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PROCEDIMENTOS
TÉCNICOS DA
TRADUÇÃO:
Umo novo proposto
3° EDIÇÃO
Pontes
PROCEDIMENTOS
TÉCNICOS DA
TRADUÇÃO:
Uma novo proposto
3a EDIÇÃO
INCLUI POSFÁCIO
Copyright © 1990 - Heloisa Gonçalves Barbosa
Coordenação Editorial: Pontes Editores
Editoração e capa: Eckel Wayne
Revisão: Joana Moreira
PONTES EDITORES
Rua Francisco Otaviano, 789 - Jd. Chapadão
Campinas - SP - 13070-056
Fone 19 3252.6011
ponteseditores@ ponteseditores.com.br
www.pontcscditores.com.br
Bibliografia.
ISBN 978-85-7113-032-6
C D D -4 1 8 .0 2
418.02028
PROCEDIMENTOS
TÉCNICOS DA
TRADUÇÃO:
Uma nova proposto
3a EDIÇÃO
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PonU 's
Todos os direitos desta edição reservados a Pontes l 'ditores Ltda.
Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer midia
sem a autorização escrita da Editora.
Os infratores estão sujeitos às penas da lei.
A Editora não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta publicação.
C o n s e l h o E d it o r ia l :
Angela B. Kleinian
(Unicamp -Campinas)
Edleise Mendes
(UFBA ~ Salvador)
Rogério Ti lio
(UFRJ Rio de Janeiro)
Suzete Silva
(UEL Londrina)
John 1:1
Jo ã o 1:1
AGRADECIMENTOS
1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................................11
2 - MODELOS DE TR A D U Ç Ã O ............................................................................................19
2.1 Análise dos m odelos............................................................................................................22
2.1.1 Tradução Direta vs Tradução Oblíqua: O Modelo de Vinay e D arbelnet..............22
2.1.2 Equivalência Formal vs Equivalência Dinâmica: O Modelo de N id a.................... 34
2.1.3 Os Quatro Modelos de C atford.......................................................................................38
2.1.4 Tradução Literal vs Tradução Oblíqua: O Modelo de Vázquez-Ayora................. 46
2.1.5 Tradução Semântica vs Tradução Comunicativa: O M odelo de New m ark............53
2.2 RESUMO DOS MODELOS................................................................................................... 61
5 - CONCLUSÃO................................................................................................................... 113
UITTRÊNCIAS...................................................................................................................... 123
INTRODUÇÃO
11
literatura, como será visto adiante. A terceira r iillimn pieiulc-se à po
sição entre a tradução técnica e a literária c se relíele lanío na literatura
(cf. LEFEVERE, 1977; MAILLOT, 1975; PORTIN1IO, 1984; ROCHA,
1982; TATE, 1970; WANDERLEY, 1983, por exemplo), como nas tabe
las de preços cobradas por tradutores juramentados (cf. Associação dos
Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais - RJ, 1988) e autónomos
(cf ABRATES-RJ, 1988).
Uma vez que é inegável o grande volume de traduções realizadas a todo
instante, em todo o mundo, atualmente, abandonei, de imediato, a ideia de
efetuar minha reflexão no campo da primeira área de tensão - a possibilida
de ou impossibilidade da tradução - por parecer-me estéril esta discussão.
A oposição entre tradução livre e literal, por outro lado, pareceu-me
uma questão central para qualquer investigação acerca dessa atividade,
pois o que está em jogo aqui é o modo como a tradução deve ser feita ou
não. Além disso, esta questão engloba também a terceira área de tensão,
ou seja, a tensão entre a tradução literária e a técnica, pois esta oposição,
tal como a tensão entre a tradução livre e a literal, é também uma oposi
ção entre dois “modos de traduzir” (um supostamente adequado ao texto
literário, outro ao texto técnico) que é a questão que desejo tratar, através
dos procedimentos técnicos da tradução.
Para deixar mais claro este ponto, é preciso voltar atrás um pouco,
tcccr algumas considerações de caráter geral e histórico.
Todos - leigos, clientes, consumidores, críticos e tradutores - têm
uma noção instintiva, uma expectativa, daquilo que uma tradução é ou
deve ser: fiel ao original (cf. AUBERT, 1983, p. 3). Para muitos, esta
fidelidade é sinônimo de literalidade, como o cliente que deseja a tradução
de um documento e indaga: “Mas essa tradução que a Sra. faz é literal,
palavra por palavra?” Do mesmo modo, a fórmula para a juramentação
de uma tradução nos Estados Unidos inclui a garantia de que a mesma foi
feita palavra por palavra, “implicando simultaneamente em literalidade e
exaustividade” (AUBERT, 1987, p. 17-18).
12
( lu'i'ii il Inis extremos esln vnloiï/uçiïo da fidelidade à Ibrma que,
assinala Nula ( l%4), allumas populações prelerem que seja dada ao
texlo bíblico uma tradução totalmente fiel à forma, totalmente literal,
mesmo que seu resultado seja uní texto incompreensível para os falantes
da língua da tradução (doravante LT).
A questão da fidelidade, portanto, remete imediatamente à tensão
entre conteúdo e forma: a tradução deve ser literal, palavra por palavra,
mantendo estrita fidelidade à forma, ou deve não se preocupar com a
Ibrma e se manter fiel apenas ao conteúdo, ou deve, ainda, ser alguma
outra coisa?
13
domínio de operações mentais'''' (BORDENAVE, 1987, p. 2), optei por
focalizar minha atenção sobre os procedimentos técnicos da tradução
enquanto desdobramento da questão da oposição entre tradução livre e
literal. Pareceu-me que a definição de procedimentos aplicáveis à prática
da tradução serviria de diretriz tanto para o tradutor como para o aluno.
Nesse campo, sobressai o trabalho de Vinay e Darbelnet (1977) por
terem sido estes dois autores os primeiros (em 1958) a descrever os proce
dimentos técnicos da tradução2. Sua exposição é objeto dc cursos, desde
os livres até aqueles no nível de pós-graduação, de artigos publicados (cf.
AUBERT, 1978,1981, 1983,1987 e s/d; CAMPOS, 1986a cb; DUTRA,
1983; PAIVA, 1981/82; SANTOS, 1977 e SOUSA-AGUIAR 1980,
por exemplo), de dissertações de mestrado (ALVES, 1983; COELHO,
1988; QUEIRÓS FILHO, 1976, por exemplo) e dc teses de doutorado
(FREGONEZI, 1984, por exemplo) dentro do país, sem falar na atenção
que lhe devota a literatura internacional, onde sua obra é presença quase
constante nas listas bibliográficas de obras publicadas - ou seja, se não
é objeto de discussão direta, é, ao menos, parte das leituras feitas pelos
diversos estudiosos da matéria.
Tendo tomado conhecimento dos procedimentos técnicos da tradução
através das fontes mencionadas no parágrafo acima, minhas leituras em
torno do assunto visaram responder a uma série de indagações a respeito
dos procedimentos técnicos da tradução tal como expostos por Vinay e
Darbelnet ( 1977) e tal como discutidos na literatura disponível. Em pri
meiro lugar, seriam eles uma chave para a compreensão das operações
mentais envolvidas no ato tradutório? Seriam estes procedimentos apenas
uma série de “boas Meias”, de “achados”, sem status de generalização
suficiente para a formulação de teorias? Ou seriam apenas uma tentativa
ad hoc de descrever os vários problemas que encontra o tradutor no exer
cício de sua profissão? Até que ponto as teorias lingüísticas mais recentes
utilizadas no trabalho de investigação do ato de traduzir contribuiriam
2 No dizer de Mounin (1975, p. 20), inclusive: ‘Telo que sabemos, J. P. Vinay e J. Darbelnet
foram os primeiros a se dispor a escrever um compcmiio de tradução que reivindicasse um
status científico’’.
14
pina mu onlcndimonlo mais eselarooedoeda concepção inicial de Vinay c
I )arbclnol ( 1977) sobeo os proccdimcnlos técnicos da tradução? Até que
ponto a calcgorização dos procedimentos técnicos da tradução, proposta
por Vinay o Darbelnet ( 1977), e reproduzida nas obras que os seguem, é
útil para o ato de traduzir e, assim, para o ensino da tradução?
Visando responder a estas perguntas, iniciei um exame da literatura
disponível sobre tradução, o que logo me deixou claro qual deveria ser o
en loque a dar à minha reflexão: realizar uma pequena tentativa de recarac-
lerizar e recategorizar os procedimentos técnicos da tradução descritos por
Vinay e Darbelnet (1977) à luz tanto da revisão da literatura disponível,
como de minha experiência como tradutora e professora de tradução.
A prática da tradução c do ensino da matéria já me haviam permiti
do constatar que a descrição dos procedimentos tradutórios efetuada por
Vinay e Darbelnet (1977) era insatisfatória e incompleta, embora fosse
de relativa simplicidade - pois enumera apenas sete procedimentos, hie-
rarquizados segundo a dificuldade de realização do tradutor (cf. VINAY
c DARBELNET, 1977, p. 46-55).
A experiência de tradutora e professora de tradução e a conseqüente
visão da tradução como uma atividade humana permitem a atribuição de
uma grande importância aos procedimentos tradutórios, que vejo como
uma tentativa de responder à pergunta “como traduzir?”, e de estabelecer
o que de fato acontece no ato da tradução.
A fim de responder à pergunta “como traduzir?”, a literatura dis
ponível busca subsídios cm várias áreas do conhecimento —análise do
discurso, antropologia ou lingüística antropológica, estética, estilística,
filosofía (especificamente a filosofia da linguagem), informática, in
teligência artificial, lexicografía, lingüística, lógica, neurofísiologia,
psicolinguística, psicologia cognitiva, semiótica, sociolinguística, teoria
da comunicação e teoria literária, por exemplo (cf. ARROJO, 1988;
BASSNETT-McGUTRE, 1978; BORDENAVE, 1988). Efetua também o
exame de traduções existentes, e de trabalhos de alunos, como método de
15
trabalho para encontrar soluções para o problema que se propõe resolver.
Considero esta metodologia compatível com os métodos da lingüística
aplicada, conforme o exposto em Cavalcanti (1986).
Assim sendo, em vista da importância que atribuí aos procedimentos
técnicos da tradução, e havendo detectado falhas na descrição de Vinay e
Darbelnet (1977), procurei, em uma primeira etapa, subsídios teóricos na
literatura disponível na área da tradução que abordassem especificamente
este assunto, a fim de encontrar soluções para a questão que me propus,
ou seja, responder à pergunta “como traduzir?” através da formulação de
procedimentos técnicos da tradução.
Esta primeira etapa de meu trabalho é apresentada no Capítulo 2
da presente obra, onde faço uma revisão comentada da literatura. Em
primeiro lugar, apresento uma breve descrição desses procedimentos
segundo Vinay e Darbelnet (1977), os pioneiros em efetuá-la, catego
rizando-os como procedimentos da “tradução direta”, ou da “tradução
indireta” (cf. VINAY e DARBELNET, 1977, p. 46-55). Em seguida,
procurando manter uma ordem cronológica, apresento o modelo de Nida
(1964), que se recorta em vista da tensão entre a “equivalência formal” e
a “equivalência dinâmica” (cf. NIDA, 1964, p. 165-175,225); os quatro
modelos de Catford (1965); o modelo de Vázquez-Ayora (1977), que
revê os procedimentos técnicos da tradução segundo a tensão entre a
“tradução literal” e a “tradução oblíqua” (cf. VÁZQUEZ-AYORA,
1977, p. 257-266); finalizando com o modelo dc Newmark (1981), que
estabelece a tensão entre “tradução semântica” e “tradução comunica
tiva” (cf. NEWMARK, 1981, p. 38-40).
Em uma outra etapa, utilizei estes procedimentos nas traduções que
realizei (como fizeram SOUSA-AGUTAR, 1980 e CUBRIC, 1984) bem
como nas traduções efetuadas por meus alunos, com minha orientação,
além de detectá-los cm traduções existentes (como fizeram PAIVA,
1981/82; ALVES, 1983; FREGONEZI, 1984eCOELHO, 1988). Assim,
não parti de um corpus delimitado para efetuar minha reflexão.
16
lisia elapa de men Irabalho aparece nesle livro sob a forma dos
exemplos que apresento. Uma parle deles loi retirada da literatura e inclui
exemplos em inglês, francês, espanhol, alemão e hindi. Ao apresentar
minhas formulações, entretanto, procurei apresentar sempre exemplos
retirados diretamente de meu trabalho, a tradução entre o português e o
inglês, acrescentando exemplos cm franccs, espanhol, italiano, alemão c
russo onde se fizeram necessários.
Após percorrer as etapas descritas acima, cheguei à conclusão dc
que os procedimentos técnicos da tradução acrescentados por outros
autores aos descritos por Vinay e Darbelnet (1977), bem como diversas
modificações que fizeram dessa primeira descrição, pareciam ser úteis no
sentido de ampliar o alcance da descrição e de esclarecer melhor o que é
de fato realizado no ato da passagem dc uma língua para outra.
Verifiquei, no entanto, que havia discrepâncias entre as categori-
zações efetuadas pelos autores examinados, englobando divergências
terminológicas e modos diversos de recortar os procedimentos descritos.
Por acreditar que uma recaracterização destes procedimentos, que
aglutinasse de modo coerente às descrições dos autores examinados, ao
mesmo tempo em que eliminasse as discrepâncias encontradas, poderia ser
útil para o tradutor - que encontraria nesses procedimentos recaracteriza-
dos um amplo elenco de modos de traduzir a seu dispor para o professor
e o aluno de tradução - cuja tarefa seria facilitada pela disponibilidade
desses procedimentos - e para futuras pesquisas na área - que contariam
com um novo ponto de partida - é que me propus a tarefa de efetuar uma
recaracterização dos procedimentos técnicos da tradução, cujo resultado
apresento no Capítulo 3 deste livro.
O trabalho que desenvolvi até este ponto permitiu-me também
concluir que as categorizações dos procedimentos técnicos da tradução
propostas pelos autores examinados não refletem o que de fato ocorre
no ato da tradução, nem contribuem para um melhor esclarecimento dos
fatores com que se defronta o tradutor em sua tarefa. Isto porque todos
17
os modelos examinados categorizam os procedimentos técnicos da tra
dução dispondo-os ao longo de dois eixos diametralmente opostos: o da
tradução literal e o da tradução não literal, reproduzindo a tensão entre
estes dois modos de traduzir, que é a mais antiga controvérsia em torno
da tradução, como foi visto acima.
Diante desta constatação, propus-me também a tarefa de tentar ofe
recer uma nova proposta de categorização dos procedimentos técnicos da
tradução. Assim sendo, no Capítulo 4 deste livro, discuto duas propostas
de recategorização dos procedimentos tradutórios.
Na primeira delas, efetuei uma tentativa de categorizar os procedi
mentos técnicos da tradução de acordo com a frequência com que ocor
rem na tradução, verificada a partir de traduções existentes. Fui, todavia,
obrigada a abandonar esta proposta, pois não encontrei, na literatura
disponível, subsídios para viabilizá-la.
Na segunda, em lugar de se distribuírem ao longo do eixo divisório
entre uma tradução que é literal e outra que não é literal, os procedi
mentos tradutórios se categorizam de acordo com o grau de divergência
entre as duas línguas que entram cm contato através do ato tradutório. A
tradução literal é vista como uma instância de elevada identidade formal
e cultural entre as duas línguas que se confrontam na tradução. As ins
tâncias de maior divergência entre as línguas são analisadas como sendo
de divergência lingüística, ou estilística, ou da realidade extralinguística,
dispondo-se os demais procedimentos tradutórios ao longo desses eixos.
Ao meu ver, esta é a categorização mais adequada dos procedimen
tos técnicos da tradução. Como será visto adiante, no corpo do presente
trabalho, não encontrei na literatura disponível qualquer abordagem que
caracterizasse ou categorizasse os procedimentos tradutórios nos modos
que expus acima.
No Capítulo 5 apresento uma breve conclusão deste trabalho.
18
2
MODELOS DE TRADUÇÃO
19
enormes quantidades de documentos por ela elaborados. Para que
se treinassem esses profissionais, era necessário um estudo objetivo
daquilo que constitui a tradução e de como esta se realiza (cf. HER
BERT, 1968).
Os estudos acerca da tradução tomaram maior impulso a partir dos
anos cinqüenta, lindo o conflito da Segunda Guerra Mundial e parcial
mente superados seus efeitos, através dos esforços pela paz entre os po
vos, consubstanciados na formação de organismos internacionais, como
a Organização das Nações Unidas, nos quais o francês se viu deslocado
como a língua franca da diplomacia, e nos quais foi dado peso igual aos
idiomas das nações fundadoras, originando, assim, a necessidade de
grande volume de traduções (cf. HERBERT, 1968).
O impacto dessa quantidade de traduções de aplicação prática ime
diata fez com que a tradução deixasse de ser uma preocupação essencial
mente de autores-escritores diletantes na área, para inscrever-se na pauta
de estudiosos informados por teorias lingüísticas e, mais especificamente,
na pauta de linguistas aplicados, já que a tradução é uma instância de uso
da linguagem, um caso de interação à distância mediada pelo texto (cf.
CAVALCANTI, 1986, p. 8), envolvendo duas línguas.
Dentre os linguistas que primeiro se ocuparam da tradução está
Mounin (1955, 1975, 1976a e b e 1980), cuja obra se volta consistente
mente para o tema c que se tomou clássica e fundamental para o estudo
da matéria. Mounin (1975) apoia-se em vários aspectos da lingüística de
seu tempo, funcional e estrutural, inclusive a lingüística antropológica,
c aborda vários aspectos da tradução, até mesmo sua possibilidade ou
impossibilidade, mas logo se rende à evidência da produção nesta ativi
dade, e afirma: “... tradutores existem, eles produzem, recorremos com
proveito às suas produções” (MOUNIN, 1975, p. 19).
Assim, validada pela sua própria existência, e definida por Mounin
(1975, p. 22) como uma operação lingüística,
20
"pois eoiiipoi lu, I>iiM( iii i h‘i ill*, mi in série tic análises e de ope-
ravoes especilicm nenle d e p en d e n te s da língua e susceptíveis
de serem niais e m elhor esclarecidas pela ciencia lingüística
aplicada corretamente do qu e por qualquer em pirism o artesanal"
21
A esta visão de como deve ser uma tradução denominei “modelo” (ou
paradigma, of. KUHN, 1970), pois é esta concepção que vai determinar
o modo como são categorizados os procedimentos técnicos da tradução,
e também os critérios que são apontados para que sejam selecionados
como válidos em um determinado ato tradutório.
Um trabalho que pretende analisar os procedimentos técnicos da tra
dução a partir da descrição pioneira de Vinay e Darbelnet (1977) precisa
confrontá-los com o tratamento dado a eles na literatura, por alguns outros
autores. Para fazê-lo, é preciso examinar primeiro os modelos de tradução
dos autores selecionados, bem como examinar os subsídios teóricos que
utilizam para defini-lo, o que passo a fazer em seguida.
22
11 no, secundo Mal blanc ( 1977, p. 2), “no cxpl ¡citar a teoría lingüística de
I'. de Saussure, criou o estudo da estilística francesa”.
23
É visando a, na tradução, produzir um texto idêntico ao que “sairia
espontaneamente de um cérebro monolingue, em resposta a uma situação
comparável sob todos os pontos de vista”, o que implicaria em um afasta
mento da tradução apenas literal - que nem sempre teria como resultado
a forma mais natural, tal como definida acima - , que Vinay e Darbelnet
(1977, p. 46-55) enumeram os procedimentos técnicos da tradução.
Para Vinay c Darbelnet (1977, p. 46-55), os procedimentos técnicos
da tradução distribuem-se ao longo de dois eixos, o da tradução direta e
o da tradução oblíqua como se vê no quadro abaixo:
EMPRÉSTIMO
TRADUÇÃO DIRETA DECALQUE
TRADUÇÃO LITERAL
TRANSPOSIÇÃO
MODULAÇÃO
TRADUÇÃO OBLÍQUA
EQUIVALÊNCIA
ADAPTAÇÃO
A tradução oblíqua, por outro lado, é aquela que não é literal. Isto
porque há casos em que a tradução literal não é possível pois, segundo
Vinay e Darbelnet (1977, p. 49), o texto que produziria na LT poderia:
24
¡i) 1er simililleudo diverso do original,
h) nao 1er significado,
c) ser eslruluralmenle impossível,
d) nao 1er correspondência no contexto cultural da LT,
e) 1er correspondência, mas não no mesmo registro.
25
da LO, mais fácil sua realização, estando, assim, os pi imciros o emprés
timo, o decalque e a tradução literal - no âmbito da tradução direta, e os
demais - a transposição, a modulação, a equivalência e a adaptação ,
no âmbito da tradução oblíqua, que é a que, em busca do sentido, mais
se afasta da forma do TLO e, portanto, seria mais difícil para o tradutor.
O primeiro procedimento da tradução direta, o empréstimo, é o mais
fácil de todos, segundo Vinay e Darbelnet (1977), pois consiste em co
piar, ou utilizar a própria palavra da LO no texto da LT (doravante TLT).
Vinay e Darbelnet (1977) afirmam que este procedimento deve ser usado
quando não houver, na LT, um significante que tenha o mesmo significado
expresso pelo significante empregado no TLO, como no exemplo abaixo
onde, não tendo a língua francesa um posto equivalente ao do coroner2
anglo-saxônico entre seus magistrados, foi realizada a tradução através
de um empréstimo (cf. VINAY e DARBELNET, 1977, p. 47):
26
I)c Jiilo, de acordo com a definição de Vinay. e Darbelnet (1977),
o empréstimo não constitui uma tradução. Não corresponde à definição
de Iradução oferecida por Catford (1965, p. 20, q.v. 2.1.3, p. 35), que é:
“substituição de material textual em uma língua (LO) por material textual
equivalente em outra língua (LT)”. Na verdade, o empréstimo é a manu-
lenção tie material textual da LO na LT.
Aparentemente, para Sousa-Aguiar (1980, p. 50), a colocação
do empréstimo como procedimento anterior à Iradução literal também
pareceu inadequada, pois inicia seu comentário do modelo de Vinay e
Darbelnet (1977) pela descrição da tradução palavra por palavra.
Vázquez-Ayora (1977) vai ainda mais longe, eliminando de seu modelo
lauto o empréstimo como o decalque.
Vinay e Darbelnet (1977) consideram o segundo procedimento da tradu
ção direta, o decalque, como um caso particular do empréstimo. Isto porque
o empréstimo refere-se a palavras isoladas, enquanto o decalque cstcnde-sc
aos sintagmas.
Para Vinay e Darbelnet (1977), há dois tipos de decalque. O primei
ro, chamado decalque de expressão, utiliza palavras já existentes na
língua da tradução, respeitando também sua estrutura sintética, o que é
exemplificado por Vinay e Darbelnet ( 1977, p. 47) como aparece abaixo:
Season ’s Greetings.
Compliments de la Saison.
27
Já o segundo tipo, chumado de ikralquc de estrutura, iililizu as pala
vras da LT, embora em construções sintéticas estranhas a ela, como no
exemplo abaixo, fornecido por Vinay e Darbelnet ( 1977, p. 47):
science-fiction
I ' 1
science-Jidion
28
him Vinay e Darbelnet (1977), a tradução literal c, cm principio,
uma soluçào completa cm si mesma, única c reversível, pois a retra-
diiçíío (cria como resultado precisamente o texto original.3 Oferecem o
NCjuimle exemplo (cf. VINAY e DARBELNET, 1977, p. 48):
29
I lá casos, porém, cm que a transposição é obrigatória, como no exem
plo da tradução dofrancês para o inglês citada por Vinay e Darbelnet ( 1977,
p. 50), uma vez que o inglês não possui uma outra construção equivalente
mais próxima do original em franccs:
30
do repeilório fraseológico, clos idiotismos, clichés, proverbios, interjeições
c onomatopéias.
31
Neste caso, o anglo-saxônico beijo que o pai dá à filha na boca é subs
tituído por um terno abraço em francês, já que na cultura dos povos falantes
deste segundo idioma não existe o primeiro comportamento.
Ao descrever estes procedimentos, Vinay e Darbelnet (1977) deixam
claro também que, em um determinado segmento de texto, poderão ser
usados, concomitantemente, mais de um procedimento técnico da tradu
ção, como pode ser visto em um dos exemplos citados acima (q.v. p. 29):
A B C D E F G
32
m I VATh:
DEb'ENSE I) ’ENTER
33
Observe-se que, nesse tesle, estão colocados, os principios que
norteiam a tradução para Vinay e Darbelnet (1977). () primeiro deles é a
manutenção do significado do TLO ao passar para a LT. Estaria ai defi
nida sua noção de fidelidade: ao conteúdo, mas também à forma, já que o
tradutor só deve afastar-se da tradução literal quando esta for impossível
por ir contra os princípios e normas que regem a LT, sua estrutura e seus
registros, ou quando não houver correspondência no contexto cultural
da LT para o contexto gerado pelo TLO.
Esta atitude diante da tradução deve-se, em parte, à preocupação esti
lística de Vinay e Darbelnet (1977). Sua obra é um compêndio de estilística
comparada, um cotejamento entre as formas ideais encontradas cm duas
línguas. Portanto, em seu ponto de vista, a tradução não pode ser efetuada
de modo que contrarie aquilo que, na sua concepção, é o estilo (q.v. p. 22)
da língua para a qual é feita.
34
Vendo ¡i línj',un como um “código comimiciilivo," Nida (1964, p.
10) procura oslabeleeer a nalure/a do significado. Para islo, busca sub
sidios na semántica e na pragmática, mais especilicamcnte no trabalho
de Katz e l’otlor ( 1962, 1963), quando explicita o “dicionário” de que
dependem para a descrição dos traços semânticos (cf. NIDA, 1964, p.
39), cuja formulação poderia ser útil para o tradutor no estabelecimento
de equivalencias lexicais de uma língua para a outra.
Também as funções da linguagem descritas por Jakobson (1980)
são utilizadas por Nida (1964, p. 45-46) em sua análise, no sentido de
determinar quais funções da linguagem estão presentes no TLO e se são
as mesmas existentes no TLT após o processo tradutório.
Desta visão da linguagem resulta o primeiro “modelo operacional” da
Iradução, segundo a proposta de Nida (1964, p. 68), dividido em três etapas:
I ) redução do texto original a seus núcleos {kernels, cf. CHOMSKY, 1957)
mais simples e semánticamente mais evidentes; 2) transferência do signi
ficado da LO para a LT em um nível estruturalmente simples c 3) geração
de uma expressão estilística e semánticamente equivalente na língua da
Iradução (cf. NIDA, 1964, p. 68). Afuma aínda que o tradutor realmente
competente traduz “unidades de significado” (cf. NIDA, 1964, p. 68), não
se ocupando apenas em reproduzir “unidades estruturais”.
Nida (1964) aplica, aqui, àtradução, o modelo da gramática de base
gerativa transformacional. Trata-se de uma explicitação teórica daquilo
que o tradutor faz. Pode-se dizer mesmo que seria uma visão em câmera
lenta do que se passa na cabcça do tradutor no ato de traduzir. Não encon
trei, no entanto, qualquer subsídio na literatura disponível para afirmar
que esta fosse realmente uma descrição satisfatória dos processos mentais
que ocorrem no ato da tradução.
Segundo o próprio Nida (1964, p. 145), para efetuar tal descrição,
seriam necessários subsídios da psicologia e da neurologia, ciências que
“não sabem precisamente o que ocorre na mente do tradutor quando este
traduz”.
35
Retomando sua visão da língua como eódigo comunicativo, Nid;i
(1964, p. 120-144) volta-se para a teoria da comunicação, na qual o
tradutor e o leitor da tradução podem ser considerados como elementos
atuantes em um ato comunicativo (cf. ZAGURY, 1975, p. 105-106), bem
como a tradução uma etapa dele, como no gráfico apresentado abaixo que
elaborei para ilustrar este ponto:
Nida (1964, p. 120) considera esta análise como tendo especial im
portância para a tradução, pois vê a produção de mensagens equivalentes
(a MENSAGEM[ e a MENSAGEM2 não são iguais, mas equivalentes)
como um processo não apenas de encontrar equivalentes para segmentos
de enunciados, mas como um processo de reprodução do caráter dinâmico
global da comunicação.
Assim sendo, Nida (1964, p. 156) considera que há três fatores bá
sicos a serem avaliados antes de se efetuar uma tradução: 1) a natureza
da mensagem, 2) o objetivo ou objetivos do autor e, consequentemente,
do tradutor e 3) o tipo de público visado pelo original e pela tradução.
A partir daí, o que se deve buscar na tradução é a maior equivalência
possível entre a MENSAGEM i c a MENSAGEM^, 2 afirma Nida (1964,
p. 159). mas considerando que há dois tipos fundamentais diversos de
equivalência: uma que pode ser chamada de formal e outra que é primor
dialmente dinâmica.
A equivalência formal é centrada no conteúdo e na forma da MEN
SAGEM!, o texto original. Neste tipo de tradução, a preocupação está
em manter a correspondência estilística, a correspondência de frase para
frase e de conceito para conceito entre o TLO e o TLT. Encarada com
esta orientação formal, a tradução precisa gerar um TLT que corresponda
36
o milis possível ¡ios diversos elem entos lingüísticos c extralinguíslicos
contidos no TLT.
37
2.1.3 Os Quiltro Modelos de ( 'ut/ord
Catford (1965, vii) considera que, urna ve/ que ;i Iradução opera
com a língua, a análise e discussão de seus processos de ve utilizar
categorias estabelecidas para a descrição das línguas. Em outras
palavras, deve recorrer a uma teoria da língua, ou seja, a uma teoria
lingüística geral. Afirma Catford (1965, p. 1) que a teoria lingüísti
ca que utiliza é a desenvolvida, sobretudo por M. A. K. Halliday,6
influenciada pelo trabalho de J. R. Firth (1970, por exemplo). Sua
preocupação expressa não é deter-se em problemas específicos da
tradução, mas antes analisar o que a tradução é (cf. CATFORD,
1965, vii). Deste modo, logo após sua apresentação sucinta da teoria
lingüística de onde tirou subsídios, com a qual inicia seu livro, forma
de apresentação já encontrada em Vinay e Darbelnet (1977, q.v. 2.1.1
c NIDA, 1964, q.v. 2 .1.2), encontra-se sua definição de tradução (cf.
CATFORD, 1980, p. 22): “a substituição de material textual numa
língua (LO) por material textual equivalente noutra língua”. A partir
desta definição, delineia os eixos de tensão ao longo dos quais se
colocam os tipos de tradução que considera existir, que se configuram
em quatro modelos de tradução.
Para Catford (1965, p. 23-24), no primeiro modelo, a tradução pode
ser plena ou parcial. Na tradução plena, todo o material textual na LO é
substituído por seu equivalente na LT. Já na Iradução parcial há partes
(ou uma só parte qualquer) do TO que não são traduzidas, mas que são
simplesmente incorporadas ao TLT, procedimento denominado “trans
ferência” por Catford (1965, p. 43-48).
Observe-se que esta incorporação de elementos do TLO no TLT
corresponde ao procedimento denominado “empréstimo” por Vinay e
Darbelnet (1977, q.v. 2.1.1). Catford (1965, p. 21) justifica seu emprego
do mesmo modo que Vinay e Darbelnet ( 1977): ou por ser o item lexical
6 Catford (1965, p. 1) remete o leitor para Halliday, M. A. K., “Catégorie.',- o f the theory o f gram
mar", Word. v. 17. n. 3. 1961, p. 241-92; e Halliday, M. A. K. ctal. The linguistic sciences and
language teaching, Longmans, 1964,
38
cm quesillo considerado inlraduzível, ou pelo objetivo estilístico de dar
"cor local” ao texto traduzido.
Em seguida, Catford (1965, p. 24) explica o conceito de “ordem”
ou “plano” (ranks, cf. CATFORD, 1965, p. 24, § 2.4; CATFORD,
l‘)K(), p. 26, § 2.4) lingüísticos, os quais considera importantes para
li tradução. As “ordens” ou “planos” são os degraus da hierarquia
g r a m a t i c a l ou fonológica nos quais se estabelece a equivalência da
39
INGLÊS PORTUGUÊS DO BRASIL ESPANHOL DO URUGUAI
INDIAN AIRLINES
ai see- e.
40
A Imduçfto lex¡cíiI do mesmo período produziria:
0
/ tradução fonológica
) tradução grafológica
TRADUÇÃO TOTAL
1 tradução gramatical
Vtradução lexical
tradução fonológica
tradução grafológica
TRADUÇÃO RESTRITA
tradução gramatical
tradução lexical
41
exemplo, a da palavra. A outra, a tradução nao Iinalada, corresponde à
tradução total, ou seja, mais uma vez, à definição de tradução oferecida
por Catford (1980, p. 22) citada acima. Neste caso, as equivalencias sc
deslocam livremente na escala das ordens, conforme as necessidades
geradas pelo confronto entre as duas línguas.
Expondo um quarto modelo de tradução, Catford (1965, p. 25) afirma
também que as noções intuitivas de tradução livre, literal e palavra por
palavra correspondem em parte às descrições acima. A tradução livre é
não limitada, total; a tradução palavra por palavra é limitada à ordem
da palavra e a tradução literal situa-se a meio termo entre as duas, pois
parte de uma tradução palavra por palavra, mas efetua as alterações
necessárias, dc acordo com as normas de uso da LT, fazendo com que
possa ser uma tradução efetuada na ordem do grupo ou mesmo da oração.
Catford (1965, p. 25-26) oferece um exemplo deste quarto modelo,
reproduzido abaixo:
Trnduçfto
Parcial Tradução Restrita Tradução ■*-— Tradução
— Limitada Palavra-por-palavra
Tradução « — Tradução Total *— Tradução *” Tradução Literal
Plena ~¡ Não Limitada — Tradução Livre
O termo “mudanças" foi utilizado na traduçao brasileira (cf. Catford, 1980, p. 82) para o termo
shift, em L(Xque vem a ser o mesmo utilizado por outros autores (por exemplo, NEWMARK,
J9 8 1) para traduzir o termo transposition utilizado por Vinay e Darbelnet (1977).
43
Para resumir as transposições expostíis por ( ’¡illord (1965, p.
73-82), elaborei o quadro abaixo, que será explicado cm seguida:
T R A N S P O S IÇ Õ E S N A T R A D U Ç Ã O
de gramática a léxico
TRANSPOSIÇÃO DE ORDEM
de léxico a gramática
de estrutura
de classe
TRANSPOSIÇÃO DE CATEGORIA
de unidade
intra-sistema
44
Iilicmloi i núcleo, Ini iis loi nui-sc cm modilU’iuloi i núcleo > c|iuil i (Iciulor
11ox ioundo cm linnees:
A white house.
Une maison
Xblanche.
A transposição de classe ocorrc quando um item da LO é traduzido
por um item de classe diferente na LT. Catford (1965, p. 78-79) define
,i classe segundo Halliday: “o agrupamento de membros de determinada
unidade que se define pela sua operação na unidade imediatamente su
perior”. O exemplo abaixo é citado por Catford (1965, p. 79):
45
advice —> des conseils (un conseil)
news —» des nouvelles (une nouvelle)
lightning —> des éclairs (un éclair)
Tal como Vinay e Darbelnet (1977, q.v. 2.1.1), Nida (1964, q.v.
2.1.2) e Catford (1965, q.v. 2.1.3). Vázquez-Ayora (1977) começa seu
livro pela descrição da teoria lingüística que serve de base para seu estudo
acerca da tradução, que vem a ser a análise contrastiva de base gerativa
transformacional e a semântica estrutural (cf. Vázquez-Ayora, 1977, p.
1), além da estilística, a partir de Bally (cf. Vázquez-Ayora, 1977, p. 68-
101), tal como Vinay e Darbelnet (1977, (cf. Vázquez-Ayora, 1977, p.
252), o que tem em comum com Nida (1964, q.v. 2.1.2).
46
Tiimhcm conn* Nida ( I9(>-|), cm que se baseia, V ázq uez-A yora
(1 9 7 7 , p. 49 ) aponía um modelo trunsfonmiciomtl da tradução, que
pode ser en ten did o alravés do quadro a b a ix o (cf. V á z q u e z -A y o r a ,
197 7, p. 4 9), onde se vê o cam inho que d eve percorrer o tradutor para
produ/ir o TLT:
47
Uni quadro representai¡vo do m odelo de V u /q u e / Ayora poderia
ser o que elaborei e apresento abaixo:
T ran sp o sição
P rocedim entos m odulação
p rin cip ais eq u iv alên cia
ad aptação
T R A D U Ç Ã O O B L ÍQ U A
A m p lificação
Procedim entos ex p licitação
C om plem entares o m issão
co m p en sação
48
sonic countries arc demanding...
i- .{. y l
algunos países están exigiendo...
49
toward
I
por encontrar
The Secretary o f State testified against the En las audiencias previas el Secretario
provision that automatically excludes all de Estado argumentó en contra de la
OPEC members. disposición que excluye ipso facto a los
miembros de la OPEP.
I f the assistance o f the police authorities at the Si el Estado que deporta desea obtener la
place o f an intermediate stop is desired... asistencia de las autoridades de policia
en el lugar donde se haga escala...
50
To speak o f a mutual convertibility from Hablar de una convetibilidad reciproca
one particular language to another. de una lengua a otra.
ycx» ............
cuerpo masa Iazui dei estanque
/ I
i i i > l l ? I ----------------- , j
Cuando pasaba
1 4
saba %
n 'por
1
por aallí
llí ut O íí
una muchacha Te tiró a / agua verdeQ) brillante
rHHrj./-irV
y su cuerpo cortó a través d \el tanque
C'orno se pode ver, a compensação inclui a aplicação do uma diver
sidade dc procedimentos técnicos da tradução que, como já loi apontado
por Vinay e Darbelnet ( 1977, q. v. 2 .1. 1), muitas vezes se sobrepõem.
No primeiro caso há vários casos dc tradução literal, além de mo
dulações (green - azul; water - masa), mudanças de ordem de palavras
e diversos ajustes para atender às necessidades sintáticas e estruturais da
LT, o espanhol.
É através da utilização desses vários procedimentos combinados,
afirma Vázquez-Ayora (1977, p. 375), que se consegue obter na tradução
o mesmo efeito global do TLO, o que, repete, não é conseguido com a
tradução literal apenas. Como foi mencionado acima, estas considerações
encaixam-se perfeitamente no conceito de princípio do efeito equivalente,
exposto por Nida (1964, q.v. 2.1.2).
52
completa dos procedimentos técnicos da tradução, o que, ao meu ver, é
útil para o tradutor, o professor e o aluno de tradução, pois fica recoberto
de modo mais abrangente o que o tradutor realiza no ato tradutório.
53
No caso da Lei da Informática, o princ ipio do afeito equivalente
levaría o tradutor a tentar criar uma proximidade inexistente entre o
sistema jurídico brasileiro, baseado no Direito Romano, e o sistema ju
rídico americano, baseado no Direito Consuetudináiio. Isso, porém, não
era possível, nesta situação - nem desejável - pois, enquanto atende a
interesses brasileiros, a Lei da Informática contraria os americanos.
Segundo Newmark (1981), o equívoco do princípio do efeito equi
valente está em não levar em consideração as funções da linguagem pre
sentes em um determinado texto, ou a finalidade desse texto, pois estas
sim é que determinariam que tipo de procedimentos utilizar na tradução.
De modo a poder incluir as funções da linguagem, tipo e finalidade
do texto em seu modelo da tradução, Newmark ( 1981, p. 12-16) apresenta
as adaptações que fez dos modelos de Buhler9 e de Frege10 acerca das
funções da linguagem.
Para ilustrar a aplicação que fez da teoria das funções da linguagem
à tradução, Newmark (1981, p. 15) apresenta um quadro que resume o
modo como o tradutor deve agir diante de cada tipo de texto, que repro
duzo na página seguinte, comentando-o abaixo.
54
o loco recai sobro a LT c o Icilor. Para melhor explicar a diferença entre
estes dois pólos, será útil o diagrama apresentado abaixo, reproduzido
de Newmark (1981, p. 39):
A B C
55
FOCO SOBRE A LO /■()( 'OSO!i RE A LT
LITERAL LIVRE
FIEL IDIOMATICA
" ^ AT
SEMÂNTICA/COMUNICATIVA
11 Aqui entendido como um adjetivo derivado do idiotismo em sentido lato, “os traços línguis-
tieos de uma língua, que melhor a caracterizam em face de outras que lhe são cognatas” (cf.
CÂMARA JÚNIOR, 1977, p. 142).
56
Apii'si’iilo abaixo um quadro que elaborei a 11m de demonstrar como
se distribuiriam os procedimentos técnicos da tradução ao longo dos dois
eixos descritos por Newmark ( 1981 ):
transferência (empréstimo)
decalque
TRADUÇÃO tradução um-por-um (literal)
S E M Â N T IC A
transposição
modulação
equivalência cultural
omissão
compensação
sinonimia lexical
rótulo tradutório
TRADUÇÃO
C O M U N IC A T IV A
definição
paráfrase
contração
reconstrução de períodos
reorganização, melhorias
dístico tradutório
naturalização
57
e Darbelnet ( 1977) e ampliados por Vázquez Ayom ( 1977), autores que
eonslam da bibliografía de Newmark (1981, 1988), sendo que Vinay e
Darbelnet (1977) são abundantemente citados por Newmark ( 193 1, 1938)
que lista também a terminologia francesa original de Vinay e Darbelnet
(1977) ao lado da terminologia inglesa que propõe. Isto demonstra que
Newmark (1981,1988), apesar de lançar mão de subsídios teóricos diver
sos dos utilizados por Vinay e Darbelnet (1977) para estabelecer o foco
da tradução, não faz qualquer alteração substancial aos procedimentos
técnicos da tradução descritos por aqueles autores, apenas acrescentando
alguns procedimentos novos aos deles.
Assim sendo, estes primeiros nove procedimentos tião serão reexami
nados aqui. Abaixo, descrevo os demais nove procedimentos tradutórios
propostos por Newmark (1981, 1988). A sinonimia lexical consiste na
tradução por um equivalente próximo na TL. Deve ser usada quando uma
palavra é definida através de sinônimos inadequados e incorretos tanto
nos dicionários monolingues como nos bilíngües. Newmark (1981, p.
31) oferece o seguinte exemplo, do alemão: ein Greis, que vem a ser um
homem muito velho, idoso, com o componente secundário de ser grisalho,
digno, frágil, sendo o tradutor forçado a buscar o sinônimo mais próximo
na LT (talvez ancião, em português).
O rótulo tradutòrio consiste no uso de, um equivalente aproxima
do, muitas vezes um sintagma entre, aspas. Os exemplos oferecidos por
Newmark (1981, p. 31) são:
58
I /><thi/i<hc consiste cm uma ampliação on rc-cscrilura livre do sig
nificado dc inn período.
59
Bm uní texto cuja finalidade for informativa, ou seja, cujo loco sejam
os fatos reais narrados, os erros do original poderão ser corrigidos, u não
ser que reflitam uma situação específica do autor ou do contexto, por
exemplo o sistema ptolemaico em que a Terra era considerada o centro
do universo.
O dístico tradutório consiste em realizar uma tradução literal, ou
uma transferência (empréstimo) e segui-la com uma tradução literal do
item lexical em questão. Newmark (1981, p. 76) fornece os seguintes
exemplos:
-A
Literal: Conseil d ’E tat —> Council o f State
Transferência + tradução literal (ou vice-versa):
Knesset (the Israeli Parliament)
‘legists ’ (hommes de loi)
Aristotle
60
2.2 KlíSUMC) l)( >S M O DI il.OS
61
O
ro
Vinay « Darbelnet (1977) Newmark (1981, 1988) Vázquez-Ayora (1977) Catford (1965)
TRANSLITERATION
EMPRUNT TRANSFERENCE (TRANSCRIPTION) TRANSFERENCE
CALQUE THROU GH-TRANSLATION
TRADUCTION LITTÉRALE ONE-TO-ONE TRANSLATION TRADUCCIÓN LITERAL WORD-FOR-WORD TRANSLATION
LITERAL TRANSLATION
TRANSPOSITION SHIFT OR TRANSPOSITION TRANSPOSICIÓN SHIFT
MODULATION MODULATION MODULACIÓN FREE TRANSLATION
EQUIVALENCE {CULTURAL EQUIVALENCE } EQUIVALENCIA
\ FUNCTIONAL EQUIVALENCE }
1
*
ADAPTATION ADAPTACIÓN I
AMPLIFICACIÓN
EXPLICFTACIÓN
OMISSIÓN
COMPENSATION COMPENSACIÓN
LEXICAL SYNONYNMY
TRANSLATION LABEL
DEFINITION
PARAPHRASE
«. .éttofement... EXPANSION (ÉTTOFEMENT)
CONTRACTION
RECASTING SENTENCES
REARRANGEMENT/IMPROVEMENTS
TRANSLATION COUPLET
MODELOS DE TRADUÇÃO E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DA TRADUÇÃO
a>
Observa-sc também que a equivalência cultural e a equivalência
funcional de Newmark (1981) são desdobramentos da equivalência de
Vinay e Darbelnet (1977) e Vázquez-Ayora (1977).
A ampliação, explicitação, omissão e compensação descritas por
Vázquez-Ayora (1977), embora não estejam presentes na listagem de
Vinay e Darbelnet (1977), foram descritas também por estes autores, fora
do modelo de tradução que propõem.
Observa-se que Newmark (1981, 1988) inclui vários novos proce
dimentos em sua descrição, alguns retirados dos mencionados por Vinay
e Darbelnet (1977) fora de seu modelo da tradução, como é o caso da
expansão (éttofement) que inclui na listagem de Vinay e Darbelnet (1977)
especificamente para demonstrar este fato.
Vê-se, finalmente, que a tradução livre de Catford (1965) pode
englobar qualquer procedimento necessário para sua realização.
64
mas que prosseguem mencionando-os, de modo ad hoc, no correr de sua
obra.
lisses procedimentos são complementares a alguns dos anteriores,
ou diametralmente opostos a eles. Por exemplo, c citado o procedimento
denominado contração. TIaveria um outro, o contrário dele, a expansão,
que só aparece quando surge um exemplo, no contexto da obra desses au
tores, que necessita deste procedimento para que a tradução seja possível.
Note-se também a existência de um hachurado (\\\\\\\) no quadro,
liste foi colocado para representar espaços vazios, onde há algo em um
r
65
adaptação, o último procedimento citado por Vinay e Darbelnet (1977),
que envolve o texto global.
66
que é possível sem que sejam necessários quaisquer ajustes. Por isso a
linha quebrada (AA) foi usada, demonstrando que a tradução literal pode
abranger a transposição.
O exposto acima indica que, embora há mais de dois mil anos se
escreva sobre a tradução (q.v. 1), a grande controvérsia em torno do as
sunto continua a mesma: tradução livre ou literal?
Muitos autores têm procurado afastar-se da tradução literal, dentre eles
os examinados aqui. Em um extremo coloca-se Vázquez-Ayora (1977) que,
a todo momento, repete ser a tradução literal o grande mal da tradução, cm
outro um autor como Catford (1965) para quem até mesmo a tradução pala
vra por palavra, sem manter sequer a gramaticalidade da LT, tem seu lugar.
Para todos os autores examinados aqui, acredito, o problema está em
a tradução literal ser anteriormente considerada como única possibilidade
de tradução. Para afastar-se dela criaram seus modelos de tradução.
67
aulas de tradução.
Embora esteja fora do escopo do presente trabalho aprofundar este
aspecto, é na aplicação da teoria das funções da linguagem à tradução
que pretendo desenvolver meu trabalho no futuro.
Nesta dissertação, prossigo formulando uma proposta de caracterização
dos procedimentos técnicos da tradução, tarefa que me propus por achar
que poderia eliminar algumas discrepâncias entre as abordagens de vários
autores, assim auxiliando tradutores, alunos e professores de tradução. Esta
proposta é apresentada no Capítulo 3.
Prossigo também apresentando duas propostas de recategorização
dos procedimentos técnicos da tradução, tentando apresentar uma visão
que não sc prenda apenas à tensão entre tradução livre e tradução literal.
Estas duas propostas são apresentadas no Capítulo 4.
68
3
PROPOSTA DE CARACTERIZAÇÃO
DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DA TRADUÇÃO
69
Procuro, também, adotar uma terminologia que considero mais
adequada, visando a eliminar algumas das dificuldades ocasionadas por
sua variação entre os autores examinados.
Acredito que, assim, poderá estar facilitada a tarefa do tradutor,
que terá à sua disposição uma série de procedimentos que efetivamente
recobrem o que acontece no ato da tradução.
A clareza terminológica, acredito, poderá também facilitar a tarefa
de professores e alunos de tradução, que não mais se verão diante de uma
série de discrepâncias entre diversos autores.
Espero também que esta recaracterização seja útil em futuros es
tudos sobre a tradução, já que os problemas terminológicos podem ter
uma influência negativa em alguns trabalhos, conforme mostro em 4.1.
70
il (rmliii'Ho cm que determinado segmento textual (palavra,
liase, oração) ó expresso na L T mantendo-se as mesmas ca
tegorias numa mesma ordem sintática, utilizando vocábulos
cujo semanticismo seja (aproximativamente) idéntico ao
dos vocábulos correspondentes no T L O , por exemplo:
sans retard
I I
sem demora
Seu uso é restrito, porém, pois é rara uma eonvergência tão grande
r
entre as línguas. A esse respeito, comenta Aubert (1987, p. 16): “E rela
tivamente fáeil perceber que, encarado como um todo, a tradução de um
texto de certa extensão (dois ou mais períodos compostos) jamais poderá
ser empreendida” palavra p o r palavra.
3 .2 A tradução literal
71
it is a known fact
i I I ï 4
0 r
e e fato conhec
1 i ï 4
\
(ele) foi a cidade
3.3 A transposição
72
incnlo, o quo indica que a transposição não é um procedimento obriga-
3.4 A modulação
73
Nos casos apresentados acima, a modulação ó obrigatória, encon
trando-se inclusive dicionarizado o segundo exemplo (keyhole = buraco
da fechadura, cf. HOUAISS, 1981, p. 319). Este procedimento pode
também ser facultativo, refletindo então uma diferença de estilo, aspecto
abordado por Vinay e Darbelnet (1977). Vê-se abaixo um exemplo de
modulação facultativa:
It is easy to demonstrate .
É fácil demonstrar (tradução literal)
N ão é d ifíc il demonstrar (modidação)
3.5 A equivalência
74
liste procedimento foi defendido por Vinay e Darbelnet (1977, q.v.
2.1,p. 29), Vázquez-Ayora (1977, p. 313-322) e Newmark 1988, p. 90-91).
Newmark ( 1981,1988) considera o equivalente cultural, o equivalen
tefuncional e o equivalente descritivo como procedimentos independen-
tes, mas estes procedimentos estão englobados aqui sob a equivalência,
considerada como um procedimento mais geral.
3 .7 A compensação
75
()s trocadilhos, por cxcmplo, quando nao podem ser el'cluados com
um mesmo grupo de palavras, podem ser leitos cm outro ponlo do lexio
onde sejam possíveis, para equilibrar o texto estilísticamente.
É comum dizer-se, ao criticar as traduções, que “empobreceram” o
texto. Este empobrecimento seria a ausência no TLT dos recursos estilísticos
empregados pelo autor no TLO. Cito abaixo um trecho de Alice in Won
derland (cf. CARROL, s/d, p. 53), por Fernando de Mello (cf. CARROL,
1976, p. 89-90) onde podem-se notar perdas e compensações:
T H E R A B B IT S E N D S IN A L IT T L E B IL L
O C O E L H O M A N D A -L H E O L A G A R G O P E L A C H A M IN É
76
Iislc procedimento é examinado por Nida (1964), Vázquez-Ayora
(1977, q.v. 2.1.4, p. 47) e Newmark (1981, 1988).
3.9 A s melhorias
77
O trabalho será desenvolvido c id 04 etapas ¡i I." etapa do
trabalho consta da sensibilização dos professores, nesta
etapa cada grupo apresenta rclize de seus trabalho que serão
discutidos em reunião com todas às diretoras e professores
de educação artística, comunicação c expressão c Estudos
Sociais, (sic.)
3 .1 0 A transferência
78
3 .10.1 ( ) I \(niinn‘lri\ni<>
ii
79
O empréstimo lingüístico, por sua vez, consiste, como loi dito acima,
na incorporação dc elementos de uma língua em outra, “tais elementos
podendo ser, em princípio, fonemas, afixos flexionais, afixos derivacio-
nais, vocábulos e tipos frasais” 1(cf. CÂMARA JÚNIOR, 1977, p. 104).
Embora o termo empregado por Vinay e Darbelnet (1977) não seja
estritamente correto, pelos motivos examinados acima, já adquiriu livre
curso entre tradutores, professores e teóricos da tradução. Ao realizar
o presente estudo, senti a necessidade de marcar a distinção entre os
termos “empréstimo” e “estrangeirismo”, correntes na lingüística, como
foi visto acima, e o procedimento descrito por Vinay e Darbelnet (1977).
Foi encontrada a mesma preocupação em Newmark (1981, p. 178-179),
que sugere o uso dos termos “transcrição”, “transferência” ou “adoção”.
Proponho utilizar o termo transferência para o macroproccdimcnto que
engloba outros que utilizam o elemento lexical do TLO no TLT. Reser
vei o termo estrangeirismo para aquilo a que Vinay e Darbelnet (1977)
denominam “empréstimo”, a fim de evitar ir dc encontro à terminologia
tradicional cm lingüística.
3 .1 0 .2 A Transliteração
1 Os empréstimos de tipos frasais são tratados sob a rubrica do decalque. de acordo com o modelo
de Vinay e Darbelnet(1977, q.v. 3.12).
80
al labelo lomano. Podem ocorrer, contudo, elementos já transi iterados na
LO. Sendo este o caso, é preciso obedecer as normas detransliteração
adequadas para cada língua (cf. MAILLOT, 1975, p. 147; Associação Bra
sileira de Normas Técnicas-ABNT, 1961, p. 1).
3 .10 .3 A Aclimatação
81
3 . 10.4 A / ransfcrência com Explicação
82
I Ugh School (tiseola Sccmuhii iii )...
Cambono, an acolyte...
3.11 A explicação
3.12 O decalque
83
que, como loi vislo, mui los ¡nitores inloipicliim o decalque como sendo
lima aclimatação do empréstimo lingüístico.
Tal como o eslrangeirismo e a aclimatação, o decalque só pode ser
detectado em uma tradução existente através de unía análise diacrônica,
que determine se já havia sido usado ou não, como observa Alves ( 1983).
Newmark (1981, 1988) define dois tipos de decalque. Um deles é o
empréstimo de tipos frasais propriamente dito e o segundo é o decalque
empregado na tradução de nomes de instituições, conforme nos exemplos
abaixo:
3 . 1 3 / 1 adaptação
84
hem como miados, fossem substituídos por outros bem brasileiros, a lím
de aproximar da realidade dos empregados brasileiros as situações ciladas
como exemplos, sem, no entanto, alterar o conteúdo da teoria de trabalho
em equipe que desejavam veicular.
85
4
87
No caso do Newmark (1981, q.v. 2.5) c de Nida ( 1964, q.v. 2.2), c
a teoria da comunicação que permite a inclusão tic novos elementos no
modelo, além dos conceitos de conteúdo (sentido) e forma.
Com Nida (1964, q.v. 2.2) o leitor passa a integrar o modelo, sendo
em proveito dele que o modelo passa a admitir o princípio do efeito equi
valente (q.v. 2.1.2, p. 35 e 2.1.5, p. 50), que visa a aproximar ao máximo
o TLT do leitor. Levando mais adiante o pensamento de Nida (1964),
Newmark (1981, 1988, q.v. 2.1.5), através do estudo das funções da lin
guagem, inclui no modelo dois elementos já citados por Nida (1964, q.v.
2.1.2, p. 34), além do leitor: a natureza da mensagem e o tipo de público
visado pelo original e pela tradução, chamado por Newmark (1981) de
finalidade da tradução.
Introduzidos esses elementos, o foco da tradução deixa de incidir
apenas sobre o conteúdo (o sentido) ou a forma, passando a recair tam
bém sobre o leitor, a natureza da mensagem ou a finalidade da tradução.
Assim, uma tradução cuja finalidade seja uma comparação entre
duas línguas poderá ser totalmente literal, sem preocupação com o con
teúdo; uma tradução que vise a uma compreensão total pelo leitor poderá
afastar-se muito da literalidade, adaptando o texto para a realidade do
leitor, facilitando-lhe em tudo a compreensão.
No entanto, os estudos acerca da tradução são ainda muito recentes
e os novos enfoques dados à visão tradicional da tradução não foram
ainda suficientemente elaborados de modo a poderem responder satis
fatoriamente à pergunta “como traduzir?” levando-se em conta todos os
elementos em jogo em uma tradução.
Na introdução (q.v. 1), foi visto que os procedimentos técnicos da
tradução constituem uma tentativa de responder a essa pergunta. Vários
autores vêm tentando respondê-la desse modo, entre eles os examinados
neste livro. Para fazê-lo, lançam mão de subsídios teóricos de diversas
áreas do conhecimento (q.v. 1, p. 15). Apesar disso, o modo como são
categorizados os procedimentos técnicos da tradução na literatura dis-
88
pom'vel piiiccc não levar eni conta as alterações efetuadas nos modelos
da tradução.
r
89
procedimentos auxiliares (cf. 3.1.10) quando necessários para garantir
a compreensão do leitor.
O decalque, segundo procedimento na escala de dificuldade de
Vinay e Darbelnet (1977), expressa o mesmo tipo de divergência que o
empréstimo, agora ao nível sintagmático, tendo o mesmo nível de difi
culdade para o tradutor, embora envolva uma unidade tradutória maior.
Talvez pelos motivos expostos acima, Souza-Aguiar (1980) comece
sua exposição do modelo de Vinay e Darbelnet (1977) pela tradução
palavra por palavra (ou tradução literal), deixando para depois o em
préstimo e o decalque, enquanto Vázquez-Ayora (1977) omite totalmente
estes dois procedimentos, começando sua exposição pela tradução literal
Tampouco acredito que o empréstimo e o decalque possam fazer
parte do eixo da tradução direta, definido por Vinay c Darbelnet (1977)
como aquele em que a passagem de uma língua para a outra se faz com
facilidade, sem que se encontrem obstáculos maiores à tradução. Ora,
como foi visto acima, o empréstimo e o decalque constituem meios de
se lidar justamente com grandes divergências entre as línguas, com casos
onde não existe equivalência entre elas, o que constitui um obstáculo para
a tradução e uma dificuldade para o tradutor.
Assim sendo, considero que caberia propor uma nova categorização
dos procedimentos técnicos da tradução que eliminasse algumas das in
consistências discutidas acima. Neste livro, apresento duas propostas de
categorização dos procedimentos técnicos da tradução e argumento em
favor de uma delas como será visto abaixo.
A primeira seria uma categorização segundo um critério de frequ
ência, onde os procedimentos técnicos da tradução seriam ordenados
de acordo com a frequência com que são utilizados. Este ordenamento
poderia ser útil para tradutores e alunos de tradução, que teriam à mão
unia lista de procedimentos utilizáveis em tradução, sabendo a quais deles
recorrer em primeiro lugar.
90
A segunda proposta se prende à convergêneia ou divergência entre
as línguas envolvidas no ato tradutório, bem como entre as culturas ou
contextos extralinguísticos a que se referem.
91
dispensarem uma reflexão semântica e uma análise contrastiva mais pro
funda” (ALVES, 1983, p. 11), no que diverge de Vinay e Darbelnet ( 1977),
que antepõem o empréstimo e o decalque a estes dois procedimentos.
r
TOTAL 93,10%
92
Procedimentos % N" de vezes
Tradução Literal 53,99 4 .9 2 4
E m préstim o 0,65 59
T ranscrição 0,53 48
D ecalq u e 0,01 1
% N° de vezes
Em préstim o 0,65 59
Tradução Direta D ecalque 0,01 1
Tradução Literal 53 ,9 9 4 .9 2 4
Transposição 39,11 3 .5 6 7
M odulação 0,61 56
Tradução Indireta
E q uivalência
A daptação
93
utilizados os procedimentos técnicos da tradução em textos da área dc
ciencias sociais.
Paiva (1981/92) realizou um trabalho em que efetua uma contagem
dos procedimentos técnicos da tradução descritos por Vinay e Darbelnet
(1977, q.v. 2.1) na tradução de sintagmas nominais característicos de
textos de serviço social.
Reordenei o quadro apresentado por Paiva (1981/82, p. 89) de acordo
com o número de vezes que foram utilizados os procedimentos técnicos
na tradução de sintagmas nominais em textos da área de serviço social e
obtive o quadro abaixo:
Em préstim o 3
Tradução Direta D ecalq u e
Tradução Literal 2
Transposição 730
M odulação 11
Tradução Indireta
E quivalência 14
A daptação
94
Um exame dos dois quadros acima deixa claro que a hierarquização
proposta por Vinay e Darbehiet (1977, q.v. 2.1) para os procedimentos
técnicos da tradução não corresponde à frequência com que são utiliza
dos na tradução de sintagmas nominais cm textos da área de serviço social.
A combinação dos dois quadros que elaborei, a partir dos trabalhos de
Alves (1983) e Paiva (1981/82), produziu o quadro abaixo:
95
Creio que o principal motivo para esta discrepância é a escolha
do corpus. Enquanto Alves (1983) examinou textos completos, Paiva
(1981/82) examinou unidades menores, ou seja, sintagmas nominais,
cujas traduções, segundo o modelo de Vinay e Darbelnet (1977, q.v. 2.1,
p. 26-27), deveriam estar classificadas como decalques, como foi visto
acima (q.v. 3.12, p. 76).
Ao meu ver, as discrcpâncias entre os resultados obtidos não per
mitem que, a partir deles, se organizem os procedimentos técnicos da
tradução de acordo com a frequência de uso.
Um dos motivos para tal impossibilidade, acredito, reside na própria
caracterização dos procedimentos técnicos da tradução utilizados para as
contagens, como será visto abaixo.
Paiva (1981/82) baseou sua análise exclusivamente nos procedimen
tos descritos por Vinay e Darbelnet (1977). Alves (1983) fez o mesmo,
depois de analisar o modelo de tradução de Catford ( 1965) e concluir que
este não era adequado para os fins propostos em seu trabalho.
Tanto Paiva (1981/82) como Alves (1983) concluíram que a descri
ção dos procedimentos técnicos da tradução feita por Vinay e Darbelnet
(1977) não era suficiente para recobrir todos os procedimentos que en
contraram no corpus que examinaram e incluíram em sua análise outros
procedimentos, definidos de modo ad hoc cm seu trabalho, para poder
descrever as ocorrências encontradas nas traduções que cotejaram com
seus originais. Um exame dos quadros encontrados nas páginas 84 a 86
acima mostra que não houve coincidência entre os procedimentos que
definiram, alem dos descritos por Vinay e Darbelnet (1977), (e nem
mesmo na interpretação que deram a estes), como se pode ver no quadro
que elaborei e apresento abaixo:
96
Alves (1983) Paiva (1981/82)
O m issão
Modulação i 'transposição
Transposição + Omissão
Transposição + Acréscim o
'tradução Incompleta
Transposição + Equivalência
97
um empréstimo aclimatado, o que é uma das definições tradicionais que
a lingüística dá ao termo “decalque” (cf. PEI, 1966, p. 34),mas não a tie
Vinay e Darbelnet (1977), como se viu acima, nem a de outros linguistas
(cf. CRYSTAL, 1980, p. 51; CÂMARA JÚNIOR, 1977, p. 105), em que
o decalque é definido como o empréstimo de tipos frasais.
O próprio Vinay (1968, p. 739) toma o decalque como sendo um
empréstimo aclimatado, e fornece como exemplo a palavra iglou no
francês, empréstimo aclimatado de igloo do inglês. Este exemplo é citado
por Alves (1983), que engloba a tradução de “Epictetus”, do inglês, para
“Epiclelo”, em português, como uma instância de decalque detectada no
corpus que examina, o que está em desacordo com o texto de Vinay e
Darbelnet (1977).
Paiva (1981/82, p. 85) cita dois exemplos ilustrativos de decalque
- segundo a definição de Vinay (1968) e, portanto, divergindo de Vinay
e Darbelnet (1977) - encontrados no corpus que examina:
activists - ativistas
interactionist - interacionista
98
1981/82), bem como de outros problemas de caracterização que encontrei
nos dois trabalhos, parece-me lícito perguntar: quando examino o resulta
do das contagens efetuadas por estes trabalhos, estou falando exatamente
de quais procedimentos técnicos da tradução?
Parece estar claro que a descrição de Vinay e Darbelnet (1977) não
é suficiente para cobrir todos os procedimentos técnicos encontrados cm
traduções. Como foi visto no presente trabalho (q.v. 2), outros autores
reviram a descrição feita por Vinay e Darbelnet (1977) e acrescentaram
a ela outros procedimentos, tal como fizeram Alves (1983) e Paiva
(1981/82). Assim sendo, acredito que, para que seja possível propor um
modelo de tradução, é preciso efetuar também uma recaracterizaçâo dos
procedimentos técnicos da tradução que elimine algumas das dificulda
des apresentadas pelo modelo de Vinay e Darbelnet (1977), tal como a
caracterização do decalque, e também dê conta dos procedimentos pro
postos por alguns outros autores, que parecem contribuir para suprir as
insuficiências da descrição de Vinay e Darbelnet (1977).
Alves (1983) aponta outras limitações em seu trabalho de avaliação
estatística. A primeira delas é a limitação do corpus, sendo que não há
na literatura disponível dados que permitam avaliar que tamanho de
corpus seria suficiente para determinar inequivocamente a hierarquia
dos procedimentos técnicos da tradução segundo sua frequência de uso
(cf. Alves, 1983:92).
A segunda é quanto ao tipo de texto. Nas duas contagens menciona
das, os textos são da área de ciências humanas, não havendo contagens
disponíveis em outras áreas. Alves (1983:14) levanta a hipótese de que
talvez contagens em outros tipos de textos produzissem resultados dife
rentes. Está aí aberta uma área de estudos futuros.
Além do tipo de texto, segundo Alves ( 1983:95), seria preciso levar
em conta as “peculiaridades estilísticas de cada tradutor,” pois estas pode
riam estar fazendo com que cada texto apresentasse resultados diversos.
Alves (1983:95) aponta que um estudo para resolver esta dificuldade
99
pediria que vários tradutores traduzissem o mesmo texto, avaliando em
seguida cada tradução, para poder determinar até que ponto as pecu
liaridades de cada tradutor interfeririam na frequência de uso de cada
procedimento técnico da tradução.
Em vista dos dados expostos acima, fica aparente que o estado
atual dos estudos sobre a tradução não permitem que os procedimentos
técnicos da tradução sejam hierarquizados de acordo com a frequência
com que são usados.
100
experiencias da realidade extralinguística; 3) as organizações diversas
dos sistemas lingüísticos, seja ao nivel morfológico ou sintático; e 4) as
divergências estilísticas, que se podem considerar aqui como diferenças
de registro, da probabilidade de ocorrência de um enunciado c do grau
de adequação de um enunciado a uma situação (cf. Hymes, 1979: 22-23).
A partir do exposto acima, portanto, na minha proposta de catego-
rização, os procedimentos técnicos da tradução se distribuiriam ao longo
de quatro eixos, a saber: 1) convergência do sistema lingüístico, da rea
lidade extralinguística e do estilo; 2) divergência do sistema lingüístico;
3) divergência do estilo e 4) divergência da realidade extralinguística.
Elaborei um quadro sinótico que resume esta proposta e que apre
sento na página seguinte. Explico mais detidamente, abaixo, cada um dos
eixos, enumerando os procedimentos (cf. 3) que se dispõem ao longo de
cada um deles.
101
esquimós que possuem vários termos pni.i (Irsipniu os diversos tipos de
neve, bem conio os exemplos dos povos ;ili iemios que recoi (am de modos
variados o espectro cromático.
102
PROPOSTA DE CATEGORIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DA TRADUÇÃO
Convergência do Sistema
Lingüístico, do Estilo e àa Divergência do Sistema Lingüístico Divergência do Estilo Divergência da Realidade
Realidade Extralinguistica Extralinguistica
Tradução palavra por palavra
Tradução literal
Transposição
M odulação
Equivalência
O m issão v s. Explicitação
Com pensação
Reconstrucão
M elhorias
Transferência
Transferência c/ Explicação
Decalque
Explicação
Adaptação
É possível considerar estilo também como estando relacionado ao
registro, à probabilidade de ocorrência de um enunciado e do grau dc
adequação de um enunciado a uma situação (cf. HYMES, 1979, p. 22-
23), como foi visto acima, sendo a convergência estilística, então, uma
convergência desses fatores.
Mesmo que não haja uma convergência entre o sistema lingüístico,
o estilo (como entendido acima) e a realidade extralinguística em todo o
espectro recoberto por duas línguas, elas podem convergir em algumas
instâncias ou em segmentos de texto, como, por exemplo, no período
abaixo:
r
A casa e branca.
l 4 4 4
La casa es blanca.
4 1 4 4
La casa ès bianca.
4 1 4 4
La maison est blanche.
104
a tradução literal pode funcionar como uma pré-tradução que permitiria
ao tradutor avaliar que procedimentos deverá empregar em sua tradução.
o gordo (gord+o)
the a fat. gorda (gord+a)
os (o+s) gordos (gord+o s)
as (a+s) gordas (gord+as)
105
Essas escolhas, no entender de Catford (1965) já constituem um
procedimento tradutório específico, que denomina transposição. Caso
não sejam efetuadas estas operações, obteríamos a tradução abaixo do
segmento examinado:
106
ilmIi/IkIns, |iii'|iiilu'¡iicm o entendimento do Icilorou produ/ircni uni Icxlo
iiiíicciliivcl mi I I 1. São facultativas quando geradas por uma divergencia
de estilo.
Como foi visto em 3.2, o estilo é entendido aqui com a acepção que
lhe dá Bally (apud DUBOIS et al., 1978, p. 237):
Uma vez que esses modos expressivos variam de uma língua para
outra, assim como variam as escolhas de uso da língua, o estilo é um
aspecto importante a ser considerado ao se efetuar uma tradução, porque
pode tomar impossível a tradução literal (q.v. 3.1.2) que é o procedimento
espontâneo do tradutor diante do TLO.
Todos os autores examinados para o presente trabalho levam em
consideração o estilo nos modelos que propõem (q.v. 2). Em minha
proposta de categorização, os procedimentos técnicos a serem utilizados
diante de divergências de estilo são a omissão e seu oposto, a explicitação,
a compensação, a reconstrução de períodos e as melhorias conforme
definidos em 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9.
107
listes processos são listados dc acordo com o tamanho do segmento
de texto que envolvem: a omissão e a explicitação podem ser realizadas
com os pronomes pessoais, por exemplo, na tradução entre o português c
o inglês, podendo, também, envolver segmentos maiores. A compensação
e a reconstrução geralmente envolvem segmentos maiores, atingindo até
a totalidade do texto a ser traduzido, o que pode acontecer também com
as melhorias. Ao mesmo tempo, acredito, estão listados de acordo com a
ordem de frequência com que são realizados, de acordo com o que pude
observar em meu trabalho de tradutora e professora de tradução.
108
A <11\ nj'.i'iu mi c*u11ura I pode ser apresentada de modo diluído dentro
do lexlo, aliuvés de explicações ou definições, mas, acredito, também isto
será percebido pelo leitor como expressão de uma divergência cultural.
Em minha opinião, essas divergências só devem ser totalmente
aplainadas, eliminando o estrangeirismo, cm casos muito especiais, li
gados à finalidade do texto (cf. NIDA, 1964; NEWMARK, 1981, 1988),
pois acredito que lcmos traduções primordialmente com a finalidade de
conhecer outras culturas (tomando-se cultura em seu sentido mais amplo),
ainda que à distância, embora desconheçamos as línguas que as expressam.
Por serem tão perceptíveis ao leitor e por representarem uma grande
dificuldade para o tradutor, ao meu ver, é que os procedimentos tradutórios
ligados às divergências extralinguísticas são tratadas em grande detalhe
pela literatura disponível.
A partir de minha vivência como tradulora e professora de tradução,
posso afirmar que são os procedimentos ligados a estas divergências os
menos utilizados pelo tradutor, assim como os que lhe causam maior
dificuldade.
O procedimento definido por Vinay e Darbelnet (1977) como em
préstimo, por exemplo, só é usado pelo tradutor quando este: 1) desiste
de encontrar um equivalente, ainda que apenas aproximado, na LT, 2) o
empréstimo é de uso consagrado na LT ou 3) considera importante utilizar
o item lexical da LO por algum motivo, em geral ligado ao estilo. Assim
sendo, está longe de ser o procedimento mais fácil, como dizem Vinay e
Darbelnet (1977), ou de constituir uma simples cópia, como dizem (cf.
VINAY e DARBELNET, 1977), pois envolve muito mais trabalho - ou
operações lógicas - por parte do tradutor.
Além disso, como já foi dito aqui e por Alves (1983), só é possí
vel detectar, cm uma tradução existente, os procedimentos que cito sob
transferência e decalque através de uma análise diacrônica. Em muitos
dos casos observados, e utilizados aqui como exemplos desses proce
dimentos, o uso dos estrangeirismos já é consagrado na língua, estando
109
esses dicionarizados, o mesmo acontecendo com alguns li pos frasais.
Talvez, nesses casos, fosse mais correto falar cm tradução literal, ou
mesmo palavra por palavra.
Ainda assim, creio que pode existir um momento em que estes pro
cedimentos estejam sendo usados pela primeira vez, tal como discutido
aqui. Ao traduzir para o inglês “INPS” c “cambono”, como já me acon
teceu, não sabia se já haviam sido traduzidos ou não para esta língua, e
acredito ter aí realizado os procedimentos que descrevo.
Na categorização que proponho, são três os tipos de tratamento que
podem ser dados aos itens lexicais, sintagmas c segmentos textuais que
reflitam a divergência extralinguística:
110
5. ¡i (idaptiiçdo de lodo um segmento de texto que contém uma situação
completamente desconhecida para os falantes da LT, ou que lhes dê uma
impressão diversa da pretendida no TLO (q.v. 3.13).
111
Km segundo lugar, a passagem de um eixo para oulro se dá de manei
ra suave, como a que se realiza entre a tradução literal e a transposição,
pois há uma ccrta imbricação entre as duas.
Finalmente, considero que a opção por um procedimento ou outro
será feita segundo a teoria das funções da linguagem, o tipo de texto e a
finalidade da tradução, nos moldes do que é descrito no quadro apresen
tado em 2.1.5 página 51. Nesta visão da tradução todos os procedimentos
são igualmente válidos, independentemente de serem literais ou não.
r
E esta visão dc tradução que se impõe à categorização dos procedi
mentos técnicos da tradução que tentei realizar neste trabalho.
112
5
CONCLUSÃO
113
rc procedimentos técnicos da tradução, como fazem Vinay e Darbelncl
(1977), ele os comenta brevemente em vários pontos de sua obra.
A visão de Nida (1964) da tradução é que esta constitui um ato
comunicativo. A partir daí, haveria dois modos de traduzir: a equiva
lência formal, onde se visa a produzir um TLT que corresponda o mais
possível aos diversos elementos lingüísticos e extralinguísticos do TLT,
ou seja, produz-se uma tradução o mais literal possível, mesmo que
isto prejudique a compreensão do TLT pelo leitor; e a equivalência
dinâmica, onde se visa a proporcionar ao leitor um TLT que lhe seja
familiar em termos não só da construção lingüística e estilística, como
também em termos dos comportamentos e elementos extralinguísticos
expressos no TLT.
Assim, foi introduzida, por Nida (1964), uma figura importante no
modelo da tradução: o leitor. É em prol dele que Nida (1964) considera
válido realizar uma tradução que se distancia em muito do TLO em termos
formais. Neste modelo, entretanto, persiste ainda a oposição entretradução
literal e não literal.
Passei, em seguida, para um exame de Catford (1965, q.v. 2.1.3),
que apresenta quatro modelos de tradução, utilizando a teoria lingüística
de Halliday.
Catford (1965) inicia pela tradução plena vs. a tradução parcial. Na
primeira, todo o material textual na LO é substituído por seu equivalente
na LT; na segunda, há uma parte, ou partes, do TLO que são incorporadas
ao TLT.
A segunda oposição exposta por Catford (1965) é a da tradução
total vs. a tradução restrita. Na primeira, todas as “ordens” ou “planos”
(q. v>. 2.1.3, p. 36) do TLO são substituídos por outros da LT; na segunda,
esta substituição limita-se a apenas uma dessas “ordens” ou “planos.”
A terceira oposição é aquela entre a tradução limitada e a não li
mitada. A primeira se realiza em apenas uma das ordens, enquanto, na
114
segunda, as equivalencias onlre o i l X) c o I I ,'l' sat) buscadas deslocando-
se livremenlc na escala das ordens.
115
Newmark (1981, 1988) introduz no modelo da tradução alguns
elementos vitais: as funções da linguagem, o tipo de texto e a finalidade
da tradução. São esses elementos que auxiliarão o tradutor a decidir que
tipo de tradução, livre ou literal, deve empregar em um determinado texto.
1 De acordo com Cavalcanti ( 1986, p. 7), na técnica de protocolo verbal, o informante verbaliza
seu pensamento durante a solução de um problema. No protocoio de pausa, a verbalização só
ocorre quando o informante se dá conta do que está fazendo, ou porque encontrou um problema
ou porque achou algo digno de nota. (> linguista grava esses protocolos, analisa-os e interpreta
os qualitativamente.
116
tradutório propriam ente dito ocorre, que é dilleil de explicar, ( )
processo parece englobar todo um aspecto psiconcurológico,
sobre o qual seria difícil dc se afirm ar algo objetivam ente com -
provável. Parece ser possível, entretanto, inferir algum a coisa
sobre a natureza propriam ente lingüística do processo, a partir
do confronto entre os textos da língua original (TLO) e da
língua da tradução (TLT).
117
É verdade que está implícita na descrição dos procedimentos técnicos
da tradução aquelas que seriam as dificuldades encontradas pelo tradutor,
já descritas por Mounin (1975). No entanto, os procedimentos técnicos
da tradução constituiriam um elenco abrangente de possíveis modos de
proceder à disposição do tradutor, que os sele-cionaria de acordo com
uma visão ampla (um modelo) daquilo que vem a ser uma tradução e dc
qual é o papel do tradutor.
118
Nida ( 1964) aplicou também o modelo da comunicação à tradução,
com maior sucesso, acredito, pois, em lugar de um confronto entre duas
línguas, orquestrado por um autor ausente, mas plenipotenciário, seu
modelo introduz na tradução as figuras do leitor e do próprio tradutor
como intermediário do ato comunicativo.
Assim, são diminuídos os poderes do autor, que passa a se curvar
às necessidades do leitor, o que considero vital, pois elimina a tradução
tão fiel ao original que é incompreensível para o leitor e porque valoriza
a figura do tradutor.
Catford (1965, q.v. 2.1.3) aplica o modelo da teoria da lingüística
geral de Ilalliday à tradução mas, ao meu ver, com pouco sucesso, já
que explicita em grande detalhe procedimentos pouco usados - (como
a tradução fonológica e a tradução grafo lógica, q.v. 2.1.3, p. 36-37) ou
impossíveis de utilizar na prática (como a tradução exclusivamente gra
matical e a tradução exclusivamente lexical, q.v. 2 .1.3, p. 37), que talvez
possam ser úteis em algum tipo de texto metalinguístico, com afinalidade
de realização de uma análise ccwtrastiva - deixando de lado uma série de
outros procedimentos de grande utilidade para o tradutor e examinados
pelos demais autores e que, em sua descrição, ficam englobados indis
tintamente naquilo que denomina tradução livre (q.v, 2.1.3, p. 38-39).
Newmark (1981, 1988, q.v. 2.1.5) emprega a teoria das funções da
linguagem cm seu modelo, embora sem conseguir alterar a disposição
dos procedimentos técnicos da tradução em dois eixos dicotômicos, o
da tradução semântica e o da tradução comunicativa (q.v. 2.1.5, p. 52)
como foi visto no presente capítulo, acima, nem a ordem de apresentação,
idêntica à de Vinay e Darbelnet (1977).
No entanto, acredito que é na conceituação da teoria das funções da
linguagem, da tipologia dos textos e da finalidade das traduções que está
a chave para a solução da tensão entre a tradução literal e não literal, que
é, ao mesmo tempo, a tensão entre o conteúdo e a forma. Isto porque é a
definição destes fatores que permitirá a decisão dc qual modo de traduzir
119
será adequado em cada caso. Conforme o loco se deslocar ao longo
desses elementos será escolhido o modo dc traduzir adequado, não
dicotomicamente entre tradução literal e não literal, mas passando por
toda urna gama de modos de traduzir variados que se encontram entre
estes dois pólos: mais literal se o foco recair sobre o autor, menos literal
se cair sobre o leitor, e assim por diante.
Este aspecto não foi tratado exaustivamente no presente trabalho,
r
por estar fora de seus objetivos. E a este assunto, todavia, que pretendo
dedicar minha atenção no futuro.
Finalmente, concluí que a categorização dos procedimentos técnicos
da tradução proposta por Vinay e Darbelnet (1977) c a hierarquização
proposta em termos da dificuldade de execução pelo tradutor deixam a
desejar quanto a sua utilidade para o ato dc traduzir e o ensino da tradução.
A categorização dos procedimentos técnicos da tradução ao longo
de dois eixos diametralmente opostos, no meu entender, não reflete o que
ocorre na tradução, que, acredito, deve ser executada em vários graus
diferentes de literalidade e não-literalidade, conforme a situação, o que
expus acima. Não refletindo o que de fato ocorre, uma categorização não
pode ser útil para o tradutor ou o aprendiz de tradução.
A ordem em que são expostos os procedimentos técnicos da tradução
tampouco pareceu-me útil para o tradutor ou para o aluno de tradução.
Isto porque sua hierarquização do mais fácil para o mais difícil apenas
ilusoriamente atende aos interesses do tradutor, pois este raramente é o
foco da tradução - talvez o seja na tradução recriativa da poesia onde,
acredito, o poema (TLO) é usado quase que apenas como inspiração para
o tradutor criar seu próprio poema (cf. entrevista de Jorge Wanderley em
“Sem Censura”, TVE, 19/01/89).
Por outro lado, os dois procedimentos colocados por Vinay c Dar
belnet (1977) como os mais fáceis (o empréstimo e o decalque) não são
tão fáceis na realidade (q.v. 4.1) c sua utilização, ao meu ver, é muito
restrita na prática.
120
( oir.l.ilri Inmhóm que havia discrepancias, sobreposições e conlu-
sões cuire as descrições dos procedimentos técnicos da tradução efetuadas
pelos varios autores examinados,
Assim sendo, procedi, primeiramente, a uma recaractcrização dos
procedimentos técnicos da tradução em que procurei sanear as dificulda
des que encontrei. O resultado deste empreendimento foi apresentado no
Capítulo 3. Espero que esta parte de meu trabalho seja útil para tradutores,
professores e alunos dc tradução e pesquisadores da área, no sentido de
ter deixado mais claro o que são os procedimentos descritos, e de que a
descrição seja abrangente suficiente para recobrir o que de fato ocorrc
nas traduções.
Em seguida, examinei duas propostas de recategorização dos proce
dimentos técnicos da tradução. A primeira delas prendeu-se à frequência
de utilização dos mesmos nas traduções, proposta que me pareceu útil
porque refletiria o que realmente acontece nas traduções. No entanto,
verifiquei ser impossível viabilizá-la com o conhecimento atual de que
dispomos e da literatura existente.
A outra proposta gira em tomo do grau dc divergência entre as
línguas em confronto no ato da tradução. Parece-me ser esta a proposta
mais adequada, pois eliminaria a tensão entre tradução livre e literal,
proporcionando uma passagem suave de um eixo para outro, como no
caso da Iradução literal para a transposição.
Além disso, a seleção dos procedimentos técnicos da tradução pas
saria a scr informada pela teoria das funções da linguagem, pelo tipo de
texto e pela finalidade da tradução. Sob esta ótica, todos os procedimentos
são igualmente válidos, quer sejam extremamente literais ou totalmente
livres, pois já não seriam escolhidos arbitrariamente.
121
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127
POSFÁCIO
129
ü germe do livro Procedimentos técnicos da tradução loi minha
dissertação de mestrado.1 Pelas mãos da Profa. Dra. Marcella Mortara,
encontrei a obra de Jean-Paul Vinay e Jean Darbelnet, Stylistique com
parée du français et de l ’anglais: méthode de traduction, de 1958. Esta
obra pareceu-me abordar a tarefa do tradutor de um modo mais claro do
que qualquer outra disponível no Brasil, naquele momento. E tratava
da tradução com um forte embasamento teórico, calcado na estilística,
propondo fornecer as bases para desvendar o modo como um tradutor
trabalha para obter os melhores resultados possíveis. Tendo eu migrado,
como tantos outros, do mundo da prática para a teoria, sendo, além de
tradutora, professora de tradução, era necessário que encontrasse uma
base teórica sólida que fundamentasse não somente minha pesquisa como,
também, meu exercício da profissão. Por isso, a praticidade da obra de
Vinay e Darbelnet me atraiu tanto.
130
do Campinas, I,a traduction cientifique et technique, de Jean Maillot,
traduzido por Paulo Rónai, e Les problèmes théoriques de la traduction
de Georges Mounin, traduzido por Heloysa de Lima Dantas.
Havendo-as lido e estudado, cheguei à conclusão de que algumas
dessas obras não me seriam úteis, particularmente as nacionais mais anti
gas. Essas pertencem a uma tradição que denomino humanista-beletrista:
seus autores são homens (em geral, homens, não mulheres) extremamente
cultos, poliglotas, amantes das belas letras, que relatam sua experiência
como tradutores c tentam ditar normas para a tradução. Mas essas pres
crições refletem apenas o seu gosto pessoal, revela-os como “homens de
seu tempo”, servindo de muito pouco como sustentação seja de uma teoria
da tradução, seja de uma prática da tradução no dia a dia.
Tomava-se necessário encontrar obras que não fossem apenas uma
coleção de impressões, mas que, ao contrário, se respaldassem cm um
suporte teórico. Ao mesmo tempo, queria encontrar algo que fosse também
ancorado na prática tradutória, ao contrário da obra teórica de Mounin
(1975), por exemplo. Decidi, então, que, dentre as obras disponíveis, a de
Vinay e Darbelnet era a que melhor atendia meus anseios, particularmente
ao descrever os procedimentos técnicos da tradução. Já havia, inclusive,
alguns estudos brasileiros do fazer tradutório com base nesses autores,
destacando-se os estudos do Prof. Francis Aubert e de seus alunos da
USP, continuados até bem recentemente pela professora Diva Camargo
(2001 ),2 bem como artigos seminais das professoras Eliane Zagury e Ma
ria Anninda Sousa-Aguiar (ZAGURY 1975; SOUSA-AGUIAR 1980).
No entanto, alguns conceitos dc Vinay c Darbelnet não me deixavam
completamente satisfeita. Tentei achar outras obras que pudessem me ser
vir de balizamento para um estudo detalhado dos procedimentos técnicos
da tradução. Afinal, selecionei o trabalho teórico de Catford (1965,1980),
já publicado em português, alguns trabalhos dos teóricos de base lingüís
tica, ancorados na prática da tradução da Bíblia, de Eugene Nida (1964,
Observando se que tais pesquisadores utilizam o termo “modalidades" de tradução ao se
referirem aos procedimentos técnicos da tradução descritos por Vinay e Darbelnet.
131
1975, 1982) e as obras também teóricas de Peter Newmark ( 1988, 19 8 1),
que já circulavam no Brasil, embora nunca tenham sido traduzidos para
o português. Escolhi usar também o trabalho de Vázquez-Ayora ( 1977),
que fazia uma revisão da proposta de Vinay e Darbelnet estudando outro
par de línguas, o inglês e o espanhol, calcado em seu trabalho na OEA.
Assim, meu trabalho tomou forma: de início, uma cuidadosa com
paração entre os modelos de tradução propostos pelos quatro autores
selecionados (Catford, Nida, Newmark c Vinay e Darbelnet), seguida
por uma análise detalhada daquilo que propunham como procedimentos
técnicos da tradução. Finalmente, uma proposta de caracterização de
quinze procedimentos técnicos da tradução, bem como de uma catego-
rização desses procedimentos, ou seja, de sua distribuição não em uma
tensão dicotômica (tal como a que se estabelece entre conceitos como
frio e quente) entre a tradução literal se contrapondo à tradução livre,
mas com uma distribuição ao longo de um fluxo contínuo que abrange
desde as mínimas até as máximas divergências (tal como variações de
temperatura) entre dois sistemas lingüísticos, dois estilos e duas realidades
extralinguísticas.
A grande contribuição de meu trabalho, portanto, é a tentativa de
ruptura com a tradição clássica dos estudos tradutológicos que consideram
as traduções e seus procedimentos como sendo simplesmente “livres” ou
“literais” (ou “tradução direta” vs “tradução indireta”, na expressão de
Vinay e Darbelnet). Tentei demonstrar que tal dicotomía não é válida e
que os procedimentos tradutórios podem, na verdade, ser escolhidos de
acordo com a proximidade ou distância entre os sistemas lingüísticos
envolvidos em um ato tradutório e entre as realidades cxtra-linguísticas
que representam. Assim fazendo, desestruturei a organização dos proce
dimentos técnicos da tradução feita por Vinay e Darbelnet.
Esses autores hierarquizam os procedimentos técnicos da tradução
de acordo com a dificuldade de aplicação que representam para o tradutor,
colocando o empréstimo em primeiro lugar, como sendo o procedimento
132
mais fácil. De acordo com os autores, para utilizar o empréstimo, tudo
o que o tradutor tem a fazer é copiar uma palavra ou expressão. Minha
colocação, ao contrário, é de que este é o mais difícil procedimento de
todos, uma vez que parece ser utilizado quando a distância entre dois
sistemas lingüísticos e sua realidade extrai inguística é tão grande que a
comunicação fica prejudicada e o único recurso do tradutor (sem dúvida
depois de muitas tentativas infrutíferas) é copiar um item lingüístico que
será ininteligível para os leitores do texto meta. Não se trata portanto, de
mera cópia, mas de luta perdida na negociação do sentido.
Demonstrando isso, retiro o tradutor da posição de mero copista c
liberto seus poderes de seleção e criação. Deste ponto dc vista, o tradutor
adquire o poder de trabalhar não somente no enquadre da tradução literal
vs tradução livre, mas, também, a possibilidade de mover-se à vontade
ao longo de um eixo onde se dispõem quinze procedimentos tradutórios
de igual peso e relevância.
Desta maneira, parece justificar-se a utilização de Procedimentos
técnicos da tradução no ensino porque, quando o aluno iniciante deíronta-
sc com uma série de procedimentos tradutórios viáveis e válidos, quer
dizer, com muitas maneiras possíveis de traduzir, tem-se a impressão que
se abre diante dele um mundo de possibilidades. Isto parece indicar que
há, entre os iniciantes, um certo medo do texto original que os faz pensar
que devem traduzi-lo estritamente palavra por palavra, mesmo que este
modo de traduzir produza um texto ininteligível em língua meta, como
demonstra não só a minha própria prática pedagógica como também a de
muitos docentes que mc relatam suas experiências.
Para tais alunos, tomar consciência dos quinze procedimentos téc
nicos da tradução que recaracterizei e recategorizei é descobrir que são
livres para manipular o texto fonte de várias maneiras a fim de obter um
texto meta que atinja os objetivos almejados — ligados ao registro c ao
estilo adequados em vista do público a que o texto meta se destina. Como
afirma Rosemary Arrojo:
133
Sc o que futuros tradutores devem aprender, cm últim a instân
' cia, é com o fazer traduções que sejam aceitáveis e celeb radas
dentro da com unidade cultural em que desejam atuar c já que
não é h u m anam ente possível ensinar-lhes tudo que há para
se s a b e r — sim plesm ente porque não existe tal possibilidade
de conhecim ento a única abordagem realista ao ensino de
tradução deve se co n cen trar no esforço dc forn ecer aos futuros
p rofissionais um aparato crítico que lhes perm ita d esco b rir que
tipo de estratégia deve ser em pregada em cada projeto tradutório
que decidirem realizar. (A R R O JO , 1993: p. 147-48)
134
A teoría lingüística, porém, até hoje, não foi capaz de dar conta do
fenômeno da tradução. Desde Mounin (1975) a Umberto Eco (2004) se
manifesta, em um embate entre a teoria e a prática, a incapacidade de,
sequer, decidir se a tradução é possível ou não:
135
tic que sc ocupam os pesquisadores da área, havendo mudado somenle
as ferramentas de pesquisa. Ainda hoje, minha própria investigação se
dedica a um refinamento desses conceitos. Enfoco todos estes aspectos,
agora agrupados sob a perspectiva de estratégias da tradução, e investigo
a tradução como processo (cf. BARBOSA 1996, 1999, 2003, BARBO
SA e CALDAS 2001, 2002; BARBOSA e NEIVA J997, 2003). E, para
minhas reflexões, bem como para tantos que hoje se iniciam na arte, na
técnica e na pesquisa do processo tradutório, os Procedimento técnicos
da tradução ainda são um excelente ponto de partida.
R E F E R Ê N C IA S
B A R B O S A , H. G. e C A L D A S , B. F. “ L id an d o co m o n o v o : in v e stig a ç ã o do
p ro cesso tradutório de u m a tradutora ex p erien te.” Anais do II ClATI - Congresso
Ibero-americano de Tradução e Interpretação , “2001 : u m a o d isséia na trad u ção ” ,
B R EZ O LIN , A. e C E R D E IR A , C. M. B. (org.), C entro U niversitário Ibero-A m ericano,
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