófico
intitulado de “O mito de Sisifo”, trazendo consigo a ideia do absurdo e a inutilidade do
trabalho sem sentido (MAAR, Wolfgang).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência
de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Nessas
condições, não se poderá certamente falar em “perfeito bem-estar social”. Entende-
se que, para fins de estatísticas de saúde, as formas de “avaliação externa” sejam
necessárias; não seria exequível “qualitativar-se” esse tipo de mensuração. Essas
reflexões e as que se seguirão são cabíveis para que o estudioso de ciências de saúde
possa “pensar” melhor sua matéria. Portanto dever se ter conhecimento sobre esses
diversos aspectos para o tratamento e o auxílio das patologias decorrentes destas
doenças, sendo desenvolvida ao longo do texto (SEGRE, Marco).
2 DESENVOLVIMENTO

Tal vertente da psicologia tem como foco a promoção da saúde física e mental (não
simplesmente tratar doenças). Foi fundada pelo médico psiquiatra Nortea Americano
George L. Engel no final da década de 70. Na ocasião, Engel fez uma publicação na
renomada revista científica Science, sugerindo uma terapia com intervenção holística
do ser humano. A divulgação desse material científico impactou a comunidade dos
profissionais da saúde, pois traçou comparações entre o modelo biopsicossocial e o
biomédico. A medicina e a psicologia modernas são alicerçadas em princípios
cartesianos do pensamento.

Em outras palavras, tais ciências usam critérios racionais rigorosos e metódicos para
estabelecer boa parte das suas abordagens. Com o modelo biopsicossocial propõe-
se levar em conta, no processo de entendimento das necessidades dos pacientes,
não só físicos mensuráveis, como também aspectos: sociais, sentimentais;
emocionais, culturais, familiares, ambientais, espirituais (RONZINI, Telmo).

Isso teve uma grande importância, pois trouxe de volta conhecimentos antigos usados
em uma época prévia ao surgimento do método científico e permitiu uma análise mais
multidisciplinar do ser humano.

A inovação no Cuidado em Saúde, alinhada à Funcionalidade, visa a inclusão de


tecnologias custo-efetivas, contribuindo para reduzir lacunas. Apesar das
possibilidades de avanços em saúde, a necessidade de compartilhar persiste,
destacando a importância do registro do impacto das condições de saúde na
funcionalidade para promover o Bem-Estar Social. Estratégias de utilização do Modelo
Biopsicossocial, mesmo sem a incorporação inicial dos códigos da CIF - Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, como instrumento de
qualificação da avaliação do trabalhador, o objetivo geral da classificação é
proporcionar uma linguagem unificada e padronizada e uma estrutura que descreva a
saúde e os estados relacionados à saúde, descreve a funcionalidade e a incapacidade
relacionadas às condições de saúde, identificando o que uma pessoa "pode ou não
pode fazer na sua vida diária", tendo em vista as funções dos órgãos ou sistemas e
estruturas do corpo.
O trabalho desempenha um papel crucial na construção de diferentes aspectos da
vida. A sociedade contemporânea muitas vezes demanda certo poder econômico,
onde o dinheiro atua como combustível para impulsionar o mundo, proporcionando
lazer, saúde de qualidade e investimentos na evolução pessoal. Analogamente ao
combustível obtido por processos trabalhosos, o dinheiro, como fonte para sustentar
diversos pilares da vida, exige esforço e dedicação no processo de aquisição. Nessa
perspectiva, o trabalho é encarado como meio para atingir fins mais amplos.

O trabalho influencia no ciclo social, nas opiniões, no status social, nos sonhos e até
mesmo no carácter, já dizia Leonardo Boff que “todo ponto de vista é a vista de um
ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual
é a sua visão do mundo”. O ponto de vista que alguém sustenta acerca dos diversos
assuntos que lhe são desafiados a opinar está diretamente vinculado à posição que
ele ou ela ocupa no campo social (FERREIRA, Antonio).

Em uma rasa interpretação filosófica do livro “O mito de Sísifo” de Albert Camus,


observa-se a questão do absurdo de uma vida maquinal e sem significado, o mesmo
retrata a história de Sísifo (ser mitológico) que foi punido pelos deuses (Zeus e Hades),
ele foi condenado a empurrar uma pedra até o topo de uma montanha e ao chegar ao
cume desta, a pedra novamente rolava e Sísifo deveria repetir o processo por toda
eternidade, analisemos aqui um trecho do livro “Pensaram, com certa razão, que não
há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança”, ou seja, o trabalho sem
objetividade e sem propósito, nada mais é que um penar (CAMUS, Albert).

Saúde deveria expressar o direito a uma vida plena, sem privações. Um conceito útil
para analisar os fatores que intervêm sobre a saúde, e sobre os quais a saúde pública
deve, por sua vez, intervir, é o de campo da saúde (health field), formulado em 1974
por Marc Lalonde, titular do Ministério da Saúde e do Bem-estar do Canadá país que
aplicava o modelo médico inglês. De acordo com esse conceito, o campo da saúde
abrange: a biologia humana, que compreende a herança genética e os processos
biológicos inerentes à vida, incluindo os fatores de envelhecimento; o meio ambiente,
que inclui o solo, a água, o ar, a moradia, o local de trabalho; o estilo de vida, do qual
resultam decisões que afetam a saúde: fumar ou deixar de fumar, beber ou não,
praticar ou não exercícios; a organização da assistência à saúde (SCLIAR, Moacyr).
No que tange o ramo policial militar e seu curso de formação, sabe-se que o meio
militar é moldado de uma vida embasada em rotina, o que por vezes pode retirar o
foco do profissional de si mesmo, causando uma visão de túnel, proporcionando para
ele um ambiente de trabalho pesado, um lugar de agonia. A centralidade do trabalho
vai ao encontro com a ideia de Camus neste ponto específico, a busca pelo sentido
no trabalho repetitivo, esse em si é de onde vem os demais proventos, através desse
ele obtém um dos principais combustíveis para a melhoria pessoal e profissional, ou
seja, analisa-se o trabalho não como etapa final, ou uma maldição tal qual fostes
condenados, mas sim como um meio para o fim, um transporte para o seu destino
final, seja ele uma melhoria financeira, uma capacitação profissional, ou até mesmo o
lazer.

No processo de formação de soldado da polícia militar, muitas vezes o aluno busca


focar apenas no final da estrada, em sua formação, ele abandona o lugar onde está
atualmente e deixa de viver o processo, passa os dias em angústia e agonia, pois
acredita que o curso em si seria seu penar, sua pedra a carregar, ele não consegue
ver sentido no processo, por vezes não consegue entender que aquele estágio em
questão moldará seu ser em diversos aspectos, que esse será o seu transporte final
para o seu objetivo final.

A assistência médica, os serviços ambulatoriais e hospitalares e os medicamentos


são as primeiras coisas em que muitas pessoas pensam quando se fala em saúde.
No entanto, esse é apenas um componente do campo da saúde, e não
necessariamente o mais importante; às vezes, é mais benéfico para a saúde ter água
potável e alimentos saudáveis do que dispor de medicamentos. É melhor evitar o fumo
do que submeter se a radiografias de pulmão todos os anos. É claro que essas coisas
não são excludentes, mas a escassez de recursos na área da saúde obriga, muitas
vezes, a selecionar prioridades (SCLIAR, Moacyr).
3 CONCLUSÃO

Portanto, a prática da abordagem biopsicossocial tem proporcionado uma


compreensão bastante confortável e ampla do mundo do trabalho. Consoante com os
pressupostos da teoria de sistemas, concebe as unidades que compõem o trabalho
como subsistemas abertos e propensos a gerar modificações e a modificar o meio.

Nesse sentido, percebemos a inserção de um outro olhar que considera os atributos


e os traços dos indivíduos. O homem-trabalhador é julgado a partir da observação de
seu comportamento. Caso seu comportamento seja diferente daquele desejado,
percebe-se a presença de desvios. Os desvios podem ser formas de somatizar
restrições, violências e insatisfações presentes nos processos de interação dentro das
organizações.

O trabalho não apenas molda a esfera individual, mas exerce uma influência
significativa no ciclo social, nas opiniões, no status social, nos sonhos e até mesmo
no caráter das pessoas. A citação de Leonardo Boff destaca a importância do ponto
de vista individual, que é intrinsecamente ligado à posição social ocupada. A análise
filosófica do mito de Sísifo, conforme apresentado por Albert Camus, ressalta a
penosidade do trabalho sem propósito.

Neste sentido, compreender e analisar a saúde do trabalhador contribuirá para o


desenho de estratégias de prevenção e de enfrentamento de doenças relacionadas
ao trabalho, que poderão melhorar a qualidade de vida, possibilitando a adoção de
medidas profiláticas nos diferentes níveis assistenciais de saúde.
REFERÊNCIAS

BALDISSERA, Olívia. Modelo biopsicossocial: dê adeus à separação entre saúde


física e mental. Pós Pucpr Digital. Disponível em:
https://posdigital.pucpr.br/blog/modelo-
biopsicossocial#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20o%20modelo,estar%20no%20or
ganismo%20do%20paciente. Acesso em: 23 de dezembro 2023.

SEGRE, Marco. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública. v. 31. N.5. p. 548-42.
1997.

MAAR, Wolfgang. Dialética da centralidade do trabalho. Ciência e cultura. São


Paulo. v. 58, n. 4. out/dez. 2006.

RONZINI, Telmo. et al. Determinantes sociais de drogas: revisão sistemática da


literatura. Psicologia clínica e cultura. Brasília. v. 39. 2023.

FERREIRA, Antonio. Todo ponto de vista é a vista de um ponto ou Em defesa da


igualdade de gênero no governo. Migalhas. 2016. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/240054/todo-ponto-de-vista-e-a-vista-de-um-
ponto-ou-em-defesa-da-igualdade-de-genero-no-governo. Acesso em: 1 de
fevereiro 2023.

CAMUS, Albert. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Livros do Brasil.1943.

ANDRADE, Silvia Patricia Cavalheiro de., et al. Psicologia e trabalho: apropriações e


significados. Rev. adm. contemp. São Paulo. v. 14, n. 5, p. 986-988. set/out. 2009.

FACCHINI, Luiz. A Declaração de Alma-Ata se revestiu de uma grande relevância em


vários contextos. Fiocruz. Disponível em:
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/a-declaracao-de-alma-ata-se-revestiu-
de-uma-grande-relevancia-em-varios. Acesso em 04 de janeiro de 2024.

SCLIAR, Moacyr. História do conceito de sáude. Rev. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro.
v.17. n.1 p.29-41.2007.

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