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Universidade Federal de Faculdade de Engenharia

Uberlândia Mecânica

1.6 – Tratamentos Térmicos de Aços e Ferros Fundidos


1.6.1 – Introdução
1.6.2 – Transformações da austenita no resfriamento
1.6.3 - Tratamentos térmicos dos aços
1.6.4 – Fornos para tratamentos térmicos dos aços e ferros fundidos
1.6.5 – Exemplos de peças tratadas termicamente que falharam em serviço

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1.6.1 – Introdução
Objetivos dos Tratamentos Térmicos
a) Alívio de tensões;
b) Aumento ou diminuição de dureza;
c) Aumento da resistência mecânica;
d) Melhora da ductilidade;
e) Melhora da usinabilidade;
f) Melhora da resistência ao desgaste, à corrosão ou ao calor;
g) Modificação de propriedades elétricas e magnéticas.

1.6.2 – Transformações da Austenita no Resfriamento


Fatores que influenciam os tratamentos térmicos:
a) Aquecimento (vel. e T);
b) Tempo de permanência em T;
c) Atmosfera do forno;
d) Velocidade de resfriamento.

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Resfriamento lento: há tempo suficiente para que o C e os elementos de liga


se difundam na estrutura cristalina do Fe, formando as fases previstas pelo
diagrama de equilíbrio
SDF

SDF

Resfriamento

  α, MXCY
SDF

SDF

sdf

Diagrama Fe-C (Metaestável)

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Nas ligas ferrosas - microestrutura fortemente influenciada pela vel. de resfriamento!



Análise dos aspectos cinéticos!

Efeito da vel. de resfriamento sobre a transformação da AUSTENITA

 Sob resfriamento lento:


 →  + Fe3C

 Mediante resfriamento rápido:


 →  + Fe3C

Até 0,6 % em Estrutura em forma de


peso C ripas
Mais que 1,0 Estrutura acicular, em
% em peso C forma de placas
a) b) c)
Martensita em aços c/ diferentes teores de C; a) aço baixa liga, 0,17%C, b)
superfície cementada de um aço para beneficiamento e c) aço X 120 Mn 12
Fonte: Berns, Stahlkunde für Ingenieure, Springer Verlag, 1993

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Transformação martensítica:

 →  + Fe3C (PERLITA), depende da movimentação dos átomos de C

Se o aço for resfriado rapidamente

sdf

Martensita em aço-liga Estrutura cristalina da martensita: TCC


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SDF

SDF

sdf

Martensita e austenita retira em revestimento de moenda


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Dependendo do aço e da velocidade de resfriamento: formação de bainita

a) b) c)
Martensita e Bainita, a) agulhas de martensita, b) bainita inferior com carbonetos
finos e orientados e c) bainita superior com carbonetos precipitados (TEM)
Fonte: Hans Berns, Stahlkunde für Ingenieure, Springer Verlag, 1993

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Bainita e ferrita acicular:


Condição para ocorrência: resfriamento rápido para temperaturas abaixo do “nariz” da
curva TTT e mantido nessa temperatura

SDF

SDF

SDF

SDF

sdf sdf

Bainita inferior: Bainita superior (austemperado a 400°C):


(austemperado a 300°C) ▪ Agulhas de ferrita (0,2x10 mm);
▪ Carbono é segregado e forma cementita entre as agulhas
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Representação esquemática da formação da bainita superior e inferior.


Fonte: Honeycombe & Bhadeshia, Steels, Microsctructure and Properties, 1995

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Curvas para a perlita e bainita tendem a se separar na medida em que


são adicionados elementos de liga aos aços

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Efeito do teor de C nas temperaturas de início e término


da transformação da  em martensita

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1.6.3 - Tratamentos Térmicos dos Aços


a) Recozimento
b) Normalização
c) Têmpera
d) Revenimento
e) Martêmpera
f) Austêmpera

Recozimento
a) Recozimento pleno ou supercrítico (permanência na temperatura de
austenitização: 1h para cada 25 mm de espessura);
b) Recozimento subcrítico;
c) Esferoidização ou recozimento intercrítico.

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Temperatura (°F)
Temperatura (°C)
Trabalho a quente e
homogeneização

Normalização

Recozimento

Teor de C (% em peso)

Faixa de temperatura indicada para Faixas de temperaturas indicadas para


austenitização no recozimento pleno normalização, recozimento e forjamento
ou supercrítico Fonte: G. Krauss, Steels: Heat Treatment and Processing
Principles, ASM International, Materials Park, OH, 1990, p. 108

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Temperatura (°F)
Temperatura (°C)

Esferoidização

Recozimento para recristalização

Alívio de tensões

Teor de Carbono (%)

Faixas de temperaturas indicadas para diferentes tipos de recozimento


Fonte: G. Krauss, Steels: Heat Treatment and Processing Principles, ASM International, Materials Park, OH, 1990, p. 118

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SDF

SDF

Região menos
atacada

sdf

Microestrutura esferoidizada de um rolo de compactação de peletizadora


(aço DIN 100 Cr 6, equivalente ao 52.100 na norma da ABNT); 200HV1
C Si Mn P S Cu Al Cr Mo Ni V Ti Nb Co W
0,996 0,238 0,414 0,009 0,006 0,176 0,009 1,391 0,034 0,077 0,028 0,004 0,005 0,000 0,003

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Têmpera e Revenimento

▪ Tempo de permanência na
temperatura de austenitização:
1h / 25 mm de espessura
▪ Do contrário: não tempera!

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SDF

SDF

sdf

Microestrutura do aço 59 CrV 4, temperado e revenido (38HRC  370HV)


Elemento C Si Mn P S Cu Al Cr Mo Ni V Ti Nb Co W
% peso 0,562 0,251 0,928 0,010 0,021 0,193 0,009 1,048 0,045 0,097 0,131 0,021 0,005 0,000 0,004

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Microestrutura do 42CrMo4, temperado e revenido


Aço equivalente ao 4140
500 °C 550 °C Temperado e revenido:
(a) 500 °C
(b) 550 °C
(c) 600 °C
(d) 650 °C
(e) 700 °C
600 °C 650 °C Somente temperado:
(f)

700 °C

Fonte:

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Microestrutura de aços de alto Carbono, temperados:


Usualmente:
▪ martensita revenida
▪ austenita retira e
▪ carbonetos não-dissolvidos

sdf

Aço com DIN 100 Cr 6 ou ABNT 52 100


(1,0 %C e 1,2 %Cr )
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Dificuldades na têmpera  300 mm  em óleo


▪ Aços de baixa temperabilidade;
▪ Peças grandes;

Temperatura [°C]
Centro (K)
▪ Vários entalhes, variações de seção Superfície (R)

Tempo [s]

R
TCentro

Tensão
Tensão
K
TSup.

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Risco de trinca-
mento na têmpera

Alto risco Baixo risco


Stahl, Merkblatt 450

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Alternativa à têmpera: martêmpera

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Alternativa à têmpera: austêmpera

Linhas de início de final de


transformação

Perlita
Temperatura [°C]

Bainita superior

Bainita inferior
Martensita

Tempo, Log

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Têmpera Superficial
▪ Chama
▪ Indução

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Têmpera superficial de manga de eixo de veículo fora de estrada; aço 4140

sdf

sdf

Ensaio de líquido penetrante


sdf 367HV0,1 629HV0,1

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Ferrita +

Martensita

Perlita + ferrita
sdf

Interface entre a região temperada e a não-temperada

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Aços estampados a quente:


I. Aços ao Boro;
II. Austenitização a 900 °C por 10 min;
III. Estampagem com controle da velocidade de
resfriamento (27 K/s);
IV. Conformação é encerrada antes do início da
formação da martensita (Ms  400 °C). Ver
diagrama TTT;
V. Usados na fabricação de peças que
melhoram a segurança do cockpit do veículo.

Diagrama TTT do
aço 22MnB5
(Fonte: Arcelor)

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Patenteamento:

Temp. entre 510 e 540 °C, por 10 (arames) a 90 s (barras)

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1.6.4 – Fornos para tratamentos térmicos dos aços e ferros fundidos

Forno a gás para cementação Forno a vácuo para têmpera de


Firma: Ipsen peças cementadas
Fonte: Merkblatt 452 - Einsatzhärten Firma: Aichelin

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1.6.5 – Exemplos de peças tratadas termicamente que falharam em serviço

Falha por desgaste em rolamento (fadiga de contato)

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sdf Face externa Face interna


da pista da pista

sdf

Região com Região com


maior desgaste menor desgaste

Microestruturas a 1,00 mm
abaixo da superfície externa
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Elo de corrente com têmpera dentro da zona intercrítica


+

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A figura abaixo apresenta pinos de um transportador de cana de açúcar com  = 1


pol., que romperam em serviço. Frente a esse problema, tendo você como engenheiro
mecânico responsável pela operação da usina, o que você faria?

Enfrentamento esperado para o problema:


a) Identificar nos documentos da empresa a especificação
técnica da peça, englobando: dimensional, composição
química, propriedades mecânicas, tratamentos térmicos,
etc.;
b) Checar o dimensional da peça (nova e usada);
c) Levantar as condições de operação;
d) Comparar tensões de projeto com as de operação;
e) Solicitar uma avaliação da composição química, da
microestrutura e das propriedades mecânicas do
componente;
f) No caso de não conformidade, acionar o fabricante,
solicitando substituição dos itens;
g) Caso necessário, rever o projeto, de tal forma a atender
à demanda de campo.

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Diagrama Fe-C (Metaestável) Porcentagem em átomos

L
L
L
Temperatura

Porcentagem em peso de C

Fração Volumétrica de Fe3C a


Ferrita Austenita Cementita L Líquido
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