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10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão – Neurovisão

4 International Congress of Vision Neurosciences – 25 de novembro de 2022


th

ORGANIZADORES

Douglas de Araújo Vilhena


Ricardo Queiroz Guimarães
Márcia Reis Guimarães
Maria Lúcia Machado Duarte

Livro de publicações do 10º Congresso Brasileiro de neurociências da Visão

Proceedings of the 4th International Congress of Vision Neurosciences

Universidade Federal de Minas Gerais


Hospital de Olhos de Minas Gerais
Sociedade Brasileira de Neurovisão
10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão – Neurovisão
4 International Congress of Vision Neurosciences – 25 de novembro de 2022
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Ficha catalográfica do 10º CBNV

ISBN: 978-65-86989-13-7
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SUMÁRIO
SUMÁRIO 4

COMISSÃO ORGANIZADORA 6

BOAS-VINDAS 7

WELCOME 10

10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão e 4th International Congress of Vision


Neurosciences 13

PROGRAMAÇÃO 14

Seção 1: Uma década de Neurovisão ............................................................................................... 16


Seção 2: Apresentação de trabalhos ................................................................................................. 17
PALESTRANTES DO 10º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROCIÊNCIAS DA VISÃO
– NEUROVISÃO 18

Prof. Emeritus Arnold J. Wilkins, University of Essex, Reino Unido ................................... 19


Alice Timponi França Magalhães, mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais ........ 19
Danilo Andrade de Meneses, Doutorando, Universidade Federal da Paraíba ....................... 20
Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena, Universidade Federal de Minas Gerais ..................... 22
Erica Jamal da Silva Alda, Psicopedagoga, Universidade Estadual do Paraná ..................... 23
Franciene Lená Assunção, Mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais .................... 23
Graciele Ferreira de Sousa, Universidade Católica de Brasília ............................................. 24
Henrique da Silva da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina ............................... 24
Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais .............................. 25
Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Machado Duarte, Universidade Federal de Minas Gerais ............... 26
Dr.ª Patrícia Nunes de Gusmão, Universidade Federal de Minas Gerais .............................. 26
Prof. Dr. Ricardo Queiroz Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais.......................... 27
Prof. Dr. Stephen J. Loew, University of New England, Australia ....................................... 28
PRÊMIO MARCOS PINOTTI 29

NO QUE DIFEREM VISÃO, IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE VISUOESPACIAL? .......... 30


TRABALHOS CIENTÍFICOS: resumos e resumos expandidos 37

ESTUDO DOS EFEITOS DA AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA SOBRE A ACUIDADE


VISUAL DE CRIANÇAS DE ATÉ 3 MESES DE IDADE .......................................................... 38
PROGRAMA BOM COMEÇO PARA SAÚDE DA CRIANÇA: Identificação e intervenção nas
dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão........................................................................... 41
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ANÁLISE DOS MOVIMENTOS OCULARES DE ADULTOS COM ESTRESSE VISUAL NA


LEITURA ....................................................................................................................................... 43
TEMPORAL DYNAMICS OF EYE BLINKING IN THE BURROWING OWL ...................... 45
DISLEXIA E SUPRESSÃO CENTRO-CONTORNO DO MOVIMENTO VISUAL: Uma
proposta de estudo .......................................................................................................................... 46
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Organização:
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Hospital de Olhos de Minas Gerais (HOMG)
Sociedade Brasileira de Neurovisão (SBNV)

Presidente:
Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena

Presidência da Comissão Científica:


Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Machado Duarte
Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães
Prof. Dr. Ricardo Queiroz Guimarães

Comissão Científica:
Prof.ª Dr.ª Ana Isabel Arroyave Guzmán
Prof.ª Dr.ª Ângela Maria Vieira Pinheiro
Prof.ª Dr.ª Camila Bim
Prof.ª Dr.ª Cláudia de Almeida Diniz
Prof. Dr. Fabrício Carvalho Soares
Prof.ª Dr.ª Izabel Cristina Soares Araújo
Prof. Dr. Jean Andrade Canestri
Prof. Dr. Jerome Baron
Prof. Dr. Marco Túlio de Mello
Prof.ª Dr.ª Valéria Prata Lopes

Laboratórios:
Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurociências da Visão (LAPAN-HOMG-UFMG)
Grupo de Acústica e Vibrações em Seres Humanos (GRAVIsh-UFMG)
Laboratório de Bioengenharia (LabBio-UFMG)
Laboratório de Processos Cognitivos (LabCog-UFMG)
Laboratório de Neurodinâmica da Visão (LANEVI-UFMG)
Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE-UFMG)
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BOAS-VINDAS
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Estimados participantes.

É com grande felicidade que realizamos o 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão e

4th International Congress of Vision Neurosciences, organizado pela Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), pela Sociedade Brasileira de Neurovisão (SBNV) e pelo Hospital de Olhos de Minas Gerais

(HOMG). Contamos com a presença de vocês no Auditório da Escola de Engenharia da Universidade

Federal de Minas Gerais no dia 25 de novembro de 2022.

No turno da manhã tem-se a primeira seção, composta pela Mesa Solene de Abertura com o

ilustríssimo Prof. Dr. Marco Túlio de Mello, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia

Ocupacional, representando a Universidade Federal de Minas Gerais, às 9:30. Em seguida pela mesa

redonda com o tema ‘Uma década de Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão’, composta pelo

presidente do Congresso, pelo Prof. Dr. Ricardo Guimarães e pela Prof.ª Dr.ª Márcia Guimarães e às

10:00. Por vídeo, teremos a participação do keynote speaker Prof. Emeritus Arnold Wilkins da University of

Essex e do Prof. Dr. Stephen Loew da University of New England, Australia.

No turno da tarde, após o intervalo do almoço às 14:00, inicia-se a segunda seção do Congresso

com a apresentação de trabalhos presenciais e por vídeo. Começamos com dois trabalhos orientados pelo

Prof. Dr. Jerome Baron, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. O

primeiro tem o tema ‘Dislexia e supressão centro-contorno do movimento visual: uma proposta de

estudo’, apresentado por Franciene Lená Assunção, com os coautores Hector Roberto Antunes Silva e

Ramon Bernardino. O segundo trabalho ‘Temporal dynamics of eye blinking in the burrowing owl’ será

apresentado pela Alice Timponi França Magalhães, com os coautores sendo a Cintia Aparecida de Souza

Garcia, Otávio Castro Mendonça e Fabrício A. Moreira. A advogada Dr.ª Patrícia Nunes de Gusmão,

doutorando na Universidade de Coimbra, apresentará sobre ‘A LGPD e o tratamento de dados pessoais

para fins acadêmicos e para a realização de estudos por órgão de pesquisa’.

Dá-se prosseguimento com uma segunda palestra do Prof. Emeritus Arnold Wilkins, da University

of Essex, com o título ‘Estresse visual: A prática do Colorímetro’. A Universidade Federal de Santa
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Catarina e a Universidade de São Paulo colaboram com o trabalho ‘Estudo dos efeitos da amamentação

exclusiva sobre a acuidade visual de crianças de até 3 meses de idade’, apresentado pelo Henrique da

Silveira, e coautores Giovana Pascoali Rodovanski e Prof.ª Dr.ª Cristiane Aparecida Moran. A

Universidade Federal da Paraíba colabora com o trabalho ‘No que diferem visão, imaginação e

criatividade visuoespacial?’, do autor Danilo Andrade de Meneses, Prof. Dr. Luiz Carlos Serramo Lopez

e apresentado pela Pamella Mendes Cardoso.

A psicopedagoga Graciele Ferreira de Sousa, mestre pela Universidade Católica de Brasília,

apresenta o ‘Projeto de Educação Visual no Centro de Atendimento para Deficientes Visuais: estimulação

das funções visuais’. Já a também psicopedagoga Erica Jamal, mestre pela Universidade Estadual do

Paraná, apresenta sobre o ‘Estresse visual associado à dificuldade de leitura: contribuições à formação

docente’. Após as apresentações da segunda seção, encerra-se solenemente a décima edição do Congresso

Brasileiro de Neurociências da Visão.

Organizamos o Congresso para ampliar o desenvolvimento e a consolidação das Neurociências

da Visão no cenário brasileiro e internacional, com a contribuição interdisciplinar e translacional das

pesquisas para diminuir as distâncias entre os pesquisadores e tornar os estudos mais dinâmicos e

conectados. Este é um momento para que possamos caminhar cada vez mais juntos em prol de uma

ciência de qualidade e que responda às demandas da sociedade.

Prof. Dr. Douglas de A. Vilhena

Presidente do Congresso

Prof. Dr. Ricardo Q. Guimarães

Presidente da Comissão Científica


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WELCOME
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Dear participants.

We are glad to organize the 10th Brazilian Congress of Vision Neurosciences and 4th International

Congress of Vision Neurosciences, organized by the Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), the

Brazilian Society of Neurovision (SBNV) and the Eye Hospital of Minas Gerais (HOMG). We expect

your presence in the Auditorium of the School of Engineering of the Universidade Federal de Minas

Gerais, on November 25, 2022.

In the first section, during the morning, is composed of the Opening Ceremony, with the

illustrious Prof. Dr. Marco Túlio de Mello, of the School of Physical Education, Physiotherapy and

Occupational Therapy, representing the Universidade Federal de Minas Gerais, at 9:30. We proceed with

the round table with the theme 'A decade of the Brazilian Congress of Vision Neurosciences', composed

by the president of the Congress, by Prof. Dr. Ricardo Guimarães, and by Prof. Dr. Márcia Guimarães.

Via video, we will have the participation of the keynote speaker Prof. Emeritus Arnold Wilkins of the

University of Essex, and Prof. Dr. Stephen Loew of the University of New England, Australia.

In the second section, during the afternoon, after the lunch break at 2:00 pm, the Congress

returns with research presentations, both from the auditorium and via video. To start, two works

supervised by Prof. Dr. Jerome Baron, from the Institute of Biological Sciences at the Universidade

Federal de Minas Gerais. The first research has the theme 'Dyslexia and center-contour suppression of

visual movement: a study proposal', presented by Franciene Lená Assunção, with co-authors Hector

Roberto Antunes Silva and Ramon Bernardino. The second work ‘Temporal dynamics of eye blinking in

the burrowing owl' will be presented by Alice Timponi França Magalhães, with co-authors being Cintia

Aparecida de Souza Garcia, Otávio Castro Mendonça and Fabrício A. Moreira. The lawyer Dr. Patrícia

Nunes de Gusmão, PhD student at the Universidade de Coimbra, will present 'The LGPD and the

processing of personal data for academic purposes and for carrying out studies by research body'.

The Congress continues with a second lecture by Prof. Emeritus Arnold Wilkins, of the

University of Essex, with the title 'Visual Stress: The Practice of the Colorimeter'. The Universidade
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Federal de Santa Catarina and the Universidade de São Paulo collaborate with the work 'Study of the

effects of exclusive breastfeeding on the visual acuity of children up to 3 months of age', presented by

Henrique da Silveira, and co-authors Giovana Pascoali Rodovanski and Prof. Dr. Cristiane Aparecida

Moran. The Universidade Federal da Paraíba collaborated with the work 'How do vision, imagination

and visuospatial creativity differ?', by Danilo Andrade de Meneses, Prof. Dr. Luiz Carlos Serramo Lopez

and presented by Pamella Mendes Cardoso.

The Graciele Ferreira de Sousa, Master from the Universidade Católica de Brasília, presents the

'Visual Education Project at the Assistance Center for Visually Impaired: stimulation of visual functions'.

Erica Jamal, also a Psychopedagogue, Master from the Universidade Estadual do Paraná, presents on

'Visual stress associated with reading difficulties: contributions to teacher training'. After the

presentations of the second section, the tenth edition of the Brazilian Congress of Vision Neurosciences

is solemnly closed.

We organized the Congress to expand the development and consolidate the area of

Neurosciences of Vision in Brazil and internationally, with interdisciplinary and translational contribution

of research to reduce distances between researchers and make studies more dynamic and connected. This

is a moment for us to walk even more together in favor of quality science that responds to the demands

of society.

Prof. Dr. Douglas de A. Vilhena

Chair of the Congress

Prof. Dr. Ricardo Q. Guimarães

President of the Scientific Committee


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10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão


e 4th International Congress of Vision Neurosciences

Assista o 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão e


4th International Congress of Vision Neurosciences,
transmitido ao vivo do Auditório da Escola de Engenharia
da Universidade Federal de Minas Gerais, no dia 25 de novembro de 2022.

https://youtu.be/NcB6VidIkxg
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PROGRAMAÇÃO
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25 de novembro de 2022 – Sexta-feira

Seção 1: Uma década de Neurovisão

09:30 às 10:00
MESA SOLENE DE ABERTURA
Prof. Dr. Marco Túlio de Mello, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, UFMG
Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena, Presidente do Congresso
Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Machado Duarte, Universidade Federal de Minas Gerais
Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais
Prof. Dr. Ricardo Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais
https://youtu.be/UThT5-apnLw

10:00 às 12:00
MESA REDONDA: UMA DÉCADA DE CONGRESSO BRASILEIRO DE
NEUROCIÊNCIAS DA VISÃO
https://youtu.be/RwCudlDzQVM

10:00 às 10:30 O Congresso, o compartilhamento e a consolidação do conhecimento


Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena, Psicólogo, Universidade Federal de Minas Gerais
https://youtu.be/6wLcQIvQ1gQ

10:30 às 10:50 Estresse visual: conceituação


Prof. Emeritus Arnold Wilkins, University of Essex, Reino Unido
https://youtu.be/UgnH90mV1-I

10:50 às 11:10 Análise do passado e novas perspectivas na Neurovisão


Prof. Dr. Ricardo Guimarães, Oftalmologista, Hospital de Olhos de Minas Gerais
https://youtu.be/FuY_aU1reSQ

11:10 às 11:40 Marcadores genéticos no transtorno de percepção visual


Prof. Dr. Stephen J. Loew and Prof. Kenneth Watson, University of New England, Austrália
https://youtu.be/GZbkK-rqsCU

11:40 às 12:00 A clínica em Neurovisão alinhada às pesquisas do LAPAN


Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães, Oftalmologista, Hospital de Olhos de Minas Gerais
https://youtu.be/6V76m_V6PbA

12:00 às 14:00
INTERVALO
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25 de novembro de 2022 – Sexta-feira


Seção 2: Apresentação de trabalhos
14:00 às 17:00

14:00 às 14:20 Dislexia e supressão centro-contorno do movimento visual: uma proposta de


estudo
Franciene Lená Assunção, Hector Roberto Antunes Silva, Ramon Bernardino, Prof. Dr. Jerome Baron
Universidade Federal de Minas Gerais
https://youtu.be/kgUglCnMUJw

14:20 às 14:40 Temporal dynamics of eye blinking in the burrowing owl


Alice Timponi França Magalhães. Coautores: Cintia Aparecida de Souza Garcia, Otávio Castro
Mendonça, Fabrício A. Moreira, Prof. Dr. Jerome Baron
Universidade Federal de Minas Gerais
https://youtu.be/2WiQJZraYDA

14:40 às 15:10 A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o tratamento de dados pessoais para
fins acadêmicos e para a realização de estudos por órgão de pesquisa
Dr.ª Patrícia Nunes de Gusmão, Universidade Federal de Minas Gerais
https://youtu.be/x9BLoAuQa6Q

15:10 às 15:20 Estresse visual: A prática do Colorímetro


Prof. Emeritus Arnold Wilkins, University of Essex, Reino Unido
https://youtu.be/f6Cx6D7-o6g

15:20 às 15:30 Estudo dos efeitos da amamentação exclusiva sobre a acuidade visual de crianças
de até 3 meses de idade
Henrique da Silva da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina
Giovana Pascoali Rodovanski, Universidade de São Paulo
Prof.ª Dr.ª Cristiane Aparecida Moran, Universidade Federal de Santa Catarina
https://youtu.be/amUnlixr_jM

15:30 às 15:50 No que diferem visão, imaginação e criatividade visuoespacial?


Danilo Andrade de Meneses, Pamella Mendes Martiniano da Silva Cardoso, Prof. Dr. Luiz Carlos
Serramo Lopez
Universidade Federal da Paraíba
https://youtu.be/iygBidU3brM

15:50 às 16:10 Projeto de Educação Visual no Centro de Atendimento para Deficientes Visuais:
estimulação das funções visuais
Graciele Ferreira de Sousa, Universidade Católica de Brasília
https://youtu.be/ZSR4OQXubjU

16:10 às 16:20 Estresse visual associado à dificuldade de leitura: contribuições à formação


docente
Erica Jamal Alda, Psicopedagoga, Universidade Estadual do Paraná
https://youtu.be/EXpVAUc6dOM

16:20 às 17:00 ENCERRAMENTO


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PALESTRANTES DO 10º CONGRESSO


BRASILEIRO DE NEUROCIÊNCIAS DA
VISÃO – NEUROVISÃO

Speakers of the 4th International Congress


of Vision Neurosciences
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Prof. Emeritus Arnold J. Wilkins, University of Essex, Reino Unido

Prof. Emeritus Wilkins obtained his doctorate in 1972


from Sussex University in the UK for work on human
memory. He then spent two years post-doctoral with Dr.
Brenda Milner at the Montreal Neurological Institute, where
he became interested in photosensitive epilepsy. He returned
to the UK to work at the Medical Research Council Applied
Psychology Unit in Cambridge. Over the ensuing 22 years his
studies of photosensitive epilepsy broadened into a study of
visual stress and migraine. In 1997 he moved to a chair at
Essex University where he is now Emeritus. Over the course
of his career he demonstrated that fluorescent lighting causes headaches, and he invented the Intuitive
Colorimeter system for precision ophthalmic tinting, now in use worldwide. He has published three
books and 260 scientific papers.

Alice Timponi França Magalhães, mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais

Graduada em Ciências Biológicas, modalidade Licenciatura, pela


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2018. Atualmente, é
aluna de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Fisiologia e
Farmacologia da UFMG, orientada pelo Prof. Fabrício de Araújo
Moreira e co-orientada pelo Prof. Jerome Baron.

Coautores:
Cintia Aparecida de Souza Garcia, Universidade Federal de Minas Gerais
Otávio Castro Mendonça, Universidade Federal de Minas Gerais
Fabrício A. Moreira, Universidade Federal de Minas Gerais
Prof. Dr. Jerome Baron, Universidade Federal de Minas Gerais
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Danilo Andrade de Meneses, Doutorando, Universidade Federal da Paraíba

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade


Federal da Paraíba (2011). Durante a graduação trabalhou com o efeito
anestésico de plantas medicinais no sistema nervoso periférico utilizando
as técnicas de single sucrose gap (em nervo isquiático) e patch clamp (em
neurônio). Essa pesquisa lhe rendeu os prêmios de Jovem Pesquisador
pela UFPB e a Honra ao Mérito pela Federação de Sociedades de Biologia
Experimental (FESBE). Mestre em História das ciências e das técnicas e
epistemologia (HCTE) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde
trabalhou com análise fractal em condutância de pele durante a expressão
artística (pintura). Também é artista plástico finalista do prêmio TALLENGE art contest (6º lugar) e do
Salão dos novos artistas do SESC (2013) com o pseudônimo Moveo. Trabalhou como professor
universitário (2016-2019) no Instituto de Educação Superior da Paraíba (UNIESP) e atualmente é bolsista
de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Neurociência e Comportamento (PPGNEC) da
UFPB. Pesquisa a relação entre mindfulness, criatividade, personalidade e saúde mental.

Coautora: Pamella Mendes Martiniano da Silva Cardoso, Universidade Federal da Paraíba


Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), especialização em
Neurociências pela Faculdade Campos Elísios (FCE) e formação como
Técnica em Edificações pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB). A
partir do meio da graduação em Arquitetura, descobriu seu interesse
pelas Neurociências e vem estudando a área desde então, culminando
em seu trabalho de conclusão de curso com o título "Neuroarquitetura:
ambientes que estimulam criatividade". Possui experiência atuando
como arquiteta sempre aliando projeto arquitetônico e evidência
científica sólida em seu escritório Atmosfera Neuroarquitetura.
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Coautor: Prof. Dr. Luiz Carlos Serramo Lopez, Universidade Federal da Paraíba

Graduado em Biologia e Psicologia, com mestrado e doutorado pela


Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professor adjunto da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) onde coordena o Laboratório de
Ecologia Comportamental e Psicobiologia. É pesquisador colaborador do
programa "Mente Aberta" de pesquisa e extensão em mindfulness da
Unifesp. É orientador credenciado no Programa de Pós Graduação em
Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNeC) e da UFPB. Atua na
área de psico-fisiologia do estresse, neurociências e intervenções baseadas
em mindfulness e auto-compaixão.
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Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena, Universidade Federal de Minas Gerais


Presidente do 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão
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Doutorado na linha Neuropsicologia do Desenvolvimento no


Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2017-2021), com
Doutorado Sanduíche na Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade do Porto, Portugal (2019-2020). Mestre na área
Desenvolvimento Humano, linha Cognição e Linguagem, pelo Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da FAFICH-UFMG (2013-2015).
Graduado em Psicologia pela FAFICH-UFMG (2006-2011), com intercâmbio acadêmico na University of
Leeds no Reino Unido (2010), e com visto J1 no Tennessee, EUA (2011). Ensino médio integrado com
técnico em Química pelo CEFET-MG (2003-2005). Atualmente, é Embaixador de Intercâmbio Alumni
da Universidade do Porto (2021-2023), coordenador do Laboratório de Pesquisa Aplicada à
Neurociências da Visão (LAPAN-UFMG, 2015-atual), pesquisador do Laboratório de Processos
Cognitivos (LabCog-UFMG, 2012-atual), colaborador do www.DislexiaBrasil.com.br, Membro da
European Literacy Network (ELN-COST, 2019-atual). Presidente do anual Congresso Brasileiro de
Neurociências da Visão (2015-atual). Foi Administrador Chefe do II World Dyslexia Forum (2014-UFMG).
Pinheiro e Vilhena são autores da Bateria de Testes de Leitura, que possui fontes de evidências
psicométricas satisfatórias para avaliar a habilidade de leitura de alunos do 2º ao 5º ano do ensino
fundamental, sendo composta pelo: (1) Teste de Leitura: Compreensão de Sentenças (TELCS); (2) Teste
de Reconhecimento de Palavras (TRP); (3) Teste de Reconhecimento de Pseudopalavras (TRPp); (4)
Teste de Taxa de Leitura (RRT); e (5) a Escala de Avaliação da Competência em Leitura pelo Professor
(EACOL). Atua principalmente nos seguintes temas: processamento cognitivo, processamento visual,
linguagem escrita, dislexia, testes de leitura.
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Erica Jamal da Silva Alda, Psicopedagoga, Universidade Estadual do Paraná

Pedagoga pela Faculdade Catuaí (2011). Possui pós graduação


Lato Sensu em Pedagogia Empresarial (2013) e Psicopedagogia (2014)
pela Faculdade Catuaí e Educação Especial Inclusiva (2017) pela
Faculdade Pitágoras de Londrina e Pedagogia Hospitalar (2017) pela
Centro Universitário Leonardo da Vinci. Possui o título de Screener
para Síndrome de Irlen. Atualmente é professora e psicopedagoga em
Sala de Recursos da Rede Municipal de Londrina. Em 2018, cursou
como aluna Especial do Mestrado a disciplina: Ação Docente e
Desenvolvimento Profissional na Educação, na Universidade Estadual de Londrina. Integrante do Grupo
de Pesquisa em Educação e Diversidade -GPED/UNESPAR na linha Educação Especial e Inclusiva:
Inovação Tecnológica e Tecnologia Assistiva. Linha de pesquisa: Educação Especial; Educação Inclusiva;
Síndrome de Irlen.

Franciene Lená Assunção, Mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais

Fonoaudióloga educacional, psicopedagoga, mestranda em


neurociência e atua com crianças e adolescentes com problemas de
aprendizagem há mais de quinze anos.

Coautores: Hector Roberto Antunes Silva, Ramon Bernardino, Prof.


Dr. Jerome Baron
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Graciele Ferreira de Sousa, Universidade Católica de Brasília

Mestre em Educação pela Universidade Católica de


Brasília (UCB), Especialização em Neuropsicopedagogia Clínica,
Psicopedagogia Clínica e Institucional. Possui Graduações em
Filosofia, Teologia, Pedagogia e Educação Física. Experiência
Profissional de 23 anos na área de Educação e 5 anos na área de
atendimento clínico. Professora da SEDF.

Henrique da Silva da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduando de Fisioterapia pela Universidade Federal de


Santa Catarina, cursando atualmente a 6ª fase do curso, sendo
também aluno bolsista de Iniciação Científica PIBIC-CNPq do
LAPREM (Laboratório Prematuridade), que é um ambulatório
follow up criado em 2019 para acompanhar e promover estimulação
de recém-nascidos de alto risco.

Coautores:
Giovana Pascoali Rodovanski, Universidade de São Paulo
Prof.ª Dr.ª Cristiane Aparecida Moran, Universidade Federal de Santa Catarina
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Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais


Presidente da Comissão Científica do 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão
4th International Congress of Vision Neurosciences

Graduada em Medicina pela Universidade Federal de


Minas Gerais (UFMG), Especialista em Oftalmologia pela
Faculdade de Ciências Médicas, Mestre em Biologia Molecular pela
Universidade de Paris-V, Doutora em Oftalmologia – área de
Neuroftalmologia e Qualidade da Visão – pela UFMG. Fellowship
em Patologia Ocular pelo Moorfields Eye Hospital de Londres
(Inglaterra) e da Armed Forces Institute of Pathology – Walter
Reed Military Hospital (Washington DC, USA). Ex-diretora da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa. Atuou como Professora
do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal de
1978 a 1995. Docente convidada da UNIFESP desde 1989
atuando como Coordenadora da Disciplina de Embriologia, Malformações e Histologia Ocular do Curso
Ciências Básicas. Diretora Clínica e Chefe do Departamento de Neurovisão e do Departamento de
Distúrbios de Aprendizagem Relacionados a Visão do Hospital de Olhos de Minas Gerais. Diretoria
Científica da Fundação Hospital de Olhos.
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Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Machado Duarte, Universidade Federal de Minas Gerais
Presidente da Comissão Científica do 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão
4th International Congress of Vision Neurosciences

Possui graduação em Engenharia Civil pela Pontifícia


Universidade Católica de Minas Gerais PUC/MG (1987), mestrado em
Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
COPPE/UFRJ (1990) e doutorado em Mechanical Engineering pelo
Imperial College of Science Technology And Medicine (1996). Trabalha
deste 1996 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no
Departamento de Engenharia Mecânica (DEMEC), sendo atualmente
professora Titular desta instituição. É revisora de algumas revistas e
congressos. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica e Civil
com ênfase em Dinâmica dos Corpos Rígidos, Elásticos e Plásticos. Atua em Vibrações Mecânicas e
VibraçõesHumanas, além de Acústica em geral, com foco em Análise Modal, Detecção e Localização de
Danos em Estruturas, Manutenção Preditiva por Análise de Vibrações. A área de pesquisa atual tem sido
Vibrações Humanas, principalmente relacionada aos efeitos da Vibração de Corpo Inteiro (VCI) no
conforto, saúde e realização de tarefas (nas mais diversas áreas: Engenharias Mecânica e Civil,
Fonoaudiologia, Fisioterapia, Educação Física, dentre outras). Também tem interesse em Vibração de
Mãos-e-braços (VMB).

Dr.ª Patrícia Nunes de Gusmão, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de


Minas Gerais (1998) e mestrado em Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2004). É aluna do Programa de
Doutoramento em Direito Público da Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, Portugal.
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4 International Congress of Vision Neurosciences – 25 de novembro de 2022
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Prof. Dr. Ricardo Queiroz Guimarães, Hospital de Olhos de Minas Gerais


Presidente da Comissão Científica do 10º Congresso Brasileiro de Neurociências da Visão
4th International Congress of Vision Neurosciences

Graduado em Medicina pela Faculdade de


Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais,
Especialização em Oftalmologia e Doutorado pela
UFMG. Fellowship em Córnea e Doenças Externas
pela Hospices Civils de Strasbourg, Estagiário do
Moorfields Eye Hospital (Londres), Attaché Étranger
du Hotel Dieu de Paris e Fellowship em Córnea e
Doenças Externas Oculares pela Georgetown
University (Washington, DC). Fundador, Presidente e
Diretor Técnico do Hospital de Olhos de Minas Gerais
e da Fundação Hospital de Olhos, Diretor do LAPAN
– Laboratório de Pesquisas Aplicadas a Neurociências
da Visão, Cônsul Honorário do Canadá, Professor convidado da UFMG, Diretor da Associação
Comercial de Minas e editor Médico da Revista Ocular Surgery News Latin America. Presidente da
União Brasileira pela Qualidade (UBQ).
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Prof. Dr. Stephen J. Loew, University of New England, Australia

Associate researcher of reading difficulties in the School of


Psychology at the University of New England, Australia, and a
research partner with the Laboratory of Applied Research in
Neuroscience of Vision at the Federal University of Minas
Gerais, Brazil. His key research interests include the nature of
Meares-Irlen/visual stress syndrome, the overlap of associated
symptoms with ADHD and other learning disorders, and the
effects of increasingly brighter classroom lighting on present-
day literacy rates and learning in general.
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PRÊMIO MARCOS PINOTTI

Prof. Dr. Marcos Pinotti Barbosa


in memoriam 08/07/1965 - 21/01/2016

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de


Campinas (1989). Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade
Estadual de Campinas (1992). Doutor em Engenharia Mecânica pela
Universidade Estadual de Campinas (1996). Em 2010, participou, a convite
da Eisenhower Fellowship (Estados Unidos) do Programa Multination
2010, que permitiu estreitar relações com agências do governo norte-
americano e as principais universidade sobre o tema de inovação. Foi
professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenou dois
laboratórios de pesquisa, o Laboratório de Bioengenharia (Lab-Bio) que se
dedica a Engenharia Cardiovascular, Biofotônica, Tecnologia Assistiva, Biomimética, Medicina Regenerativa e
Biomecânica; e o Laboratório de Pesquisa Aplicada a Neurovisão (LAPAN, em parceria com o Hospital de Olhos
de Minas Gerais - Dr. Ricardo Guimarães) que se dedica a neurociêncais, visão neural, processos de cognição e
tecnologia da informação aplicada a neurociências. Pinotti foi também Fellow da International Union of the Societies of
Biomaterials Sciences and Engineering (IUSBSE) e do Copenhagen Institute For Future Studies. Foi presidente da Sociedade
Latino Americana de Biomateriais, Órgãos Artificiais e Engenharia de Tecidos (SLABO), secretário da Associação
Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM) e membro do Conselho de Administração do Parque
Tecnológico de Belo Horizonte (BHTEC) como representante do Reitor da UFMG. Faleceu em 21/01/2016 no
ápice da sua carreira.
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GANHADOR DO PRÊMIO MARCOS PINOTTI DE MELHOR TRABALHO

NO QUE DIFEREM VISÃO, IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE


VISUOESPACIAL?

Trabalho completo
Danilo Andrade de Meneses 1, Pamella Mendes Martiniano da Silva Cardoso2,
Prof. Dr. Luiz Carlos Serramo Lopez1
1
Departamento de Psicologia, UFPB, João Pessoa, Brasil
2
Departamento de Arquitetura, UFPB, João Pessoa, Brasil

danilo.eletrof@gmail.com, pamellamartil@gmail.com, lcslopez@gmail.com

Introdução
A criatividade é um processo cognitivo multimodal que recruta funções cognitivas de alto nível como memória –
semântica, episódica, de trabalho e procedural –, flexibilidade cognitiva, controle inibitório, coordenação motora,
autorreferenciamento, atenção, teoria da mente, imaginação, inteligência, humor, motivação e personalidade (JUNG;
VARTANIAN, 2018). Há um consenso na literatura de que a criatividade é um processo de geração de ideias ou produtos
novos e úteis que tipicamente resolvem problemas ao reconhecer desequilíbrios no ambiente, mas ela também é um fenômeno
sociopsicológico onde as características individuais dos criadores interagem com sua cultura e ambiente. Existem críticas se a
criatividade culmina em um produto, porque muitas vezes, obras de arte inacabadas ou ideias que poderão ser utilizadas
posteriormente, não são vistas como parte do processo criativo. No entanto, sabe-se que a criatividade culmina em um ato
motor, seja verbal ou gestual. A criatividade é um ato humano que culmina em algo novo (WALIA, 2019).
Na primeira década do século XXI tivemos as primeiras pesquisas de neuroanatomia que catalogaram áreas de
Brodmann para a criatividade por ressonância magnética, dentre elas o córtex occipital, responsável por grande parte do
processamento visual (JUNG et al., 2013). Foi proposto, então, que a criatividade seria uma forma de cognição e a partir disso
vêm-se utilizando o termo cognição criativa para referir-se à criatividade nas neurociências. Gansler e colaboradores aplicaram
um dos testes mais conhecidos de criatividade, o teste de Torrance, que é dividido em baterias visuais e verbais, tendo a
ativação de áreas visuoespaciais como o lobo parietal direito - crítico para imagens mentais, reordenação de estímulos visuais,
rotação mental e atenção global na expressão do desenho e pintura - para em varreduras cerebrais dos participantes que
realizaram a bateria visual do teste. A parte inferior deste lobo está relacionada à "criação mental”, tanto para artistas quanto
para matemáticos (GANSLER et al., 2011). Além do lobo parietal, a criatividade visuoespacial parece ser predominante no
hemisfério direito e possui focos de ativação em regiões como giro frontal medial e giro infero-frontal direitos, giro pré-central
esquerdo e tálamo bilateral (KHALIL; GODDE; KARIM, 2019).
No contexto de redes neurais e lateralização, a criatividade visuoespacial recruta redes visuais com maior
predominância no hemisfério direito (por exemplo, giro occipital médio, giro lingual e giro fusiforme, que estão relacionadas
a detecção de novidades, construção de novas imagens e processamento de imagens mentais ), assim como redes sensório-
motoras direitas (por exemplo, giro pré-central, área motora suplementar e parte do giro frontal, relacionado ao planejamento
motor e comportamentos direcionados a objetivos referentes a criatividade) e partes direitas do Default Mode Network
(DMN) (por exemplo, giro parahipocampal,giro temporal médio- importantes para a geração de novas ideias e facilitando a
recombinação entre memórias episódicas e semânticas-, giro temporal inferior e córtex frontal medial). A criatividade verbal,
por outro lado, é mais propensa a depender da interação inter-hemisférica. Estudos de Eletroencefalograma (EEG) mostram
que em artistas profissionais ocorre maior sincronia no hemisfério direito e o treinamento de longo prazo leva esse hemisfério
a se tornar dominante na criação artística. Outros estudos mostram que a diminuição da inibição do hemisfério esquerdo pode
facilitar a criatividade e que indivíduos criativos apresentam maior cooperação entre DMN e rede executivas centrais (CHEN
et al., 2019).
A DMN é uma grande rede neural que foi observada em pessoas acordadas enquanto descansam. Ela está envolvida
com a construção de simulações mentais com base em experiências passadas, como lembrar, imaginar o futuro ou perspectivas
alternativas para o presente. A relação do DMN com a criatividade tem sido consistentemente relacionada com as regiões do
córtex pré-frontal medial (CPFM), córtex cingulado posterior (PCC)/precuneus e a porção lateral do lobo temporal parietal.
No caso da criatividade verbal, teríamos em adicional o lobo temporal medial. Quando o criativo está em ação, criando, a
grande rede ativada não é mais o DMN, mas sim a rede de controle cognitivo (CCN). A relação entre CCN e criatividade
inclui principalmente o PFC dorsolateral (DLPFC) e o córtex cingulado anterior dorsal (dACC). Pessoas com maior
criatividade visual apresentam menor atividade do DMN na relação CPFM e PCC, e maior na rede CCN para a relação entre
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o DLPFC esquerdo e direito. A ativação bilateral destas regiões inclui a maior ativação de memória de trabalho, atenção
sustentada, flexibilidade cognitiva e inteligência (LI et al., 2016).
A criatividade também possui forte relação com a atenção e o córtex está bastante relacionado com isso. Por exemplo,
ondas alpha têm sido propostas como um correlato de vias neurais de cima para baixo da inibição do processamento sensorial
irrelevante em tarefas de atenção, ajudando a proteger representação internas. Essas ondas foram encontradas aumentadas no
córtex visual para tarefas de atenção onde estímulos visuais deveriam ser ignorados (WORDEN et al., 2000).
A imaginação tem sido definida como a formação de novas ideias, imagens ou conceitos no olho da mente. A
imaginação possui características que podem ser estudadas como originalidade, capacidade transformadora, capacidade
cinestésica (de movimentos), frequência, valência emocional, dirigida a objetivos ou flutuante. A imaginação tem sido associada
ao aumento da criatividade e ao desenvolvimento cognitivo geral. Ela também está intimamente relacionada à previsão afetiva:
a capacidade de ter um autoconceito futuro ou antecipar nossos pensamentos e sentimentos. Maior imaginação está
relacionada com maior intenção de ajudar os outros e ter amigos imaginários na infância está relacionado à maior compreensão
social. Por outro lado, o aumento da imaginação também está relacionado com a sintomatologia do estresse pós-traumático,
abuso de substância e fobia. Técnicas de imaginação podem ser utilizadas na psicoterapia como exposição imaginal,
dessensibilização sistemática, treinamentos autogênicos com biofeedback e realidade virtual. O quadro clínico onde é
constatado não conseguir evocar imagens mentais é chamado de afantasia. E a vivacidade das imagens mentais está relacionada
com atividade do córtex visual inicial. (ZABELINA, 2019).
A imaginação também é uma capacidade que produz imagens mentais, que envolvem os cinco sentidos. No entanto,
a pesquisa sobre imagens mentais visuais tende a predominar, assim como a predominância da percepção visual em relação
aos outros tipos de percepção. A neurociência da imaginação é dividida em três tipo de estudo: 1) o estudo dos mecanismos
que desencadeiam a produção de imagens mentais;2) Como se gerar e manipular imagens mentais;3) mecanismos que deixam
as imagens mentais vívidas; 4) mecanismos que se sobrepõe imagens mentais visuais e percepção visual. Imagens mentais
podem ser espontâneas ou voluntárias e o mecanismo para explicar o surgimento das voluntárias é chamado de hierarquia
visual reversa. Trata-se da sequência: lobo frontal, lobo temporal medial, seguindo para regiões do córtex visual primário e
lobo parietal. Os lobos frontais estão relacionados com formação, manipulação, organização da imagem, além da coordenação
de áreas espaciais e sensoriais. o lobo temporal está relacionado à recuperação de memórias e têm-se relatado, em indivíduos
com lesões no hipocampo, a falta de riqueza e coerência espacial na produção de imagens mentais. E os lobos parietal e
occipital contribuem para as representações espaciais e sensoriais do conteúdo imagético DMN também é fortemente
relacionado com Imaginação, já que está envolvido com fantasia, devaneio e atenção aos próprios sentimentos. O DMN está
envolvido com a construção e manipulação consciente de imagens mentais utilizando áreas como o DLPFC, córtex parietal
posterior, pré-cuneus posterior e córtex occipital (TAKEUCHI et al., 2012).
Trabalhos demonstram que pessoas com boa memória autobiográfica tem boa imaginação e imagens mentais mais
vívidas são produzidas em córtices visuais primários menores. Estudos de memórias de frutas feitas em escala de cinza,
demonstram que indivíduos ativos áreas visuais referentes a cor específica da fruta em sobreposição à imagem cinza. Outros
estudos demonstram que a expectativa de apresentação para um estímulo visual futuro pode aumentar a atividade em V1
quando o estímulo é apresentado. Visto que a produção de imagens mentais está presente em vários processos cognitivos,
entender sobre imaginação contribui para a compreensão de vários processos cognitivos como criatividade, memória
episódica, decisões morais, veracidade da testemunha ocular e compreensão da leitura. No geral, a imaginação voluntária
possui fluxo de neurônios de cima para baixo, e a percepção visual, o inverso. Quanto maior a atividade em áreas de alto nível,
maior a sobreposição de imagens mentais e percepção visual (TAKEUCHI et al., 2012).
A imaginação também está presente no sistema percepção-ação. A teoria da simulação mental propõe que observar,
imaginar e executar uma ação motora ativam áreas corticais funcionalmente equivalentes e o mecanismo cerebral, como a área
motora suplementar, pelo qual essas redes são combinadas é através de neurônios-espelho(PELLICANO et al., 2021). O
sistema de neurônios espelho (MNS) é um grupo de neurônios característico dos mamíferos e aves que disparam tanto quando
fazemos, quanto observamos outros da mesma espécie realizando ações. Nos seres humanos ele é caracterizado pela ativação
de regiões sensório-motoras (córtex motor primário e pré-motor, área motora suplementar, giro frontal inferior e córtex
somatossensorial primário) e do lobo parietal inferior. Suas funções estão relacionadas ao sistema de percepção/ação, empatia,
teoria da mente, imitação, predição de comportamentos (KEYSERS, 2009; MOLENBERGHS; CUNNINGTON;
MATTINGLEY, 2009, 2012).
O sistema MNS pôs em xeque até onde a imaginação é construída própria pelo sujeito que imagina ou se como
consequência de estímulos visuais oriundos da observação da ação do outro. Por exemplo, um estudo recente apontou que o
imaginar o ato de caminhar ativa o sistema nervoso autônomo como se o indivíduo estivesse fazendo uma caminhada real
(PELLICANO et al., 2021). Como o sistema MNS está envolvido tanto na visão, quanto na imaginação e na criatividade
visuoespacial. Nosso objetivo é a produção de um artigo teórico que investigue as semelhanças e diferenças entre esses três
processos sensório/cognitivos.
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Método
A metodologia utilizada foi a revisão de literatura, oriunda da investigação de artigos científicos de caráter empírico.
O levantamento bibliográfico foi realizado através dos sistemas Pubmed e ScienceDirect, sendo prioridade nas publicações dos
últimos cinco anos. Utilizou-se das palavras-chaves imagination, creativity, brain default mode network, imagery,ideaton, creative thinking,
visuospatial áreas, visual áreas, daydreaming. Foram selecionados apenas os artigos que tinham interesse para o objetivo proposto,
ou seja, discutir as diferentes áreas visuais na imaginação e na criatividade, os quais foram lidos cuidadosa e criticamente. Os
artigos escolhidos foram dos último 5 anos com maior número de citações. Artigos mais antigos mas de forte correspondência
poderiam ser adicionados.

Resultados

Inicialmente, nossa pesquisa buscou similaridades entre criatividade e imaginação. Como foi vimos que eram dois
processos cerebrais diferentes, mas correlacionados, essa pesquisa inicial contribui com o início da introdução (Fig 1.). Ao
adicionar o termo “brain”, a pesquisa se tornou mais direcionada, principalmente no Pubmed. Com esse ramo da tabela
hierárquica investimos no constructo criatividade com ênfase nas áreas visuais, seguindo por processos que poderiam ter
parelelismos com imaginação. No outro ramo investimos com a busca por imaginação e áreas visuais, e quando adicionamos
o termo “brain” os resultados foram novamente mais seletivos. Neste ramos percebemos por várias vezes o aparecimento da
expressão “visual mental imagery” e resolvemos fazer uma busca só com esse termo, mas como o número de artigos foi muito
alto tanto no Pubmed, quanto no ScienceDirect, resolvemos utilizar os mais citados. Por fim, os dois ramos se convergem
para termos relacionados como a rede DMN e os Mirror Neurons.

"creativity" AND "imagination"


Pubmed = 101
Google Scholar=2834

"creativity" AND "imagination" AND "brain" "ideation" OR "imagination" AND "visuospatial"


Pubmed = 17 Pubmed =38
ScienceDirect=779 ScienceDirect=17

"creativity" AND "visuospatial areas" "brain" AND "imagination" AND "visuospatial"


Pubmed =10 Pubmed =22
ScienceDirect=2 ScienceDirect=181

"creativity" OR "imagination" OR
"visual mental imagery"
"daydreaming" OR "creative thinking" AND
"visual areas" Pubmed =542
Pubmed = 14 ScienceDirect=34 ScienceDirect=103

"DMN" AND "imagination""


Pubmed =18
ScienceDirect=173

"Creativity" AND "DMN" AND "imagination"


Pubmed =1
ScienceDirect=63

"imagination" AND "mirror neurons"


Pubmed =11
ScienceDirect=135

Fig 1 – Tabela hierárquica com os descritores buscados no Pubmed e ScienceDirect.


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Discussão

A criatividade surge a partir do produto associativo entre dois ou mais itens anteriormente não relacionados
(BENEDEK et al., 2020). Estudos sugerem que o processo criativo requer imaginação, envolvendo a elaboração de imagens
mentais complexas (BENEDEK et al., 2020; ROTHENBERG, 1988). As imagens mentais não surgem em função de
estímulos externos, como ocorre na percepção visual por exemplo, mas de mecanismos internos em nossa mente, sendo estas
criadas a partir da capacidade de visualizar imagens com base na imaginação(KEOGH; BERGMANN; PEARSON, 2020) e
podem envolver experiências relacionadas a todos os sentidos sensoriais, no entanto, devido à natureza predominantemente
visual dos seres humanos, estudos sobre imagens mentais visuais (VMI) também são predominantes na ciência(PEARSON,
2019).
Por um lado, a imaginação pode ser entendida como um conceito que extrapola os limites da criatividade, sendo
componente essencial a elaboração de cenários imaginados e planejamentos cotidianos que em muitos casos dispensam
insights criativos(ZABELINA; CONDON, 2020), por outro lado as relações entre imaginação e criatividade são estreitadas,
estabelecendo para a imaginação a compreensão desta como a capacidade de elaborar imagens mentais a partir de combinações
e modificações de percepções anteriores e sendo portanto recurso intrínseco ao processo criativo. Assim, a imaginação
demanda a existência de autoconsciência e abstração para elaborações originais. Neste caso, o que extrapola o ato de criar
restringe-se apenas à elaboração de imagens mentais a partir de observação e percepções anteriores pode ser denominado de
imaginário (AGNATI et al., 2013).
Parte da literatura sobre imaginação em ressonância magnética funcional se deteve a investigar se VMI são
dependentes de estímulos perceptivos passados. Esses estudos demonstram sobreposição na ativação de áreas visuais tanto
na percepção visual, quanto nas VMI (DIJKSTRA et al., 2017). A diferença entre os dois processos surge do padrão de
ativação, de forma que durante a percepção visual os estímulos ocorrem de baixo para cima, a partir de estímulos exógenos,
ativando áreas visuais primárias seguindo para áreas corticais de processamento visual mais evolutivamente sofisticadas
(SPAGNA et al., 2021). A diferença entre VMIs e percepção visual é que esta última utiliza também o processamento de cima
para baixo, mas para as VMIs este nível de processamento é o único envolvido (DIJKSTRA et al., 2017). Desse modo, as
imagens mentais surgem sem a presença de estímulos externos (WINLOVE et al., 2018).
Maiores níveis de correlação de redes neurais entre imagens mentais e percepção visual foram identificados quando
a imaginação é mais vívida, ocorrendo sobreposição de ativação no córtex occipital lateral, o que demonstra que quanto mais
vívida a imagem mental, menor a diferença no padrão de ativação neural entre esta e a percepção de estímulos visuais
(DIJKSTRA et al., 2017). VMI ocorrem com a ativação de áreas visuais primárias envolvidas com sua representação sensorial
e espacial, de forma a construir uma importante ferramenta para a imaginação, simulações de futuro, e reconstrução do passado
(KEOGH; BERGMANN; PEARSON, 2020; PEARSON, 2020; SPAGNA et al., 2021).
Simulações episódicas resultantes em VMIs surgem a partir da ativação do lobo temporal medial (MTL) ao
recombinar experiências passadas. Estudos apontam que a união entre MTL, o cingulado posterior e a rede fronto parietal
que integram a rede responsável pela atenção, pode explicar o aspecto vivido da VMI. Ademais, o aumento da ativação do
sítio FG4 do giro fusiforme esquerdo (FIN), que integra a via visual ventral e recebe informações semânticas do lobo temporal
esquerdo (ATL), também é ativo durante a VMI (SPAGNA et al., 2021).
A rede fronto parietal também parece exercer importante papel nas imagens mentais motoras (MI), em que se imagina
a execução de movimento corporal (ZABICKI et al., 2017, 2019), funcionando portanto como simulação de uma ação e
também para a execução motora (ME). Além da rede fronto parietal, uma estrutura também bastante envolvida com o MNS
é o hipocampo na formação de subsídios para a memória episódica (BASRI, 2017). Apesar de também usar representações
motoras imaginadas para a ME, os padrões de atividades neurais sobretudo em áreas motoras, pré motoras e parietal posterior
identificados para MI e ME são distintos, embora haja semelhanças em relação a ativação do córtex pré-motor dorsal (dPMC)
esquerdo e o lobo parietal superior (SPL). A partir de neuroimagem foi possível ainda identificar ativação do córtex motor
primário (M1) esquerdo e direito, dPMC esquerdo e direito, córtex pré-motor ventral (vPMC) esquerdo e direito, pré área
motora suplementar (preSMA),, lobo parietal inferior (IPL), córtex parietal posterior (PPC) esquerdo e direito e SPL esquerdo
e direito em MI de mãos, além de ativações no córtex somassensorial direito e córtex occipital lateral esquerdo. Já para ME
de mãos foi observada atividade no M1 esquerdo e direito, dPMC, vPMC, área motora suplementar posterior (SMAprop),
dPMC, IPL, SPL, córtex somatossensorial esquerdo e direito, córtex visual, córtex occipital lateral, área 44 esquerda, área FG1
direita e TE 1.1 esquerda e direita (ZABICKI et al., 2017).
Por outro lado, estas áreas são consistentemente relacionadas ao sistema de neurônios-espelho (MNS), um sistema
de neurônios visuomotores. Estudos apontam que os neurônios-espelho sobretudo em dPMC, SMA, M1, córtex
somatossensorial primário (S1), sulco intraparietal (IPS), precuneus, vPMC, giro frontal inferior (IFG) e IPL podem constituir
a base da sobreposição entre observação e execução de movimento motor. O mapeamento das ações observadas e sua
consequente relação com MNS fornece subsídios à simulação imaginativa da ação em neurônios sensório-motores que
viabilizam a correspondência entre observação e ME(FILIMON et al., 2015). Desse modo, os neurônios-espelho se ativam
tanto na observação quanto na ação, demandando inibição da excitabilidade cortical motora durante MI e consequentemente
do movimento (AGNATI et al., 2013; WIELAND; BEHRINGER; ZENTGRAF, 2022). A partir da observação, as MI
muitas vezes surgem em conjunto com as VMI (KOSSLYN; GANIS; THOMPSON, 2001). Após a simulação imaginada que
elabora um ensaio mental da ação, o movimento motor pode ser replicado a partir de pistas visuais e proprioceptivas do nosso
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corpo (BUCCINO; SOLODKIN; SMALL, 2006).


Tendo em vista que os neurônios-espelho são ativos e viabilizam a reprodução tanto de observações de ações,
quanto de percepções auditivas, visuais e até emoções; e que imaginário e imaginação são construídos, em primeira instância,
a partir das imagens que recebemos do mundo, o MNS pode fornecer também o substrato necessário a VMI e ao que
conhecemos como fala interior a partir da elaboração de imagens mentais auditivas(AGNATI et al., 2013). Outrossim, as
imagens mentais podem também combinar diferentes categorias sensoriais na elaboração de uma imagem mental
(PAPAGEORGIOU et al., 2014). Essa possibilidade de conexões entre áreas sensoriais distintas por sua vez pode ser
explicada a partir da Teoria da Abstração Multimodal, em que o remapeamento de neurônios-espelho dá origem a ideias mais
abstratas como quando um gesto se torna capaz de ilustrar um som por exemplo. Neste caso, uma entrada sensorial é
observada, simulada mentalmente, abstraída e por fim, sucede uma resposta em um sentido diferente do estimulado
originalmente (ACHARYA; SHUKLA, 2012). Assim, a autoconsciência e abstração intrínsecas ao processo criativo podem
relacionar-se com o MNS. Isto é, a partir da observação do outro, a simulação imaginativa se torna possível, podendo gerar
insights sobre estado interno e/ou externo do outro. Desse modo, a corporificação de comportamentos observados implicam
que a compreensão do outro leva a compreensão do eu. Este processamento autoconsciente por sua vez tem bases
neurobiológicas relacionadas à atividade da DMN (MOLNAR-SZAKACS; UDDIN, 2013). Além da DMN, outras duas redes
têm sido teoricamente relacionadas à imaginação: a CCN, na execução de uma tarefa direcionada a objetivo, e a rede de
Saliência (SN) associada sobretudo ao processo observacional (AGNATI et al., 2013).
Com relação às regiões pré-frontais encontramos semelhanças entre imaginação, criatividade e o MNS,
particularmente no giro frontal. Enquanto a imaginação ativa o giro frontal medial direito e a observação o giro frontal superior
direito, ambas pertencentes ao MNS, a criatividade utiliza o giro inferior esquerdo e o giro frontal medial esquerdo (GONEN-
YAACOV et al., 2013; PELLICANO et al., 2021). Quando pensamos no contexto de redes neurais, o aumento da
conectividade entre o giro frontal inferior direito e o córtex parietal inferior pode refletir uma capacidade subjacente de pessoas
altamente criativas de exercer controle de cima para baixo sobre o processo imaginativo decorrente do DMN. Tomados em
conjunto, o aumento da conectividade funcional entre o córtex pré-frontal inferior e as regiões do DMN pode corresponder
a uma maior capacidade de indivíduos criativos de governar sua imaginação, executando processos de busca complexos,
inibindo informações irrelevantes para tarefas e selecionando ideias entre um grande conjunto de ideias concorrentes(BEATY
et al., 2014).Esses dados são sugestivos para especular uma possível relação mais estreita entre imaginação e criatividade
visuoespacial, com predominância de lateralização hemisférica direita, em comparação com outros tipos de criatividade, com
a verbal, por exemplo(CHEN et al., 2019).
Imaginação e criatividade visuoespacial podem ser muito similares, porém distintas, como na construção de modelos
mentais do espaço em crianças pré-escolares, em especial conceitos de ciências, como os astronômicos. Para a formação de
conceitos que contribuam para a compreensão do espaço, a imaginação, e não a criatividade prevê consolidação de
conhecimentos espaciais (JANKOWSKA; GAJDA; KARWOWSKI, 2019). O grande traço de personalidade Abertura à
experiência possui um fator chamado fantasia, que é a imaginação espontânea, devaneio ou divagação mental. E abertura à
experiência é um traço de personalidade preponderante em pessoas criativas (LI et al., 2015).
O devaneio é entendido como pensamento não relacionado à tarefa, mais ou menos autogerado, mas que é seguido
por um estado deliberado em que os pensamentos são avaliados. Nesse sentido, o devaneio se aproxima da criatividade já que
ambos se enquadram em um modelo de processamento duplo: autogeração seguido de um refinamento avaliativo em direção
a originalidade e novidade. A região cerebral responsável pela autogeração é o lobo temporal medial e suas conexões com o
DMN. Lesões nesse lobo dificultam tanto a imaginação como a criatividade, indicando mais uma semelhança entre os dois
processos(FOX; BEATY, 2019).

Conclusões

Através dessa revisão de literatura podemos dizer que existem semelhanças e diferenças entre criatividade
visuoespacial, imaginação e visão. A criatividade visuoespacial possui dominância no hemisfério direito do cérebro, enquanto
que na imaginação esse tipo de lateralização não foi relatada, as imagens mentais surgem sem a presença de estímulos externos
e a visão requer estímulos sensoriais provindos da retina. A criatividade requer o uso da imaginação, mas esta está mais
estreitamente relacionada à memória de trabalho visual e memória episódica. Criatividade visual e imaginação utilizam áreas
visuais primárias e a DMN e subsidiam seu processamento em grande parte no MNS a partir da observação do mundo que
fornece as bases para autorreferenciamento e abstração. Mais estudos são necessários para determinar a relação hipotetizada
entre CCN e SN e a imaginação, redes estas que já possuem suas relações bem estabelecidas com a criatividade visuoespacial.
Outro ponto crítico à distinção das bases neurobiológicas entre criatividade visuoespacial e imaginação é a compreensão sobre
o papel do lobo frontal em ambos os processos. A criatividade utiliza os lobos frontais para uma série de funções como
flexibilidade cognitiva, coordenação motora, autorreferenciamento, inteligência, humor, motivação, controle inibitório e
personalidade. Por outro lado, as evidências atuais da imaginação sugerem a implicação do lobo frontal apenas para a ideação
e o controle inibitório. Assim, podemos concluir que criatividade visuoespacial e imaginação usam fortemente áreas visuais e
são funções inter-relacionadas, apesar de não estar claro se a imaginação é uma função primária da criatividade, ou extrapola
seus domínios.
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Referências

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Palavras-chave: Criatividade; Imaginação; Cérebro; Visão.

Agência Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).


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TRABALHOS CIENTÍFICOS:
resumos e resumos expandidos
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ESTUDO DOS EFEITOS DA AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA SOBRE A


ACUIDADE VISUAL DE CRIANÇAS DE ATÉ 3 MESES DE IDADE

Resumo expandido
Henrique da Silva da Silveira1, Giovana Pascoali Rodovanski2, Cristiane Aparecida Moran3
1
Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá, Brasil.
2
Programa de pós-graduação, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
3
Docente do Departamento de Ciências da Saúde e do Programa de Pós-graduação em Ciências da
Reabilitação, Universidade Federal de Santa Catarina.

henrique.silveira@grad.ufsc.br, gio_pascoali@usp.br, cristiane.moran@ufsc.br

Introdução: O Ministério da Saúde adota as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) [1] o qual aconselha
que as crianças em todo o mundo sejam amamentadas de forma exclusiva nos primeiros 6 meses, mantendo esta até 2 anos
ou mais, conjuntamente com a adição de alimentos complementares apropriados [2]. Por definição, o aleitamento materno é
a condição em que a criança recebe apenas leite materno e não outros alimentos, sejam eles líquidos ou sólidos, exceto
vitaminas, minerais ou medicamentos [3], já que o próprio leite materno é muito nutritivo e é rico em proteínas, minerais e
vitaminas lipossolúveis, além de possuir importantes fatores bioativos que conferem proteção imune e gastrointestinal
adicional à criança [4]. A amamentação traz benefícios tanto para a saúde das crianças quanto para a das mães, de forma que
aos 6 meses os benefícios para a saúde infantil são maximizados contra infecções respiratórias, otite média e diarreia. Os bebês
amamentados por um tempo maior apresentam melhor desempenho em testes de inteligência [5] e de acuidade visual [6] e
são protegidos futuramente contra excesso de peso e diabetes. Existe também redução da prevalência de câncer de mama e
ovário em mães que amamentam [5]. Além de que, essa estratégia de amamentação é a maior estratégia de prevenção de mortes
infantis e permite o fortalecimento do vínculo afetivo mãe-filho [1]. No Brasil, dados do Ministério da Saúde em 2009 indicam
que apenas 41% das crianças brasileiras são alimentadas exclusivamente com leite materno nos 6 primeiros meses de vida [7].
Entre os fatores mais frequentemente associados ao desmame precoce estão o trabalho materno fora de casa, oferta de bicos
ou chupetas às crianças, atendimento puerperal efetuado no serviço privado e primiparidade [8].
A literatura científica demonstra por meio dos cartões de Teller um aumento da acuidade visual, como um dos
benefícios da amamentação exclusiva. Nos cartões de acuidade propostos por Teller existem alternância de listras pretas e
brancas. Usa-se alvos com frequência espacial crescente, correspondendo a valores de acuidade visual em ciclos/º que variam
de 0,23 a 38. As listras devem ser discriminadas pela criança e através de um orifício central no cartão, o avaliador observa a
preferência ocular e discriminação [9].
Considerando os efeitos fisiológicos que o leite materno possui grande quantidade de ácidos graxos de cadeia longa
obtidos pela dieta ou por síntese feita por outros ácidos graxos ômega-3, se tendo o exemplo do Ácido docosahexaenóico
(ADH) e o Ácido Araquidônico (AA) que são amplamente presentes em fotorreceptores e na membrana do cérebro e retina,
tendo os bebês uma capacidade limitada de produzir esse ADH, além de possuir grande necessidade de gorduras ômega 3 de
cadeia longa que são importantes para a função visual. A maioria dos leites de fórmula infantil comercializados contêm pouca
quantidade de ácidos graxos de cadeia longa (ADH e AA), podendo interferir no desenvolvimento visual do lactente [10]; [11].

Objetivo: Avaliar a interferência que a amamentação exclusiva pode desencadear na acuidade visual de crianças nascidas a
termo e prematuras.

Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina (CAAE: 08989819.2.0000.0121). Para a avaliação da acuidade visual utilizou-se os Cartões de Acuidade Visual de
Teller, equipamento este composto por um jogo de 17 cartões com 25,5x47,5cm. Cada cartão possui uma grade de onda
quadrada nas dimensões de 12,5x12,5cm na orientação. Após os responsáveis das crianças assinarem um termo de
consentimento livre e esclarecido, realizou-se uma entrevista para conseguir observar se ela se encontrava em amamentação
exclusiva ou não, através da seguinte pergunta: “Você realiza amamentação exclusiva? Sim ou Não?”. A avaliação da acuidade
visual foi feita na região do extremo sul de Santa Catarina, em um hospital da rede pública de saúde e no ambulatório de follow
up de uma universidade pública federal. Os participantes foram selecionados através de acesso ao prontuário eletrônico da
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, entre abril de 2019 a junho de 2022, tendo um total de 110 crianças avaliadas.
Inicialmente foi avaliada a condição clínica do paciente para que se obtivesse resultados fidedignos e que não gerassem
possíveis alterações na avaliação da acuidade visual. Se os pacientes demonstrassem sinais de irritabilidade e agitação durante
a avaliação, esperava-se até que a criança apresentasse melhora ou a avaliação era remarcada. Além disso, outros critérios de
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exclusão do presente estudo foram: sinais vitais alterados de FC (frequência cardíaca) ou FR (frequência respiratória), uso de
oxigenoterapia, diagnóstico médico para alterações neurológicas, cardíacas, respiratórias ou metabólicas com descompensação
sistêmica grave e cegueira. A análise estatística foi realizada no software Statistica® versão 13.0. A normalidade dos dados foi
avaliada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados descritivos não paramétricos foram dispostos em mediana
(mínimo-máximo). Para a comparação da variável acuidade visual e a amamentação exclusiva (sim ou não) foi utilizado o teste
Mann-Whitney U Test. Um valor de p < 0,05 foi considerado para todas as análises estatisticamente significativas.

Resultados: As variáveis avaliadas neste estudo podem ser observadas na Tabela 1:

Tabela 1:
Grupos Prematuro (n = 34) Termo (n = 76)
Acuidade Visual (ciclos/º) 0,64 (0 – 0,60) 0,64 (0,23 – 2,4)
Amamentação Exclusiva (% para sim) 65% 91%
Idade Gestacional (semanas + dias) 34 (28 + 6 – 36 + 4) 39 (37 – 42)
Dias de vida 14 (0 – 90) 1 (0 – 82)

A avaliação da Acuidade Visual em ambos os grupos obteve diferença nos valores mínimo e máximo de acuidade
visual de modo que o valor mínimo e máximo dos prematuros foi menor que dos termos. Não houve diferença
estatisticamente significativa (p = 0,918) na acuidade visual entre crianças que receberam a amamentação exclusiva ou não.
Discussão: Perante as porcentagens de amamentação exclusiva, o grupo prematuro foi o que obteve menor porcentagem.
Na amostra deste estudo não se observou diferenças relevantes nos valores de acuidade visual para crianças que tiveram
amamentação exclusiva ou não, como é apresentado em alguns estudos a seguir relatados.
No estudo de Auested [13] não ocorreu diferenças significativas nos limiares de acuidade entre três grupos de
fórmulas comparado a bebês alimentados com leite humano sem uso de fórmula. Corroborando para esta hipótese, Innis [5]
no seu estudo não relatou também nenhuma diferença na acuidade visual pelo cartão de acuidade com bebês alimentados com
fórmula comercial ou leite humano até os 3 meses de idade, se tem a hipótese de que isso ocorra por conta do nível mais alto
de ácido α-linolênico na fórmula.
O estudo de Carlson [14] também mostrou que não há diferença na acuidade entre 2 e 12 meses de idade em bebês
alimentados com uma fórmula com ácido linoleico e outra com ácido linolênico quando comparados com bebês amamentados
ou em uso de uma fórmula suplementada com AA + DHA. Podendo se concluir então que entre 4 e 12 meses de idade, não
ocorreu relação entre os níveis de fosfolipídios de DHA e a acuidade visual. Porém, não existe um consenso na interferência
na acuidade visual de modo que outros estudos relatam que a amamentação exclusiva interfere positivamente nos resultados.
Essas diferenças podem ser explicadas pela característica da população, diferenças na composição de fórmulas ou diferença
no método de obter a acuidade visual. Em estudos realizados na Austrália [15] [16] com lactentes amamentados com leite
materno e lactentes que usavam fórmulas com ou sem suplemento de ADH, EPA (ácido eicosapentaenóico) e ácido γ-
linolênico. Valores inferiores de acuidade visual foram relatados para bebês alimentados com fórmulas comerciais disponíveis
do que aqueles alimentados com leite materno em ambos os estudos, justificando uma possível diferença de perfis de ácidos
graxos entre os dois grupos, já que amostras de leite materno apresentaram uma proporção maior de ADH.
Estudos em laboratório feitos em macacos [17] [18] divididos em um grupo alimentado com uma dieta pobre em
ácidos graxos DHA e um grupo alimentado desde a gestação e depois do nascimento com ácido α-linolênico (precursor do
ácido graxo) a partir de óleo de soja, notou-se nos animais com dieta pobre, níveis mais baixos de DHA no cérebro e retina,
deficiências nas respostas da retina e pior acuidade visual, sendo então os ácidos graxos ômega 3 essenciais para o
desenvolvimento pré-natal e pós-natal da retina e cérebro.
Já em humanos, um estudo [19] selecionou recém-nascidos prematuros no período pós-natal de mães que optaram
por não amamentar. O bebê recebeu uma fórmula à base de óleo de milho e, em 4 meses de idade corrigida, aquelas que foram
amamentadas apresentaram uma acuidade visual significativamente melhor. Os achados foram semelhantes para bebês a
termo. Deste modo, propõe-se que em futuros estudos se faça um acompanhamento longitudinal para analisar se o aleitamento
materno mantido por um período de tempo maior afetará ou não o desenvolvimento da acuidade visual.
Conclusão: Com a avaliação da interferência da amamentação exclusiva sobre a acuidade visual de prematuros e termos,
nota-se que ao fazer a análise estatística desta amostra, não se obteve efeito imediato na acuidade visual dos lactentes. No
entanto, não se pode excluir os diversos benefícios presentes no leite materno tendo em vista que a amamentação exclusiva é
o método mais natural, eficaz e barato de alimentação de crianças até 6 meses de idade, de forma que ele propicia mais
benefícios do que a suplementação feita pela fórmula, promovendo afeto, vínculo e proteção.

Referências:
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Palavras-chave: Aleitamento Materno; Ácidos Graxos Ômega-3; Lactente; Acuidade Visual; Testes Visuais;

Agência Financiadora: Bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) financiado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Agradecimentos: agradecimento ao CNPq pelo fornecimento da bolsa de Iniciação Científica bem como à aluna
contemplada que ajudou na coleta de algumas informações, à todas as instituições de saúde que abriram suas portas e
permitiram que a coleta deste estudo fosse realizada e a prof. Dra Cristiane Aparecida Moran, orientadora do LAPREM
(Laboratório de Prematuridade) da Universidade Federal de Santa Catarina e que orientou a elaboração do estudo exposto.
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PROGRAMA BOM COMEÇO PARA SAÚDE DA CRIANÇA: Identificação e


intervenção nas dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão

Resumo expandido
Ricardo Queiroz Guimarães1, Douglas de Araújo Vilhena², Marina Roberta Vieira Nogueira³, Juliana
Reis Guimarães4, Márcia Reis Guimarães5
1
Oftalmologista. Doutor em Oftalmologia. Diretor-Presidente do Hospital de Olhos de Minas Gerais.
http://orcid.org/0000-0001-7600-855X. rg2020@gmail.com.
2
Psicólogo. Doutor em Psicologia: Cognição e Comportamento, Universidade Federal de Minas Gerais.
Coordenador do Laboratório de Pesquisa Aplicada às Neurociência da Visão. https://orcid.org/0000-
0003-2670-7963. douglasvilhena@ufmg.br.
3
Fisioterapeuta. Especializada em Gestão de Projetos. Supervisora da Fundação Hospital de Olhos.
https://orcid.org/0000-0002-7931-9983. fundacao@holhos.com.br.
4
Oftalmologista. Departamento de Neurovisão do Hospital de Olhos de Minas Gerais.
https://orcid.org/0000-0003-2088-4985. drajrguimaraes@gmail.com.
5
Oftalmologista. Doutora em Oftalmologia: Qualidade da Visão Funcional. Diretora Clínica do
Hospital de Olhos de Minas Gerais. https://orcid.org/0000-0002-5475-5375.
marciag2020@gmail.com.

Introdução: A presente pesquisa foi publicada por Guimarães et al. (2002). O Programa Bom Começo, criado por meio da
parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais e o Hospital de Olhos de Minas Gerais, possui o foco na identificação,
diagnóstico, tratamento e acompanhamento da saúde e da aprendizagem das crianças nas escolas. O Programa Bom Começo
é dividido em quatro etapas:
(1) Primeira Etapa: capacitação de gestores (coordenadores e supervisores pedagógicos), profissionais da área da
Saúde (ex., Psicólogos, Fonoaudiólogos, Terapeutas Ocupacionais, Neurologistas e Oftalmologistas) e da Educação
(ex., Psicopedagogos, Orientadores Educacionais, Educadores, Pedagogos) para que reconheçam as dificuldades de
aprendizagem relacionadas à visão;
(2) Segunda Etapa: triagem universal da saúde visual e auditiva;
(3) Terceira Etapa: triagem das dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão e de intervenção na leitura; e
(4) Quarta Etapa: monitoramento e acompanhamento da saúde nas escolas de todas as crianças.

Objetivo: Apresentar os dados epidemiológicos populacionais de dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão coletados
no Programa Bom Começo. Primeiramente, foi verificada a prevalência de participantes com queixa de dificuldades visuais e
de aprendizagem escolar a nível clinicamente relevante e severo. No segundo momento, foi verificado nos participantes
sintomáticos, encaminhados para a avaliação com o Método Irlen, o nível de dificuldades e de desconforto com a leitura; a
proporção de escolha, o nível de melhora da qualidade visual e a preferência de tonalidade das lâminas espectrais; assim como
a frequência e o tipo de distorções visuais na leitura.

Método: Participaram 458 alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental (8,6 ± 0,7 anos de idade; 51% do sexo feminino).
Primeiramente, realizou-se a capacitação dos profissionais da área de Saúde e Educação. Os resultados indicaram uma
importante proporção de participantes, por meio do Questionário de Caracterização de Dificuldades Visuais e de
Aprendizagem (Fundação HOlhos, 2010), com dificuldades com a fotofobia, cansaço ou dor de cabeça, percepção de
profundidade, esportes com bola, cansaço dentro do carro, leitura, leitura no computador, matemática, escrita à mão, escrever
redação e ao copiar. A Escala de Percepção Visual de Leitura (EPVL) (Irlen, 2003) do Método Irlen foi utilizada para avaliar
as dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão, o nível de dificuldades e de desconforto com a leitura; o nível de melhora
da qualidade visual e a preferência de tonalidade das lâminas espectrais (Vilhena et al., 2020); e para identificar a presença de
distorções visuais na leitura.

Resultados: Os participantes sintomáticos (16%), todos com acuidade visual adequada, foram encaminhados para a avaliação
com a Escala de Percepção Visual de Leitura do Método Irlen. Destes participantes sintomáticos, 86% reportaram dificuldade
de leitura e 75% desconforto de leitura a nível de moderado a severo. Todos os participantes, exceto um, reportaram melhora
considerável da qualidade visual com pelo menos uma lâmina espectral, sendo as mais frequentes a Purple, Yellow e Gray. Os
participantes sintomáticos reportaram reconhecer em média 3,6 das onze ilustrações de distorções visuais na leitura, sendo as
mais frequentes a Embaçado e Borrado, Tremido, Rios, Guerra nas Estrelas e Ondulado.
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Discussão: O Programa Bom Começo, focado na promoção da saúde como um todo, permite identificar precocemente e
monitorar os escolares com alterações sensoriais e de aprendizagem, com atenção contínua para contribuir com um
aprendizado eficaz. Com uma visão médica, epidemiológica e psicopedagógica, o Programa Bom Começo busca estabelecer,
de maneira colaborativa, uma relação entre a família, a escola, os gestores públicos e privados em prol do bem-estar da
comunidade escolar. Por meio da colaboração intersetorial entre a Saúde, Educação e Engenharia, o programa procura
enfrentar as vulnerabilidades que comprometem a saúde e o aprendizado das crianças e adolescentes.
A primeira etapa do Programa Bom Começo foi elaborada para preceder as coletas de dados e as intervenções
refracionais e pedagógicas. Uma vez que os professores possuem um papel importante na identificação inicial de problemas
visuais e de aprendizado das crianças em fase escolar, torna-se fundamental que sejam orientados adequadamente, por
instituições qualificadas. Entre os resultados esperados da primeira etapa do Programa Bom Começo estão a conscientização
dos profissionais de educação e saúde envolvidos no ensino escolar em relação às dificuldades visuais e de aprendizagem, a
diminuição da vulnerabilidade dos alunos em relação às questões de saúde visual que interferem no aprendizado, com
consequente aumento dos índices de qualidade da educação e diminuição dos índices de evasão escolar.
O uso de questionátios de triagem são importantes para préselecionar e priorizar os participantes sintomáticos. Deve-
se evitar que as screeners sejam sobrecarregadas, uma vez que a avaliação a EPVL do Método Irlen é individualizada e demora
no mínimo trinta minutos, podendo passar de uma hora em casos mais severos, o que inviabiliza que todos os alunos sejam
avaliados.

Conclusões: Os dados epidemiológicos populacionais coletados no Programa Bom Começo demonstram a alta prevalência
de dificuldades de aprendizagem relacionadas à visão em escolares. A avaliação de escolares do terceiro ano do Ensino
Fundamental mostrou-se ideal, possibilitando uma intervenção precoce dos casos identificados com perda visual, coincidindo
com o período em que o trabalho intensivo de escolarização se inicia.

Referências:
Fundação Holhos (2010). Questionário de caracterização de dificuldades visuais e de aprendizagem (QVA). FHOlhos.
Irlen, H. (2003). Escala de Percepção Visual de Leitura (EPVL) do Método Irlen [Irlen Reading Perceptual Scale, IRPS].
Perceptual Development Corporation.
Guimarães, Ricardo Queiroz, Vilhena, Douglas de Araújo, Nogueira, Marina Roberta Vieira, Guimarães, Juliana Reis, &
Guimarães, Márcia Reis. (2022) Programa Bom Começo para saúde da criança: Identificação e intervenção nas dificuldades
de aprendizagem relacionadas à visão. Revista Tempus Psicológico.
Vilhena, D. A., Guimarães, M. R., Guimarães, R. Q., & Pinheiro, Â. M. V. (2020). Effect of spectral overlays on visual
parameters and reading ability: an integrative review. Revista CEFAC, 22(3), e17519. https://doi.org/10.1590/1982-
0216/202022317519

Palavras-chave: aprendizagem, sinais e sintomas, desenvolvimento infantil, triagem, transtornos da visão.

Fonte de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) por meio do projeto
‘Desenvolvimento de Tecnologia e Metodologia para Acompanhamento da Saúde na Escola – Programa Bom Começo’ (TCT-
16.064/10-82). Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais
(SEDECTES).

Agradecimentos: Ao Prof. Emérito Marcos Barbosa Pinotti (in memoriam), fundador do Programa Bom Começo, do
Laboratório de Pesquisa Aplicada às Neurociências da Visão e do Laboratório de Bioengenharia do Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais.
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ANÁLISE DOS MOVIMENTOS OCULARES DE ADULTOS COM


ESTRESSE VISUAL NA LEITURA

Resumo expandido
Prof.ª Dr.ª Valéria Prata Lopes1, Prof. Dr. Douglas de Araújo Vilhena²,

Prof. Dr. Ricardo Queiroz Guimarães³, Prof.ª Dr.ª Márcia Reis Guimarães4

1
Fisioterapeuta. Doutora em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Minas Gerais.
https://orcid.org/0000-0001-9613-8140. valeriaprata05@yahoo.com.br.
2
Psicólogo. Doutor em Psicologia: Cognição e Comportamento, Universidade Federal de Minas Gerais.
Coordenador do Laboratório de Pesquisa Aplicada às Neurociência da Visão. https://orcid.org/0000-
0003-2670-7963. douglasvilhena@ufmg.br.
³ Oftalmologista. Doutor em Oftalmologia. Diretor-Presidente do Hospital de Olhos de Minas Gerais.
http://orcid.org/0000-0001-7600-855X. rg2020@gmail.com.
4
Oftalmologista. Doutora em Oftalmologia: Qualidade da Visão Funcional. Diretora Clínica do
Hospital de Olhos de Minas Gerais. https://orcid.org/0000-0002-5475-5375.
marciag2020@gmail.com.

Introdução: A presente pesquisa foi publicada por Lopes et al. (2002). Diferentes fatores influenciam no conforto visual
durante tarefas de leitura, como a eficiência da movimentação sacádica dos olhos, a acuidade visual, a coordenação binocular,
a acomodação visual e a convergência binocular. Guimarães et al. (2019) investigaram 323 participantes de 8 a 17 anos com
estresse visual por meio de um rastreador ocular (eye-tracker). Foi identificado um alto número de fixações e de regressões
oculares na linha de base desses participantes, em comparação às normas (p < 0,001). Esse resultado pode ser indicativo de
movimentos oculares corretivos para verificar as palavras (ou grafemas) que não foram suficientemente atendidas, de ajuste a
vergência e de rastreamento ineficiente das linhas. No entanto, O estudo de Guimarães et al. foi um estudo analítico
comparativo retrospectivo, sendo importante que sejam realizados estudos analíticos controlados prospectivos. Como
hipótese, os participantes com estresse visual apresentam dificuldades na oculomotricidade, expressa por um maior número
de movimentos oculares em comparação ao grupo controle.

Objetivo: O presente estudo analítico controlado, prospectivo e com mascaramento duplo-cego, teve o objetivo de (1)
verificar se adultos com estresse visual, avaliados por um rastreador ocular, quando comparados a um grupo controle,
apresentam diferença nos movimentos oculares durante a leitura de textos e (2) prover fontes de evidências de validade da
estrutura interna para o Questionário de Caracterização de Dificuldades Visuais e de Aprendizagem.

Método: Participaram adultos com estresse visual (GEV; n = 16) pareados com um grupo controle sem estresse visual (GC;
n = 24). Para as análises do rastreador ocular com tecnologia de infravermelho, cada participante realizou a leitura de dezesseis
textos, apresentados de forma randômica, tendo o GEV realizado 239 leituras e o GC 342 leituras. Para o estudo de validação
do questionário, foram adicionados retrospectivamente os prontuários de 291 adultos atendidos consecutivamente.

Resultados: Os resultados mostraram diferenças significativas entre os GEV e o GC com relação a: Fixação, Regressão,
Duração da Fixação, Ataque Direcional, Taxa de leitura, Eficiência de leitura, Correlação cruzada, Anomalias de Fixação e
Anomalias Binoculares. Esses resultados demonstram que o GEV, quando comparado ao GC, apresentou uma
oculomotricidade menos eficiente, com pior correlação cruzada e maior número de Anomalias Binoculares, o que evidencia
movimentos em direções opostas e dificuldade na coordenação binocular. O Questionário mostrou-se adequado na análise
fatorial, o que adiciona evidências de validade da estrutura interna.

Discussão: Para ler 100 palavras, o GEV realizou 39% a mais no número de Fixações e 72% de Regressões, o que evidencia
uma dificuldade oculomotora na leitura. O excesso de regressões dificultou em 9% o Ataque Direcional, o que prejudica a
correta direção da leitura da esquerda para a direita. O aumento de 22% na Duração da Fixação pode estar associado à
dificuldade no processamento cognitivo da palavra. A dificuldade do GEV na eficiente orientação da movimentação ocular
impacta na fluência, evidenciada por uma Taxa de Leitura 23% mais lenta e uma Eficiência de Leitura (união dos parâmetros
Fixação, Regressão e Taxa de Leitura) 31% pior. Uma diferença importante foi encontrada na coordenada movimentação
binocular durante a leitura, com redução de 22% na correlação cruzada. A melhora das Anomalias de Fixação e o resultado
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não significativo das Anomalias de Regressão podem ser explicadas pelo aumento significativo de 52% nas Anomalias
Binoculares.
Os movimentos dos olhos durante a leitura refletem o processamento contínuo da linguagem e permitem inferências
dos processos envolvidos na sua análise. Um dos modelos mais influentes é o modelo E-Z Reader (Nilsson & Nivre, 2009),
que pressupõe que o processamento cognitivo/lexical pode dirigir os olhos por meio do texto e que as palavras são
identificadas em série, uma de cada vez. Os movimentos dos olhos refletem eventuais dificuldades sentidas pelo leitor durante
o processamento da informação linguística. Se determinada estrutura ou condição causar maiores dificuldades ao leitor e/ou
se houver sobrecarga cognitiva durante o processamento da informação, essas dificuldades serão refletidas em alterações dos
padrões oculares.
A dificuldade visual pode estar presente em pessoas com diagnóstico de Transtorno Específico de Aprendizagem
com prejuízo na leitura. Vilhena et al. (2021) verificaram que o grupo com diagnóstico confirmado de dislexia do
desenvolvimento (n = 62) apresentou desempenho inferior nas variáveis visuais temporais relacionadas à função visual
magnocelular (i.e., perimetria de frequência duplicada e habilidades motoras oculares), quando comparado ao grupo controle.
Esses resultados consolidam a importância do processamento da informação visual como fonte (input) para a leitura, sendo
importante a compreensão e investigação de sua função e disfunção.
Além desses resultados com o rastreador ocular, este estudo também objetivou prover fontes de evidências de
validade da estrutura interna para o QVA, com um total de 311 questionários avaliados. O QVA explicou 63,6% da variância
total das 14 categorias avaliadas, mostrando-se adequado na análise fatorial, com índice KMO acima de 0,80 (i.e., 0,870) e com
alta correlação entre os itens (p < 0,05). Esses resultados adicionam fontes de evidências de validade da estrutura interna para
o QVA, o que justifica o seu uso na metodologia deste estudo

Conclusão: Esses achados reforçam que os leitores com estresse visual apresentavam dificuldades oculomotoras na leitura.
Este estudo avaliou quarenta adultos saudáveis, alocados em grupos com queixas de estresse visual (GEV) e sem queixas
relevantes (GC). Os resultados mostraram que o comportamento ocular na leitura de pessoas com estresse visual foi diferente
em nove dos onze parâmetros avaliados (i.e., Fixação, Regressão, Duração da Fixação, Ataque direcional, Taxa de leitura,
Eficiência de leitura, Correlação cruzada, Anomalias de Fixação e Anomalias Binoculares). Alguns leitores variaram muito a
capacidade de ver e relatar uma visão única, o que pode ter sido acompanhado de quantidades variáveis de disparidade na
retina ou na necessidade de restabelecer a fusão binocular em determinados intervalos. Esse comportamento ocular pode ser
relevante em atividades educacionais, profissionais e/ou de lazer que demandem precisão de leitura. Estudos futuros poderão
investigar amostras de participantes de diferentes idades, com outros critérios de inclusão e com outros instrumentos.

Referências:
Guimarães, M. R., Vilhena, D. A., Loew, S. J., & Guimarães, R. Q. (2019). Spectral Overlays for Reading Difficulties:
Oculomotor Function and Reading Efficiency Among Children and Adolescents with Visual Stress. Perceptual and Motor
Skills, 127(2), 490–509. https://doi.org/10.1177/0031512519889772
Lopes, V. P., Vilhena, D. de A., Guimarães, R. Q., & Guimarães, M. R. (2022). Análise dos movimentos oculares de adultos
com estresse visual na leitura. Research, Society and Development, 11(4), e50511427658. https://doi.org/10.33448/rsd-
v11i4.27658
Nilsson, M., & Nivre, J. (2009). Learning Where to Look: Modeling Eye Movements in Reading. Proceedings of the Thirteenth
Conference on Computational Natural Language Learning (CoNLL). Association for Computational Linguistics, Boulder,
Colorado, p. 93–101.
Vilhena, D. A., Guimarães, M. R., Guimarães, R. Q., & Pinheiro, A. M. V. (2021). Magnocellular visual function in
developmental dyslexia: deficit in frequency-doubling perimetry and ocular motor skills. Arquivos Brasileiros De
Oftalmologia, 84(5), 442-448. https://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.20210069

Palavras-chave: Leitura; Distúrbios da leitura; Distúrbios da visão; Intervenção pedagógica; Movimentos oculares; Percepção
visual; Remediação da leitura.
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TEMPORAL DYNAMICS OF EYE BLINKING IN THE BURROWING OWL

Resumo
Alice Timponi França Magalhães1; Cintia Aparecida de Souza Garcia1; Otávio Castro Mendonça2;
Fabrício A. Moreira1,2,4; Jerome Baron1,2,3
1
Graduate Program in Physiology and Pharmacology, Universidade Federal de Minas Gerais
2
Graduate Program in Neuroscience, Universidade Federal de Minas Gerais
3
Department of Physiology and Biophysics, Institute of Biological Sciences, Universidade Federal de
Minas Gerais
4
Department of Pharmacology, Institute of Biological Sciences, Universidade Federal de Minas Gerais

alicetimponi@gmail.com
Introduction: Research has demonstrated that dopamine-mediated motivational and cognitive control processes are
associated with spontaneous (non-reflexive) eye blinking rate (SEBR). However, the neuronal mechanisms underlying this
association remain poorly understood. While amniotes exhibit significant variations in SEBR, their dopaminergic system is
well-conserved. Hence, it is reasonable to argue that comparative insights into the neural bases of spontaneous blinking may
be gained by enlarging the spectrum of animal models used to study this issue. Motivated by this argument, we videotaped six
burrowing owls (Athene cunicularia) for 24 hours and analyzed the temporal structure of blink occurrences during this period.
Due to their cathemeral nature, burrowing owls constantly alternate between waking and sleeping states during the day and at
night. This behavioral trait provides an untapped opportunity to examine the extent to which central state drivers and
exogenous cues (e.g., light level) affect the temporal dynamics of eye blinking.

Methods: Eye blinks were sampled as discrete events (temporal resolution: 1Hz) using the Behavioral Observation Research
Interactive Software (BORIS, version 2.95, www.boris.unito.it). Different time series (TS) were compiled for blinks
accompanied by head saccades (BHS) from blinks occurring alone (BA). The rate and inter-blink intervals (IBIs) were
extracted from each TS. We used a circular model selection analysis (Fitak & Johnsen, 2017) to assess the diel distribution
pattern of the eye blinking behaviors. The temporal structure featured by each TS was characterized by the method introduced
by Goh and Barabási (2008). Accordingly, two metrics were computed: (1) the burstiness index (B), a normalized form of the
IBI variation coefficient; (2) the memory index (M), the linear coefficient correlation between two consecutive IBIs. The
values B and M range between +/-1 and allow the identification of various types of temporal regimes such as periodic (B and
M ≈ -1), Poissonian (B and M ≈ 0), and bursty regimes (B and M >> 0). All procedures used in the present work were
approved by the UFMG Ethics Committee for Animal Experimentation (license nº. 178⁄2017).

Results: Over a 24h period, the mean (± standard deviation) SEBR for BHS and BA was 1.79 (± 0.48) and 0.22 (± 0.13)
blinks/min, respectively. Circular analysis showed a broad, albeit non-uniform, diel distribution for both BHS and BA (Rayleigh
test: p < 0.05), with best Von Mises fits having at least one peak within the afternoon. There was no significant difference in
mean afternoon-peak time between BHS and BA (Watson-Williams test, F = 0.0787, p = 0.7847). Both B and M had positive
values (BA: B = 0.2188 ± 0.123 M = 0.765 +/- 0.059; BHS: B = 0.2449 +/- 0.092, M = 0.7618 +/- 0.02). Interestingly, B
was significantly higher at night than during daytime (Wilcoxon Matched-Pairs Signed Ranks Test, S5 = 0.0313, p = 0.0156).

Conclusion: Our results indicate that spontaneous blinking in the burrowing owl is most frequently associated with head
saccades. It occurs every hour of the day, with a relative rate increase in the afternoon, possibly due to a rising sleep drive
known to occur during this period. Eye blinks were not randomly distributed in time, and neither displayed a regular, periodic
pattern as in humans and rats (Kaminer et al., 2011). Instead, they showed a light-dependent bursty dynamic with strong short-
term temporal coupling.

References: Fitak, R.R., Johnsen, S., 2017. Bringing the analysis of animal orientation data full circle: model-based approaches
with maximum likelihood. J Exp Biol 220, 3878–3882.
Goh, K.-I., Barabási, A.-L., 2008. Burstiness and memory in complex systems. Epl-europhys Lett 81, 48002.
Kaminer, J., Powers, A.S., Horn, K.G., Hui, C., Evinger, C., 2011. Characterizing the spontaneous blink generator: an animal
model. The Journal of Neuroscience 31, 11256–11267.

Keywords: Spontaneous eye blink, Burrowing owl, Temporal dynamics, Burstiness index, Memory index.
Financial Support: CAPES (master's scholarship, ATFM) and CNPq (PhD scholarship, CASG).
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DISLEXIA E SUPRESSÃO CENTRO-CONTORNO DO MOVIMENTO


VISUAL: Uma proposta de estudo

Resumo
Franciene Lená Assunção1, Hector Roberto Antunes Silva2, Ramon Bernardino3, Jerome Baron1,4.
1
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, Universidade Federal de Minas Gerais
2
Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais
3
Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais
4
Departamento de Fisiologia e Biofísica, Universidade Federal de Minas Gerais

franciene@ufmg.br

Introdução: A dislexia é frequentemente acompanhada por vários déficits de percepção visual. Muitos deles se manifestam
no domínio da percepção do movimento mediada, incialmente, pela via subcortical magnocelular e, posteriormente, pela via
cortical dorsolateral [1]. Aqui apresentamos um estudo em andamento que foi planejado para examinar se a supressão centro-
contorno (SCC) para estímulos visuais dinâmicos está alterada na dislexia. A SCC é um fenômeno relativamente bem
conhecido no qual a resposta a um estímulo visual é diminuída pela presença de estímulos ao seu redor. Esse efeito é observado
em respostas de neurônios localizados em várias áreas do córtex visual, e também se manifesta a nível perceptual. É
considerada crucial para auxiliar o sistema visual a segregar rapidamente diferentes objetos de seus fundos [2] e fornecer pistas
na visão peri-foveal para posteriormente direcionar movimentos oculares para objetos de interesse [3]. Essas funções visuais
estando prejudicadas em disléxicos, antecipamos uma diminuição da SCC nesses indivíduos quando comparado à indivíduos
normais. Descrevemos a seguir o desenho experimental que pretendemos utilizar para testar essa hipótese.

Método: Trata-se de um estudo clínico, prospectivo e observacional com amostra composta por 80 indivíduos (faixa etária: 8
à 25), de ambos os sexos, divididos em dois grupos: um grupo de indivíduos diagnosticados com dislexia e um grupo de
indivíduos sem queixa de dificuldades de leitura e de aprendizagem. O diagnóstico diferencial da dislexia foi realizado a partir
de múltiplos testes psicométricos normatizados e validados para população brasileira. A SCC será avaliada em todos os
indivíduos da amostra usando-se uma tarefa psicofísica adaptada de [4] que mede a duração necessária para determinar a
direção do movimento de um estímulo gabor (frequência espacial: 1 ciclo/degraus; velocidade: 2 degraus/s) com diferentes
tamanhos e contrastes. Para um indivíduo normal, em alto contraste, o aumento do tamanho do gabor tornará a determinação
correta de sua direção de movimento mais difícil (i.e., o limiar de duração aumentará). Note, entretanto, que este fenômeno
perceptual é adaptativo, operando apenas quando a informação visual é suficientemente robusta para garantir a visibilidade
do estímulo. Assim, em baixo contraste, a discriminação da direção do movimento se tornará normalmente mais fácil ao
aumentar o tamanho do estímulo. Neste caso, mecanismos de somação (e não de supressão) especial serão recrutados. A tarefa
psicofísica acima referida foi implementado usando o PsychoPy [5].

Resultados: Resultados pilotos que avaliam a robustez da parametrização escolhida para o protocolo de SCC serão discutidos
quantitativamente, especialmente em relação à sua adequação com a realidade imposta pelo objetivo clínico do projeto.

Conclusões: O estudo permitirá avaliar se a SCC está relacionada a habilidade de ler, podendo potencialmente compor uma
ferramenta para auxiliar no diagnóstico de dislexia.

Referências: [1] Stein, J. (2018) The current status of the magnocellular theory of developmental dyslexia. Neuropsychologia,
1–42. [2] Tadin, D., Park, W.J., Dieter, K.C., Melnick, M.D., Lappin, J.S., & Blake, R. (2019) Spatial suppression promotes rapid
figure-ground segmentation of moving objects. Nat Commun, 10, 2732. [3] Petrov, Y., Carandini, M., & McKee, S. (2005) Two
distinct mechanisms of suppression in human vision. Journal of Neuroscience, 25, 8704–8707. [4] Tadin, D., Lappin, J.S., Gilroy,
L.A., & Blake, R. (2003) Perceptual consequences of centre–surround antagonism in visual motion processing. Nature, 424,
312–315. [5] Peirce, J., Gray, J.R., Simpson, S., MacAskill, M., Höchenberger, R., Sogo, H., Kastman, E., & Lindeløv, J.K. (2019)
PsychoPy2: Experiments in behavior made easy. Behav Res Methods, 51, 195–203.

Palavras-chave: Supressão centro contorno, dislexia.

Agência Financiadora: Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH), Hospital de Olhos de Minas Gerais (Projeto de
Extensão SIEX-UFMG no.302888).

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