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CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES PORTADORES

DE HEPATITES VIRAIS B E C

Francisco Josimar Girão Júnior1; Alann Myller Martins Silveira1; Eugênia da Silva1;
Lorena de Sousa Cunha1; Donato Mileno Barreira Filho2
1
Discente do Curso de Farmácia da Faculdade Católica Rainha do Sertão; E-mail:
josimarjunior77@gmail.com; alannmyller@hotmail.com; eugenia@hfteleinformatica.com;
cunhalolo@hotmail.com;
2
Titulação Docente do curso de Farmácia da Faculdade Católica Rainha do Sertão; E-mail:
milenofh@hotmail.com

RESUMO
O Carcinoma hepatocelular (CHC) representa a sexta neoplasia e a terceira causa de morte
mais comum relacionada com o câncer em todo mundo. Entre suas principais causas pode-se
citar as hepatites virais B e C, que são geralmente negligenciadas por parte da comunidade
acerca de sua prevenção, haja vista existir vacinas e outros meios simples de prevenção como
uso de preservativos, não compartilhamento de agulhas e seringas, bem como objetos
pessoais. Este trabalho tem por objetivo evidenciar a relevância das hepatites virais B e C no
desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. O presente estudo consiste numa revisão de
literatura realizada através de artigos retirados das bases de dados PUBMED, LILACS,
SCIELO e MEDLINE. Ao todo foram utilizados 6 artigos nas línguas portuguesa e inglesa.
Os descritores usados na pesquisa foram: hepatites virais humanas, hepatites crônicas,
hepatoma, epidemiologia e evolução clínica. Ao fim deste trabalho pôde-se compilar diversos
dados que apontam para a gravidade do CHC bem como a falta de atenção ao órgão magno do
nosso corpo, o fígado, muitas vezes esquecido no que se refere a exames de rotina e de
prevenção, já que é no fígado onde se desenvolve um dos canceres mais agressivos e de pior
prognostico atualmente.

Palavras-chave: Hepatites virais humana; Hepatites crônicas; Hepatoma; Epidemiologia;


Evolução clínica;

INTRODUÇÃO

O Carcinoma hepatocelular (CHC) é uma neoplasia primária do fígado, que deriva dos
hepatócitos, as principais células do fígado. Ocorre quando uma célula se multiplica
desordenadamente devido uma mutação em seus genes, que pode ser causada por agentes
externos como o vírus da hepatite, ou excesso de multiplicação das células, como a
regeneração crônica nas hepatites crônicas. (GOMES, et al., 2013)
O câncer de fígado primário ocupa a quinta posição como o mais comum em homens e
a nona em mulheres. A sua rápida evolução faz com que seja a segunda causa mais comum de
mortes por câncer no mundo em ambos os sexos, com estimativa de 746.000 mortes por ano
(9% do total de mortes por câncer). (MARTEL, 2015)
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento de CHC estão principalmente as
infecções pelo vírus da hepatite B (HBV), hepatite C (HCV) e a esteatose hepática não
alcoólica, já entre as menos comuns estão a hemacromatose hereditária, hepatite autoimune e
a doença de Wilson. Esses fatores estão diretamente realacionados a região geográfica, raça,
grupo étnico, carga viral, idade, sexo e a presença de Cirrose. (WGO, 2009)
A hepatite B é causada por um vírus DNA pertencente à família hepadnaviridae,
podendo ser aguda ou crônica e apresentar-se sintomática ou assintomática. Alguns fatores
aumentam o risco de cirrose e neoplasia primária do fígado nos portadores crônicos do HBV,
tais como: consumo de álcool, fumo, gênero masculino, extremos de idade, histórico familiar
de CHC, contato com aflatoxina. (BRASIL, 2011)
A resolução da infecção pelo HBV é marcada pelo aparecimento de anti-HBs (que
indica resistência de anticorpos contra hepatite B) e o desaparecimento do HBsAg (o antígeno
de superfície do vírus). Em 90% dos casos em que os indivíduos são expostos exclusivamente
ao HBV, a cura é espontânea, e em apenas 5% a 10% dos casos evoluem para a forma
crônica. (BRASIL, 2011)
A hepatite C é causada por um vírus RNA da família Flaviviridae. Na fase aguda se
apresenta assintomática em cerca de 80% dos pacientes, dificultando assim o diagnóstico, o
qual é facilitado pela condição cronicidade. (BRASIL, 2011)
O anti-HCV é considerado o principal marcador utilizado em testes de detecção de
anticorpo do HCV, apesar do RNA-HCV ser o primeiro identificado no soro do paciente. A
presença de anti-HCV não revela a presença de infecção ativa isoladamente, mas um contato
prévio com o HCV. (BRASIL, 2011).
Sendo a hepatite um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer
de fígado e por ser uma doença silenciosa e tão negligenciada de modo geral pela
comunidade, muitas vezes por não ter acesso a informação acerca dos riscos que esta pode
trazer à saúde, manter a comunidade informada e gerar conscientização acerca da
indispensabilidade da prevenção de tal doença causadora de câncer torna-se a cada dia uma
necessidade maior. Contribuir com a comunidade deve ser papel fundamental da academia
bem como de seus pesquisadores em formação, portanto o objetivo dessa revisão bibliográfica
é evidenciar a relevância das hepatites virais B e C no desenvolvimento de carcinoma
hepatocelular.

METODOLOGIA

Este trabalho consiste numa revisão de literatura realizada através de artigos retirados
das bases de dados PUBMED, LILACS, SCIELO e MEDLINE. Ao todo foram utilizados 6
artigos nas línguas portuguesa e inglesa. Os descritores usados na pesquisa foram: hepatites
virais humanas, hepatites crônicas, hepatoma, epidemiologia e evolução clínica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As hepatites virais agudas e crônicas são doenças causadas por diferentes agentes
etiológicos (vírus das hepatites A, B, C, D e E) com tropismo primário pelo tecido hepático,
apresentando características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, no entanto
cada uma expressa variadas particularidades A maioria das hepatites virais agudas é
assintomática, independentemente do tipo de vírus. Quando apresentam sintomatologia, são
caracterizadas por fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia. A hepatite
crônica, em geral, cursa de forma assintomática. As manifestações clínicas aparecem quando
a doença está em estágio avançado, com relato de fadiga, ou, ainda, cirrose. (MINISTÉRIO,
2015).
O carcinoma hepatocelular (CHC) é a mais comum neoplasia maligna primária do
fígado em todo o mundo. É o responsável por aproximadamente 6% de todos os canceres
humanos anualmente, e sua incidência é de 250.000 a 1.000.000 de novos casos ao ano. Este
tipo de tumor ocorre em mais de 80% dos casos e é agressivo, tendo grande potencial para
invasão vascular e metástase. Quando não tratado o CHC pode levar a óbito por conta do
crescimento local do tumor, no entanto, há uma diminuição considerável no risco de
surgimento posterior de doença metastática quando há intervenção cirúrgica por ressecção
hepática parcial ou transplante de fígado. (SCOPARO, 2012)
O CHC geralmente se desenvolve a partir de uma hepatopatia crônica e sua incidência
depende do tipo de doença hepática presente. Doenças como cirrose e infeção por HBV e
HCV constituem eventos biomoleculares que são capazes de desencadear a carcinogênese do
CHC por interferência na síntese de DNA. O mecanismo de predisposição ao CHC das
infecções por HBV e HCV é a integração do DNA viral em determinadas áreas do DNA
humano responsáveis pelo controle do ciclo celular. Dessa forma há a interrupção dos genes
supressores de tumor ou ativação de oncogenes. Super-expressão nos fatores de crescimento
TGF e IGF-II e nas proteínas N-ras, c-myc, c-fos e alterações genéticas múltiplas são outros
eventos ligados à infecção por HBV. (GOMES, et al., 2013)
A evolução natural do CHC é o aumento progressivo da massa primária até o
comprometimento do tecido hepático ou a evolução por metástase, a qual ocorre
predominantemente para os pulmões e com menor frequência para outros locais. As causas
mais comuns de morte por CHC são caquexia, sangramento gastrointestinal ou de varizes
esofágicas, insuficiência ou coma hepáticos e mais raramente pela ruptura do tumor com
hemorragia fatal. (GOMES, et al., 2013)
Geralmente não há especificidade de sintomas no CHC, e quando estes estão presentes
indicam um estágio avançado da doença com comprometimento da função hepática, podendo
se manifestar dor abdominal, tumoração palpável na porção direita do abdome, distensão
abdominal, falta de apetite, emagrecimento progressivo, adinamia, ascite, hepatomegalia e
icterícia. (GOMES, et al., 2013)
Na suspeita de CHC é essencial avaliar a presença de neoplasia, hepatopatias crônicas
associadas e ressecabilidade. Assim, pode-se lançar mão de testes da função hepática,
sorologia e exames de imagem. Previamente realizado o diagnóstico de CHC, existem três
principais modalidades terapêuticas a serem aplicadas, sendo elas a cirurgia de ressecção ou
transplante hepático, ablação percutânea por radiofrequência e quimioterapia sistêmica ou
regional. A seleção do tipo de tratamento depende, principalmente, do tipo de tumor, da
função hepática e da condição geral do paciente. (GOMES, et al., 2013)

CONCLUSÕES
Diante do que foi explanado aqui, torna-se evidente a real necessidade e importância
da disseminação do conhecimento acerca das hepatites virais e de suas possíveis
consequências associadas, como o carcinoma hepatocelular. Dessa maneira é importante
salientar que a vacinação é indispensável para a prevenção destas doenças, sendo o CHC o
primeiro câncer humano passível de prevenção através de vacinação.
Outras medidas de prevenção associadas aos mecanismos de transmissão das hepatites
virais, e por vezes negligenciadas pela população, podem ser adotadas, tais como:
esterilização de matérias de manicure e pedicure, uso de preservativos, não compartilhamento
de agulhas e seringas, bem como de objetos pessoais dentre outros.

REFERÊNCIAS

GOMES, M. A.; PRIOLLI, D. G.; TRALHÃO, J. G.; BOTELHO, M. F. Carcinoma


Hepatocelular: epidemiologia, biologia, diagnóstico e terapias. Revista da Associação
Médica Brasileira, 2013.

MARTEL, C.; MAUCORT-BOULCH, D.; PLUMMER, M.; FRANCESCHI, S. World-wide


Relative Contribution of Hepatitis B and C Viruses in Hepatocellular Carcinoma.
Hepatology 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Manual Técnico Para o Diagnóstico das Hepatites Virais.
Brasília, 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para o


Tratemento da Hepatite Viral Crônica B e Coinfecções. Brasília, 2011.

_______, Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Para o


Tratemento da Hepatite Viral Crônica C e Coinfecções. Brasília, 2011.

SCOPARO, C. T.; Efeitos da Hipidulina Sobre o Metabolismo Oxidativo e a Viabilidade


de Células de Hepatoma Humano (HepG2). Universidade Federal do Paraná, 2012.
WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANISATION (WGO). Carcinoma Hepatocelular
(CHC): Uma Perspectiva Mundial. 2009.

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