Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os Conselhos de Políticas Públicas foram uma inovação implantada pela Constituição Federal
de 88 (CRFB 88). Eles são órgãos institucionais e autônomos para o exercício da participação
da sociedade na elaboração, controle e gestão das políticas públicas. Em consequência, os
Conselhos dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (CDCA), órgãos deliberativos e
controladores das políticas públicas de atendimento às crianças e aos adolescentes, tiveram sua
criação na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
dentro de uma nova proposta de política de atendimento, que articula ações governamentais e
não-governamentais, da união, dos estados e dos municípios. Conforme o artigo 88 do ECA, os
Conselhos dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes se estabelecem como diretriz da
política de atendimento à criança e ao adolescente.
§ 1º. O Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente deverá ser criado por lei,
integrando a estrutura de Governo Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, com total autonomia decisória quanto às matérias de sua competência; (grifo
nosso)
Essa lei deverá apontar as competências do CDCA, indicar a quantidade de membros, como se
dará sua composição, definir sua vinculação administrativa e a responsabilidade do executivo
municipal em prover os recursos necessários ao seu funcionamento.
A composição dos CDCA’s é paritária entre o poder executivo e a sociedade civil. Enquanto no
executivo os representantes são escolhidos por meio de designação do seu Chefe, a definição
dos representantes da sociedade civil é realizada por processo de escolha do qual podem
participar organizações da sociedade civil, constituídas há pelo menos dois anos e com atuação
no âmbito territorial correspondente, tendo o mandato duração de dois anos.
Art. 2º. Na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios haverá um único
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, composto paritariamente de
representantes do governo e da sociedade civil organizada, garantindo a participação
popular no processo de discussão, deliberação e controle da política de atendimento
integral aos direitos da criança e ao adolescente, que compreende as políticas sociais
básicas e demais políticas necessárias à execução das medidas protetivas e
socioeducativas dispostas nos artigos 87, 101 e 112 da Lei nº 8.069/90. (CONANDA.
Resolução n.º 105, 2005)
A Resolução Nº 105 do CONANDA, em seu artigo 14, estabelece que cada um dos CDCA’s
deverá elaborar Regimento Interno, documento que agrupa o conjunto de regras que
regulamentam o funcionamento de um órgão, contendo minimamente:
À presidência dos CDCA’s cabe a representação legal do órgão, assim como garantir que o
conjunto das regras e procedimentos estabelecidos pelo Regimento Interno seja observado.
Tendo em vista o grande número de competências e demandas que permeiam a função de
presidente, é facultado a cada CDCA a criação de estruturas funcionais de suporte e
assessoramento que, em conjunto com a presidência, garantam o melhor funcionamento do
Conselho e respeito ao Regimento Interno. São exemplos dessas estruturas, diretoria (mesa
diretora), diretoria ampliada, e funções como a de vice-presidente, secretária. Em geral, a vice-
presidência e a secretaria, junto da presidência, compõem a diretoria. A composição da diretoria
deve respeitar a alternância entre sociedade civil e governo como garantia do caráter
democrático e participativo dos CDCA’s
Outro importante órgão de suporte ao funcionamento dos CDCAS, é a Secretária Executiva, que
é composta pelos servidores destacados pela administração pública para garantir o
funcionamento do CDCA. Estes servidores são responsáveis pelo acompanhamento técnico das
matérias tratadas pelo CDCA, bem como pelos procedimentos administrativos que garantem a
execução de suas competências. A responsabilidade pelo custeio da Secretaria Executiva é da
administração pública e não deve gerar ônus para o Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente.
Para além das atividades corriqueiras do CDCA, pode ser solicitado que seja realizada a
indicação de representantes em outros conselhos, grupos de trabalho, mesas de diálogo e
demais locais de em que se trabalhem as políticas públicas. Essas representações podem ser
exercidas por qualquer conselheiro, ao qual caberá a responsabilidade de trazer os informes
sobre sua representação externa para os seus pares do CDCA. Cabe ressaltar que o conselheiro
é um agente público em representação externa, ou seja, ele representará o CDCA e não o órgão
em que ele é lotado no caso de representantes governamentais ou a entidade da qual faz parte
no caso de representantes da sociedade civil.
Dentro da estrutura funcional mínima citada pela Resolução Nº 105 do CONANDA, as comissões
possuem grande importância no aprofundamento das matérias que competem aos conselhos.
As comissões são estruturas compostas por conselheiros de direito de forma paritária, e têm por
função analisar todos as matérias que tramitam pelo Conselho, e apresentá-las ao Plenário.
Para a organização dos trabalhos dentro da comissão, cada uma delas pode possuir um
coordenador, que é responsável pela observação da resolução da comissão, quando essa existir
e a distribuição das atividades aos demais membros. Caso não exista no Regimento Interno do
CDCA parte dedicada ao funcionamento das comissões, é importante que exista uma resolução
que trate do funcionamento interno das comissões. Essa resolução deve dispor sobre a
regularidade das reuniões de comissão, a forma de convocação das reuniões, a forma de seleção
de matérias a serem pautadas nas reuniões, a forma de votação das matérias nas reuniões, a
elaboração de pareceres e o seu encaminhamento para o Plenário. As comissões devem contar
com auxílio técnico e administrativo permanente de servidores do executivo que integram a
Secretária Executiva e possuir a prerrogativa de convidar especialistas para matérias
específicas.
Duas comissões passaram a ser previstas por lei, a partir da implementação do Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil - MROSC, Lei 13.019, de 2014, são elas: a
Comissão de Monitoramento e a Comissão de Seleção. Ambas as comissões são estruturas
diretamente ligadas à viabilização da utilização dos recursos dos fundos de direitos das crianças
e dos adolescentes - FIA.
Sob a ótica da utilização do FIA, a comissão de seleção pode ser entendida como aquela que
avalia o acesso aos recursos frente aos critérios estabelecidos pelo CDCA no edital, ou seja, a
principal entrega realizada por essa comissão é selecionar propostas em que o objeto seja
alcançado de forma mais eficaz, atendendo os critérios estabelecidos pelo edital de chamamento
público.
Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a celebração de termo de colaboração
ou de fomento será precedida de chamamento público voltado a selecionar organizações
da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução do objeto.
§ 1º O edital do chamamento público especificará, no mínimo
[...]
V - as datas e os critérios de seleção e julgamento das propostas, inclusive no que se
refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído a cada um dos critérios
estabelecidos, se for o caso;
Por sua vez, a Comissão de Monitoramento e Avaliação é instituída por ato normativo próprio e
tem por competência acompanhar a execução das parcerias e analisar os relatórios de
monitoramento e avaliação homologando-os. A exigência de sua existência decorre do artigo 35,
da Lei 13.019, e sua descrição é feita no item XI do artigo 2º.
Competências legais dos CDCA’s motivam a criação de outras duas comissões, a de Registro e
a de Orçamento e Fundos, elas não possuem previsão legal de existência, mas por organizarem
e realizarem competências de áreas específicas do CDCA facilitam o cumprimento da lei, e
tornam a rotina de trabalho mais eficaz e eficiente.
Seguem os artigos do ECA que se relacionam com a gestão dos recursos financeiros do FIA:
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança
e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
limites:
[...]
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do
adolescente fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em
situações de calamidade.
[...]
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscalização da
aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos
fiscais referidos neste artigo
[...]
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
[...]
II - manter controle das doações recebidas;
[...]
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
distrital e municipais divulgarão amplamente à comunidade:
[...]
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos
previstos para implementação das ações, por projeto;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido,
inclusive com cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a
Infância e a Adolescência;
O CDCA é responsável também por registar as entidades não governamentais e pela inscrição
de programas realizados por essas entidades e por entidades governamentais que atuam no
atendimento de crianças e adolescentes. O registro de organizações da sociedade civil que
atuem no atendimento de crianças ou adolescentes no CDCA de seu município foi determinado
pelo artigo 91 do ECA.
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias
unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e
socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:
I - orientação e apoio sociofamiliar;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
IV - acolhimento institucional;
V - prestação de serviços à comunidade;
VI - liberdade assistida;
VII - semiliberdade; e
VIII - internação.
§ 1 o As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição
de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste
artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho
Tutelar e à autoridade judiciária. (grifo nosso)
BRASIL. Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991. Cria o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8242.htm.
BRASIL. Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias
voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração
pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de
colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de
fomento; e altera as Leis nos 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/L13019compilado.htm
CONANDA. Resolução n.º 105, de 15 de junho de 2005, Dispõe sobre os Parâmetros para
Criação e Funcionamento dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Disponível
em https://www.gov.br/participamaisbrasil/blob/baixar/7783.
CONANDA. Resolução n.º 137, de 21 de janeiro de 2010, Dispõe sobre os parâmetros para a
criação e o funcionamento dos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança
e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
https://www.gov.br/participamaisbrasil/https-wwwgovbr-participamaisbrasil-blob baixar-7359
Introdução
A constituição federal de 1988 estabelece três instrumentos que juntos fazem a integração entre
o planejamento estratégico e o planejamento orçamentário: Plano Plurianual (PPA), Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA),
O PPA é a principal peça orçamentária elaborada pelos poderes executivos dos entes federados.
Sua elaboração ocorre no primeiro ano de mandato, sua vigência a partir do início do segundo
ano e se encerra ao final do primeiro ano do mandato subsequente. A elaboração do PPA é feita
por meio de lei quadrienal, de iniciativa exclusiva do poder executivo que a envia ao poder
legislativo para discussão e aprovação. Por ocorrer essa relação entre os poderes, ele é
considerado um orçamento misto de característica democrática.
De acordo com Giacomoni (2017), o Orçamento Programa é a peça que faz a ligação entre o
planejamento e a execução financeira, alocando recursos para a viabilização do atingimento de
objetivos e metas. O Orçamento Programa se estrutura de forma a atender necessidades
administrativas e de planejamento utilizando como critério de classificação a “funcional –
programática”.
✔ Função – Art. 1º §1º “Como função, devem entender-se o maior nível de agregação das
diversas áreas de despesa que competem ao setor público.”
✔ Subfunção - Art.1º §3º “A subfunção representa uma partição da função, visando a
agregar determinado subconjunto de despesa do setor público.”
✔ Programa - Art.2º a) “Programa, o instrumento de organização da ação governamental
visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores
estabelecidos no plano plurianual;”
A ação pode se dividir em subtítulos, também conhecidos por subações. Eles relacionam o valor
orçamentário da ação com a previsão de meta física a ser obtida da realização desse recurso
para o período de um ano. As subações devem ser mensuráveis através de metas físicas, que
estabelecem a unidade de medida para o produto programado. As metas físicas se dividem
cumulativas e não-cumulativas, as cumulativas são as que se medem somando sequencialmente
todos os produtos gerados no ano, já a não-cumulativa quando somada todos os produtos do
ano de forma indiscriminada gera dupla contagem.
Exemplos:
Meta não cumulativa: Vagas de acolhimento institucional. Uma unidade de acolhimento oferta
vagas para acolhimento todos os meses, caso sejam somadas as vagas entraríamos em uma
situação de contagem duplicada. Assim, mesmo que a cada mês seja informado o valor de vagas
disponibilizadas, não se deve somar sendo o total anual o registro o maior valor da série.
A classificação orçamentária dentro do orçamento programa é feita em vários níveis, são eles:
Em relação a classificação vale destacar a Classificação Funcional do FIA, ele faz parte da
Função 14 – Direitos da Cidadania, que deve ser combinada com a subfunção 422 Direitos
Individuais, Coletivos e Difusos. Apesar de financiar muitos projetos nas áreas da assistência,
saúde, esporte, educação, cultura etc., o FIA faz parte dos Direitos Difusos somente,
independente de qual secretaria está vinculado para fins de gestão..
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tem seu conteúdo estabelecido no §2º do artigo 165 da
CF 88, e no artigo 4º da Lei Complementar Nº 101, de 4 de maio de 2000. Entre seu conteúdo
ela possui dois anexos, um de metas fiscais, e um de riscos fiscais. De forma geral, a LDO é um
elo entre o PPA e a LOA, elencando quais os objetivos de médio prazo devem ser perseguidos
no próximo ano.
A Lei Orçamentária Anual (LOA), teve seu conteúdo expandido pelo inciso III do artigo 165 da
CF 88 e a orientação de parte de seu conteúdo pelo §5º do mesmo artigo.
A LOA possui por função vincular o PPA a execução físico-financeira do planejamento municipal,
ela detalha as ações que serão executadas pela administração pública, por isso ela constitui um
instrumento de gestão orçamentária e financeira de equilíbrio, ao remanejar os recursos para os
programas e ações governamentais frente às receitas estimadas, isso dá a ela um caráter
autorizativo.
Ciclo Orçamentário
O artigo 165º da CF, citado anteriormente neste manual, estabelece que as leis orçamentárias
são de iniciativa do Poder Executivo em qualquer esfera, e no caso da União, determina no Artigo
84º que essa é uma competência indelegável.
A elaboração do conteúdo destas leis pressupõe uma vinculação hierárquica entre si. O conteúdo
da LOA é limitado pela LDO e pelo PPA, enquanto que o conteúdo da LDO é limitado pelo PPA.
Prazos
Estados e Municípios são responsáveis por determinar os prazos de envio de cada Lei
Orçamentária ao Legislativo, os Estados em suas Constituições Estaduais e os Municípios em
suas Leis Orgânicas Municipais. De forma geral, Estados e Municípios acabam por repetir os
prazos adotados no âmbito federal.
Tendo em vista que os prazos federais são referências para os demais entes federados, os
utilizaremos como referência.
Nos incisos I a III do parágrafo 2º do artigo 35º do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da CF estabelece os prazos para o envio das leis orçamentárias.
“§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II,
serão obedecidas as seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro
do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da
sessão legislativa. “
Data limite envio à casa legislativa Devolução para sanção Vigência Elaboração
PPA 31/08 do primeiro ano do mandato Data limite 22/12 4 anos Quadrienal
LDO 15/04 de cada ano de mandato Data Limite 17/07 de cada ano 1 ano Anual
LOA 31/08 de cada ano de mandato Data limite 22/12 de cada ano 1 ano Anual
Conteúdo do PPA
O manual de elaboração de PPA municipais do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES)
sugere que o PPA possua a seguinte estrutura de conteúdo:
Mensagem:
Projeto de Lei:
Os municípios devem instituir em seu Poder Legislativo, comissões responsáveis por examinar
e emitir parecer acerca dos projetos de lei orçamentárias recebidas. Os projetos recebidos pelas
casas legislativas podem ser alterados por meio de sugestões populares e emendas de
vereadores, e posteriormente encaminhado para votação do Plenário, aprovado o parecer, a
proposta é transformada em lei e encaminhada para sanção ou veto do Prefeito.
Execução do Orçamento
Essa fase pode ser dividida em 3 etapas – arrecadação de receitas, execução orçamentária e
execução financeira. As execuções, orçamentária e financeira estão interligadas, à orçamentária
diz respeito à utilização dos créditos previsto na LOA, e a financeira é o efetivo uso do recurso
financeiro para a consecução de projetos e/ou atividades. A interligação entre as duas decorre
da situação em que é preciso do crédito orçamentário para que a utilização do recurso seja
possível, e sem recurso, não há possibilidade de uso do crédito.
Controle e Avaliação
O artigo 70 da constituição federal estabelece que a fiscalização orçamentária será feita por meio
de controle interno e externo.
Já o artigo 75º estende essa necessidade de fiscalização, bem como as outras normas da Seção
IX – Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária aos estados e municípios.
“Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal,
bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.”
Assim, a avaliação busca identificar a eficácia, a eficiência e a efetividade dos programas e ações
governamentais. A parte mais básica da avaliação é a verificação do cumprimento das metas.
Já a avaliação dos programas, se apresenta como uma possibilidade para mensurar o impacto
da execução do orçamento na transformação da realidade.
O Estatuto das Cidades, Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, em seu artigo 44º prevê
a participação popular na gestão orçamentária.
“Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f
do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas
públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do
orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.”
“(...) Das principais funções e atribuições. Considerando que a função precípua dos
Conselhos é a deliberação e controle relativos às ações públicas (governamentais e da
sociedade civil) de promoção dos direitos humanos da criança e do adolescente, com
eficiência, eficácia e proatividade, é imprescindível:
(...)
i) participar e acompanhar a elaboração, aprovação e execução do PPA (Plano
Plurianual), LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária) e LOA (Lei Orçamentária Anual) locais
e suas execuções, indicando modificações necessárias à consecução dos objetivos da
política dos direitos da criança e do adolescente;
Essa orientação vai ao encontro do artigo 9º, incisos II e III da Resolução Conanda 137 que
estabelece atribuições aos CDCAs em relação aos FIA’s.
Em relação a elaboração dos planos de ação anuais ou plurianuais, que conterão os programas
a serem implementados para a promoção e proteção dos direitos das crianças e dos
adolescentes, outra fonte de informações para além dos diagnósticos, são as conferências dos
direitos da criança e do adolescente. A convocação da conferência municipal cabe ao CDCA
municipal. As conferências municipais são orientadas em relação aos seus eixos de debate pelas
conferências estaduais e nacional, e tem por objetivo a construção de propostas voltadas para a
afirmação do princípio da proteção integral de crianças e adolescentes nas políticas públicas.
Em uma analogia ao processo de elaboração do PPA pelo executivo, pode-se dizer que os
resultados das conferências e do diagnóstico constituem a base estratégica para a formulação
das propostas do CDCA para a definição de diretrizes, objetivos, metas, programas e ações para
as políticas públicas de promoção dos direitos da criança e dos adolescentes dentro das peças
orçamentárias. Conclui-se assim que as propostas do conselho deveriam refletir as resoluções
da Conferência.
Cabe ainda à administração pública local, por intermédio do órgão de planejamento e sob
estrito acompanhamento dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente,
incorporar as metas definidas no plano de ação anual e na previsão orçamentária dos
diversos órgãos e setores responsáveis por sua posterior execução, que deverão ser
incluídas na Proposta de Lei Orçamentária Anual.
A totalidade das proposições do CDCA e das outras proposições relacionadas com as políticas
públicas voltadas para a garantia dos direitos da criança e do adolescente e as despesas que
delas derivam, compõem o Orçamento da Criança e do Adolescente – OCA. A etapa de
execução e a controle e avaliação serão tratadas nos capítulos específicos do monitoramento.
“§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
“Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os
Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de
cada bimestre e composto de:
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão
atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa
liquidada e o saldo;
II - demonstrativos da execução das:
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão
atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a
previsão a realizar;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando
dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre
e no exercício;
c) despesas, por função e subfunção.”
Relatório de Gestão Fiscal – RGF
Criado pela Lei de Responsabilidade Fiscal na busca pela transparência do atingimento de metas
fiscais, o RGF possui por objetivo o controle e monitoramento do respeito aos limites
estabelecidos por essa mesma lei relativos à:
O Relatório de Avaliação Anual do PPA é instituído pela mesma lei que institui o Plano Plurianual.
Caberá ao poder executivo propor o conteúdo do Relatório nessa mesma lei.
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
BRASIL. Portaria MPOG nº 42. Atualiza a discriminação da despesa por funções de que tratam
o inciso I do § 1o do art. 2o e § 2o do art. 8o , ambos da Lei n o 4.320, de 17 de março de 1964,
estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações
especiais, e dá outras providências.. Disponível em:
http://www.orcamentofederal.gov.br/orcamentos-anuais/orcamento-
1999/Portaria_Ministerial_42_de_140499.pdf/
CONANDA. Resolução n.º 105, de 15 de junho de 2005, Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm
CONANDA, Resolução nº 106, de 17 de novembro de 2005, Altera dispositivos da resolução
CONANDA Nº105/2005. Disponível em: https://www.gov.br/participamaisbrasil/blob/baixar/7781.
CONANDA, Resolução nº 116, de 2006. Altera dispositivos das Resoluções Nº 105/2005 e
106/2005. Disponível em: https://www.gov.br/participamaisbrasil/blob/baixar/7727. CONANDA.
Resolução n.º 137, de 21 de janeiro de 2010, Dispõe sobre os parâmetros para a criação e o
funcionamento dos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
https://www.gov.br/participamaisbrasil/https-wwwgovbr-participamaisbrasil-blob baixar-7359
GIACOMONI, James. Orçamento público, 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010
VAINER, Ari; ALBUQUERQUE, Josélia; GARSON, Sol. Plano plurianual: o passo a passo da
elaboração do PPA para municípios: manual de elaboração. Rio de Janeiro: Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, 2001. 85 p.
Módulo 03 – Construção do Orçamento da
Criança e do Adolescente - OCA
Os papéis do Poder Executivo Municipal e do Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente
Características do OCA
✔ à vida,
✔ à saúde,
✔ à alimentação,
✔ à educação, ao lazer,
✔ à profissionalização,
✔ à cultura,
✔ à dignidade,
✔ ao respeito,
✔ à liberdade,
✔ à convivência familiar e comunitária.
Além dos direitos, o referido artigo prevê também a proteção de crianças e adolescentes de toda
forma de:
✔ negligência,
✔ discriminação,
✔ exploração,
✔ violência,
✔ crueldade,
✔ opressão.
Em um breve resgate histórico sobre as motivações que conduziram à elaboração do OCA, vale
citar o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a Fundação de
Assistência ao Estudante (FAE) e o Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) que findou
na publicação do Orçamento da Criança em 1996. A proposta apresentada era de criar um
"instrumento metodológico que permitisse acompanhar, com relativa facilidade, inicialmente na
esfera federal e a seguir em cada unidade federada, o financiamento da promoção do bem-estar
de crianças e adolescentes.” (PIOLA et AL, 1996). A principal diferença entre OCA e o Orçamento
da Criança é a abrangência das políticas públicas,
Esse documento é consolidado através da Metodologia OCA, que estabelece critérios que
orientam o levantamento do conjunto de ações e despesas do orçamento público. O Anexo da
Resolução Conanda Nº 106 ainda complementa:
Para facilitar o cálculo do OCA, as ações de cada eixo foram relacionadas com funções e
subfunções do orçamento público. Dentro do eixo, toda natureza de despesa é considerada, a
exceção dos pagamentos de inativos, previdência e pagamento de dívidas.
Objetivos do OCA
Dessa forma, o OCA subsidia o controle e avaliação das políticas públicas voltadas para crianças
e adolescentes, em especial o controle social, através do destaque ao que se orçou em recursos
financeiros para essas políticas e o que foi executado.
Para o cumprimento da finalidade do OCA objetivos específicos são também alcançados, como:
O PPA, elaborado no primeiro ano de mandato, no caso dos executivos municipais atuais em
2021, deverá receber ser subsidiado pelos CDCA’s no que tange os programas voltados para
crianças e adolescentes. É recomendado ao CDCA’s elaborar Plano Quadrienal de Ações a ser
enviado para o executivo com pelo menos 30 dias de antecedência do envio do PPA ao
legislativo.
A LOA definirá a alocação de recursos em cada ação e subação, sendo assim a base de dados
anual para acompanhamento da evolução do OCA.
Em 2016 o Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, aprovou o Comentário Geral
Nº 19 sobre o artigo 4º da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989. Este documento
relaciona os princípios orçamentários da eficácia, eficiência, equidade, transparência e
sustentabilidade com o planejamento, a elaboração e a execução do orçamento público sob a
ótica do artigo 4º da Convenção. A partir dessa combinação, ficam os estados instruídos a investir
em programas que beneficiem o máximo possível de crianças; aprimorar suas instituições,
regras, legislação e o monitoramento que ser relacionam com o orçamento público na busca do
combate ao desperdício, busca da qualidade e da tempestividade; buscar a isonomia na
aplicação dos recursos públicos; promover o acesso à informação de forma a estimular a
participação da sociedade na elaboração e monitoramento do orçamento; somente reduzir o
investimento em crianças, especialmente nas vulneráveis, após esgotar outras opções de cortes
de gastos em caso de crise econômica.
Uma boa prática para a construção do OCA é a formação de um comitê responsável por sua
elaboração e acompanhamento. Este comitê deve ser multisetorial, possuindo técnicos das
áreas temáticas da saúde, educação, assistência social e da área suporte orçamentária. Aos
técnicos das áreas temáticas cabe selecionar e avaliar a classificação das ações e subações, e
ao técnico da área suporte montar a estrutura da base anual do orçamento, as ferramentas de
acompanhamento do OCA e levantar e explicar os documentos contábeis que evidenciam o
investimento de recursos nas áreas temáticas constituindo assim a base de dados que subsidiará
a análise do OCA.
Papel do Executivo
Da soma do OCA Exclusivo com o OCA Não Exclusivo resulta o Orçamento Criança Total.
A partir da classificação em “não exclusivo”, o executivo irá ajustar o valor apurado da subfunção
proporcionalmente à população de beneficiários. Os valores exclusivos devem ser considerados
integralmente.
Em relação ao cálculo, na metodologia com faixas de impacto, basta multiplicar o valor liquidado
da subação pelo percentual estabelecido referente ao seu impacto. Na metodologia que utiliza a
proporcionalidade baseada no percentual de crianças e adolescentes frente à população total,
primeiro se calcula este percentual, para isso basta dividir o número de crianças e adolescente
pelo número total de habitantes, encontrado o percentual, basta aplicá-lo sobre o valor líquido
da subfunção não exclusiva.
Sempre que possível, o critério exclusivo x não exclusivo deve ser aplicado às subações ao invés
de subfunções, dessa forma o OCA construído será mais assertivo.
Em relação à consolidação das despesas liquidadas, a seleção das ações pode ser feita de duas
formas, em municípios com até 100 mil habitantes recomenda-se a Seleção Funcional a partir
da classificação orçamentária, e em municípios com mais de 100 mil habitantes é indicada a
seleção direta, que é feita a partir da seleção dos projetos e atividades orçamentários pertinentes
ao Orçamento Criança Adolescente. A Seleção Direta oferece um resultado mais assertivo visto
que impede que ações não vinculadas às crianças e adolescentes dentro das subfunções sejam
contabilizadas.
Papel do Conselho
A função típica dos Conselhos de Direito das Crianças e Adolescentes é a deliberação da política
pública. Nesse sentido, os CDCA possuem o poder de influenciar a composição do OCA através
do envio de conteúdo a ser incluído no PPA, LDO e LOA, segue passagem do texto base da 6ª
Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente que convocou conferências
municipais. “O período de realização das Conferências Municipais é estrategicamente oportuno
para a abordagem de algumas questões relacionadas à elaboração do Plano Plurianual- PPA -
e das peças orçamentárias (Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO - e Lei Orçamentária Anual -
LOA), instrumentos imprescindíveis para a efetivação de políticas públicas mais justas e eficazes
para crianças e adolescentes.
Para além da sua função deliberativa, de acordo com o Anexo da Resolução Conanda Nº 106,
os CDCA têm como uma de suas funções prioritárias o acompanhamento do orçamento voltado
ao atendimento dos direitos da criança e do adolescente. Em relação ao OCA, esse
acompanhamento se traduz na avaliação do orçamento e de sua execução no ano anterior frente
ao diagnóstico municipal da criança e do adolescente, plano decenal dos direitos da criança e
do adolescente e diretrizes da conferência dos direitos da criança e do adolescente. Essa
avaliação visa entender se o perfil e o desempenho da despesa pública vai ao encontro das
necessidades das crianças e adolescentes, em especial das crianças e adolescentes em
vulnerabilidade. E ao detectar o distanciamento das necessidades determinar as correções a
serem realizadas. Vale ressaltar que os CDCA’s devem verificar se a execução do OCA frente
às demais despesas públicas respeitam a prioridade absoluta da criança e do adolescente e o
máximo gasto possível.