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1 O Filho Rejeitado Do Sheik - Agatha Costa
1 O Filho Rejeitado Do Sheik - Agatha Costa
NOTA DA AUTORA
AVISO
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
AGRADECIMENTO
NOTA DA AUTORA
Connecticut, EUA
Palácio de Saha
Um ano antes
Vinte segundos.
Para algumas pessoas esse tempo seria tão insignificante
quanto um piscar de olhos. Para mim, mudou a minha vida inteira.
Por causa deles, o meu irmão gêmeo Hamad havia nascido
na frente e se tornado o filho mais velho e futuro emir [1]de Sahra.
Nosso pequeno, próspero e lidíssimo país, no deserto de Amal.
Nunca houve qualquer tipo de competitividade entre nós.
Até ele ficar comprometido e se casar com a mulher que eu amava.
Apesar de ser o mais velho, Hamed é mais descontraído,
festivo e aventureiro do que eu. Ele estudou na Europa, conheceu
muitas mulheres em suas viagens pelo mundo. Porque o meu irmão
exigiu isso, antes de ser obrigado a assumir como o futuro rei. Poder
viver em liberdade. Enquanto, eu, fiquei aqui, ajudando nosso pai a
cuidar de Sahra, fazendo o nosso país prosperar e crescer cada vez
mais.
Foi fácil para Hamed retornar anos depois e conquistar a
jovem Layla Zahir. Em poucas semanas de corte, ele já tinha o coração
da bela dama em suas mãos.
A nossa tradição exige que o futuro emir tome uma esposa
quando atingisse a idade máxima de quarenta anos, para que ainda
tivesse vigor para produzir herdeiros. Como segundo na linhagem, eu
não era obrigado a isso, a não ser que Hamed fosse impotente ou
morresse.
Agora eu só poderia assistir de longe a família de Hamad e
Layla se formar e crescer dando frutos. Congelar o meu coração e
esconder todos os dias a mágoa em saber que Layla jamais poderia ser
minha.
Ela havia traído nossas juras de amor, em nossas caminhadas
nos jardins, para se tornar a esposa do príncipe herdeiro e futuro sheik.
Agora devo esquecê-la.
— Salam [2]— digo a Jalal que está me esperando no pátio,
no lado fora do grande salão palácio.
Ele é o meu braço direito e amigo de longa data.
— Salam. Os cavalos estão prontos, Vossa Excelência.
Podemos partir quando quiser.
Eu já havia tolerado os três dias de festa de casamento.
Todos os rituais para os noivos já haviam sido cumpridos e minha
presença no palácio não seria mais exigida.
— Para onde vamos? — Questiona Jalal,
— Passar algumas noites no hotel do meu primo, Omar, na
capital e de lá vamos para o Sul do deserto de Amal.
Pretendo me isolar na minha tenda no deserto o máximo de
tempo que eu puder. Hamed estava de volta e agora é dever dele cuidar
de todas as obrigações reais junto com o nosso país. É hora dele
aprender mais sobre Sahra. E em como as coisas haviam mudado
desde que ele partiu para estudar e se divertir pelo mundo. Como
relembrar algumas das nossas importantes tradições.
Sigo para o meu garanhão negro, um Aswad[3], uma raça
premiada, criada em nosso país, que vale milhões em todo mundo,
devido sua resistência a longa viagens no deserto e velocidade
impressionante.
— Rashid?
Fico tenso ao reconhecer a voz e feminina me chamando.
— Iria embora sem se despedir de mim?
— Vossa Alteza — faço uma reverência a Layla e não ergo o
meu olhar para ela — Apesar de nos tornarmos parentes agora. De
você se tornar minha irmã. Não é certo que fale comigo sem o seu
marido presente.
— Rashid — ela encurta a distância entre nós — Nunca
ligamos para essas tradições tão antigas. E nem creio que Hamed iria
ligar. Você ainda é o meu melhor amigo.
Não, eu não era. Como seria possível ser amigo de quem
temos um amor não correspondido?
Quando olhá-la com outro, sendo o meu próprio irmão,
idêntico a mim, mas tão diferente na personalidade, machuca.
— As coisas mudaram, Layla — dessa vez me atrevo a olhar
rancoroso para ela — Você fez a sua escolha.
— Eu tive que cumprir o pedido do meu pai!
— Você mesmo disse que não éramos tão ligados a antigas
tradições — relembro-a com sarcasmo — O que mudou com meu
irmão?
Apesar de Layla ser a escolhida de Hamed e o pai dela ter
ficado feliz com isso, ela poderia ter recusado a corte dele e seu pedido
de casamento. Sim, causaria um desconforto diplomático por algum
tempo, que seria superado quando nós dois nos casássemos. Mas Layla
queria mais. Ela desejava o trono.
Como pude ser tão cego para não ter visto isso?
— Eu me apaixonei por ele. Aconteceu, Rashid.
— Nós conversamos por meses, Layla. Estava certo apenas
esperarmos Hamed voltar e assumir o seu cargo para eu pedir sua mão.
Idealizamos ficar juntos tantas vezes. Não. Eu idealize. Agora quer me
dizer que em três semanas de cortejo, você se apaixonou pelo meu
irmão?
Não vou confiar em seu olhar triste. Eu precisava acreditar
que Layla era apenas uma garota ambiciosa. Só assim eu conseguiria
lidar com o meu ego e coração ferido.
— Adeus, Layla — falo, secamente, dando às costas a ela.
Não apenas a partiu o meu coração. Mas me enterrou para o
amor. Eu nunca mais entregaria essa parte tão frágil de mim a
ninguém.
CAPÍTULO 3
Connecticut, EUA
No aeroporto
Quando eu digo que odeio surpresas, tenho propriedade para
falar isso.
— Como assim você não vem, Lucy?
Fecho os meus olhos com fora e tento controlar a fúria com
minha amiga. Eu deveria ter imaginado quando ela disse para nos
encontrarmos no aeroporto, que alguma coisa estava errada.
— Abiga — sua voz fanhosa que a faz falar errado, poderia
soar engraçada, se a situação não estivesse me deixando
completamente em pânico — Eu guro que queria ir. Mas nem consigo
lebantar da cama.
Com o que ela diz e um ruidoso espirro que dá, me faz
afastar o telefone do ouvido.
Lucy está mesmo mal, o que nem me permite ficar brava
com ela.
— Mas, Lucy, essa viagem foi ideia sua. Então se não vai...
— Dada disso, abiga! É seu presente de anibersário. Bocê
tem que entrar naquele abião e se dibertir em Sarha por nós duas.
Promete isso, Suz!
Eu nuca quis fazer essa viagem, muito menos sem a Lucy.
— Gastei uma fortuna. Bocê bai! — O grito a faz entrar em
uma crise de tosse seca — Já está aí. Então só aprobeita.
Seria um grande desperdício jogar as duas passagens no lixo.
Além disso, com Lucy doente, não haveria nada que eu pudesse fazer.
Com toda certeza a sua Diana, mulher que a criou desde bebê, estaria
enfurnada na casa dela, tratando-a como o seu cristal.
— Certo. Eu vou. Mas saiba que vai ficar me devendo essa.
— Te pago aquele japonês que bocê ama quando boltar.
É claro que eu nunca iria exigir isso dela. A viagem com ou
sem Lucy, já tinha sido um presente de aniversário para mim.
— Eu mando fotos. Aliás... — aviso, mostrando a minha
passagem a funcionária, para passar no embarque — Vou encher você
com fotos de praias, sol, comidas maravilhosas, bebidas exóticas e
homens bonitos.
— Cruel. É assim que me agradece bor ser uma amiga
incrível?
— Você é mesmo incrível — aviso, com amor — Eu te amo,
Lucy.
— Também te amo, Suzana. Banda notícias assim que
chegar lá, ok?
Quando chego ao portão de embarque, o meu voo está sendo
anunciado pela última vez.
— Suzana Weston? — Indaga a comissária no balcão.
— Eu mesma.
— Só faltava você e a Srta... — ela olha o computador,
checando sua lista de passageiros — Golding.
— É minha amiga, Lucy. Está doente e não irá.
— Então entre senhorita — ela sorri, amigavelmente —
Vamos partir imediatamente.
Serão muitas horas de viagem até Sahra, contando com duas
escalas de espera de três horas. Eu desejo que todo esse empenho para
chegar ao país, realmente valha a pena.
O aeroporto de Sahra é impressionante e diferente de tudo o
que já vi em questão de modernidade e beleza. Essa primeira
impressão do país é excelente e até começa a me empolgar.
Um homem com trajes típicos, com as cores de Sahra, azul,
vermelho e preto, com uma placa com meu nome e de Lucy está me
esperando no lado fora do desembarque.
— Srta. Weston? Ou Stra. Golding? — Ele olha atrás de
mim, acho que esperando a minha amiga surgir a qualquer momento.
— Suzana Weston — apresento-me a ele.
— Bem-vinda a Sahra, senhorita.
O sotaque ao falar minha língua é bastante carregado, mas
não tenho muitas dificuldades em entendê-lo. Explico ao senhor que
Lucy não vem, por ter ficado doente em última hora. E ele demostra
sincera indulgência por ela não ter vindo comigo.
Gostei dele. É muito sorridente e simpático. Em nossas
conversas sobre a viagem, Lucy me disse que os sahrarianos são
conhecidos por sua hospitalidade, alegria e gentileza.
Entramos no jipe dele e do aeroporto magnífico, seguimos
para Fils, a capital de Sahra. Eu fico encantada em como a cidade é
moderna, urbanizada e impressionantemente limpa.
Eu já sinto o peso do calor nos primeiros minutos da viagem,
mas as paisagens por qual passamos são tão lindas, que a temperatura
extrema do Emirado não me incomoda.
— Chegamos, bela senhorita — avisa o Sr. Abdul, o meu
transfer, ao estacionar em frente ao lindo hotel — Zafir vai levar suas
malas.
Ele aponta um jovem igualmente sorridente, que vem ao
nosso encontro.
Ao check-in é feito rapidamente por uma funcionaria
bastante comunicativa e quase sem sotaque ao falar comigo. E em
minutos recebo as chaves do quarto.
Apesar de não ser o mais caro do hotel, é um dos melhores
que já fiquei em minha vida toda, e é de frente para a linda praça de
Fils. A cidade capital não fica próximo ao litoral. A praia mais perto
daqui e de livre acesso é em Dabab[4]. Vai ter uma excursão para lá no
dia seguinte e seria o meu primeiro passeio com Lucy.
Antes mesmo de desfazer as minhas malas, estou ligando
para ela.
— Você não vai acreditar, Lucy — Jogo-me na cama,
olhando para o teto branco — Aqui é mais lindo do que nas fotos. E
faz muito calor também.
É obvio que minha animada amiga me enche de perguntas
curiosas e eu passo os minutos seguintes respondendo e como uma
pequena vingança por ter me deixado embarcar nessa sozinha, a deixo
com muita inveja.
CAPÍTULO 4
Fils, Sahra
Sei transitar muito bem entre o mundo moderno e das nossas
tradições milenares. Fico confortável em me sentar em uma mesa com
dezenas de chefes de estados, tratando de assuntos importantes e de
interesse entre nossas nações, como posso passar dias, semanas e até
mesmo meses, em meu acampamento no deserto de Amal, em frente a
um magnífico oásis Raar-al-Mir, completamente privativo, que
pertence a minha família há mais de trezentos anos.
Tenho fascinação na junção entre as areias que enformam
linhas horizontais em constantes oscilações. A contraposição das cores
tépidas das dunas com o azul vivo dó céu, refletindo nas águas serenas
do lago.
É um alimento para a minha alma, sentir o frescor da
vegetação, que apesar da agitação da areia, se mantém inabalável.
Aqui é onde eu tenho fugido do mundo nos últimos meses,
desde o casamento do meu irmão, na verdade. Jalal costumar zombar,
dizendo que tenho me escondido, e, ele não está totalmente errado.
Esse tempo aqui, avaliando a minha vida, serviu como uma
espécie de purificação. A ferida em meu peito está fechada. Nesses
meses revivendo a nossa história, percebi que estive apenas encantado
com a ideia de me apaixonar pela primeira vez, por uma jovem linda,
atraente e ingênua.
A verdade é que foi mais o meu ego e orgulho sendo feridos,
do que realmente o meu coração.
Eu nunca desejei ser o sheik emir, esse destino já estava
traçado para Hamed, e eu aceitava o que tivesse sido escrito a mim.
Por amá-lo e saber das grandes responsabilidades que ele teria no
futuro, aceitei de bom grado me tornar o braço direito do nosso pai,
enquanto ele vivia suas aventuras.
Então foi desapontador, mesmo que ele não tivesse feito de
forma cruel, vê-lo apenas tomar algo que queria e que achei que fosse
meu. Que Layla tão rapidamente tivesse caído encantado por Hamed,
esquecendo as promessas que fizemos ao outro.
Mas isso teve seu lado positivo. Me fez ver o amor como
realmente é, frágil e não confiável. Eu não cairia nessa armadilha
novamente.
Agora era minha vez de aproveitar a vida, as festas e as
mulheres. Como segundo na linha de sucessão, pelo menos até Hamed
ter seus herdeiros, filas de belas garotas seriam feitas a mim, tanto em
Sahra como em todo o resto do mundo.
É minha vez de bancar o playboy da realeza.
Era o que estava em minha mente até Jalal trazer
informações importantes de Fils.
Agora já coroado, Hamed tem carta branca tratar de assuntos
de governo. Só que meu irmão não tem experiência alguma para lidar
com algumas questões que precisam de medidas mais diplomáticas, do
que operacionais.
Há um acordo que que dura mais de cinquenta anos,
garantindo que Alnaas al'ahrar, uma das tribos mais antigas no norte de
Amal, continue a ser independente de Sahra.
Apesar da área ser rica em petróleo e poder gerar muitos
benefícios a eles, a grande parte deseja continuar vivendo da forma
antiga, em suas tendas no deserto, comendo e vestindo do que eles
mesmo produzem.
Normalmente, eles são um povo pacífico, mas a insistência
de Hamed em tomar o lugar novamente para Sahra, tem agitado os
defensores rebeldes, deixando-os furiosos.
— Qual a última notícia que teve em Fils? — Indago a Jalal
quando ocupamos os nossos cavalos.
A pedido de meu pai, em uma missiva enviada a mim há três
dias, preciso ir à cidade capital para acalmar os ânimos de algumas
pessoas, depois que o restaurante onde Hamed e Layla estavam sofreu
um ataque como resposta às suas promessas de tomar Alnaas al'ahrar.
— O povo ainda anda inquieto e com medo de uma guerra.
Acho que foi um erro ter deixado Hamed lidar com assuntos
tão importantes como esse cedo demais. Mas ele havia jurado ser
capaz de começar a administrar suas funções e tomar decisões
necessárias.
Sahra não era como uma das fraternidades que ele decidia
coisas estúpidas. A vida do nosso povo, o presente e o futuro de toda
uma geração, dependia de nós.
— Acha que vai precisar ficar quanto tempo na capital? —
Estudo os olhos escuros de Jalal, que o turbante preto faz ficar ainda
mais sombrios ao analisar a sua pergunta.
Ele não era apenas o homem responsável pela minha
segurança. Mas um dos soldados mais bem treinados e implacáveis do
país. Eu nunca temia a minha vida ao lado dele.
— O mínimo necessário.
— E pretende ir ao palácio falar com Hamed?
Pelos relatórios que venho recebendo, o meu irmão não anda
muito amigável. Isso porque a essa altura seu primeiro herdeiro já
deveria estar a caminho, mas o ventre de Laila continua vazio.
Somado a isso, ter tomado algumas estratégias erradas, tanto
políticas quanto econômicas, que cobram suas consequências, faz
Hamed ficar impaciente.
— Ele não quer a minha ajuda, Jalal — aviso, seco.
— Mas vai ajudá-lo mesmo assim.
De um jeito que Hamed não precise saber ou que só
descubra tarde demais. Sermos gêmeos idênticos, algumas vezes tem
suas vantagens.
CAPÍTULO 5
Como uma mulher que esteve casada por alguns anos e teve
alguns relacionamentos antes disso, eu conheci o sexo. Mas nada do
que vivi poderia se comparar com o que Rashid me fez experimentar
essa noite.
Até o fato de vê-lo se proteger, nos proteger, sendo mais
correta, jogando por terra o meu plano para essa noite, ficou apagado
quando Rashid me fez sua.
Ele me levou ao céu e me fez conhecer o paraíso.
Eu nunca havia me deparado com um homem tão intenso,
apaixonado e fogoso como ele. E, bem, preciso ressaltar que tem duas
vantagens, que acredito que todas as mulheres devem ao menos
sonhar, ele tem um pau grosso e grande.
Esse pensamento me faz ver o quanto devassa estou sendo e
eu solto um pequeno gemido, envergonhada, que faz Rashid afastar o
rosto do meu pescoço para me encarar, curioso.
— Quais pensamentos estão levando cor as suas bochechas?
Ele se afasta, tirando o seu peso sobre mim, mas me puxa
para os seus braços em seguida.
— Eu não digo nem sob tortura.
Isso o faz sorrir e a forma que eu olho para o seu corpo
musculoso e perfeito, meio que deve dar a ele uma ideia de quais
pensamentos fazem uma verdadeira bagunça em minha cabeça.
— Quanto tempo mais ainda têm por aqui?
Com a pergunta inesperada, Rashid passa carinhosamente os
dedos em minha testa, afastando os fios suados do meu rosto.
— Dez dias. Em Sahra, não necessariamente em Fils.
Dos cantos dos meus olhos, os dedos descem até a minha
boca e ele brinca entreabrindo os meus lábios.
— Fique comigo! — O pedido feroz soa mais como uma
ordem, que não espera recusa.
Levo alguns segundos para realmente entender o que Rashid
está sugerindo. Até porque, quando embarquei nessa aventura com ele,
acreditei que teríamos apenas essa noite juntos e nada mais.
— Quer que eu fique com você até o final da minha viagem?
— Venha para o deserto comigo — ele se inclina e encosta a
testa na minha — Ainda não tive o suficiente de você, Suzana.
Eu deveria achar um absurdo o que ele me propõe, mas
consigo entendê-lo perfeitamente. Também sinto que não tive dele o
suficiente e não falo apenas em meu plano insano em engravidar. Mas
de Rashid mesmo. Esse homem intrigante e misterioso que me fez
conhecer a paixão pela primeira vez.
— Mas, Rashid, no deserto? Sei que Sahra é seguro. Só que,
entende como isso é insano?
— Pense como uma aventura — ele esfrega o nariz no meu e
esse gesto me amolece ainda mais — O que quero te mostrar é lindo e
garanto que será a experiência mais incrível da sua vida.
Mais tempo com Rashid, significava mais noites quentes
como essa e talvez em algumas delas, eu conseguisse pegá-lo de
guarda baixa, fazendo-o esquecer-se do preservativo.
Esse pensamento, quase que criminoso e imoral, me faz
sentir como a pior pessoa do mundo.
Não. Eu não posso fazer isso com ele. É completamente
errado, imoral e injusto com ele e com nosso filho, se eu realmente
ficasse grávida.
Mas ainda assim, a proposta de Rashid para que eu viajasse
com ele, essas quase duas semanas, é irresistível.
— E eu poderia ir embora quando quisesse?
Eu deveria mesmo estar ficando maluca.
— Quando quiser. Basta me dizer e a trarei de volta a Fils ou
a levarei para onde desejar.
— Que garantias eu tenho disso?
Eu ouvi muitas histórias de mulheres que eram sequestradas
e mantidas como escravas sexuais, quando não aconteciam coisas
piores.
— A minha palavra, habibti. Eu posso garantir que ela vale
mais do que ouro aqui e é tão pesada quanto a lei.
Eu não sei explicar, mas acredito nele. O que vivemos essa
noite, tudo o que Rashid me fez sentir, não apenas durante o sexo, me
faz acreditar na promessa dele.
E talvez essa seja minha última chance na vida de me jogar
de cabeça em uma aventura e agir sem pensar.
— Tudo bem. E quando vamos?
O sorriso dele inicia modesto, mas logo se alarga, fazendo os
seus lindos olhos azuis brilharem como faróis.
— Amanhã cedo, depois que eu resolver algumas coisas na
capital — ele se move e seu corpo enorme volta cobrir o meu — Por
essa noite, ainda quero mais de você.
Ele afasta as minhas pernas com os joelhos e enfia sua mão
entre as minhas coxas. Ele esfrega os seus dedos na minha boceta
sensível, que rapidamente começa a ficar molhada com as carícias que
Rashid me faz.
— A noite inteira — ele sussurra em meu ouvido, depois me
beija com ímpeto.
Nos provocamos com os nossos lábios e mãos aflitas, até que
Rashid se afasta novamente para buscar outro preservativo.
Nesse momento, só ele me importa. Com o que Rashid me
faz sentir.
E ele me leva ao paraíso mais uma vez.
E eu nunca mais queria voltar de lá.
CAPÍTULO 14
Seis dias.
Em apenas seis dias a minha linda fantasia ardente no deserto iria
acabar. Tudo o que eu teria de Rashid seria lembranças doces e
incríveis ao lado dele. Ainda assim eu estava muito feliz.
Lucy estava certa quando disse que essa viagem mudaria a minha
vida. E mesmo que eu não saísse desse paraíso, levando o bebê de
Rashid em meu ventre, não desistiria da ideia de ser mãe.
Voltando para casa, a primeira coisa que eu faria seria procurar
uma clínica de fertilização, para que eu pudesse realizar de forma legal
e moralmente, esse desejo.
— Está pronta, habibti?
— Você ainda não me disse o que vamos fazer?
Ele só havia me entregado uma linda vestimenta chamada goa
gaun e dito que faríamos um passeio pelo deserto.
— Os olhos falam melhor do que a boca.
— É um ensinamento árabe?
Rashid apenas me dá um dos seus sorrisos de tirar o fôlego e me
leva para fora da tenda. Quando chegamos em frente a ela, solto um
enorme grito de surpresa.
— Camelos?
Não sei se olho para os lindos animais brancos ou para ele.
— Nós vamos de camelo?
— Pensei que ficaria com medo.
— Eles são mansos?
Rashid me envolve em seus braços e eu já fico toda derretida por
ele. Como só há Jalal verificando os animais por perto. Não se pode
dizer que estamos em uma exibição pública de afeto.
— Eu nunca a colocaria em perigo.
— Nesse caso, estou ansiosa por mais essa aventura com você.
Tudo que exploramos até agora foi o oásis, não que eu esteja
reclamando. Amei cada cantinho dele que Rashid me tornou sua.
Tanto ele quanto Jalal, me ajudaram a subir no camelo e mostram
como devo fazer para colocá-lo em movimento. Nos primeiros passos
fiquei insegura, mas assim que aprendi a me posicionar no animal o
passeio se tornou mais divertidos.
Nós passamos por lagos menores e chegamos a um ponto que
podíamos ver as montanhas de longe. Dessa vez Rashid ficou atento
aos momentos que acreditava que deveria parar, dando-me água,
algumas frutas e um tempo para esticar as pernas.
E ele sempre aproveitava isso para também me presentear com
seus beijos e carinhos.
Voltamos a tenda antes do pôr do sol e enquanto ele e Jalal
tinham seu momento religioso no lago, eu aproveitava para fazer
rascunhos de algumas pinturas que quero iniciar.
Estou preguiçosamente relaxada na banheira de madeira quando
Rashid surge. A roupa que ele usa essa noite é diferente. Tem mais
bordados e tecidos mais finos, como se ele estivesse se vestido para
uma ocasião especial.
Noto também que ele traz um embrulho em suas mãos.
— Para você. Um presente de aniversário atrasado.
A curiosidade me faz esquecer que estou completamente nua na
banheira e eu me levanto, animada.
Rashid em encara com o seu olhar faminto. Em vez de me
envergonhar como no início, isso me faz sentir poderosa. Saio da
banheira e nem faço questão do roupão em uma cadeira.
Descalça, com o meu corpo e cabelos molhados, caindo em
minhas costas, vou até ele.
Os olhos de Rashid estão brilhando de desejo, como se suas
pupilas fossem de fogo.
Não retiro o pacote das mãos dele, mas começo a desfazer os
laços.
— Rashid — balbucio sem ar.
Encontro várias peças que formam o mesmo figurino que as
dançarinas usaram no meu aniversário. Só que o meu top, saia e lenços
são em vários tons de vermelho e tem bordados dourados, além de
pequeninas pedras transparentes que brilham tanto, que me faz pensar
se as joias são reais.
— Eu não posso aceitar.
— Recusar um presente aqui é considerado uma ofensa grave,
habibti — ele envolve as peças com o papel de embrulho e as coloca
em minhas mãos — Além disso, tenho minhas próprias intenções
através dela.
— Intenções?
— Dance para mim.
Agora assim eu fico vermelha.
— Mas eu não sei dançar. Não como elas.
Ele passa a mão pela curva do meu pescoço, pelos meus ombros
e fecha seus dedos em volta do meu seio. Com a sua carícia os meus
mamilos ficam duros e outras partes em meu corpo despertam de
desejo por ele.
— Apenas dance. Como quiser.
Eu me vejo desejando isso desesperadamente.
— Está bem, habibi.
É primeira vez que o chamo assim e isso o leva a soltar um
grunhido atormentado e me puxar para os seus braços.
É como se eu estivesse sendo punida com o beijo mais sensual e
desnorteante do mundo. Só que para o meu lamento, apesar de desejar
aplacar nosso desejo tanto quanto eu, Rashid se afasta para que eu
termine de me arrumar.
Descubro no quarto que na cama tem joias, um deslumbrante
conjunto contendo colar, brincos e muitas pulseiras de pedras
vermelhas, também tem um kit novo de maquiagem. Decido ousar
fazendo algo bem marcante, principalmente nos olhos e na boca
vermelha.
Quando decido que estou pronta, em vez de Rashid, encontro
Jalal no lado de fora da tenda.
— Vou levá-la — ele se coloca ao meu lado em uma distância
respeitosa. — Rashid à espera.
Eu já não sinto tanto medo dele. E vejo que esse porte
carrancudo, faz parte da sua postura profissional. Até um dia o vi rindo
de algo atrapalhado que fiz, mesmo que tivesse durado pouco tempo.
Sigo Jalal sentindo-me ansiosa e quanto chegamos perto de uma
luz de fogueira, ele me diz para continuar sozinha.
A música lindamente romântica e típica desse país e as chamas
da fogueira me guiam até Rashid. Ele se ergue do tapete quando me
nota aproximar e estende a mão para mim.
— Está linda, habibti.
— Você também está lindo. Deveria ter dito isso antes.
Ele passa seu polegar em minhas bochechas e esse carinho me
faz entender o significado de sentir borboletas no estômago.
Depois Rashid me guia até os tapetes, almofadas e mantas. Nos
acomodamos e ele vai explicando cada tipo de comida para o nosso
jantar.
— Como conseguiu trazer isso tudo?
— Um homem não pode revelar todos os seus segredos.
É isso que o torna ainda mais especial. Rashid me faz pensar que
ele é capaz de realizar o impossível.
Comemos, alimentamos um ao outro, na realidade. Ele me conta
histórias antigas que me deixam cada vez mais fascinado por sua
cultura. É incrível como me vejo facilmente morando aqui. Em
qualquer lugar do mundo que ele estivesse.
Esse pensamento me pega como uma marretada na cabeça. Sem
que eu percebesse, estava cada dia mais me apaixonando por ele.
Como seria voltar aos meus dias solitários, sabendo agora que, a
verdadeira felicidade existe.
— Habibti? — Ele toca o meu rosto preocupado.
Não quero que esses pensamentos tristes estraguem a nossa noite
perfeita.
— Acho que chegou a hora da dança — aviso, ficando de pé —
O que você acha?
— Estive o tempo todo fantasiando com isso — ele passa
suavemente os dedos por um dos véus em minha saia — No momento
que a vi olhando com tanta admiração para as roupas delas, idealizei
isso.
— Então, meu habibi — ergo o meu pé e coloco contra o peito
dele, empurrando-o para trás — Talvez não seja a melhor dança que
você viu na vida, mas será a melhor que eu já fiz.
O fogo que vejo arder em seus olhos não vem do reflexo da
fogueira, mas sim de dentro de Rashid e ele está queimando por mim.
CAPÍTULO 21
Eu estava sonhando?
Não. As mãos e lábios tocando minha pele, fazendo-a
incendiar eram reais demais para que eu estivesse em um sonho erótico
com Rashid.
— Habibi? — Abro os olhos languidamente e encontro o
tom azulado dos de Rashid, mais escuros devido a penumbra — Você
já voltou.
— Foram os minutos, horas e dia longe, mais angustiantes
da minha vida, habibti.
Não tomo como exagero nenhuma as suas palavras porque
me senti exatamente igual na sua ausência, miserável.
Rashid me beija. Um beijo lento, sensual, mas com muita
fome e desejo.
Ansiosos um pelo outro, tiramos as nossas roupas. Quando a
pele nua dele toca a minha, a febre se espalha pelo meu corpo.
Ele inicia beijos que começam do meu pescoço e correm
pelos meus ombros. A sua boca envolve o meu seio e o beliscão que
Rashid dá no mamilo enquanto torce o outro com o polegar e
indicador, levam um formigamento entre as minhas pernas.
Continua mamando meus seios e gemidos irrefreáveis
escapam dos meus lábios entreabertos. Então ele desce mais a sua
boca. Abre as minhas pernas e devora a minha boceta com sua boca
talentosa.
— Rashid! — Torço o lençol entre os meus dedos,
segurando-o firme.
Suas lambidas, três dos seus dedos entrando em mim, a
forma que ele massageia o meu clítoris ficando duro e sensível, a
combinação de tudo isso, faz o prazer explodir dentro da minha mente
e meu corpo sacudir.
Ainda estou trêmula quando ele termina de se proteger e
coloca-se entre as minhas pernas.
Então ele me invade em uma estocada só.
— Ah! — Grito tanto de prazer como por sentir seu pau
imenso e grosso me preencher inteira.
Rashid me fode com fúria. Como um animal que não pode
ser domado. Todas as vezes que fizemos amor, foi intenso e especial,
mas havia algo diferente em Rashid. Como se ele estivesse me
marcando como dele, para que eu nunca mais me esquecesse disso.
Gozo de novo, mas ele ainda não está satisfeito. Vira-me de
costas colocando-me de quatro na cama e volta a socar o seu pau em
minha boceta em chamas.
O seu quadril bate duro contra a minha bunda, fazendo-me ir
para frente e para trás.
Ele é impiedoso comigo.
Cada estocada sua, dura, firme e profundo, sinto um prazer
ainda maior que os anteriores começar a crescer.
— Ai, habibi! — Agarro os lençóis com mais forca quando
ele começa a esfregar o meu clitóris com as pontas dos dedos — Eu
não aguento.
Parece que prazer está desintegrando o meu corpo.
Mas ele não tem piedade. O que digo o faz ficar ainda mais
determinado em me foder e tornar essa noite impossível de esquecer.
Ele continua a me foder forte e implacável. O meu orgasmo
vem como uma avalanche impossível de conter. O meu corpo sacode,
tento me afastar de Rashid, mas ele me mantém presa a ele enquanto
também goza, grunhindo feito uma fera selvagem.
Eu não tenho forças para me mover, então como sempre,
alguns segundos após recuperar um pouco suas energias, ele me leva
para o seu peito.
Não posso mais negar ou fugir disso. Eu estava
perdidamente, completamente apaixonada por ele.
Jamais haveria outro além de Rashid.
Nunca.
— Como foi na capital? — Indago antes que a sonolência
causada pelos carinhos dele em meus cabelos, me fizessem dormir.
— Nada bem. Precisamos voltar a Fils pela manhã. Pode
ficar no palácio comigo.
Eu ainda não consegui assimilar que Rashid é príncipe de
Sahra.
— Ainda tenho reserva no hotel. Prefiro ficar lá.
Mal sabia como me comportar aqui com os empregados me
tratando como se a princesa fosse eu. Num palácio, então. Além disso,
provavelmente Rashid ficaria muito tempo ocupado. E eu não queria a
tensão de me preocupar o tempo todo com o que dizer ou fazer.
E entrar no palácio com a posição de amante dele, não me
agrada.
O que o irmão dele faria sobre isso?
Rashid não me fala muito dele.
— Talvez você esteja certa. O hotel pode ser mais seguro
nesse momento.
— Atacaram o palácio outra vez? — Ergo a minha cabeça
para ele com olhar preocupado.
— Ainda, não. Mas as pessoas na capital andam tensas.
Conversei com o meu irmão e não foi muito favorável — ele alisa
minhas costas nuas com seus dedos — Mas não ocupe sua cabeça com
essas coisas.
— Acha que não sou inteligente o suficiente para entender?
— Não é isso, Suzana. No momento nem eu sei qual é o
rumo melhor a tomar.
Eu noto que ele está mesmo preocupado e que encher a
cabeça dele com minhas neuroses não ajudará em nada.
— Eu sei que vai encontrar uma solução — deslizo pelo seu
peito e busco os seus lábios — Tenho fé em você, Rashid.
Sobre o futuro de Sahra e o nosso.
Chegamos ao hotel, mas não vamos direto para o meu
quarto. Rashid me coloca na suíte dele e convoca o gerente.
— A senhora Weston está sobre os meus cuidados. Quero
que mantenha a segurança dela e realize qualquer pedido que ela
desejar.
— Como quiser, Vossa Alteza — o homem se curva antes de
sair.
— Não acha que é um exagero, Rashid?
— Com você? E para você? — Ele me puxa para os seus
braços — Nada é exagero, habibti.
E quando penso que não, esse homem conquista ainda mais
o meu coração.
Infelizmente, o nosso momento romântico tem que acabar
com o surgimento de Jalal.
— É um recado do meu pai — avisa Rashid e ele parece
bastante preocupado — Tenho que ir vê-lo imediatamente.
A gente precisa conversar. Eu só tenho mais dois dias
legalmente em Sahra. Depois de amanhã, ao menos que recebesse uma
extensão de visto, precisarei voltar aos Estados Unidos.
— Rashid, eu...
— Conversamos na minha volta mais tarde — ele me beija,
exasperado — Tenho algo importante para te dizer.
— Vossa Excelência — inquieto, Jalal o chama da porta.
— Não se preocupe — ele encosta a testa na minha — Tudo
vai se resolver. Não saia do hotel, está bem?
Eu assinto e tento conter as lágrimas em meus olhos.
Aflita, assisto-os saírem apressados pela porta.
Jogo-me na poltrona mais próxima.
Não resta mais nada a fazer além de esperar Rashid voltar.
CAPÍTULO 25
Palácio de Fils
No dia anterior
Connecticut, EUA
Um mês depois
Connecticut, EUA
Quatro meses depois
O dia da exposição
— Suzana você está linda — Lucy coloca-se atrás de mim e
segura o meu ombro — Vermelho sempre a deixa muito sexy.
Lembro que usava um vestido vermelho quando conheci
Rashid.
— Não quero parecer sexy — eu me afasto de frente o
espelho — Apenas vender os quadros que faltam. Talvez seja melhor
eu me trocar.
— Nem, pensar. Você está linda. Além disso, já estamos no
horário. Taylor já ligou duas vezes enquanto estava no banho. Aquela
mulher é uma desalmada.
Não é verdade. Ela só está muito empolgada com a
exposição. Terá outros olheiros, imprensa e pessoas muito importantes
na lista de convidados.
Eu não ligava para nada disso, mas fazia parte do trabalho,
que não posso dispensar. Estou bem economicamente para os
próximos cinco anos, mas crianças geram gastos. Logo viria a escola e
quando eu piscasse os olhos, o meu filho estaria fazendo planos para a
faculdade.
Eu não pensava em me casar novamente e nem ter outros
bebês. Mesmo que eu não tenha significado nada para Rashid, ele
significou tudo para mim. Nenhum outro homem chegaria tão perto do
que ele me fez sentir.
— Ei, por que essa cara triste? Estava pensando nele?
— Por um momento Lucy. Mas hoje é um dia para ficarmos
felizes. A médica até me deixou tomar uma taça de champanhe para
comemorar.
— Tem razão. É sua noite de brilhar. E vou beber tudo por
você.
— Nem pense ficar bêbada que eu nem consigo me carregar.
— Talvez eu conheça algum convidado bonitão.
Eu esperava que sim. Depois que terminou seu
relacionamento complicado. Lucy vinha fugindo dos homens. Ela
pensar, nem que seja por brincadeira, em abrir o coração novamente,
me deixa feliz.
Duas horas depois, na galeria
Fils, Sahra
Cinco meses antes
Connecticut, EUA.
Uma hora após a exposição
Eu não queria ter que partir para ações tão extremas, como
levá-la a força comigo, mas Suzana não estava me dando alternativas.
Ela não conseguia entender que termos um filho era uma ligação para
o resto da vida. Mais forte que qualquer sentimento que ainda
pudéssemos ter pelo outro.
E eu tenho muitos por ela.
O meu corpo ainda a quer como se fosse a primeira vez. Vê-
la grávida, sabendo que minha semente cresce nela, só fez esse desejo
aumentar ainda mais. Eu nunca a vi tão linda quanto agora.
Mas apesar da atracão, inegável, também estou muito furioso
com ela.
Como pôde ter escondido o meu filho de mim?
Ela mentiu duas vezes. Primeiro não tomando o chá e nem
falando sobre isso, depois ao esconder o nosso bebê.
— Por que ela fez isso, Jalal? Por que não me falou sobre o
meu filho?
— Talvez tenha ficado com medo.
Olho para ele, desacreditado.
— O que fiz para causar esse medo nela?
Tratei Suzana como uma rainha. A minha rainha. Desde o
dia que nos conhecemos. Em um primeiro momento só a vi como uma
amante, que eu usasse e pudesse descartar, mas ela foi me envolvendo
de tal maneira, que me vi enfeitiçado o suficiente para desejá-la
comigo para sempre.
Quando a deixei no hotel o plano era cuidar da
documentação dela, como também pedi-la em casamento. E se eu
fosse cumprir o pedido de Hamed, renunciando meus direitos reais, até
mesmo estava disposto a recomeçar minha vida nos Estados Unidos
com Suzana.
Mas o infarto de meu pai e tudo o que veio depois, jogaram
esses planos pela janela. Hamed morreu e agora sou emir de Sahra.
— Não o que você tinha feito, mas quem você é e o que
poderia fazer.
Ele me entrega o copo com whisky e dessa vez eu aceito,
preciso da bebida para ver se me acalma um pouco. O meu desejo é
voltar ao quarto e com os meus beijos e carícias, fazer com que Suzana
se derretesse em meus braços até provar como quanto ela esteve errada
em tentar me manter longe.
— Você era o príncipe de Sahra. Irmão do emir, e um dos
homens mais poderosos do mundo. Talvez ela tivesse medo de que
tirasse o filho dela. E, no final das contas, é isso que disse a ela, não é?
Droga. Largo o copo na mesinha sem ao menos tocá-lo. Jalal
está certo, sequestrando Suzana e amiga dela, porque foi exatamente
isso que fiz, só confirmava as desconfianças dela e seus medos.
— Eu não vou continuar longe do meu filho. O que queria
que fizesse Jalal?
Não tenho intenção alguma de tirar o bebê de Suzana,
mesmo que ela não se case comigo, mas também não posso ficar longe
deles.
— Se fosse meu filho e a mulher que eu amasse? Teria me
casado com ela ali mesmo nos Estados Unidos.
É irritante quando ele consegue ser mais sábio do que eu.
Normalmente tenho frieza e sabedoria para tomar decisões
importantes, mas quando se tratava de Suzana. Bam! A razão deixava
de existir.
Essa mulher me deixa maluco.
— Para alguém que não acredita no amor. Você anda
bastante filosófico, não?
Sua cara marrenta não me assusta, pelo contrário, me faz rir.
— E amiga dela?
— Graças a Alá está no outro avião.
— E ela fincou as garras em você de novo?
— Apenas fui pego desprevenido.
— Jalal. Eu já o vi enfrentar mais de dez homens ao mesmo
tempo — toco o ombro dele com humor em meus olhos — Nenhum te
pegou desprevenido.
Minha provocação vai manter meu amigo carrancudo,
possivelmente o resto da viajem. É bom que eu não seja o único
carrancudo aqui.
Eu tenho muito o que pensar.
Como fazer Suzana se casar comigo e transformar seu ódio e
medo por mim, em amor?
O deserto.
— Mudanças de planos Jalal — murmuro enquanto observo
as nuvens através da janela.
Talvez relembrar o que vivemos, a traga de novo para os
meus braços.
CAPÍTULO 34
Eu tinha um plano.
Conseguir encontrar Lucy e fugirmos de Sahra, assim que
possível. Mas Rashid tinha jogado sujo outra vez ao me trazer para o
deserto, onde lembranças maravilhosas nos cercavam.
Provavelmente foi aqui, no dia que dancei para ele em frente
a fogueira e que nos amamos na areia, que nosso filho havia sido
concebido. Voltar ao oásis mexe comigo de tal maneira que gasto
muita energia tentando ignorar Rashid.
Eu o odeio. Mas não posso negar que ainda me sinto atraída
por ele.
Desejo sexual. É o que venho convencendo a mim mesma.
Não pode ser nada além disso. E meus hormônios da gravidez também
são culpados.
Porque toda vez que vejo-a entrar na tenda, como agora, e,
tirar o keffiyeh e a gahfiya, revelando seus cabelos escuros, arrancar a
túnica, mantendo apenas o cirwal, cobrindo seu corpo musculoso, o
meu sangue começa a correr mais rápido em minhas veias.
As memórias de nós dois aqui, nos amando intensamente,
pioram as reações do meu corpo e isso é um ponto para Rashid nessa
guerra entre nós.
— Gosta do que vê, habibti?
Já desisti de pedir para ele parar de me chamar assim. Me
lembrava o Rashid que eu me apaixonei, quando preciso me concentrar
naquele que com olhos frios, me expulsou do palácio ao saber sobre o
nosso bebê.
— Sabe que pode tocar quando quiser — ele passa a mão no
peito suado e vem até mim, como uma pantera analisando a sua presa.
Ridículo. Esse joguinho bobo de sedução não daria certo.
— Eu sou todo seu, Suzana. Sempre serei.
As suas mãos pegam as minhas que estão trêmulas e as
levam para o seu peito.
— É só pedir.
Engulo em seco.
Nunca!
Jamais vou tocá-lo e permitir que me toque de novo.
Os meus dedos estão no peito de Rashid e eu consigo sentir
seu coração batendo forte. Ele também está envolvido e isso não é algo
que se finge.
— Rashid... — o seu nome escapa por entre os meus lábios
um segundo antes dele segurar possessivamente o meu rosto e tomar
minha boca.
O nosso primeiro beijo depois de meses dolorosos de
separação. E eu sinto um mundo de sentimentos explodir dentro de
mim.
É como se eu voltasse a respirar com esse beijo. Que
voltasse a viver. Porque sem Rashid eu apenas sobrevivi, me
arrastando pela vida.
Eu nunca deixei de amá-lo, apenas tentei manter adormecido
esse sentimento. E com esse beijo tudo fica claro para mim.
A gente não escolhe quem vai amar e quão grande será esse
sentimento.
— Suzana — ele interrompe o beijo para que eu possa
respirar, mas sua boca continua pelo meu rosto, pescoço.
Ele começa a retirar a minha roupa e quando me vê apenas
de calcinha, exibindo a minha barriga imensa, a intensidade que
sempre vi em seu olhar, multiplica.
— Você está linda, Suzana.
Ele toca o meu ventre com carinho e isso me desmonta.
Eu não fui o tipo de gestante que se preocupava com as
mudanças do corpo, porque o único homem que já pensei agradar era
Rashid, então ele me dizer isso nesse momento, me faz sentir plena
com as mudanças que a gravidez faz em mim.
Depois de me olhar com devoção, Rashid volta a me puxar
para os seus braços e me beija. Ele me faz esquecer dos motivos que
preciso ficar longe dele.
Como também preciso tocá-lo, passo timidamente a minha
mão por seu peito largo, escorrego-o pelo seu abdômen e enfio os
meus dedos dentro do cirwal, encontrando seu pau inchado.
— Oh, Suzana! — Ele sussurra esse gemido em meus lábios
e estremece com meu toque.
Eu podia ser completamente vulnerável a atracão por Rashid,
mas com ele não é diferente. Ele está em angústia tanto quanto estou.
Envolvo o seu pau com meus dedos e vou movendo-os
lentamente, sinto-o engrossar ainda mais em minha mão e os
estremecimentos de Rashid.
Eu o torturo assim como ele está fazendo comigo, até ele
tomar o controle de volta e me pegar no colo para me deitar na cama.
Ele começa a deslizar a calcinha pelas minhas pernas de uma
maneira muito sensual e que me impede de desgrudar o olhar de seu
rosto lindo e tensionado pelo desejo.
Rashid tem a ousadia de levar a lingerie ao nariz e inalar o
meu cheiro como se fosse seu perfume preferido.
O gesto me faz estremecer.
Depois fica de joelhos em frente a cama e agarra os meus
tornozelos, separando as minhas pernas. Primeiro ele passa suave e
sensualmente as mãos por minhas coxas. Seus lábios e nariz percorrem
em minha pele o mesmo caminho que elas fizeram.
Nesse ponto já estou completamente envolvida e absorvida
por ele.
Então sua boca cobre a minha boceta e as suas lambidas e
chupadas me fazem gemer alto. Busco o lençol para ter algo em que
meus dedos pudessem agarrar.
— Rashid — pranteio seu nome, em desespero enquanto ele
continua a me torturar de prazer — Ah...
Ele me faz ferver. Sentir a febre queimando minha pele.
Convulsionar e explodir em um orgasmo em sua boca.
Seu corpo cobre o meu. Ele me beija de um jeito feroz e eu
retribuo como se a minha existência dependesse disso.
Como a minha barriga enorme de gestante não dá muitas
posições que me ajude, ele se senta na cama e me traz para o seu colo.
Seguro em seus ombros e Rashid em minha cintura, ajudando-me a
descer em seu pau. Ter Rashid me preenchendo de novo, após tanto
tempo me faz inclinar a cabeça para trás, soltando um gemido alto.
Sinto-o ficar tenso e quando olho em seu rosto, vejo receio e
aflição.
— O que foi?
— Se eu machucar vocês dois?
A sua pergunta deveria me fazer rir, mas o seu rosto
verdadeiramente atormentado, provando que Rashid está mesmo
preocupado em não machucar a mim e ao bebê, me desmonta.
Você não vai Rashid. Eu só fiquei bastante tempo sem...
Tenho vergonha em continuar e assumir que nunca teve
outro além dele.
— Ninguém?
— Só você.
O que eu digo sacode a fera dentro dele e ele me puxa
completando a penetração. Eu estremeço em seus braços e conforme o
prazer de ser possuída por Rashid intensifica, volto a me mover em
cima dele, dessa vez com sua ajuda.
— Ah... Isso!
Os meus gemidos ficam cada vez mais constantes e espero
que nenhum dos seguranças próximo a tenda e outros funcionários
trazidos para nos atender, pudessem me ouvir. Mas é impossível não
reagir a todo prazer que Rashid está me dando.
Estou cada vez mais perto do precipício quando sinto seus
dedos massagearem meu clítoris e o meu gozo vem como um trovão
em meio a tempestade.
— Rashid! — Ele me silencia com um beijo urgente e
também se entrega ao prazer.
Sem forças, desabamos na cama sem nos desgrudar.
Eu tinha sentido muito falta disso, apenas estar em seus
braços protetores depois de nos amarmos.
Eu quase poderia dormir com suas carícias em meus cabelos.
— Eu sabia que tudo iria acabar bem, habibti.
O que ele me diz me acerta como se fosse uma martelada na
cabeça.
Me seduzir era tudo parte do plano dele?
— Foi só sexo, Rashid — levanto-me e busco as minhas
roupas pelo chão — Isso não muda nada. Ainda não vou me casar com
você.
Quando o encaro, em vez de raiva, vejo seu sorriso
convencido e isso me irritar ainda mais.
— Continue dizendo isso. Se enganando — ele se estica
mais na cama e leva um dos braços para atrás da cabeça — Mas eu
posso esperar a vida toda, Suzana.
Quando olho para o seu corpo nu, tão perfeito, que me faz
desejar ter uma tela nova e tintas para pintá-lo de novo, sinto tesão,
que me leva a raiva.
Ah! Eu o odeio!
Saio da tenda precisando de ar puro. Diferente da última vez
que estivemos aqui, agora há muitos guardas ao redor. Isso minava
qualquer tentativa minha em escapar. Eu precisava ir para um território
melhor.
Sigo para o lago. O sol como sempre está de nos fazer
derreter.
Mais lembranças me invade quando mergulho os pés na
areia e caminho pelo longo da margem.
Está muito quente e eu decido me sentar embaixo de
algumas palmeiras. Passo os minutos seguintes pensando na loucura da
minha vida desde que conheci Rashid. Eu descobri a paixão, o
verdadeiro prazer no sexo e agora tenho um filho dele, enquanto me
recuso a casar pelas razões erradas.
Mas Rashid não é um homem que desiste fácil. E ele não irá
recuar até conseguir o quer.
É irônico que nas poucas vezes que me permitir pensar em
Rashid, sobre o nosso filho, fantasie que ele nunca tivesse nos
rejeitado e feito de nós dois a sua família.
Agora Rashid está de volta e o meu medo de outra vez
entregar meu coração a ele e o ver destruído, me paralisa e me faz
fugir desse compromisso que nos unirá para sempre.
O nosso filho também tem esse poder. Mas o casamento?
Não, isso é entre mim e Rashid. É algo sobre nós.
— Suzana?
Abro os olhos e vejo as linhas do rosto dele, os raios de sol
não me permitem observar mais do que isso.
— É melhor voltar para a tenda.
Eu nem percebi que havia pegado no sono. Há quanto tempo
estive aqui?
Aceito a sua mão e ajuda para me levantar, mas assim que
tento, uma forte vertigem me faz perder as forças.
— Não consigo — murmuro fraca.
Rashid resmunga alguma coisa em sua língua e me pega no
colo.
— Estou pesada, Rashid.
— Não para mim.
Não insisto. Sinto-me tão fraca que sei que não conseguiria
caminhar.
— Eu acho que é o calor — aviso, sentindo a minha garganta
seca.
— Não deveria tê-la trazido — sua voz denuncia a culpa que
ele sente — Não, nesse estado. Assim que se sentir um pouco melhor
vamos partir.
— Iremos a Fils? No palácio.
Mesmo com muitos guardas, ele é grande o suficiente para
que eu pensar em algum plano de fuga.
— Vamos ao palácio para o nosso casamento — ele avisa,
fazendo a minha empolgação esmorecer — Vamos para a casa perto
daqui.
Aposto que lá terá o dobro dos guardas que nos protegem na
tenda. Fugir de lá seria quase impossível.
CAPÍTULO 35
Palácio de Fils
Algumas semanas depois
Palácio de Fils
Alguns anos depois