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PERFURAÇÃO TOTAL UTERINA TARDIA ASSINTOMÁTICA:

UM RELATO DE CASO
Laura Paggiarin Skonieski, Letícia Viegas, Júlia Lumi, Laura Rigon Rinaldi, Carolina da Rosa, Laura Caús.

INTRODUÇÃO DISCUSSÃO
O sistema intrauterino liberador de levonorgestrel 20ug é um método A perfuração uterina por DIU tem como fatores de risco o momento de
anticoncepcional muito utilizado por seu alto índice de eficácia contraceptiva inserção no pós parto e /ou puerpério, a posição do útero, a técnica de
(índice de Pearl 0,2), além de auxiliar no tratamento de outras desordens inserção e a experiência do profissional (WOOLRYCH, 2003). Segundo a
ginecológicas como sangramento uterino anormal e dismenorreia literatura há duas formas de perfuração uterina após colocação de DIU:
(PASSOS, 2017). Entre suas complicações, o mal posicionamento do
aquela durante a inserção, que é a mais comum, com incidência de 1 a cada
dispositivo representa cerca de 10% dos casos, sendo que 75% são de
localização intercervical e 7,1%, intraperitoneal. A perfuração uterina mil casos; e a tardia, com migração do DIU através da parede uterina tempos
acontece na proporção de 1 a cada mil casos, geralmente ocorrendo após a colocação, ocorrendo 1 caso a cada 350 a 2.500 inserções (COELHO,
durante a inserção (ROWLANDS, 2016). No presente relato, temos um caso 2003). Entre os locais ectópicos mais comuns de localização do dispositivo
atípico de perfuração uterina tardia, assintomática, e posicionado em dobra após perfuração, estão o fundo de saco posterior e o omento maior
de alça sigmóide distal. (COELHO, 2003). Em 15% dos casos a perfuração pode levar a
complicações como: infecção, obstrução intestinal, perfuração vesical ou
RELATO DE CASO cecal, apendicite aguda e fístulas colônicas (PIRWANY, 2003). A
Mulher, 34 anos, com histórico de colocação de SIU-LNG em outubro de sintomatologia, por sua vez, depende do local no qual o DIU se instalou,
2019, sem complicações. Realizado ultrassom transvaginal (USTV) após podendo também ser assintomático. O diagnóstico pode ser por meio do
um mês do procedimento, confirmando o correto posicionamento do exame ultrassonográfico transvaginal, não sendo visualizado o dispositivo na
dispositivo. Em outubro de 2020, em novo USTV de controle, constatou-se cavidade endometrial ou, menos frequentemente, por sangramento vaginal e
possível expulsão do dispositivo, por sua ausência na cavidade uterina. dor abdominal (ZORRÓN, 2005). Naqueles casos sintomáticos, é indicada
Paciente relata não ter percebido sinais e sintomas relacionados à cirurgia de remoção do dispositivo, enquanto nos assintomáticos pode-se
expulsão. Foram solicitados raio-X de abdome simples e ressonância optar por monitorização dependendo da localização do dispositivo (COELHO,
magnética de pelve, constatando imagem compatível com DIU no fundo de 2003). No presente caso, optou-se pela retirada do dispositivo devido a
saco retrouterino, possivelmente localizado em dobra de alça sigmóide chance de perfuração de sigmoideia.
distal. Foi realizada, então, laparotomia exploratória (por escolha da
paciente) e retirado o dispositivo sem intercorrências. CONCLUSÃO
O DIU é um método contraceptivo excelente quando bem indicado,
contudo, devido a gravidade das complicações relacionadas à perfuração
e a elevada chance de gravidez indesejada, recomenda-se a avaliação
anual da posição do dispositivo, caso não visualizado na cavidade uterina,
permanecer investigando, sem deduzir possível expulsões, visto que a
expulsão completa representa 1% dos casos de deslocamento, ao ponto
que a perfuração uterina e deslocamento pela cavidade abdominal 7,1%
dos casos de mal posicionamento.

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