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Formação para pastoral do Batismo

Sacramento do Batismo

• O Capítulo Primeiro introduz os chamados "sacramentos da iniciação cristã": Batismo,


Crisma e Eucaristia. São eles que lançam os "fundamentos de toda vida cristã", que é
a participação na vida divina. Nascer (Batismo), alimentar-se (Eucaristia) e crescer
(Crisma). (CIC 1212)

• A palavra Batismo é originária do grego (" baptízein") que significa "mergulhar".


Portanto, "o mergulho na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de
Cristo, da qual Ele ressuscita como nova criatura", ensina o Catecismo.

• O Batismo, enquanto tal, é chamado de " vitae spiritualis ianua", ou seja, a porta da
vida no Espírito e que abre o acesso aos demais sacramentos. Por ele, os homens são
"libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus e feitos participantes de sua
missão". Sem o Batismo a pessoa não ingressa na economia sacramental. Todos os
outros sacramentos dependem desse primeiro. (CIC 1213)
• IMPORTANTE:
o O antigo Catecismo Romano ensina que "o Batismo é o sacramento da
regeneração pela água na Palavra", isso significa que, para haver o
Batismo, é preciso ter água, a Palavra ("eu te batizo em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo) e a intenção da Igreja.

• Nosso Senhor Jesus Cristo não precisava ser batizado, mas foi. Ele "submeteu-se ao
Batismo de S. João, destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça". No Batismo
de Jesus "todas as prefigurações da antiga aliança encontram sua realização". No
entanto, o Batismo enquanto "sacramento" somente passou a existir após a Sua Paixão.
(CIC 1223-1224)
• “Com efeito, já tinha falado da paixão que iria sofrer em Jerusalém como de um
"batismo" com o qual devia ser batizado. O sangue e a água que escorreram do lado
traspassado de Jesus Cristo crucificado são tipos do Batismo e da Eucaristia,
sacramentos da vida nova: desde então é possível nascer da água e do Espírito para
entrar no Reino de Deus.” (CIC 1225)
• O Batismo só começou a ser administrado na Igreja no dia de Pentecostes. O
derramamento do Espírito Santo possibilitou que as graças que Cristo alcançou na
Cruz fossem espalhadas pela Igreja (At 2,38). Deste modo, é preciso o Batismo para
que a pessoa receba o Espírito Santo, as Sagradas Escrituras assim o atestam. (CIC
1226-1227).

• Como se celebra o Sacramento do Batismo:

o Atualmente existem dois rituais básicos de celebração do Batismo: o de


crianças e o de adultos. Na Igreja, originalmente, era mais comum o rito dos
adultos, visto que a Igreja estava começando, mas desde lá as crianças já eram
batizadas, às vezes, famílias inteiras se convertiam.

o “Tornar-se cristão, eis algo que se realiza desde o tempo dos apóstolos por um
itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas. Este itinerário pode ser
percorrido com rapidez ou lentamente. Deverá sempre comportar alguns
elementos essenciais: o anúncio da Palavra, o acolhimento do Evangelho
acarretando uma conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito
Santo, o acesso à Comunhão Eucarística”. (CIC 1229)

o Esses são os passos normais para uma pessoa adentrar ao Corpo de Cristo e
que está descrito no Ritual de Iniciação cristã de Adultos. No entanto, batizam-
se também as crianças. Por um desenvolvimento específico do Ocidente o
sacramento do Crisma ficou reservado para os Bispos, por isso, a ordem dos
sacramentos iniciais é diferente: Batismo e Eucaristia, e só depois o Crisma,
quando o Bispo passasse naquela comunidade. – Como ocorre no Brasil!

o Além disso, alguns sinais ajudam a perceber a grandeza do sacramento. É a


chamada "mistagogia". São eles: o sinal da cruz, o anúncio da Palavra de Deus,
os exorcismos (ou escrutínios), a bênção da água do batismo, o rito essencial
do Batismo, unção com o óleo da crisma, a veste branca, a luz da vela, a
recitação do Pai Nosso, a primeira comunhão e a bênção solene. É de muita
importância que os catequistas leiam as instruções detalhadas do Catecismo
para que possam explicar aos catecúmenos o que cada um dos símbolos
significa dentro do ritual do Batismo. (VER - CIC 1234-1245)

• Quem pode receber o batismo?


o O Catecismo é claro ao usar a expressão “toda pessoa não batizada, e somente
ela”(1246) pode ser batizada porque logo nos primeiros séculos do
Cristianismo surgiu a heresia denominada “anabatista”, em que se cria na
possibilidade de receber o Batismo uma segunda vez.

o Não se deve pensar, contudo, que o Batismo seja algo mágico ou que recebê-
lo seja um direito. De modo especial para os adultos, é imprescindível que haja
a disposição para se romper com o pecado, pois, caso contrário, não havendo
tal arrependimento, a graça santificante não será derramada.

o O Catecismo ensina que é o Batismo é justamente o “sacramento da fé” (CIC


1253), portanto, ter fé é um requisito para recebê-lo. No entanto, “a fé que se
requer não é uma fé perfeita e madura, mas um começo, que deve desenvolver-
se.” (CIC 1253) Esse é o motivo pelo qual a Igreja celebra todos os anos a
renovação das promessas batismais. Preparar-se para e receber o Batismo é
apenas o início de uma nova vida em Cristo, fonte “da qual brota toda a vida
cristã”. (CIC 1254)

o Quanto ao Batismo das crianças, em primeiro lugar, é necessário esclarecer


que a palavra “criança” é um termo técnico para pessoas com menos de sete
anos de idade. As maiores já estão no uso da razão, portanto, podem pecar. Elas
precisam ser instruídas e como isso se dará fica a cargo da legislação local. O
fato é que, após alcançar a idade da razão, a criança é incluída no batismo
dos adultos, necessitando de catequese.

o As crianças com menos de sete anos, como dito, não possuem pecados
pessoais, mas estão manchadas pelo pecado original, por isso a Igreja entende
que devem ser batizadas:
▪ “Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo
pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento do
Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem
transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual
todos os homens são chamados. [...] A Igreja e os pais privariam estão
a criança da graça inestimável de tornar-se filho de Deus se não lhe
conferissem o Batismo poucos dias depois do nascimento. (CIC 1250)”

▪ O Catecismo ensina que “o Batismo é necessário para a salvação”


(1257). Isso significa que Deus pode salvar uma criança, mas é dever
da Igreja cuidar para que todos sejam batizados. Nesse sentido, o
próprio Código de Direito Canônico, permite que, em caso de risco de
morte, a criança seja batizada mesmo sem o consentimento dos pais:

▪ “Cân. 868 – § 1. Para que uma criança seja licitamente batizada, é


necessário que: (...)
§ 2. Em perigo de morte, a criança filha de pais católicos, e mesmo
não-católicos, é licitamente batizada mesmo contra a vontade dos
pais.”

▪ Sem o perigo de morte, a Igreja ensina que é necessário haver o


consentimento dos pais e uma perspectiva de que a criança seja
educada na fé católica:

▪ “Cân. 868 – § 1. Para que uma criança seja licitamente batizada, é


necessário que:
1º os pais, ou ao menos um deles ou quem legitimamente faz as suas
vezes, consintam;
2º haja fundada esperança de que será educada na religião católica; se
essa esperança faltar de todo, o batismo seja adiado segundo as
prescrições do direito particular, avisando-se aos pais sobre o motivo.”
IMPORTANTE

• Cabe aos pais, em primeiro lugar, fazer com que a graça batismal floresça nas
crianças. No entanto, nem sempre isso é possível, assim, é dever dos padrinhos
cuidar para que isso ocorra. Sobre a importância dos padrinhos, ensina o
Catecismo:
o “Para que a graça batismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais.
Este é também o papal do padrinho ou da madrinha que devem ser cristãos
firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua
caminhada na vida cristã. A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial. A
comunidade eclesial inteira tem uma parcela de responsabilidade no
desenvolvimento e na conservação da graça recebida no Batismo.” (CIC 1255)

Portanto, estão aptos a receber o Batismo não só os adultos, após a devida preparação, mas
também as crianças, às quais não pode ser negado o acesso à graça e à filiação divina. O
Batismo é a porta de entrada para todos os outros sacramentos, o início de uma vida em Cristo.
É por ele que os homens se tornam filhos de Deus.

• Quem pode batizar?


o O batismo normalmente é ministrado por um sacerdote validamente ordenado, mas
em algumas ocasiões, até mesmo um pagão pode batizar. Saiba quais são essas
situações extraordinárias e aprenda como batizar uma pessoa em caso de extrema
necessidade. Lembre-se, o batismo é a porta de entrada da salvação.
o O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o Batismo é o “fundamento de
toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito”. Sendo assim, dada a sua
importância, quem pode ministrá-lo? Canonicamente, ou seja, levando-se em
conta apenas quem tem a licença de batizar, são os bispos, os presbíteros e os
diáconos, na Igreja latina (CIC 1256), pois na oriental os diáconos não são
autorizados.
o Contudo, não somente o aspecto canônico deve ser levado em conta, mas
também o da capacidade e, nesse viés, o Catecismo ensina que, “em caso de
necessidade, qualquer pessoa, mesmo não batizada, que tenha a intenção
exigida, pode batizar”. Até mesmo um pagão pode ministrar o Batismo, para
tanto, basta que queira “fazer o que a Igreja faz quando batiza.” (CIC 1256)
o OBSERVAÇÃO: APENAS PARA CONHECIMENTO – Somente em casos
de extrema necessidade:
▪ O Código de Direito Canônico, em seu cânon 861, parágrafo 2º, traz
uma importante orientação, dentre outras: “(...) os pastores de almas,
principalmente o pároco, sejam solícitos para que os fiéis aprendem o
modo certo de batizar.” Então, como é que se administra o sacramento
do Batismo a alguém?

▪ Em primeiro lugar, para ocorrer um Batismo é preciso que haja


um pagão, pois quem já foi batizado não pode ser novamente. Em
segundo lugar, água, e em terceiro, alguém disposto a ministrar o
sacramento, em consonância com a intenção da Igreja.

▪ Não é necessário que a água seja benta, mas é preciso que seja, de fato,
água. Outros líquidos não são aceitáveis por causa da verdade do sina:
deve ser substancialmente lavada.

▪ A água então deve ser derramada sobre a cabeça da pessoa, sendo


infundida por três vezes e sendo entoada a seguinte fórmula: “(nome),
eu te batizo em nome do Pai (água), E do Filho (água), E do Espírito
Santo (água).” Feito isso, a pessoa já está batizada. Lembrando que a
concretização dos gestos pressupõe a intenção da Igreja.

• Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de


Deus, como o faz no rito das exéquias por elas. Com efeito, a grande misericórdia de
Deus, que quer que todos se salvem, e a ternura de Jesus para com as crianças (...),
nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem
Batismo. Eis por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de
virem a Cristo pelo dom do santo Batismo. (1261)
• A graça do Batismo

o O sacramento do Batismo produz dois efeitos em quem o recebe: a purificação dos


pecados e o novo nascimento no Espírito Santo.

o O primeiro diz respeito à remissão dos pecados. Mas, de quais pecados o


neófito é liberto? Tanto crianças quanto adultos, ao serem batizados são
livrados do pecado original. Para isso, não é necessário que se arrependam, vez
que tal mancha foi herdada e não cometida.

o Aqueles que já atingiram a idade da razão são perdoados também de seus


pecados pessoais. No entanto, para que isso ocorra é preciso que haja
arrependimento. Trata-se de condição sine qua non(sem a qual não) para que,
ao receber o Batismo, seja realmente perdoado de seus pecados pessoais e das
penas temporais cominadas a eles.

o Caso não haja a devida contrição, o Batismo imprimirá o caráter (conforme


veremos adiante), mas não dispensará ao catecúmeno a chamada graça
santificante. Ela, ensina o Catecismo, é “um dom gratuito que Deus nos faz de
sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado
e santificá-la.” (CIC 2023)

o No batizado, porém, certas consequências temporais do pecado permanecem,


tais como os sofrimentos, a doença, a morte ou as fragilidades inerentes à vida,
como as fraquezas de caráter etc, assim como a propensão ao pecado, que a
Tradição chama de concupiscência ou, metaforicamente, o “incentivo ao
pecado” (“fomes peccati”): “Deixada para os nossos combates, a
concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não consentindo nela,
resistem com coragem pela graça de Cristo. Mais ainda: ‘um atleta não recebe
a coroa se não lutou segundo as regras’.” (CIC 1264)

o O Batismo também tem um segundo efeito, pois faz com que nasça um novo
homem, pelo Espírito Santo. Ele o torna “uma nova criatura”, “um filho
adotivo de Deus que se tornou participante da natureza divina, membro de
Cristo e co-herdeiro dele, templo do Espírito Santo.” (CIC 1265)

o Ainda sobre a graça santificante (ou da justificação), o Catecismo diz que ela
torna quem a recebe “capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por
meio das virtudes teologais”, que são a fé, a esperança e a caridade. Tais
virtudes podem ser aumentadas, mas são originalmente recebidas
gratuitamente da Trindade no Batismo. (CIC 1266)

o Por fim, a graça santificante permite “crescer no bem pelas virtudes morais”.
Elas são conhecidas também como virtudes humanas ou cardeais, das quais
derivam todas as outras: Prudência, Temperança, Fortaleza e Justiça. Apesar
de humanas, podem se tornar infusas por uma graça do Senhor, como por
exemplo, quando se observa a virtude cardeal da Fortaleza em alguém que está
no caminho da santidade e a virtude da Fortaleza num mártir. São bem
diferentes. (CIC 1266)

• Participação no Sacerdócio Régio de Cristo


o Por tal pertença, os batizados participam igualmente do “sacerdócio de
Cristo, de sua missão profética e régia”, conforme descrito na I Carta de São
Pedro. O Catecismo é enfático ao ressaltar a importância de tal ponto quando
diz que:
▪ Feito membro da Igreja, o batizado não pertence mais a si mesmo, mas
àquele que morreu e ressuscitou por nós. Logo, é chamado a submeter-
se aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser obediente e dócil
aos chefes da Igreja e a considerá-los com respeito e afeição. Assim
como Batismo é fonte de responsabilidade e de deveres, o batizado
também goza de direitos dentro da Igreja: de receber os sacramentos,
de ser alimentado com a Palavra de Deus e de ser sustentado pelos
outros auxílios espirituais da Igreja. (CIC 1269)
• Receber o Batismo também sela com os todos os cristãos uma unidade, pois passam
a integrar o Corpo de Cristo. Isso inclui também aqueles que “ainda não estão em
comunhão plena com a Igreja Católica”, pois como ensina o Catecismo:
o Aqueles que creem em Cristo e foram validamente batizados acham-se em
certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja católica (...) Justificados
pela fé no Batismo, são incorporados a Cristo, e por isso, com razão, são
honrados com o nome de cristãos e merecidamente reconhecidos como filhos
da Igreja católica como irmãos no Senhor. (1271)

• O sacramento do Batismo imprime em quem o recebe um selo, um sinal, um


caráter indelével (indestrutível) de pertença a Cristo. Uma vez recebido, o Batismo
não pode ser retirado. Ele é condição para a salvação, é verdade, mas não significa
que somente recebê-lo - e não vivê-lo - garantirá a entrada no Céu:
o O “selo do Senhor” (“Dominus character”) é o selo com o qual o Espírito Santo
nos marcou para o dia da redenção. O Batismo, com efeito, é o selo da vida
eterna. O fiel que tiver guardado o selo até o fim, isto é, que tiver permanecido
fiel às exigências de seu Batismo, poderá caminhar marcado pelo sinal da fé,
com a fé de seu Batismo, à espera da visão feliz de Deus - consumação da fé -
e na esperança da ressurreição.

FONTES:

https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap1_1210-1419_po.html
https://padrepauloricardo.org/aulas/os-sacramentos-da-iniciacao-crista
https://padrepauloricardo.org/aulas/quem-pode-receber-o-batismo
https://padrepauloricardo.org/aulas/quem-pode-batizar
https://padrepauloricardo.org/aulas/a-graca-do-batismo

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