Você está na página 1de 20

I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito

21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

CRÍTICA À RELAÇÃO ENTRE OS MICRO E PEQUENO NEGÓCIOS E O


GRANDE CAPITAL

Janaynna de Moura Ferraz


Universidade Federal do Oeste da Bahia
Universidade Federal de Minas Gerais
janaynna.ferraz@ ufob.edu.br

Bárbara Katherine Faris Biondini


Universidade Federal de Minas Gerais
barbarakfbiondini@gmail.com

Rossi Henrique Soares Chaves


Universidade Federal de Minas Gerais
rossichaves@hotmail.com

Resumo
O objetivo deste ensaio consiste em analisar a relação entre os micros e pequenos
empreendedores e o grande capital, seja pelo uso mediado pela tecnologia,
especialmente os apps para smartphones ou ainda por atuarem massivamente na esfera
da circulação. Foi realizada uma análise da produção científica brasileira que se
dedica/dedicou ao tema e também foram investigados os relatórios elaborados pelo
Global Entrepreneurship Management (GEM), pelo SEBRAE e pelo IBGE. A análise
consistiu em contrapor as justificativas desenvolvimentistas de empreendedorismo
como motor do crescimento econômico a partir da bipartição entre empreendedor por
necessidade versus por oportunidade. Percebemos que, no Brasil, ambos estão
relacionados muito mais com uma saída para o desemprego do que uma chance de criar
um negócio de alto impacto, não havendo, portanto, sustentação para o empreendedor
inovador schumpeteriano. Por fim, concluímos que há uma relação de dependência
entre grande e pequeno capital, o primeiro se vale do segundo para realizar o valor e/ou
rebaixar o capital variável, contudo, a troca é desigual, visto que o pequeno, como, em
geral, não produz mais-valor, é apenas remunerado pela realização, terminando não
conseguindo acumular.
Palavras-chave: Capital; empreendedorismo; crítica economia política; micro e
pequeno negócio.

CRITIQUE OF RELATIONSHIP BETWEEN MICRO AND SMALL BUSINESS


AND THE GREAT CAPITAL

Abstract
The purpose of this essay is to analyze the relationship between micro and small
entrepreneurs and great capital, either through the use mediated by technology,
especially smartphone apps or even to act massively in the sphere of circulation. An
analysis of the Brazilian scientific production dedicated to the topic was carried out and
the reports prepared by Global Entrepreneurship Management (GEM), SEBRAE and
IBGE were also investigated. The analysis consisted of opposing the developmental

112
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

justifications of entrepreneurship as an engine of economic growth from the bipartition


between entrepreneur by necessity versus opportunity. We realize that in Brazil, both
are related much more to an exit to unemployment than a chance to create a high impact
business, and there is therefore no support for the innovative Schumpeterian
entrepreneur. Finally, we conclude that there is a relationship of dependence between
large and small capital, the former uses the latter to realize the value and / or lower
variable capital, however, the exchange is unequal, since the small, as in general, does
not produce more-value, is only remunerated for the achievement, ending up not being
able to accumulate.
Keywords: Capital; entrepreneurship; critical political economy; micro and small
business.

INTRODUÇÃO

A aventura vai encaminhando os nossos negócios melhor do que o


soubemos desejar; porque, vês ali, amigo Sancho Pança, onde se descobrem
trinta ou mais desaforados gigantes, com quem penso fazer batalha, e tirar-
lhes a todos as vidas, e com cujos despojos começaremos a enriquecer; que
esta é boa guerra, e bom serviço faz a Deus quem tira tão má raça da face da
terra. Quais gigantes? disse Sancho Pança. [...] Olhe bem Vossa
Mercê disse o escudeiro que aquilo não são gigantes, são moinhos de
vento [...] Bem se vê respondeu D. Quixote que não andas corrente
nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em
oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha. (Miguel
de Cervantes em Dom Quixote, 2005, p. 52)

O tema empreendedorismo tem sido extensivamente discutido em diversos


meios sociais, seja na academia, nas livrarias, nos programas de televisão, nos podcasts
ou no streaming, nas escolas e principalmente nos pequenos estabelecimentos que se
alastram pelos arredores das cidades (COSTA; BARROS; CARVALHO, 2011,
HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014). O crescimento das discussões acerca da
temática se deu de maneira sutil e contínua, de modo que chega mesmo a ser elogioso o
desígnio de empreendedor, a ponto de se suspeitar sobre a existência de um espírito
empreendedor (PAIVA JUNIOR; ALMEIDA; GUERRA, 2008; FILARDI; BARROS;
FISCHMANN, 2014) como se fosse uma atualização da tese weberiana do capitalismo
para nosso tempo.
Atualmente, estima-se que haja 48 milhões de empreendedores brasileiros (cf.
GEM, 2017) cuja atuação se dá num cenário de precária estrutura produtiva, de baixo
nível de escolaridade, de baixo nível de pesquisa e de tecnologia, e, por fim, de alta
competitividade. O corolário desse cenário é que a maior parte das pequenas empresas
não ultrapassa o segundo ano de atividade (SEBRAE, 2017) - e quando conseguem se
desenvolver, são pressionadas por condições de atuação severas ao mesmo tempo em
que são fortemente influenciadas pela ideologia do empreendedor como o indivíduo que
supera as dificuldades, que é motivado, que é resiliente e que se perseverar chegará ao
sucesso, isto é, que com esforço e preparação será um grande capitalista (DORNELAS,
2008; HISRICH, PETERS, SHEPHERD, 2014).
Não estamos afirmando que um ou outro negócio não consiga crescer e tornar-se
um grande negócio, ou seja, que um trabalhador possa vir a ser um capitalista, possível
é - pois é basilar manter o encanto contudo, o que a realidade assoma é que tais casos

113
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

são raros, sendo fruto, muito mais de uma série de venturas do que necessariamente,
uma estrada comum. Não por acaso, no Brasil, a maior parte dos negócios são micros e
pequenos, o que faz com que a área da pesquisa de empreendedorismo esteja
intrinsecamente relacionada com os micros e pequenos empreendedores (MPE)
(FILLION, 1999; BARROS; PEREIRA, 2008; WADHWANI, 2010).
Diante desse contexto, nosso objetivo neste ensaio consiste em analisar a relação
entre os micros e pequenos empreendedores e o grande capital, seja por meio da
tecnologia, especialmente os apps para smartphones ou ainda por atuarem
massivamente na esfera da circulação (MARX, 2014).
A mediação da tecnologia tem profunda relação com o que tem sido nominado
Indústria 4.01 ou Quarta Revolução Industrial ou ainda Smart Factory (DREHER, 2016;
COSTA, 2017) assim, o smartphone foi aludido por nós como um ícone desse novo
estágio produtivo, por ser o canal que liga trabalhador-capitalista-consumidor. De
acordo com Schwab (2016) as principais alterações provenientes dessa nova Revolução
Industrial consistem na alteração das expectativas dos clientes; produtos mais
inteligentes e produtivos; novas formas de colaboração e parcerias; uma transformação
do modelo operacional e conversão em modelo digital. Seus pilares são, assim, a
Internet das coisas e serviços (IoT e IoS) e o Big Data (COSTA, 2017). Esse futuro
em contradição com a condições de vida e trabalho dos que só
tem a força de trabalho para vender. O processo de valorização do valor encontra seus
obstáculos diante das próprias contradições, e na luta diária contra si mesmo e para si
mesmo o capital se metamorfoseia para continuar vivo e devorando todo o trabalho que
conseguir (MARX, 2013). De maneira, ainda que a compreensão das coisas do mundo
seja post festum, aparentemente a Indústria 4.02 tem modificado e pretende continuar
transformando as relações capitalistas, sem mudar, obviamente, suas bases estruturais:
exploração do trabalhador livre pelos capitalistas e mediação do Estado.
Acerca da circulação, ao seu turno, destacamos que 69% dos micros e pequenos
negócios se destinam a "serviços orientados para o consumidor" (GEM, 2017), o que
nos leva a inquirir o papel do empreendedorismo na aceleração da rotação do capital por
meio da realização do valor executado pelos micros e pequenos negócios; as
possibilidades de extração de mais-valor sem a necessidade de adiantar capital em
decorrência da fragilização das relações capital-trabalho mediadas pelo Estado seja por
meio da terceirização, do teletrabalho, do trabalho temporário ou ainda diretamente
entre grande capital e trabalhador no que tem sido chamado de uberização do trabalho
(FRANCO, FERRAZ, 2017), mediado por dispositivos tecnológicos (especialmente
com os smartphones).
Desconfiamos que a questão possa ser um pouco mais complexa que categorizar
o grupo dos empreendedores como "pequena burguesia" ou "classe média", e embora tal
grupo não se configure numa classe em si visto que, assim como demais classes
proletárias vivem da própria força de trabalho , devem ser analisadas em sua
particularidade dentro do capitalismo dependente brasileiro, visto que também exploram
força de trabalho, por outro lado, seu (pequeno) capital da mesma forma é incorporado

1
Não teremos espaço para discutir neste trabalho, restando-nos apenas pontuar que é uma mediação
importante para compreender a complexidade da relação capital-trabalho no mundo hoje.
2
O termo foi cunhado na Alemanha e se refere "a visão do que será uma fábrica no futuro" ou Smart
Factory que " uma f brica que faz produtos inteligentes, em equipamentos inteligentes, em cadeias de
abastecimento inteligentes" cf. Costa (2017, p. 7).

114
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

na dinâmica de valorização de valor, seja pela produção ou na composição de capital


(ampliado).
Neste ensaio nos valemos da crítica da economia política marxiana e primamos
pelo ser do objeto, em sua materialidade e historicidade, esperando, dessa maneira,
avançar na compreensão do papel de uma importante franja da classe trabalhadora que
ora encontra-se do lado errado da trincheira, se distanciando, portanto, de um horizonte
emancipatório. Analisamos relatórios elaborados pelo Global Entrepreneurship
Management, doravante GEM, pelo SEBRAE e pelo IBGE em busca de dados que
pudessem contribuir com a reprodução ideal do movimento do real do fenômeno.
Quanto à exposição, este trabalho está organizado da seguinte maneira, após esta
introdução apresentamos uma breve exposição da produção científica sobre o
empreendedorismo, visando apontar que o fato de importar a explicação dificulta a
percepção da conjuntura no Brasil. Na sequência, expomos a investigação de algumas
mediações que explicam o empreendedorismo por oportunidade e por necessidade, bem
como a justificativa desenvolvimentista para o empreendedorismo. No quarto e último
tópico apresentamos as considerações finais.

EMPREENDEDORISMO MADE IN USA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA


BRASILEIRA

Enquanto objeto de pesquisa, o empreendedorismo, no Brasil, data o início de


1990 (DORNELAS, 2008; ZEN; FRACASSO, 2008; BACELAR; TEIXEIRA, 2016;) e
tem ocupado progressivamente mais espaços em eventos da área da Administração,
tendo, inclusive, um evento especialmente voltado para os micros e pequenos negócios,
o EGEPE (Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas
Empresas), uma revista própria a REGEPE Qualis B1 -, além de ser um tema que
atravessa diversas áreas temáticas do EnANPAD (Encontro da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Administração). Apenas para pontuar a magnitude, os
estudos bibliométricos da área indicam que 871 artigos científicos foram publicados
entre 2008 e 2014, 51% deles em periódicos cujos Qualis Capes3 variam entre B2, B1 e
A2 (BACELAR; TEIXEIRA, 2016). Um número robusto diante de outras áreas de
investigação dentro da Administração.
Fortemente influenciada pela literatura estadunidense, a produção nacional
reproduz seus conceitos como se fosse possível explicar a colônia e o império da mesma
maneira, sendo esse um dos pontos que tornam a pesquisa nacional frágil. Ao
compararmos os estudos estrangeiros (FERREIRA; PINTO; MIRANDA, 2015) e os
estudos brasileiros (BACELAR; TEIXEIRA, 2016) podemos inferir que as temáticas
convergem e também os autores referenciados, como Schumpeter, Shane e
Ventrakaram, Potter e Fillion, por exemplo. Há, contudo, uma diferença importante
entre o entrepreneurship e empreendedorismo (para além da semântica). Enquanto os
estudos do exterior combinam esforços para mapear a gestão das firmas (o que equivale,
na literatura da Administração, ao ambiente interno) alinhados com competição,
economia, mercado (isto é, ambiente externo), no Brasil, o foco se dá, em maior

3
"o Sistema Qualis foi instituído com o propósito de avaliar a produção científica dos programas de p s-
gradua o stricto sensu, utiliza escalas de pontos para avaliar conjuntamente diferentes critérios, tais
como: normalização, regularidade, projeto gráfico, circulação, visibilidade, origem institucional e
geográfica dos autores, gestão editorial, além da quantidade, proporção e qualidade percebida dos artigos
publicados." (BACELAR; TEIXEIRA, 2016, p. 9).

115
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

(FERREIRA et al, 2011; FERREIRA; PINTO; MIRANDA, 2015; BACELAR;


TEIXEIRA, 2016). Assim, os conceitos são importados, mas apenas parcialmente, e,
ainda assim, os argumentos que legitimam o empreendedorismo tanto como política
pública, quanto como objeto de investigação científica são os mesmos: combate ao
desemprego (AUTIO; FU, 2014; VALE, 2014; GONDIM; ROSA; PIMENTA, 2017) e
crescimento econômico (BARROS; PEREIRA, 2008; ZEN; FRACASSO, 2008;
SOUZA; LOPEZ JUNIOR, 2011; ISLA, 2015; ALMEIDA; VALADARES;
SEDIYAMA, 2017).
A tese que sustentamos neste ensaio é a de que os micros e pequenos
empreendedores no Brasil cumprem um papel importante no atual estágio das forças
produtivas do capitalismo dependente brasileiro, atuando como mediação para a
ampliação da valorização do valor do grande capital. Contudo, tal atividade não se
resume ao que tem sido propagado pelos ideólogos do capital, de que seria o
empreendedor o agente econômico por excelência ao ser o impulsionador da inovação, e
embora haja nuances que possibilitam a distinção entre os empreendedores por
oportunidade e o empreendedores por necessidade (GEM, 2017), ambos, grosso modo,
são corolário do movimento do capital e não força motriz. Sustentamos que, no segundo
caso, embora a aparência do fenômeno se relacione de maneira menos mediada, a
ideologia do empreendedorismo é um obstáculo de relevo para a consciência de classe,
para além da (importante questão) precarização do trabalho, conforme Jesus (2016)
apontou. No primeiro caso, por sua vez, a complexidade da relação exige maior exame
visto sua possível participação na (re)produção do valor.
Mas há ainda outro argumento bastante difundido pelos pesquisadores
brasileiros, a do empreendedor inovador de Schumpeter (ZEN; FRACASSO, 2008;
BRASIL; NOGUEIRA; FORTE, 2011; COSTA; BARROS; CARVALHO, 2011;
SANTOS-SILVA; MARTINS; CARVALHO NETO, 2014; FERREIRA; REIS;
PINTO, 2017), que insistem na teoria do economista austríaco de uma "destruição
criativa", como podemos observar a partir da afirmação de Barros e Pereira (2008, p.
977) (baseados no pesquisador americano Michael Porter)
A contribuição do empreendedor ao desenvolvimento econômico ocorre
fundamentalmente pela inovação que introduz e pela concorrência no
mercado. A inovação de produtos e de processos de produção est no coração
da competitividade de um país, conforme destacou Porter (1992).

Tem sido aceita a hipótese que o trabalho de Schumpeter exerceu grande


influência para o contexto americano, mas serviria para explicar o Brasil? A atividade
empreendedora pode determinar e ser determinada pelo desenvolvimento econômico de
maneiras opostas em países ricos (oportunidade, inovação) e países pobres (combate ao
desemprego), então, como poderia a inovação ter um comportamento idêntico em
contextos socioeconômicos tão distintos? Embora Schumpeter seja um dos autores mais
citados no Brasil como foi apontado nas revisões bibliométricas (Cf. Ferreira; Pinto e
Miranda, 2015 e Bacelar e Teixeira, 2016) os pesquisadores não explicam como essa
relação (empreendedorismo desenvolvimento econômico inovação) efetivamente
funciona, seus nós e limites, aparentemente, tal lacuna sugere que haja uma distância
entre o que dizem os ideólogos do empreendedorismo e as condições materiais em que
os empreendedores, em suas tipologias, efetivamente atuam.
A negligência ao postulado schumpeteriano chega a tal situação a ponto de
desconsiderar (ignorar?) que na sua obra tardia, Schumpeter (1946) acredita na

116
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

obsolescência do empreendedor, momento em que a inovação trocaria de lócus. É o


professor de Development Economics and Entrepreneurship da Maastricht School of
Management, Win Naudé (2011), quem demonstra e sustenta que o postulado
schumpeteriano pouco influenciou os estudos sobre o desenvolvimento econômico pós
Segunda Guerra Mundial, não obstante, dado o afastamento contínuo entre estudos cujo
enfoque era o empreendedor individual e os aspectos econômicos e sociais do negócio
(WADHWANI, 2010), o empreendedor inovador permaneceu sendo utilizado de forma
particularizada, sem considerar o contexto, ou seja, continuou sendo reproduzida nas
pesquisas do empreendedorismo, porém em parte, tão somente aquela que interessava
para a massificação da ideologia empreendedora.
O que o ocorreu é que foram retirados excertos dos principais trabalhos de
Schumpeter a despeito da realização de uma investigação concreta, tomando-se, dessa
maneira, definições descontextualizadas para avalizar a inovação como uma categoria
abstrata e independente do cenário de reprodução das forças produtivas, sendo os
conceitos mais recorrentes, pelo que pudemos apurar nos diversos trabalhos
investigados, a destruição criativa e o empreendedor como motor do desenvolvimento
econômico, que como as lacunas na produção científica nacional demonstram, não se
sustentam.

MICROS E PEQUENOS NEGÓCIOS PARA ALÉM DA NECESSIDADE E DA


OPORTUNIDADE

Desde a década de 1990 vem sendo ampliada a ideia de um espírito


empreendedor no Brasil, cuja intenção seria propagar a atitude empreendedora como
algo virtuoso e necessário. Nas mídias de negócio fala-se de um capitalismo
empreendedor; a ascensão econômica no livre mercado e o herói global, conforme
apontam Costa, Barros e Martins (2012) enquanto na academia justifica-se o
empreendedorismo como sendo o motor do desenvolvimento econômico
(FONTENELE, 2010; NAUDÉ, 2011; SARFATI, 2013).
A ideia da produção de um espírito empreendedor não está apartada do real,
contudo também não representa a essência da relação capital-trabalho desses indivíduos,

(2008) e Mészáros (2016) nos explicam, a ideologia não se restringe a uma mentira ou
falsa consciência, tendo pois uma raiz material que possibilita que seja operada como
um meio para acessar as contradições, conhecer sua natureza e transformá-la. De
maneira que se faz importante compreender materialmente como o empreendedorismo
efetivamente participa do sistema produtivo.
Situando o debate que sustenta a necessidade de um crescimento e
desenvolvimento da economia, a série histórica do crescimento do PIB brasileiro que no
período de 1950-1980, marcou uma taxa média de crescimento de 7,4% a.a., estagnou
em 2,5% a.a., em média, entre 1980-2015. Após uma leve elevação de 4,44% a.a. entre
2004 a 2011, vem apresentando um recuo que soma em média -0,96% nos últimos 6
anos no PIB nacional. Para Prado (2017), embora a produção tenha aumentado, o baixo
crescimento da produtividade das empresas brasileiras (economia dependente,
capitalismo tardio), atrelada a uma breve recuperação do poder de compra da classe
trabalhadora (decorrente da política de salário mínimo indexadas à inflação)
convergiram para as transformações da relação capital-trabalho cujas reformas estão nos
últimos estágios. Ao mesmo tempo, o que tem sido difundido é que os micros e

117
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

pequenos empreendedores têm uma grande contribuição para o PIB (SEBRAE, 2015),
que deveriam, portanto, ser estimuladas.
Marx (2013, 2014, 2017) expõe de maneira totalizante como a valorização do
valor é tanto uma relação social quanto um processo de produção da vida, que não se
limita à esfera da produção - embora tenha nela seu momento preponderante -, sendo
um todo unitário de produção, distribuição, circulação e consumo (MARX, 2011). Ora,
a Indústria 4.0 prevê novas formas de relacionar esses quatro momentos utilizando para
isso a tecnologia digital como meio de produção robusto, ou seja, encontrar caminhos
para ampliar a extração mais-valor, seja reduzindo o capital adiantado, acelerando o
ciclo produtivo ou a circulação, descobrindo novas formas de valores de uso, contudo,
no centro de todo esse movimento está a uberização do trabalho, que marca o novo
estágio da valorização do valor.
Nesse contexto, é importante que analisemos a continuidade (relação capitalista)
sem perder de vista as descontinuidades (Indústria 4.0) e é necessário, igualmente,
investigar a particularidade do capitalismo dependente brasileiro em relação ao cenário

conhecimentos objetivados. Entretanto, o que se vê, como sinalizado no item anterior, é

como se nos países dependentes a reprodução da vida ocorresse da mesma maneira.


À guisa de exemplo, um dos principais manuais de empreendedorismo utilizados
no ensino do empreendedorismo no Brasil provém de uma tradução dos estadunidenses
Hisrich, Peters e Shepherd (2014), como costuma ocorrer nestes casos, o modelo
estadunidense é adotado como se explicasse todo o continente, especificamente o
empreendedorismo brasileiro. Neste livro, os autores classificam em três os tipos de
iniciativas empreendedoras: 1) estilo de vida equivalente aos nossos micro e pequenos
negócios; 2) empresa de fundação equivalente aos nossos médios negócios e que
possuem alguma inovação; 3) alto potencial as startups, são empresas de crescimento
rápido. Notemos que os autores adicionam mais uma tipologia além da classificação
amplamente aceita do GEM (2017) oportunidade e necessidade , façamos, além
disso, duas observações que podem passar despercebidas: i) grandes negócios (o grande
capital) não entra na classificação e ii) os pesquisadores americanos destacam o papel
das empresas de alto potencial, cujo quantitativo e o debate é insipiente no Brasil.
O empreendedorismo brasileiro se relaciona, em maior medida, como uma
opção, muitas vezes a única, para que um enorme contingente de trabalhadores possa se
sustentar e por outro lado, ameniza os embates no qual a mediação do Estado, sob a
justificativa de combate aos índices de desempregos, incentiva o empreendedorismo e
faz parecer que a produção econômica está sob
empreendedorismo se apresentou desde a implantação da política neoliberal como uma
possibilidade de baratear a inovação e um meio efeito de combater o desemprego
estrutural (WADHWANI, 2010), no Brasil, mesmo a segunda opção é operada em
circunstâncias perniciosas, o que se convencionou chamar de empreendedorismo
engloba basicamente dois diferentes contextos -
países de capitalismo dependente e periféricos - , não seria imprudente afirmar, no
entanto, que as "gradações de empreendedorismos" seriam ainda maiores.
No Brasil, estima-se que 21% da população adulta, 22 milhões de pessoas,
seriam "Trabalhadores por conta própria" (PNAD/IBGE, 2017), um número em
tendência de alta frente às contrarreformas em andamento. Vide tabela 1. Chama
atenção os 10 milhões de empregados sem registro (sem a chancela do Estado) e os 4

118
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

-própria, empregados sem


registro, empregadores) de ocupações da força de trabalho estão relacionados com o
empreendedorismo, e perfazem 35% do total.

Tabela 1: Força de trabalho, no Brasil, no 1o trimestre de 2017

Fonte: SEBRAE (2017, p. 19 apud PNAD Contínua IBGE)


Vamos dividir, para fins didáticos, os empreendedores em dois grandes grupos:
os conta-própria (pois não tem empregados) e que equivalem ao empreendedor por
necessidade do GEM (2017) e os empreendedores por oportunidade, que na nossa
análise, seriam aqueles que teriam empregados - sejam eles formalizados ou não.
Segundo o GEM (2017), no Brasil, apenas no ano de 2002 havia mais empreendedor
por necessidade que por oportunidade, um quadro que se inverteu e se manteve em
ascensão desde então, sendo achatado apenas recentemente - após a crise de 2008 -,
quando em 2015 a proporção fica mais equilibrada. Contudo, sumariamente, conforme
ressaltam Barros e Melo (2008), metade dos empreendedores brasileiros seriam por
oportunidade e metade por necessidade.
A motivação para empreender (para além da necessidade de subsistir a própria
existência) também é investigada pelo GEM (2017), que sem qualquer modéstia

aqueles que já empreendem e aqueles que desejam fazê-lo. Foi possível que os
entrev

ser visto na Tabela 2.


Uma análise preliminar nos permite induzir que quase metade dos respondentes
não possui propriedades tidas como elementares para a classe média nacional, como
imóvel (47%) e veículo (38%), por exemplo, e se 34% acreditam que ter o próprio
negócio será um meio possível para a realização de tais sonhos, 29% não tem ensino
superior, delineando, ainda que superficialmente, o perfil da população empreendedora
brasileira. Basta mencionar que o sonho de 8% desses indivíduos é adquirir um
computador ou tablet ou smartphone, tamanha a limitação do poder de compra.

Tabela 2: Os sonhos da população brasileira entre 18 e 64 anos (em %)

119
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

Fonte: GEM (2017, p. 84).


Partiremos das duas franjas de empreendedores, oportunidade e necessidade,
para analisá-las mais detidamente.

O conta-própria ou empreendedor por necessidade


De acordo com o GEM (2017, p. 6), os empreendedores por necessidade, são
aqueles que "teriam afirmado ter iniciado o negócio por não possuírem outra opção de
trabalho e renda". São os trabalhadores tratados nos relatórios governamentais e na
academia pelo nome de conta-
trabalhava explorando o seu próprio empreendimento, sozinha ou com sócio, sem ter
empregado e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador não-
Boa parte dos "conta-própria" - apontados na Tabela 1 - não estão registrados
como pessoa jurídica, mesmo com ostensiva política do Microempreendedor Individual
(MEI), que visa a "inclusão" dos trabalhadores informais no contrato jurídico estatal,
mas que não haverá espaço neste breve ensaio para aprofundar. Nos resta apenas
pontuar que sua ação material consistiu, em maior medida, na legalização da
precarização do trabalho, sem a devida contrapartida do fundo público.
Em uma investigação com e sobre os trabalhadores conta-própria de São Paulo,
os famosos ambulantes da 25 de março, Jesus (2016, p. 12) percebeu que
esta nova tentativa do capital em reconceituar o trabalho informal e

propriedade, perspectivas permeadas pelo discurso do sucesso sob o


comportamento empreendedor, conduz a contradições complexas na
composição e no conteúdo do trabalho informal, ao criar mecanismos
políticos e econômicos (...) ao operar na desconstrução do sujeito que
trabalha e na criação dos indivíduos que empreendem, sem colocar em pauta
o contexto capitalista que exige novo comportamento e um novo
gerenciamento da força de trabalho, mas com o objetivo único de gerar mais-
valia e manter seguro o circuito de realização das mercadorias.

Historicamente, no Brasil, a informalidade nos postos de trabalho esteve sempre


pareada com os postos formais, isso ocorre desde o processo de industrialização
nacional iniciado nos anos 1930 e consiste mais numa maneira de rebaixar o preço da
força de trabalho abaixo do seu valor que uma política de criação de empregos
(OLIVEIRA, 2013), ou seja, a via Colonial (CHASIN, 2000; PAÇO-CUNHA;
REZENDE, 2018) em seu corolário, também teria sua parcela de culpa do que
hodiernamente se conhece por empreendedorismo. O grande número de desempregados
no país não possibilita muitas alternativas para este estrato da população que se vê

120
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

por Nogami e Machado (2011), a partir de um estudo empírico, foi que nos municípios
onde há maior proporção de trabalhadores conta-própria, o índice de desemprego é
menor, mas que este tipo de empreendedorismo, quando comparado ao crescimento do
PIB no local, revela um impacto negativo. Por isso, eles alertam
Em primeiro lugar, o conjunto destes trabalhadores muito heterogêneo tanto
na natureza das atividades que exercem, quanto na motivação para
empreender. Profissionais liberais misturam-se aos camelôs e artesãos;
empreendedores inovadores (schumpeterianos) a proprietários-gerentes.
Outra limitação a medição do conjunto de negócios existentes e não do
fluxo de novos negócios. Apesar das limitações, o conceito de empreendedor
equivalente a trabalhador por conta-própria continua sendo muito utilizado na
investigação científica. (BARROS; PEREIRA, 2008, p. 981)

No que se refere ao combate ao desemprego, o que as pesquisas empíricas


conseguiram demonstrar (BARROS; PEREIRA, 2008; NOGAMI; MACHADO, 2011;
NAUDÉ, 2011; SOUZA; LOPEZ JR., 2011) foi que em países com IDH baixo, as taxas
de empreendedorismo são maiores, o que faz com que de modo geral, o
empreendedorismo combata o índice de desemprego, contudo, não há evidências de que
contribua com o crescimento econômico (BARROS; PEREIRA, 2008; NAUDÉ, 2011).
Mesmo assim, eles reforçam que as políticas públicas de fomento a esses sujeitos
deveriam ser mantidas, o que é esperado, pois elas cumprem um papel a serviço da
reprodução do capital e contra o trabalhador.
Essa relação entre desemprego e empreendedorismo não consiste em uma
novidade, o fato novo que estamos buscando ressaltar é que esse estímulo do
empreendedorismo e todo o seu arsenal ideológico não apenas precariza as condições de
trabalho e vida desses indivíduos, mas também cumpre um papel na conformação da
classe trabalhadora (JESUS, 2016) que entende que a culpa pelo desemprego é sua
(FERRAZ, 2016), e, sobretudo, é sua a responsabilidade por ter uma vida melhor, o que
contribui com a formação de uma subjetividade individualista, que isenta e rechaça o
Estado - isenta quando o exime da responsabilidade pela empregabilidade, visto que,
como já sinalizado, o índice de empreendedorismo pode ser inversamente proporcional
ao do desemprego, ainda que isso não signifique melhores condições de vida aos
indivíduos, e rechaça quando aponta que é o Estado que impede o crescimento dos
empreendimentos, devido à quantidade de impostos requeridos. Vemos que se vê nos
grandes empresários a ética destes tempos, ratificando o que Marx e Engels (2007)
explanaram, que as ideias da classe dominante são ideias da sociabilidade vigente.
Ademais, além da superexploração e da conformação diante da luta de classes, o
empreendedorismo por necessidade (ou conta-própria) atua na manutenção dos baixos
salários praticados no Brasil, conforme o movimento do exército de reserva explanados
por Marx (2013) ao explicar a Inglaterra do século XIX e também por Ferraz (2013;
2015) ao demonstrar que a lógica imanente do capital atua na particularidade brasileira
mantendo intactas as bases da valorização do valor e avançando sobre a exploração da
força de trabalho.
E se o mercado de trabalho formal do Brasil pode ser caracterizado por
atividades de baixa complexidade, cujo rendimento médio real, segundo o IBGE (2018),
não ultrapassa 3 salários mínimos - sendo importante ressaltar que o maior quantitativo
destes postos são oferecidos pelas Micro e Pequenas Empresas, que são responsáveis
por 27% do PIB no Brasil e 52% dos trabalhos com carteira assinada (SEBRAE, 2015),
ou seja, o quantitativo desses postos de trabalho é considerável -, não é difícil supor que
o cenário para a atividade informal é ainda mais penosa.

121
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

Nessa rota, fica latente um dos papéis que o Estado cumpre na luta de classe,
carteira de
trabalho, que faz com que a atividade seja regida pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), cuja proposição consiste em garantir proteção ao trabalhador, que seria
4
do contrato social mais emblemático do capitalismo: relação
capital-trabalho. Neste sentido, com o aumento do trabalho informal, o que podemos
observar é a crescente fragilidade das já limitadas garantias trabalhistas, o que empurra
os salários de médio para baixo, mas, contudo, retira a mediação do Estado, o que
poderia ser uma possibilidade de percepção da condição de exploração, se, por outro
lado, a extração do mais-valor não estivesse tão sofisticada como no caso dos motoristas
do Uber, por exemplo (além de diversos outros) que por não terem uma relação de
trabalho clássica (patrão, folha de ponto, colegas, etc.) desenvolve uma reprodução da
força de trabalho relativamente apartada da produção geral do mais-valor extraído pelo
capitalista.
Formal ou informal, assim, corresponde à forma como o contrato entre
capitalista e trabalhador é estabelecido, se a compra e a venda da força de trabalho
possuem um registro com fins legais para atender as normas jurídicas do país ele é
formal, se não, ele é informal. Não obstante, nem todo instrumento jurídico que medeia
a compra e a venda da força de trabalho garante acesso a todos os direitos trabalhistas.
Assim, na medida em que a informalidade é ensejada, a relação de troca mercantil da
força de trabalho permanece, contudo, o acesso aos direitos é diferente, assim, de um
modo geral, há perda de direitos de um grupo em relação ao outro, e neste caso
consolida-se a precarização das relações trabalhistas.
O entendimento dos limites da "formalidade" da venda da força de trabalho é
relevante na medida em que se apresenta por um lado, como uma necessidade
contingente da classe trabalhadora, em busca de melhores condições para reproduzir a
própria existência, bem como reduzir o mais-trabalho. Por outro lado, o direito (do
trabalho, inclusive) é forma ideológica de manutenção do modo de produção capitalista
(MASCARO, 2016; SARTORI, 2016) e como Marx (2010) argumenta, um aumento
geral de salário não seria útil aos trabalhadores [tomando a emancipação humana por
horizonte] e mesmo a atuação sindical é prejudicial, na medida em que a luta é por
conseguir meios mais amenos de exploração, e não por emancipação. Formal e
informal, portanto, se relaciona com condições de reprodução da existência e com a
organização e luta da classe trabalhadora.

O empreendedor por oportunidade

De acordo com o GEM (2017, p. 6), os empreendedores por oportunidade são


"aqueles que afirmaram ter iniciado o negócio, principalmente motivados pela
percepção de uma oportunidade no ambiente". Esses empreendedores, diferente dos
discutidos no tópico anterior, geralmente possuem trabalhadores formalizados ou não
embora os próprios empresários também atuem em seus negócios.

4
Ao classificar a classe trabalhadora como o lado mais fraco, que precisa da proteção do Estado, a
burocracia estatal cum
aquele que produz o valor o trabalhador vê-se impotente diante das leis, da ordem, da necessidade de
reprodução da própria existência, semelhante a situação apontada por Marx (2012) na França de Luís
Bonaparte.

122
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

Dados do GEM (2017) apontam que nos empreendimentos em estágio


nascente, 1% atua apenas como pessoa jurídica (PJ) e 32% duplamente, como pessoa
física (PF) e PJ ao mesmo tempo, provavelmente a atuação sem registro é uma forma de
facilitar a evasão fiscal. Já os empreendedores estabelecidos buscam com o tempo
"formalizar" a atuação (provavelmente para buscar financiamento), 4,2% atuam
exclusivamente por meio da PJ, 22,6% alternando PF e PJ, mesmo assim, ainda são
73,2% atuando na "informalidade", isto é, como pessoa física.
No total, 6.700.828 empresas estão registradas no RAIS (Relação Anual de
Informações Sociais), 99% delas (6.634.119) cadastradas como micros e pequenas
empresas. Os critérios de classificação são os seguintes: MPE - até 49 empregados se o
ramo de atuação for comércio ou serviço e até 99 se for indústria ou construção; médias
empresas - entre 50 a 99 empregados, se comércio ou serviço, e de 100 a 499
empregados na indústria e construção. As grandes empresas, ao seu turno, são aquelas
com mais de 100 empregados no comércio ou serviço e se for indústria ou construção,
mais de 500 empregados. Ou seja, 99% das empresas, no Brasil, têm até 49
funcionários. A maior parte desses negócios está no setor de comércio (48,5%) e
serviços5 (38,3%), i.e., na esfera da circulação; quanto à força de trabalho que atua nas
MPE, 42,9% está no comércio; 32% em serviços e apenas 25,2% na indústria. E o
documento do SEBRAE (2015, p. 33) conclui que
Embora o capitalismo moderno se caracterize por forte tend ncia
concentra o em grandes empresas, o lugar de micro e pequenas empresas
est garantido em atividades como Servi os e Com rcio, em que economias
de escala n o sejam t o relevantes como ocorre nas atividades Industriais.
Para isso, as a es do SEBRAE se fazem cada vez mais necess rias.

A tendência à concentração (e a acumulação) relatada é imanente ao modo de


produção capitalista e não característica do estágio atual das forças produtivas, não
obstante, a menção ao "lugar garantido" das MPE que merece destaque, pois ao que nos
parece, se fossem atividades com potencial lucrativo estaria com o grande capital,
portanto, ao tomarmos por horizonte a totalidade do processo de valorização do valor, -
produção, circulação, distribuição e consumo - é possível perceber que os MPE estão
cumprindo uma tarefa no ciclo do capital.
Ora, no comércio, quem vende, vende um bem que foi produzido (certamente
por alguma grande indústria); no assim chamado "serviços", a atuação contribui para a
barateamento do preço da força de trabalho e também no consumo de produtos
produzidos pelas grandes, pensemos, por exemplo, num salão de beleza de um bairro
periférico especializado em cabelos crespos, a empreendedora foi demitida do salão
SPA Hair Studio da zona sul da cidade, investiu o FGTS nos equipamentos, contratou
cabeleireiras e manicures sem formalizar o contrato e que são remuneradas por
produção (seria financeiramente inviável assinar as carteiras de trabalhos), os produtos
utilizados são de uma poderosa indústria farmacêutica "engajada na luta contra o
preconceito", ou melhor, interessada em novos clientes.
Tentando muito brevemente sintetizar o fenômeno em sua complexidade: ao
considerar o movimento do capital que prescinde do capital adiantado para valorização
do valor (D-M- -se limitados na competição tanto
5
Serviços: "atividades de transportes, servi os auxiliares aos transportes e correios, servi os prestados
principalmente s fam lias, servi os de informa o e comunica o, atividades imobili rias, servi os
profissionais, administrativos e complementares, servi os de manuten o e repara o, e outras atividades
de servi os" (SEBRAE, 2015, p. 8).

123
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

por não dispor de capital suficiente para mobilizar a reprodução (ou por atuarem na
esfera circulação), como pela composição orgânica do seu (pequeno) capital, que se
destina ao pagamento do capital variável, embora a massa de extração de mais-trabalho
seja inferior aos níveis praticados pelos setores produtivos. Não sendo possível,
portanto, acumular mediante o ciclo do capital, pois não basta produzir, é preciso
reproduzir o capital para que a acumulação aconteça. Observemos no gráfico 1 que as
microempresas apresentam um índice de mortalidade substancialmente superior às dos
outros portes.

Gráfico 1: Taxa de mortalidade de empresas de anos por porte

Fonte: Sebrae (2016, p. 16).

Alguém pode questionar porque as MEI tem mortalidade inferior aos pequenos e
a causa principal, ao tomarmos o modo de produção capitalista, é que por trás do CNPJ
do MEI há um trabalhador desempregado ou informal que não tem outra alternativa
para subsistir é o caso do empreendedor por necessidade supra-abordado, isto é, não se
configura numa relação de D-M-D', trata-se, pois, da realização de alguma atividade de
baixa complexidade6 cujo rendimento vem do valor produzido pelo próprio trabalho e
vendido para outros trabalhadores; assim, quando encerram as atividades é porque não
conseguem sequer continuar desempenhando o trabalho que vinham fazendo. Nas
médias e grandes a perspectiva é outra, pois há capital investido, mas isso é outro
assunto. Marx, desde os Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, havia atinado
para a concorrência de forças desproporcionais entre pequenos e grandes que faz do
primeiro o equivalente a um trabalhador. Para ele
O pequeno capitalista, tem, portanto, a escolha: 1) ou consumir totalmente
(aufessen) o seu capital, posto que ele não pode mais viver dos juros;
portanto, deixar de ser capitalista; ou 2) montar ele próprio um negócio,
vender mais barato sua mercadoria e comprar mais caro do que o capitalista
mais rico e pagar um salário elevado; portanto, arruinar-se, dado que o preço
de mercado, mediante a pressuposta elevada concorrência, já está baixo
demais. Se, ao contrário, o grande capitalista quer derrubar o pequeno, tem
perante este último todas as vantagens que o capitalista, como capitalista, tem
perante o trabalhador. Os ganhos menores lhe são compensados através da

6
As 10 atividades com maiores registros no MEI são: Comércio de vestuário e acessórios; barbeiro,
cabeleireiro, manicure/pedicure; pedreiro; cozinheiro (marmitaria, salgados, doceria); lanchonete;
depilador, esteticista, maquiador; promotor de eventos; eletricista; vendedor ambulante de produtos
alimentícios (churrasqueiro, pipoqueiro, sorveteiro); panfleteiro, promotor de vendas. Conforme Central
do MEI disponível em https://centraldomei.com/top-10-cnaes-mais-utilizados-pelo-microempreendedor-
individual-mei/ Acesso em 21 jun. 2018.

124
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

maior quantidade do seu capital7, e ele pode inclusive suportar prejuízos


momentâneos por um tempo, até que o pequeno capitalista esteja arruinado e
ele se veja livre dessa concorrência. Assim, ele acumula os ganhos do
pequeno capitalista. (MARX, 2004, p. 50).

Contudo, a explicação que os ideólogos do empreendedorismo fornecem para a


mortalidade desses negócios são outras. Segundo o GEM (2017, p. 89), as barreiras que
impedem essas empresas cresçam são:
educação e capacitação; características da força de trabalho e normas culturais e
- numa analogia ao romance de Cervantes - pois é
aparência do confronto (que é real, por sua vez) entre os MPE e a reprodução da
existência deles na sociabilidade capitalista. Mas, e quem seriam os moinhos de vento?
Seriam os movimentos do capital personalizados nos capitalistas. Diante desse cenário,
de intensa concorrência com os grandes; o fato de ter pouco (ou nenhum) capital para
adiantar na forma de meios de produção, atrelada à baixa produtividade - que seria o
meio capaz de elevar a extração do mais-valor relativo - decorrente da precária inovação
existente no capitalismo dependente brasileiro, faz com que os pequenos negócios
sucumbam.
O maior vilão, segundo organizações como a Endeavor8, é o Estado, pois, "A
burocracia que o empreendedor vive todos os dias é um dos maiores obstáculos para o
crescimento no brasil", como aludem na campanha intitulada "Burocracia Para Tudo9".
Atribui-se, então, à burocracia estatal a culpa pelo "atraso" que a formalização faz ao
empreendedor e ao crescimento econômico, a despeito da existência de MPE (formais
ou não) e de não haver uma relação significativa entre este tipo de empreendedorismo e
o desenvolvimento econômico, pelo contrário.
Dentre os motivos combinados que culminam com a sobrevivência ou
mortalidade das empresas, são pontuados: a) situação antes da abertura, quanto à tipo de
ocupação do empresário, experiência no ramo, motivação para o negócio; b)
planejamento do negócio; gestão do negócio; c) capacitação dos donos em gestão
empresarial (SEBRAE, 2016). O que se vê aqui é que a literatura empreendedora atribui
ao próprio empreendedor a culpa pelo fracasso, tal como ocorre na produção acadêmica
nacional acerca da temática, que centra-se no nível do indivíduo e afasta a análise
ambiental, pois se assim o fizesse teria que apresentar que as condições para competir
no capitalismo dependente brasileiro não credenciam os indivíduos da classe
trabalhadora, sequer, a entrar na briga.
Em resumo, se a empresa não prosperar a culpa será, em primeiro lugar, do
Estado que tanto burocratiza a exploração quanto leva o lucro na forma de imposto, em
segundo lugar, do próprio empreendedor que não se preparou para a "batalha". Não
obstante, não conseguimos encontrar nenhum autor da temática que explique que a
concorrência entre grandes e pequenos é tão provável quanto ganhar em uma loteria.
Mencionamos anteriormente que o argumento de que o empreendedorismo seria
o motor do desenvolvimento econômico por meio da inovação também não se sustenta,

7
Em seus estudos mais desenvolvidos, em O Capital, especialmente no Livro II, Marx aponta que não a
vantagem do grande capitalista não é pela quantidade de capital, i.e., que não é uma questão de grandeza,
mas do ciclo de rotação que envolve tanto a produção quanto a circulação do valor.
8
É uma organização global sem fins lucrativos com a missão de multiplicar o poder de transformação
dos empreendedores . Seja lá o isso signifique.
9
Disponível em http://burocraciaparatudo.com.br/

125
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

ademais, a maior parte da atividade produtiva desenvolvida pelos MPE brasileiros se


destina à atividades de baixa complexidade como alimentação, vestuários, comércio,
etc., que não possuem relação direta com inovação tecnológica. Dados do IBGE (2015
apud Sebrae, 2017, p. 15) demonstram que as chamadas empresas de alto crescimento 10
representam apenas 0,7% das empresas ativas. O que vemos é que o indivíduo inovador
schumpeteriano não seria um habitante de terras brasileiras, em seu capitalismo
dependente.
Entretanto, ao mesmo tempo, esses micro e pequenos empreendedores não estão
isolados da Indústria 4.0, pois assim como ocorreu com o revolucionamento das forças
produtivas desde a consolidação da sociabilidade capitalista, nesta última não há algum
aspecto da (re)produção da relação capital-trabalho que não seja tocado. Tem sido
crescente o uso de tecnologia digital, principalmente por meio dos app dos smartphones
- que foram massificados no Brasil - pelos conta-própria e MPE, seja para comprar ou
mesmo para vender, pode ser o Whatsapp para negociar, ou usar o Uber para fazer
alguma entrega, ou receber o pagamento com uma maquininha de cartão de crédito sem
fio, quem sabe pagar o boleto do fornecedor pelo home banking, ou apenas passar
adiante o post ou a corrente com uma frase de efeito sobre a "resiliência do herói
empreendedor", tudo isso aparece como se fosse sem custo para o usuário, mas que
oculta o fato de os dados coletados estarem sendo enviados para algum lugar (BIG
DATA), que há um intermediário sem rosto (IoT) que está sendo comissionado sem
necessitar adiantar capital e que com o mercado da palma da mão, o ciclo de
metamorfose do capital pode ser acelerado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: GIGANTES OU MOINHOS DE VENTO?

Nosso objetivo neste ensaio consistiu em analisar a relação entre os micro e


pequenos empreendedores e o grande capital, seja pelo uso mediado pela tecnologia,
especialmente os apps para smartphones ou ainda por atuarem massivamente na esfera
da circulação. Concluímos, pois, que há uma relação de dependência entre grande e
pequeno capital, o primeiro se vale do segundo para realizar o valor e/ou rebaixar o
capital variável, contudo, a troca é desigual, visto que o pequeno, como em geral não
produz mais-valor, é apenas remunerado pela realização, terminando não conseguindo
acumular. Os conta-própria tiram os rendimentos do próprio trabalho enquanto os MPE
conseguem as taxas de lucro (que é diferente do mais-valor) por meio da exploração da
força de trabalho (maior parte dela informal) e o grande capital ganha em qualquer um
dos cenários, seja pelo rebaixamento do preço do capital variável, seja pela aceleração
do ciclo do capital, seja pelo reforço ideológico do "espírito empreendedor".
Todo esse processo se dá mediado pelo Estado, "juiz de paz" e senhor do formal
e informal. Porém não é o Estado (a formalização dos trabalhadores, os impostos, a
educação deficitária, etc.) a causa do fracasso dos MPE, é antes, o capital, por isso
dizemos que o que aparece como gigantes, são moinhos de vento. Onde os
empreendedores veem obstáculos para empreender, o que existe de fato é o movimento
do capital, em sua lógica destrutiva e alienante.
Agora, pois, começamos a perceber com mais nitidez as franjas de classe
representadas aqui pelo empreendedorismo, como explica Sarfati (2013, p. 27) "o
10
apresentam crescimento médio do pessoal ocupado assalariado de pelo menos 20% ao ano
por um período de três anos e tem 10 pessoas ou mais ocupadas assalariadas no ano inicial de
observação (EUROSTAT-OECD..., 2007)

126
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

trabalhador por conta própria ou o tradicional pequeno empresário (estilo de vida) não

estaria na capacidade que o segundo tem de contribuir com o crescimento econômico.


Contudo, fica a dúvida: crescimento econômico de quem? Desse capitalista individual
(0,7% das empresas nacionais) ou do país? Seria o primeiro, e mesmo que fosse
crescimento econômico nacional, não seria possível afirmar que representasse um ganho
no desenvolvimento econômico, especialmente pelo capitalismo dependente existente
no Brasil. Mas, e quem ganha com a produção dessas startups?
Considerando que as políticas públicas de fomento ao empreendedorismo no
Brasil, em geral, se direcionam aos micros e pequenos negócios; que parte expressiva
desses negócios estão às margens da legalização estatal mas que estas empresas geram o
maior quantitativo de postos de trabalho da força produtiva, embora não sejam,
necessariamente, os responsáveis pelo crescimento econômico, qual o papel efetivo dos
micros e pequenos empreendedores, considerando que eles por um lado, exploram
outros trabalhadores e por outro lado, precisam fazê-lo em condições de competição
global? Para além de todo imbróglio dessa complexa relação que envolve o pequeno
empreendedor, o Estado e o grande empresário, afirmamos que a concorrência entre os
capitalistas individuais obscurece o movimento geral do capital, o deus mercado se
mostra como justo: reconhecendo os melhores e punindo os despreparados, e nisso a
luta de classes é dissolvida pois aparentemente não há mais classes, todos seriam
capitalistas.
Por isso, assim como em Dom Quixote, a cegueira não o permitiu visualizar que
não eram gigantes, eram moinhos de vento. Os MPE ao tentarem enfrentar a
concorrência no mercado lutam com as armas (e a tática) errada, pois a cegueira - a
atitude empreendedora -, em sua peleja diária pela sobrevivência torna-se um obstáculo
para sua práxis emancipatória, até mesmo para realização de seus "sonhos", o que não
impede que a agressão ao herói seja real e violenta (fechamento das empresas, perda de
dinheiro, tempo de vida dedicado ao capital). Entretanto, se o nosso Quixote - os MPE -
soubesse que o inimigo é outro - o Capital, talvez a luta se desse de outra maneira...
como no conto, o amigo Sancho Pança tenta intervir, que façamos o mesmo.

Referências

ALMEIDA, F. M.; VALADARES, J. L.; SEDIYAMA, G. A. S. A Contribuição do


Empreendedorismo para o Crescimento Econômico dos Estados Brasileiros . Revista de
Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 6, n. 3, p. 466-494, 2017.
AUTIO, E.; FU, K. Economic and political institutions and entry into formal and
informal entrepreneurship. Asia Pacific Journal of Management, v. 32 n. 1, p. 67-94.,
2014.
BACELAR, S. D.; TEIXEIRA, R. M. Produção Científica sobre Empreendedorismo no
Brasil: estudo bibliométrico das publicações em periódicos e eventos entre 2008 e 2014.
IX EGEPE, Passo Fundo, RS. Anais... Passo Fundo, 2016.
BARROS, A. A.; PEREIRA, C. M. M. A. Empreendedorismo e crescimento
econômico: uma análise empírica. RAC-Revista de Administração Contemporânea,
v. 12, n. 4, 2008.

127
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

BRASIL, M. V. O.; NOGUEIRA, C. A. G.; FORTE, S. H. A. C. Schumpeter e o


desenvolvimento tecnológico: uma visão aplicada às pequenas e médias
empresas. Revista de ciências da administração, v. 13, n. 29, p. 38-62, 2011.
CERVANTES, M. D. Quixote de La Mancha. EbooksBrasil: 2005. Disponível em
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/eb00008a.pdf. Acesso em: 26 fev.
2018.
CHASIN, J. A mis ria brasileira: 1964-1994: do golpe militar crise social. S o Paulo:
Estudos e Edi es Ad Hominem, 2000.
COSTA, A. M.; BARROS, D. F.; CARVALHO, J. L. F. A dimensão histórica dos
discursos acerca do empreendedor e do empreendedorismo. RAC-Revista de
Administração Contemporânea, v. 15, n. 2, 2011.
______. ; BARROS, D. F.; MARTINS, P. E. M. Linguagem, relações de poder eo
mundo do trabalho: a construção discursiva do conceito de empreendedorismo. Revista
de Administração Pública, v. 42, n. 5, p.995-1018, 2008.
COSTA, C. Indústria 4.0: o futuro da indústria nacional. POSGERE-Pós-Graduação
em Revista/IFSP-Campus São Paulo, v. 1, n. 4, p. 5-14, 2017.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 3. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
DREHER, A. The Smart Factory of the Future Part 1. Belden News. Available:
https://www.belden.com/blog/industrial-ethernet/the-smart-factory-of-the-future-part-1.
Acesso: 10 jul.2018.
FERRAZ, D. L. D. S. A administração de recursos humanos como conhecimento que
constitui uma consciência de classe para o capital. Revista Brasileira de
Administração Política, v.9, n. 2, p. 65-87, 2016.
______. S. Pelo Fim da Categoria Inclusão/Exclusão: A questão do Exército de Reserva no
Capitalismo Contemporâneo. In: CATTANI, A. D. (org.). A Construção da Sociedade
Justa na América Latina. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2013.
______. Projetos de geração de trabalho e renda e a consciência de classe dos
desempregados. Organizações & Sociedade, v. 22, n. 72, p. 123-142, 2015.
FERREIRA, L. F. F.; CAPRA, L. P.; PEREIRA, L. S.; ABREU, M. A. S. S.;
SILVEIRA, F. A. Desde os Primórdios até hoje em dia: Será que o Empreendedor
ainda faz o que Schumpeter dizia? Evolução das Características Empreendedoras de
1983 a 2010. XXXV Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, 2011.
FERREIRA, M. P. V.; PINTO, C. F.; MIRANDA, R. M. Três décadas de pesquisa em
empreendedorismo: uma revisão dos principais periódicos internacionais de
empreendedorismo. REAd. Revista Eletrônica de Administração, v. 21, n. 2, p. 406-
436, 2015.
Influence on
Entrepreneurship (and Management) Research. Revista de Empreendedorismo e
Gestão de Pequenas Empresas, v. 6, n. 1, p. 4-39, 2017.

128
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

FILARDI, F.; BARROS, D. F.; FISCHMANN, A. A. Do homo empreendedor ao


empreendedor contemporâneo: Evolução das características empreendedoras de 1848 a
2014. Revista Ibero Americana de Estratégia, v. 13, n. 3, 2014.
FILLION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e propriet rios-gerentes de
pequenos neg cios. RAUSP, v. 34, n. 2, p. 05-28. 1999.
FONTENELE, R. E. S. Empreendedorismo, competitividade e crescimento econômico:
evidências empíricas. RAC-Revista de Administração Contemporânea, v. 14, n. 6,
2010.
FRANCO, D. S.; FERRAZ, D. L. S. Relações de trabalho virtualizadas e meios de
produção: O caso Uber. In: XXXI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociología,
2017, Uruguai. Anais do XXXI Congreso de ALAS, 2017.
GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR (GEM). Empreendedorismo no Brasil:
2016. Curitiba: IBQP, 2017.
GONDIM, M. D.; ROSA, M. P.; PIMENTA, M. M. Crise versus Empreendedorismo:
Microempreendedor Individual (MEI) como Alternativa para o Desemprego na Região
Petrolífera da Bacia de Campos e Regiões Circunvizinhas . Pensar Contábil, v. 19, n.
70, p. 34-43, 2017.
HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. 9. ed.
AMGH Editora, 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT STICA (IBGE). Pesquisa
Nacional por Amostra de Domic lios (Pnad): s ries hist ricas e estat sticas. Rio de
Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em <http://seriesestatisticas.ibge.
gov.br/lista_tema.aspx?op=2&no=7>. Acesso em: 08 nov. 2017.
__________. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Quarto Trimestre
de 2017. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2421/pnact_2017_4tri.pdf>.
Acesso em: 24 fev. 2018.
ISLAM, A. Entrepreneurship and the allocation of government spending under
imperfect markets. World Development, v. 70, p. 108-121, 2015.
JESUS, N. C. 25 de Março: entre a informalidade, o empreendedorismo e a
precarização. Dissertação de Mestrado (Sociologia). Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2016.
MARX, K. As lutas de classe na França de 1848 a 1850. São Paulo: Boitempo, 2012.
______. Contribuição à crítica da economia política. 2ª ed. São Paulo: Expressão
Popular, 2008.
______. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da
economia política. Tradução Mario Duayer e Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo,
Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011.
______. Manuscritos Econômicos-Filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.
______. O capital: crítica da economia política: Livro 1. Tradução de Nélio Schneider.
São Paulo: Boitempo, 2013.

129
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

______. O capital: crítica da economia política. Livro II: o processo de circulação do


capital. 1ª edição. São Paulo: Boitempo, 2014.
______. O capital: crítica da economia política. Livro III: O processo global da
produção capitalista. 1ª edição. São Paulo: Boitempo, 2017.
______. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. 2. ed. São Paulo:
Expressão Popular, 2010.
______.; ENGELS, F. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em
seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus
diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
MASCARO, A. L. Pol ticas e geopol ticas do direito. Megafón. Buenos Aires:
CLACSO, n. 6, mai. 2016.
MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2014.
NAUD . W. Entrepreneurship is not a binding constraint on growth and development
in the poorest countries. World Development, v. 39, n. 1, p. 33-44. 2011.
NOGAMI, V. K. C.; MACHADO, H. V. Atividade Empreendedora nos Países do
BRIC: uma análise a partir dos relatórios GEM no período de 2000 a 2010. Revista da
Micro e Pequena Empresa, v. 5, n. 3, p. 114-128, 2011.
OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista/ O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo. 2013.
PAÇO-CUNHA, E.; REZENDE, T. D. H. Participação e miséria brasileira: o
participacionismo nas condições de possibilidade do capitalismo no Brasil. Revista de
Administração Pública, v. 52, n. 3, p. 345-362, 2018.
PAIVA JÚNIOR, F. G.; ALMEIDA, S. L.; GUERRA, J. R. F. O empreendedor
humanizado como uma alternativa ao empresário bem-sucedido: um novo conceito em
empreendedorismo, inspirado no filme Beleza Americana. RAM. Revista de
Administração Mackenzie, v. 9, n. 8, 2008.
SANTOS-SILVA, A.; MARTINS, H. C.; CARVALHO NETO, A. A Gestão de
Organizações Sociais Sob a Ótica do Empreendedorismo Schumpeteriano. TPA-Teoria
e Prática em Administração, v. 4, n. 1, p. 227-260, 2014.
SARFATI, G. Estágios de desenvolvimento econômico e políticas públicas de
empreendedorismo e de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em perspectiva
comparada: os casos do Brasil, do Canadá, do Chile, da Irlanda e da Itália. Revista de
Administração Pública-RAP, v. 47, n. 1, 2013.
SARTORI, V. B. Direito, pol tica e reconhecimento: apontamentos sobre Karl Marx e a
cr tica ao Direito. Revista da Faculdade de Direito da UFPR, v. 61, 2016 b.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
(SEBRAE). Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira -
Relatório Executivo. Brasília: 2015.
SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard
University Press, 1934.

130
I Seminário Crítica da Economia Política e do Direito
21 e 23 de Maio de 2018, Universidade Federal de Minas Gerais

SOUZA, E. C. L.; LOPEZ JÚNIOR, G. S. L. Empreendedorismo e desenvolvimento:


uma relação em aberto. RAI Revista de Administração e Inovação, v. 8, n. 3, p. 120-
140, 2011.
STEL, A. V.; CARREE, M.; THURIK, R. The effect of entrepreneurial activity on
national economic growth. Small business economics, v. 24, n. 3, p. 311-321, 2005.
SCHWAB, K. The Fourth Industrial Revolution. World Economic Forum. Crown
Busines: New York, 2016.
VALE, G. M. V. Empreendedorismo, marginalidade e estratificação social. RAE-
Revista de Administração de Empresas, v. 54, n. 3, 2014.
ZEN, A. C.; FRACASSO, E. M. Quem é o empreendedor? As implicações de três
revoluções tecnológicas na construção do termo empreendedor. RAM. Revista de
Administração Mackenzie, v. 9, n. 8, 2008.
WADHWANI R. D. Historical reasoning and the development of entrepreneurship
theory. In LANDSTROM, H. LOHRKE, F. (Org.) Historical foundations of
entrepreneurship research. Cheltenham, UK; Northampton, USA: Edward Elgar,
2010. p. 343-362.

131

Você também pode gostar