Você está na página 1de 6

Cartas de Urbanismo

Conceito

As "cartas de urbanismo" são documentos que estabelecem diretrizes e políticas para o


desenvolvimento urbano em uma determinada região. Elas geralmente são elaboradas por
autoridades governamentais, como prefeituras ou órgãos de planejamento urbano, e podem abordar
uma variedade de questões relacionadas ao uso do solo, transporte, habitação, infraestrutura,
preservação ambiental, entre outros aspectos. Essas cartas são importantes instrumentos de
planejamento urbano, pois ajudam a orientar o crescimento das cidades de forma sustentável e a
promover a qualidade de vida dos seus habitantes.

A “Carta de Atenas” é um documento emblemático na história do urbanismo, elaborado durante o


Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) em 1933, em Atenas, Grécia. Foi um marco
importante na promoção dos princípios do urbanismo moderno. Esta carta defendia a ideia de
separação funcional das atividades urbanas, com zonas distintas para residência, trabalho, lazer e
circulação, além da valorização do espaço público e da necessidade de uma boa integração dos
edifícios com o entorno urbano.

Além da Carta de Atenas, existem outras cartas e documentos importantes no campo do urbanismo,
como:

1. **Carta de Veneza:** Elaborada em 1964, estabelece princípios para a conservação e


restauração de monumentos e sítios históricos.

2. **Carta de Habitat:** Adotada durante a Conferência das Nações Unidas sobre


Assentamentos Humanos (Habitat I) em 1976, define diretrizes para o planejamento e gestão
de assentamentos humanos sustentáveis.

3. **Carta de Leipzig:** Elaborada em 2007, define princípios para o desenvolvimento urbano


sustentável na Europa, enfatizando a importância da integração social, econômica e
ambiental.

4. **Carta de Istambul para as Cidades Sustentáveis:** Adotada em 1996 durante a


Conferência Internacional sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), estabelece diretrizes
para o desenvolvimento urbano sustentável em todo o mundo.
Essas cartas e documentos têm influenciado significativamente o pensamento e a prática do
urbanismo em todo o mundo, fornecendo diretrizes e princípios para o planejamento e gestão das
cidades de forma sustentável, inclusiva e equitativa.

Tipos – Características – Regras

Existem diferentes tipos de cartas de urbanismo, cada uma com suas características e áreas de
aplicação específicas. Alguns dos tipos mais comuns incluem:

1. Plano Diretor: É um documento fundamental que estabelece as diretrizes gerais para o


desenvolvimento urbano de uma cidade ou região. Define políticas e estratégias
relacionadas ao uso do solo, transporte, habitação, preservação ambiental, infraestrutura,
entre outros aspectos. Geralmente, o plano diretor é de longo prazo e orienta a elaboração
de planos urbanos mais detalhados.

2. Plano de Zoneamento: Divide o território urbano em diferentes zonas ou áreas com


regulamentos específicos para cada uma delas. Estabelece onde podem ser localizados
diferentes tipos de atividades, como residencial, comercial, industrial, institucional, entre
outros. Define parâmetros como densidade populacional, altura máxima de edificação, taxa
de ocupação do solo, entre outros.

3. Plano de Mobilidade Urbana: Concentra-se no planejamento e gestão do sistema de


transporte urbano, incluindo modos de transporte público, ciclovias, vias para pedestres,
estacionamentos, entre outros. Visa melhorar a acessibilidade, reduzir congestionamentos,
promover a segurança viária e incentivar o uso de modos de transporte sustentáveis.

4. Plano de Preservação do Patrimônio: Tem como objetivo proteger e valorizar o patrimônio


histórico, cultural e arquitetônico de uma cidade ou região. Define áreas de preservação,
diretrizes para restauração e conservação de edificações históricas, incentivos para a
revitalização de áreas degradadas, entre outras medidas.

As características e regras específicas de cada tipo de carta de urbanismo variam de acordo com o
contexto local, as necessidades da comunidade e as políticas adotadas pelas autoridades
responsáveis pelo planejamento urbano. No entanto, todas essas cartas têm em comum o objetivo
de orientar o desenvolvimento urbano de forma sustentável, promovendo a qualidade de vida e o
bem-estar dos cidadãos.

Plano director
O Plano Diretor, também conhecido como Plano Diretor Urbano, é um documento fundamental no
planejamento urbano de uma cidade ou região. Ele estabelece as diretrizes gerais para o
desenvolvimento físico, social, econômico e ambiental do território em questão. Aqui estão alguns
aspectos importantes sobre o Plano Diretor:

1. Visão de longo prazo: O Plano Diretor geralmente tem um horizonte de planejamento de 10


a 20 anos, ou até mais. Ele visa orientar o crescimento urbano de forma sustentável ao longo
do tempo, considerando as necessidades atuais e futuras da comunidade.

2. Políticas e estratégias: Define políticas, objetivos e estratégias relacionados ao uso do solo,


transporte, habitação, preservação ambiental, infraestrutura, entre outros aspectos. Essas políticas
podem incluir diretrizes para o crescimento urbano, proteção de áreas verdes, promoção da
mobilidade sustentável, entre outros.

3. Participação pública: O processo de elaboração do Plano Diretor geralmente envolve consultas


públicas e a participação de diversos atores da sociedade civil, incluindo moradores, organizações
comunitárias, empresas e outras partes interessadas. Isso ajuda a garantir que o plano reflita as
necessidades e aspirações da comunidade.

5. Instrumento legal: O Plano Diretor possui força de lei e serve como referência para a
elaboração de legislação urbanística, como leis de zoneamento, código de obras e outras
normas relacionadas ao desenvolvimento urbano. Ele orienta o poder público na tomada de
decisões sobre questões urbanísticas e na aprovação de projetos de infraestrutura e
edificação.

6. Flexibilidade e atualização: Embora tenha uma visão de longo prazo, o Plano Diretor deve ser
flexível o suficiente para se adaptar a mudanças nas condições sociais, econômicas,
ambientais e políticas ao longo do tempo. Por isso, ele geralmente passa por revisões
periódicas para garantir sua relevância e eficácia contínuas.

Em resumo, o Plano Diretor é um instrumento fundamental para o planejamento urbano, orientando


o crescimento e o desenvolvimento das cidades de forma sustentável, equitativa e inclusiva. Ele visa
promover a qualidade de vida, a justiça social e a proteção do meio ambiente, garantindo um futuro
melhor para as gerações presentes e futuras.

 Cartas de atenas – 1931 / 1933

São duas Cartas de Atenas, uma escrita em 1931 e outra em 1933, que exprimem ideias importantes quanto à
preservação do patrimônio e ao novo urbanismo.

A primeira, contou com o Escritório Internacional dos Museus Sociedade das Nações trazendo para discussão
questões das principais preocupações da época, que envolviam a legislação, as técnicas e os princípios de
conservação dos bens históricos e artísticos. Nesse sentido, o documento mostra a necessidade tanto
organizações que trabalhem na atuação e consultas relacionadas à preservação e restauro dos patrimônios,
como de legislação que ampare tais ações, garantindo o direito coletivo (IPHAN – Carta de Atenas, 1931).

Já a Carta de Atenas de 1933 envolve questões das novas cidades, no período de grande crescimento urbano.
Resultado do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), este manifesto teve como tema principal
a cidade funcional e contou com renomados arquitetos e urbanistas, dentre eles Le Corbusier.

Foi debatido o “Urbanismo Racionalista”, levando em pauta o planejamento regional, a infraestrutura, a


utilização do zoneamento, a verticalização das edificações, bem como a industrialização dos componentes e a
padronização das construções, buscando novos rumos para o urbanismo (IPHAN – Carta de Atenas II, 1933).

 Recomendação de nova delhi – 1956

A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO),
em 1956, resultou a Recomendação de Nova Delhi, que possui um conteúdo que apoia princípios internacionais
sobre pesquisas e preservação arqueológicas. Este documento define a proteção do patrimônio arqueológico,
programas educativos, instituição de órgãos governamentais e criação de acervo como responsabilidades do
Estado (IPHAN – Recomendação de Nova Delhi, 1956).

 Recomendação paris – 1962

A Recomendação Paris a Paisagens e Sítios, elaborada em uma Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), foi o primeiro documento com a ideia principal sobre
proteção da beleza e do caráter das paisagens, bem como seus respectivos territórios.

Com esta Recomendação, o conceito de patrimônio cultural se tornou mais amplo, estendendo à beleza e
caráter das paisagens e sítios, naturais, rurais ou urbanos. Ficou evidente a necessidade de estímulo nas áreas
da educação e proteção aos bens, complementando as medidas de proteção à natureza (IPHAN –
Recomendação Paris, 1962).

 Carta de veneza – 1964

Em 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, o Conselho


Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) elaborou a Carta de Veneza, com o foco na carência de um
plano internacional para conservar e restaurar os bens culturais numa ação interdisciplinar.

Primeiramente, monumento histórico é definido como uma criação isolada, sítio urbano ou rural que testemunha
uma civilização particular, evolução significativa ou acontecimento histórico. Posteriormente descreve sua
finalidade como sendo a busca de conservação e restauração dos monumentos, visando preservar tanto a obra
propriamente dita, quanto o seu testemunho histórico.

Este documento defende que a conservação exige uma manutenção constante, sendo sempre favorecida
quando sua destinação é útil para a sociedade, mas vale ressaltar que não podem ocorrer mudanças de
disposição ou decoração da construção. Outro ponto levantado é a proibição de deslocamento do monumento,
salvo quando sua preservação exige tal ação, ou quando há interesses nacional e internacional.

A restauração é tratada como uma ação de caráter excepcional, tendo por objetivo a conservação e revelação
dos valores estéticos e históricos do monumento, se fundamentando essencialmente no respeito ao material
original e aos documentos, bem como à época de criação. Como diretriz importante, os elementos que
substituírem as partes faltantes devem ser integrados de forma harmoniosa, porém é imprescindível que se
distinguem das partes originais a fim de que a restauração não falsifique o objeto em questão (IPHAN – Carta de
Veneza, 1964).

 Recomendação paris – 1964

Ainda em 1964, acontece a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO), que publicou a Recomendação Paris que fala sobre medidas de proibir e impedir a
exportação, a importação, bem como a transferência de propriedade ilícita de bens culturais. Foi enfatizada
questões como a identificação e inventário dos bens culturais, a instituição de órgãos oficiais adequados para
proteção do patrimônio, legislação para aplicar medidas administrativas adequadas, a colaboração internacional
em acordos e ações que impeçam operações ilícitas, etc. (IPHAN – Recomendação Paris, 1964).

 Normas de quito – 1967

As Normas de Quito foram elaboradas em Quito, no Equador, para tratar da conservação e utilização dos
monumentos e lugares de interesse histórico e artístico. Foi recomendado que os projetos de valorização de
bens fossem parte integrante dos planos de desenvolvimento nacional, sendo tal ação responsabilidade do
governo.

A difusão dos conhecimentos acerca dos bens culturais objetiva eficiência na preservação e, ainda, como
produtos a serem explorados, assim como a legislação adequada ou disposições governamentais para o
interesse público. O documento ainda relatou a importância da coordenação de projetos por instituto idôneo,
contando com equipe técnica (IPHAN – Normas de Quito, 1967). RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968

Diante das problemáticas enfrentadas com o crescimento das cidades, em 1968, a Conferência Geral da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou a chamada
Recomendação Paris de Obras Públicas ou Privadas, na qual considerações foram dispostas sobre
intervenções urbanas que estejam relacionadas com a preservação do patrimônio, sendo um indicativo da
necessidade e importância de assegurar o vínculo entre a população e os bens.

Este documento deixou clara a responsabilidade governamental sobre as medidas de preservação e salvamento
do patrimônio, mesmo assegurando a expansão e/ou renovação urbana, obras em locais onde os bens possam
correr qualquer tipo de perigo de destruição, modificações e reparos, construção ou alteração de vias de grande
fluxo, implantação de barragens, oleodutos e trabalhos de desenvolvimento de indústria.

Deve, ainda, ser garantido, a fim de proteger o patrimônio, o uso de uma legislação adequada, financiamento,
medidas administrativas, métodos de preservação e salvamento dos bens, sanções, reparações, recompensas,
assessoramento e programas de educação (IPHAN – Recomendação Paris, 1968).

 Carta de brasília – 2010

A Carta de Brasília de 2010 foi um documento elaborado no Fórum Juvenil do Patrimônio Mundial Brasil Brasília,
que contou com a participação de 46 jovens de diferentes países, como Brasil, Argentina, Paraguai, Chile,
Colômbia e Uruguai. O encontro reuniu diferentes realidades e experiências com o patrimônio sendo um
denominador comum. Foram propostas nove ideias como a participação ativa dos jovens no Comitê do
Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); a
promoção do turismo sustentável e responsável, divulgando o patrimônio sem comprometê-lo; etc. (IPHAN –
Carta de Brasília, 2010). CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE FORA – 2010

Em Juiz de Fora, no ano de 2010, foi elaborada a Carta dos Jardins Históricos descreve conceitos, diretrizes e
critérios para a defesa e preservação dos jardins históricos como sítios e paisagens criados pelo homem (IPHAN
– Carta dos Jardins Históricos, dita Carta de Juiz de Fora, 2010).

Você também pode gostar