Aula03 CH 2023

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
Departamento de Engenharia Civil
DEC 4930 – ESTRUTURAS METÁLICAS
MATERIAL DE APOIO
AULA 03 – MATERIAIS E PRODUTOS SIDERÚRGICOS
PARTE 1
4ª. SÉRIE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
2022
1 / 39 DEC 4930 – Estruturas Metálicas – 2º. Semestre 2023 - Prof. Dr. Carlos Humberto Martins
AÇO E FERRO-GUSA
O AÇO é uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, obtida
pelo refino do ferro-gusa em equipamentos apropriados. Como refino do ferro-
fusa entende-se a diminuição dos teores de carbono e do silício e enxofre( que
são prejudiciais ao aço, em princípio).
Ferro-gusa – Ferro-gusa ( ou simplesmente gusa) é o produto da primeira
fusão do minério de ferro e contém cerca de 3,5 a 4 % de carbono.
MINÉRIO DE FERRO : MATÉRIA-PRIMA DA PRODUÇÃO DO AÇO
Em detalhe
6mm< Minério <40mm

granulado
AÇO : COMPOSIÇÃO
AÇO : PROCESSO SIDERURGICO
• Siderurgia : é o processo de obtenção do aço, desde a chegada do minério de ferro
até o produto final a ser utilizado no mercado, em diferentes setores.
• a usina siderúrgica, pode ser integrada, produzindo o aço a partir do minério de ferro,
por transformação do gusa, ou semi-integrada, em que o aço é obtido a partir da sucata.
• o aço pode ser definido com uma liga metálica composta principalmente de ferro (cerca
de 98 %) e de pequenas quantidades de carbono ( de 0,002 % até 2 %,
aproximadamente), com propriedades específicas, sobretudo a alta resistência mecânica
e a ductilidade, muito importantes para a sua aplicação na engenharia civil.
• aumentando o teor de carbono na produção do aço, aumenta-se a resistência final
do produto. Os aços laminados a quente apresentam teor de carbono da ordem de 0,18
% a 0,25 %.
• em linhas gerais, a fabricação do aço compreende o aproveitamento do ferro contido no
minério de ferro pela eliminação progressiva das impurezas deste último. Na forma
líquida, já isento das impurezas do minério, o aço recebe adições que lhe dão as
características desejadas, sendo então solidificado e preparada na formas dos produtos
que serão comercializados.
SIDERURGIA ≠ METALURGIA
Siderurgia é uma das subdivisões da Metalurgia.
Metalurgia designa um conjunto de procedimentos e técnicas para extração,

fabricação, fundição e tratamento dos metais e suas ligas.
Portanto, a metalurgia é o conjunto de técnicas que o homem adquiriu com
o decorrer do tempo que lhe permitiu extrair e manipular metais e gerar
ligas metálicas. Os primeiros metais a serem descobertos foram os metais
nobres, que por não reagirem com outros elementos podiam ser
encontrados na sua forma bruta na natureza. Esses metais passaram a ser
trabalhados quando se descobriu que o calor podia amolecê-los e trabalhá-
los.
Siderurgia é o ramo da metalurgia que se dedica à fabricação e
tratamento do aço.
VIDEO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO AÇO
AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO
1. O Ferro, 4º elemento mais abundante no planeta, é a principal matéria prima
do aço. No entanto, o encontramos na natureza sob a forma de Minério de
Ferro em rochas que precisa ser trituradas.
2. O Minério de Ferro é rico em oxigênio, o qual deve ser retirado junto com
outras impurezas. Esse processo chama-se Redução.
3. Para sofrer Redução, o Minério de Ferro na forma de rocha precisa ser
fundido em Alto-Forno, estrutura que aquece a rocha, já triturada, a mais de
1200º C, produzindo o ferro na forma líquida chamada Ferro-Gusa.
4. O combustível dos maiores Altos-Fornos é o Coque, forma especial de carvão
mineral.
5. A cal é adicionada ao processo em ambos os casos para captar impurezas
sólidas no minério ( como Silício, Cálcio e outras substâncias), para formar
uma Escória, que é separada e utilizada em outras indústrias, como por
exemplo concreteiras e pavimentação.
Em 1856, o inglês Henry Bessemer criou um forno que tornou possível, a partir
de 1860, a produção de aço em grande escala
Primeiro processo industrial de baixo

custo a partir de ferro gusa fundido
6. Após a redução, o Alto-Forno libera o Ferro-Gusa para uma panela de transporte.

7. O misturador é uma estrutura intermediária cuja função é estocar e carregar o Ferro-
Guza até o conversor sem permitir que esfrie, mantendo-o quente e em constante
movimento.
8. O Conversor é o equipamento responsável pelo refino do metal, tratamento que
transformará o ferro em aço. Nessa etapa o Ferro-Gusa líquido, misturado a ligas
metálicas específicas, recebe uma injeção de oxigênio, que funciona como catalisador
na elaboração do aço, isto é, aumento a velocidade da reação química da
transformação do ferro-gusa em aço.
9. Quando necessário, o aço passa por uma etapa de Refino Secundário realizada no Forno
Panela, como objetivo de ajustar sua composição química e temperatura.
10. O aço refinado é transportado ao Lingote Contínuo, onde é vazado em um distribuidor
que o leva a diversos veios. Em cada veio, o aço líquido passa por moldes de resfriamento
para solidificar-se na forma de Tarugos, que são cortados em pedaços convenientes para a
laminação.
11. O forno de reaquecimento eleva a temperatura do Tarugo para uma faixa de 1000 º C,
para permitir o processo de laminação. O ponto de fusão do aço é cerca de 1200 º C.
12. As gaiolas de Desbaste proporcionam as primeiras deformações no Tarugo, preparando-o
para iniciar os passos nos cilindros intermediários.
13. As gaiolas do intermediário consistem nos passes que visam preparar o Tarugo laminado
para a etapa final
14. As gaiolas do acabador tem a função de atingir a forma do produto final e sua respectiva
tolerância dimensional. O produto final pode ser rolos ou barras.
15. Rolos – O Bloco recebe o Tarugo laminado diretamente das gaiolas do intermediário
produzindo o laminado em Rolos (Fio-máquina).
16. Fio-máquina – Consiste no aço que se apresenta na forma de bobinas, as quais serão
usadas na Trefilação (fabricação de arames)
17. Barras – Após passar pelas Gaiolas do Acabador, as barras laminadas são conduzidas
até o Leito de Resfriamento. O produto é cortado em comprimento comercial e embalado,
estando pronto para ser entregue ao cliente. São placas, chapas, perfis.
18. As bobinas de Fio-máquina são previamente decapadas, isto é, é retirada a

camada de óxido da superfície.
19. A Trefilação é a transformação mecânica feita a frio no sentido de reduzir o
diâmetro do produto de acordo com a especificação do cliente. O produto acumulado
na forma de bobina e será então a matéria prima na produção de produtos comerciais.
20. Para aumentar a ductilidade (deformabilidade) do aço que durante a trefilação a frio
endureceu e aumentou sua resistência, é preciso reaquecê-lo. O recozimento é o
processo de aquecimento e resfriamento controlado do produto.
21. Galvanização – A Galvanização consiste na deposição de uma camada superficial de
Zinco a quente, protegendo o aço contra a corrosão.
22. Arame Galvanizado – é produzido na forma de bobinas que se destinam a outros
produtos comerciais galvanizados, como arames farpados.
PROCESSO DE LAMINAÇÃO
• A laminação pode ser realizada a quente ou a frio. Consiste na redução da área da
seção transversal das placas como consequente alongamento, para conformá-las
na apresentação desejada de chapas grossas ou chapas finas a quente e a frio. É o
processo de maior uso em função de sua alta produtividade e precisão dimensional.
• A laminação a quente do aço compreende o seu pré-aquecimento a uma
temperatura na faixa de 1.000 oC, temperatura em que o material se encontra mais
plástico e mais fácil de ser trabalhado. Ao passar sob pressão entre os laminadores
(cilindros de aço ou ferro fundido), o material é comprimido e em conseqüência a
sua seção transversal se deforma, reduzindo assim a espessura da peça até a
medida final desejada.
• A laminação a frio obedece ao mesmo princípio da laminação a quente, porém
com a deformação mecânica do aço pelos cilindros realizada a temperatura
ambiente.
• Os produtos – chapas grossas e chapas finas – resultam portanto da redução da
espessura do aço durante o processo de laminação.
EXEMPLOS DE LAMINADORES
EXEMPLOS DE LAMINADORES
PROPRIEDADES DOS AÇOS ESTRUTURAIS
• As propriedades mecânicas constituem as características mais

importantes dos aços, para sua aplicação no campo da engenharia, visto
que o projeto e a execução das estruturas metálicas assim como a
confecção dos componentes mecânicos são baseados no seu
conhecimento.
• As propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços

sujeitos a esforços mecânicos e correspondem às propriedades que
determinam a sua capacidade de resistir e transmitir os esforços que lhe
são aplicados, sem que se rompam (ELU) ou tenham deformações
excessivas (ELS).
PROPRIEDADES MECÂNICAS GERAIS

Constantes Físicas do Aço
Módulo de Elasticidade E = 20000 kN/cm² (200 GPa)
Módulo de Elasticidade Transversal G = 7700 kN/cm²

Coeficiente de Poisson ν = 0,3
Coeficiente de Dilatação Térmica βa = 1,2 x 10-5 °C-1
Massa Específica ρa = 7850 kg/m³
CONSTANTES FÍSICAS SEGUNDA A NBR-8800 (2008)

Vantagens do uso do aço em estruturas:
• Material Homogêneo;
• Características bem definidas e de simples caracterização;
AÇO : PROPRIEDADES
AÇO : DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO

• Na fase elástica é valida a Lei de Hooke, onde as deformações são
proporcionais às tensões ( Módulo de Elasticidade ou Módulo de
Deformação Longitudinal. Nesta fase tem-se a tensão de
proporcionalidade – fp.
• Ultrapassada a fase elástica, tem lugar a fase plástica, na qual ocorre
deformações crescentes sem variação de tensão (patamar de
escoamento). O valor constante da tensão, nessa fase, é chamado de
tensão de escoamento do aço – fy
• Após o escoamento, ainda na fase plástica, a estrutura interna do aço se
rearranja e o material passa pelo encruamento, em que se verifica
novamente a variação da tensão com a deformação, porém não-
linearmente. O valor máximo da tensão é chamado de limite de
resistência do aço ou tensão última –fu ( fRe )
AÇOS PATINÁVEIS
➢ São assim chamados porque, quando expostos sem nenhuma proteção ao
ambiente, formam uma camada de óxido protetora, aderente e impermeável na sua
superfície, conhecida como pátina.
Esta camada de pátina apresenta um efeito protetor da superfície do aço contra a
continuidade do processo de oxidação. Porém, este efeito só acontece após
sucessivos ciclos de molhamento e secagem da superfície metálica e é condição
obrigatória para a formação da pátina, que de outra maneira não se formará.
• Aços resistentes à corrosão atmosférica
• Os aços resistentes à corrosão atmosférica também são conhecidos
como aços patináveis e, exceto nos ambientes que impedem a
formação da pátina, podem ser utilizados sem pintura ou sem qualquer
outro tipo de proteção.
AÇO : PROPRIEDADES MECÂNICAS
• As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes
dos aços, para a sua aplicação no campo da engenharia civil. As propriedades
mecânicas definem o comportamento dos aços quanto sujeitos a esforços
mecânicos e correspondem às propriedades que determinam a sua capacidade
de resistir e transmitir esforços que lhe são aplicados, sem romper ou sem que
ocorram deformações excessivas.
• ELASTICIDADE : é a sua capacidade de voltar à forma original após
sucessivos ciclos de carregamento.
• PLASTICIDADE : deformação plástica é a deformação permanente
provocada por tensão igual ou superior ao limite de escoamento. Deformação
que não é reversível, isto é, não a peça estrutural não volta a sua forma
original.
• DUCTILIDADE : ductilidade é a capacidade de se deformar plasticamente
sem se romper.
AÇO : PROPRIEDADES MECÂNICAS
•TENACIDADE : tenacidade é a capacidade de absorver energia quando submetidos
a carga de impacto. Em outras palavras, tenacidade é a energia total, elástica e
plástica, que um material pode absorver por unidade de volume até a sua ruptura.
OBS : um material dúctil com a mesma resistência que um material frágil vai requerer
maior quantidade de energia para ser rompido, sendo portando, mais tenaz.
• DUREZA : é a resistência ao risco ou abrasão.
• FRAGILIDADE : é o oposto da ductilidade. Os aços podem tornar-se frágeis pela
ação de diversos agentes : baixas temperatura, efeitos térmicos locais causados, por
exemplo, por solda elétrica.
• RESILIÊNCIA : é a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico,
isto é, é o máximo valor de energia que o material pode receber e não ficar com
deformações permanentes após a retirada da carga.
• FADIGA : capacidade de resistir ao efeito do grande número de esforços
repetitivos.
INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DO AÇO
INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DO AÇO
CARBONO (C) : o aumento do teor de carbono constitui a maneira mais econômica para
obtenção da resistência mecânica nos aços, atualmente principalmente no limite de
resistência. Por outro lado, prejudica sensivelmente a ductilidade ( em especial o dobramento)
e a tenacidade. Teores elevados de carbono comprometem a soldabilidade e diminuem a
resistência a corrosão atmosférica ( o teor de carbono é usualmente limitado a 0,20 %).
COBRE (Cu) : aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços, em
adições de até 0,35 %.
CROMO (Cr) : aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão mas reduz a
soldabilidade. O Cromo melhora o desempenho do aço sob temperatura elevadas.
ENXOFRE (S) : é extremamente prejudicial aos aços, desfavorecendo a soldabilidade e a
ductilidade. Nos aços comuns, o teor de enxofre é limitado a valores abaixo de 0,05 %.
FÓSFORO (P) : aumenta o limite de resistência, favorece a resistência a corrosão e a dureza,
prejudicando contudo a soldabilidade e a ductilidade.
MANGANÊS (Mn) : é usado em praticamente em todos os aços. O aumento do teor de
manganês é uma maneira de melhorar a resistência mecânica, atuando especialmente sobre o
limite de escoamento e a resistência a fadiga, porém prejudica a soldabilidade.
Fonte: ABNT NBR 8800:2008

• Aços normatizados
• Nos aços previstos na NBR 7007:2002, a sigla MR significa média
resistência mecânica, a sigla AR, alta resistência mecânica e a sigla
COR, resistência à corrosão atmosférica.
Aços estruturais usados no Brasil
• A ABNT NBR
8800:2008
permite o
emprego de
aços estruturais
de
especificação
norte-americana
ASTM (American
Society for
Testing and
Materials).
PROPRIEDADES MECÂNICAS GERAIS: Parafusos e Soldas
Fonte: ABNT NBR

8800:2008

Aula03 CH 2023

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Aula03 CH 2023

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DEC 4930 – ESTRUTURAS METÁLICAS

4ª. SÉRIE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MINÉRIO DE FERRO : MATÉRIA-PRIMA DA PRODUÇÃO DO AÇO

6mm< Minério <40mm

Metalurgia designa um conjunto de procedimentos e técnicas para extração,

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Primeiro processo industrial de baixo

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

6. Após a redução, o Alto-Forno libera o Ferro-Gusa para uma panela de transporte.

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

18. As bobinas de Fio-máquina são previamente decapadas, isto é, é retirada a

AÇO : PROCESSO DE FABRICAÇÃO

PROPRIEDADES DOS AÇOS ESTRUTURAIS

• As propriedades mecânicas constituem as características mais

• As propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços

PROPRIEDADES MECÂNICAS GERAIS

Módulo de Elasticidade Transversal G = 7700 kN/cm²

CONSTANTES FÍSICAS SEGUNDA A NBR-8800 (2008)

PROPRIEDADES MECÂNICAS GERAIS

AÇO : DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO

INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DO AÇO

Fonte: ABNT NBR 8800:2008

Fonte: ABNT NBR

Você também pode gostar