Português UECE

Simulado 5/13

@ALANIAMARA
 SIMULA UECE - 05
TEXTO 01
A vida é um demorado adeus
Armando Antenore
1. Às vésperas de comemorar 80 anos, Fernanda
2.Montenegro leva para os palcos o legado da
3.escritora Simone de Beauvoir e reflete sobre a
4.morte recente do marido, o ator Fernando
5.Torres.
6. Antenore:Quando você entrou em contato com
7.Simone de Beauvoir e os existencialistas?
8.Fernanda Montenegro: Logo depois da Segunda
9.Guerra, no fim dos anos 40 e início dos 50. Era
10.um período em que Simone e Jean-Paul Sartre
11.despontavam como celebridades, como
12.popstars. Todo mundo do meio artístico e
13.intelectual queria entender o que pensavam. [..]
14. Qual o primeiro livro dela que você leu?
15. Foi O segundo sexo, que saiu em 1949 e se
16.transformou num clássico da literatura
17.feminista, sobretudo por apregoar que as
18.mulheres não nascem mulheres, mas se tornam
19.mulheres. Ou melhor: que as características
20.associadas tradicionalmente à condição
21.feminina derivam menos de imposições da
22.natureza e mais de mitos disseminados pela
23.cultura. O livro, portanto, colocava em xeque a
24.maneira como os homens olhavam as mulheres
25.e como as próprias mulheres se enxergavam.
26.Tais ideias, avassaladoras, incendiaram os
27.jovens de minha geração e nortearam as
28.nossas discussões cotidianas. Falávamos da-
29.quilo em todo canto, nos identificávamos com
30.aquelas análises. Simone, no fundo, organizou
31.pensamentos e sensações que já circulavam
32.entre nós. Contribuiu, assim, para mudar
33.concretamente as nossas trajetórias.
34. De que modo alterou a sua?
35. Sou descendente de italianos e portugueses,
36.um pessoal muito simples, muito batalhador, e
37.me criei nos subúrbios cariocas. Desde cedo,
38.conheci mulheres que trabalhavam. E reparei
39.que, entre os operários, na briga pela
40.sobrevivência, os melindres do feminino e as
41.prepotências do masculino se diluíam. Era
42.necessário tocar o barco, garantir o sustento
43.da família sem dar bola para certos pudores
44.burgueses. Nesse sentido, a pregação feminista
45.de que as mulheres deviam ir à luta
46.profissionalmente não me impressionou tanto.
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47.Um outro conceito me seduziu bem mais: o da
48.liberdade. A noção de que tínhamos direito às
49.nossas próprias vidas, de que poderíamos
50.escolher o nosso rumo e de que a nossa
51.sexualidade nos pertencia.
52.Eis o ponto em que o livro de Simone me fisgou
53.profundamente. [...] Garota, já suspeitava que
54.não herdaria o legado de minha mãe e de
55.minhas avós, que não caminharia à sombra
56.masculina. O livro de Simone me trouxe os
57.argumentos para levar a suspeita adiante.[..]
58. Fernando concordava com as ideias
59.defendidas por Simone em O segundo sexo?
60. Sim, totalmente. Era um homem de tutano, de
61.fibra, um homem libertário que recusava o
62.machismo. Enfrentou meu sucesso e minha
63.personalidade forte à maneira de um gigante.
64.Em nenhum momento me castrou. Pelo
65.contrário: me incentivou muito e, na função de
66.produtor, buscou criar as melhores condições
67.para meu progresso como atriz. Certas vezes,
68.me vendo no palco, chorava de emoção. Se
69.minhas conquistas o incomodavam, não deixou
70.transparecer - atitude que considero de uma
71.grandeza absoluta. Infelizmente, sofreu por 20
72.anos em razão de uma isquemia cerebral que,
73.primeiro, lhe trouxe depressões violentíssimas e,
74.depois, lhe prejudicou os movimentos. Um
75.quadro tão terrível quanto inesperado. Uma
76.armadilha do acaso. [...] Simone e Sartre
77.protagonizaram uma relação aberta e se
78.cercaram de vários parceiros sexuais. Você e
79.Fernando viveram um casamento semelhante?
80.Não. Firmamos um pacto de fidelidade, que
81.deveria se manter até onde desse. E deu! No
82.meu caso, deu. Todas as minhas fantasias ex-
83.traconiugais resolvi em cena, sem amargar
84.qualquer frustração. Se porventura não deu
85.para o Fernando, respeito. Fomos
86.transgressores à nossa moda, percebe? Qual a
87.maior subversão que um casal pode praticar
88.nos dias de hoje? Permanecer junto! Nós
89.permanecemos - com altos e baixos, mas
90.permanecemos. [..]
ANTENORE, Armando. Bravol, São Paulo, Abril,
maio 2009.
 SIMULA UECE - 05
01. A entrevista marca-se como uma das formas D) Se, porém, tivéssemos “características
de obtenção de fontes para notícias e associadas tradicionalmente àquele momento
reportagens a partir dos dados e argumentos feminino derivam menos de imposições da
expostos pelo(a) entrevistado(a). A partir disso, natureza e mais de mitos disseminados pela
podemos inferir que entrevista acima cultura.", não se justificaria a crase, já que
A) trata-se de uma conversa informal entre a momento é substantivo masculino e aquele é um
entrevistada Fernanda Montenegro e o pronome masculino, palavras que não aceitam o
entrevistador Antenore sobre a obra "O Segundo artigo a.
sexo" de Simone Beauvoir.
B) objetiva adquirir informações pessoas de
03. No trecho "Falávamos daquilo em todo
Montenegro, bem como de seu relacionamento
canto, nos identificávamos com aquelas
aberto duradouro.
análises." (Linhas 29 e 30), o fenômeno textual
C) semelhantemente ao pingue-pongue, a
sinalizado pelo termo em destaque é a
entrevista encadeia perguntas e respostas , com
destaque para o que é dito pela entrevistada.
A) informatividade, pois estabelece a carga
D) apresenta uma entrevistada limitada ao que
informativa do texto.
lhe é perguntado e rebatida pelo conjunto de
B) coesão referencial, pois remete à retomada do
questionamentos do entrevistador.
termo já citado no texto.
02. Sobre o fenômeno da crase ocorrido no C) intertextualidade, pois refere-se a outros textos
seguinte trecho "(...) e as características inferidos a partir de indícios.
associadas tradicionalmente à condição D) coesão sequencial, pois marca a passagem de
feminina." (Linhas 20 a 22), assinale o único um trecho a outro do texto.
comentário INCORRETO.
A) Há crase, porque se contrai o a preposição 04. A figura de linguagem presente no verso
exigido pelo verbo associadas, com o artigo a, "Era necessário tocar o barco" (Linha 42) é
aceito pelo substantivo feminino condição.
B) Se a expressão fosse "características A) hipérbole, porque configuram exagero
associadas tradicionalmente a toda condição propositado para definir algo de forma dramática
feminina derivam menos de imposições da para ampliar a expressividade do texto.
natureza e mais de mitos disseminados pela B) metáfora, porque neles há transposição do
cultura.", não haveria crase porque faltaria o sentido de um campo de ideias para outro campo
artigo. em que significados são acrescidos aos originários.
C) Caso a construção fosse “características C) sinestesia, porque exploram as sensações
associadas tradicionalmente àquela condição
relacionadas aos órgãos dos sentidos,
feminina derivam menos de imposições da
concretizando de forma simultânea sensações
natureza e mais de mitos disseminados pela
diversas.
cultura.", haveria crase, pois a contração se daria
D) eufemismo, porque a autora os utiliza para
entre a preposição a, exigida pelo verbo
dar um tom mais leve às expressões pesadas,
associadas , e o a inicial de aquela.
negativas ou depreciativas.

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05. Com relação ao excerto "Não. Firmamos um
pacto de fidelidade, que deveria se manter até
onde desse." (Linha 80 e 81) atente para as
seguintes informações:
I) "Não" é o termo sintático chamado vocativo,
uma vez que inicia a frase.
II) "um pacto de fidelidade" é objeto indireto do
verbo "firmamos".
III) há uma oração adjetiva nesse excerto.
Não é correto o que se afirma em
A) I e II, apenas
B) II e III, apenas
C) I, II e III
D) I e III, apenas
TEXTO 02
1. "Logo à direita do corredor encontramos
2.aberta uma larga porta, que dá entrada à
3.sala de recepção, vasta e luxuosamente
4.mobiliada. Achava-se ali sozinha e sentada ao
5.piano uma bela e nobre figura de moça. As
6.linhas do perfil desenham-se distintamente
7.entre o ébano da caixa do piano, e as bastas
8.madeixas ainda mais negras do que ele. São
9.tão puras e suaves essas linhas, que fascinam
10.os olhos, enlevam a mente, e paralisam toda
11..análise. A tez é como o marfim do teclado,
12.alva que não deslumbra, embaraçada por
13.uma nuança delicada, que não saberíeis dizer
14.se é leve palidez ou cor de rosa desmaiada. O
15.colo donoso e do mais puro lavor sustenta
16.com graça inefável o busto maravilhoso. Os
17.cabelos soltos e fortemente ondulados se
18.despenham caracolando pelos ombros em
19.espesso e luzidios rolos, e como franjas
20.negras escondiam quase completamente o
21.dorso da cadeira, a que se achava recostada.
A escrava Isaura, Bernardo Guimarães.
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06. No seguinte trecho "Logo à direita do
corredor encontramos aberta uma larga porta,
que dá entrada à sala de recepção, vasta e
luxuosamente mobiliada." (Linhas 01 a 04), os
verbos em destaque são classificados
sintaticamente como:
A) verbo de ligação / verbo intransitivo
B) verbo transitivo / verbo transitivo
C) verbo transitivo / verbo bitransitivo
D) verbo intransitivo / verbo transitivo
07. O texto 02 que você acaba de ler,
expressa
a)registro de fatos históricos em ordem
cronológica.
b)pequeno texto descritivo geralmente baseado
em fatos do cotidiano.
c)seção ou coluna de jornal sobre tema
especializado.
d)texto narrativo de conteúdo e estrutura
bastante variados.
08. Observe o trecho "As linhas do perfil
desenham-se distintamente entre o ébano da
caixa do piano" (Linhas 6 e 7). A partícula
destacada classifica-se como:
A) pronome reflexivo
B) índice de indeterminação do sujeito
C) pronome recíproco
D) pronome apassivador
09. "A tez é como o marfim do teclado" (Linha
11) neste trecho, o que está em negrito é
classificado sintaticamente como:
A) predicativo do sujeito
B) objeto direto
C) aposto
D) sujeito
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TEXTO 03
C) expositiva, porque houve uma decomposição
Erro de Português (1927) dos elementos elencados, no texto, a fim de
Oswald de Andrade estabelecer uma relação parte-todo.
D) descritiva, porque contemplou uma estrutura
1. Quando o português chegou simples com verbo estático no presente ou
2. Debaixo de uma bruta chuva imperfeito, atuando como um complemento e/ou
3. Vestiu o índio uma indicação circunstancial de lugar.
4. Que pena!
12. As figuras de sintaxe são recursos associados
5. Fosse uma manhã de sol à organização e à estrutura gramatical das
6. O índio tinha despido frases que contribuem para a coesão textual.
7. O português. Assim, no trecho: " Vestiu o índio / Que pena!"
(Linhas 03 e 04).
Fonte: Disponível em: https://www.culturagenial.com
A) anacoluto.
B) elipse.
10.O objetivo do texto é: C) metáfora.
D) pleonasmo.
A) Mostrar como a colonização portuguesa foi
importante para o Brasil, pois trouxe progresso a
ele.
B) Revelar o olhar do colonizado, ante a formação
predatória histórico-cultural de seu país.
C) Relatar que os portugueses, embora dominando
os indígenas, preocuparam-se em aprender práticas
e costumes locais importantes.
D) Retratar como a xenofobia indígena permitiu a
invasão portuguesa que valorizou o Brasil.

11. O texto 2 marca-se como gênero poema com

versos livres (sem a necessidade de rimas ou de
restrições métricas). Para a composição desse
texto, o autor selecionou predominantemente a
tipologia textual:
A) narrativa, porque apresentou ações que
sinalizam mudanças de estado, geralmente no
passado ou que partem do passado, com
circunstâncias de tempo e de lugar.
B) argumentativa, porque trouxe enunciado de
atribuição de qualidade, dados e demais
informações que intentam convencimento ou
mudança de opinião acerca de uma temática.

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