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Armado
Liana
Parizotto
Revisão técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS)
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG)
ISBN 978-85-9502-090-0
1. Concreto armado – Engenharia civil. I. Título.
CDU 624.012.45
Introdução
O concreto armado se tornou um material muito difundido na construção
civil devido à atuação conjunta do aço e do concreto para resistir às solici-
tações impostas. A facilidade no molde do concreto e a resistência do aço
permitem a realização das mais diversas formas arquitetônicas, com seu
funcionamento sendo garantido pela aderência entre os dois materiais.
Ao contrário do concreto, que talvez tenha elevada resistência à com-
pressão, mas muito baixa resistência à tração, o aço apresenta elevada
resistência tanto à tração quanto à compressão, podendo absorver esses
esforços junto com o concreto, ou ainda ser utilizado para solidarizar
elementos distintos de modo que funcionem como um todo. Assim,
conhecer o comportamento das armaduras de aço e suas propriedades é
de extrema importância no dimensionamento dos elementos estruturais
para assegurar o funcionamento da estrutura.
Neste capítulo você vai conhecer o processo de fabricação do aço,
os tipos de aço que podem ser utilizados para concreto armado e suas
propriedades.
Matéria-prima
Retalhos de chapas metálicas, latarias de carros, peças removidas durante a
usinagem, peças de aço e ferro em desuso, etc., compõem a sucata, que é a
principal matéria-prima utilizada na confecção de barras e fios de aço. Por
ser constituída de metais como níquel, cromo e estanho, os aços feitos com
sucata apresentam características mecânicas superiores àquelas obtidas pelo
uso de minério de ferro.
Além da sucata, a matéria-prima pode ser ferro-gusa (obtido de minérios
de ferro), que fornece carbono, ferro e silício ao produto. Também são usadas
ligas de ferro (para o ajuste da composição), cal (para a retenção das impurezas
e a proteção do forno de ataques químicos), e oxigênio (como fonte de calor e
redução do carbono presente no aço) (ARCELORMITTAL, 2017).
Aciaria
Aciaria é o nome do local (usina siderúrgica) em que se encontram os equi-
pamentos que transformam a sucata em aço. Veja na Figura 1 o fluxo de
produção de aço em uma aciaria, com a indicação dos principais proces-
sos. O início do processo ocorre com a sucata (1) sendo pesada em cestões
(2), com a proporção de cada material dependendo do tipo de aço que será
produzido. O forno então é carregado (3) e aquecido a uma temperatura de
aproximadamente 1600°C, sendo feitos ajustes de composição química. O
aço líquido é então descarregado em uma panela (4) que vai ao forno (5) para
deixar homogênea a temperatura e a composição química do aço e eliminar
as impurezas. As amostras são enviadas ao laboratório para análise, com sua
composição química determinada em questão de minutos, e ajustes são feitos,
caso necessário. O aço líquido pronto vai para o processo final da aciaria, o
lingotamento contínuo (6). Dependendo da utilização, são produzidos tarugos
(barras de aço com seção quadrada) com comprimento definido de acordo
com o uso. Nas lingoteiras, o aço inicia o seu processo de solidificação, que é
completado com a borrifação de água diretamente sobre a superfície sólida.
O material então é cortado por tesouras (7) ou maçarico, dando origem aos
tarugos, que vão para o leito de resfriamento (8). É feita a inspeção para verificar
as dimensões e, após aprovados, os tarugos são devidamente identificados,
podendo ser armazenados ou laminados a quente, na sequência, aproveitando
a sua temperatura (ARCELORMITTAL, 2017).
Laminação a quente
A laminação é o processo que transforma os tarugos em barras retas ou rolos
(bobinas) lisos ou nervurados. Os tarugos que saem da aciaria são novamente
aquecidos de 1000 a 1200°C em fornos, para então serem laminados. O processo
é divido em 3 etapas (ARCELORMITTAL, 2017):
Para saber mais sobre as barras de aços soldáveis para armaduras de concreto armado,
leia a norma ABNT NBR 8965:1985 – Barras de aço CA 42 S com características de
soldabilidade destinadas a armaduras para concreto armado – Especificação.
Telas de aço
As telas de aço são um tipo de armadura pré-fabricada composta por uma rede
de malhas retangulares formadas por fios de aço sobrepostos longitudinal e
transversalmente, com todos os seus pontos de contato soldados pelo processo
de caldeamento. O uso de telas de aço se mostra uma solução rápida e prática
para lajes, pisos, calçamentos, etc., aliando agilidade com qualidade, além de
vantajosa economicamente, pois há a redução de tempo de execução e de mão
de obra, assim como a diminuição de perdas por corte.
Específica para telas de aço para armadura de concreto armado, a norma
ABNT NBR 7481:1990, assim, ela apresenta algumas notações que não são
mais utilizadas, como a divisão de barras e fios em classe A e B, segundo o
processo de fabricação.
O aço CA-50 não é mais divido em CA-50A e CA-50B. A classe A indicava que a fabri-
cação era pelo processo de laminação a quente, e a classe B, que a fabricação era por
laminação a frio ou trefilação. Atualmente, o CA-50 é usado apenas para a fabricação
de barras, e o CA-60, para a fabricação de fios de telas de aço.
Ensaio de tração
O ensaio de tração é usado como medida de resistência mecânica do material,
devendo ser realizado de acordo com a norma ABNT NBR ISO 6892-1:2013,
“Materiais metálicos – Ensaio de tração”. O ensaio consiste em aplicar uma
força axial de tração em barras e fios de aço de modo a aumentar o seu
comprimento, utilizando equipamentos adequados. Esse ensaio determina
3 propriedades:
Ensaio de dobramento
O ensaio de dobramento é utilizado como medida da ductilidade do material,
devendo ser realizado de acordo com a norma ABNT NBR ISO 7438:2016,
“Materiais metálicos – Ensaio de dobramento”. O ensaio consiste em subme-
ter um corpo de prova a um dobramento de 180° em torno de um pino com
diâmetro padronizado e visa a reproduzir as situações às quais os materiais
estarão submetidos em obra. As barras e os fios de aço são aprovados quando
não apresentam quebra ou fissura na região dobrada. Veja na Tabela 1, apre-
sentada anteriormente, a proporção da bitola que o pino deve ter em relação
ao diâmetro da barra ou fio ensaiado para cada tipo de aço para a realização
do ensaio (ARCELORMITTAL, 2017).
Leituras recomendadas
PFEIL, W. Concreto armado 1: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988.
PINHEIRO, L. B.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Estrutura de concreto: capítulo 2. Cam-
pinas: Unicamp, 2004. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/
EESC/Concreto.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2017.